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RIO DE JANEIRO
2020
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UNIRIO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE – CCBS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E BIOCIÊNCIAS –
PPGENFBIO
RIO DE JANEIRO
2020
LEYLANE PORTO BITTENCOURT
Aprovada em: / / .
Banca examinadora:
Suplente:
Obrigada a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para que este sonho fosse
realizado:
Ass: “Nós”
BITTENCOURT, Leylane Porto. Transplante de células vivas: significados do corpo que
doa e do corpo que recebe sangue - um “acontecimento” na clínica de cuidar de
enfermagem. 2020. 291f. Tese (Doutorado em Ciências) - Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem e Biociências, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2020.
RESUMO
ABSTRACT
Introduction: The perspective of blood transfusion and living cell transplantation has different
interpretations and meanings, when blood is still not considered as an organ to be
transplanted. This study had as its object: the meanings of the body that donates and the body
that receives blood as a transplant of living cells. Objectives: I) To track in the meeting with
blood donors and recipients what are their meanings on blood transfusion or living cell
transplantation; II) Capture in the speeches, gestures and behaviors of blood donors and
recipients themes and body language that may indicate a specific nursing clinic for their care;
III) Identify what is manifest and latent in their speeches or body expressions that are
indicators of beliefs, experiences and / or behaviors that may interfere with their actions of
donating and receiving blood; IV) Present a Nursing Clinic to care for the transplanted living
cell. Method: To carry out this study, the cartography method was used. Such a method
understands that research is always an intervention, to track, touch, land and understand. The
setting was an Institute of Hematology and Hemotherapy located in the city of Rio de Janeiro.
The survey participants were 10 blood donors and 10 blood recipient clients. The research
data were obtained through the realization of four moments: 1) semi-structured interview with
the blood donor; 2) non-participant observation of the donor during blood collection; 3) semi-
structured interview with the blood recipient; and 4) non-participant observation of the
recipient client at the time of blood transfusion. Data were collected from April to August
2018 and tabulated for further statistical analysis. Donor and recipient interviews were
transcribed and analyzed using Bardin's Content Analysis, and submitted to the IRAMUTEQ
software that categorizes data from the participants' own reports. Results: The thesis was
divided into articles that comprised moments of screening and analysis, comprising the study
of legislation in hemotherapy, an integrative review of nursing knowledge in donation and
transfusion, an integrative review of the reasons, meanings, behaviors and attitudes related to
donation and transfusion. And the final articles with the data of the thesis, which were the
categorization of the donor and client-recipient, and the 2 Pentalogies: Pentalogy of the Donor
and Pentalogy of the Client-Receiver. Conclusion: Four elements are drawn about donating
and receiving blood, which is blood, knowledge about it and the recipient clients, in addition
to the motivations and risks in this process, thus designing a Nursing Clinic for care of donors
and recipient clients. of blood that is based on the unconscious of those involved in blood
transfusion / blood transplantation, which involves unique and collective subjects, which is
sinuous, which should motivate different curiosities about nursing care.
Keywords: Blood Donors. Blood Banks. Blood transfusion. Blood Cells. Nursing.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
1 INTRODUÇÃO 17
1.1 Da temática a problemática 17
1.2 Justificativa 26
1.3 Desenho da tese 28
2 A CARTOGRAFIA METODOLOGIA DA TESE E DOS ARTIGOS 30
2.1 Sobre a Cartografia 30
2.2 Seleção da pista do método 31
2.3 Desenho do estudo no método cartográfico 34
2.3.1 Aspectos éticos 35
2.3.2 Critérios de inclusão e exclusão dos participantes 36
2.3.3 O Território: RASTREIO 37
2.3.4. TOQUE E POUSO 39
2.3.5 Organização dos dados, análise e tratamento: RECONHECIMENTO 41
3 ARTIGO 1 - TRANSPLANTE DE CÉLULAS VIVAS: UM OLHAR SOBRE AS
LEGISLAÇÕES INSTITUÍDAS SOBRE TRANSPLANTE, DOAÇÃO E
TRANSFUSÃO DE SANGUE 46
3.1 Introdução 46
3.2 Objetivos 48
3.3 Método 48
3.4 Fundamentações Teóricas 49
3.4.1 Legislações de Hemoterapia e Transplantes 49
3.5 Resultados 53
3.6 Discussão 57
3.7 Conclusão 60
4 ARTIGO 2 – HEMOTERAPIA: CONHECIMENTOS E PRÁTICAS DA
EQUIPE DE ENFERMAGEM AO DOADOR E RECEPTOR DE SANGUE –
UMA BASE DE DADOS 62
4.1 Introdução 63
4.2 Objetivo 66
4.3 Método 66
4.4 Resultados 68
4.4.1 Categoria 1 – Conhecimentos e práticas da equipe de Enfermagem para o doador de
sangue: capacitação e legislação 70
4.4.2 Categoria 2 – Conhecimentos e práticas da equipe de enfermagem para o receptor de
sangue: treinamento e conhecimento 72
4.5 Discussão 79
4.6 Conclusão 81
5 ARTIGO 3 – AS MOTIVAÇÕES, SIGNIFICADOS, SENTIMENTOS,
COMPORTAMENTOS E ATITUDES DE SER DOADOR E RECEPTOR DE
SANGUE 83
5.1 Introdução 84
5.2 Objetivos 87
5.3 Método 88
5.4 Resultados e Discussão 90
5.4.1 Categoria 1: Motivações, significados, sentimentos, comportamentos e atitudes dos doadores
de sangue 92
5.4.2 Categoria 2: Significados, sentimentos, comportamentos e atitudes dos receptores de
sangue 103
5.5 Conclusão 106
6 ARTIGO 4 – O SER DOADOR DE SANGUE E VÍNCULOS COM A VIDA:
ASPECTOS DA DIMENSÃO HUMANA 107
6.1 Introdução 107
6.2 Objetivos 110
6.3 Método 110
6.4 Participantes e critério de seleção 111
6.5 Procedimentos de coleta de dados 111
6.6 Procedimentos de análise de dados 112
6.7 Resultados 113
6.7.1 Diário de campo 113
6.7.2 Caracterização do perfil dos Doadores de sangue 114
6.7.3 Caracterização da face, linguagem, gestos e movimentos corporais 116
6.7.4 Dados do IRAMUTEQ: Lexicometria, Dendograma, Análise Fatorial e Nuvem de
Palavras 118
6.8 Discussão 123
6.9 Conclusão 125
7 ARTIGO 5 - DOAR É SENTIR: A POSIÇÃO DOS DOADORES SOBRE A
DOAÇÃO – ELEMENTOS INDICATIVOS DE UMA CLÍNICA DE
ENFERMAGEM (TRANFUSIONAL) 127
7.1 Introdução 128
7.2 Objetivos 130
7.3 Método 130
7.4 Participantes e critério de seleção 131
7.5 Procedimentos de coleta de dados 131
7.6 Procedimentos de análise de dados 132
7.7 Resultados 133
7.7.1 Subcorpos A 136
7.7.1.1 LOGIA 01: Aproximações da doação e transfusão de sangue com o transplante de
células vivas 136
7.7.1.2 LOGIA 02: Reações no corpo e riscos visualizados pelo doador de sangue 137
7.7.1.3 LOGIA 03: Relevância do ato da doação sob a ótica do doador de sangue 138
7.7.2 Subcorpos B 139
7.7.2.1 LOGIA 04: Motivações e impedimentos à realização da doação de sangue 139
7.7.2.2 LOGIA 05: Significados e sentidos à doação de sangue 140
7.8 Discussão 141
7.9 Conclusão 143
8 ARTIGO 6 - O SER RECEPTOR DE SANGUE: RECEBENDO A VIDA 145
8.1 Introdução 146
8.2 Objetivos 147
8.3 Método 148
8.4 Participantes e critério de seleção 149
8.5 Procedimentos de coleta de dados 149
8.6 Procedimentos de análise de dados 150
8.7 Resultados 151
8.7.1 Diário de campo 151
8.7.2 Caracterização do perfil dos Clientes-Receptores de sangue 152
8.7.3 Caracterização da face, linguagem, gestos e movimentos corporais 153
8.7.4 Dados do IRAMUTEQ: Lexicometria, Dendograma, Análise Fatorial e Nuvem de
palavras 155
8.8 Discussão 161
8.9 Conclusão 161
9 ARTIGO 7 - RECEBENDO A VIDA: A PENTALOGIA DO SANGUE COMO
TERAPIA REAL E SUBJETIVA 163
9.1 Introdução 163
9.2 Objetivos 165
9.3 Método 166
9.4 Participantes e critério de seleção 166
9.5 Procedimentos de coleta de dados 167
9.6 Procedimentos de análise de dados 168
9.7 Resultados 169
9.7.1 SUBCORPUS A 171
9.7.1.1 LOGIA 01: REAÇÕES do RECEBER a VIDA: Medos e angústias relacionados à
transfusão de sangue 171
9.7.1.2 LOGIA 02: RECEBENDO a VIDA que me SALVA: o significado para clientes-
Receptores 173
9.7.1.3 LOGIA 03: NECESSIDADES de saber sobre o SANGUE: sintomas e emoções,
significando o DOAR 173
9.7.2 SUBCORPUS B 174
9.7.2.1 LOGIA 04: REAÇÕES do RECEBER a VIDA: sinais no corpo e os riscos
visualizados pelo receptor de SANGUE 174
9.7.2.2 LOGIA 05: PROCESSO de TRATAMENTO como TRANSPLANTE de células
VIVAS: uma clínica DEVIR CUIDADO com doadores e clientes-receptores 175
9.8 Discussão 176
9.9 Conclusão 179
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS – O ENCONTRO DE QUEM DOA E DE QUEM
RECEBE SANGUE E A PROPOSTA DE UMA CLÍNICA DE ENERMAGEM DE
TRANSPLANTE DE CÉLULAS VIVAS 181
10.1 O ENCONTRO DO DOADOR COM O CLIENTE-RECEPTOR DE
SANGUE 185
REFERÊNCIAS 191
APENDICE A Instrumento de coleta de dados – Entrevista com o doador
de sangue 198
APENDICE B Instrumento de coleta de dados – Entrevista com o cliente-
receptor de sangue 199
APENDICE C Instrumento de coleta de dados – check list observacional
do ato da doação de sangue 200
APENDICE D Instrumento de coleta de dados – check list observacional
do ato da transfusão de sangue / transplante de células vivas 204
APENDICE E Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do doador de sangue 207
APENDICE F Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do cliente-
receptor de sangue 208
APÊNDICE G Quadros de Análise de Conteúdo da Pentalogia do Doador de
sangue 209
APÊNDICE H Quadros de Análise de Conteúdo da Pentalogia do Cliente-receptor
de sangue 247
1 INTRODUÇÃO
Diversos clientes, seja pela sua patologia, seu estado clínico, necessitam deste suporte,
principalmente para a manutenção de sua estabilidade. É um tipo de terapia que tem se
mostrado muito eficaz em algumas situações como: choque, hemorragias, doenças
sanguíneas, anemias, dentre outras. Além de ser muito importante como suporte na realização
de tratamentos, como os transplantes, quimioterapias, radioterapias e diversas cirurgias.
Todo transplante se caracteriza pela transferência de células, tecidos e órgãos vivos
com a finalidade de restabelecer uma função perdida. De modo geral, há dois tipos de
transplantes: o autólogo, cujas células, tecidos ou órgãos são retirados da própria pessoa e
implantados em um local diferente do corpo em tempo distinto; e o alogênico, que
compreende a retirada de material de outra pessoa (doador) para ser implantada no cliente
(receptor) (MENESES, 2014).
A maioria dos transplantes são realizados com a utilização de órgãos de indivíduos
que morreram recentemente, embora em alguns casos o material possa ser retirado de um
doador vivo, o que oferece um risco bem menor ao receptor. Contudo, nem sempre é possível
encontrar um doador vivo e nem todos os órgãos do corpo podem ser retirados. Sendo assim,
não é isento de riscos, podendo ocorrer complicações severas, durante e/ou após o
procedimento (MENESES, 2014).
A ideia de transplante de células vivas traz, também, embutido nela algo mais
arriscado e complexo, tanto para o corpo que doa como para o corpo que recebe o “órgão”, no
caso, o sangue. Transplante, nem sempre é tão seguro e que pode ser rejeitado no corpo que o
recebe, enquanto que o outro corpo doa parte de seu órgão e, também não sabe as
consequências deste ato de doar, a curto e longo prazo.
Na concepção de Rudolf Steiner, filósofo croata, fundador da medicina antroposófica,
segundo o qual o sangue é o órgão responsável pela manutenção da vida do corpo físico do
ser humano e demais mamíferos, pois, através da inspiração respiratória, nossos alvéolos
captam oxigênio e fluidos que alimentam e nutrem os demais órgãos e sistemas corporais.
Nosso PORTAL aberto a nos integrar com a natureza e com o cosmos, e seus elementos
materiais e imateriais (STEINER, 1991).
Assim, a transfusão de sangue ou transplante de células vivas pode salvar mais vidas,
entretanto a ocorrência de um erro neste processo pode comprometê-la, por isso todos os
profissionais envolvidos devem ter comprometimento com a segurança, a fim de criar
barreiras de proteção e cuidado para evitá-lo.
É nestes dois limites “DOAR e RECEBER” o “órgão sangue” que são emergem
preocupações fundamentais como profissionais de Hemoterapia e da encruzilhada que esta
19
ação nos coloca que é o problema de pesquisa. Pode-se afirmar que existe uma clínica própria
de Enfermagem para o ato de hemotransfundir para além do olhar, e dos atos de enfermagem
de selecionar sangue, identificar, acondicionar, e sim, uma clínica para quando transplantar o
sangue?
O significado de transfusão de sangue e transplante de células vivas tem interpretações
diferentes, quando, ainda, não se considera o sangue como um órgão a ser transplantado, até
mesmo porque não depende da morte de ninguém. Enquanto os outros tipos de transplantes
como: coração, fígado, pulmão, rins, dependem de que seus doadores morram ou se
submetam a técnicas mais invasivas, como cirurgias (transplante de medula óssea e pele), que
também os expõe a novos riscos.
Apesar de tantos discursos e orientações para assumir que existe uma clínica própria
da Enfermagem com um conhecimento e prática própria da Enfermagem ainda é um desafio.
No plano da linguagem conceitual saber o que é uma Clínica de Enfermagem, como conjunto
de intervenções do cuidar do outro que se dá a partir do pacto integral e simbólico, da minha
vida em você e da sua vida em mim, sendo uma doação e recepção de vidas.
O fazer da Enfermagem parece mais claro porque ele se objetiva através de atos,
processos e procedimentos de cuidar, dispensados a um corpo ativo, livre e político que tem
direitos de saber o que é de fato retirar parte de seu corpo para o outro (doador de sangue x
cliente-receptor de sangue), que não conhece um ato puramente altruísta.
Segundo Foucault (1963) a clínica de enfermagem, envolve o OLHAR e ESCUTAR.
O olhar clínico sistematiza-se num conjunto de discursos, sobretudo, e edifica-se numa
linguagem de aprendizagem sobre o corpo, com descoberta estruturada, codificada nas
doenças, quando se acredita que o ponto crucial trata questões sobre espaço, linguagem,
abordagem do olhar e a morte.
O olhar clínico estrutura-se verdadeiramente como uma linguagem: na clínica, como
na análise, a armadura do real é desenhado a partir do modelo de linguagem. O autor refere
que no século XIX os médicos descreveram o que permaneceu invisível durante séculos, não
porque eles se voltaram para a tarefa de perceber, após ter por muito tempo, especulado ou
estudado, mais é melhor, a razão do que a imaginação, é a relação entre o visível e o invisível,
necessária a todo saber concreto que mudou de estrutura e fez parecer sob o olhar e na
linguagem, o que, estava justamente além e aquém de seu domínio. Entre as palavras e as
coisas, uma aliança nova germinou, fazendo ver e dizer e, às vezes, num nível mais arcaico e
racionalizado, como se tratasse de um retorno a um olhar (FOUCAULT, 1963).
20
atendimento das reações e documentar todo o processo, que vai desde a coleta de amostra
para os testes pré-transfusionais, atendimento pré e pós transfusionais. A atuação destes
profissionais pode minimizar significativamente os riscos do cliente e evitar danos, se o
gerenciamento destes processos ocorrerem com a eficiência necessária (FERREIRA, et al
2007).
Há de se considerar que o ato da doação de sangue e da transfusão de sangue ou
transplante de células vivas, e suas intervenções ainda não é uma linguagem habitual na
enfermagem como um todo, mesmo sendo orientado pelo COFEN pela resolução 629 de 2020
que aprova e atualiza a Norma Técnica que dispõe sobre a atuação de Enfermeiros e Técnicos
de Enfermagem em Hemoterapia (BRASIL, 2020). Além disto, existem locais de captação do
sangue, doação, preparo e transfusão que são realizados por técnicos de hemoterapia,
biólogos, farmacêuticos, biomédicos e médicos, caracterizando assim, pontos obscuros nessa
prática.
Na Resolução compete aos Enfermeiros: planejar, executar, coordenar, supervisionar e
avaliar os procedimentos de hemoterapia nas unidades de saúde, visando assegurar a
qualidade do sangue, hemocomponentes e hemoderivados. E as atribuições dos Técnicos de
Enfermagem serão desenvolvidas sob a supervisão e orientação do enfermeiro responsável
técnico do serviço ou setor de hemoterapia (BRASIL, 2020).
Para essa prática, a equipe de enfermagem necessita de conhecimento e habilidades
com relação à esta terapêutica, com o intuito de manter a segurança em todo o processo na
administração das células sanguíneas, seja ele qual for: concentrado de hemácias, concentrado
de plaquetas, plasma fresco congelado, crioprecipitado, respeitando seus limites, vias de
administração, seus cuidados pré, trans e pós transfusão, obtendo conhecimento específicos
sobre cada um desses hemocomponentes (BRASIL, 2015).
Entretanto, este ato, ainda, não é bem compreendido, que exige uma clínica de
enfermagem, pois parece apenas com o ato de instalar a “bolsa de sangue” e ficar atento a
reações do corpo com sinais e sintomas, ou então, checar números e a guardar bolsas de
sangue.
Vários fatores podem contribuir para aumentar as chances do cliente-receptor
experimentar uma complicação relacionada a transfusão/transplante, as chamadas reações
transfusionais, imediatas, ocorrida durante a transfusão, ou até 24 horas após, e tardia ocorrida
após 24 horas da transfusão (BRASIL, 2015).
Embora algumas reações sejam inevitáveis, a maioria das reações fatais é atribuída ao
erro humano, como por exemplo, a transfusão de sangue ABO incompatível, a chamada
23
estudo: os significados do corpo que doa e do corpo que recebe sangue como um transplante
de células vivas.
O objeto aqui definido pretende considerar o EU doador, EU receptor – DOAR,
RECEBER, TRANSPLANTAR – padrões para uma Clínica do Cuidado de Enfermagem a
serem considerados para ambos.
Este estudo pretende escrever sobre a clínica da enfermagem para transplante de
células vivas a partir de doadores e receptores, ambos prisioneiros um do outro, o corpo vivo
sadio que doa, para o corpo vivo doente. Assim, direcionar a enfermagem para novos
discursos que envolva uma linguagem própria para os seus clientes a ser usado em sua clínica,
que se diferencie de um saber médico para um saber-fazer-escrever enfermagem sobre
transplante de células vivas e que diagnósticos e cuidados são realizados no acontecimento,
que é captar, doar e receber células vivas (sistematização deste processo).
Assim a proposta de tese permeia o Transplante de Células Vivas como conjunto de
procedimentos de CUIDAR em Enfermagem que envolve, além da dimensão material do
corpo-sangue, a dimensão subjetiva do ato de doar e receber vida.
Segundo Souza (2003), a construção de sentido está relacionada ao pensar e agir entre
a vida e a filosofia. Viver é uma aventura, como entrar numa floresta infinitamente densa,
complexa, cheia de cores, sons, sugestões, vibrações de todo o tipo, aromas e belas e
estranhas formas infinitamente multiplicadas.
Encontrar o sentido de uma clínica para cuidados de Enfermagem quando fazem
transplante de células vivas, é uma realidade e uma inquietação. Parece ser fundamental
compreender os sentidos das coisas, a linguagem, para as coisas (cuidado), construir um outro
sentido para o discurso da transfusão de sangue, que traz embutido nele a ideia de que eu
recebo o sangue, que fica e se move dentro de mim, sangue de outra pessoa, que está viva,
mais que entender que não é uma transfusão, mas agora transplante de células vivas. Uma
outra realidade para a Enfermagem quando fala-se de cuidado sem cair na mesmice de achar
que ele é para sinais e sintomas da doença.
Assim, o saber fazer da enfermagem atual, em especial na hemoterapia, em seus
aspectos técnicos, científicos e éticos, se vê diante da complexidade da realidade, que
funciona em determinados contextos da saúde, mas em outros modos requer a distinta
compreensão, para entender a subjetividade, a origem do mal-estar, a psicossomática, a saúde
mental e a própria forma de vida destes clientes submetidos a constantes transfusões de
sangue. Essa compreensão modifica a forma de avaliar e intervir no serviço prestado ao
coletivo (TEIXEIRA; BARBOSA; SILVA, 2014).
25
Para alcançar a qualidade nas ações de cuidado, é preciso entender o que o cliente
submetido a diversas transfusões está expressando através do seu corpo, suas marcas do
cuidado. Isto exige aproximação, investigação, observação atenta, abstenção de julgamentos
prévios, tentando alcançar a visão da pessoa, sua subjetividade. Conhecer a complexidade de
fenômenos culturais, os símbolos (culturais ou religiosos) e suas relações, dentro de um
complexo sistema de significados, indispensável para compreender os sistemas de
conhecimento e o comportamento das pessoas.
Diante disso, acredita-se que as experiências do transplante de células vivas associado
à rede de significados atribuídos ao sangue têm características peculiares que dependem do
contexto sociocultural, religioso e da vida pessoal do indivíduo, isto é, dependem do meio
ambiente em que o indivíduo está inserido, seus laços de parentesco e também da
religiosidade.
Dessas considerações aqui iniciadas sobre o tema e o problema, têm-se como
PRESSUPOSTOS desta pesquisa: O Transplante de Células Vivas diz respeito a um saber,
uma linguagem, que é específica para doadores e receptores feita através de uma prática de
Enfermagem de Diagnósticos e Cuidados específicos.
Essas considerações, argumentações, problemas nos levam a delimitar as Questões
Norteadoras deste estudo:
a) Como rastrear na compreensão de doadores e clientes-receptores o significado
dado por eles para hemotransfusão de sangue ou transplante de células vivas?
b) Como captar nas falas de doadores e clientes-receptores de sangue situações de
cuidar que possam especificar uma clínica de cuidados para a Enfermagem?
c) Como identificar no latente e no manifesto de suas falas ou expressões corporais
sobre hemotransfusão de sangue ou transplante de células vivas uma linguagem
que indiquem crenças, vivências e/ou comportamentos que possam interferir em
suas ações de doar e receber sangue?
1.2 Justificativa
sujeitos históricos que possuem modo de viver e ser, permeado por mitos, preconceitos, e
etc, que podem delinear diagnósticos e cuidados específicos de enfermagem para esta área.
O ser humano usa os significados e as interpretações, adquiridos na sua vida social,
uma vez que são frutos de um processo cumulativo que reflete o conhecimento e as
experiências adquiridas pelas numerosas gerações que o antecedem, por isso, é possível dizer
que o processo de atribuir significado à sua experiência não é inventado e sim herdado
(BENETTI, 2004).
Contudo o inconsciente e a subjetividade do sujeito do cuidado são infelizmente
considerados como ineficazes para compreender o processo de tratamento, vista sua
incapacidade de racionalizar as percepções e situações que corroboram em riscos à sua
integridade. Todavia o profissional hábil precisa compreender esse processo e, junto com o
cliente e a relação produzida, gerar formas expressivas desse imaginário e sentimentos
ocultos existentes na clínica. Assim o subjetivo é pessoal, individual, pertencente ao sujeito e
apenas a ele (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2006).
A saúde e a doença permeiam todo o processo de viver do ser humano. É uma
experiência subjetiva, varia entre os indivíduos, grupos culturais e classes sociais. A doença
iguala os sujeitos e registra no corpo do doente uma série de marcas do cuidado e estas
devem ser exploradas para a melhor atuação profissional.
Isso significa que o indivíduo vai se modificando em maior ou menor intensidade à
medida que resiste ou permite a superposição de novas experiências em sua vida. Isso o
conduz à constante (re)criação de si mesmo. Assim, quando as práticas cotidianas de cuidar
nos serviços de saúde são pensadas, verifica-se a certeza que vetores de diferentes forças
incidem sobre os corpos com intuito de controlar subjetividades no plano individual e
coletivo (SILVA; FIGUEIREDO, 2016).
Considerar as implicações no corpo do doador e receptor quanto à consequências de
doar e receber Células Vivas como a ideia de que eu doo e recebo um produto que é vivo,
que permanecerão dias no corpo e depois morre, podendo se tornar um ato de risco se não
for assumido e controlado pelos enfermeiros(as). Para tanto, acredita-se que a construção de
sentido sobre esses atos poderão demonstrar indicadores de cuidados para reorientações de
uma taxonomia própria.
Espera-se que se tenha uma revisão da prática de transfusão de sangue para
transplante de células vivas, que parece banal, comum e sem status de risco, diferente dos
demais transplantes. Assim sendo, retirar a linguagem de transfusão de sangue e incluir a de
Transplante de Células Vivas pode contribuir para a reorientação de Políticas e Programas.
28
Assim, como também delinear a importância de se ter uma equipe direcionada a tal prática
nos hospitais, por se tratar de uma atividade que deve se ter segurança e atenção devido ao
risco de morte ao paciente, se este for submetido a uma transfusão incompatível.
Além da necessidade de ampliação das pesquisas em hemoterapia, esta proposta de
estudo permeia todos os aspectos que envolve a transfusão de sangue, nos seus aspectos
macros que envolve toda a política pública relacionada à doção de sangue para obtenção do
sangue até seus aspectos micros, relacionada o ato transfusional em si, que envolve
diretamente a equipe de enfermagem. Desenhar todo esse aparato, e envolver o cliente neste
redesenho, visa obter um cuidado, sob a ótica de quem é constantemente submetido às
transfusões de sangue e para quem o cuidado é dispensado.
A escolha foi pelo método cartográfico selecionado em função do objeto da tese, quando
pretende-se rastrear significados diversos sobre o CORPO que doa e o que recebe sangue.
A cartografia é um método que foi formulado por Gilles Deleuze e Félix Guattari (1995),
que visa acompanhar um processo, trata-se de sempre investigar um processo de produção. No
conhecimento científico da cartografia que não se sabe onde é o início, e muito menos seu fim.
O pesquisador se localiza numa zona intermediária, lugar privilegiado para observação das
conexões humanas que são formadas a partir dos constantes movimentos estabelecidos entre os
corpos, no caso, que doa e que recebe sangue (PASSOS; KASTRUP, 2013).
Tal método considera que a pesquisa é sempre uma intervenção. Seu funcionamento não
se identifica a atos de focalização para preparar a representação de formas de objetos, mas se
faz através da detecção de signos e forças circulantes, ou seja, de pontas do processo em curso
(PASSOS; KASTRUP, 2013).
Assim, é responsável em atualizar as sensações dos indivíduos e está centrada nas
conexões humanas e nos processos advindos da realidade, que pode ser observada por diferentes
ângulos e acessada por diversos aspectos envolvidos no íntimo das relações, sendo assim uma
ampla produção de subjetividades (PASSOS; KASTRUP; ESCÓSSIA, 2009).
Por produzir elementos da ordem da subjetividade, a cartografia admite uma natureza
qualitativa, e considera uma dimensão quantitativa nos dados qualitativos produzidos.
Representado por Passos e Eiraldo (2009, p.115) “ao cruzamento das várias forças que vão se
produzindo a partir dos encontros entre os diferentes nós de uma rede de enunciação da qual
emerge, como seu efeito, um mundo que pode ser compartilhado pelos sujeitos”.
Assim, o corpo do cliente passará a ser observado como uma representação gráfica, em
que todos seus aspectos subjetivos, sendo metricamente expressos por linhas, pontos, desenhos,
recorte das experiências existenciais de ser cuidado. Espécie de arte viva, que dará visibilidade
a um mapa capaz de retratar os territórios por ele percorridos, os seus acontecimentos mais
significativos, suas paixões, lugares onde estudou, habitou, visitou e trabalhou (SILVA;
FIGUEIREDO, 2016).
Para Passos, Kastrup e Escóssia (2009, p. 10):
31
[...] neste mapa nada se decalca, não há um único sentido para a sua experimentação
nem uma mesma entrada. São múltiplas as entradas em uma cartografia. A realidade
cartografada se apresenta como um mapa móvel, de tal maneira que tudo aquilo que
tem aparência de “o mesmo” não passa de um concentrado de significação, de saber
e de poder [...].
Assim, a presente proposta de estudo tem implicações tanto para o cuidado, uma vez
que pretende resgatar a subjetividade junto às marcas no corpo do cliente que doa e ao que é
submetido à transfusão de sangue ou transplante de células vivas, e em paralelo faz menção às
práticas de enfermagem, pois se sustenta nos cenários de cuidados de enfermagem.
observação não participante: o pesquisador está em contato com o grupo pesquisado, mas não
se envolve nas situações observadas (MARCONI; LAKATOS, 2011).
Nesse caminhar segue-se para a segunda variável, o TOQUE. O toque é sentido como
uma rápida sensação, um pequeno vislumbre, que aciona em primeira mão o processo de
seleção. A atenção é tocada nesse nível, havendo um acionamento no nível das sensações, e não
no nível das percepções ou representações de objetos (KASTRUP; 2007; KASTRUP; 2009).
Para Kastrup (2009, p. 43), esse gesto:
[...] pode levar tempo para acontecer e pode ter diferentes graus de intensidade. Sua
importância no desenvolvimento de uma pesquisa de campo revela que esta possui
múltiplas entradas e não segue um caminho unidirecional para chegar a um fim
determinado. Através da atenção ao toque, a cartografia procura assegurar o rigor do
método sem abrir mão da imprevisibilidade do processo de produção do conhecimento
[...].
Esse momento foi atrelado ao refinamento dos critérios de inclusão e exclusão dos
participantes contidos no desenho deste estudo e inicialmente a possibilidade de entrada no
cenário do cuidado, onde as situações cotidianas de doação e de transfusão se encontravam.
Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com doadores de sangue após
a triagem clínica de doadores, estando este apto a doar, para captar seus significados,
sentimentos e motivações acerca do ato de doar sangue (APÊNDICE A), além disto, ocorreu a
observação não participante através da aplicação de um check-list observacional para detectar
linguagem corporal e comportamentos subjetivos no momento do ato da doação de sangue
(APÊNDICE C).
Assim o roteiro de entrevista semiestruturado foi dividido em cinco grandes núcleos:
perfil dos doadores, significados, sentimentos, motivações e riscos. E o check-list observacional
que irá evidenciar sinais objetivos e sinais subjetivos no momento que este mesmo doador estará
efetivando a coleta do sangue no ato da doação de sangue. As entrevistas foram gravadas com
a utilização de um dispositivo MP3 player-gravador de voz, somente após a assinatura do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos doadores, e posteriormente foram
transcritas para tratamento e análise dos dados.
O gesto de POUSO para Kastrup (2009, p. 43) “indica que a percepção, seja ela visual,
auditiva ou outra, realiza uma parada e o campo se fecha, numa espécie de zoom. Um novo
território se forma, o campo de observação se reconfigura. A atenção muda de escala.”
Com o objetivo de observar a atuação da equipe de diferentes profissionais envolvidos
direta ou indiretamente na terapêutica transfusional e correlacionar os significados, sinais
objetivos e subjetivos do corpo e marcas do cuidado dos clientes-receptores de sangue, serão
33
Dessas atenções se produz os dados que são de 02 sujeitos diferentes: o primeiro, o que
DOA, ou seja, aquele que se abre para o outro, que necessita de parte de seu corpo produzindo
subjetividades sobre essa doação e, o segundo, o que RECEBE, como um alívio para resolver
seu problema de imediato, que também produz subjetividades e representações sobre um sangue
de alguém que não conhece.
Dessa forma, com intuito de elucidar os caminhos do estudo foi criado um quadro
esquemático que contém as variedades da pista dois do método cartográfico; materiais e
instrumentos de coleta de dados; e, procedimentos do cartógrafo.
Assim, cabe apresentar detalhadamente as etapas que irão compor o desenho deste
estudo, que serão apresentadas abaixo, são elas: os aspectos éticos, critérios de inclusão e
35
exclusão dos participantes, cenários do cuidado, seleção da pista do método, produção de dados
na atenção cartográfica e a forma de tratamento, análise e organização dos dados produzidos.
A pesquisa com seres humanos envolve uma série de importantes considerações éticas,
as quais visam garantir a integridade dos participantes envolvidos. Neste sentido, a garantia dos
princípios da autonomia, não maleficência, beneficência e justiça a todas as partes envolvidas,
assim como os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos participantes
de pesquisa e ao Estado, devem ser assegurados (BRASIL, 2012).
No caso desse estudo, as condutas dos pesquisadores foram norteadas pela Resolução
nº466/12 do Conselho Nacional de Saúde que propõem diretrizes e normas que regulamentam
36
as pesquisas envolvendo seres humanos (BRASIL, 2012). O projeto de tese foi encaminhado à
apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro (UNIRIO), órgão reconhecido pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa e teve
como instituição coparticipante o Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira
Cavalcanti (HEMORIO), local no qual foi realizada a coleta dos dados.
O envio do projeto de pesquisa ao CEP/UNIRIO e no CEP/HEMORIO foi realizado em
janeiro de 2018, por meio da apresentação dos documentos constados nos apêndices, que foram
dispostos de forma digitalizada no sistema unificado de registros em pesquisa da Plataforma
Brasil. Após análise, em abril do mesmo ano, o estudo obteve parecer “APROVADO” pelo
mediante o seguinte número de registro: 2.576.418 (ANEXO I e II).
Sendo assim, todos os participantes da pesquisa foram convidados a manifestar de forma
autônoma, consciente, livre e esclarecida à anuência junto ao Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE – Apêndice E, Apêndice F, Apêndice G) que contém a justificativa e
procedimento para produção dos dados para a pesquisa, no qual a primeira via assinada ficou
de posse com o pesquisador e a segunda com os participantes do estudo.
Sobre a identidade dos participantes foi garantido o anonimato, através do uso de
codificações, ou seja, quando o entrevistado foi o doador ele recebeu a letra “D” seguida do
número da entrevista, e quando o entrevistado foi o cliente-receptor ele recebeu a letra “R”
seguida do número da entrevista. Além disso, foi assegurada à liberdade de desistir de participar
da pesquisa a qualquer momento, para tanto, foi disponibilizado o contato da pesquisadora caso
necessário.
doadores que alegavam não quererem participar da pesquisa devido pressa para realização do
procedimento todo.
A fim de solucionar essa questão a pesquisadora foi ao serviço para coleta dos dados
nos momentos de pouca rotatividade de doadores, pela manhã bem cedo, de 07h as 10h e ao
final da tarde, de 16h as 18h, e também anteriormente entrava em contato com o salão de
doadores para saber se aquele dia ela teria um consultório vago para realizar a pesquisa.
Outra coisa que dificultou a coleta de dados dos doadores, foi que a cada entrevista
realizada a pesquisadora para realizar o check-list observacional dava continuidade no caminho
do doador no serviço até o final da doação. O que ocasionou um tempo de pelo menos 40
minutos no total para terminar a coleta de dados toda de apenas um participante da pesquisa.
Durante a coleta de dados dos clientes-receptores também se apresentou a dificuldade
da mudança do fluxo de atendimento desse cliente. A necessidade da realização do check-list
observacional do ato transfusional, fez com que a pesquisadora só pudesse realizar a entrevista
com os clientes que iriam necessariamente realizar a transfusão.
Com isso, foi difícil realizar as entrevistas com clientes internados, visto que a liberação
de sangue para transfusão daqueles clientes é instável, isto é, tem a solicitação do sangue mais
não necessariamente irá ter o procedimento transfusional, pois, a liberação de bolsas para a
internação saia muito tarde, sendo feito duas tentativas em dias diferentes, sem sucesso.
Assim, a pesquisadora optou por realizar a coleta de dados somente com pacientes que
foram transfundidos de forma ambulatorial. Entretanto, a rotina dessas transfusões também
começa a ocorrer com mais frequência na parte da tarde, e todas são realizadas em apenas uma
sala de transfusão ambulatorial. Com isso, assim que a pesquisadora sabia que a bolsa tinha
sido liberada para este paciente, enquanto a equipe do setor ia ao setor de expedição buscar a
bolsa, a pesquisadora realizava a entrevista. Mas em alguns momentos a equipe se demonstrou
visivelmente incomodada, pois atrasava o serviço deles.
Por isso, em alguns momentos a pesquisadora teve que que fazer primeiro o check-list
observacional deste cliente recebendo sangue, para depois realizar a entrevista, e com isso
ocorreu que alguns desses clientes estavam com pressa e queriam ir embora e não foi possível
participar da pesquisa. A pesquisadora contou com a ajuda do setor e realizou as entrevistas
numa sala desativada ao lado da sala de transfusão ambulatorial.
No momento da observação não participante, na aplicação do check-list observacional,
a pesquisadora apresentava as faces e pedia para o doador e o receptor se identificarem como
eles estavam se sentindo no momento, e somente alguns doadores se identificaram com uma
expressão facial no início e outra ao final.
41
Vale ressaltar, que ter um local próprio para a realização da entrevista tanto para os
doadores como para os clientes-receptores foi importante, pois em alguns momentos por se
tratar de questões subjetivas relacionadas ao ato de doar e de receber, ambos se emocionaram
com algumas perguntas feitas pela pesquisadora.
fonte aberta, desenvolvido por Pierre Ratinaud (RATINAUD; MARCHAND, 2012) que
permite fazer análises estatísticas sobre corpus textuais e sobre tabelas indivíduos/palavras. O
programa ancora-se no sofware R (www.r-project.org) para realização dos cálculos estatísticos
(LAHLOU, 2012).
O software IRAMUTEQ é considerado uma ferramenta de processamento dos dados, e
não um método de pesquisa, o que torna seus resultados instrumentos de exploração, busca e
associação em material de pesquisa (SOUZA et al., 2018), visto que possibilita a operação de
análises de natureza quantitativa, mesmo em se tratando de dados qualitativos, como é o caso
dos textos (Corpus textuais) obtidos as entrevistas aos doadores de sangue que participaram
deste estudo.
O software IRAMUTEQ está planejado para viabilizar diferentes análises de dados
textuais, tais como: a lexicografia básica que abrange a técnica da lemantização e cálculos de
frequência das palavras; Classidicação Hierárquica Descendente (CHD); análise pós-fatorial de
correspondências, inclusive com análises de similitude e representação gráfica em Nuvem de
Palavras determinada pela ocorrência de palavras ou a associação de x2 das palavras
(CAMARGO; JUSTO, 2013).
Neste estudo foram utilizadas as análises lexicográficas básicas com o propósito de
descrever o número de palavras, número de textos e segmentos de texto que compõem o corpus
de análise, que confere com o conjunto de textos originados pelas respostas dos participantes.
Sendo assim, neste estudo foi originado dois (2) corpus de análise nomeado de 1) Doadores de
Sangue, e 2) Clientes-Receptores de Sangue.
Três etapas foram percorridas para realizar a leitura do corpus: a preparação e a
codificação do texto inicial, a classificação hierárquica descendente, realizada pelo
processamento dos dados, e a interpretação das classes. Preparar o texto inicial na pesquisa
qualitativa significa transcrever as entrevistas, que é um conjunto de textos em um único
arquivo que constitui o corpus de análise. Portanto, cada entrevista foi separada por uma linha
de comando, compreendendo somente uma variável (**** *doador_01 até **** * doador_10),
após a transcrição realizada no LibreOffice Writer do pacote LibreOffice.org, o arquivo foi
salvo como documento de texto que usa codificação de caracteres no padrão UTF-8 (Unicode
Transformation Format 8 bit codeunits). As perguntas foram suprimidas, mantendo-se somente
as respostas.
A seguir foi realizada a revisão de todo o arquivo, a correção de erros de digitação e
pontuação, a uniformização das siglas e a junção de palavras compostas, por exemplo, o termo
44
Vale ressaltar que os resultados serão apresentados da seguinte forma: dois capítulos
que tratam dos doadores (capítulo 6 e 7) e os outros dois capítulos dos clientes-receptores
(capítulo 8 e 9), demonstrando de cada: 1) Caracterização do perfil dos entrevistados; 2)
Caracterização da linguagem, gestos, movimentos corporais; 3) Diário de campo; 4)
Lexicometria, Dendogramas, Análise fatorial e Nuvem de palavras.
46
RESUMO
3.1 Introdução
Entende-se por ciclo do sangue um macroprocesso que segue uma lógica operacional
composto por etapas, que envolve diversos atores e saberes, são elas: captação de doadores,
triagem clínica de candidatos a doação, doação de sangue, fracionamento, sorologia,
imunohematologia, controle de qualidade e proteção ao doador e ao receptor, armazenamento,
distribuição do sangue e, finalmente, a transfusão (BRASIL, 2015a).
1
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências (PPGENFBIO)
pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
2
Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Professora Emérita da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (UNIRIO).
47
entretanto a ocorrência de um erro neste processo pode comprometê-la, por isso todos os
profissionais envolvidos devem ter comprometimento com a segurança transfusional.
Essas complicações envolvem clientes doadores e clientes-repceptores que necessitam
de um novo olhar para eles como duas pontas de um mesmo cordão. E provavelmente, o
receptor necessita mais do doador. Nessas complicações incidem-se problemas humanos e de
espaços não atentos, que nem as legislações se preocupam, embora importante, preocupam-se
apenas com as normas técnicas. Define-se como questão norteadora: De que tratam as
legislações sobre transplante, doação e hemotransfusão de sangue e como os doadores e
clientes-repceptores estão incluídos nela?
3.2 Objetivos
Tal capítulo tem como objetivo: 1) Rastrear o que está instituído nas legislações sobre
transplante, doação e hemotransfusão de sangue, destacando aspectos que interessam aos
doadores e clientes-repceptores, e, 2) Mostrar como são tratados os aspectos humanos do ato
de DOAR e RECECER SANGUE.
3.3 Método
seguida detaca-se o conteúdo principal que trata a legislação, sendo assim as legislações o
espaço da produção dos dados.
Com relação aos outros tipos de transplantes de órgãos, em 2007 a Lei nº 11.521 altera
a Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, a respeito da remoção de órgãos e tecidos para fins
de transplante (BRASIL, 2007).
Em 2009 é editada a Portaria nº 87 de 21 de janeiro, que autoriza o envio para o
exterior de amostras de células-tronco hematopoiéticas de doadores cadastrados no REDOME
e a Portaria nº 2.600 que teve como foco atualizar e padronizar o funcionamento do Sistema
Nacional de Transplantes – SNT, aprova o Regulamento Técnico do Sistema Nacional de
Transplantes (BRASIL, 2009a; BRASIL, 2009b).
Em 2010 as RDC N° 57 e N° 56, foram instituídas, sendo que a Resolução de Direção
Colegiada – RDC N° 57 –, determina o Regulamento Sanitário para Serviços que
desenvolvem atividades relacionadas ao ciclo produtivo do sangue humano, componentes e
procedimentos transfusionais e a RDC N° 56/2010 determina o regulamento sanitário para o
funcionamento dos laboratórios de células progenitoras hematopoéticas (BRASIL, 2010c;
BRASIL, 2010d).
Em 2010 começa-se a priorizar a ampliação do Transplante de Medula Óssea no
Hospitais públicos do Brasil e se edita a Portaria nº 2.931, com os requisitos necessários para
que um hospital possa transplantar (BRASIL, 2010).
Sendo assim, o Ministério da Saúde aprovou em 2011 o Regulamento Técnico, pela
Portaria N° 1.353, de 13 de junho de 2011, que visa a regular toda a atividade hemoterápica
no país, nos serviços públicos ou privados, de acordo com os princípios e diretrizes da
Política Nacional de Sangue e Hemoderivados (BRASIL, 2011).
Em 2012 a Portaria nº 844 estabelece a manutenção regulada do número de
cadastrados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea. Em 2013 a Portaria nº 2.132
estabelece novos quantitativos físicos da manutenção da regulação do número de cadastrados
no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (BRASIL, 2012, 2013b).
Fica instituído o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), Portaria
MS/GM 529/2013, Art. 1 Art. 162. Fica instituído, no âmbito do Ministério da Saúde, o
Comitê de Implementação do Programa Nacional de Segurança do Paciente (CIPNSP),
instância colegiada, de caráter consultivo, com a finalidade de promover ações que visem à
melhoria da segurança do cuidado em saúde através de processo de construção consensual
entre os diversos atores que dele participam, que descrevem a prescrição, transcrição,
dispensação e administração de medicamentos, sangue e hemoderivados (BRASIL, 2013a).
Nas legislações mais recentes, têm-se a Portaria nº 342 de 2014 que regulamenta os
critérios de distribuição e controle das quotas para novos cadastros no Registro Nacional de
53
Doadores de Medula Óssea. No mesmo ano Portaria nº 597 distribui a cota anual para novos
cadastros de doadores voluntários em mais Hemocentros do país. A Portaria nº 2.758, também
de 2014, fala sobre as medidas adotadas pelo Ministério da Saúde para aumentar o número de
transplantes de medula óssea no país e também estabelece o financiamento para ampliação do
acesso ao transplante alogênico não aparentado, fixando o valor de R$ 240.000,00 investidos
pelo SUS por leito de paciente (BRASIL, 2014a, 2014b, 2019). E finalmente a Portaria 30, de
2015, que estende o Programa Nacional de Transplante de Medula Óssea para pacientes que
sofrem de anemia falciforme (BRASIL, 2015d).
Visando à proteção do doador, receptor e profissionais envolvidos, a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) elabora legislação específica em que elenca os
regulamentos para o desenvolvimento das atividades, através da Resolução de Direção
Colegiada – RDC 34 de 11/06/2014 que estabelece os requisitos mínimos para os serviços que
desenvolvem atividades relacionadas ao ciclo produtivo do sangue, desde a coleta à transfusão
(ANVISA, 2014).
Assim no decorrer dos anos o Ministério da Saúde estabeleceu os regulamentos
técnico para procedimentos hemoterápicos, atualmente pela Portaria MS nº 158 de
04/02/2016, de acordo com os princípios e diretrizes da Política Nacional do Sangue
(BRASIL, 2016). Assim todos os órgãos, ou entidades de caráter público ou privado devem
observar este regulamento na execução das atividades hemoterápicas. Atualmente tal
regulamento técnico foi atualizado e compõe a Portaria de Consolidação das normas sobre as
ações e os serviços de saúde do SUS, nº 05 de 28/09/2017 (BRASIL, 2017a).
Em 2017, foi sancionado outro decreto de nº 9175 de 18 de outubro de 2017 que
regulamenta a Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997 e revoga o anterior de nº 2268 de 1997,
para tratar da disposição de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano para fins de
transplante e tratamento (BRASIL, 2017b).
Através de uma Nota Técnica Nº 7/2018 a ANVISA descreve o seu posicionamento
sobre a configuração das ações para segurança do paciente nos Serviços de Hemoterapia
(NACIONAL et al., 2018).
3.5 Resultados
Segue abaixo o quadro esquemático das legislações que foram consultadas, para
execução da leitura, com suas respectivas Unidades de Registros (UR):
54
13 Portaria nº 2.381 2004 53 Cria a Rede Nacional de Bancos de Sangue de Cordão Umbilical e
Placentário para Transplantes de Células-Tronco Hematopoiéticas
14 RDC N° 153 2004 54 norteando as atividades dos profissionais que atuavam nos serviços de
hemoterapia
55 previa a coleta, o processamento, a testagem, o armazenamento, o
transporte, o controle de qualidade e o uso humano do sangue e seus
componentes,
56 obtidos do sangue venoso, do cordão umbilical, da placenta e da medula
óssea
15 Portaria nº 931 2006 57 atualiza o Regulamento Técnico para Transplante de Células-Tronco
Hematopoéticas de 1998
16 Portaria nº 2.970 2006 58 define a coordenação da implantação da Rede Nacional de Bancos de
Sangue de Cordão Umbilical
17 Lei nº 11.521 2007 59 altera a Lei nº 9.434
60 a respeito da remoção de órgãos e tecidos para fins de transplante
18 Portaria nº 87 2009 61 autoriza o envio para o exterior de amostras de células-tronco
hematopoiéticas de doadores cadastrados no REDOME
19 Portaria nº 2.600 2009 62 atualizar e padronizar o funcionamento do Sistema Nacional de
Transplantes
63 aprova o Regulamento Técnico do Sistema Nacional de Transplantes
20 RDC n° 57 2010 64 determina o Regulamento Sanitário para Serviços
65 com atividades relacionadas ao ciclo produtivo do sangue humano,
componentes e procedimentos transfusionais
21 RDC n° 56 2010 66 determina o regulamento sanitário para o funcionamento dos laboratórios de
células progenitoras hematopoéticas
22 Portaria nº 2.931 2010 67 requisitos necessários para que um hospital possa transplantar
23 Portaria N° 1.353 2011 68 regular toda a atividade hemoterápica no país, nos serviços públicos ou
privados,
69 de acordo com os princípios e diretrizes da Política Nacional de Sangue e
Hemoderivados
24 Portaria nº 844 2012 70 estabelece a manutenção regulada do número de cadastrados no Registro
Nacional de Doadores de Medula Óssea
25 Portaria nº 2.132 2013 71 estabelece novos quantitativos físicos da manutenção da regulação do
número de cadastrados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea
26 Portaria nº 529 72 institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente
73 instituído, no âmbito do Ministério da Saúde, o Comitê de Implementação
do Programa Nacional de Segurança do Paciente
74 instância colegiada, de caráter consultivo
75 com a finalidade de promover ações que visem à melhoria da segurança do
cuidado em saúde
76 através de processo de construção consensual entre os diversos atores que
dele participam
77 descrevem a prescrição, transcrição, dispensação e administração de
medicamentos, sangue e hemoderivados
27 Portaria nº 342 2014 78 regulamenta os critérios de distribuição e controle das quotas para novos
cadastros no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea
28 Portaria nº 597 2014 79 distribui a cota anual para novos cadastros de doadores voluntários em mais
Hemocentros do país
29 Portaria nº 2.758 2014 80 medidas adotadas pelo Ministério da Saúde para aumentar o número de
transplantes de medula óssea no país
81 também estabelece o financiamento para ampliação do acesso ao transplante
alogênico não aparentado
82 fixando o valor de R$ 240.000,00 investidos pelo SUS por leito de paciente
30 RDC nº 34 2014 83 que estabelece os requisitos mínimos para os serviços que desenvolvem
atividades relacionadas ao ciclo produtivo do sangue
84 desde a coleta à transfusão
31 Portaria nº 30 2015 85 que estende o Programa Nacional de Transplante de Medula Óssea para
pacientes que sofrem de anemia falciforme
32 Portaria nº 158 2016 86 estabeleceu os regulamentos técnico para procedimentos hemoterápicos
87 de acordo com princípios e diretrizes da Política Nacional do Sangue
88 estabeleceu os regulamentos técnico para procedimentos hemoterápicos
33 Portaria de 2017 89 todos os órgãos, ou entidades de caráter público ou privado devem observar
este regulamento na execução das atividades hemoterápicas
Consolidação do MS 90 atualiza a Portaria nº 158
nº 05
34 Decreto de nº 9175 2017 91 regulamenta a Lei nº 9.434
92 revoga o anterior de nº 2268 de 1997
93 trata da disposição de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano para
fins de transplante e tratamento
35 Nota Técnica Nº 7 2018 94 ANVISA descreve o seu posicionamento sobre a configuração das ações
para segurança do paciente nos Serviços de Hemoterapia
Após a leitura dos documentos e das legislações acima (total de 35), se destaca as
unidades de registros, num total de 95 URs, no qual foi criado um painel, como resultado
chamado de painel legislador e seus vários movimentos de mudanças históricas, como
também apresentaram os temas que emergiram da análise do conteúdo.
02 Ética, Segurança 08
03 Procedimentos e treinamentos 05
04 Relativo ao pagamento – Doadores 03
05 Altruísmo, espontâneo – Doador 03
06 Questões institucionais 02
07 Autorização do doador 01
08 Outros 01
Fonte: Elaboração própria, 2020.
3.6 Discussão
Olhar para leis, normas, regimentos, e outras orientações não é uma tarefa interessante.
No entanto, a primeira evidencia surgida é de que legislar leva tempo, e da hemotransfusão no
Brasil está com 69 anos – 1950 a 2019 – mas, revendo-as percebe-se que há por detrás delas
seres humanos que agem politicamente e que é necessário considerar os bancos de sangue que
vendiam, embora o doador continue entendendo que é altruísta, uma ação humana de cuidado
com o outro que precisa de sangue.
São legislações carregadas de cultura, emoção, política, poder e conhecimento sobre a
clínica do sangue e suas consequências no corpo do doador e do receptor.
Em 1988, a Constituição Brasileira proibiu a comercialização de órgãos e de sangue e
submeteu todos os procedimentos implicados ao controle do Sistema Único de Saúde (SUS),
58
durante ou após a hemotransfusão. Isto sem contar com as representações e subjetividades que
esse procedimento provoca.
No entanto, foi possível identificar nesta reflexão sobre as legislações que existem
muitas orientações em suas etapas que envolvem: Captação de Doadores, Doação e Coleta,
Receptor e o Transplante ou Transfusão propriamente dito. E todas essas etapas possuem um
arcabouço legal e de vigilância bem desenhado. Única diferença para a transfusão de sangue
dos outros transplantes é que, nos transplantes, o doador é selecionado a partir de um cadastro
de clientes-repceptores, para assim realizar os exames necessários de compatibilidade antes da
execução da doação-transplante.
Enquanto que na doação de sangue primeiro é disponibilizado o sangue através da
doação, para depois serem feitos os testes de compatibilidade entre doador-receptor. Ambas
as doações são voluntárias, dependendo assim da disponibilidade de um doador vivo ou
morto, sendo necessário que esses passem por algum tipo de seleção para a viabilidade da
doação.
Toda a legislação de hemoterapia, é independente das outras legislações. Assim, é
possível observar que, com a evolução da hemoterapia, exigiram-se novas resoluções para
atender à necessidade de regularizar as diversas atividades. E as ações de todos os
profissionais que atuam em hemoterapia foram voltadas para o cumprimento das legislações,
a fim de prestar um serviço de qualidade, minimizando erros e complicações em todo o
processo hemoterápico, e a enfermagem se aventura em aprofundar esses processos todos,
pois acredita que ele é um ato de cuidar e pode ser entendido como transplante de células
vivas.
3.7 Conclusão
RESUMO
1
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências (PPGENFBIO)
pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
2
Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Professora Emérita da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (UNIRIO).
63
4.1 Introdução
4.2 Objetivos
4.3 Método
Trata-se de uma Revisão Integrativa, que foi estruturada em seis etapas distintas: 1)
elaboração da questão de pesquisa; 2) definição das bases de dados e critérios para inclusão e
exclusão de estudos; 3) definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados;
4) avaliação dos estudos incluídos na revisão; 5) interpretação dos resultados; 6) apresentação
da revisão/síntese do conhecimento (WHITTEMORE; KNAFL, 2005; MENDES; SILVEIRA;
GALVÃO, 2008; SOARES et al., 2010; SOUSA et al., 2017 ).
como descritores não controlados, estabelecidos de acordo com sinônimos dos controlados, e
por meio de leituras prévias sobre o tópico de interesse. Para sistematizar a coleta da amostra,
utilizou-se o formulário de busca avançada, respeitando peculiaridades e características
distintas de cada base de dados.
A busca foi realizada por dois pesquisadores independentes, de forma simultânea, os
quais padronizaram a sequência de utilização dos descritores e dos cruzamentos em cada base
de dados e, em seguida, compararam os resultados obtidos. Para garantir a busca ampla, em
sua totalidade, foram acessados por meio do portal de periódicos da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
No mês de outubro de 2019 procedeu-se à identificação dos estudos cujo título ou
resumo abordasse a temática, disponíveis na íntegra em português, espanhol ou inglês, dos
últimos 5 anos, observada a estratégia de busca com os seguintes descritores, adequando-os
para busca nas bases de dados: Blood; Sangue; Sangre; Blood Donors; Blood donor; blood
collection; Blood donation; Blood transfusion; Transfusão de sangue; Doadores de sangue;
Doador de sangue; Coleta de sangue; Doação de sangue; Donantes de sangre; Donante de
sangre; Recoleccion de sangre; Donacion de sangre; transfusion de sangre; Receptores de
sangue; Receptor de sangue; Receptores de sangre; Blood recipient; Enfermagem; Nursing;
Enfermeria; Enfermeiro; Enfermeiros; Nurse; Nurses; Enfermera; Enfermeras; Hemotherapy
Service; Servicio de Hemoterapia; Serviço de Hemoterapia.
Utilizaram-se as expressões booleanas “AND”, “NOT” e “OR” a fim de localizar os
registros onde ocorressem simultaneamente os descritores referidos.
A coleta de dados realizou-se nas bases de dados de saúde: Biblioteca Virtual em
Saúde (BVS) que englobou a Literatura Latino-Americana de Ciências da Saúde (LILACS) e
Banco de Dados em Enfermagem (BDENF); na National Library of Medicine
(PubMed)/Medical Literature Analysis and Retrieval System on Line (MEDLINE) e na
específica de enfermagem: The Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature
(CINHAL).
Os estudos encontrados foram importados no software de gerenciamento de
referências bibliográficas Endnote Web, disponibilizado na base Web of Science, com intuito
de ordenar os estudos encontrados e identificar os duplicados nas diferentes bases. Esse
software leva em consideração a ordem de exportação das bases e criação das respectivas
pastas no gerenciador, de forma que seleciona como duplicado o estudo incluído mais recente.
A seleção das publicações abrangeu quatro etapas, sendo que, na primeira etapa, se
eliminaram os artigos em duplicata nas bases de dados; já na segunda, ocorreu a leitura do
68
título, excluindo-se aqueles que não se adequavam ao objetivo da revisão; na terceira etapa,
exclusão por não possuir o texto completo disponível; na quarta, exclusão após leitura do
resumo dos artigos restantes, na última etapa, fez-se a leitura na íntegra dos artigos restantes,
descartando aqueles que, de fato, não se adequavam ao objetivo da revisão.
Foi realizada a seleção dos artigos, examinando cada um destes por título, por resumo
e pelo texto completo, de acordo com os seguintes critérios de inclusão: enfermagem e prática
hemoterápica, conhecimentos dos enfermeiros sobre terapia transfusional, atuação dos
enfermeiros na doação de sangue, transfusão de sangue ou em qualquer outra etapa do ciclo
do sangue, segurança transfusional. Foram considerados critérios de exclusão: editoriais,
estudos observacionais descritivos e estudos que estavam fora do escopo do protocolo PICO.
De cada estudo foram extraídos as seguintes informações e colocados em uma tabela
para apresentação dos resultados: ano da publicação, país, periódico, tipo de abordagem do
estudo, nível de evidência, objetivo do estudo, população, intervenção, tipo de atuação e
desfecho, para organização da coleta de dados.
O nível de evidência foi determinado segundo esta classificação: nível I – metanálise
de estudos controlados e randomizados; nível II – estudo experimental; nível III – estudo
quase experimental; nível IV – estudo descritivo/não experimental ou com abordagem
qualitativa; nível V – relato de caso ou experiência; nível VI – consenso e opinião de
especialistas (SOUSA et al., 2017).
4.4 Resultados
Identificaram-se 750 publicações, das quais, após aplicação dos critérios de inclusão e
exclusão, foram selecionados para a amostra desta revisão 27 artigos. Foram incluídos outros
03 estudos após o processo de busca manual, contando com 2 artigos, 1 dissertações de
mestrado. Para seleção das publicações, seguiram-se as recomendações do fluxograma
PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) (MOHER et
al., 2009; GALVÃO, TAÍS FREIRE, PANSANI, 2015), conforme apresentado na figura
abaixo.
69
A seguir serão apresentados os 05 artigos que foram selecionados para esta categoria
que fala da atuação do enfermeiro ou da equipe de enfermagem na doação de sangue,
primeiramente pelas variáveis: ano de publicação, idioma, abordagem da pesquisa e região da
realização da pesquisa.
Espanhol 01 20
Idioma Português 04 80
Qualitativa 04 80
Foi possível rastrear que a maioria das publicações foram do ano de 2015, sendo o
idioma em Português, com abordagem qualitativa e a região das Américas, 04 no Brasil e 01
em Cuba.
Quadro 4 – Quadro de demonstração dos artigos por População, Objetivo, Intervenção, Nível
de Evidência e Desfecho da categoria 01
Com esses 5 artigos selecionados, foi rastreado que os trabalhos estavam direcionados
aos cuidados de enfermagem em específico aos doadores de sangue, quando se pretende traçar
diagnósticos de enfermagem, baseados em NANDA para as atividades que já são realizadas
pelos enfermeiros com os doadores de aférese e de sangue total, e também a construção de
72
Guia de Boas Práticas para atendimentos às reações adversas que possam ocorrer com o
doador. Além disso, as atividades educativas relacionadas, estavam direcionadas à captação
de doadores, numa tentativa de conseguir mais doadores fidelizados ao serviço, atividade
também realizada por enfermeiros na Hemoterapia.
A construção do conhecimento é escassa e multifacetada, e, também, pouco dizem o
cuidado em específico, quando destaca-se unidades de registros, a evidencia é que há
interesses diversos, como visualizado as cinco principais temáticas abaixo:
03 Reações adversas 05
04 Cuidados de Enfermagem 03
05 Outros 06
Fonte: Elaboração própria, 2019.
Essa categoria tata do que os artigos destacaram o que deveria ser atenção de
enfermagem para o DOADOR de sangue, que tem como principal preocupação a capacitação,
ligado a treinamento, atualização e ou aquisição de conhecimentos, seguido de destaque para
as atividades de enfermagem ligado a desenhos de diagnósticos de enfermagem para a atuação
na área em específico.
A seguir serão apresentados os 22 artigos que foram selecionados para esta categoria
que trata do conhecimento e práticas da equipe de enfermagem para questões relacionadas ao
receptor de sangue, primeiramente pelas variáveis: ano de publicação, idioma, abordagem da
pesquisa e região da realização da pesquisa.
73
Quantitativa 16 72,7
Tipo de abordagem de pesquisa
Qualitativa 6 27,3
É evidente que a maioria das publicações foram do ano de 2018, sendo o idioma em
Português, com abordagem quantitativa e a região das Américas, sendo a maioria do Brasil.
Quadro 6 – Quadro de demonstração dos artigos por População, Objetivo, Intervenção, Nível
de Evidência e Desfecho da categoria 02
NÍVEL DE
OR POPULAÇÃ INTERVENÇÃ
OBJETIVO EVIDÊNCI DESFECHO
D O O
A
Avaliar o desempenho
Observações, O índice de eficiência
da gestão de
através de foi de 65,4%,
01 Enfermeiros enfermagem na V
amostragem não indicação de que são
administração de
probabilística necessárias melhorias.
produtos sanguíneos
Estudantes de
Medir o conhecimento
enfermagem, que
cognitivo em estudantes
participaram de uma
de enfermagem que
Educativa - simulação de
receberam uma palestra
Palestra de transfusão de sangue,
didática com uma
02 Graduandos de simulação teve
experiência de III
Enfermagem realística com significativamente
simulação realística em
transfusão de maior média de
transfusão de sangue,
sangue pontuação pós-teste
em comparação com
em comparação com
estudantes que não
as pontuações médias
receberam a palestra.
pré-teste
74
- Deficiência no
conhecimento dos
Verificar se há profissionais da
associação entre o equipe de
conhecimento dos enfermagem, sobre
Checklist
Enfermeiros e profissionais da equipe hemotransfusão.
desenvolvido e
03 Técnicos de de enfermagem sobre V Identificação das
validado pelas
Enfermagem hemotransfusão e as principais
autoras
variáveis relacionadas dificuldades dos
aos aspectos profissionais com
profissionais relação às etapas do
processo
transfusional.
Os enfermeiros
possuíam
Entrevista conhecimento do
Identificar o
semiestruturada, processo pós-
conhecimento dos
cujo roteiro transfusional, mas não
enfermeiros acerca dos
continha havia observância das
cuidados de
perguntas abertas legislações que
Enfermeiros enfermagem no V
04 e fechadas normatizam a prática
processo pós-
referentes ao de transfusão
transfusional na unidade
processo de sanguínea, como por
de terapia intensiva
hemotransfusão exemplo a
neonatal.
na UTIN. obrigatoriedade dos
registros de
enfermagem.
Identificação e
Elaborar, juntamente intervenção precoces
com profissionais de em situações de
Enfermeiros e enfermagem, um reações
Grupos de
05 Técnicos de instrumento de V transfusionais,
discussão
Enfermagem monitorização do minimizando os danos
paciente submetido à e desconfortos
transfusão sanguínea. proporcionados ao
paciente.
Questionário,
com questões
abertas e
fechadas, Os resultados
aplicado a mostraram a
Identificar o enfermeiros e fragilidade por parte
Enfermeiros e conhecimento de uma técnicos, com da equipe de
06 Técnicos de equipe de enfermagem questões V enfermagem sobre o
Enfermagem sobre o processo pertinentes à conhecimento perante
transfusional. prática os cuidados pré e
transfusional e diante de uma reação
sua abordagem na transfusional.
atuação do
profissional de
enfermagem
Houve significativa
Investigar a diferença
melhora com a
no efeito sobre a Auditoria e
implementação de um
transfusão de sangue, Feedback para
protocolo de
cumprimento do implementar o
07 Enfermeiros III transfusão na UTI
conjunto de estratégias protocolo de
durante o período
para implementar o transfusão
ativo de
protocolo de transfusão
implementação, que
na UTI.
se expressa na
75
significativa melhora
nas taxas de
cumprimento das
ações.
O presente estudo
evidenciou que os
profissionais de
enfermagem possuem
melhor conhecimento
das complicações pós-
Avaliar o conhecimento
transfusionais e que a
dos profissionais da
Checklist auto-confiança, o uso
equipe de enfermagem
desenvolvido e de protocolos, os
08 Enfermeiros de Unidades de Terapia V
validado pelas programas de
Intensiva sobre
autoras treinamento e ter
hemotransfusão e
apenas um emprego
fatores associados.
são fatores associados
com melhor
conhecimento e
vigilância durante a
realização do
procedimento.
Este estudo forneceu
Descrever o evidências sobre o
desenvolvimento e potencial das
avaliação de um jogo tecnologias de jogos
para melhorar o Educativa - em envolver a
Graduandos de
09 conhecimento dos modelo de jogo II aprendizagem dos
Enfermagem
estudantes de experimental alunos, desenvolver a
enfermagem, confiança sua autoconfiança e
e desempenho em conhecimentos na
transfusão de sangue prática segura de
transfusão de sangue.
Observou-se uma
falta de conhecimento
dos profissionais em
relação à terapia de
transfusão. Isso
reforça a necessidade
Avaliar o conhecimento de aumentar as
dos profissionais da oportunidades de
equipe de enfermagem Instrumento aquisição de
Enfermeiros e de unidade de terapia validado da lista habilidades, tais como
10 Técnicos de intensiva sobre de verificação de IV cursos de formação e
Enfermagem hemotransfusão e tipo foi utilizado educação contínua e
identificar os fatores para coletar dados permanente para os
associados a tal profissionais de
conhecimento. enfermagem que
atuam em unidades de
cuidados intensivos,
com foco na
segurança e qualidade
de atendimento ao
paciente.
76
Os enfermeiros
possuem
conhecimento do
processo, mas não
executam passos
importantes,
Entrevista
conforme a legislação,
Analisar o semiestruturada,
tais como: a não
conhecimento do cujo roteiro
conferência de todos
enfermeiro acerca do continha
os dados contidos no
processo transfusional perguntas abertas
11 Enfermeiros IV rótulo da bolsa de
para o cuidado do e fechadas
sangue, os sinais e
recém-nascido na referentes ao
sintomas diante uma
unidade de terapia processo de
suspeita de reação
intensiva neonatal. hemotransfusão
transfusional, as
na UTIN
condutas frente a cada
reação e o
preenchimento
completo dos
registros
transfusionais.
Os resultados
Endossar ou cumprir as mostraram que existe
normas estabelecidas Instrumento de um percentual
para a transfusão de coleta de dados significativo de
hemocomponentes em autoadministrado enfermeiras que
12 Enfermeiros IV
um hospital da Classe A com aspectos das desconhecem aspectos
da Previdência Social normas de básicos dos
na Costa Rica para transfusão regulamentos
enfermeiros institucionais para a
transfusão.
O chek list funciona
como um roteiro para
orientar os passos que
os profissionais
Descrever o processo de devem seguir para
Validação de
construção e validação garantir segurança
checklist para
de conteúdo de um mínima à criança
13 Enfermeiros transfusão IV
checklist para transfundida,
sanguínea em
transfusão sanguínea diminuindo, assim, os
crianças
em crianças. erros de omissão e a
variação nos cuidados
de enfermagem
prestados a essa
clientela.
Houve uma
diminuição e até
mesmo a eliminação
da maioria dos tipos
Avaliar o conhecimento
de erros,
dos enfermeiros do
Pré e pós teste especialmente aqueles
Hospital São João sobre
antes e depois de relacionados à
14 Enfermeiros a transfusão de sangue, V
intervenção paciente ou erro de
e avaliar o impacto do
educativa identificação da
programa de educação
amostra, o que é
na prática hospitalar.
essencial para a
prática da medicina
segura e transfusão de
qualidade
77
O estudo reforça a
importância do papel
Conhecer a percepção do enfermeiro no
Questionário
dos enfermeiros quanto processo
semiestruturado,
15 Enfermeiros à assistência de V transfusional,
com perguntas
enfermagem no garantindo desta
abertas
processo transfusional forma
uma maior segurança
ao receptor.
Comprovou-se que os
enfermeiros têm
conhecimento acerca
Entrevista do processo pré-
semiestruturada, transfusional, embora
Analisar o
cujo roteiro alguns passos
conhecimento do
continha importantes no
enfermeiro da Unidade
perguntas abertas cuidado não tenham
16 Enfermeiros de Terapia Intensiva IV
e fechadas sido mencionados,
Neonatal acerca do
referentes ao mostrando a
processo da terapia
processo de necessidade de
transfusional.
hemotransfusão melhor capacitação
na UTIN desses profissionais
no cuidado vinculado
à terapia
transfusional.
Identificar o
conhecimento do
profissional envolvido
A análise mostra que
no serviço de
a transfusão não está
hemoterapia, detectar
Aplicação livre de riscos,
Enfermeiros e possíveis deficiências e
17 presencial de um portanto devem ser
Técnicos de avaliar se os V
questionário realizadas em
Enfermagem profissionais
estruturado condições seguras e
transfusionistas estão
por profissionais
habilitados, capacitados
capacitados.
e seguros diante do
procedimento de
transfusão
Avaliar o impacto de
um programa
educacional sobre o Programas
sangue e produtos educacionais sobre
sanguíneos, Aplicação de um transfusão de sangue
conhecimento em questionário antes pode impactar
18 Enfermeiros transfusão e e após III positivamente no
desempenho dos intervenção nível de
enfermeiros nos educativa conhecimento e
hospitais pertencentes à atuação do
Universidade de enfermeiro.
Mashhad de Ciências
Médicas.
Este estudo
Identificar o evidencia equipe
conhecimento dos com conhecimento
enfermeiros Aplicação de uma sobre hemoterapia,
19 Enfermeiros responsáveis pela entrevista semi- V embora apenas 8%
instalação e estruturada das questões
acompanhamento do referentes ao
ato transfusional. procedimento estavam
erradas, a
78
necessidade de
capacitação sobre o
assunto foi dita pelos
próprios profissionais.
Os resultados do
presente estudo
Educativa - Curso
demonstraram que o
Avaliar o conhecimento Sangue e
curso de transfusão de
dos enfermeiros que Produtos Curso
20 Enfermeiros V sangue aumentaram o
participaram do curso de Prática de
conhecimento dos
de transfusão de sangue. sangue para
enfermeiros
enfermeiros
pontuações médias
significativamente.
Identificar o O desempenho dos
conhecimento dos profissionais entre as
profissionais de Educativa - avaliações do pré e do
Enfermeiros e
21 Enfermagem sobre a Treinamento em pós-teste mostrou que
Técnicos de V
reação transfusional, Reação o treinamento em
Enfermagem
antes e após atividade Transfusional reação transfusional
de educação se deu de maneira
permanente satisfatória.
Foi possível estruturar
um instrumento
levando em
consideração as
Construir instrumentos especificidades do seu
para a gestão da local de atuação e que
assistência de permite realizar o
enfermagem ao paciente registro de todas as
Enfermeiros e Pesquisa
submetido à transfusão informações
22 Técnicos de documental e V
de sangue em um referentes à transfusão
Enfermagem grupo focal
hospital geral e público, de sangue, desde
fundamentados no dados do
referencial da gestão da hemocomponente até
qualidade. os parâmetros clínicos
do paciente,
contribuindo para a
segurança
transfusional
Fonte: Elaboração própria, 2019.
04 Cuidados de Enfermagem 05
05 Outros 15
Fonte: Elaboração própria, 2019.
79
Gráfico 1 – Distribuição das Unidades de Registros por temas das categorias emergentes
4.5 Discussão
Estes são entendidos por MAFFESOLI (2007, p. 196) como: “um “conhecimento”
empírico cotidiano que não pode ser dispensado. Esse “saber-fazer”, “saber-dizer” e “saber-
80
viver”, todos dotados de tão diversas e múltiplas implicações, constituem um dado cuja
riqueza a fenomenologia tem, com inteira justiça, posto em destaque (...)”.
Observando os relatos e desfechos desses artigos acima, é evidente que atividades
educativas são necessárias para a atuação do Enfermeiro para a melhoria da segurança
transfusional, principalmente no que tange aos aspectos ditos nas legislações de hemoterapia e
os protocolos transfusionais institucionais que precisam ser divulgados para os enfermeiros
que atuam na assistência direta.
Foi também perceptível que o nível de evidência das pesquisas estava entre o IV e V,
isto é, foram estudos descritivos/não experimentais ou com abordagem qualitativa e relatos de
caso ou experiência, reforçando a necessidade de mais pesquisas e evidências mais
contundentes quando se analisa a prática do enfermeiro nesta área.
E na leitura da íntegra dos estudos, demonstrou-se que a preocupação com essa prática
transfusional está mais evidente nos enfermeiros intensivistas de UTI ou UTI Neonatal, e
apenas um dos estudos evidenciaram pesquisa com equipe de enfermeiros e técnicos de
enfermagem que compõe uma equipe transfusional, isto é, estão na assistência ao paciente
direcionados à esta prática dos(as) enfermeiros (as) sobre o que devem saber sobre
hemotransfusão e do buscar estas respostas se descobriram identificando o conhecimento
deles é frágil e que necessitam aprender através de diversas estratégias sócio-pedagógicas.
A questão científica vai muito além da troca de comunicações e de fatos facilmente
corrigíveis, visto que os fatos reais que implicam numa enorme quantidade de outros
potencialmente observáveis para o estudo.
Também, não é possível esquecer a comunicação e a produção de subjetividades,
quando aprofundado o tema quando fala-se de hemotransfusão e de doadores e clientes-
repceptores que fazem isso. São eles que através da comunicação determinam as normas e as
formas e a ciência deve ser capaz de se comunicar sem equívocos.
Assim, fazer ciência no contexto hospitalar, com profissionais de enfermagem que
atuam produzindo conhecimento sobre saúde em doação e hemotransfusão, os enfermeiros(as)
nos serviços de Hemoterapia articulam o processo assistencial e gerencial, assegurando a
qualidade do sangue e hemocomponentes, aliado ao acolhimento do doador, educação
continuada da equipe envolvida, além de toda a logística envolvida nos procedimentos na
doação de sangue e na transfusão de sangue, é um desafio sempre a ser descoberto.
Ao pensar num “modelo clínico para enfermagem” a partir deste tema, Rossatto (2003,
p.86 e p.2) diz “ um modelo é uma abstração de alguma coisa com um propósito definido e
com objetivo de conhecer melhor antes de construie a implantação ou implementá-lo,
81
4.6 Conclusão
RESUMO
1
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências (PPGENFBIO)
pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
2
Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Professora Emérita da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (UNIRIO).
84
5.1 Introdução
2) doação espontânea: doação feita por pessoas motivadas para manter o estoque de
sangue do serviço de hemoterapia, decorrente de um ato de altruísmo, sem
identificação do nome do possível receptor;
Para a seleção desses candidatos, o candidato a doação de sangue irá passar uma
avaliação chamada de triagem clínica que será realizada por meio de entrevista individual, em
ambiente que garanta a privacidade e o sigilo das informações prestadas, sendo mantido o
registro em meio eletrônico ou físico da entrevista.
86
Pode ocorrer também o chamado doador convidado, que não está especificado na
legislação, entretanto o serviço de hemoterapia pode utilizar, que são os doadores que
possuem fenótipos raros, que são convidados a realizar a doação pelo serviço, devido
necessidade específica daquele sangue, quando há um receptor precisando exatamente
daquele fenótipo raro.
Como critério para a seleção dos doadores, no dia da doação o profissional de saúde de
nível superior, qualificado, capacitado, conhecedor das regras previstas nas legislações e sob
supervisão médica, avaliará os antecedentes e o estado atual do candidato a doador para
determinar se a coleta pode ser realizada sem causar prejuízo ao doador e se a transfusão dos
componentes sanguíneos preparados a partir dessa doação pode vir a causar risco para os
receptores (BRASIL, 2017).
Por outro lado, efetuado a doação de sangue e todos os procedimentos necessários para
o adequado armazenamento do sangue, entra em cena, outro ator do ciclo do sangue, o
receptor desse sangue, que possui uma necessidade e precisa ser transfundido. A transfusão de
sangue e seus componentes deve ser utilizada criteriosamente na medicina, uma vez que toda
transfusão traz em si um risco ao receptor, seja imediato ou tardio, devendo ser indicada de
forma criteriosa (BRASIL, 2015; BRASIL, 2017).
A indicação de transfusão de sangue poderá ser objeto de análise e aprovação pela
equipe médica do serviço de hemoterapia (BRASIL, 2017). Tais particularidades tornam
indispensável a racionalização na utilização dos hemocomponentes, considerando sempre a
segurança do doador, do receptor e a disponibilidade de acesso (BRASIL, 2015b).
O sangue e o significado de sua vinculação com a vida transcorreu por todo o
desenvolvimento da humanidade, sendo incorporado ao longo dos anos. Há relatos na
literatura a respeito da utilização do sangue primitivamente em banhos e como bebida para
benefício de guerreiros e gladiadores, sendo utilizado como um restaurador (BENETTI;
LENARDT, 2006).
Era considerado um líquido que conferia vida e juventude, bem como o dom de curar
muitas doenças. O fortalecimento do significado do sangue para a vida e a morte, foi
reforçado com a descoberta da circulação sanguínea, em 1628, por 25 William Harvey, e
abriu caminho para os experimentos da infusão vascular (FIDLARCZYK; FERREIRA,
2008).
Tal representação, o significado do sangue à vida, aumenta a responsabilidade dos
serviços de hemoterapia no acolhimento da população, devido às suas crenças e mitos, pois
em tempos remotos o conceito de vida era associado ao sangue, ressaltando seus benefícios
87
5.2 Objetivos
Este estudo tem como questão norteadora que motivos, significados, atitudes,
sentimentos e comportamentos levam o doador a doar sangue e o receptor a recebe-lo? E
como objetivos: conhecer as motivações, significados, sentimentos, comportamentos e
atitudes da ação de doadores no processo de doação de sangue e dos clientes-repceptores ao
serem transfundidos e rastrear em bases de dados científicos publicados o que se estabelece na
questão norteadora do estudo.
A compreensão da realidade vivenciada pelos agentes envolvidos no fenômeno doação
x transfusão é pressuposto essencial para captar sua essência. Os doadores e clientes-
repceptores constituem-se um grupo social diferente que precisa ser compreendido, um que
doa e o outro que recebe.
88
5.3 Método
Identificaram-se 1425 publicações, das quais, após aplicação dos critérios de inclusão
e exclusão, foram selecionados para a amostra desta revisão 33 artigos. Não foram incluídos
outros estudos após o processo de busca manual. Para seleção das publicações, seguiram-se as
recomendações do fluxograma PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews
and Meta-Analyses) (MOHER et al., 2009; GALVÃO, TAÍS FREIRE, PANSANI, 2015),
conforme apresentado na Figura abaixo.
91
A seguir serão apresentados os 29 artigos que foram selecionados para esta categoria
separados pelas variáveis: ano de publicação, idioma, abordagem da pesquisa e região da
realização da pesquisa.
FREQUÊNCIA
VARIÁVEIS (N) %
2014 05 17,2
2015 02 6,9
2016 05 17,2
Ano de publicação
2017 08 27,6
2018 05 17,2
2019 04 13,9
Inglês 28 96,5
Idioma
Português 01 3,5
Quantitativa 19 65,5
Qualitativa 0 0
Tipo de abordagem de pesquisa
Quantitativa e Qualitativa 09 31
Reflexão 01 3,5
Região Africana 0 0
Região das Américas 10 34,5
Região do Sudeste Asiático 0 0
Regiões da realização da pesquisa Região Europeia 13 44,8
Região do Mediterrâneo Oriental 02 6,9
Região do Pacífico Ocidental 04 13,8
Fonte: Elaboração própria, 2019.
Foi possível perceber que a maioria das publicações foram do ano de 2017, sendo o
idioma inglês predominante, com abordagem quantitativa e a região Europeia com mais
publicações. Os estudos como produção de conhecimento dos envolvido no tema transfusão
foram submetidos a análise de conteúdo.
93
Quadro 8 – Quadro de demonstração dos artigos por População, Objetivo, Intervenção, Nível
de Evidência e Desfecho da categoria 01
NÍVEL DE
ORD POPULAÇÃO OBJETIVO INTERVENÇÃO DESFECHO
EVIDÊNCIA
É de grande
importância ter
Analisar e propor um conhecimentos
modelo teórico que precisos do
descreva o processo de processo de tomada
tomada de decisão dos de decisões dos
doadores de sangue, com doadores. Mesmo se
Doadores de a finalidade de ajudar o Ato de doar houver forte
01 VI
sangue pessoal que trabalha nos sangue motivação para
bancos de sangue ajudar os outros, o
(enfermeiras e outros), ato de doar sangue é
em seus esforços de invasivo e pode ser
captar e fidelizar os interrompido
doadores repentinamente em
qualquer fase do
processo.
Colocar um maior
enfoque na''
Experiência doador
Identificar as variáveis- '' e benefício
chave que caracterizam pessoal intangível
diferencialmente de '' sentir-se bem ''
doadores e não doadores. Motivações, . Campanhas de
Doadores de
02 E examinar as relações atitudes e IV doação de sangue
sangue
entre essas variáveis e sentimentos devem se
fazer comparações entre concentrar mais em
doadores e grupos não destacar os
doadores. sentimentos
positivos derivados
de doação de
sangue.
Para todos os
doadores,
sentimentos
Descrever a importância positivos sobre doar
da teoria da sangue estimula o
comportamento comportamento de
planejado (TPB) no retorno. Os
Comportamentos
Doadores de comportamento de resultados sugerem
03 de estímulo para IV
Sangue retorno à doação de que doadores estão
retorno a doação
sangue, mas auto- mais dispostos a
identidade (SI) e retornar quando
variáveis organizacionais obtiverem maior
(OVs). pontuação na auto-
eficácia, e
satisfação
percebida.
Examinar a aplicação da Consistente com a
teoria da determinação teoria de auto-
Teoria da auto
auto para motivações de determinação,
Doadores de determinação em
04 dadores de sangue e para III apresentou 6
Sangue doadores de
desenvolver e validar fatores: motivação,
sangue
uma medida regulação externa,
multidimensional regulação
94
maiores e sua
autoconfiança para
se envolver em
futuras doações.
Idade, trabalho e
educação foram
fatores mais
significativos em
relação ao retorno à
doação. As chances
de doação de
sangue para os de
Determinar os fatores Fatores que maior idade,
Doadores de eficazes no intervalo interferem o clericais,
09 II
sangue entre as doações de retorno ao ato de trabalhadores,
sangue. doar sangue trabalho livre,
estudantes e
doadores educadas
foram mais
elevados e, os
intervalos de tempo
entre as suas
doações de sangue
eram mais curtos.
Pode-se contar com
Examinar se as o aspecto valores
motivações para doar para recrutar novos
Mudanças nas
sangue mudaram antes e doadores, apelando
Doadores de motivações
10 durante o período de IV às motivações que
sangue durante o tempo e
crise econômica, tendo têm a ver com a
crise econômica
em consideração o sexo proteção Ego,
dos doadores Conhecimento, e o
aspecto social.
Embora para alguns
doadores o desejo
de obter resultados
de testes era
evidente, eles
Analisar diferenças em também têm a
fatores motivacionais que motivação altruísta
contribuem para a Motivação entre de doar sangue para
decisão de doar sangue doadores que ajudar alguém.
Doadores de entre os doadores foram Discutir formas
11 III
sangue infectados e não evidenciados alternativas para
infectados pode ajudar a infecção após reduzir
identificar áreas para doação descumprimento
melhorar a educação dos para garantir que
doadores. doadores com
potencial alto risco
compreendam as
razões políticas de
triagem clínica de
doadores de sangue.
As experiências Não houve efeito da
negativas. Nós Investigar Experiências atitude doador ou
Doadores de o efeito experiências negativas em ansiedade sobre a
12 IV
sangue negativas e ansiedade doadores de associação entre
sobre o impacto na sangue experiências
pressão na doação negativas e pressão
96
fazer!”).
O boca-a-boca tem
uma influência
fundamental sobre o
comportamento de
dadores de sangue.
Portanto, gerentes
de banco de sangue
deve tentar
ativamente
Contribuir para esta falta
encorajar os
de investigação, Influência do
doadores a
incidindo sobre doadores boca-a-boca sobre
Doadores de recomendar o
15 de sangue austríacos o comportamento IV
sangue serviço para sua
como possíveis de cuidados de
família, amigos,
receptores e emissores de saúde
clube e colegas de
boba-a-boca
trabalho. Os
resultados destacam
que quase um terço
desses doadores
atualmente não
recomenda a doação
de sangue, mas
poderia imaginar
fazê-lo.
64,1% dos doadores
estão envolvidos
também em outras
associações de
voluntariado.
Diferenças
estatisticamente
significativas
surgem a respeito
Explorar o fenômeno de muitas das
Motivação dos
para as diferenças em variáveis
Doadores de doadores para
16 termos de motivações, IV consideradas:
Sangue outras ações
família-trabalho- social, valores, ego-
voluntárias
voluntariado proteção e
motivação carreira;
capacidade de
conciliar a vida
familiar,
voluntariado e
trabalho de
voluntariado;
satisfação de vida; e
satisfação a adesão.
O desejo “para
ajudar a outras
Analisar os fatores pessoas”,
Motivação dos
motivacionais para denominado
Doadores de doadores de
17 doação de sangue em IV altruísmo e valores
sangue sangue de
diferentes grupos de pró-sociais, foi o
diferentes perfis
doadores. fator de motivação
mais comum para a
doação de sangue.
98
Esta motivação
altruísta não
diferem muito entre
pela primeira vez e
doadores de
repetição.
Os resultados
sugerem que o
planejamento de
ações e a
distribuição de uma
Verificar a eficácia recompensa não
relativa da ação de têm efeito
Recrutamento de
Doadores de planeamento e motivacional sobre
18 doadores de III
sangue recompensa para o retorno para doar
sangue
promover a retenção de sangue. No entanto,
doadores de sangue total. as mulheres
parecem reagir mais
negativamente a
estas intervenções
no final do processo
de doação.
Nossos resultados
sugerem que o
campo
representacional
associado com a
doação de sangue
compreende,
crenças
heterogêneas
contraditórias de
que todos os grupos
Investigar o que é Representações
Doadores de de doadores estão
19 socialmente entendido Sociais sobre a IV
sangue conscientes. Além
sobre doação de sangue. doação de sangue
disso, sustentamos
que a
interdependência
entre estes aspectos
é dinâmica e fluida
sugerindo o
contexto social em
que a representação
é provocada
também precisa ser
considerado.
A pesquisa revela
que a maioria dos
Preencher a lacuna na
doadores de sangue
literatura através da
que estão
realização de uma Intenção de doar
envolvidos na
pesquisa abrangente sangue na teoria
Doadores de doação voluntária
20 sobre a intenção do do modelo de IV
sangue de sangue, têm uma
doador indiano no comportamento
forte motivação
sentido de doação planejado
para aderir às
voluntária de sangue na
normas sociais.
Índia.
Além disso, a forte
atitude positiva foi
99
encontrada
influenciar
motivação entre os
doadores. Além
disso, o estudo
observou que os
doadores de sangue
voluntários doam
sangue para o seu
crescimento pessoal
e satisfazer as suas
necessidades de
auto-estima.
Doadores de sangue
(comparado a não
doadores) são mais
propensos a se
envolver em outras
formas de
comportamento pró-
social, ou seja, que
Descrever como as
Comportamento doam dinheiro,
mudanças de
Doadores de pró-social dos voluntariado, e que
21 comportamento de III
sangue doadores de participam em
doação de sangue podem
sangue iniciativas de
facilitar o recrutamento
cidadania. Se as
pessoas começarem
a doação de sangue,
eles também são
mais propensos a
agir de outras
maneiras pró-
sociais.
Estes dados
fornecem novas
evidências de que o
medo persiste por
muitos doadores,
apesar da crescente
Caracterizar o grau de experiência, e
medos relacionados com sugerem que uma
Doadores de Medos em doar
22 a doação entre doadores III maior valorização
sangue sangue
com diferentes níveis de das diferenças
experiência de doação. individuais ao
medo, sendo
necessária para
promover a
motivação dos
doadores a longo
prazo.
Em conclusão, os
resultados
Testar um modelo demonstram a
integrando teoria da utilidade de
Doadores de autodeterminação e a Intenção de doar variáveis
23 III
sangue teoria do comportamento sangue motivacionais no
planeado para prever recrutamento de
intenção de doar sangue. doadores. Ao
destacar caminhos
específicos através
100
dos quais
orientações
motivacionais têm
efeitos sobre a
intenção, esta
pesquisa informa
abordagens à gestão
de doadores que
promovem a
autonomia e
disseminam a
motivação.
Certas
características
psicossociais
aumentam os riscos
de lapso
especialmente
doadores com maior
ansiedade. Eles
Investigar se as
podem beneficiar de
características Motivações
uma atenção extra
Doadores de psicossociais, medido psicossociais para
24 III durante a doação.
sangue antes da primeira doação, o descumprimento
Doadores com
prever posterior lapso de da doação
necessidade de mais
doação
informações ou
desejo sobre o
procedimento são
menos propensos a
caducar, indicando
que a ligação com o
banco de sangue
pode evitar lapso.
As mídias sociais
tornaram-se a
segunda
maior motivadora
importante para
recrutar doadores de
Identificar a fonte mais primeira vez, ao
atraente da motivação Recrutamento de lado de parentes e
Doadores de
25 dos doadores de primeira doadores de IV amigos que são de
sangue
vez e doadores de sangue longe os principais
repetição motivadores. Para
os doadores de
repetição, meios de
comunicação social
desempenham um
papel menos
importante.
Comparada com
Examinar o efeito de
uma entrevista ao
uma entrevista
vivo, uma entrevista
motivacional Motivações para o
automatizada pode
automatizada, na ato de doar sangue
Doadores de ser menos eficaz em
26 intenção do doador, através de uma III
sangue entrevistados. Para
motivação e entrevista
a maioria dos
comportamento em uma motivacional
participantes a
amostra de doadores
doação de sangue já
altamente experientes.
era um hábito
101
enraizado de que
era improvável de
ser influenciado por
uma breve
entrevista.
O parto, iniciar um
trabalho, e perder o
emprego aumentou
a probabilidade de
Examina como a
caducidade do
lealdade de doação de
doador, enquanto
Doadores de sangue muda todo o Lapso entre as
27 III uma transfusão de
sangue curso da vida como doações de sangue
sangue para alguém
resultado de eventos de
próximo e a morte
vida
de um ente querido
diminuiu a
probabilidade de
lapso doador.
Os resultados deste
estudo fornecem
evidências de que
com intervenções
específicas, mais
doadores de sangue
Avaliar a taxa de retorno podem ser
dos doadores de sangue motivados para doar
Diferentes
Doadores de primeira vez seguindo novamente. As
28 intervenções para IV
sangue diferentes intervenções letras emocionais,
fidelizar doador
para identificar maneiras cartas educativas, e
eficazes lembretes de
telefone são
intervenções
eficazes para
melhorar a taxa de
retorno de doadores
de primeira vez
Os doadores
relataram muitas
motivações pró-
sociais após a sua
primeira doação,
mas apenas uma
dessas afirmações
com motivação
intrínseca foi
Identificar os fatores que
Motivadores e associada com
Doadores de tanto motivam ou
29 impedimentos à IV retorno real para
sangue desmotivam os doadores
doação de sangue uma segunda
jovens.
doação. Além de
apelos em curso
para o altruísmo e
motivadores
intrínsecos, o
serviço de sangue
precisa prestar
atenção a fatores
estruturais.
102
03 Sentimentos 45
04 Motivações 15
05 Outros 08
As Unidades produzidas nos 29 artigos são de poli informações sobre doador que nos
respondem questões especifícas, eles relatam estímulos feitos para captação de doadores. É
uma ação que depende de estímulos profissionais e não destacam para o sentimento ou a
motivação.
De um modo geral, os estudos demonstraram que fatores psicossociais estão
relacionados com a intenção de doação contínua, mas o não retorno do doador também pode
estar relacionado às experiências negativas vivenciadas como ansiedade, localização do local
de coleta, satisfação com a coleta anterior, poderiam ser identificadas como barreiras
importantes para fidelização do doador. Foi evidente também nos estudos que tratavam sobre
motivações e intenções de doar, o uso da Teoria do comportamento planejado (TPB), com as
variáveis atitudes, normas subjetivas e controle comportamental percebido ao ato de doação
de sangue.
As mídias sociais apareceram em algumas pesquisas como uma ferramenta importante
para a captação de doadores de sangue, principalmente se o tipo de comunicação for
103
compartilhar uma experiência positiva com a doação de sangue, visto que atualmente, cerca
de um terço desses jovens doadores, adicionalmente, usam telefones celulares e redes sociais
para espalhar suas recomendações e experiências que atingem um público muito maior.
A seguir serão apresentados os 04 artigos que foram selecionados para esta categoria
separados pelas variáveis: ano de publicação, idioma, abordagem da pesquisa e região da
realização da pesquisa.
FREQUÊNCIA
VARIÁVEIS %
(N)
2014 03 75
Ano de publicação
2019 01 25
Inglês 03 75
Idioma
Português 01 25
Qualitativa 02 50
Região Africana 01 25
Foi possível verificar que a maioria das publicações foram do ano de 2014, sendo o
idioma predominante o Inglês, com abordagem equilibrada, 02 com abordagem qualitativa e
02 com abordagem quantitativa e a região das Américas como a que mais produziu estudos.
104
Obtenção do
consentimento informado
continua a ser uma das
pedras angulares da
Avaliar a
prática de transfusão de
percepção de
sangue responsável e
pacientes
Aplicação do segura, mas pode ser
Pacientes transfundidos
termo de V comprometida e
receptores com relação ao
consentimento influenciado por uma
02 termo de
variedade de fatores. Este
consentimento
estudo destaca alguns
informado.
pontos fortes e limitações
no processo de
consentimento para
transfusão de sangue.
Os participantes deste
estudo mostraram
conhecer o processo a que
Conhecer a
estão sendo submetidos,
percepção dos
embora
receptores Percepção sobre a
Pacientes isso não o torne isento de
sanguíneos transfusão de
receptores medos, receios e
quanto ao sangue V
angústias, que podem ser
processo
03 minimizados pela equipe
transfusional.
multiprofissional. Traz à
tona uma ressignificação
da própria vida, como
uma alternativa de
sobrevivência.
105
03 Sobrevivência 05
04 Outros 01
5.5 Conclusão
RESUMO
6.1 Introdução
A doação de sangue é um aspecto que está posto na vida dos seres humanos de modo a
que nem sempre seja percebido, mesmo porque muitos não chegam a efetuar a doação. No
1
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências (PPGENFBIO)
pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
2
Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Professora Emérita da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (UNIRIO).
108
Sendo um momento importante de ouvi-los quando eles estão doando sangue, assim a
questão norteadora é que significados existem ou não na experiência de doar sangue?
6.2 Objetivos
Rastrear no encontro com doadores de sangue quais são seus significados sobre
sangue, doação de sangue, transfusão de sangue ou transplante de células vivas;
Captar nas falas, gestos e comportamentos dos doadores, temas e linguagem
corporal que possam indicar uma clínica de enfermagem específica para o seu
cuidado;
Identificar o que é manifesto e latente em suas falas ou expressões corporais que
sejam indicadores de crenças, vivências e/ou comportamentos que possam interferir
em suas ações de doar sangue.
6.3 Método
6.7 Resultados
Foi possível perceber que no ato da doação de sangue a equipe era composta
prioritariamente pela categoria da enfermagem, contendo 8 consultórios para a realização da
triagem clínica, que no serviço é realizada por enfermeiros(as), 1 médico plantonista presente
para eventuais dúvidas que aconteçam, ou para atendimento de intercorrências com o doador.
E no salão de coleta de doadores, 1 enfermeiro(a) supervisor de sala que é responsável
pela organização dos materiais da sala e liberação do doador que foi triado para a coleta, e,
pelo menos uns 12 técnicos de enfermagem, por dia, que efetuam: 2 que realizam a
etiquetagem das bolsas e tubos de sangue, 1 para a organização da chamada e alocação dos
doadores nas cadeiras, 8 para a coleta de doadores e 1 para liberação e envio das bolsas
doadas e tubos de exames para os laboratórios de hemoterapia.
114
Foi possível perceber que esses técnicos de enfermagem são muito bem treinados,
cada um na sua função. Entretanto, em dias alternados, cada um executa uma dessas funções
acima descritas. Foi realizado o check list observacional de cada doação dos doadores
participantes da pesquisa com a verificação de todos os pontos descritos nos procedimentos
técnicos padrão e todo o passo-a-passo foi realizado mantendo os cuidados preconizados para
a antissepsia da pele e punção venosa. O tempo da doação dos 10 doadores observados durou
em média de 6-8 minutos, o que está dentro do que é preconizado, que não pode exceder 12
minutos.
A única coisa que diferiu um do outro foram somente em dois quesitos, são eles: 1)
Fixar, com fita microporosa ou esparadrapo, a agulha e o segmento da bolsa no braço do
doador, permitindo a visualização do sítio de punção e 2) Colocar a cadeira de doação à 60º
com pernas ligeiramente elevadas. No primeiro ponto, em 3 procedimentos dos 10 observados
o técnico de enfermagem cobriu a agulha com uma gaze. E somente em 2 procedimentos
avaliados o ponto 2 foi realizado. Concidentemente, esse cuidado de cobrir a agulha com a
gaze e deitar mais as cadeiras dos doadores, foram os doadores que estavam visivelmente
nervosos com o ato da doação de sangue.
Masculino 6 60
Sexo
Feminino 4 40
115
Analfabeto 0 0
Ensino Fundamental
Completo 1 10
Ensino Fundamental
Incompleto 1 10
Ensino Médio
Completo 5 50
Escolaridade Ensino Médio
Incompleto 0 0
Ensino Superior
Completo 2 20
Ensino Superior
Incompleto 1 10
Mestrado 0 0
Doutorado 0 0
O+ 7 70
Tipo Sanguíneo B+ 1 10
Não sabia 2 20
Normal 10 100
Tipo de Doação
Aférese 0 0
Espontânea 6 60
Motivo do comparecimento Reposição 2 20
Convidado 2 20
Rio de Janeiro/RJ 9 90
Naturalidade
Nova Iguaçu/RJ 1 10
Sim 2 20
Primeira doação
Não 8 80
Mais de 10 3 30
Doações Menos de 10 5 50
Nenhuma 2 20
Sim 0 0
Doações nos últimos 6 meses
Não 10 100
Fonte: Elaboração própria, 2020.
116
Com relação aos comportamentos subjetivos dos doadores foi possível perceber que a
maioria se identificou com a carinha de alegria, sendo que 03 desses doadores apresentaram
carinha de medo ou surpresa durante a doação e concidentemente esses doadores citados 02
estavam doando pela primeira vez, e o outro pela segunda vez. Como demonstrado na tabela
(ainda do banco de dados) abaixo:
Com relação aos gestos, movimentos corporais e movimentos posturais dos doadores
sobressaíram os seguintes resultados abaixo, com clara diferenciação desses mesmos 03
doadores citados acima, que foram doadores que estavam doando pela primeira vez na vida e
01 deles primeira vez, mas era a segunda doação, apresentando tom de voz agitada, sudorese e
rubor facial, ruga vertical na testa, lábios apertados, olhos arregalados, mãos e pés agitados,
cabeça virando olhando para o profissional coletando, respiração ofegante, pernas mexendo,
117
caracterizando uma clínica de enfermagem a ser construída especificamente para esses tipos
de doadores, de primeira vez.
Normal 8 80
Face Sudorese 1 10
Rubor 1 10
Normal 7 70
Sombrancelhas
Ruga vertical na testa 3 30
Falando 4 40
Lábios Normal 4 40
Apertados 2 20
Fechada 6 60
Boca
Falando 4 40
Abertos 8 80
Olhos
Arregalados 2 20
Parada 8 80
Mãos
Agitadas 2 20
Para baixo 5 50
Cabeça Virando 4 40
Para cima 1 10
Agitado 6 60
Pés
Parado 4 40
Tranquila 8 80
Respiração
Ofegante 2 20
Normal 5 50
Pernas Mexendo 4 40
Dobradas 1 10
Fonte: Elaboração própria, 2020.
118
Figura 10. Demonstração das ocorrências dos vocábulos mais frequentes da entrevista dos
doadores
Os vocábulos que mais apareceram foram: SER, SANGUE, SÓ, pode ser uma
condição significante para o doador, que deixa de ser sujeito para ser sangue, líquido e
efêmero. Doar sangue é uma experiência passageira, ele se torna um “DEVIR POSSÍVEL”
quando vem por vontade própria ou quando é solicitado. “PARECE” que esse é o significado
de doar, tão fluído, tão líquido como o momento.
A Classificação Hierárquica Descendente (CHD), também chamada de Classificação
pelo método de Reinert realizada pelo IRAMUTEQ permitiu a análise da distribuição entre as
classes construídas e representadas pelos dendogramas. Nesta análise os segmentos de texto
são classificados de acordo com seus respectivos vocábulos e seu conjunto é dividido com
base na frequência das formas reduzidas, formadas a partir do radical das palavras
(lemantização) (CAMARGO; JUSTO, 2013).
O software proporciona mais de um tipo de dendograma para a forma de análise
escolhida, assim como mantém disponíveis os segmentos de textos (ST) de cada classe para
que o pesquisador possa, a todo instante, voltar a eles para ler e compreender os resultados e
dar um título a cada classe, de forma que represente o tema central interpretado, a partir dos
ST que compõem cada uma.
O conteúdo analisado foi categorizado em cinco classes: Classe 1, com 39 ST
(18,66%); Classe 2, com 44 ST (21,05%); Classe 3, com 43 ST (20,58%); Classe 4 com, 34
ST (16,27%) e Classe 5 com 49 ST (23,44%). Vale ressaltar que essas cinco classes se
encontram divididas em duas ramificações (A e B) do corpus total em análise. O subcorpus A
120
Figura 11. Dendograma 01 das classes dos doadores fornecidas pelo software IRAMUTEQ
Figura 12. Dendograma 02 das classes dos doadores fornecidas pelo software IRAMUTEQ
Figura 13. Análise Fatorial por Correspondência das classes dos doadores fornecidas pelo
software IRAMUTEQ
demonstrando, assim, seu destaque no corpus de análise da pesquisa. Quanto maior a fonte do
termo na figura, maior sua frequência na amostra, assim como menor o tamanho da fonte,
menor sua frequência.
Figura 14. Nuvem de palavras dos doadores fornecidas pelo software IRAMUTEQ
6.8 Discussão
6.9 Conclusão
RESUMO
1
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências (PPGENFBIO)
pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
2
Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Professora Emérita da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (UNIRIO).
128
7.1 Introdução
A doação de sangue é um aspecto que está posto na vida dos seres humanos de modo a
que nem sempre seja percebido, mesmo porque muitos não chegam a efetuar a doação. No
anexo IV da Portaria de Consolidação GM/MS nº 5, de 28 de setembro de 2017, no art 30 diz
que: “A doação de sangue deve ser voluntária, anônima e altruísta, não devendo o doador, de
forma direta ou indireta, receber qualquer remuneração ou benefício em virtude da sua
realização”, reafirmando o que foi dito em 2001, na Lei nº10.205, sendo “a utilização
exclusiva da doação voluntária, não remunerada, do sangue, cabendo ao poder público
estimulá-la como ato relevante de solidariedade humana e compromisso social” (BRASIL,
2001a, 2017a)
Segundo o Boletim de Produção Hemoterápica, considerando o número de coletas
realizadas em 2017, obtém-se uma taxa de doadores de sangue de 18,1 doadores/1000
habitantes, ou seja, 1,8% da população brasileira, adotando-se para o cálculo o quantitativo
estimado da população brasileira em dezembro de 2017 (208.320.097 habitantes), divulgado
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Essa taxa vem se mantendo entre
as taxas dos países de média renda (11,7 doadores/1000 habitantes) e de alta renda (36,8
doadores/1000 habitantes) (WHO, 2015), ao longo dos últimos anos. Entretanto, reforça-se a
necessidade da ampliação da captação de doadores, por meio de indução de ações e políticas,
visando o aumento desse índice para os próximos anos (BRASIL, 2018).
Diante dos avanços da medicina e das ciências em geral, muito ainda há a pesquisar.
Nos últimos 20 anos, esforços têm sido dispensados na formulação e no preparo de substitutos
das hemácias e dos hemocomponentes. Mesmo com toda a evolução tecnológica e científica,
ainda não há um substituto para este tecido, denominado sangue. Por isso a importância e a
necessidade de doar sangue, persiste ainda hoje. Entretanto, cabe ressaltar, que falar em
sangue mexe com o imaginário social, suscitando a efervescência de sentimentos como medo,
dor, vida e morte, sofrimento e alegria, altruísmo, solidariedade entre outros. (PEREIMA et
al., 2010).
O vocábulo “sangue”, de origem latina – sanguen -, possui forte conotação emocional
na cultura cristã. Associado ao coração, o “sangue” está presente com muita força na
literatura, nas artes em geral e, é claro, nas ciências, especificamente quando estudado
biologicamente. Mas, enquanto o coração simboliza o amor romântico, sonhador, o sangue
traduz emoções fortes, ardentes, arrebatadoras e até violentas (PEREIMA et al., 2010).
129
A história da humanidade está ligada ao significado de sangue como vida desde seus
primórdios. Na Antiguidade, o sangue era concebido como fluido vital que além de vida
proporcionava juventude. Por isso, os povos primitivos untavam-se, banhavam-se e bebiam o
sangue de jovens e corajosos guerreiros, esperando adquirir suas qualidades. Na Bíblia
encontra-se muitas passagens relacionadas ao sangue (FIDLARCZYK; FERREIRA, 2008).
Um dos acontecimentos mais importantes, para a cultura cristã, refere-se à
transubstanciação do vinho em sangue por Jesus Cristo Esse ritual tem um significado
profundo para o cristão: o próprio sangue de Cristo se faz presente para a humanidade através
da continuidade da consagração. O sangue derramado por Cristo, pregado na cruz, significa a
remissão dos pecados dos cristãos, com o sentido de vida, libertação, salvação e purificação
(PEREIMA et al., 2010).
Pela cultura de muitos povos sabe-se que estes selam pactos de amizade, de amor, de
vida ou mesmo, paradoxalmente, outros executam vinganças e extravasam ódios com
derramamento de sangue. Poderiam ser escritas páginas e mais páginas com passagens, fatos e
rituais ligados à palavra “sangue”, tanto no que diz respeito à cultura popular como à erudita,
expressando sentimentos e sentidos.
O sangue permite o provimento de células vitais, oxigena todos os órgãos do corpo
humano, e assim, defende o organismo contra agentes invasores de diversas naturezas. Enfim,
Sangue é fonte de vida! É assim que a doação de sangue como ato solidário à manutenção da
vida, constitui um desafio.
Em vista disso, a reposição de sangue e derivados em pacientes de diversas doenças,
ou vítimas de trauma de qualquer etiologia, permanece como um dos principais fatores para a
preservação da vida. Portanto, a importância da doação de sangue e da busca de novos
doadores para a sua fidelização que significa tornar o doador como doador de repetição, ou
seja, conquistá-lo para que doe sangue regularmente.
Diferentemente do ciclo do sangue que abrange todo o processo que envolve conjunto
das etapas que se inicia na obtenção do sangue, produção, armazenamento, distribuição até
sua utilização, transfusão dos hemocomponentes (FIDLARCZYK; FERREIRA, 2008), o
estabelecimento de relação com os doadores de sangue está relacionado com a forma de
contato tomado de conhecimento, e sensibilização do candidato para a doação voluntária e
regular de sangue.
A triagem clínica de doadores, realizada pelo enfermeiro, antes da doação está inserido
no cuidado de enfermagem, envolvendo saberes e fazeres de atuação, aos doadores de sangue
em uma especialidade, envolvendo aspectos culturais, sociais, econômicos, de cidadania,
130
7.2 Objetivos
7.3 Método
Para tanto todas as palavras do texto foram levadas em consideração com distinções
em palavras plenas, isto é, palavras “portadoras de sentido”: substantivos, adjetivos, verbos; e
as palavras instrumento, isto é, as palavras funcionais de ligação: artigos, conjunções,
preposições, conectivos, advérbios e etc. Assim, foi verificado o número de palavras presente
e o total de ocorrência, realizando assim a análise lexical e sintática da amostra selecionada,
referente ao doador de sangue (BARDIN, 2016).
Em seguida, foi realizada a demarcação dos documentos relevantes para a constituição
de um corpus, e posterior tratamento analítico. Para isto, organizou-se um instrumento
conforme Bardin (2016, p.130) “sistematicamente agregados em unidades de registro, as
quais permitem uma descrição exata das características pertinentes ao conteúdo (...)”.
A segunda fase da AC foi efetivamente da exploração do material. Esta exploração
será realizada por meio de estruturação dos dados mediante as estratégias denominadas por
Bardin (2016) como inventário das unidades de registro e de contexto e classificação por
analogias, com o auxílio do software IRAMUTEQ considerada ferramenta de processamento
dos dados, e não um método de pesquisa, o que torna seus resultados instrumentos de
exploração, busca e associação em material de pesquisa (SOUZA et al., 2018).
A categorização é uma “operação de classificação de elementos constitutivos de um
conjunto por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo o gênero (analogia),
com os critérios previamente definidos” (BARDIN, 1977, p.117). Realizada pelo software
com a chamada Classificação Hierárquica Descendente, através da representação do
dendograma, análise fatorial e nuvem de palavras foi possível elencar as categorias para
discussão (SOUZA et al., 2018).
Executar tal análise do conteúdo como conjunto de procedimentos requer que estes
procedimentos sejam determinados, para que o pesquisador saiba exatamente qual rumo deve
seguir. Além disso, a técnica possibilita que os resultados de diferentes estudos sejam
comparados entre si (OLIVEIRA, 2008).
7.7 Resultados
base na frequência das formas reduzidas, formadas a partir do radical das palavras
(lemantização) (CAMARGO; JUSTO, 2013).
O software proporciona mais de um tipo de dendograma (Figura 11 e Figura 12) para a
forma de análise escolhida, assim como mantém disponíveis os segmentos de textos (ST) de
cada classe para que o pesquisador possa, a todo instante, voltar a eles para ler e compreender
os resultados e dar um título a cada classe, de forma que represente o tema central
interpretado, a partir dos ST que compõem cada uma.
Figura 15. Dendograma 01 das classes dos doadores fornecidas pelo software IRAMUTEQ
Figura 16. Dendograma 02 das classes dos doadores fornecidas pelo software IRAMUTEQ
7.7.1 SUBCORPUS A
7.7.1.2 LOGIA 02: Reações no corpo e riscos visualizados pelo doador de sangue
7.7.1.3 LOGIA 03: Relevância do ato da doação sob a ótica do doador de sangue
7.7.2 Subcorpus B
7.8 Discussão
construção de relações sociais o mais igualitárias, justas, livre e fraternas possíveis dentro de
determinadas condições histórico-sociais”, portanto, um ser solidário, com sentimentos e
afetos que determinam as construções simbólicas e adquirem dimensões sociais, históricas e
culturais.
Deste modo, o sangue aparece como elemento mediador das características morais da
pessoa, da mesma forma que cada órgão se presta a uma gama de interpretações possíveis
sobre suas funções e significados. FERREIRA (1998), também descreve que os elementos do
corpo carregam qualidades culturais e são ricos em significados. Assim, a partir do
conhecimento do doador pode surgir a noção de uma transfusão ter a possibilidade de
transmitir algo mais do que o sangue. Em outras palavras, a possibilidade de transmitir
qualidades morais só ocorre mediante a prática anterior de se “analisar” em relação aos outros,
com os quais se mantém relações sociais.
Para os doadores a saúde é entendida e representada como um valor essencial para a
sobrevivência humana. Assim, ter saúde é condição para ser doador. A saúde, segundo
BETTINELLI (1998, p. 37), “é um processo muito particular de percepção individual e do
entendimento que cada ser humano tem em relação às suas necessidades e vontades,
comparados à demanda que possui para manter-se e sobreviver no ambiente de suas relações”.
Para BOFF (2000, p. 145): “Saúde é acolher e amar a vida assim como se apresenta,
alegre, trabalhosa, saudável e doentia, limitada e aberta ao ilimitado que virá além da morte”.
O cuidado com a saúde e a doença diz respeito à maneira de ser do homem, com significados
oriundos do próprio homem e traduzem maneiras e valores por ele construídos e vivenciados.
Embora alguns informantes terem feito referência ao cuidado que têm em manter uma
“saúde boa”, em algumas entrevistas etnográficas, interpretei que a preocupação em ajudar o
outro, em salvar a vida de outras pessoas se sobrepõe aos cuidados com a sua própria vida.
7.9 Conclusão
Este artigo resgata o CORPO e sua sensibilidade numa prática transfusional bastante
fundamentado em capítulos anteriores e elucidar em suas falas que aberturas e singularidades
encontra-se neles. Não é mais um corpo estático para doar sangue, mas um corpo
compreendido por BARBOSA e FARIAS (2012) quando diz: as transformações que tem o
corpo com palco dos acontecimentos, ou que se realizam com sua entrada em cena são objeto
144
de grande admiração e perplexidade, tanto no que diz respeito a questões de natureza histórica
quanto na relação do homem com as engrenagens produzidas em cada época.
O corpo que doa sangue também está em transformação e provavelmente a ciência
avança para substitui-lo pelas dificuldades de aquisições, grande monitoramentos e riscos
num mundo cada vez mais envolvidos em drogas conhecidas e violentas drogas novas. Mas as
mudanças científicas não são para ontem, por algum tempo ainda haverá a necessidade de
doadores marcando vidas e ajudando a sobreviver não só com sangue, mas com seus
elementos (...), os autores acima citados afirmam que: desde o surgimento do planeta, o
homem utilizou-se de seu corpo produzido marcas que se corpos nascem como registro
significativo do percurso de vida em sacrifício para oferendas (...) em cada época existem
aqueles que se encarregam de denunciar o seu aprisionamento (...) (BARBOSA; FARIA,
2012).
O AMOR e outros sentimentos são motivos fundamentais para doar sangue mesmo
que apareçam outros motivos fundamentais principalmente CORPO, CONHECIMENTO e
COMUNICAÇÃO sempre entendido como doando a vida por que sangue é VIDA.
Provavelmente é uma definição de amor que é mais complexa que real, seguido ZIMERMAN
(2009, p.38) “(...) sobre o amor encontra-se inúmeros referenciais amorosos, na história, nos
mitos, na bíblia, arqueologia, religiões, pontual, música, arte além das experiências pessoais
de cada um de nós”.
Assim, intensas e multiplicadas formas de acontecer sempre mescladas um pouco ou
bastante, com o ódio, merece ser alvo de uma atenção muito especial nas principais áreas em
que o sentimento amoroso esteja presente (...); nas pequenas grandes alegrias e tristeza; em
momentos dialéticos ou até trágico(...); dizendo em outras palavras; o vocábulo AMOR
presta-se a multiplicar significados, de modo que ele pode significar afeições, paixão,
compaixão, misericórdia, solidariedade. Significado do amor sentido do doar o sangue
(ZIMERMAN, 2009).
Há também neste tema muita preocupação com o corpo que doa o sangue, como num
corpo que necessita de mais esclarecimento, de informação e conhecimento sobre seu
funcionamento, uma preocupação com o “RISCO”. Doar sangue é uma experiência que marca
o corpo de quem doa, que ele não sabe muito bem como explicar ele cria subjetividade sobre
o ato de doar como um acontecimento do corpo e no corpo.
145
RESUMO
1
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências (PPGENFBIO)
pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
2
Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Professora Emérita da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (UNIRIO).
146
8.1 Introdução
FERREIRA et al., 2007). A articulação dos serviços que produzem hemocomponentes, junto
aos comitês transfusionais, hemovigilância e os profissionais que atuam nessa área são
fundamentais na prevenção de complicações e minimizam os riscos transfusionais (BRASIL,
2015e).
Neste contexto, a equipe de enfermagem é de grande importância, bem como a
qualidade dos controles e registros, de maneira que se torna imprescindível amplos
conhecimentos para identificação de possíveis anormalidades ao longo de todo o
processo. Profissionais sem domínio de conhecimentos em hemoterapia ou habilidade
técnica podem favorecer a ocorrência de erros minimizando a segurança transfusional
(FORSTER et al., 2018).
Assim, as transformações nas práticas de hemoterapia trouxeram consigo novos
deveres e obrigações relacionadas à bioética acarretando mudanças tanto na qualidade da
assistência prestada, quanto na percepção dos pacientes. Há novas e melhores terapias, há
mais informações sobre elas, porém, o medo e a angústia relacionados ao processo
permanecem presentes em muitos casos, principalmente, quando se observa a realidade
dos receptores (BARRETT et al., 2014; DHABANGI et al., 2019).
Procedimentos médicos tais como as cirurgias cardíacas e os transplantes acabaram
por aumentar consideravelmente a demanda por transfusões sanguíneas (VAENA, 2018).
Os dados sobre as transfusões de sangue no Brasil apresentam, para o ano de 2015, o
quantitativo de 3.385.651 procedimentos realizados, com um aumento comparado aos anos
de 2013, que foi de 3.081.580 e o ano de 2014, com 3.293.934 (BRASIL, 2017c).
Os estudos sobre as percepções dos receptores ainda são incipientes, embora exista
número significativo de pesquisas sobre o processo de doação em si e a percepção dos
doadores. Os receptores de transfusão sanguínea são passíveis de dúvidas, incertezas e
inseguranças, que possivelmente podem interferir no processo transfusional. Explorar
situações e questionamentos que contemplem os sentimentos dos receptores torna-se
atividade significativa, na medida em que pode servir para a elaboração de estratégias
que minimizem os riscos ou desconfortos que essa prática pode vir a gerar.
8.2 Objetivos
8.3 Método
Nos meses de abril a agosto de 2018, foram realizadas entrevistas com clientes-
receptores de sangue, que são politransfundidos, no Hospital de referência em Hematologia e
Hemoterapia do estado do Rio de Janeiro, antes da efetivação da transfusão de sangue,
contendo questões fechadas para a caraterização dos participantes e perguntas abertas
direcionadas ao objetivo do estudo, a fim de descrever os significados do sangue e da
transfusão de sangue / transplante de células vivas; identificar os sinais objetivos que o corpo
do cliente emite para que ele saiba da necessidade da transfusão de sangue / transplante de
células vivas; os sinais subjetivos e sentimentos que permeiam a transfusão de sangue /
transplante de células vivas; além de descrever as marcas do cuidado e possíveis riscos
referidos pelos clientes-receptores de sangue.
Concomitante houve também a observação não participante com a aplicação de um
check-list observacional durante o ato transfusional para detectar a linguagem corporal e
comportamentos subjetivos no momento do ato da transfusão de sangue / transplante de
células vivas.
Foram coletadas 10 entrevistas com clientes-receptores de sangue. Optou-se
primeiramente por esse quantitativo para dar início a coleta, entretanto, verificou-se de uma
forma preliminar a saturação das informações dadas por eles e foi encerrado a coleta de
dados. As entrevistas foram gravadas com a utilização de um dispositivo MP3 player-
150
8.7 Resultados
Foi possível perceber que no ato da transfusão de sangue a equipe era composta
prioritariamente pela categoria da enfermagem, contendo q sala de transfusão ambulatorial
com 1 enfermeiro, 4 técnicos de enfermagem e 1 médico plantonista presente para
atendimento de intercorrências com o cliente-receptor.
Foi possível perceber que esses técnicos de enfermagem são muito bem treinados, e
desempenham a função de coleta de amostras, e instalação do sangue. Foi realizado o check
152
Masculino 6 60
Sexo
Feminino 4 40
Analfabeto 0 0
Ensino Fundamental
Completo 2 20
Ensino Fundamental
Incompleto 0 0
Escolaridade Ensino Médio Completo 5 50
Ensino Médio Incompleto 2 20
Ensino Superior Completo 0 0
Ensino Superior Incompleto 1 10
Mestrado 0 0
Doutorado 0 0
Belford Roxo/RJ 1 10
Duque de Caxias/RJ 1 10
Porciúncula/RJ 1 10
Macaé/RJ 1 10
Naturalidade
Rio de Janeiro/RJ 3 30
São Pedro Daldeia/RJ 1 10
São Gonçalo/RJ 1 10
Valença/RJ 1 10
Anemia Falciforme 4 40
Mielofibrose 1 10
Há mais de 10 anos 0 0
Primeira transfusão
Há menos de 10 anos 10 100
Tipo de hemocomponente CH 14 93
transfundido CP 1 7
Fonte: Elaboração própria, 2019.
FREQUÊNCIA FREQUENCIA
VARIÁVEIS
ABSOLUTA RELATIVA %
Calma 8 80
Chorosa 1 10
Tom de voz Agitada 1 10
Palidez 6 60
Face Normal 4 40
Normal 7 70
Sobe e desce 2 20
Sombrancelhas Ruga vertical na testa 1 10
Fechado 8 80
Lábios Falando 2 20
Fechada 8 80
Boca Aberta 2 20
Abertos 7 70
Olhos Fechados 3 30
Abertas 6 60
Mãos Juntas 4 40
Virando 4 40
Para baixo 4 40
Cabeça Para cima 2 20
Agitados 5 50
Pés Parados 5 50
Tranquila 8 80
Respiração Ofegante 2 20
Mexendo 6 60
Dobradas 2 20
Pernas Normal 2 20
Fonte: Elaboração própria, 2019.
155
Abaixo segue por ordem de importância o quantitativo das palavras plenas mais
frequentes que emergiram das entrevistas dos clientes-receptores.
156
Quadro 21 – Demonstração das ocorrências das palavras plenas mais frequentes da entrevista
dos clientes-receptores
Figura 23. Dendograma 01 das classes dos clientes-receptores fornecidas pelo software
IRAMUTEQ
Figura 24. Dendograma 02 das classes dos clientes-receptores fornecidas pelo software
IRAMUTEQ
Por meio da Análise Fatorial por Correspondência, foi possível ainda realizar
comparações das diferenças de evocações, independente da classe as quais pertencem foi
possível realizar associação do texto entre as palavras, considerando a frequência de
incidência de palavras e as classes, representando-as em um plano cartesiano. Observa-se que
as palavras de todas as classes se apresentam num segmento centralizado que se expande para
pontos periféricos, representando o grau de similitude entre as palavras no diagrama, pode-se
observar que quanto mais próximo do zero a relação de similitude é maior.
159
Figura 25. Análise Fatorial por Correspondência das classes dos doadores fornecidas pelo
software IRAMUTEQ
termo na figura, maior sua frequência na amostra, assim como menor o tamanho da fonte,
menor sua frequência.
Figura 26. Nuvem de palavras dos doadores fornecidas pelo software IRAMUTEQ
Após o processamento dos dados, iniciou-se a análise das cinco classes fornecidas
pelo software IRAMUTEQ, na qual os ST agrupados em cada classe foram lidos
exaustivamente para compreender e nominar cada classe. Tais classes/ categorias serão
discutidas no próximo capítulo.
161
8.8 Discussão
Na caracterização do perfil dos clientes-receptores fica evidente a faixa etária mais
prevalente de 18 à 29 anos, sexo masculino, ensino médio completo, residentes do Rio de
Janeiro com Anemia Falciforme, 1ª transfusão há mais de 10 anos, com histórico de mais de
10 transfusões nos últimos 6 meses e com histórico de reação transfusional, sendo o
hemocomponente transfundido durante a observação o concentrado de hemácias.
Com relação aos gestos, movimentos corporais e movimentos posturais dos clientes-
receptores apresentou-se com clara diferenciação 02 clientes-receptores citados, apresentando
tom de voz chorosa/agitada, sombrancelhas com ruga vertical na testa e sobe e desce, falantes,
olhos fechados, mãos juntas, pés agitados, respiração ofegante, pernas mexendo,
caracterizando assim uma clínica de enfermagem específica para cuidado desses pacientes
visivelmente ansiosos com o tratamento.
Os vocábulos que mais apareceram foram: SER, SANGUE, SÓ, pode ser uma
condição significante para o receptor, que deixa de ser sujeito para ser sangue, líquido e
efêmero, ser que necessita do sangue para sobrevivência. O significado SANGUE para os
clientes-receptores é dar, doar e entender a importância do gesto para alguém que precisa
numa palavra cheia de gente que precisa significar gente, fala, vida, vistos na Nuvem de
palavras.
8.9 Conclusão
Na leitura das entrevistas foi perceptível que todos atribuíram o sangue à continuidade
da sua vida, percebem riscos na transfusão de sangue e seu corpo emite diferentes sinais que
refletem a necessidade da transfusão. Todos se emocionaram ao falar da doação de sangue, e
refletiram a necessidade de ser um ato essencial e que eles ajudam na divulgação da mesma.
Alguns possuem receio ao transfundir, entretanto nunca se recusaram, pois se sentir
bem e vivo depende da transfusão. Relataram sentimentos de frustação e angústia quando são
informados que não tem a transfusão quando solicitada.
As características atribuídas à transfusão de sangue representam um conjunto de
interpretações culturalmente adquiridas, estão relacionadas a renascimento, fortalecimento,
melhora do estado de saúde, o que reflete a perspectiva de terem uma vida melhor. Para eles,
o sangue representa a vida e a transfusão sangüínea é considerada um benefício que não altera
suas vidas ou sua maneira de ser, porém restitui as condições para terem uma vida melhor,
devolve-lhes um sentimento nato do ser humano, a esperança.
162
Relaciona o sangue à sua VIDA, e percebe que ele é um ÓRGÃO, mas não é um
TRANSPLANTE, visto que as células não permanecem VIVAS por muito tempo. Não
visualizam relação com transplante, visto que para eles são células que não se mantém vivas
por muito tempo na circulação, ou seja, é um tratamento temporário e não definitivo como o
transplante.
Eles expressam preocupação com a manutenção da saúde, com a percepção de si
mesmos e com a imagem que passam para os outros, e preocupam-se em retornar às suas
atividades diárias e melhorar as condições de vida. Segundo RODRIGUES & CARDOSO
(1998, p.143): “A cura representa a compensação pelo sofrimento, funciona como elemento
sistematizador da experiência/trajetória e constitui o parâmetro que demarca o
reconhecimento social legitimador do sofrimento”.
Se faz necessário esse recorte para refletir aproximações e distanciamentos sobre o
significado do sangue, sentimentos, sinais do corpo, riscos, transplante, e comportamentos
subjetivos, entre doadores e clientes-repceptores, para a consolidação final da tese.
163
RESUMO
9.1 Introdução
1
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências (PPGENFBIO)
pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
2
Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Professora Emérita da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (UNIRIO).
164
9.2 Objetivos
9.3 Método
Nos meses de abril a agosto de 2018, foram realizadas entrevistas com clientes-
receptores de sangue, que são politransfundidos, antes da efetivação da transfusão de sangue,
contendo questões fechadas para a caraterização dos participantes e perguntas abertas
direcionadas ao objetivo do estudo, a fim de descrever os significados do sangue e da
transfusão de sangue / transplante de células vivas; identificar os sinais objetivos que o corpo
do cliente emite para que ele saiba da necessidade da transfusão de sangue / transplante de
células vivas; os sinais subjetivos e sentimentos que permeiam a transfusão de sangue /
transplante de células vivas; além de descrever as marcas do cuidado e possíveis riscos
referidos pelos clientes-receptores de sangue.
Concomitante houve também a observação não participante com a aplicação de um
check-list observacional durante o ato transfusional para detectar a linguagem corporal e
comportamentos subjetivos no momento do ato da transfusão de sangue / transplante de
células vivas.
Foram coletadas 10 entrevistas com clientes-receptores de sangue. Optou-se
primeiramente por esse quantitativo para dar início a coleta, entretanto, verificou-se de uma
forma preliminar a saturação das informações dadas por eles e foi encerrado a coleta de
dados. As entrevistas foram gravadas com a utilização de um dispositivo MP3 player-gravador de
voz, somente após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos clientes, e
posteriormente serão transcritas para tratamento e análise dos dados.
Vale ressaltar que o estudo obteve o parecer “APROVADO” pelo mediante o seguinte
número de registro: 2.576.418 pelo CEP/UNIRIO e CEP/HEMORIO.
168
9.7 Resultados
ST (23,87%). Vale ressaltar que essas cinco classes se encontram divididas em duas
ramificações (A e B) do corpus total em análise. O subcorpus A, composto pela Classe 1, 2 e
4 e o subcorpus B, composto pelas Classes 5 e 3. Segue abaixo o dendograma 01 com as
classificações hierárquicas e o dendograma 02 com as palavras mais prevalentes.
Figura 27. Dendograma 01 das classes dos clientes-receptores fornecidas pelo software
IRAMUTEQ
Figura 28. Dendograma 02 das classes dos clientes-receptores fornecidas pelo software
IRAMUTEQ
Cada classe foi separada pelos seus segmentos de textos e analisadas conforme seus
subcorpus, são eles: Subcorpus A (Classe 4, Classe 1 e Classe 2) e Subcorpus B (Classe 3 e
Classe 5), que foram apresentados no apêndice H abaixo com a separação em Unidades de
Registro e seus respectivos temas. Assim sendo os Resultados serão apresentados em cada
classe, chamado de LOGIA, somando-se a PENTALOGIA do RECEPTOR, que
posteriormente serão criados um artigo para cada.
9.7.1 SUBCORPUS A
9.7.1.2 LOGIA 02: RECEBENDO a VIDA que me SALVA: o significado para clientes-
receptores
9.7.2 SUBCORPUS B
9.8 Discussão
Na LOGIA 01, dentre as falar dos cientes-receptores é notório a angústia vivida pela
problemática de depender exclusivamente do sangue para a sobrevivência e de esse estar
totalmente ligado ao fato da disponibilidade de ter doador, que gera ansiedade na espera pela
bolsa. Foi possível identificar o receio em estarem recebendo sangue, entretanto não possuem
outra alternativa e também a perda de momentos importantes da vida, devido o tratamento.
Não há duvidas de que o texto produzido neste artigo que a palavra DOAR esta
intimamente ligado ao SANGUE e VIDA numa ação humana com muito significados que
NÃO é CARIDADE, mas é importante, vistos da LOGIA 02 através das expressões: salvar,
177
repor, agradecer, pedir a Deus, sofrimento, morrer, viver, divulgação, solução simples, grupos
para doar; tragédia, mobilização, melhorar, levantar, precisar, demonstrar, alívio, depender,
comparecer para ajudar, ditas pelos clientes-receptores.
Na LOGIA 03, descreveram os sintomas que sentem no corpo quando necessitam de
sangue são eles: fraqueza, desmaio, palidez, sensação de calafrio, dor, latejamento no corpo,
dentre outros. Demonstrando também muito conhecimento sobre o corpo, como se ele desse
sinais a eles que estão necessitando da transfusão de sangue. Atribuem a doação de sangue a
um sentimento de gratidão aos doadores, que para eles é o combustível da sua vida, vitamina,
energético.
Vários sinais do corpo indicam para os clientes-receptores, dito na LOGIA 04, a
necessiade do sangue: petéquias, sono, desmaio, crise de dor, palidez. Alguns deles relataram
que tiveram reações durante a transfusão, que necessitam de fazer uso de medicamentos antes
das transfusões. Todos elencarm riscos relacionados à necessidade do sangue que vão desde
problemas da falta de doadores, até de como se faz todo o processo dentro do laboratório, e
todos sabem da propensão que estão a serem contaminados por doenças.
E na LOGIA 05 alguns clientes-receptores não atribuem a transfusão de sangue a um
transplante de células vivas, até porque eles falam que essas células morrem com o tempo
devido sua necessidade constante de sangue, visto que eles precisam transfundir geralmente
de 15 em 15 dias, sendo uma necessidade permanente, e o transplante é uma solução mais
definitiva, atribuem a essa solução ao transplante de medula óssea. Outros falaram que pode
ser quase um transplante.
Estas falas nos indicam uma comunicação clínica sobre humanização, e aqui eles nos
comunicam sobre a experiência e o respeito com o doar. Segundo CIMINO (2016) a
humanização não é modismo, no contexto da construção de novas políticas públicas de saúde,
ela encontra-se no código genético de cada ser humano, basta desenvolvê-los, apriomorá-los,
juntá-los, definí-los, é individual, é coletiva, por isso a produção do discurso dos clientes-
receptores é uma questão a ser acrescentada em nossa clínica de hemotransfusão.
E na verdade resultados significados dados por humanos para humanos de ação de
doar parte da vida para o outro que necessita, e envolve políticas MOLAR e MOLECULAR
de complexidades a serem exploradas não só na prática, mas no campo do conhecimento de
todos envolvidos neste procedimento.
Complexidade como no estilo clínica de cuidar no espaço da hemotransfusão, numa
clínica em construção que envolve empirismo, teorias, importinências, como diz MORIN
(2004, p.15) algo sempre inacabado, que reintegra dúvida e a semiterrogação, que pode
178
assumir, porque envolve imaginário como força atuante e pregnante da vida “(...), será que
existe um lado poético para doar e receber sangue que para o autor, mesmo que seja numa
outra perspectiva, tomemos como fundamento quando ele também assume o erro dizendo: (...)
o lado poético e instaurador, sobre determina o prosaico, regulador, do mesmo tempo em que
e sobre determinado por ele e dessa nebulosa que emerge um sentimento de deriva (...) sobre a
nossa proposta clínica”.
Assim, os clientes-repceptores de sangue abriram as comportas da razão para se
emocionar sobre o ato de receber o sangue, a vida e pedir proteção a Deus para os doadores.
Os resultados dessa pentalogia são complexos porque envolve vida através da entrada no
corpo do outro de pequeninas células ricas de ferro e oxigênio e outras substâncias para, por
um tempo manter a vida do outro.
Todos sabem que estão doentes e que o sangue é a saída quando falam sobre sua
situação vem a tona uma necessidade de SABER sobre: a doença fisiológica e funcionamento
do sangue , hemácias, hematócrito, plaquetas, tempo de vida, privilégio receber o sangue ele é
tratamento, vitamina, energia, cansaço, calafrio, palidez, crise, lábios brancos, ver a
hemoglobina, vida, células vivas, agradecimento, olhar para o doador, rezar por ele (o
doador), amor, caridade, muita alegria, repor hemácia e plasma, substâncias do sangue que
precisa, sangue é filtrado no corpo, voltar ao normal, acorda bem melhor, passa sonolência,
cansaço dores, latejamento, remédio, não conhecer doadores, sair renovada, Deus no céu,
sangue na terra, alegria muito grande, alergia, coceira, calafrio, o sangue não fica sempre no
organismo, fé, coragem de doar, agulha grossa, disponibilidade de amar, demora, hemácias
são a gasolina, sangue, repõe alguma coisa, controle de hemácias, plaquetas e hematócrito,
dispnéia, depende do outro, troca de sangue e melhora dos sintomas, ficar mais disposto,
energético, disposto, fazer atividades, tinha fraqueza, evitar outro AVC, manter vivo, dependo
do sangue, político de saúde, falência, riscos, manter equilíbrio, tinha planos de saúde, voltou
para o hemorio, pneumonia, cirurgia, dreno, plaqueta cai, agradecer aos doadores, enfraquecer
o organismo e o sangue salva, não entendo onde fica o desequilíbrio, beber água, sangue e
uma troca de vitamina, energético, abastecer o corpo.
Elementos emergiram como possibilidades de explorar essa área da saúde, pouco
esquecida, que surge diante de calamidades. Assim se cria novos modos de pensar a
hemotransfusão e quem sabe iniciar uma outra clínica. Estudo que trata do significado dado
aos clientes-receptores de sangue num rastreamento que é complexo e desafiante e que cria
dificuldades no suprimento dos Bancos de Sangue.
179
9.9 Conclusão
Não há dúvidas que este estudo trata do corpo doente e que durante o tratamento, seja
de que doença for, eles passam por hemotransfusão, num procedimento que depende da ação,
da caridade, da disponibilidade e do amor do outro que eles não conhecem.
CORPO com DOENÇA que apresentam sinais e sintomas diveros percebidos no
corpo físico – social – econômico. Orgãos que se expressam TRANSFUSÃO.
CORPO sem ORGÃO, dos signos expressados em emoção, alegria, amor, gratidão,
fé e agradecimentos a quem doa. Corpo político-epiritual com DESEJO de SABER o que é
sangue – sua biofisiologia e seus elementos, desejos de CONHECER.
Os resultados indicam que é fundamental estabelecer uma clínica educacional para
falar e ensinar sobre o que eles querem saber. Uma clínica que fundamente o que sentem e o
que o sangue produz em seu corpo. E o lado restaurador. Isto parece com o que MORIN
(2004, p.15) diz, é uma clínica que envolve cognição que contem afetos, paixões e emoções
(pela vida) de tal ordem de que todo aquele que se embrenha em viver essa experiência (...)
precisa se munir de reservas psíquicas fortes para adentrar (no mundo da doença) transitório
errático, pleno de desordens, reorganizações, esperanças e utopias.
A enfermagem como ninguém sabe e identifica sinais e sintomas diversos para fazer
seus diagnósticos, atualmente as sistematizações da enfermagem nos obriga a ter um saber e
uma prática clínica que dê conta do cliente que cuidamos, ajudando-os a compreender o
avanço da doença (visíveis e percebidos por eles). Descobre-se assim, uma forma clínica de
pensar os clientes-receptores, com desejo de estar bem, pois não perderam a esperança e
acreditam em Deus e no sangue que recebem. Seres cheios de conflitos sociais, biológicos,
políticos e pessoais, conflitos desenhados no corpo físico e emocional que e processo,
singularidade, projeto, sujeito, composição, organização, linha de fuga, estratégia, micro e
macro.
Visto que a saúde e a doença permeiam todo o processo de viver do ser humano, é
uma experiência subjetiva, varia entre os indivíduos, grupos culturais e classes sociais. A
doença iguala os sujeitos e registra no corpo do doente uma série de marcas. O pensamento de
estar curado, graças a alguém, reforça a necessidade de agradecer a vida recebida por meio
dessa pessoa, com isso, o doador de sangue cresce na hierarquia simbólica do receptor, pela
nobreza e grandeza do seu gesto.
São sujeitos que recebem SANGUE que recebem afetos (alegria e tristeza) e são
afetados nas expressões de sensação e percepção (de ficar bom). A vontade de conhecer as
180
I- ARTIGOS DO RASTREAR:
Figura 34. Artigos do rastrear
06 Autorizações 46
07 Procedimentos
182
08 Treinamentos
09 Ética
10 Outros 01
Fonte: Elaboração própria, 2020.
16 Outros 15
17
Fonte: Elaboração própria, 2020.
Quadro 25 – Quadro esquemático da análise de conteúdo dos 29 artigos sobre ser Doador
(TOTAL= 308 URs)
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 Temas Nº UR
01 Motivações 15
02 Sentimentos 45
03
04
05
06
Pesquisa e comportamentos 80
07
08
09
10
11
12
13
14
15 Estímulos feitos ao doador para 160
16 doar / captação
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
184
27
28
29
30
31 Outros 08
Quadro 26 – Quadro esquemático da análise de conteúdo dos 29 artigos sobre ser Cliente-
Receptor (TOTAL= 44 URs)
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 Temas Nº UR
01 Sentimentos de medo, receio e 15
02 angústia
03 Sobrevivência 05
05 transfusão de sangue e
consentimento 1
Outros
Fonte: Elaboração própria, 2020.
Foi um trabalho que nos levou a exaustão necessária, não só do ponto de vista de
AGIR, mas de pensar o quanto os clientes nos dizem sobre eles, se perguntarmos e
observarmos sua linguagem, e seus sentidos corporais. Desencadeador de muitas reflexões
que mexeram com um discurso sobre o tema muito velado ou simplesmente muito simples,
quando esteve em jogo a TRANSFUÃO SANGUÍNEA e os procedimentos envolvidos.
Nossos corpos cartográficos, rastreadores e máquinas de guerra são uma potência
humana para aprender a fazer, aprender a olhar e ver, aprender a escutar, aprender a sentir.
Não é uma batalha de guerrilha, é uma batalha de vida pela vida, com eles e com nós mesmos.
Às vezes não tínhamos nada para falar, para dizer, mas simplesmente, conversar, versar sobre
a vida, o sangue, as coisas.
Ficamos muitas vezes “acuadas”, em todos os sentidos, quando descobrimos que eles
são: LEGISLAÇÃO e SANGUE, cadê o homem doando ou recebendo? Que se mostravam
preocupados com tantas coisas sem saber se expressar? Sem compreender?
A benevolência toma outro modo de ser: o AMOR pela VIDA, pelo outro que eles
sequer conhecem. Ser FRATERNO é algo “indizível” nesse ato de doar sangue, minhas
células, que escorrem para AJUDAR, SALVAR, CUIDAR do outro.
Olhando para eles sentimos que falta uma impressão digital para o cuidado que
fazemos e sentimos que é preciso fazer algo, que o “nosso sonho” é criar uma clínica para
eles, quando devo começar por “dentro” do corpo e acabar por “fora”, um vínculo secreto se
cria e se acaba no efêmero de uma semana, mas eles não sabem disso.
Não é claro o que dizem, mas suas falas têm gosto de afetos, intensidades,
experiências, experimentações. Falam do fundo daquilo que não sabem e assim vão
produzindo singularidades.
REFERÊNCIAS
BARRETT, C. L. et al. Patients‟ recall and perceptions regarding consent to blood transfusion
at Universitas Academic Hospital, Bloemfontein, South Africa. Transfusion and Apheresis
Science, v. 51, n. 3, p. 19-24, 2014.
BOFF L. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis (RJ): Vozes;
2000.
BRASIL. Lei n. 9.434, de 04 de fevereiro de 1997. Dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos
e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento e dá outras providências.
Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 05 fev 1997.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 87, de 21 de janeiro de 2009. Autoriza o envio para
o exterior de amostras de células-tronco hematopoéticas de doadores cadastrados no Registro
Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea - REDOME, para a realização de
transplantes. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 22 jan 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 597, de 17 de julho de 2014. Distribui a cota anual
para cadastro de novos doadores voluntários de medula óssea (DVMO). Diário Oficial da
União: seção 1, Brasília, DF, 18 jul 2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia para uso de hemocomponentes. 2. ed. Brasília, DF:
Ministério da Saúde, 2015.
DEJOURS, C. O fator humano. Tradução: Maria Betiol e Maria Tonelli. Rio de Janeiro:
Fundação Getúlio Vargas, 1997.
FERREIRA, J. Cuidados do corpo em vila de classe popular. In: DUARTE, L. F. D.; LEAL,
O. F. Doenças, sofrimento, perturbação: perspectivas etnográficas. Rio de Janeiro: Fiocruz,
1998.
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
Capítulo 35.
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MOHER, D. et al. Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses: the
PRISMA statement BMJ, London, v. 339, 2009.
PEREIRA, J. R. et al. Doar ou não doar, eis a questão: uma análise dos fatores críticos da
doação de sangue. Ciencia e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 21, n. 8, p. 2475-2484, 2016.
SANTOS, C. M. C.; PIMENTA, C. A. M.; NOBRE, M. R. C. The PICO strategy for the
research question construction and evidence search. Revista Latino-Americana de
Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, v. 15, n. 3, p. 508-511, 2007.
I – Doação de sangue
Atos Quem faz? Como faz? Porque faz? Observações
II – Coleta de Doadores
Atos de Enfermagem Realizado Não Realizado Observações
PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM COLETOR – Coleta de Doadores (Anti-sepsia da pele e
Punção Venosa)
− Cumprimentar o doador, apresentando-se pelo nome.
− Confirmar ativamente a identificação do doador;
− Verificar o volume a ser coletado, checando se a bolsa
de coleta e os tubos estão adequados;
− Conferir o número de doação e as iniciais do doador
contidas nas etiquetas da ficha, da bolsa principal, das
bolsas satélites, dos segmentos e dos tubos;
− Avaliar aspecto e condições de integridade do material
a ser utilizado (bolsas e tubos);
− Acondicionar as bolsas na bandeja do
homogeneizador;
− Realizar inclusão da doação através da leitura do
código de barras, da Ficha de Controle de Doação,
etiqueta da Ficha, Código do coletor, Tubos e Bolsas, e
respectivos segmentos;
− Registrar a hora de início na Ficha de Controle de
Doador;
− Orientar o doador para que durante o procedimento
não mastigue chicletes, balas ou outro tipo de alimentos;
manter as pernas descruzadas a fim de facilitar o retorno
venoso e demonstrar ao doador que o material a ser
utilizado é estéril e descartável;
− Posicionar o braço do doador na braçadeira da cadeira
de doação;
− Observar se no local da punção a pele está íntegra,
201
Desprezo Surpresa
GESTOS / MOVIMENTOS CORPORAIS / MOVIMENTOS POSTURAIS
Tom de voz: suplicante, calma, agitada, chorosa, tom infantil, irritada
Face: rubor, calor, suor
Piscar de olhos: leve, rápido, não pisca
Sobrancelhas: ruga vertical na testa entre as sobrancelhas, cantos internos das sobrancelhas se levantam e se
encostam, se aproximam e se abaixam em direção ao nariz, se abaixam, se levantam
Lábios: apertados, estreitos, retângulo, normal, abre, fecha
Boca: aberta, fechada
Postura do corpo: encurvada, ereta
203
I – Transfusão de sangue
Atos Quem faz? Como faz? Porque faz? Observações
II –Transfusão de sangue
Atos de Enfermagem Realizado Não Realizado Observações
PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM – Transfusão de Sangue
– Comparecer aos setores de Internação e Emergência
durante período de 24 horas, conforme solicitação;
– Recolher as Solicitações de Componentes e Derivados
Sanguíneos, que se encontram em escaninhos próprios
nos setores, conferindo seu preenchimento completo e
correto;
− Conferir se está prescrito no plano terapêutico do
paciente;
− Colher amostra de sangue para prova de
compatibilidade em tubo de tampa roxa, com
anticoagulante EDTA, em casos de solicitação de
concentrados de hemácias;
− Preparar material para procedimento: 1. Bandeja ou
cuba-rim, 2. Almotolia contendo álcool à 70%, 3.
Seringa hipodérmica de 5 ou 10 ml, 4. Agulha ou escalpe
descartáveis, 5. Tubo de tampa roxa com anticoagulante
EDTA;
– Identificar o tubo com letra legível no momento da
coleta, com os seguintes dados: 1. Nome completo do
receptor, 2. Matrícula ou registro hospitalar, 3. Data da
coleta, 4. Nome legível do responsável pela coleta;
− Realizar a coleta de sangue para exames pré-
transfusionais, utilizando técnica asséptica e
equipamento de proteção individual (EPI);
– Protocolar o pedido e amostra de sangue que serão
205
Desprezo Surpresa
GESTOS / MOVIMENTOS CORPORAIS / MOVIMENTOS POSTURAIS
Tom de voz: suplicante, calma, agitada, chorosa, tom infantil, irritada
Face: rubor, calor, suor
Piscar de olhos: leve, rápido, não pisca
Sobrancelhas: ruga vertical na testa entre as sobrancelhas, cantos internos das sobrancelhas se levantam e se
encostam, se aproximam e se abaixam em direção ao nariz, se abaixam, se levantam
Lábios: apertados, estreitos, retângulo, normal, abre, fecha
Boca: aberta, fechada
Postura do corpo: encurvada, ereta
Orientação do corpo: direita, esquerda, dorsal, ventral, imóvel
Olhos: fechados, abertos, lacrimejados, arregalados, entreabertos, fixo
Movimentos das mãos: tremores, agitação, tensão, suor, calor, rubor
Palmas das mãos: para cima, para baixo
Mãos: juntas, apertadas, fechadas, abertas, suor, entrelaçadas
Movimentos da cabeça: para cima (queixo para frente), para baixo, vira a cabeça para outro lado
Movimentos dos pés: tremores, agitação, tensão, suor, calor, rubor
Tônus muscular: ausência, presença
Respiração: ofegante, tranquila
Ranger os dentes: presente, ausente
COMPORTAMENTOS SUBJETIVOS (Anotações do pesquisador)
207
OBJETIVOS DO ESTUDO: Os objetivos deste projeto são: 1) rastrear no encontro com doadores e receptores
de sangue quais são seus significados sobre transfusão de sangue ou transplante de células vivas; 2) captar nas
falas, gestos e comportamentos dos doadores e receptores de sangue temas e linguagem corporal que possam
indicar uma clínica de enfermagem específica para o seu cuidado; 3) identificar o que é manifesto e latente em
suas falas ou expressões corporais que sejam indicadores de crenças, vivências e/ou comportamentos que possam
interferir em suas ações de doar e receber sangue; 4) apresentar uma Clínica de Enfermagem para cuidado ao
transplantado de células vivas.
ALTERNATIVA PARA PARTICIPAÇÃO NO ESTUDO: Você tem o direito de não participar deste estudo.
Se você não quiser participar do estudo, isto não irá interferir na sua doação de sangue nesta unidade hospitalar.
PROCEDIMENTO DO ESTUDO: Se você decidir integrar este estudo, você participará de uma entrevista
individual que durará aproximadamente 30 minutos, antes da realização da sua transfusão de sangue e você será
observado durante toda a coleta de sangue, como parte do objeto de pesquisa.
GRAVAÇÃO EM ÁUDIO: Todas as entrevistas serão gravadas em meio digital. Os áudios serão ouvidos por
mim e por uma entrevistadora experiente e serão marcadas com um número de identificação durante a gravação
e seu nome não será utilizado. O documento que contém a informação sobre a correspondência entre números e
nomes permanecerá em um arquivo. Os áudios serão utilizados somente para coleta de dados. Se você não quiser
ser gravado em áudio, você não poderá participar deste estudo.
RISCOS: Você pode achar que determinadas perguntas incomodam a você, porque as informações que
coletamos são sobre suas experiências pessoais. Assim você pode escolher não responder quaisquer perguntas
que o façam sentir-se incomodado.
BENEFÍCIOS: Sua entrevista ajudará no desenvolvimento da pesquisa, mas não será, necessariamente, para seu
benefício direto. Entretanto, fazendo parte deste estudo você fornecerá mais informações sobre o lugar e
relevância desses escritos para própria instituição em questão.
CONFIDENCIALIDADE: Como foi dito acima, seu nome não aparecerá nas fitas de áudio, bem como em
nenhum formulário a ser preenchido por nós. Nenhuma publicação partindo destas entrevistas revelará os nomes
de quaisquer participantes da pesquisa. Sem seu consentimento escrito, os pesquisadores não divulgarão nenhum
dado de pesquisa no qual você seja identificado.
DÚVIDAS E RECLAMAÇÕES: Esta pesquisa está sendo realizada no Instituto Estadual de Hematologia
Arthur de Siqueira Cavalcanti (HEMORIO). Possui vínculo com a Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro – UNIRIO através do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências sendo a doutoranda
Leylane Porto Bittencourt a pesquisadora principal, sob a orientação da Profª Drª Nébia Maria Almeida de
Figueiredo. As investigadoras estão disponíveis para responder a qualquer dúvida que você tenha. Caso seja
necessário, contate no telefone 9643-30389 (pesquisadora), ou o Comitê de Ética em Pesquisa, CEP-HEMORIO
no telefone: 2224-1212, e-mail: cep@hemorio.rj.gov.br, ou CEP-UNIRIO no telefone 2542-7796 ou e-mail
cep.unirio09@gmail. Você terá uma via deste consentimento para guardar com você. Você fornecerá nome,
endereço e telefone de contato apenas para que a equipe do estudo possa lhe contatar em caso de necessidade.
Assinatura (Pesquisador):_
Nome:
Data: / /
208
OBJETIVOS DO ESTUDO: Os objetivos deste projeto são: 1) rastrear no encontro com doadores e receptores
de sangue quais são seus significados sobre transfusão de sangue ou transplante de células vivas; 2) captar nas
falas, gestos e comportamentos dos doadores e receptores de sangue temas e linguagem corporal que possam
indicar uma clínica de enfermagem específica para o seu cuidado; 3) identificar o que é manifesto e latente em
suas falas ou expressões corporais que sejam indicadores de crenças, vivências e/ou comportamentos que possam
interferir em suas ações de doar e receber sangue; 4) apresentar uma Clínica de Enfermagem para cuidado ao
transplantado de células vivas.
ALTERNATIVA PARA PARTICIPAÇÃO NO ESTUDO: Você tem o direito de não participar deste estudo.
Se você não quiser participar do estudo, isto não irá interferir no seu tratamento nesta unidade hospitalar.
PROCEDIMENTO DO ESTUDO: Se você decidir integrar este estudo, você participará de uma entrevista
individual que durará aproximadamente 30 minutos, antes da realização da sua transfusão de sangue e você será
observado durante toda a transfusão, como parte do objeto de pesquisa.
GRAVAÇÃO EM ÁUDIO: Todas as entrevistas serão gravadas em meio digital. Os áudios serão ouvidos por
mim e por uma entrevistadora experiente e serão marcadas com um número de identificação durante a gravação
e seu nome não será utilizado. O documento que contém a informação sobre a correspondência entre números e
nomes permanecerá em um arquivo. Os áudios serão utilizados somente para coleta de dados. Se você não quiser
ser gravado em áudio, você não poderá participar deste estudo.
RISCOS: Você pode achar que determinadas perguntas incomodam a você, porque as informações que
coletamos são sobre suas experiências pessoais. Assim você pode escolher não responder quaisquer perguntas
que o façam sentir-se incomodado.
BENEFÍCIOS: Sua entrevista ajudará no desenvolvimento da pesquisa, mas não será, necessariamente, para seu
benefício direto. Entretanto, fazendo parte deste estudo você fornecerá mais informações sobre o lugar e
relevância desses escritos para própria instituição em questão.
CONFIDENCIALIDADE: Como foi dito acima, seu nome não aparecerá nas fitas de áudio, bem como em
nenhum formulário a ser preenchido por nós. Nenhuma publicação partindo destas entrevistas revelará os nomes
de quaisquer participantes da pesquisa. Sem seu consentimento escrito, os pesquisadores não divulgarão nenhum
dado de pesquisa no qual você seja identificado.
DÚVIDAS E RECLAMAÇÕES: Esta pesquisa está sendo realizada no Instituto Estadual de Hematologia
Arthur de Siqueira Cavalcanti (HEMORIO). Possui vínculo com a Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro – UNIRIO através do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências sendo a doutoranda
Leylane Porto Bittencourt a pesquisadora principal, sob a orientação da Profª Drª Nébia Maria Almeida de
Figueiredo. As investigadoras estão disponíveis para responder a qualquer dúvida que você tenha. Caso seja
necessário, contate no telefone 9643-30389 (pesquisadora), ou o Comitê de Ética em Pesquisa, CEP-HEMORIO
no telefone: 2224-1212, e-mail: cep@hemorio.rj.gov.br, ou CEP-UNIRIO no telefone 2542-7796 ou e-mail
cep.unirio09@gmail. Você terá uma via deste consentimento para guardar com você. Você fornecerá nome,
endereço e telefone de contato apenas para que a equipe do estudo possa lhe contatar em caso de necessidade.
Assinatura (Pesquisador):
Nome:
Data: / /
209
16 palavras diferentes
17 mas o sentido o objetivo é o
palavras diferentes mas o
mesmo Palavras diferentes
sentido o objetivo é o mesmo
18 se eu fosse o receptor não Sentido o objetivo é o
se eu fosse o receptor não sei
sei mesmo
eu teria essa mesma resposta
Doador 01 19 eu teria essa mesma resposta Recebendo algo de alguém
para mim se eu estou
para mim para mim
recebendo algo de alguém
20 se eu estou recebendo algo Estou fazendo um
para mim eu estou fazendo
de alguém para mim transplante
um transplante
21 eu estou fazendo um
transplante
o transplante geralmente é de 22 o transplante geralmente é
uma pessoa para outra é mais de uma pessoa para outra
por exemplo tem transplantes 23 é mais por exemplo tem
Transplante de uma pessoa
também que você faz com transplantes também
Doador 01 para a outra
pessoas rim que é de vivo 24 que você faz com pessoas
Vivo pra vivo
para vivo medula óssea é rim que é de vivo para vivo
você faz e sangue é a mesma 25 medula óssea é você faz e
coisa sangue é a mesma coisa
e transplante também é aquilo 26 e transplante também é
que você recebe né é o que aquilo que você recebe né
você recebe e o que você 27 é o que você recebe e o que Transplante também é
Doador 01
entrega é de um para o outro você entrega aquilo que você recebe
não de um do outro e do 28 é de um para o outro não de
outro para um um do outro e do outro para um
210
78 ah me dá uma satisfação
muito grande
ah me dá uma satisfação muito
79 saber que eu posso ajudar as
grande saber que eu posso ajudar
pessoas e
as pessoas e pessoas que têm uma Satisfação
80 pessoas que têm uma
Doador 05 necessidade que não tem culpa de Poder ajudar
necessidade 81 que não tem
passar por aquilo eu tendo como Ajuda ao próximo
culpa de passar por aquilo
ajudar isso para mim dar uma
82 eu tendo como ajudar isso
satisfação incrível
para mim dar uma satisfação
incrível
83 sim isso apesar deu achar
sim isso apesar deu achar que esse que esse sangue
sangue vai passar por uma 84 vai passar por uma
verificação antes de passar para verificação antes de passar Risco em receber
Doador 05 outra pessoa mas mesmo assim eu para outra pessoa Consciência
acho quem doa tem que ter essa 85 mas mesmo assim eu acho Preocupação
consciência essa preocupação não 86 quem doa
nenhum 87 tem que ter essa consciência
essa preocupação não nenhum
88 talvez tivesse eu imagino
89 que passe por um processo
talvez tivesse eu imagino que
90 assim de verificação
passe por um processo assim de
91 mas a gente fica assim
verificação mas a gente fica assim Processo de verificação
Doador 05 92 porque a gente sabe
porque a gente sabe que tem Sangue contaminado
93 que tem relatos de que
relatos de que acontece assim é
acontece assim
receber sangue contaminado
94 é receber sangue
contaminado
95 aí eu fui justamente no
hospital dos servidores
aí eu fui justamente no hospital 96 dali para lá
dos servidores dali para lá meu pai 97 meu pai também na época
também na época faleceu mas ele faleceu
Doador 06
precisou operar também no 98 mas ele precisou operar
hospital dos servidores aí precisou também no hospital dos
de doação de sangue e tinha eu servidores Necesidade da família
99 aí precisou de doação de
sangue e tinha eu
100 tinha um montão de gente
101 e aí foram essas coisas que
tinha um montão de gente e aí me motivaram
foram essas coisas que me 102 a importância de você doar
motivaram a importância de você sangue
Importância de doar
doar sangue para as pessoas o que 103 para as pessoas
Oportunidade para
Doador 06 significa acho que eu estou dando 104 o que significa acho que
quem precisa
uma oportunidade para as pessoas eu estou 105 dando uma
Necessidade do sangue
que precisam de sangue como oportunidade para as pessoas
vários hospitais aí que estão que precisam de sangue
precisando e não tem 106 como vários hospitais aí
que estão
precisando e não tem
230
107 eu acho que para aquela
pessoa ali
eu acho que para aquela pessoa ali 108 é uma às vezes aquela
é uma às vezes aquela pessoa ali se pessoa ali
ela não tiver a se ela souber a 109 se ela não tiver a
Doador 06 Importância da doação
importância de uma doação de 110 se ela souber a
sangue eu acho que para ele ali importância de uma doação de
que está recebendo sangue
111 eu acho que para ele ali
que está recebendo
112 eu acho que é a maior
satisfação de pensar
eu acho que é a maior satisfação
113 eu tanto fiz
de pensar eu tanto fiz e agora estou
114 e agora estou precisando Satisfação
Doador 06 precisando a pessoa que tem a
115 a pessoa que tem a Consciência
consciência de uma doação de
consciência de uma doação de
sangue que sabe o que é isso
sangue
116 que sabe o que é isso
117 po rapaz eu tenho até
vontade de doar sangue
po rapaz eu tenho até vontade de
118 ai eu falei então porque
doar sangue ai eu falei então
não doa
porque não doa ai ele ah não
Doador 06 119 ai ele ah não porque eu Difícil acesso
porque eu moro em campo grande
moro em campo grande
po vou sair daqui de campo grande
120 po vou sair daqui de
para doar sangue
campo grande para doar
sangue
121 ai eu queria saber
Doador 06: ai eu queria saber se 122 se em campo grande havia
em campo grande havia lugar de lugar de doar sangue
doar sangue não tem o hospital lá 123 não tem o hospital lá rocha Questionamento sobre
Doador 06
rocha faria porque não não não faria acesso fácil a doação
tem uma salinha lá para gente doar 124 porque não não não tem
sangue uma salinha lá para gente doar
sangue
125 dizem que o positivo serve
dizem que o positivo serve para
para todo mundo
todo mundo só só só para quem
126 só só só para quem tem o Conhecimento
Doador 06 tem o que não serve tem que ser o
que não serve Espero não precisar
negativo mesmo espero não
127 tem que ser o negativo
precisar
mesmo espero não precisar
128 como a minha mãe antes
de falecer
como a minha mãe antes de falecer
129 ela recebeu sangue foi
ela recebeu sangue foi preciso
preciso doação
doação mas sem receio nenhum
Doador 07 130 mas sem receio nenhum Necessidade da família
não é o seguinte eu conheço o
131 não é o seguinte
hospital da posse mas eu sempre
132 eu conheço o hospital da
dei preferência para doar aqui
posse mas eu sempre dei
preferência para doar aqui
133 eu fiquei até feliz né de
134 pode ajudar alguém
eu fiquei até feliz né de pode
135 sou cadastrado para doar
ajudar alguém sou cadastrado para
medula 136 caso precisar eu só
doar medula caso precisar eu só Feliz
não entendi
Doador 07 não entendi como pode ser raro um Poder ajudar
137 como pode ser raro um o
o positivo que é um sangue Doação de Medula
positivo 139 que é um sangue
comum eu vim até um sábado aqui
comum
de manhã não não interessante
140 eu vim até um sábado aqui
de manhã não não interessante
231
141 que eu sei que tem gente
142 que está precisando tem
que eu sei que tem gente que está gente
precisando tem gente que está 143 que está numa mesa de Necessidade do outro
numa mesa de cirurgia que está cirurgia 144 que está sem Necessidade do sangue
Doador 07
sem sangue o estoque do banco de sangue Estoque baixo
sangue está baixo muita gente não 145 o estoque do banco de Medo
vem com medo sangue está baixo
146 muita gente não vem com
medo
147 é não não só deu me
é não não só deu me machucar por machucar por exemplo
exemplo a eu dei um corte aqui 148 a eu dei um corte aqui está Sinais de muito
Doador 08 está sangrando muito eu sei que sangrando muito sangramento, o corpo
tenho que fazer a doação porque já 149 eu sei que tenho que fazer precisa doar
está na hora a doação
150 porque já está na hora
151 nesse caso aí não é por
causa disso mesmo
nesse caso aí não é por causa disso 152 por exemplo se eu me
mesmo por exemplo se eu me machucar e está sangrando
machucar e está sangrando muito muito
Machucado
Doador 08 porque daqui da doação daqui para 153 porque daqui da doação
Sangrando muito
4 meses se eu dar um cortezinho daqui para 4 meses
meu sangue não sai com tanta 154 se eu dar um cortezinho
frequência já percebi isso entendeu 155 meu sangue não sai com
tanta frequência
156 já percebi isso entendeu
157 sim só o fator sanguíneo
sim só o fator sanguíneo que é que é igual certo
igual certo precisa do outro para 158 precisa do outro para fazer Conhecimento
Doador 08 fazer a doação sim porque ele não a doação sim Necessidade do outro
sai tem todo um processo para 159 porque ele não sai tem Processo
poder fazer uma transferência todo um processo para poder
fazer uma transferência
160 é eu já trabalhei no banco
de sangue
é eu já trabalhei no banco de
161 não não sei tudo mas eu
sangue não não sei tudo mas eu sei
sei que tem várias composições
que tem várias composições e para
Doador 09 162 e para você tirar o que é Conhecimento
você tirar o que é específico para
específico
cada problema vamos dizer assim
163 para cada problema
para cada necessidade
164 vamos dizer assim para
cada necessidade
165 então só que cada
informação
então só que cada informação que 166 que a gente vem obtendo
a gente vem obtendo a gente sabe 167 a gente sabe da
Necessidade do outro
da necessidade que está né dessa necessidade que está né dessa
Doador 09 Coragem
doação muita gente precisando né doação
Nervosa
de doação então eu falei vou tomar 168 muita gente precisando né
coragem e vou estou nervosa de doação
169 então eu falei vou tomar
coragem e vou estou nervosa
depende da onde você doa 170 depende da onde você doa
depende porque exatamente por 171 depende porque
isso por eu ter trabalhado no banco exatamente
Doador 09 Preocupação
de sangue a gente sabe que tem 172 por isso por eu ter
algumas preocupações então trabalhado no banco de sangue
depende muito da onde e você está 173 a gente sabe que tem
fazendo essa doação não algumas preocupações
174 então depende muito da
onde e você está fazendo essa
doação não
232
175 doação é poderia ter
mudado NE
doação é poderia ter mudado né
176 para poder poderia chamar
para poder poderia chamar mais
mais Nem todos sabem a
tem pessoas que acham nem todo
Doador 09 177 tem pessoas que acham Importância
mundo sabe a importância que é né
Venci o Medo
então eu por exemplo venci o meu
medo né
178 nem todo mundo sabe a
importância que é né
179 então eu por exemplo
venci o meu medo né
180 eu sei a importância que é
eu sei a importância que é só que só que 181 eu tinha um medo
eu tinha um medo muito grande na muito grande na verdade
verdade era fobia mesmo eu tenho 182 era fobia mesmo eu tenho
Importância
Doador 09 pavor de fazer exame de sangue eu pavor
Medo
só faço realmente porque eu sei a 183 de fazer exame de sangue
necessidade de você fazer um 184 eu só faço realmente
check_up porque eu sei a necessidade de
você fazer um check_up
Fonte: Elaboração própria, 2020.
45 só de andar já é um esforço
só de andar já é um esforço
físico
físico eu saio daqui e às
46 eu saio daqui e às vezes eu vou
vezes eu vou andando para
andando para casa
Doador 01 casa eu moro no catete no Cuidados após a doação
47 eu moro no catete
flamengo eu vou andando por
48 no flamengo eu vou andando
dentro aqui é um esforço isso
por dentro
aí
49 aqui é um esforço isso aí
50 eu faço besteira mas nada de
eu faço besteira mas nada de
besteira que prejudique a mim e
besteira que prejudique a Se fizer besteira que
aos outros
mim e aos outros se prejudique a mim
Doador 01 51 se prejudicar prejudique só a
prejudicar prejudique só a Me sinto bem
mim
mim ah mas sei lá me sinto Esperança
52 ah mas sei lá me sinto bem
bem me sinto bem esperança
53 me sinto bem esperança
242
92 eu falei vó
eu falei vó eu faço exame
93 eu faço exame inclusive ela
inclusive ela é branquinha do
94 é branquinha do olho azul
olho azul eu sou a única neta
95 eu sou a única neta que tem
Doador 03 que tem olho azul da geração Geração em geração
olho azul
depois dela sou a única que
96 da geração depois dela sou a
sou igualzinha a ela mas
única que sou igualzinha a ela
ainda tem esse mito né
97 mas ainda tem esse mito né
98 solidariedade de empatia
solidariedade de empatia de 99 de companheirismo com o
companheirismo com o próximo
próximo ai tá vendo 100 ai tá vendo
Solidariedade
comprometimento isso sim e 101comprometimento isso sim
Empatia
assim a gente respondia eu 102 e assim a gente respondia
Doador 04 Comprometimento
respondia sem nenhum 103 eu respondia sem nenhum
Constrangimento com as
problema mas a enfermeira problema
perguntas
ao lado já perguntava e isso 104 mas a enfermeira ao lado já
já era constrangedor para perguntava
mim 105 e isso já era constrangedor
para mim
106 porque eu já respondi
porque eu já respondi ali no
107 ali no meu individual
meu individual não tinha
108 não tinha problema nenhum
problema nenhum responder
responder Eu já rerspondi individual
mas depois eu te que dialogar
Doador 04 109 mas depois eu te que dialogar E depois ter que dialogar
é um pouco desconfortável
110 é um pouco desconfortável é desconfortável
eu acho meio desconfortável
111 eu acho meio desconfortável
doador isso exato por um
112doador isso exato por um lado
lado sim
sim
113 de antissepsia
de antissepsia ali de 114 ali de esterilização
esterilização todo 115 todo procedimento
procedimento que foi 116 que foi passado no decorrer do
passado no decorrer do curso curso né Receio
Doador 04 né não foi bem tranquilo não 117 não foi bem tranquilo não eu Primeira vez foi tranquilo
eu já tive receio mas a já tive receio me senti confiante
primeira vez foi tudo 118 mas a primeira vez foi tudo
tranquilo e assim me senti tranquilo
confiante também 119 e assim me senti confiante
também
217 já me informaram já
já me informaram já ouvi 218 ouvi relatos de pessoas
já me informaram
relatos de pessoas que já 219 que já pegaram um tipo de
ouvi relatos de pessoas
pegaram um tipo de hepatite
que já pegaram um tipo de
Receptor 06 hepatite sim dos riscos sim 220 sim dos riscos sim
hepatite receio a gente
não não é receio né é assim 221não não é receio né
entrega na mão de deus
a gente entrega na mão de 222 é assim a gente entrega na
porque precisa
deus porque precisa mão de deus
223 porque precisa
224 não só hemácia
não só hemácia é a gente 225 é a gente não sabe
não sabe nem de quem vem 226 nem de quem vem Receio
na verdade não é um receio 227 na verdade não é risco que corre também
Receptor 06
né é um risco que corre 228 um receio né te ajuda mas você também
também te ajuda mas você 229 é um risco que corre também corre o risco
também corre o risco 230 te ajuda mas você também
corre o risco
231o que eu penso
o que eu penso ah o que eu 232 ah o que eu sei
sei é que eu penso é que vai 233 é que eu penso
me ajudar muito e assim 234 é que vai me ajudar
eu penso que vai me ajudar
Receptor 06 para que nada venha a 235 muito e assim
porque é muito risco
acontecer né assim não 236 para que nada venha a
pegar doença porque é acontecer né
muito risco 237 assim não pegar doença
238 porque é muito risco
239 o meu pai discutiu com a
o meu pai discutiu com a
minha mãe
minha mãe aí eu fui embora
240 aí eu fui embora para o
para o interior onde a
interior
minha família mora aí
Receptor 07 241 onde a minha família mora Tratamento
desse meio tempo eu não
242 aí desse meio tempo eu não
estava tratando aqui mais
estava tratando
não aí eu fui transferido
agora 243 aqui mais não
244 aí eu fui transferido agora
consigo é que geralmente 245 consigo é que geralmente uma
uma coisa que não venha coisa
da pessoa ou seja precisa de 246 que não venha da pessoa
precisa de outro
Receptor 07 outro para mim é um 247 ou seja precisa de outro
transplante
transplante igual ao 248 para mim é um transplante
transplante de órgão de 249 igual ao transplante de órgão
coração isso de coração isso
250 não eu só se eu tiver
não eu só se eu tiver oportunidade
oportunidade eu só quero 251 eu só quero agradecer
se eu tiver oportunidade
agradecer essas pessoas que 252 essas pessoas que pensam na
agradecer essas pessoas que
pensam na gente que somos gente
Receptor 07 pensam na outra não é fácil
falcêmicos porque não é 253 que somos falcêmicos
lidar com essa situação
fácil lidar com essa 254 porque não é fácil lidar com
gente
situação e também eu creio essa situação
que não é fácil tipo assim 255 e também eu creio
256 que não é fácil tipo assim
257 ai não sei muita gente tem
ai não sei muita gente tem
medo
medo quer vir mas desiste
258 quer vir mas desiste
assim eu já pesquisei sendo muita gente tem medo quer
Receptor 08 259 assim eu já pesquisei
que agora eu não sei te vir mas desiste
260 sendo que agora eu não sei te
explicar mas eu já pesquisei
na internet explicar
261mas eu já pesquisei na internet
Receptor 08 e cansada também não hoje 262 e cansada também Cansada
252
eu estou bem eu estou com 263 não hoje eu estou bem Medo
28 de hematócrito ah não 264 eu estou com 28 de
sei não sei mesmo claro faz hematócrito
medo já mas faz um tempo 265 ah não sei não
266 sei mesmo claro
267 faz medo
268 já mas faz um tempo
269 eu acho que esse ano não
eu acho que esse ano não 270 aconteceu não
aconteceu não fui para casa 271 fui para casa
Receptor 08 fui para casa
é fui uhum já então eu fiz 272 é fui uhum
né eu acho que sim não 273 já então eu fiz né
274 eu acho que sim não
275 não tenho medo de furar
não tenho medo de furar
276 não olha só por causa das
não olha só por causa das
vacinas das injeções
vacinas das injeções que eu
277que eu tomo uma é minha não tenho medo de furar
Receptor 09 tomo uma é minha esposa
esposa resseca as minhas veias
pode falar agora que ela
278 pode falar agora que ela está
está aqui resseca as minhas
aqui
veias
279 resseca as minhas veias
280 que é para poder é ajudar nada
que é para poder é ajudar
281 nada desligo fico vendo
nada nada desligo fico
televisão a doença é a morte
vendo televisão a doença é
Receptor 09 282 a doença é a morte é consequência da vida
a morte é consequência da
286 é consequência da vida se tiver que vir que venha
vida então eu não não tenho
287 então eu não não tenho
se tiver que vir que venha
288 se tiver que vir que venha
289 e o sangue é um condutor
e o sangue é um condutor
desse oxigênio que vem por dentro
desse oxigênio que vem por
das nossas vias
dentro das nossas vias sei
290 sei nada é igual a sócrates o sangue é um condutor
nada é igual a sócrates
291 quanto mais eu sei menos eu desse oxigênio que vem por
quanto mais eu sei menos
Receptor 09 sei dentro das nossas vias
eu sei assim é bom a gente
292 assim é bom conversar dialogar é uma
conversar ter adquirindo
293 a gente conversar ter coisa muito boa
alguma coisa conversar
adquirindo alguma coisa
dialogar é uma coisa muito
boa 294 conversar dialogar é uma coisa
muito boa
295 estou aqui desde os dois anos
estou aqui desde os dois
acho de idade
anos acho de idade é eu
296 é eu acho que vim para cá
acho que vim para cá eu estou aqui desde os dois
Receptor 10 297eu descobri com dois anos de
descobri com dois anos de anos acho de idade
idade
idade mas aqui eu não sei
298 mas aqui eu não sei
não tem bastante tempo
299 não tem bastante tempo
300 não não porque aqui eu acho
não não porque aqui eu
que eles
acho que eles quando dá né
301 quando dá né aqui faz o procedimento
Receptor 10 que tem muitas coisas faz o
302 que tem muitas coisas certinho
procedimento certinho
303 faz o procedimento certinho
então não
então não
que fala se a pessoa vier
com alguma doença para 304 que fala se a pessoa vier com
doar com algum vírus pode alguma doença se a pessoa vier com
passar através do sangue 305 para doar com algum vírus alguma doença doar com
Receptor 10
informa eles eu não sei 306 pode passar através do sangue algum vírus pode passar
quanto tempo dá a folha 307 informa eles eu não sei através do sangue
para a gente preencher dos 308 quanto tempo dá a folha para a
riscos gente preencher dos riscos
253
coisa né
163 só pedir ajuda mesmo
quando eu saio daqui você está 286 até a próxima vez né que eu vou melhorar
com uma sensação de força que 287quando eu saio daqui
eu estou que eu vou melhorar 288 você está com uma sensação
que eu vou ficar bom de força
289 que eu estou
290 que eu vou melhorar
291 que eu vou ficar bom
e não ter e ter que voltar
já aqui já chegar e não ter e ter 292 já aqui já chegar outro dia
que voltar outro dia e ficar 293 e não ter e ter que voltar e ficar ligando para ver
Receptor 04
ligando para ver se já chegou se 294 outro dia e ficar ligando se já chegou
tem 295 para ver se já chegou
296 se tem
297 o que acontece é que está
o que acontece é que está faltando doador
faltando doador mesmo está 298 mesmo está faltando a fonte
faltando a fonte não pode secar 299 não pode secar Falta de doadores
mas às vezes falta fica difícil é 300 mas às vezes falta A fonte não pode secar
Receptor 04
não não tem nem muita 301 fica difícil é não não tem Às vezes falta
necessidade não aconteceu 302 nem muita necessidade Fica difícil
muitas vezes só aconteceu nesse 303 não aconteceu muitas vezes
período todo umas 5 6 vezes 304 só aconteceu nesse período
todo umas 5 6 vezes
305 aí espera um tempo
306 e vem às vezes liga
aí espera um tempo e vem às
307 às vezes nem liga
vezes liga às vezes nem liga
308 olha por exemplo
olha por exemplo ontem eu
309 ontem eu deixe aqui
deixe aqui já deixei coletado e Espera pelo sangue
310 já deixei coletado
Receptor 04 vim hoje assim com aquela Coleta do sangue no dia
311 e vim hoje assim com aquela
sensação que teria com tanto anterior
sensação
que eu cheguei ali aí estava
312 que teria com tanto
liberado no sistema a minha
312 que eu cheguei ali
bolsa
313 aí estava liberado no sistema
314 a minha bolsa
315 você ia para a consulta
você ia para a consulta e quando 316 e quando você chegava
você chegava com a receita na 317 com a receita na farmácia
farmácia o remédio estava lá 318 o remédio estava lá todos
Consulta
Receptor 04 todos eles hoje em dia não tem eles
Falta de medicamentos
uma dipirona e quando tem é 319 hoje em dia não tem uma
para 5 dias e se você toma todo dipirona
dia de 3 320 e quando tem é para 5 dias
321 e se você toma todo dia de 3
322 ah eu vou doar sangue
ah eu vou doar sangue para 323 para você aí
Receptor 04 você aí eu falo gente não sou só 324 eu falo Necessidade do outro
eu que preciso tá bom 325gente não sou
326 só eu que preciso tá bom
327 às vezes às vezes
328 quando eu fico muito tempo
às vezes às vezes quando eu 329 sem receber
Fraqueza
fico muito tempo sem receber 330 eu me sinto fraca
Tontura
eu me sinto fraca mais tonta às 331 mais tonta às vezes
Receptor 05 Já fiquei 3 meses
vezes já ocorreu de eu ficar por 332 já ocorreu de eu ficar
esperando uma bolsa
exemplo três meses esperando 333 por exemplo três meses
compatível comigo
uma bolsa compatível comigo esperando
334 uma bolsa compatível
comigo
273
verem se arranjam colegas que 526 peço aos meus filhos peço aos meus filhos
possam vir entendeu doar 527 para poderem verem se para poderem verem se
porque eu sei da necessidade arranjam arranjam
528 colegas que possam vir sei da necessidade
entendeu
529 doar porque eu sei da
necessidade
530 ai você fica com a imunidade
muito mais baixa
ai você fica com a imunidade
531 ainda e as plaquetas ajudam
muito mais baixa ainda e as
532 você a ajudam o sangue imunidade muito mais
plaquetas ajudam você a ajudam
533 a te dar força né baixa
Receptor 09 o sangue a te dar força né oh às
534 oh às vezes a o sangue te dar força
vezes a o sangue eu sei que eu
535 eu sei que eu estou fraqueza nas pernas
estou precisando porque começa
precisando
nas pernas me dá uma fraqueza
536 porque começa nas pernas
537 me dá uma fraqueza
538 é e eu tenho e me dá uma
sonolência
é e eu tenho e me dá uma
539 você tem vontade só de
sonolência você tem vontade só Sonolência
dormir
Receptor 09 de dormir quando o sangue Vontade de dormir
quando ele está aí você vê que 540 quando o sangue
ela está lá em baixo 541 quando ele está
542 aí você vê que ela está lá em
baixo
543 os lábios ficam brancos
os lábios ficam brancos os
544 os lábios ficam brancos
lábios ficam brancos e aqui nos
545 e aqui nos olhos dá para ver os lábios ficam brancos
olhos dá para ver que fica tudo
546 que fica tudo branco também olhos dá para ver fica
Receptor 09 branco também normal apesar
547 normal apesar do que eu falei tudo branco também
do que eu falei que toda vez que
548 que toda vez que eu
eu chego pro doutor bernardo
549 chego pro doutor bernardo
ele fala
550 ele fala
551 e ai como nós estamos
552 eu falo que não estou
e ai como nós estamos eu falo sentindo aquelas dores
que não estou sentindo aquelas 553 hoje eu não estou sentindo
não estou sentindo
dores hoje eu não estou sentindo não
aquelas dores
Receptor 09 não mas aí ele vai ver lá no 554 mas aí ele vai ver lá no
coleta de sangue antes
exame porque quando eu chego exame
da consulta
de manhã eu tiro sangue coleto 555 porque quando eu chego de
sangue né manhã
556 eu tiro sangue
557 coleto sangue né
558 aí ele vê que as plaquetas
subiram até x
aí ele vê que as plaquetas
559 mas o senhor está com Médico vê os exames
subiram até x mas o senhor está
anemia Pede sangue
com anemia e eu vou tomar
Receptor 09 560 e eu vou tomar umas bolsas fortalecer o organismo
umas bolsas de sangue é
tirar a anemia
fortalecer o organismo né tirar a de sangue
561 é fortalecer o organismo né essa fraqueza
anemia essa fraqueza
562 tirar a anemia
563 essa fraqueza
564 engraçado que às vezes
engraçado que às vezes eu coletei o sangue cedinho
565 eu pergunto ele
pergunto ele como eu estou hoje eu me senti parecia que
566 como eu estou hoje
porque tem dias que você chega eu ia desmaiar
Receptor 09 567 porque tem dias
aqui uma vez eu cheguei aqui eu não sinto nada
568 que você chega aqui
cedinho coletei o sangue e corri não dá dores nas pernas
569 uma vez eu cheguei aqui
ali para entrada da principal ali
cedinho
278
615 eu me acostumei
616 porque é de 15 em 15 dias de 15 em 15 dias
eu me acostumei porque é de 15
617 então já tem tanto tempo já tem tanto tempo
em 15 dias então já tem tanto
618 que eu faço isso que eu faço isso
tempo que eu faço isso que já
Receptor 10 619 que já acostumei que já acostumei
acostumei não fico mais irritado
620 não fico mais irritado não fico mais irritado
de ficar assim esperando tanto
621 de ficar assim esperando de ficar assim esperando
tempo já acostumei já
622 tanto tempo
623 já acostumei já
Fonte: Elaboração própria, 2020.
cansado não estou com dor 212 hoje até que estou bem
213 me sentindo bem a
214 até não estou cansado
215 não estou com dor
216 já é a gente sabe
já é a gente sabe que não vai ter 217 que não vai ter às vezes
às vezes tem que voltar para 218 tem que voltar para casa não vai ter às vezes
Receptor 06 casa às vezes tem que ficar aí 219 às vezes tem que ficar aí tem que voltar para
depende de como você está 220 depende de como você está casa
entendeu é o que eu penso 221 entendeu
222 é o que eu penso
223 bom pela anemia falciforme
224 que eu tenho
bom pela anemia falciforme que
225 se não tivesse sangue
eu tenho se não tivesse sangue
226 eu acho que eu não estaria se não tivesse sangue
eu acho que eu não estaria aqui
Receptor 06 aqui eu acho que eu não
mais não a vida isso é começou
227 mais não a vida estaria aqui
na cabeça aí depois eu tomei
228 isso é começou na cabeça
polaramine e acabou
229 aí depois eu tomei polaramine
230 e acabou
231 pararam e foi assim
232 acabou isso não é
pararam e foi assim acabou isso
233 não chega a ser bem bem isso
não é não chega a ser bem bem não chega a ser bem
né
isso né porque já vi casos de isso
Receptor 06 234 porque já vi casos de
transplante assim até mesmo de é bem diferente
medula esses negócios e é bem transplante
diferente 235 assim até mesmo de medula
236 esses negócios
237 e é bem diferente
238 que eu não conheço essa
que eu não conheço essa pessoa pessoa eu não conheço essa
mas essa pessoa está fazendo a 239 mas essa pessoa está fazendo pessoa
semente e caridade e digamos 240 a semente e caridade essa pessoa está
Receptor 07
que a pessoa não recebe por isso 241 e digamos que a pessoa fazendo
e faz pela vontade própria não 242 não recebe por isso a semente e caridade
preferia receber preferia 243 e faz pela c a semente e caridade
244 não preferia receber preferia
245 até esqueci o nome
até esqueci o nome a minha 246 a minha esposa deve ter o
esposa deve ter o nome eu não nome
guardo nome de remédio eu sou 247 eu não guardo nome de
Receptor 09 Tomo umas injeções
horrível para guardar aí eu tomo remédio
umas injeções a é segundas 248 eu sou horrível para guardar
quartas e sextas 249 aí eu tomo umas injeções
250 a é segundas quartas e sextas
251 aí ela me diagnosticou
aí ela me diagnosticou me 252 me conhecia há muito tempo
conhecia há muito tempo e ela 253 e ela pediu para eu fazer uma
pediu para eu fazer uma radiografia do pulmão Demora no
Receptor 09 radiografia do pulmão aí eu me 254 aí eu me senti assim meio diagnóstico
senti assim meio fraco aí ela fraco Pneumologista
falou vamos ver se é alguma 255 aí ela falou
coisa do pulmão 256 vamos ver se é alguma coisa
do pulmão
a cada mês eu ia lá e ele ele me 257 a cada mês eu ia lá e ele
deu os remédios que eu tinha 258 ele me deu os remédios
que tomar e falou nós não vamos 259 que eu tinha que tomar Leucemia
Receptor 09
fazer nada de quimioterapia 260 e falou nós não vamos fazer Tratamento oral
nada disso a sua leucemia nós nada de quimioterapia
vamos fazer um tratamento oral 261 nada disso a sua leucemia
262 nós vamos fazer um tratamento
oral
285