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Paradigmas de enfermagem

Metaparadigma:
1º nível de distinção entre as diversas disciplinas;
Os conceitos de cada disciplina são particularizados pelo seu metaparadigma.
Na enfermagem é formado pelos conceitos de pessoa, ambiente, saúde e enfermagem.
Paradigma:
Modelo ou padrão a seguir.
Conjunto de elementos culturais, de conhecimentos e códigos teóricos, técnicos e
metodológicos compartilhados pelos membros de uma comunidade científica;
Cada paradigma contém conjuntos de representações de ideias, valores e crenças de
uma sociedade em determinada época – as Escolas de Pensamento. Dentro destas
situam-se as Teorias, das quais os Modelos Teóricos que pretendem ser representações
práticas.
São 3 os paradigmas em que a enfermagem se tem inscrito ao longo do tempo:
Categorização;
Integração;
Transformação.

Paradigma →Ciência →Filosofia →Teorias da Disciplina

Disciplina:

Obediência ao conjunto de regras e normas que estão estabelecidas por determinado


grupo;
Cumprimento de responsabilidades especificas de cada pessoa;
Do ponto de vista social, a disciplina ainda representa a boa conduta do indivíduo, ou
seja, a característica da pessoa que cumpre as ordens existentes na sociedade.
Paradigma da Categorização (séc. XVIII – XIX)
Perspetiva os fenómenos de modo isolador, não inseridos no seu contexto, dotando-os
de propriedades definidas e mensuráveis;
Aplicado ao domínio da saúde, este pensamento orienta-se na procura de um fator
casual para as doenças e da associação entre esse fator, uma determinada doença e um
quadro sintomático caraterístico.
Organiza cuidados de enfermagem centrados na doença, dirigidos para os problemas,
limitações ou incapacidades.
O enfermeiro “faz por”, sem que as pessoas doentes participem no seu autocuidado.
Paradigma da Integração (década de 50 – séc. XX)
Dá continuidade ao Paradigma da Categorização;
Surge da necessidade de dar resposta às carências resultantes da guerra (EUA);
Perspetivam-se os fenómenos como multidimensionais e os acontecimentos como
contextuais;
Analisa e valoriza os dados tanto objetivos como subjetivos;
Carateriza-se pela orientação para a pessoa no todo formado por partes de inter-
relação.
PESSOA: ser bio-psico-sócio-cultural-espiritual, sendo que os cuidados de enfermagem
passam a ser entendidos como o “agir com” a pessoa (em vez de “fazer por”);
A gestão dos cuidados é feita através de equipas de enfermagem;
Surgem os modelos conceptuais de enfermagem com a intenção de objetivar a prática
dos cuidados de enfermagem e orientar a formação e investigação;
Enquadram-se 4 escolas de pensamento em enfermagem: a escola das necessidades, a
escola da interação, a escola dos efeitos desejados e a escola da promoção da saúde.
Paradigma da Transformação (década de 70 – séc. XX)
Representa uma mudança sem precedentes da mentalidade;
A interação de fenómenos complexos é entendida como o ponto de partida de uma
nova dinâmica mais complexa;
Processo recíproco e simultâneo de interação entre enfermeiro-doente;
Base de uma abertura da ciência de enfermagem ao mundo: abrem-se novas fronteiras,
primeiro nos aspetos culturais, depois na economia e finalmente nos aspetos políticos;
A OMS reconhece as relações entre a promoção e a proteção da saúde dos povos e o
progresso equitativo sobre o plano económico e social;
Os homens têm o direito e o dever de participar individual e coletivamente na
planificação e na realização de medidas de proteção sanitária que lhes são destinadas;
A população é agente da sua própria saúde, participando nela com o mesmo grau que
os profissionais de saúde;
A pessoa é considerada como um ser único cujas múltiplas dimensões formam uma
unidade. Este ser integro e único é indissociável do seu universo. A pessoa está
relacionada como o seu interior e com o seu exterior (ambiente).
O bem-estar é definido pela pessoa (conceito subjetivo);
Os enfermeiros que adotem esta filosofia trabalham numa relação de igualdade nas
etapas de um projeto sanitário com as pessoas cujos valores e prioridades podem ser
diferentes dos seus;
Envolve conceitos transcendentes além da relação física;
Enquadram-se 3 escolas de pensamento em enfermagem: a escola de pensamento, a
escola do ser humano unitário e a escola do cuidar.
Relação entre os paradigmas da categorização, integração e transformação e as orientações
da disciplina de Enfermagem:
Estes paradigmas são localizáveis cronologicamente porque são representativos da época onde
se inserem;
Cada paradigma contém conjuntos de representações de ideias, valores e crenças de uma
sociedade em determinada época - As Escolas de Pensamento. Dentro destas situam-se as
Teorias, das quais os Modelos Teóricos pretendam ser representações práticas;
Os conceitos de pessoa, ambiente, saúde e enfermagem são conceitos chave em todos os
modelos (metaparadigmas da enfermagem). É a partir da forma como os Enfermeiros
experimentam estes conceitos e da relação entre eles que se clarifica o campo específico da
Enfermagem, ou seja, a forma como a enfermagem encara os fenómenos.

Paradigma de Enfermagem
PESSOA → SAÚDE → AMBIENTE/ SITUAÇÃO
Pessoa: Alvo dos cuidados; Cliente, família, comunidade; Necessidades multidisciplinares;
Cuidado individualizado.
Saúde: Objetivos de cuidados de enfermagem; Segundo a OMS (2014) não é só a ausência de
doença, mas também a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social.
Ambiente/situação: Condições que afetam o indivíduo; Ambiente em que vive; Ambiente onde
são prestados cuidados; Situação de saúde.
Enfermagem: Diagnóstico e tratamento das respostas humanas aos problemas de saúde reais
ou potenciais.

Relação entre os paradigmas e os conceitos meta paradigmas em Enfermagem:


A organização dos cuidados de Enfermagem integra um quadro de referência para o exercício
profissional, incorpora os resultados da investigação na sua prática e reflete uma intenção de
procura de melhoria contínua da qualidade do exercício profissional dos enfermeiros.
Enfermagem como Ciência:
Conhecimentos Próprios;
Florence Nightingale;
Conhecimento enfermagem diferente da medicina;
“Definiu premissas em que a profissão deveria basear-se, estabelecendo um
conhecimento de enfermagem direcionado às pessoas às condições em que elas viviam
e em como o ambiente poderia atuar, positivamente ou não, sobre a saúde delas”.

Escolas de Pensamento da Enfermagem:


Escola das necessidades
Sofre influências da teoria da motivação humana de Maslow (1968), da teoria do
desenvolvimento de Erikson e da psicologia individual de Rogers;
Sendo uma escola do paradigma da integração, é orientada para a pessoa como um ser
total em permanente mudança desde o nascimento até à morte;
Todo o indivíduo tem um conjunto de necessidades hierarquizadas de acordo com o
grau de importância para a sua sobrevivência da necessidade que quando obtida deixa
de causar tensão ou desconforto;
Só depois de satisfazer as necessidades mais prementes (fisiológicas) é que emergem
novos padrões de necessidades não vitais (segurança, afetos, autoestima, etc.);
O principal obstáculo à satisfação das necessidades é a doença;
O objetivo dos cuidados de enfermagem é substituir a pessoa agindo com ela até esta
readquirir a sua autonomia e independência.
Escola da interação
Com o desenvolvimento cultural e económico da época (décadas de 50 e início de 60),
surge esta escola na qual se verifica um crescente aumento de atenção para as
necessidades relacionais e de intimidade das pessoas;
Sobre influências da teoria da terapia centrada no cliente, de Rogers (1974), a teoria
sistemática de Van Bertalanlly, a fenomenologia e o existencialismo.
São considerados 4 conceitos chave:
A pessoa: sistema aberto, delimitado por fronteiras permeáveis face ao ambiente que
o rodeia, com o qual mantém trocas de matéria, energia e informação com o ambiente
circundante;
A saúde: capacidade de ajustamento aos “stressores” do ambiente interno e externo e
ótima utilização dos recursos, com o objetivo da pessoa aprofundar o seu potencial
máximo de vida;
O ambiente: conjunto de pessoas significativas com as quais cada um de nós interage;
Os cuidados de enfermagem: processo interativo entre uma pessoa que tem
necessidades de ajuda e outra que é capaz de lhas oferecer. O processo de cuidados de
enfermagem desenvolve-se em 4 fases: orientação, reconhecimento, aprofundamento
e resolução, mantendo sempre a integridade da pessoa aquando de todo este processo,
para que esta seja capaz de reconhecer as suas necessidades e promover a sua
autoafirmação.
Escola dos efeitos desejados
Conceptualizar os resultados ou os efeitos desejados dos cuidados de enfermagem;
O objetivo final dos cuidados de enfermagem é estabelecer o equilibro, a
estabilidade e a homeostasia ou preservar a energia. Não só visam a integridade da
pessoa, como têm interesse pelas variáveis que influenciam a resposta da mesma
aos agentes de stress, tendo como objetivo a redução do seu efeito;
A pessoa é perspetivada como um sistema de adaptação em interação com o meio
ambiente, daí a sua designação como ser bio-psico-cultural;
Sobre influências da teoria dos níveis de adaptação de Helson, da teoria da crise de
Caplan, da teoria do stress de Selye e da teoria geral dos sistemas.
Escola da promoção da saúde
Tem como referência a teoria geral dos sistemas aplicada à família, é o alvo dos cuidados
de enfermagem;
Os objetivos principais desta escola são os de promover, reforçar e desenvolver a saúde
de todos os membros da família, através da ativação do seu processo de aprendizagem;
Sobre influências da filosofia dos cuidados de saúde primários e da teoria da
aprendizagem social de Albert Bandura.
Escola do ser humano unitário
As suas ideias centram-se na abertura sobre o mundo (paradigma da transformação);
A pessoa é perspetivada como um ser aberto com a capacidade de agir em
equilíbrio/harmonia com o universo ou como um campo de energia unitário e
pandimensional, em que o conhecimento das partes não se resume à compreensão do
todo;
A saúde aparece como o processo de troca contínua de energia e como valor que
favorece a expressão do potencial máximo da pessoa;
Os cuidados de enfermagem centram-se na promoção da saúde e da pessoa, com o
objetivo maior de beneficiar a inter-relação harmoniosa entre o Homem e o ambiente;
A qualidade de vida também é objetivo do enfermeiro pela participação qualitativa da
pessoa nas suas experiências de saúde.
Escola do cuidar
A pessoa é “um ser vivente que crê e compreende corpo, alma e espírito”, como
também “um ser cultural que sobreviveu ao tempo e ao espaço”, sendo possível a
melhoria dos cuidados se forem integrados na sua prestação os conhecimentos ligados
às dimensões da espiritualidade e cultura;
A saúde é entendida como um estado de harmonia entre o corpo, a alma e o espírito,
que pode ser promovida pelos cuidados de enfermagem que são em simultâneo uma
arte e uma ciência humana do cuidar, um ideal moral e um processo transpessoal.

Teorias e Modelos de Enfermagem:


Teorias:
Modo de relação de conceitos, pela utilização de definições que se revelem úteis ao
desenvolvimento de inter-relações significativas para a descrição ou classificação de abordagens
à prática.
A necessidade e o significado de teoria
Não existe Enfermagem sem teoria → Enfermagem é teoria em ação e o ato de enfermagem
encontra o seu fundamento em teoria → Teoria envolve pensar (descrever) e explicar
significados e relações (explicar), que muitas vezes conduzem a ações (prever).
Conceitos chave:
Conceito é uma ideia ou construção mental elaborada acerca de um fenómeno, sendo essencial
no desenvolvimento de pesquisas, assim como na construção de teorias.
Fenómeno é algo que se experiência através dos sentidos.
Pressupostos são definidos como declarações que o teórico tem como verdades, e exclui a
hipótese de as medir ou testar.
Suposição é algo que se dá como certo embora não tenha sido provado ou testado.
Postulados surgem como a descrição de uma relação entre diversos conceitos, neste caso em
particular entre apenas dois: os pressupostos e a enfermagem.
Paradigmas são definidos como um conjunto de crenças, leis, valores, princípios, metodologias
e suas formas de aplicação, havendo três, pelos quais a enfermagem passou ao longo dos anos:
paradigma da integração, da transformação e, por fim, da categorização.
Inseridas nestes paradigmas, podem-se distinguir seis escolas de pensamento: a escola das
necessidades, das interações, dos resultados/efeitos desejados, da promoção de saúde, do ser
humano unitário e a escola do cuidar.
Modelo Teórico:
Ideia explicada por meio de visualização física ou simbólica;
Qualquer modelo para o exercício contém 3 componentes: crenças e valores, objetivos
para o exercício e os conhecimentos e técnicas necessárias para alcançar os objetivos.
Teoria de Enfermagem – conceptualização dos metaconceitos de enfermagem com a finalidade
de descrever, explicar, diagnosticar e/ou prescrever cuidados, conduzem o pensamento e ação
da prática. → Visão sobre a pessoa, ambiente e saúde. → Organização dos conceitos.
As teorias são:
Versões da realidade;
Expressam valores;
Ferramentas de intervenção;
Estado de arte profissional;
Referência para o cuidado;
Fonte de conflito e evolução;
Soluções para problemas.
Grandes teorias (generalistas): construções sistemáticas sobre a natureza da enfermagem, a
missão da enfermagem e sobre os objetivos dos cuidados.
Teorias de médio alcance (específicas): tratam de fenómenos ou conceitos específicos que
permeiam vários campos de prática e refletem várias situações de enfermagem.
Níveis de abstração e conteúdo:
Filosofias; (Henderson, Watson, Benner)
Modelos conceptuais;
Grandes teorias; (Roy, Orem, King)
Teorias de médio alcance. (Kolcaba, Melleis)
Objetivos:
Descritivos: Descrevem eventos, situações; identificam os seus componentes e propriedades;
circunstâncias em que ocorrem (difíceis de visar na prática clínica);
Prescritivos: Tratam de terapêuticas, de consequências e intervenções; controlar, promover ou
mudar.
As Teorias são parte essencial da ciência, uma vez que são elas que descrevem, explicam,
relacionam e predizem o conhecimento científico na sua forma mais completa e sistemática.
Teorias: Processo de Enfermagem:
Analisar; Abordagem sistemática do cuidado
Determinar a nível de necessidades; ≠ de enfermagem que permite a um
Planear nos cuidados; enfermeiro aplicar a teoria.
Avaliar nos resultados.
Hilegard Peplau
Teoria das Relações Interpessoais para a Enfermagem Psicodinâmica: 1952
O maior contributo de Hildegard Peplau para a Enfermagem foi o desenvolvimento da Teoria
das Relações Interpessoais, que se enquadra na escola da interação, uma vez que aborda as
relações estabelecidas entre a enfermeira e os seus doentes.
Com a intervenção de Peplau, mudou-se o paradigma contemporâneo da altura (tratar o doente
como um objeto, realizando os tratamentos para e pelo doente), para um paradigma em que a
enfermeira efetuava os tratamentos com o doente (caso este tivesse as capacidades para isso).
A teoria das relações interpessoais tem como base os estudos que tentam explicar o
comportamento humano e o modelo psicológico.
Peplau definiu 4 meta-conceitos para a sua teoria:
Enfermagem – processo interpessoal que proporciona à enfermeira e ao cliente um crescimento
e desenvolvimento pessoal;
Pessoa – organismo vivo de natureza instável que procura a sua estabilidade e equilíbrio;
Saúde – algo que permite o desenvolvimento da personalidade de forma a poder estabelecer
uma vida boa em todos os sentidos;
Ambiente – influências interiores e exteriores da pessoa e às influências culturais através das
quais adquirimos as nossas crenças e costumes.
A esta relação dinâmica, Peplau dá o nome de Enfermagem Psicodinâmica, assumindo a
enfermagem como uma união entre a relação enfermeira-cliente e os cuidados de saúde.
Esta desenvolve-se segundo 2 pressupostos:
1) “O tipo de pessoa em que a enfermeira se torna faz uma diferença substancial naquilo que
cada doente irá aprender enquanto recebe os cuidados de enfermagem”;
2) Alimentar o desenvolvimento da personalidade no sentido da maturidade é uma função da
enfermagem e do ensino de enfermagem. A enfermagem utiliza princípios e métodos que
orientam o processo no sentido da resolução de problemas interpessoais.
Através das duas premissas anteriores entende-se que a forma de agir da enfermeira influencia
altamente a condição do cliente. Deste modo, a relação estabelecida entre a enfermeira e o
doente apresenta 4 fases:
1) Orientação: o individuo procura ajuda profissional de forma a tentar solucionar uma
necessidade. Desta forma, a enfermeira vai tentar ajudá-lo;
2) Identificação: o doente estabelece uma relação com a enfermeira uma vez que se identifica
com ela pelo facto de esta a poder ajudar – pode comportar-se de 3 formas diferentes:
dependente, interdependente e independente;
3) Exploração: o cliente tira todo o proveito que pode da relação estabelecida e a enfermeira vai
determinar os novos objetivos a atingir;
4) Resolução: o cliente estabelece novos objetivos, libertando-se da relação estabelecida com a
enfermeira.
O papel da enfermeira e a forma como esta atua são diferentes dependendo da fase em que a
sua relação com o cliente se encontra, podendo adotar então vários papéis como:
→ papel de estranha (A enfermeira vai com “mente aberta”, sem qualquer juízo de valor.
Esta relacionado com a fase de identificação);
→ papel da pessoa em recurso (Nesta fase, a enfermeira fornece informação ao doente
acerca do seu problema e do tratamento que este irá receber, esclarecendo todas as
dúvidas e questões que este possa apresentar);
→ papel de líder (A enfermeira coopera com o seu doente nas suas tarefas e promove este
a realizá-las);
→ papel de substituta (“Fazer por”);
→ papel de conselheira (Por vezes, um pouco polémico. A enfermeira deve fazer os
aconselhamentos sempre sem juízos de valor e sempre com base evidencias científicas.
A enfermeira auxilia o doente a resolver e a entender os seus problemas);
→ papel de professora (A enfermeira auxilia o doente no seu processo de aprendizagem).
Principal critica: Não se aplica a todos os doentes. (exemplo: Doentes sedados)
Virginia Henderson
Escola de Pensamento das Necessidades
Escrever uma obra que continua a influenciar o mundo, a função única do enfermeiro é assistir
o indivíduo na realização daquelas atividades que contribuem para a saúde ou a sua recuperação
ou para a morte tranquila, que ele realizaria sem auxílio se tivesse a força, de modo a este
conquistar a independência o mais rapidamente possível.
Integra o Paradigma da Integração e afirma que o Enfermeiro é apenas um ajudante no
processo de recuperação ou de manutenção do bem-estar da pessoa, trabalhando em conjunto
com a pessoa.
Pessoa é a figura central dos cuidados de enfermagem e enfermeiro deve ajudá-lo a tornar-se
independente nas suas funções.
Henderson não deu a sua própria definição para a saúde, ambiente e pessoa, invés disso utilizou
a de dicionários e livros.
Ambiente: Utiliza a definição Webster’s New Collegiate Dictionnary de 1961, “o agregado de
todas as condições e influências externas que afetam a vida e o desenvolvimento de um
organismo”. Os indivíduos podem controlar o seu ambiente; enfermeiras devem proteger o
doente; devem dar educação na saúde; e respeitar crenças dos doentes.
Pessoa: Equilíbrio emocional e físico; Corpo e mente inseparáveis; Ajuda para obter a
independência; Doente e família como uma unidade; Necessidades do doente são rodeadas
pelas 14 necessidades básicas.
Enfermagem: Afirmou que “a única função do enfermeiro é de assistir o individuo, doente ou
saudável, no desempenho das atividades que contribuem para a saúde ou para a sua
recuperação (ou para a morte pacífica) que executaria sem auxílio, caso tivesse força, a vontade
e os conhecimentos necessários. E fazê-lo de modo a ajudá-lo a conseguir a independência tão
rapidamente quanto possível.” Englobam as 14 necessidades básicas.
Englobou princípios de fisiológicos e psicológicos no seu conceito pessoal de enfermagem. “Uma
definição de enfermagem deve implicar uma apreciação do princípio do equilíbrio fisiológico”.
Percebeu que a doença é mais do que um estado de doença, nas suas obras equiparou saúde a
interdependência. Considerava que um individuo detinha saúde se fosse capaz de executar os
14 componentes dos cuidados de enfermagem sem a ajuda de outrem (Estas são as
necessidades básicas ou requisitos que devem ser satisfeitas para que seja possível manter a sua
integridade física e psicológica e promover o seu desenvolvimento e crescimento):
→ Respirar normalmente
→ Beber e comer adequadamente
→ Eliminar
→ Movimentar-se e manter a postura correta
→ Dormir e Descansar
→ Vestir-se e Despir-se
→ Manter a temperatura corporal
→ Manter o corpo limpo e cuidado
→ Evitar os perigos
→ Comunicar com os seus semelhantes
→ Praticar uma religião, ou agir segundo as suas crenças
→ Trabalhar de modo a sentir-se realizado
→ Divertir-se o Aprender
Identifica também 3 níveis de relações enfermeiro-doente:
Substituto do doente- Quando a este lhe falta algo para se tornar completo ou independente
devido à falta de força física, de vontade ou conhecimentos. É a consciência do inconsciente, um
entrosamento entre enfermeira e doente, vemos um estado de compartilhamento.
Auxiliar do doente- Durante estados de convalescença a enfermeira ajuda o doente a adquirir
ou reconquistar a sua independência.
Parceira do doente- Quando formulam um plano de cuidados em conjunto.
Medico-enfermeira: enfermeira tem uma função única e distinta plano de cuidados tem como
finalidade a promoção do plano prescrito pelo medico, sublinhava ainda que enfermeira não
seguem as ordens do medico.
Trabalha em interdependência com outros profissionais, ajuda deve ser recíproca, objetivo
comum cumprir plano de cuidados na integra, nenhum profissional deve executar tarefas que
não sejam as deles.
Vista como uma organização conceptual dos cuidados de enfermagem.
Dorothea Orem
Defende que a enfermagem se preocupa com a necessidade de ações de autocuidado por parte
da pessoa e o oferecimento destas ações como objetivo de sustentar a vida e a saúde e de
recuperar de doença ou ferimentos.
Orem desenvolve a teoria geral de enfermagem, dividindo-a em 3 teorias interrelacionadas: (1)
teoria do autocuidado, (2) teoria do défice de autocuidado e (3) teoria dos sistemas de
enfermagem.
Enquadra-se no Paradigma da Integração.
Encontra-se na escola das necessidades, uma vez que a teoria engloba as necessidades humanas
nos requisitos universais de autocuidado.
Conceitos:
Pessoa- Ser humano que se diferencia pela sua capacidade de refletir sobre si próprio e sobre o
seu ambiente, e possui capacidade para a aprendizagem e para o seu desenvolvimento.
Enfermagem- É como um serviço humano que pretende ajudar pessoas na obtenção e
recuperação de saúde. Para Orem, são inseparáveis no individuo os aspetos físicos, psicológicos,
interpessoais e sociais da saúde.
Ambiente- Associado à sociedade, formada por grupos sociais, nos quais as pessoas nelas
inseridas têm de ser ajudadas, de modo a conseguirem reimplantar as suas responsabilidades.
É neste momento que cabe à enfermagem ajudar essas pessoas na “obtenção e recuperação”.
Assim cria-se a ideia de sociedade-ambiente.
Saúde- Apoia a definição de saúde da OMS, ou seja, corresponde ao bem-estar físico, mental e
social, e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade. o
Teoria do Autocuidado:
Autocuidado: Característica humana, entendida como a prática de atividades, iniciadas e
executadas pelos indivíduos, em seu próprio benefício, para a manutenção da vida, da saúde e
do bem-estar.
Refere que sempre que as pessoas têm capacidade, e não se encontram limitadas, devem cuidar
de si mesmo.
O autocuidado tem como objetivo a manutenção da vida, bem-estar e da saúde, estando este
condicionado por diversos fatores como é o exemplo da idade, do desenvolvimento de cada um,
o estado de saúde, a orientação sociocultural e os atendimentos e as suas condições na saúde.
É importante que este autocuidado seja posto em prática de uma forma continua e de acordo
com as necessidades que cada ser humano tem, uma vez que, o facto de as pessoas conseguirem
cuidar de si mesmas contribui para a sua autonomia.
Orem refere 3 categorias de requisitos de autocuidado:
Requisitos universais: ligados a processos de vida e à manutenção da integridade da estrutura e
funcionamento das pessoas. São comuns a todos, ocorrem ao longo de todo o ciclo de vida e
influenciam se mutuamente. Exemplo: Atividades do quotidiano como ingestão de alimentos.
Requisitos desenvolvimentais de autocuidado: Acontecem quando as pessoas têm necessidade
de se adaptarem às mudanças que surgem na vida da pessoa. Exemplo: Adaptação à perda de
um familiar.
Requisitos para o autocuidado por desvio de saúde: Exigido quando o individuo em estado
patológico necessita de adaptar-se a tal situação, ocorrem em casos de doença, ferimentos ou
moléstia. Exemplo: Após o tratamento de uma perna fraturada quando a pessoa aprende a
andar de muletas.
Teoria do Défice de Autocuidado:
Considerada a essência da teoria de Orem pois define quando há necessidade de enfermagem:
é necessária quando um individuo se encontra incapacitado ou limitado para se autocuidar
adequadamente.
Refere 5 métodos que servem de ajuda a estas pessoas e que podem ser utilizadas pelas
enfermeiras:
→ Agir ou fazer para o outro;
→ Guiar o outro;
→ Apoiar o outro;
→ Proporcionar um ambiente que consiga promover o desenvolvimento do outro;
→ Ensinar o outro.
Teoria dos Sistemas de Enfermagem:
É baseada nas necessidades e capacidades de autocuidado da pessoa/cliente.
No sentido de satisfazer estas necessidades, Orem identificou 3 sistemas de enfermagem que
organizam o seu pensamento no que diz respeito ao autocuidado.
Sistemas de enfermagem- Séries e sequencias de ações praticas deliberadas das enfermeiras
desempenhadas, por vezes, em coordenação com as ações dos seus doentes para conhecer e
satisfazer componentes das necessidades de autocuidado terapêutico dos seus doentes e para
proteger e regular o desenvolvimento ou exercício da atividade de autocuidado dos doentes.
Pressupostos:
→ Ser humano
→ Saúde
→ Sociedade
→ Enfermagem.
O ser humano é um animal que se distingue dos outros devido à capacidade de refletir. A
sociedade indica que cada individuo adulto é responsável pela sua saúde e pela saúde dos seus,
o que implica que necessite de cuidados quando o próprio não o consegue fazer. É neste ponto
que a enfermagem ganha importância.
Os elementos desta teoria definem a responsabilidade do enfermeiro, os papeis do enfermeiro
e da pessoa/cliente, a relação entre estas partes e tipos de ações e de padrões relativos aos
mesmos.
Madeleine Leininger
Situa-se na escola de pensamento e o seu paradigma é o de transformação, visto que Madeleine
refere que os cuidados de enfermagem têm como objetivo manter o bem-estar da pessoa tal
como ela o define.
Livro “Transcultiral Nursing concepts, theories, research & practice”
A enfermeira e a pessoa tornam-se parceiros nos cuidados individualizados.
Foi a primeira teoria a juntar enfermagem e antropologia e centra-se num estudo comparativo
e numa análise de culturas e subculturas diferentes. Diferenças culturais no cuidar humano,
saúde e doença.
Tem como objetivo a oferta de uma prática de enfermagem própria da cultura e/ou uma prática
de cuidados de enfermagem universal.
Leininger define teoria como “descoberta sistemática e criativa de conhecimentos sobre um
domínio de interesse ou um fenómeno que parece importante de compreender”, quebrando o
conceito tradicional de teoria.
Centra-se sobretudo numa abordagem aos valores, expressões, crenças e padrões de
comportamento centrado na saúde. Tendo como objetivo a oferta de uma prática de
enfermagem “própria da cultura e/ou uma prática de cuidados de enfermagem universal”
passando pelo desenvolvimento e aprofundamento de um saber ao mesmo tempo científico e
humanista.
Para se ter uma verdadeira enfermagem transcultural é necessário obter informação dos
próprios indivíduos, as suas crenças e padrões de vida, a ideia que têm do que é cuidar.
Conceitos:
Madeleine Leininger criou o modelo sunrise:
→ Surge para que haja auxílio no estudo do comportamento humano em diversas
situações;
→ Tem como símbolo o sol;
→ Esquematiza a teoria e orienta o estudo da diversidade e universalidade do ato de
cuidar;
→ Apresenta 4 níveis de abstração e análise, em que o nível I tem maior abstração e o nível
IV tem menor abstração.
Estes níveis abrangem a cultura, a socialização e as decisões e ações do cuidado de enfermagem.

Para entender esta teoria é necessário a definição de alguns conceitos, tais como: cultura, visão
do mundo, cuidar cultural, cuidar, cuidar cultural congruente, cuidados, diversidade do cuidar
cultural, universalidade do cuidar cultural, enfermagem, dimensões da estrutura cultural e
social, contexto ambiental, etnohistória, sistema genérico laico de cuidar, sistema profissional
de cuidar, saúde, preservação ou manutenção do cuidado cultural, acomodação ou negociação
do cuidar cultural, repadronização ou restruturação do cuidar cultural.
A teoria do cuidar cultural baseia-se nos seguintes pressupostos:
→ Pressupostos do cuidado;
→ Pressupostos do cuidar;
→ Pressupostos do cuidar cultural;
→ Pressupostos de enfermagem;
→ Pressupostos da cultura.
A assimilação desta teoria pela comunidade de enfermagem deu-se lentamente. De princípio, a
maioria dos enfermeiros não entendia em que medida é que a antropologia se ligava à
enfermagem e ao cuidar humano; em segundo lugar, estes profissionais não se dispunham a
adaptar-se a cada cultura; em terceiro lugar, eram raros os editores que aceitassem publicar
artigos de enfermagem transcultural.
Betty Newman
Influenciado pela Teoria Geral dos Sistemas. O ser humano é preconizado como um ser bio-
psico-socio-cultural, cujas dimensões psicológicas e biológicas interagem com o meio
Paradigma da Integração, da Escola dos Efeitos Desejados.
Preconiza que a natureza dos organismos vivos é um sistema aberto, onde os elementos se
encontram em interação;
Principais Pressupostos:
Enfermagem – refere-se à pessoa como um todo, estando relacionada com as variáveis acima
mencionadas que podem afetar a resposta do cliente ao stress. Os fatores causadores de stress
denominam-se stressores. Ela vê a enfermagem como “profissão única na medida em que está
relacionada com todas as variáveis que afetam a resposta do individuo ao stress. (…)
Pessoa – Cliente/ sistema e cliente que pode ser um individuo, família, grupo, comunidade ou
questão social. O sistema que envolve o cliente é um conjunto de inter-relações dinâmicas, pois
este está sujeito a fatores de ordem física, psicológica, sociocultural e espiritual e de
desenvolvimento, encontrando-se em constante mudança e sendo considerado como um
sistema aberto;
Saúde – Ela vê a saúde como um contínuo do bem-estar ao mal-estar de natureza dinâmica e
constantemente sujeito à mudança: quando o sistema responde às necessidades do cliente, este
encontrasse bem-disposto e confortável. Quando o sistema não satisfaz estas necessidades, o
cliente fica desconfortável;
Ambiente - Todos os fatores externos e internos que rodeiam ou interagem com a pessoa e o
cliente. Os stressores são importantes para o conceito de ambiente e são descritos como forças
ambientais que interagem com e alteram potencialmente a estabilidade do sistema.
→ Externo (resulta de interações exteriores à pessoa/cliente);
→ Interno (resulta de interações que ocorrem no interior do organismo do cliente, tanto
físicas como psicológicas);
→ O Criado (é um ambiente dinâmico que se altera com o bem-estar do cliente e produz
um efeito que o ajuda a lidar com o stress).
3 níveis de prevenção:
→ Prevenção Primária- Esta prevenção é utilizada para proteger o organismo antes que
este se depare com um fator causador de stress (ex: vacinação)
→ Prevenção Secundária- Tem como objetivo reduzir o efeito ou possível efeito do stress
em excesso através de um diagnostico precoce e do tratamento eficaz dos sistemas de
doença
→ Prevenção Terciária- Visa reduzir os efeitos residuais do stress depois do tratamento
Neuman definiu 3 linhas de defesa que impedem que o stressor inflija danos até um certo ponto:
→ Normal – estado de estabilidade;
→ Flexível – estado dinâmico, impede a passagem dos stressores para o estado normal de
bem-estar;
→ De resistência – fatores de recursos que permitem que uma pessoa/cliente lute contra
os stressores.
Conceitos:
Totalidade- Os clientes são vistos como um todo cujas partes estão em interação
dinâmica. O modelo considera, simultaneamente, todas as variáveis que afetam a
pessoa/cliente.
Sistema Aberto- Um sistema é aberto quando os seus elementos trocam energia de
informação dentro da sua complexa organização. O stress e reação ao stress são
componentes básicos de um sistema aberto.
Ambiente-As forças internas e externas que afetam e são afetadas pelo cliente, em
qualquer altura, englobam o ambiente.
Negentropia: Um processo de utilização de energia que assiste a progressão do sistema
no sentido da estabilidade ou bem-estar. ▪ Entropia: Um processo de esgotamento de
energia e de desorganização que desloca o sistema no sentido da doença ou da possível
morte.
Stressores: São estímulos produtores de tensão que ocorrem dentro das fronteiras do
sistema do cliente.
Bem-estar: Existe quando as partes do sistema do cliente interagem em harmonia. As
necessidades do sistema são satisfeitas.
Doença: A desarmonia entre as partes do sistema é considerada doença, que é o
resultado da não satisfação das necessidades em diversos níveis.
Na construção do modelo dos sistemas, Betty Neuman apoiou-se na sua especialização em
enfermagem de saúde mental assim como em várias teorias de outros autores, como Gestalt,
Marx e Selye.
Aceitação pela comunidade de enfermagem
Este modelo foi descrito por Walker e Avant como uma grande teoria que consiste numa
estrutura conceitual global que define perspetivas alargadas da prática e inclui diversas formas
de ver os fenómenos de enfermagem com nessas perspetivas.
Este modelo fornece um fundamento alargado para a prática, o ensino e a investigação científica
em enfermagem.
Foi aceite em todo o mundo e constitui uma estrutura ideal para as instituições de saúde
abordarem o objetivo de saúde da OMS para a comunidade mundial.
Práticas- a utilização deste modelo pelas enfermeiras facilita as abordagens unificadas, dirigidas
ao objetivo e holísticas ao cuidar do cliente, contudo, também é adequada ao uso
multidisciplinar para impedir a fragmentação dos cuidados ao cliente.
Ensino- este modelo foi aceite nos círculos académicos e é amplamente usado como guia
curricular orientado para o bem-estar. É usado em todos os níveis de ensino de enfermagem em
todo o território dos Estados Unidos, entre outros países.
Investigação- testa a eficácia e a utilidade dos modelos de enfermagem através de modelos de
investigação controlada, o que é crucial para o processo de enfermagem enquanto disciplina
científica.

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