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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UNIRIO

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE – CCBS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E BIOCIÊNCIAS –
PPGENFBIO

LEYLANE PORTO BITTENCOURT

TRANSPLANTE DE CÉLULAS VIVAS: SIGNIFICADOS DO CORPO QUE DOA E DO


CORPO QUE RECEBE SANGUE – UM “ACONTECIMENTO” NA CLÍNICA DE
CUIDAR DE ENFERMAGEM

RIO DE JANEIRO
2020
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UNIRIO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE – CCBS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E BIOCIÊNCIAS –
PPGENFBIO

LEYLANE PORTO BITTENCOURT

TRANSPLANTE DE CÉLULAS VIVAS: SIGNIFICADOS DO CORPO QUE DOA E DO


CORPO QUE RECEBE SANGUE – UM “ACONTECIMENTO” NA CLÍNICA DE
CUIDAR DE ENFERMAGEM

Tese submetida à avaliação da Banca de Defesa Final do


Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e
Biociências (PPGENFBIO), do Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde, da Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro como requisito parcial para obtenção do
título de Doutor em Ciências.

RIO DE JANEIRO
2020
LEYLANE PORTO BITTENCOURT

TRANSPLANTE DE CÉLULAS VIVAS: SIGNIFICADOS DO CORPO QUE DOA E DO


CORPO QUE RECEBE SANGUE – UM “ACONTECIMENTO” NA CLÍNICA DE
CUIDAR DE ENFERMAGEM

Tese submetida à avaliação da Banca de Defesa Final do


Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e
Biociências (PPGENFBIO), do Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde, da Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro como requisito parcial para obtenção do
título de Doutor em Ciências.

Aprovada em: / / .

Banca examinadora:

Profª. Drª. Nébia Maria Almeida de Figueiredo


Presidente – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO

Profª. Drª. Cintia Silva Fassarella


Primeira examinadora – Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ

Profª. Drª. Sílvia Teresa Carvalho de Araújo


Segunda Examinadora – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

Prof. Drº. Wiliam César Alves Machado


Terceira Examinadora – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO

Prof. Drª. Teresa Tonini


Quarta Examinadora – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO

Suplente:

Drª Marcella Martins Vasconcelos Vaena


Suplente – Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva – INCA

Prof. Drº. Carlos Roberto Lyra da Silva


Suplente – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO
DEDICATÓRIA

Dedico este estudo a todas as pessoas que


num simples ato de estender o braço doam
um pouco de si para ajudar ao próximo.
AGRADECIMENTOS

Obrigada a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para que este sonho fosse
realizado:

À Deus que me guiou em todos os momentos não me deixando desistir desse


sonho.
Aos meus pais, irmãos, cunhada e sobrinho que compreenderam a minha ausência
e momentos de solidão em frente ao computador para a concretização do trabalho, mantendo-
se na torcida e apoiando quando eu mais precisava.
Ao meu marido Felipe, que deixou de ter a minha presença em alguns momentos
sabendo que o motivo era a dedicação ao estudo.
Aos meus familiares, que sempre quiseram me ajudar de alguma forma. Em
especial, à minha tia Ritinha, que se manteve ao meu lado torcendo e vibrando a cada
conquista, além de me ajudar na digitação final da tese quando tudo parecia impossível e não
ter fim.
À minha queria orientadora, Drª. Nébia Maria Almeida de Figueiredo, que
acreditou na temática da pesquisa desde o início e se entregou de corpo e alma nas correções,
torcendo sempre para que o resultado fosse como estávamos sonhando e foi. Obrigada por
deixar todo esse processo mais leve.
Aos meus amigos de turma de doutorado, pela troca, discussões e apoio mútuo.
Em especial, a minha amiga Aline Sento Sé, que me ouviu muitas vezes e me apoiou em
diversos momentos.
Ao colega bibliotecário Raphael Chanca, pela sua ajuda em momentos cruciais
dessa pesquisa.
À professora Teresa Tonini, que me ajudou no início e ficou acompanhando,
mesmo que de longe, o andamento da pesquisa, na torcida para que tudo desse certo.
Às professoras Marcella Martins Vasconcelos Vaena, Cintia Silva Fassarella e
Sílvia Teresa Carvalho de Araújo que participaram da qualificação e defesa da tese, pelas
valorosas contribuições no desenvolvimento do estudo.
Ao professor Wiliam César Alves Machado por seus apontamentos na defesa do
estudo que enriqueceram o relatório final.
EPÍGRAFE

Porque não filosofia?

Sobre o “ACONTECIMENTO”: a base filosófica de SER e FAZER Hemotransfusão


(Gilles Deleuze)

Não há dúvidas de que a Enfermagem faz o cuidado acontecer como um EVENTO,


que dura 365 dias e noites intermináveis, no melhor que sabe fazer, seja em que área ou
especialidade atue! O sentido é AÇÃO-ACONTECER, uma filosofia de potência que tem
grandes batalhas interiores, onde se trava uma guerra com nós mesmos, não é uma guerrilha.
É estar acuado em todos os sentidos: na vida, no ensino, na prática, na política, do fazer.
ACONTECER que mantem uma linguagem direta com o que se diz das coisas e
como ação direta com o que se diz das coisas e com o que se faz das coisas. Como Gilles
Deleuze (2003, p.177) “em todo acontecimento há de fato um momento da efetuação (ato de
hemotransfusão e recepções de sangue que envolve enfermagem e seus clientes), aquele em
que o acontecimento se encarna num estado de coisas, um indivíduo, uma pessoa, aquele que
é designado quando se diz: pronto, chegou a hora” (de pensar numa clínica de transplante de
células vivas de enfermagem). Acontecimento PENSAR. Acontecimento ACONTECER (o
mundo).
Pensar doadores e receptores de sangue, que exige de nós pensar sobre a
hemotransfusão e por isso deve ter igualmente uma maneira de realizar a experiência, de
pensar o que há, é a experiência do ser.
Gostaríamos de explicar o que aconteceu na produção dessa tese e como vemos o
que escrevemos, só sabemos que criamos um “vínculo secreto” com ela em momentos de
alegria, de tristeza, até de detestá-la, e, depois, rir, ter prazer para encontrar aglutinações e
conexões.
Hoje, sentimos GOSTO, sabor mesmo, para cada um dos seus artigos ou capítulos
que escrevemos como um ACONTECIMENTO, teórico, metodológico e prático como se
fazer uma tese fosse simples dizer as coisas sobre HEMOTRANSFUSÃO, mas em toda ela
falamos de afetos, intensidades, experiências e experimentações.

Ass: “Nós”
BITTENCOURT, Leylane Porto. Transplante de células vivas: significados do corpo que
doa e do corpo que recebe sangue - um “acontecimento” na clínica de cuidar de
enfermagem. 2020. 291f. Tese (Doutorado em Ciências) - Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem e Biociências, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2020.

RESUMO

Introdução: A ótica de transfusão de sangue e transplante de células vivas tem interpretações


e significados diferentes, quando, ainda, não se considera o sangue como um órgão a ser
transplantado. Este estudo teve como objeto: os significados do corpo que doa e do corpo que
recebe sangue como um transplante de células vivas. Objetivos: I) Rastrear no encontro com
doadores e receptores de sangue quais são seus significados sobre transfusão de sangue ou
transplante de células vivas; II) Captar nas falas, gestos e comportamentos dos doadores e
receptores de sangue temas e linguagem corporal que possam indicar uma clínica de
enfermagem específica para o seu cuidado; III) Identificar o que é manifesto e latente em suas
falas ou expressões corporais que sejam indicadores de crenças, vivências e/ou
comportamentos que possam interferir em suas ações de doar e receber sangue; IV)
Apresentar uma Clínica de Enfermagem para cuidado ao transplantado de células vivas.
Método: Para a realização deste estudo foi utilizado o método da cartografia. Tal método
considera que a pesquisa é sempre uma intervenção, de rastrear, tocar, pousar e compreender.
O cenário foi um Instituto de Hematologia e Hemoterapia situado no município do Rio de
Janeiro. Os participantes da pesquisa foram 10 doadores de sangue e 10 clientes- receptores de
sangue. Os dados da pesquisa foram obtidos através da realização de quatro momentos: 1)
entrevista semiestruturada com o doador de sangue; 2) observação não participante do doador
durante a coleta de sangue; 3) entrevista semi-estruturada com o cliente-receptor de sangue; e
4) observação não participante do cliente-receptor no ato da transfusão de sangue. Os dados
foram coletados no período de abril a agosto de 2018 e tabulados para posterior análise
estatística. As entrevistas dos doadores e receptores foram transcritas e analisadas através da
Análise de Conteúdo de Bardin, e submetido ao software IRAMUTEQ que categoriza dados
advindos de relatos dos próprios participantes. Resultados: A tese foi dividida em artigos que
compuseram momentos de rastreio e análises, compreedendo estudo das legislações em
hemoterapia, revisão integrativa do conhecimento da enfermagem em doação e transfusão,
revisão integrativa dos motivos, significados, comportamentos e atitudes relacionados à
doação e transfusão. E os artigos finais com os dados da tese, que foram a categorização do
doador e cliente-receptor, e as 2 Pentalogias: Pentalogia do Doador e Pentalogia do Cliente-
Receptor. Conclusão: Desenha-se quatro elementos sobre o doar e receber sangue, que é o
sangue, conhecimento sobre ele e os clientes-receptores, além de motivações e riscos neste
processo, desenhando assim uma Clínica de Enfermagem de cuidados de doadores e clientes-
receptores de sangue que se fundamenta nos inconscientes dos envolvidos na
hemotransfusão/hemotransplante, que envolve sujeitos únicos e coletivos, que é sinuosa, que
deve motivar curiosidades diversas sobre os cuidados de enfermagem.

Descritores: Doadores de Sangue. Bancos de Sangue. Transfusão de Sangue. Células


Sanguíneas. Enfermagem.
BITTENCOURT, Leylane Porto. Living cell transplantation: meanings of the body that
donates and the body that receives blood - an "event" in the nursing care clinic. 2020. 291f.
Tese (Doutorado em Ciências) - Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências,
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2020.

ABSTRACT

Introduction: The perspective of blood transfusion and living cell transplantation has different
interpretations and meanings, when blood is still not considered as an organ to be
transplanted. This study had as its object: the meanings of the body that donates and the body
that receives blood as a transplant of living cells. Objectives: I) To track in the meeting with
blood donors and recipients what are their meanings on blood transfusion or living cell
transplantation; II) Capture in the speeches, gestures and behaviors of blood donors and
recipients themes and body language that may indicate a specific nursing clinic for their care;
III) Identify what is manifest and latent in their speeches or body expressions that are
indicators of beliefs, experiences and / or behaviors that may interfere with their actions of
donating and receiving blood; IV) Present a Nursing Clinic to care for the transplanted living
cell. Method: To carry out this study, the cartography method was used. Such a method
understands that research is always an intervention, to track, touch, land and understand. The
setting was an Institute of Hematology and Hemotherapy located in the city of Rio de Janeiro.
The survey participants were 10 blood donors and 10 blood recipient clients. The research
data were obtained through the realization of four moments: 1) semi-structured interview with
the blood donor; 2) non-participant observation of the donor during blood collection; 3) semi-
structured interview with the blood recipient; and 4) non-participant observation of the
recipient client at the time of blood transfusion. Data were collected from April to August
2018 and tabulated for further statistical analysis. Donor and recipient interviews were
transcribed and analyzed using Bardin's Content Analysis, and submitted to the IRAMUTEQ
software that categorizes data from the participants' own reports. Results: The thesis was
divided into articles that comprised moments of screening and analysis, comprising the study
of legislation in hemotherapy, an integrative review of nursing knowledge in donation and
transfusion, an integrative review of the reasons, meanings, behaviors and attitudes related to
donation and transfusion. And the final articles with the data of the thesis, which were the
categorization of the donor and client-recipient, and the 2 Pentalogies: Pentalogy of the Donor
and Pentalogy of the Client-Receiver. Conclusion: Four elements are drawn about donating
and receiving blood, which is blood, knowledge about it and the recipient clients, in addition
to the motivations and risks in this process, thus designing a Nursing Clinic for care of donors
and recipient clients. of blood that is based on the unconscious of those involved in blood
transfusion / blood transplantation, which involves unique and collective subjects, which is
sinuous, which should motivate different curiosities about nursing care.

Keywords: Blood Donors. Blood Banks. Blood transfusion. Blood Cells. Nursing.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Objetivos proposto para pesquisa 26


Quadro 1 Síntese da metodologia com o detalhamento de cada variedade da
pista dois do método cartográfico 34
Figura 2 Desenho do estudo e suas etapas 35
Figura 3 Mapa da Hemorrede do Rio de Janeiro 38
Figura 4 Organização da análise e resultados do corpus Doadores de sangue 45
Figura 5 Organização da análise e resultados do corpus Clientes-receptores de
sangue 45
Quadro 2 Quadro esquemático das Legislações consultadas 54
Quadro 3 Temas proveniente das Legislações 56
Figura 6 Painel Legislador 57
Figura 7 Fluxograma PRISMA 69
Tabela 1 Demonstração das variáveis dos artigos selecionados da categoria 01 70
Quadro 4 Quadro de demonstração dos artigos por População, Objetivo, Intervenção,
Nível de Evidência e Desfecho da categoria 01 70
Quadro 5 Temas proveniente dos artigos da categoria 01 72
Tabela 2 Demonstração das variáveis dos artigos selecionados da categoria 02 73
Quadro 6 Quadro de demonstração dos artigos por População, Objetivo, Intervenção,
Nível de Evidência e Desfecho da categoria 02 73
Quadro 7 Temas proveniente dos artigos da categoria 02 78
Gráfico 1 Distribuição das Unidades de Registros por temas das categorias
emergentes 79
Figura 8 Fluxograma PRISMA 91
Tabela 3 Demonstração das variáveis dos artigos selecionados da categoria 01 92
Quadro 8 Quadro de demonstração dos artigos por População, Objetivo, Intervenção,
Nível de Evidência e Desfecho da categoria 01 93
Quadro 9 Temas proveniente dos artigos da categoria 01 102
Tabela 4 Demonstração das variáveis dos artigos selecionados da categoria 02 103

Quadro 10 Quadro de demonstração dos artigos por População, Objetivo, Intervenção,


Nível de Evidência e Desfecho da categoria 02 104
Quadro 11 Temas proveniente dos artigos da categoria 02 105
Tabela 5 Demonstração da caracterização dos doadores entrevistados 114
Gráfico 2 Demonstração das faces dos doadores na coleta do sangue 116
Tabela 6 Tabela representativa dos gestos, movimentos corporais, observados pela
pesquisadora durante a coleta do sangue nos doadores 117
Figura 9 Quantificação dos vocábulos das entrevistas dos Doadores 118
Figura 10 Demonstração das ocorrências dos vocábulos mais frequentes da
entrevista dos doadores 119
Figura 11 Dendograma 01 das classes dos doadores fornecidas pelo software
IRAMUTEQ 120
Figura 12 Dendograma 02 das classes dos doadores fornecidas pelo software
IRAMUTEQ 121
Figura 13 Análise Fatorial por Correspondência das classes dos doadores fornecidas
pelo software IRAMUTEQ 122
Figura 14 Nuvem de palavras dos doadores fornecidas pelo software IRAMUTEQ 123
Figura 15 Dendograma 01 das classes dos doadores fornecidas pelo software
IRAMUTEQ 134
Figura 16 Dendograma 02 das classes dos doadores fornecidas pelo software
IRAMUTEQ 135
Figura 17 Principais temas da Logia 01 do Doador de sangue 136
Figura 18 Principais temas da Logia 02 do Doador de sangue 137
Figura 19 Principais temas da Logia 03 do Doador de sangue 138
Figura 20 Principais temas da Logia 04 do Doador de sangue 139
Figura 21 Principais temas da Logia 05 do Doador de sangue 140
Tabela 7 Demonstração da caracterização dos clientes-receptores entrevistados 152
Gráfico 3 Demonstrativo das faces dos clientes-receptores na infusão do sangue 153
Tabela 8 Tabela representativa dos gestos, movimentos corporais, observados pela
pesquisadora durante a infusão do sangue nos clientes-receptores 154
Figura 22 Quantificação dos vocábulos das entrevistas dos Clientes-receptores 155
Quadro 21 Demonstração das ocorrências das palavras plenas mais frequentes da entrevista
dos clientes-receptores 156
Figura 23 Dendograma 01 das classes dos clientes-receptores fornecidas
pelo software IRAMUTEQ 157
Figura 24 Dendograma 02 das classes dos clientes-receptores fornecidas
pelo software IRAMUTEQ 158
Figura 25 Análise Fatorial por Correspondência das classes dos doadores
fornecidas pelo software IRAMUTEQ 159
Figura 26 Nuvem de palavras dos doadores fornecidas pelo software IRAMUTEQ 160
Figura 27 Dendograma 01 das classes dos clientes-receptores fornecidas
pelo software IRAMUTEQ 170
Figura 28 Dendograma 02 das classes dos clientes-receptores fornecidas
pelo software IRAMUTEQ 171
Figura 29 Principais temas da Logia 01 do Cliente-Receptor de sangue 172
Figura 30 Principais temas da Logia 02 do Cliente-Receptor de sangue 173
Figura 31 Principais temas da Logia 03 do Cliente-Receptor de sangue 174
Figura 32 Principais temas da Logia 04 do Cliente-Receptor de sangue 175
Figura 33 Principais temas da Logia 05 do Cliente-Receptor de sangue 176
Figura 34 Artigos do rastrear 181
Quadro 22 Quadro esquemático na análise de conteúdo das Legislações 181
Quadro 23 Quadro esquemático da análise de conteúdo dos 05 artigos sobre Doador 182
Quadro 24 Quadro esquemático da análise de conteúdo dos 25 artigos sobre Receptor 182
Quadro 25 Quadro esquemático da análise de conteúdo dos 29 artigos sobre ser Doador 183
Quadro 26 Quadro esquemático da análise de conteúdo dos 29 artigos sobre ser Cliente -
Receptor 184
Figura 35 Artigos da produção dos dados 184
Figura 36 Figura encontro do doador e cliente-receptor 186
Figura 37 Clínica de Enfermagem de Transplante de Células Vivas 187
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 17
1.1 Da temática a problemática 17
1.2 Justificativa 26
1.3 Desenho da tese 28
2 A CARTOGRAFIA METODOLOGIA DA TESE E DOS ARTIGOS 30
2.1 Sobre a Cartografia 30
2.2 Seleção da pista do método 31
2.3 Desenho do estudo no método cartográfico 34
2.3.1 Aspectos éticos 35
2.3.2 Critérios de inclusão e exclusão dos participantes 36
2.3.3 O Território: RASTREIO 37
2.3.4. TOQUE E POUSO 39
2.3.5 Organização dos dados, análise e tratamento: RECONHECIMENTO 41
3 ARTIGO 1 - TRANSPLANTE DE CÉLULAS VIVAS: UM OLHAR SOBRE AS
LEGISLAÇÕES INSTITUÍDAS SOBRE TRANSPLANTE, DOAÇÃO E
TRANSFUSÃO DE SANGUE 46
3.1 Introdução 46
3.2 Objetivos 48
3.3 Método 48
3.4 Fundamentações Teóricas 49
3.4.1 Legislações de Hemoterapia e Transplantes 49
3.5 Resultados 53
3.6 Discussão 57
3.7 Conclusão 60
4 ARTIGO 2 – HEMOTERAPIA: CONHECIMENTOS E PRÁTICAS DA
EQUIPE DE ENFERMAGEM AO DOADOR E RECEPTOR DE SANGUE –
UMA BASE DE DADOS 62
4.1 Introdução 63
4.2 Objetivo 66
4.3 Método 66
4.4 Resultados 68
4.4.1 Categoria 1 – Conhecimentos e práticas da equipe de Enfermagem para o doador de
sangue: capacitação e legislação 70
4.4.2 Categoria 2 – Conhecimentos e práticas da equipe de enfermagem para o receptor de
sangue: treinamento e conhecimento 72
4.5 Discussão 79
4.6 Conclusão 81
5 ARTIGO 3 – AS MOTIVAÇÕES, SIGNIFICADOS, SENTIMENTOS,
COMPORTAMENTOS E ATITUDES DE SER DOADOR E RECEPTOR DE
SANGUE 83
5.1 Introdução 84
5.2 Objetivos 87
5.3 Método 88
5.4 Resultados e Discussão 90
5.4.1 Categoria 1: Motivações, significados, sentimentos, comportamentos e atitudes dos doadores
de sangue 92
5.4.2 Categoria 2: Significados, sentimentos, comportamentos e atitudes dos receptores de
sangue 103
5.5 Conclusão 106
6 ARTIGO 4 – O SER DOADOR DE SANGUE E VÍNCULOS COM A VIDA:
ASPECTOS DA DIMENSÃO HUMANA 107
6.1 Introdução 107
6.2 Objetivos 110
6.3 Método 110
6.4 Participantes e critério de seleção 111
6.5 Procedimentos de coleta de dados 111
6.6 Procedimentos de análise de dados 112
6.7 Resultados 113
6.7.1 Diário de campo 113
6.7.2 Caracterização do perfil dos Doadores de sangue 114
6.7.3 Caracterização da face, linguagem, gestos e movimentos corporais 116
6.7.4 Dados do IRAMUTEQ: Lexicometria, Dendograma, Análise Fatorial e Nuvem de
Palavras 118
6.8 Discussão 123
6.9 Conclusão 125
7 ARTIGO 5 - DOAR É SENTIR: A POSIÇÃO DOS DOADORES SOBRE A
DOAÇÃO – ELEMENTOS INDICATIVOS DE UMA CLÍNICA DE
ENFERMAGEM (TRANFUSIONAL) 127
7.1 Introdução 128
7.2 Objetivos 130
7.3 Método 130
7.4 Participantes e critério de seleção 131
7.5 Procedimentos de coleta de dados 131
7.6 Procedimentos de análise de dados 132
7.7 Resultados 133
7.7.1 Subcorpos A 136
7.7.1.1 LOGIA 01: Aproximações da doação e transfusão de sangue com o transplante de
células vivas 136
7.7.1.2 LOGIA 02: Reações no corpo e riscos visualizados pelo doador de sangue 137
7.7.1.3 LOGIA 03: Relevância do ato da doação sob a ótica do doador de sangue 138
7.7.2 Subcorpos B 139
7.7.2.1 LOGIA 04: Motivações e impedimentos à realização da doação de sangue 139
7.7.2.2 LOGIA 05: Significados e sentidos à doação de sangue 140
7.8 Discussão 141
7.9 Conclusão 143
8 ARTIGO 6 - O SER RECEPTOR DE SANGUE: RECEBENDO A VIDA 145
8.1 Introdução 146
8.2 Objetivos 147
8.3 Método 148
8.4 Participantes e critério de seleção 149
8.5 Procedimentos de coleta de dados 149
8.6 Procedimentos de análise de dados 150
8.7 Resultados 151
8.7.1 Diário de campo 151
8.7.2 Caracterização do perfil dos Clientes-Receptores de sangue 152
8.7.3 Caracterização da face, linguagem, gestos e movimentos corporais 153
8.7.4 Dados do IRAMUTEQ: Lexicometria, Dendograma, Análise Fatorial e Nuvem de
palavras 155
8.8 Discussão 161
8.9 Conclusão 161
9 ARTIGO 7 - RECEBENDO A VIDA: A PENTALOGIA DO SANGUE COMO
TERAPIA REAL E SUBJETIVA 163
9.1 Introdução 163
9.2 Objetivos 165
9.3 Método 166
9.4 Participantes e critério de seleção 166
9.5 Procedimentos de coleta de dados 167
9.6 Procedimentos de análise de dados 168
9.7 Resultados 169
9.7.1 SUBCORPUS A 171
9.7.1.1 LOGIA 01: REAÇÕES do RECEBER a VIDA: Medos e angústias relacionados à
transfusão de sangue 171
9.7.1.2 LOGIA 02: RECEBENDO a VIDA que me SALVA: o significado para clientes-
Receptores 173
9.7.1.3 LOGIA 03: NECESSIDADES de saber sobre o SANGUE: sintomas e emoções,
significando o DOAR 173
9.7.2 SUBCORPUS B 174
9.7.2.1 LOGIA 04: REAÇÕES do RECEBER a VIDA: sinais no corpo e os riscos
visualizados pelo receptor de SANGUE 174
9.7.2.2 LOGIA 05: PROCESSO de TRATAMENTO como TRANSPLANTE de células
VIVAS: uma clínica DEVIR CUIDADO com doadores e clientes-receptores 175
9.8 Discussão 176
9.9 Conclusão 179
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS – O ENCONTRO DE QUEM DOA E DE QUEM
RECEBE SANGUE E A PROPOSTA DE UMA CLÍNICA DE ENERMAGEM DE
TRANSPLANTE DE CÉLULAS VIVAS 181
10.1 O ENCONTRO DO DOADOR COM O CLIENTE-RECEPTOR DE
SANGUE 185

10.2 CLÍNICA DE ENFERMAGEM de Transplante de Células Vivas 187

REFERÊNCIAS 191
APENDICE A Instrumento de coleta de dados – Entrevista com o doador
de sangue 198
APENDICE B Instrumento de coleta de dados – Entrevista com o cliente-
receptor de sangue 199
APENDICE C Instrumento de coleta de dados – check list observacional
do ato da doação de sangue 200
APENDICE D Instrumento de coleta de dados – check list observacional
do ato da transfusão de sangue / transplante de células vivas 204
APENDICE E Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do doador de sangue 207
APENDICE F Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do cliente-
receptor de sangue 208
APÊNDICE G Quadros de Análise de Conteúdo da Pentalogia do Doador de
sangue 209
APÊNDICE H Quadros de Análise de Conteúdo da Pentalogia do Cliente-receptor
de sangue 247

ANEXO 1 Parecer Consubstanciado de Aprovação do Comitê de


Ética em Pesquisa UNIRIO 288
ANEXO 2 Parecer Consubstanciado de Aprovação do Comitê
de Ética em Pesquisa HEMORIO 292
17

1 INTRODUÇÃO

1.1 Da temática a problemática

Aparentemente, falar de hemotransfusão ou transfusão de sangue não é novidade,


porque de modo geral, tanto profissionais da saúde, como doadores e clientes-receptores de
sangue sabem o que significa. Visto que, é uma terapia amplamente utilizada na prática
clínica, que presta suporte a diversas morbidades orgânicas, sendo realizada por diversos
profissionais de saúde qualificados e especializados, desde a captação de doadores de sangue,
até após o ato transfusional, a fim de sua efetivação isenta de riscos e com qualidade.
Sabe-se que o sangue é um tecido líquido composto de células sanguíneas, imerso num
líquido chamado plasma. Este é um elemento vital ao homem e imprescindível à manutenção
da vida, possuindo elementos constitutivos que beneficiam o indivíduo no qual é
hemotransfundido. Essa transfusão de sangue para alguns autores, é um transplante de órgãos
que envolve adaptação do receptor, riscos, bem como inúmeros benefícios ao mesmo (LIMA;
MAGALHÃES; NAKAMAE, 1997; GUYTON; HALL, 2006).
A utilização do sangue constitui um método terapêutico que há longa data, tem
contribuído para a evolução da medicina e para a resolução de situações clínicas que, sem a
sua administração, seriam irreversíveis. Ainda que novos desenvolvimentos de tratamentos de
saúde venham apresentando expressivos progressos, não se encontrou como substituir o
sangue humano para fins terapêuticos, necessitando primariamente da doação de sangue.
Podendo caracterizar assim, um transplante de doador vivo para um cliente-receptor vivo.
Sendo assim, este saber quando aprofundado neste estudo e sustentado numa
CLÍNICA do CORPO que DOA e o CORPO que RECEBE o sangue, mudará sua nova
definição para TRANSPLANTE DE CÉLULAS VIVAS, fazendo-se compreender que um
corpo vivo DOA parte de seu corpo para que o outro corpo vivo a RECEBA. No qual,
também, se encontram os aspectos sensíveis e subjetivos desconhecidos para os envolvidos:
profissionais, doador e cliente-receptor.
O transplante de células vivas, aqui dito, refere-se ao transplante de partes específicas
do sangue, dos quais o cliente-receptor realmente necessita, opondo-se atualmente ao uso do
sangue total. Este uso racional e seletivo visa beneficiar vários clientes-receptores, bem como
otimizar os estoques dos serviços de Hemoterapia, sendo assim realizado mediante a análise
do hemograma e exames de coagulação prévio do paciente (BRASIL, 2014).
18

Diversos clientes, seja pela sua patologia, seu estado clínico, necessitam deste suporte,
principalmente para a manutenção de sua estabilidade. É um tipo de terapia que tem se
mostrado muito eficaz em algumas situações como: choque, hemorragias, doenças
sanguíneas, anemias, dentre outras. Além de ser muito importante como suporte na realização
de tratamentos, como os transplantes, quimioterapias, radioterapias e diversas cirurgias.
Todo transplante se caracteriza pela transferência de células, tecidos e órgãos vivos
com a finalidade de restabelecer uma função perdida. De modo geral, há dois tipos de
transplantes: o autólogo, cujas células, tecidos ou órgãos são retirados da própria pessoa e
implantados em um local diferente do corpo em tempo distinto; e o alogênico, que
compreende a retirada de material de outra pessoa (doador) para ser implantada no cliente
(receptor) (MENESES, 2014).
A maioria dos transplantes são realizados com a utilização de órgãos de indivíduos
que morreram recentemente, embora em alguns casos o material possa ser retirado de um
doador vivo, o que oferece um risco bem menor ao receptor. Contudo, nem sempre é possível
encontrar um doador vivo e nem todos os órgãos do corpo podem ser retirados. Sendo assim,
não é isento de riscos, podendo ocorrer complicações severas, durante e/ou após o
procedimento (MENESES, 2014).
A ideia de transplante de células vivas traz, também, embutido nela algo mais
arriscado e complexo, tanto para o corpo que doa como para o corpo que recebe o “órgão”, no
caso, o sangue. Transplante, nem sempre é tão seguro e que pode ser rejeitado no corpo que o
recebe, enquanto que o outro corpo doa parte de seu órgão e, também não sabe as
consequências deste ato de doar, a curto e longo prazo.
Na concepção de Rudolf Steiner, filósofo croata, fundador da medicina antroposófica,
segundo o qual o sangue é o órgão responsável pela manutenção da vida do corpo físico do
ser humano e demais mamíferos, pois, através da inspiração respiratória, nossos alvéolos
captam oxigênio e fluidos que alimentam e nutrem os demais órgãos e sistemas corporais.
Nosso PORTAL aberto a nos integrar com a natureza e com o cosmos, e seus elementos
materiais e imateriais (STEINER, 1991).
Assim, a transfusão de sangue ou transplante de células vivas pode salvar mais vidas,
entretanto a ocorrência de um erro neste processo pode comprometê-la, por isso todos os
profissionais envolvidos devem ter comprometimento com a segurança, a fim de criar
barreiras de proteção e cuidado para evitá-lo.
É nestes dois limites “DOAR e RECEBER” o “órgão sangue” que são emergem
preocupações fundamentais como profissionais de Hemoterapia e da encruzilhada que esta
19

ação nos coloca que é o problema de pesquisa. Pode-se afirmar que existe uma clínica própria
de Enfermagem para o ato de hemotransfundir para além do olhar, e dos atos de enfermagem
de selecionar sangue, identificar, acondicionar, e sim, uma clínica para quando transplantar o
sangue?
O significado de transfusão de sangue e transplante de células vivas tem interpretações
diferentes, quando, ainda, não se considera o sangue como um órgão a ser transplantado, até
mesmo porque não depende da morte de ninguém. Enquanto os outros tipos de transplantes
como: coração, fígado, pulmão, rins, dependem de que seus doadores morram ou se
submetam a técnicas mais invasivas, como cirurgias (transplante de medula óssea e pele), que
também os expõe a novos riscos.
Apesar de tantos discursos e orientações para assumir que existe uma clínica própria
da Enfermagem com um conhecimento e prática própria da Enfermagem ainda é um desafio.
No plano da linguagem conceitual saber o que é uma Clínica de Enfermagem, como conjunto
de intervenções do cuidar do outro que se dá a partir do pacto integral e simbólico, da minha
vida em você e da sua vida em mim, sendo uma doação e recepção de vidas.
O fazer da Enfermagem parece mais claro porque ele se objetiva através de atos,
processos e procedimentos de cuidar, dispensados a um corpo ativo, livre e político que tem
direitos de saber o que é de fato retirar parte de seu corpo para o outro (doador de sangue x
cliente-receptor de sangue), que não conhece um ato puramente altruísta.
Segundo Foucault (1963) a clínica de enfermagem, envolve o OLHAR e ESCUTAR.
O olhar clínico sistematiza-se num conjunto de discursos, sobretudo, e edifica-se numa
linguagem de aprendizagem sobre o corpo, com descoberta estruturada, codificada nas
doenças, quando se acredita que o ponto crucial trata questões sobre espaço, linguagem,
abordagem do olhar e a morte.
O olhar clínico estrutura-se verdadeiramente como uma linguagem: na clínica, como
na análise, a armadura do real é desenhado a partir do modelo de linguagem. O autor refere
que no século XIX os médicos descreveram o que permaneceu invisível durante séculos, não
porque eles se voltaram para a tarefa de perceber, após ter por muito tempo, especulado ou
estudado, mais é melhor, a razão do que a imaginação, é a relação entre o visível e o invisível,
necessária a todo saber concreto que mudou de estrutura e fez parecer sob o olhar e na
linguagem, o que, estava justamente além e aquém de seu domínio. Entre as palavras e as
coisas, uma aliança nova germinou, fazendo ver e dizer e, às vezes, num nível mais arcaico e
racionalizado, como se tratasse de um retorno a um olhar (FOUCAULT, 1963).
20

De fato, perceber, decodificar e interagir neste chamado plano relacional


micromolecular, onde os doadores de sangue e os clientes-receptores de sangue com suas
marcas subjetivas entram em íntimo contato e são incididos de todos os ângulos por forças do
mundo, certamente perpassa por este estudo, e assim pela transfusão de sangue ou transplante
de células vivas, meu sangue em seu corpo, seu corpo em mim.
Neste âmbito, o corpo é retratado como um objeto criador de técnicas e tecnologias na
atenção em saúde e está presente em qualquer ato de cuidar, ofertando ou recebendo cuidados,
produtor de representações e subjetividades. Sendo assim, o corpo está presente como o corpo
da química – biologia da vida – e o corpo dos sentimentos – biologia do sentir a vida
(FIGUEIREDO et al, 2009).
Assim, o cuidar na enfermagem envolve a interação do enfermeiro com o cliente,
refletido pela sensibilidade no tocar, no olhar, no saber sentir e captar as emoções de quem
cuida, buscando desenvolver atitudes e espaços de verdadeiro encontro intersubjetivo. Não
necessita de uma tecnologia, mas do entendimento de que o cuidar é transcendente aos
cuidados físicos, pois os seres humanos apresentam individualidades complexas, seus
significados e seus valores que o paradigma biomédico não elucida (FIGUEIREDO et al,
2009).
O cuidado compreende uma atuação complexa, envolvendo o processo saúde-doença e
não meramente os conceitos abstratos, e passa pelas relações existentes, pela
intersubjetividade. Para Rolnik (2003) a subjetividade, nos cenários de cuidado é entendida
como um laboratório vivo onde universos se criam e outros se dissolvem, como desenho de
uma forma ou como campo de forças, os quais por sua vez dependem da ativação de
diferentes potências da subjetividade.
Pensa-se, portanto, num cuidado clínico, móvel, processual, capaz de lidar com as
pluralidades do cotidiano. Assim, os diferentes níveis de percepção e realidade conduzem à
uma perspectiva paradigmática da complexidade, de modo que a arte, a política, a ciência, a
religião, a economia, a cultura se entrelacem num mesmo espaço e tempo vivenciados
(TEIXEIRA; BARBOSA; SILVA, 2014).
O acontecimento de enfermagem ocorre no momento em que se instalam as situações
de doar, transplantar e cuidar. Que para Deleuze (ZOURABICHVILI, 2004) é no sentido que
é do acontecer, o acontecimento pertence assim, essencialmente à linguagem, mas a
linguagem é o que se diz das coisas.
Para Deleuze, todo o acontecimento se encontra num estado de coisas, um indivíduo,
uma pessoa, aquele que é designado quando se diz: pronto, chegou a hora, e o futuro e o
21

passado do acontecimento só são julgados em função desse presente definitivo do ponto de


vista daquele que o encontra. O passado e o futuro do acontecimento tomado em si mesmo,
que se esquiva todo presente porque está livre das limitações de um estado de coisas, sendo
impessoal e pré-individual (ZOURABICHVILI, 2004).
Neste contexto de cuidado / acontecimento que se enquadra o serviço de Hemoterapia,
que é composto de grandes e importantes etapas, que envolvem diversos atores e saberes, são
elas: captação de doadores, triagem clínica de candidatos a doação, doação de sangue,
fracionamento, sorologia, imunohematologia, distribuição do sangue e, finalmente, a
transfusão de sangue, que são processos de fazer e atualmente padronizados pela Resolução nº
34 de 2014 que dispõe sobre as boas práticas no ciclo do sangue (BRASIL, 2014).
Todas as etapas exigem dos profissionais de saúde envolvidos, ações em atenção às
múltiplas vertentes simultaneamente, que contemplem os problemas específicos em
articulação ao meio ambiente, às intervenções terapêuticas, tecnologias e recursos disponíveis.
Com isso, para realizá-lo com segurança, cada profissional depende não só de seus próprios
conhecimentos e habilidades, mas também dos conhecimentos e habilidades de toda a equipe
e da eficiência do sistema.
Segundo a Portaria de Consolidação nº 05 de 2017 que redefine o regulamento técnico
dos procedimentos hemoterápicos, tanto a triagem clínica de doadores de sangue quanto a
transfusão de sangue deve ser realizada por profissional de saúde devidamente treinado, além
de possuir protocolos a serem seguidos, e ter uma formação contínua, com o principal
objetivo de melhorar a qualidade e a segurança do cliente, evitando danos (BRASIL, 2017).
Evidenciando assim, não ter na legislação uma postura objetiva de qual profissional de saúde
deve exercer tais atividades.
A doação de sangue e a transfusão de sangue devem ser executadas em condições
seguras e com recursos necessários para atender as intercorrências que possam ocorrer,
devendo ser realizadas e monitoradas por uma equipe de profissionais treinados e capacitados,
garantindo a qualidade e segurança dos procedimentos (BRASIL, 2017). A transfusão de
sangue ou transplante de células vivas começa com a avaliação clínica do paciente que
culmina numa prescrição médica e a sua instalação e monitoramento durante a infusão são
atividades realizadas na maioria dos serviços de saúde pela equipe de enfermagem.
Assim, os profissionais de Enfermagem exercem um papel fundamental na segurança
deste processo. Eles, não apenas realizam as transfusões de sangue ou transplante de células,
mas também devem conhecer as suas indicações, providenciar a checagem de dados
importantes na prevenção de erros, orientar os clientes, detectar, comunicar e atuar no
22

atendimento das reações e documentar todo o processo, que vai desde a coleta de amostra
para os testes pré-transfusionais, atendimento pré e pós transfusionais. A atuação destes
profissionais pode minimizar significativamente os riscos do cliente e evitar danos, se o
gerenciamento destes processos ocorrerem com a eficiência necessária (FERREIRA, et al
2007).
Há de se considerar que o ato da doação de sangue e da transfusão de sangue ou
transplante de células vivas, e suas intervenções ainda não é uma linguagem habitual na
enfermagem como um todo, mesmo sendo orientado pelo COFEN pela resolução 629 de 2020
que aprova e atualiza a Norma Técnica que dispõe sobre a atuação de Enfermeiros e Técnicos
de Enfermagem em Hemoterapia (BRASIL, 2020). Além disto, existem locais de captação do
sangue, doação, preparo e transfusão que são realizados por técnicos de hemoterapia,
biólogos, farmacêuticos, biomédicos e médicos, caracterizando assim, pontos obscuros nessa
prática.
Na Resolução compete aos Enfermeiros: planejar, executar, coordenar, supervisionar e
avaliar os procedimentos de hemoterapia nas unidades de saúde, visando assegurar a
qualidade do sangue, hemocomponentes e hemoderivados. E as atribuições dos Técnicos de
Enfermagem serão desenvolvidas sob a supervisão e orientação do enfermeiro responsável
técnico do serviço ou setor de hemoterapia (BRASIL, 2020).
Para essa prática, a equipe de enfermagem necessita de conhecimento e habilidades
com relação à esta terapêutica, com o intuito de manter a segurança em todo o processo na
administração das células sanguíneas, seja ele qual for: concentrado de hemácias, concentrado
de plaquetas, plasma fresco congelado, crioprecipitado, respeitando seus limites, vias de
administração, seus cuidados pré, trans e pós transfusão, obtendo conhecimento específicos
sobre cada um desses hemocomponentes (BRASIL, 2015).
Entretanto, este ato, ainda, não é bem compreendido, que exige uma clínica de
enfermagem, pois parece apenas com o ato de instalar a “bolsa de sangue” e ficar atento a
reações do corpo com sinais e sintomas, ou então, checar números e a guardar bolsas de
sangue.
Vários fatores podem contribuir para aumentar as chances do cliente-receptor
experimentar uma complicação relacionada a transfusão/transplante, as chamadas reações
transfusionais, imediatas, ocorrida durante a transfusão, ou até 24 horas após, e tardia ocorrida
após 24 horas da transfusão (BRASIL, 2015).
Embora algumas reações sejam inevitáveis, a maioria das reações fatais é atribuída ao
erro humano, como por exemplo, a transfusão de sangue ABO incompatível, a chamada
23

reação transfusional hemolítica aguda. Além disto, o uso de equipamentos inadequados, as


soluções endovenosas incompatíveis, os procedimentos inadequados e erros ou omissões por
parte da equipe que presta cuidados aos clientes, são alguns casos que podem levar ao agravo
do cliente (FERREIRA et al, 2007).
Dentre as reações imediatas estão as hemolíticas agudas, as anafiláticas, as febris não
hemolíticas, as complicações pulmonares, o desequilíbrio eletrolítico, as sepses bacterianas, a
sobrecarga de volume, a hipotermia. E as tardias, podem ser a doença do enxerto versus
hospedeiro, a aloimunização, a sobrecarga de ferro, a imunossupressão e as doenças
transmissíveis pelo sangue, como AIDS, Hepatite, Doença de Chagas, Sífilis, entre outras.
Podem estar relacionadas ao tipo de componente que está sendo transfundidos, as
características do cliente e suas condições clínicas (BRASIL, 2015).
Esta é uma questão de decisão e nos coloca diante de diversos riscos tanto para o
doador de sangue quanto para o cliente-receptor:
1 – Risco de não saber (conhecimento)
2 – Risco de não conhecer (vivência)
3 – Risco de consequências no corpo (clínicos, fisiológicos)
4 – Riscos de não saber identificar sinais e sintomas do corpo (diagnóstico)
5 – Risco de não poder doar (doenças escondidas, desejo)
6 – Risco de não poder receber (problemas no próprio corpo ou morte)
7 – Risco na manipulação, preparo e acondicionamento (técnicos)
Esses riscos de doar e receber estão permeados de representações reais e subjetivas,
mais do que de ordem clínica, tais como: Quem é o corpo que doa? Como é sua vida? Ele
cuida do seu corpo? Onde mora? O que faz? Quem faz a tipagem? Ela é feita para todos?
Então os riscos são clínicos, sociais, subjetivos, emocionais para ambos e mais para o
receptor. Essas especulações são reais e estão no cotidiano da enfermagem que participa deste
processo nos hemocentros e se envolve em processos e diagnósticos de cuidar dos dois
compartilhando das ações e atos dentro e fora do hospital.
Esses “processos e diagnósticos” ainda em parênteses justificam-se a necessidade de
desconstruir o que está entendido que o sangue é puramente sangue, não um órgão do corpo
vivo a ser transplantado em outro corpo vivo.
Encontrar um espaço/abrigo para construções de uma linguagem própria da
Enfermagem quando está cuidando de clientes que doam e recebem células vivas como
terapia para sua necessidade (de doar ou de receber). Assim sendo, tem-se como OBJETO do
24

estudo: os significados do corpo que doa e do corpo que recebe sangue como um transplante
de células vivas.
O objeto aqui definido pretende considerar o EU doador, EU receptor – DOAR,
RECEBER, TRANSPLANTAR – padrões para uma Clínica do Cuidado de Enfermagem a
serem considerados para ambos.
Este estudo pretende escrever sobre a clínica da enfermagem para transplante de
células vivas a partir de doadores e receptores, ambos prisioneiros um do outro, o corpo vivo
sadio que doa, para o corpo vivo doente. Assim, direcionar a enfermagem para novos
discursos que envolva uma linguagem própria para os seus clientes a ser usado em sua clínica,
que se diferencie de um saber médico para um saber-fazer-escrever enfermagem sobre
transplante de células vivas e que diagnósticos e cuidados são realizados no acontecimento,
que é captar, doar e receber células vivas (sistematização deste processo).
Assim a proposta de tese permeia o Transplante de Células Vivas como conjunto de
procedimentos de CUIDAR em Enfermagem que envolve, além da dimensão material do
corpo-sangue, a dimensão subjetiva do ato de doar e receber vida.
Segundo Souza (2003), a construção de sentido está relacionada ao pensar e agir entre
a vida e a filosofia. Viver é uma aventura, como entrar numa floresta infinitamente densa,
complexa, cheia de cores, sons, sugestões, vibrações de todo o tipo, aromas e belas e
estranhas formas infinitamente multiplicadas.
Encontrar o sentido de uma clínica para cuidados de Enfermagem quando fazem
transplante de células vivas, é uma realidade e uma inquietação. Parece ser fundamental
compreender os sentidos das coisas, a linguagem, para as coisas (cuidado), construir um outro
sentido para o discurso da transfusão de sangue, que traz embutido nele a ideia de que eu
recebo o sangue, que fica e se move dentro de mim, sangue de outra pessoa, que está viva,
mais que entender que não é uma transfusão, mas agora transplante de células vivas. Uma
outra realidade para a Enfermagem quando fala-se de cuidado sem cair na mesmice de achar
que ele é para sinais e sintomas da doença.
Assim, o saber fazer da enfermagem atual, em especial na hemoterapia, em seus
aspectos técnicos, científicos e éticos, se vê diante da complexidade da realidade, que
funciona em determinados contextos da saúde, mas em outros modos requer a distinta
compreensão, para entender a subjetividade, a origem do mal-estar, a psicossomática, a saúde
mental e a própria forma de vida destes clientes submetidos a constantes transfusões de
sangue. Essa compreensão modifica a forma de avaliar e intervir no serviço prestado ao
coletivo (TEIXEIRA; BARBOSA; SILVA, 2014).
25

Para alcançar a qualidade nas ações de cuidado, é preciso entender o que o cliente
submetido a diversas transfusões está expressando através do seu corpo, suas marcas do
cuidado. Isto exige aproximação, investigação, observação atenta, abstenção de julgamentos
prévios, tentando alcançar a visão da pessoa, sua subjetividade. Conhecer a complexidade de
fenômenos culturais, os símbolos (culturais ou religiosos) e suas relações, dentro de um
complexo sistema de significados, indispensável para compreender os sistemas de
conhecimento e o comportamento das pessoas.
Diante disso, acredita-se que as experiências do transplante de células vivas associado
à rede de significados atribuídos ao sangue têm características peculiares que dependem do
contexto sociocultural, religioso e da vida pessoal do indivíduo, isto é, dependem do meio
ambiente em que o indivíduo está inserido, seus laços de parentesco e também da
religiosidade.
Dessas considerações aqui iniciadas sobre o tema e o problema, têm-se como
PRESSUPOSTOS desta pesquisa: O Transplante de Células Vivas diz respeito a um saber,
uma linguagem, que é específica para doadores e receptores feita através de uma prática de
Enfermagem de Diagnósticos e Cuidados específicos.
Essas considerações, argumentações, problemas nos levam a delimitar as Questões
Norteadoras deste estudo:
a) Como rastrear na compreensão de doadores e clientes-receptores o significado
dado por eles para hemotransfusão de sangue ou transplante de células vivas?
b) Como captar nas falas de doadores e clientes-receptores de sangue situações de
cuidar que possam especificar uma clínica de cuidados para a Enfermagem?
c) Como identificar no latente e no manifesto de suas falas ou expressões corporais
sobre hemotransfusão de sangue ou transplante de células vivas uma linguagem
que indiquem crenças, vivências e/ou comportamentos que possam interferir em
suas ações de doar e receber sangue?

Assim, os objetivos propostos são:

 Rastrear no encontro com doadores e clientes-receptores de sangue quais são seus


significados sobre transfusão de sangue ou transplante de células vivas (Apêndice A e
B);
26

 Captar nas falas, gestos e comportamentos dos doadores e clientes-receptores de


sangue temas e linguagem corporal que possam indicar uma clínica de enfermagem
específica para o seu cuidado (Apêndice C e D);

 Identificar o que é manifesto e latente em suas falas ou expressões corporais que


sejam indicadores de crenças, vivências e/ou comportamentos que possam interferir
em suas ações de doar e receber sangue;

 Apresentar uma Clínica de Enfermagem para cuidado ao cliente-receptor de células


vivas.

Figura 1. Objetivos proposto para pesquisa

Fonte: Elaboração própria, 2018.

1.2 Justificativa

Considerar as implicações sobre o entendimento de que este transplante é um ato de


enfermagem, quando ela considera apenas o cuidado com o controle da bolsa de sangue e
registros necessários, não levando em consideração que este transplantado e receptor, são
27

sujeitos históricos que possuem modo de viver e ser, permeado por mitos, preconceitos, e
etc, que podem delinear diagnósticos e cuidados específicos de enfermagem para esta área.
O ser humano usa os significados e as interpretações, adquiridos na sua vida social,
uma vez que são frutos de um processo cumulativo que reflete o conhecimento e as
experiências adquiridas pelas numerosas gerações que o antecedem, por isso, é possível dizer
que o processo de atribuir significado à sua experiência não é inventado e sim herdado
(BENETTI, 2004).
Contudo o inconsciente e a subjetividade do sujeito do cuidado são infelizmente
considerados como ineficazes para compreender o processo de tratamento, vista sua
incapacidade de racionalizar as percepções e situações que corroboram em riscos à sua
integridade. Todavia o profissional hábil precisa compreender esse processo e, junto com o
cliente e a relação produzida, gerar formas expressivas desse imaginário e sentimentos
ocultos existentes na clínica. Assim o subjetivo é pessoal, individual, pertencente ao sujeito e
apenas a ele (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2006).
A saúde e a doença permeiam todo o processo de viver do ser humano. É uma
experiência subjetiva, varia entre os indivíduos, grupos culturais e classes sociais. A doença
iguala os sujeitos e registra no corpo do doente uma série de marcas do cuidado e estas
devem ser exploradas para a melhor atuação profissional.
Isso significa que o indivíduo vai se modificando em maior ou menor intensidade à
medida que resiste ou permite a superposição de novas experiências em sua vida. Isso o
conduz à constante (re)criação de si mesmo. Assim, quando as práticas cotidianas de cuidar
nos serviços de saúde são pensadas, verifica-se a certeza que vetores de diferentes forças
incidem sobre os corpos com intuito de controlar subjetividades no plano individual e
coletivo (SILVA; FIGUEIREDO, 2016).
Considerar as implicações no corpo do doador e receptor quanto à consequências de
doar e receber Células Vivas como a ideia de que eu doo e recebo um produto que é vivo,
que permanecerão dias no corpo e depois morre, podendo se tornar um ato de risco se não
for assumido e controlado pelos enfermeiros(as). Para tanto, acredita-se que a construção de
sentido sobre esses atos poderão demonstrar indicadores de cuidados para reorientações de
uma taxonomia própria.
Espera-se que se tenha uma revisão da prática de transfusão de sangue para
transplante de células vivas, que parece banal, comum e sem status de risco, diferente dos
demais transplantes. Assim sendo, retirar a linguagem de transfusão de sangue e incluir a de
Transplante de Células Vivas pode contribuir para a reorientação de Políticas e Programas.
28

Assim, como também delinear a importância de se ter uma equipe direcionada a tal prática
nos hospitais, por se tratar de uma atividade que deve se ter segurança e atenção devido ao
risco de morte ao paciente, se este for submetido a uma transfusão incompatível.
Além da necessidade de ampliação das pesquisas em hemoterapia, esta proposta de
estudo permeia todos os aspectos que envolve a transfusão de sangue, nos seus aspectos
macros que envolve toda a política pública relacionada à doção de sangue para obtenção do
sangue até seus aspectos micros, relacionada o ato transfusional em si, que envolve
diretamente a equipe de enfermagem. Desenhar todo esse aparato, e envolver o cliente neste
redesenho, visa obter um cuidado, sob a ótica de quem é constantemente submetido às
transfusões de sangue e para quem o cuidado é dispensado.

1.3 Desenho da tese

A tese foi apresentada em nove capítulos na configuração de um artigo, remetendo os


estudos que foram realizados para aprofundar a temática da tese.
No capítulo 2, A CARTOGRAFIA: METODOLOGIA DA TESE E DOS
ARTIGOS, foi descrito todas as fases que foram necessárias para a realização do estudo, com a
descrição do passo 2 do cartógrafo: rastreio, pouso, toque e reconhecimento.
No capítulo 3, foi descrito o ARTIGO 1 - TRANSPLANTE DE CÉLULAS
VIVAS: UM OLHAR SOBRE AS LEGISLAÇÕES INSTITUÍDAS SOBRE
TRANSPLANTE, DOAÇÃO E TRANSFUSÃO DE SANGUE, no qual foi realizado um
estudo reflexivo a cerca das legislações existentes de Hemoterapia, Transplante de Medula
Óssea e Transplante de tecidos, órgãos, céluas ou partes do corpo.
No capítulo 4 foi desenvolvido o ARTIGO 2 - HEMOTERAPIA:
CONHECIMENTOS E PRÁTICAS DA EQUIPE DE ENFERMAGEM AO DOADOR
E RECEPTOR DE SANGUE – UMA BASE DE DADOS, no qual será apresentado um
estudo de revisão integrativa que foi primordial para entender na literatura, aonde encontra-se
o profissional de enfermagem, tanto relcionado à doação de sangue quanto no cuidar de
enfermagem da transfusão de sangue.
No capítulo 5, foi desenvolvido uma revisão integrativa para verificar nas bases de
dados os estudos que descorriam sobre as motivações, significados, sentimentos,
comportamentos e atitudes relacionados ao doador no ato de doar sangue e no receptor no ato
de receber sangue. Assim, sendo descrito o ARTIGO 3 - AS MOTIVAÇÕES,
SIGNIFICADOS, SENTIMENTOS, COMPORTAMENTOS E ATITUDES DE SER
29

DOADOR E RECEPTOR DE SANGUE. Tais capítulos acima compõem os tópicos de


referencial teórico da tese, elucidando o que atualmente está sendo descrito na literatura sobre
a temática. Os capítulos seguintes transcorrem sobre a pesquisa que foi desenvolvida.
No capítulo 6 e capítulo 7 foram apresentado os dados relacionado aos Doadores de
sangue, com os resultados e discussão do check list observacional e das entrevistas semi-
estruturadas baseadas na análise de conteúdo de Bardin e dados advindos do software
IRAMUTEQ, foram eles:
– Capítulo 6: ARTIGO 4 - O SER DOADOR DE SANGUE E VÍNCULOS COM
A VIDA: ASPECTOS DA DIMENSÃO HUMANA.
– Capítulo 7: ARTIGO 5 - DOAR É SENTIR: A POSIÇÃO DOS DOADORES
SOBRE A DOAÇÃO – ELEMENTOS INDICATIVOS DE UMA CLÍNICA DE
ENFERMAGEM (TRANFUSIONAL).
Os capítulos 8 e 9 apresentaram dos dados relacionados aos Clientes-receptores de
sangue, com os resultados e discussão do check list observacional e das entrevistas semi-
estruturadas baseadas na análise de conteúdo de Bardin e do IRAMUTEQ.
– Capítulo 8: ARTIGO 6 - O SER RECEPTOR DE SANGUE: RECEBENDO A
VIDA.
– Capítulo 9: ARTIGO 7 - RECEBENDO A VIDA: A PENTALOGIA DO
SANGUE COMO TERAPIA REAL E SUBJETIVA.
Já no capítulo 10 foi desenvolvido as CONSIDERÇÕES FINAIS da tese, com os
dados em conjunto dos Doadores e Clientes-receptores de sangue, no qual foi possível
perceber aproximações e distanciamentos entre as falas de ambos. E a proposta de uma
Clínica de Enfermagem para realização de Transplante de Células Vivas.
30

2 A CARTOGRAFIA: METODOLOGIA DA TESE E DOS ARTIGOS

A escolha foi pelo método cartográfico selecionado em função do objeto da tese, quando
pretende-se rastrear significados diversos sobre o CORPO que doa e o que recebe sangue.

2.1 Sobre a Cartografia

A cartografia é um método que foi formulado por Gilles Deleuze e Félix Guattari (1995),
que visa acompanhar um processo, trata-se de sempre investigar um processo de produção. No
conhecimento científico da cartografia que não se sabe onde é o início, e muito menos seu fim.
O pesquisador se localiza numa zona intermediária, lugar privilegiado para observação das
conexões humanas que são formadas a partir dos constantes movimentos estabelecidos entre os
corpos, no caso, que doa e que recebe sangue (PASSOS; KASTRUP, 2013).
Tal método considera que a pesquisa é sempre uma intervenção. Seu funcionamento não
se identifica a atos de focalização para preparar a representação de formas de objetos, mas se
faz através da detecção de signos e forças circulantes, ou seja, de pontas do processo em curso
(PASSOS; KASTRUP, 2013).
Assim, é responsável em atualizar as sensações dos indivíduos e está centrada nas
conexões humanas e nos processos advindos da realidade, que pode ser observada por diferentes
ângulos e acessada por diversos aspectos envolvidos no íntimo das relações, sendo assim uma
ampla produção de subjetividades (PASSOS; KASTRUP; ESCÓSSIA, 2009).
Por produzir elementos da ordem da subjetividade, a cartografia admite uma natureza
qualitativa, e considera uma dimensão quantitativa nos dados qualitativos produzidos.
Representado por Passos e Eiraldo (2009, p.115) “ao cruzamento das várias forças que vão se
produzindo a partir dos encontros entre os diferentes nós de uma rede de enunciação da qual
emerge, como seu efeito, um mundo que pode ser compartilhado pelos sujeitos”.
Assim, o corpo do cliente passará a ser observado como uma representação gráfica, em
que todos seus aspectos subjetivos, sendo metricamente expressos por linhas, pontos, desenhos,
recorte das experiências existenciais de ser cuidado. Espécie de arte viva, que dará visibilidade
a um mapa capaz de retratar os territórios por ele percorridos, os seus acontecimentos mais
significativos, suas paixões, lugares onde estudou, habitou, visitou e trabalhou (SILVA;
FIGUEIREDO, 2016).
Para Passos, Kastrup e Escóssia (2009, p. 10):
31

[...] neste mapa nada se decalca, não há um único sentido para a sua experimentação
nem uma mesma entrada. São múltiplas as entradas em uma cartografia. A realidade
cartografada se apresenta como um mapa móvel, de tal maneira que tudo aquilo que
tem aparência de “o mesmo” não passa de um concentrado de significação, de saber
e de poder [...].

Assim, a presente proposta de estudo tem implicações tanto para o cuidado, uma vez
que pretende resgatar a subjetividade junto às marcas no corpo do cliente que doa e ao que é
submetido à transfusão de sangue ou transplante de células vivas, e em paralelo faz menção às
práticas de enfermagem, pois se sustenta nos cenários de cuidados de enfermagem.

2.2 Seleção da pista do método

Após aproximação e leitura da obra “Pistas do método da cartografia”, no qual os


autores assumem chamar pistas, pois abordam que para acompanhar um processo não se pode
ter ações predeterminadas de antemão a totalidade dos procedimentos. As pistas são como
referências para a manutenção de uma atitude de abertura ao que vai se produzindo no caminhar
do próprio percurso da pesquisa. Assim delimitou-se a pista 2 “o funcionamento da atenção no
trabalho do cartógrafo” para desenho do estudo (PASSOS, KASTRUP, ESCÓSSIA; 2009).
A pista 2 afirma que tomando como ponto de partida a ideia de uma concentração sem
focalização, define quatro variedades do funcionamento atencional que fazem parte do trabalho
do cartógrafo. São eles: o rastreio, o toque, o pouso e o reconhecimento atento, que serão
descriminadas abaixo juntamente com a produção dos dados (KASTRUP; 2009).
O RASTREIO é um “gesto de varredura do campo. Pode-se dizer que a atenção que
rastreia visa uma espécie de meta ou alvo móvel”. O rastreio não se identifica a uma busca de
informação. A atenção do cartógrafo é, em princípio, aberta e sem foco, e a concentração se
explica por uma sintonia fina com o problema (KASTRUP; 2009, p.40), que no caso irá delinear
primeiramente, através de observação não participante, toda a cadeia de produção do sangue
(cuidado indireto) até o produto final da bolsa de sangue para a efetivação da transfusão em si
(cuidado direto), perpassando diversos atores e cenários, para identificar aonde estão situados
os doadores e clientes-receptores e, quem são esses doadores e cliente-receptores de sangue
afim de delimitar a amostra do estudo.
Segundo Gil (2010), um dos elementos fundamentais para a pesquisa é a observação,
possuindo um papel fundamental na fase de coleta de dados. Sua principal vantagem é a de que
os fatos são percebidos diretamente, sem qualquer intermediação, e como desvantagem tem que
a presença do observador pode causar alterações no comportamento dos observados. Na
32

observação não participante: o pesquisador está em contato com o grupo pesquisado, mas não
se envolve nas situações observadas (MARCONI; LAKATOS, 2011).
Nesse caminhar segue-se para a segunda variável, o TOQUE. O toque é sentido como
uma rápida sensação, um pequeno vislumbre, que aciona em primeira mão o processo de
seleção. A atenção é tocada nesse nível, havendo um acionamento no nível das sensações, e não
no nível das percepções ou representações de objetos (KASTRUP; 2007; KASTRUP; 2009).
Para Kastrup (2009, p. 43), esse gesto:
[...] pode levar tempo para acontecer e pode ter diferentes graus de intensidade. Sua
importância no desenvolvimento de uma pesquisa de campo revela que esta possui
múltiplas entradas e não segue um caminho unidirecional para chegar a um fim
determinado. Através da atenção ao toque, a cartografia procura assegurar o rigor do
método sem abrir mão da imprevisibilidade do processo de produção do conhecimento
[...].

Esse momento foi atrelado ao refinamento dos critérios de inclusão e exclusão dos
participantes contidos no desenho deste estudo e inicialmente a possibilidade de entrada no
cenário do cuidado, onde as situações cotidianas de doação e de transfusão se encontravam.
Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com doadores de sangue após
a triagem clínica de doadores, estando este apto a doar, para captar seus significados,
sentimentos e motivações acerca do ato de doar sangue (APÊNDICE A), além disto, ocorreu a
observação não participante através da aplicação de um check-list observacional para detectar
linguagem corporal e comportamentos subjetivos no momento do ato da doação de sangue
(APÊNDICE C).
Assim o roteiro de entrevista semiestruturado foi dividido em cinco grandes núcleos:
perfil dos doadores, significados, sentimentos, motivações e riscos. E o check-list observacional
que irá evidenciar sinais objetivos e sinais subjetivos no momento que este mesmo doador estará
efetivando a coleta do sangue no ato da doação de sangue. As entrevistas foram gravadas com
a utilização de um dispositivo MP3 player-gravador de voz, somente após a assinatura do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos doadores, e posteriormente foram
transcritas para tratamento e análise dos dados.
O gesto de POUSO para Kastrup (2009, p. 43) “indica que a percepção, seja ela visual,
auditiva ou outra, realiza uma parada e o campo se fecha, numa espécie de zoom. Um novo
território se forma, o campo de observação se reconfigura. A atenção muda de escala.”
Com o objetivo de observar a atuação da equipe de diferentes profissionais envolvidos
direta ou indiretamente na terapêutica transfusional e correlacionar os significados, sinais
objetivos e subjetivos do corpo e marcas do cuidado dos clientes-receptores de sangue, serão
33

realizados observações do processo de cuidado direto e indireto realizados pelos diferentes


atores em seus diferentes cenários. Aproveitando esse encontro, foram agendados o dia e o
horário da visita, correspondente ao pouso, no cenário do cuidado, no qual ocorrem
efetivamente a transfusão de sangue / transplante de células vivas.
Concomitante a observação foram realizadas entrevistas com clientes-receptores de
sangue, que são politransfundidos, antes da efetivação da transfusão de sangue, a fim de
descrever os significados do sangue e da transfusão de sangue / transplante de células vivas;
identificar os sinais objetivos que o corpo do cliente emite para que ele saiba da necessidade da
transfusão de sangue / transplante de células vivas; os sinais subjetivos e sentimentos que
permeiam a transfusão de sangue / transplante de células vivas; além de descrever as marcas do
cuidado e possíveis riscos referidos pelos clientes-receptores de sangue (APÊNDICE B).
Concomitante também a observação não participante com a aplicação de um check-list
observacional durante o ato transfusional para detectar a linguagem corporal e comportamentos
subjetivos no momento do ato da transfusão de sangue / transplante de células vivas
(APÊNDICE D).
Assim o roteiro de entrevista semiestruturado dividiu-se em cinco grandes núcleos:
perfil diagnóstico dos clientes-receptores, perfil transfusional, significados, sinais objetivos e
sinais subjetivos. As entrevistas foram gravadas com a utilização de um dispositivo MP3 player-
gravador de voz, somente após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
pelos clientes, e posteriormente serão transcritas para tratamento e análise dos dados.
Enfim, com as três principais fontes de dados: I) Diário de campo das observações nos
cenários de cuidado (direto e indireto); II) Dados transcritos, advindo do roteiro de entrevista
semiestruturado realizado com dos doadores de sangue e check-list observacional do ato de
doação de sangue, e por fim III) Dados transcritos, advindo do roteiro de entrevista
semiestruturado realizado com os clientes-receptores de sangue e check-list observacional do
ato da transfusão de sangue / transplante de células vivas. Assim, encaminha-se para a variável
RECONHECIMENTO do método cartográfico.
No RECONHECIMENTO tem-se a produção de novos conhecimentos, visto que
delimitam os pensamentos, sentimentos e motivações acerca do ato de doar sangue e os
significados e as marcas do cuidado evidenciado pelos clientes-receptores de sangue, e também,
desfazendo a cena do cuidado transfusional em si, ainda não consolidado neste momento.
Kastrup (2009, p. 46) afirma, sobre o reconhecimento: “como uma espécie de ponto de
interseção entre a percepção e a memória. O presente vira passado, o conhecimento,
reconhecimento”.
34

Dessas atenções se produz os dados que são de 02 sujeitos diferentes: o primeiro, o que
DOA, ou seja, aquele que se abre para o outro, que necessita de parte de seu corpo produzindo
subjetividades sobre essa doação e, o segundo, o que RECEBE, como um alívio para resolver
seu problema de imediato, que também produz subjetividades e representações sobre um sangue
de alguém que não conhece.
Dessa forma, com intuito de elucidar os caminhos do estudo foi criado um quadro
esquemático que contém as variedades da pista dois do método cartográfico; materiais e
instrumentos de coleta de dados; e, procedimentos do cartógrafo.

Quadro 1 – Síntese da metodologia com o detalhamento de cada variedade da pista dois do


método cartográfico.

VARIEDADES MATERIAIS E INSTRUMENTOS PROCEDIMENTOS


DE COLETA DE DADOS DO CARTOGRAFO
RASTREIO - Observações em diferentes cenários de cuidado- Desenho da atuação de cada
transfusional direto e indireto com diferentesprofissional em seus cenários de
profissionais; cuidado direto e indireto;
- Dados estatísticos de doadores de sangue; - Análise das observações;
- Sistema de coleta de doadores; - Análise documental.
- Sistema de controle transfusional por cliente;
- Dados estatísticos de atendimento transfusional;
- Levantamento bibliográfico e revisão integrativa;
- Diário de campo das observações.
TOQUE - Entrevistas semi estruturada com doadores de- Transcrição das entrevistas;
sangue; - Análise do check-list.
- Check-list observacional do ato da doação de
sangue.
POUSO - Entrevistas semi estruturada com clientes- - Transcrição das entrevistas;
receptores de sangue; - Análise do check-list.
- Check-list observacional do ato da transfusão de
sangue/transplante de células vivas;
RECONHECIMENTO - Desenho da Clínica de Enfermagem específica para- Análise de todo o material
o Transplante de Células Vivas produzido.
Fonte: Elaboração própria, 2018.

Os dados produzidos apoiados na cartografia foram transformados em artigos, que


embora sejam do objeto do estudo, eles traduzem olhares diversos que incluem o doador e o
receptor, além de aspectos textuais produzidos.

2.3 Desenho do estudo no método cartográfico

Assim, cabe apresentar detalhadamente as etapas que irão compor o desenho deste
estudo, que serão apresentadas abaixo, são elas: os aspectos éticos, critérios de inclusão e
35

exclusão dos participantes, cenários do cuidado, seleção da pista do método, produção de dados
na atenção cartográfica e a forma de tratamento, análise e organização dos dados produzidos.

Figura 2. Desenho do estudo e suas etapas

Fonte: Elaboração própria, 2018.

2.3.1 Aspectos éticos

A pesquisa com seres humanos envolve uma série de importantes considerações éticas,
as quais visam garantir a integridade dos participantes envolvidos. Neste sentido, a garantia dos
princípios da autonomia, não maleficência, beneficência e justiça a todas as partes envolvidas,
assim como os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos participantes
de pesquisa e ao Estado, devem ser assegurados (BRASIL, 2012).
No caso desse estudo, as condutas dos pesquisadores foram norteadas pela Resolução
nº466/12 do Conselho Nacional de Saúde que propõem diretrizes e normas que regulamentam
36

as pesquisas envolvendo seres humanos (BRASIL, 2012). O projeto de tese foi encaminhado à
apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro (UNIRIO), órgão reconhecido pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa e teve
como instituição coparticipante o Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira
Cavalcanti (HEMORIO), local no qual foi realizada a coleta dos dados.
O envio do projeto de pesquisa ao CEP/UNIRIO e no CEP/HEMORIO foi realizado em
janeiro de 2018, por meio da apresentação dos documentos constados nos apêndices, que foram
dispostos de forma digitalizada no sistema unificado de registros em pesquisa da Plataforma
Brasil. Após análise, em abril do mesmo ano, o estudo obteve parecer “APROVADO” pelo
mediante o seguinte número de registro: 2.576.418 (ANEXO I e II).
Sendo assim, todos os participantes da pesquisa foram convidados a manifestar de forma
autônoma, consciente, livre e esclarecida à anuência junto ao Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE – Apêndice E, Apêndice F, Apêndice G) que contém a justificativa e
procedimento para produção dos dados para a pesquisa, no qual a primeira via assinada ficou
de posse com o pesquisador e a segunda com os participantes do estudo.
Sobre a identidade dos participantes foi garantido o anonimato, através do uso de
codificações, ou seja, quando o entrevistado foi o doador ele recebeu a letra “D” seguida do
número da entrevista, e quando o entrevistado foi o cliente-receptor ele recebeu a letra “R”
seguida do número da entrevista. Além disso, foi assegurada à liberdade de desistir de participar
da pesquisa a qualquer momento, para tanto, foi disponibilizado o contato da pesquisadora caso
necessário.

2.3.2 Critérios de inclusão e exclusão dos participantes

De um lado, os participantes deste estudo foram os doadores de sangue que através de


um ato voluntário e altruísta comparecem ao serviço de hemoterapia para efetuarem a doação
de sangue, e, do outro lado, os clientes-receptores de sangue que são constantemente
submetidos à transfusão de sangue / transplante de células vivas.
No grupo de doadores de sangue têm-se como critérios de inclusão: a) doadores que
tenham sido aptos na triagem clínica e em seguida iriam efetuar a coleta do sangue; b) doadores
que tenham mais de 18 anos. E critérios de exclusão dos doadores de sangue têm-se: a)
doadores que se candidataram e não efetuaram a doação de sangue; b) doadores que se sentiram
constrangido e não continuaram a entrevista ou não finalizaram a entrevista por algum
motivo.
37

No grupo de clientes-receptores de sangue têm-se como critérios de inclusão: a) clientes


que tenham feito 03 ou mais transfusões de hemocomponentes no referido cenário de estudo;
b) clientes que estejam vivos, lúcidos e orientados, em tratamento ambulatorial; c)
clientes que necessitaram receber hemocomponentes nos últimos três meses; d) clientes que
tenham mais de 18 anos. E critérios de exclusão: a) clientes que tenham recebido sangue
somente de forma eletiva, como preparo para cirurgias ou durante cirurgias; b) clientes de alta
complexidade hospitalizados no Centro de Terapia Intensiva (CTI) que não interagem
verbalmente ou tenham sido submetido à terapia farmacológica sedativa nos últimos trinta
dias; c) clientes que tenham se sentido constrangido no momento da entrevista e não
continuaram a entrevista ou não finalizaram a entrevista por algum motivo.

2.3.3 O Território: RASTREIO

O estudo foi desenvolvido no Instituto Estadual de Hematologia e Hemoterapia situado


no município do Rio de Janeiro, que configura a HEMORREDE do estado, além de ser centro
de referência de doenças hematológicas do estado do Rio de Janeiro, abastecendo com sangue
inúmeras unidades de saúde da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, recebe uma média de
350 doadores voluntários de sangue por dia. O cenário do estudo consistiu num hospital Além
disso, possui um serviço de Hematologia, com mais de 10 mil pacientes ativos, que realizam
tratamentos de doenças hematológicas.
A Rede de Hemoterapia, atualmente é composta pelo HEMOCENTRO Coordenador,
03 Hemocentros Regionais, 22 Núcleos de Hemoterapia, 02 Unidades de coleta e transfusão e
61 Agências Transfusionais. E a Rede de Hematologia composta pelo HEMOCENTRO
Coordenador, 27 Ambulatórios de Doença Falciforme, 08 atendimentos a Coagulopatias e 15
Serviços de Hematologia. Abaixo segue o Mapa da HEMORREDE, separado pelas Regiões do
Estado do Rio de Janeiro: Metropolitana I, Metropolitana II, Baía da Ilha Grande, Médio
Paraíba, Centro-Sul, Serrana, Baixada Litorânea, Norte Fluminense, Noroeste Fluminense.
38

Figura 3. Mapa da Hemorrede do Rio de Janeiro

Fonte: INTERNET, 2020.

Este tem como missão: prestar assistência de qualidade em hematologia e hemoterapia


à população e coordenar a HEMORREDE do Estado. Como visão: ser um Centro de Excelência
em Hematologia e Hemoterapia e os valores estão definidos de acordo com os princípios da
Ética, são eles: Humanização, Desenvolvimento, Respeito, Integração e Comprometimento.
O hospital tem como áreas de atuação: 1) Assistência - Atendimento a clientes com
doenças hematológicas, doadores de sangue, hospitais e serviços da HEMORREDE; 2) Ensino
- Programação permanente de atividades de treinamento e desenvolvimento em hematologia,
hemoterapia e em áreas relacionadas com o aprimoramento das práticas de gestão em saúde; 3)
Pesquisa - A pesquisa institucional é realizada através de projetos internos e em parceria com
instituições de renomado conhecimento científico e tecnológico.
Além disto, é responsável pela Coordenação Técnica da HEMORREDE, isto é, conjunto
de Serviços de Hemoterapia e Hematologia, organizados de forma hierarquizada e
regionalizada. Faz parte desta rede a distribuição de sangue, componentes e derivados para
Unidades de Saúde públicas ou que prestem atendimento ao SUS, cadastradas e licenciadas
39

pela Superintendência de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de


Janeiro. Assim, o hospital conta com a necessidade de cobertura hemoterápica para os clientes
internados e os clientes da rede.
Os cenários do cuidado do estudo foram os serviços de coleta de doadores de sangue, e
todos os locais do hospital que ocorrem o ato transfusional – internação (pronto atendimento e
enfermarias de internação clínica) e ambulatórios (transfusão adulto e aférese).

2.3.4. TOQUE E POUSO

Nos meses de abril a agosto de 2018, foram realizadas as entrevistas semiestruturadas e


observações não participante, no qual foram coletadas 10 entrevistas com doadores de sangue
e 10 com clientes-receptores de sangue. Optou-se primeiramente por esse quantitativo para dar
início a coleta, entretanto, verificou-se de uma forma preliminar a saturação das informações
dadas por ambos.
Vale ressaltar, que antes do início da coleta de dados, foi realizada uma validação
semântica com um doador e um receptor, que não foi incluído nos resultados, para identificar
problemas de entendimento e aceitação dos termos inseridos no instrumento proposto por parte
dos participantes da pesquisa. Tal procedimento foi de extrema importância pois o instrumento
foi modificado em algumas perguntas.
Durante a coleta dos dados dos doadores de sangue foi necessário todo um rearranjo do
setor para que a entrevista ocorresse logo após a entrevista dele com a enfermeiro(a) da triagem
clínica, caso esse doador fosse apto. Para isso, a pesquisadora conversou primeiramente com a
enfermeira supervisora de cada dia de coleta, a fim de informar e tentar diminuir o impacto no
serviço. Então, a pesquisadora ia para um consultório vago naquele dia, esperava os doadores
serem atendidos pelos enfermeiros(as) e em seguida os abordava aleatoriamente, explicava a
pesquisa, e caso eles quisessem participar realizava a entrevista, e sob orientação da equipe
ficava temporariamente com o questionário utilizado na triagem clínica, por que segundo a
equipe se liberasse aquele questionário eles iam preparar os materiais, iam ficar chamando o
doador e ele estaria fazendo a entrevista, impactando assim num atraso de pelo menos 10-15
minutos o tempo de entrada e saída do doador, que é monitorado no serviço.
Por este motivo, como dificuldades na coleta de dados, diversos dias a pesquisadora não
conseguiu efetuar a coleta das entrevistas porque ou não tinha um consultório vago para ela
realizar a pesquisa, e também, em dias que estava com muita rotatividade de doadores
dificultava ficar com o questionário deles um tempo maior após a triagem clínica. Além de
40

doadores que alegavam não quererem participar da pesquisa devido pressa para realização do
procedimento todo.
A fim de solucionar essa questão a pesquisadora foi ao serviço para coleta dos dados
nos momentos de pouca rotatividade de doadores, pela manhã bem cedo, de 07h as 10h e ao
final da tarde, de 16h as 18h, e também anteriormente entrava em contato com o salão de
doadores para saber se aquele dia ela teria um consultório vago para realizar a pesquisa.
Outra coisa que dificultou a coleta de dados dos doadores, foi que a cada entrevista
realizada a pesquisadora para realizar o check-list observacional dava continuidade no caminho
do doador no serviço até o final da doação. O que ocasionou um tempo de pelo menos 40
minutos no total para terminar a coleta de dados toda de apenas um participante da pesquisa.
Durante a coleta de dados dos clientes-receptores também se apresentou a dificuldade
da mudança do fluxo de atendimento desse cliente. A necessidade da realização do check-list
observacional do ato transfusional, fez com que a pesquisadora só pudesse realizar a entrevista
com os clientes que iriam necessariamente realizar a transfusão.
Com isso, foi difícil realizar as entrevistas com clientes internados, visto que a liberação
de sangue para transfusão daqueles clientes é instável, isto é, tem a solicitação do sangue mais
não necessariamente irá ter o procedimento transfusional, pois, a liberação de bolsas para a
internação saia muito tarde, sendo feito duas tentativas em dias diferentes, sem sucesso.
Assim, a pesquisadora optou por realizar a coleta de dados somente com pacientes que
foram transfundidos de forma ambulatorial. Entretanto, a rotina dessas transfusões também
começa a ocorrer com mais frequência na parte da tarde, e todas são realizadas em apenas uma
sala de transfusão ambulatorial. Com isso, assim que a pesquisadora sabia que a bolsa tinha
sido liberada para este paciente, enquanto a equipe do setor ia ao setor de expedição buscar a
bolsa, a pesquisadora realizava a entrevista. Mas em alguns momentos a equipe se demonstrou
visivelmente incomodada, pois atrasava o serviço deles.
Por isso, em alguns momentos a pesquisadora teve que que fazer primeiro o check-list
observacional deste cliente recebendo sangue, para depois realizar a entrevista, e com isso
ocorreu que alguns desses clientes estavam com pressa e queriam ir embora e não foi possível
participar da pesquisa. A pesquisadora contou com a ajuda do setor e realizou as entrevistas
numa sala desativada ao lado da sala de transfusão ambulatorial.
No momento da observação não participante, na aplicação do check-list observacional,
a pesquisadora apresentava as faces e pedia para o doador e o receptor se identificarem como
eles estavam se sentindo no momento, e somente alguns doadores se identificaram com uma
expressão facial no início e outra ao final.
41

Vale ressaltar, que ter um local próprio para a realização da entrevista tanto para os
doadores como para os clientes-receptores foi importante, pois em alguns momentos por se
tratar de questões subjetivas relacionadas ao ato de doar e de receber, ambos se emocionaram
com algumas perguntas feitas pela pesquisadora.

2.3.5 Organização dos dados, análise e tratamento: RECONHECIMENTO

O material produzido, refere-se a: I) Diário de campo das observações nos cenários de


cuidado (direto e indireto); II) Dados transcritos, advindo do roteiro de entrevista
semiestruturado realizado com dos doadores de sangue e dados do check-list observacional do
ato de doação de sangue, e por fim III) Dados transcritos, advindo do roteiro de entrevista
semiestruturado realizado com os clientes-receptores de sangue e dados do check-list
observacional do ato da transfusão de sangue / transplante de células vivas.
Parte do material (check-list observacional e caracterização dos participantes) foi
submetido a uma análise quantitativa, com uso de estatística descritiva, somente para a
apresentação dos dados demográficos e caracterização do doador e do receptor. Todo o material
produzido pelas entrevistas transcritas foi submetido à Análise de Conteúdo (AC) descrita por
Bardin (2016). A opção por utilizar esta análise no tratamento dos dados se dá por categorizar
os dados advindos de relatos dos próprios participantes.
Bardin define a AC como:

um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que visam obter por


procedimentos objetivos e sistemáticos a descrição do conteúdo das mensagens,
indicadores que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção destas mensagens (BARDIN, 1977, p.42).

O objetivo principal da AC pode ser sintetizado em manipulação das mensagens, tanto


do seu conteúdo quanto da expressão desse conteúdo, para colocar em evidência indicadores
que permitam inferir sobre uma outra realidade que não a mesma da mensagem. “Assim oscila
entre os dois polos o rigor da objetividade e da fecundidade da subjetividade.” (BARDIN, 201,
p.15).
A AC pode ser uma análise dos “significados” (análise temática), embora possa ser
também uma análise dos “significantes” (análise lexical e sintática). Bardin (2016, p.125)
propõe a AC pautada em três fases cronológicas distintas: 1) Inicialmente a pré-análise; 2)
Seguida da exploração do material e; 3) Tratamento dos resultados, a inferência e a
interpretação.
42

A primeira fase da AC chamada de pré-análise é o momento da organização dos dados,


no qual se encontra a pesquisa. Nesta fase foi realizada a leitura flutuante das entrevistas
semiestruturadas transcritas e a impregnação do investigador por impressões advindas dos
dados obtidos.
A leitura das transcrições, entendidas como “texto bruto” para decodificação em
Unidades de Registros (UR), a partir das perguntas feitas em busca de significados, sentimentos,
motivação e riscos. As unidades de codificação, ou as de registro, podem ser: a palavra, a frase,
o minuto, o centímetro quadrado. Isso pode constituir o primeiro passo, obedecendo o princípio
da objetividade e racionalizando por meio de números e percentagens uma interpretação.
Por UR entende-se (BARDIN, 2016) o seguimento de conteúdo a considerar como
unidade base visando a categorização e a contagem frequencial. Os recortes são de nível
semântico “o tema”, por exemplo. Considera-se as palavras, palavras-tema, frase e unidade
significante.
Para tanto todas as palavras do texto foram levadas em consideração com distinções em
palavras plenas, isto é, palavras “portadoras de sentido”: substantivos, adjetivos, verbos; e as
palavras instrumento, isto é, as palavras funcionais de ligação: artigos, conjunções, preposições,
conectivos, advérbios e etc. Verifica-se o número de palavras presente e o total de ocorrência,
realizando assim a análise lexical e sintática da amostra selecionada, referente ao doador e
cliente-receptor de sangue (BARDIN, 2016).
Em seguida, foi realizada a demarcação dos documentos relevantes para a constituição
de um corpus, e posterior tratamento analítico. Para isto, foi organizado um instrumento
conforme diz Bardin (2016, p.130) “sistematicamente agregados em unidades de registro, as
quais permitem uma descrição exata das características pertinentes ao conteúdo (...)”.
Esta organização compreende 3 escolhas, são elas Bardin (2016, p.125): 1) recorte das
unidades; 2) regras de contagem; 3) classificações e agregações – escolha das categorias.
Para a constituição de um corpus, Bardin (2016) cita algumas regras fundamentais a
serem seguidas: a) Regra da exaustividade (todos os elementos contidos nos dados devem ser
analisados); b) Regra da representatividade (o quantitativo de amostras deve ser representativo
dentro do universo pesquisado); c) Regra da homogeneidade (todos os documentos analisados
devem abordar o mesmo tema) e; d) Regra da pertinência (os documentos que serão analisados
devem atender aos objetivos do estudo).
A segunda fase da AC foi efetivamente da exploração do material. Esta exploração foi
realizada com o auxílio do software de análise textual IRAMUTEQ (Interface de R pour les
Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires), é um software gratuito e com
43

fonte aberta, desenvolvido por Pierre Ratinaud (RATINAUD; MARCHAND, 2012) que
permite fazer análises estatísticas sobre corpus textuais e sobre tabelas indivíduos/palavras. O
programa ancora-se no sofware R (www.r-project.org) para realização dos cálculos estatísticos
(LAHLOU, 2012).
O software IRAMUTEQ é considerado uma ferramenta de processamento dos dados, e
não um método de pesquisa, o que torna seus resultados instrumentos de exploração, busca e
associação em material de pesquisa (SOUZA et al., 2018), visto que possibilita a operação de
análises de natureza quantitativa, mesmo em se tratando de dados qualitativos, como é o caso
dos textos (Corpus textuais) obtidos as entrevistas aos doadores de sangue que participaram
deste estudo.
O software IRAMUTEQ está planejado para viabilizar diferentes análises de dados
textuais, tais como: a lexicografia básica que abrange a técnica da lemantização e cálculos de
frequência das palavras; Classidicação Hierárquica Descendente (CHD); análise pós-fatorial de
correspondências, inclusive com análises de similitude e representação gráfica em Nuvem de
Palavras determinada pela ocorrência de palavras ou a associação de x2 das palavras
(CAMARGO; JUSTO, 2013).
Neste estudo foram utilizadas as análises lexicográficas básicas com o propósito de
descrever o número de palavras, número de textos e segmentos de texto que compõem o corpus
de análise, que confere com o conjunto de textos originados pelas respostas dos participantes.
Sendo assim, neste estudo foi originado dois (2) corpus de análise nomeado de 1) Doadores de
Sangue, e 2) Clientes-Receptores de Sangue.
Três etapas foram percorridas para realizar a leitura do corpus: a preparação e a
codificação do texto inicial, a classificação hierárquica descendente, realizada pelo
processamento dos dados, e a interpretação das classes. Preparar o texto inicial na pesquisa
qualitativa significa transcrever as entrevistas, que é um conjunto de textos em um único
arquivo que constitui o corpus de análise. Portanto, cada entrevista foi separada por uma linha
de comando, compreendendo somente uma variável (**** *doador_01 até **** * doador_10),
após a transcrição realizada no LibreOffice Writer do pacote LibreOffice.org, o arquivo foi
salvo como documento de texto que usa codificação de caracteres no padrão UTF-8 (Unicode
Transformation Format 8 bit codeunits). As perguntas foram suprimidas, mantendo-se somente
as respostas.
A seguir foi realizada a revisão de todo o arquivo, a correção de erros de digitação e
pontuação, a uniformização das siglas e a junção de palavras compostas, por exemplo, o termo
44

“auxiliar_de_enfermagem”, que, se for incluído sem a separação pelos caracteres underline, em


substituição aos espaços, e retirado todos os números e símbolos.
Ambos os corpus de análise foram submetido à CHD que por sua vez classifica os
segmentos de texto de acordo com os seus vocabulários, assim, verifica-se a diferenciação entre
as palavras em repetidos testes do tipo qui-quadrado (χ2), resultando assim as classes com suas
palavras e variáveis características (SOUZA et al., 2018).
Para a criação de um dicionário de palavras, o programa utiliza o teste qui-quadrado
(χ2), que revela a força associativa entre as palavras e a sua respectiva classe. Essa força
associativa é analisada quando o teste for maior que 3,84, representando p<0,0001
(CAMARGO; JUSTO, 2013).
O IRAMUTEQ apresenta tal resultado no formato de dendograma que representa
graficamente a relação existente entre as classes. A Análise Fatorial Correspondente (AFC) é
um complemento baseado nos dados obtidos pela CHD. O produto resultante das análises é
caracterizado pelas classes, que de acordo com Camargo (2005) e Nascimento-Schulze e
Camargo (2000) representam o ambiente de sentido das palavras, que possibilita a
categorização.
Finalmente, a análise por meio de nuvem de palavras é visualmente interessante e
demonstra as palavras estruturadas em forma de nuvem, com tamanho diferentes, onde as
palavras maiores são aquelas que detém certa importância no corpus textual, a partir de um
simples indicador de frequência (SOUZA et al., 2018). A categorização é uma “operação de
classificação de elementos constitutivos de um conjunto por diferenciação e, seguidamente, por
reagrupamento segundo o gênero (analogia), com os critérios previamente definidos”
(BARDIN, 1977, p.117).
Executar tal análise do conteúdo como conjunto de procedimentos requer que estes
procedimentos sejam determinados, para que o pesquisador saiba exatamente qual rumo deve
seguir. Além disso, a técnica possibilita que os resultados de diferentes estudos sejam
comparados entre si (OLIVEIRA, 2008).
Abaixo seguem representações por figuras da análise e resultados dos corpus dos
Doadores de Sangue e Clientes-Receptores de Sangue. Vale ressaltar que os dados dos
dendogramas originaram as 2 Pentalogias do estudo: Pentalogia do Doador e Pentalogia do
Receptor, que foram realizadas a Análise de Conteúdo e, por fim, temas mais relevantes nas
falas de ambos (APÊNDICE G e APÊNDICE H).
45

Figura 4. Organização da análise e resultados do corpus Doadores de sangue

Fonte: Elaboração própria, 2019.

Figura 5. Organização da análise e resultados do corpus Clientes-receptores de sangue

Fonte: Elaboração própria, 2019.

Vale ressaltar que os resultados serão apresentados da seguinte forma: dois capítulos
que tratam dos doadores (capítulo 6 e 7) e os outros dois capítulos dos clientes-receptores
(capítulo 8 e 9), demonstrando de cada: 1) Caracterização do perfil dos entrevistados; 2)
Caracterização da linguagem, gestos, movimentos corporais; 3) Diário de campo; 4)
Lexicometria, Dendogramas, Análise fatorial e Nuvem de palavras.
46

3 ARTIGO 1 - TRANSPLANTE DE CÉLULAS VIVAS: UM OLHAR SOBRE AS


LEGISLAÇÕES INSTITUÍDAS SOBRE TRANSPLANTE, DOAÇÃO E
TRANSFUSÃO DE SANGUE

Autores: Leylane Porto Bittencourt 1


Nébia Maria Almeida de Figueiredo 2

RESUMO

Este artigo é um recorte da tese de Doutorado intitulada TRANSPLANTE DE CÉLULAS


VIVAS: Significados do corpo que DOA e do corpo que RECEBE sangue - um
“acontecimento” na clínica de cuidar de Enfermagem do Programa de Pós Graduação em
Enfermagem e Biociências – PPGENBIO – e tem como questão norteadora: De que tratam as
legislações sobre transplante, doação e hemotransfusão de sangue? E como objetivos: 1)
Rastrear o que está instituído nas legislações sobre transplante, doação e hemotransfusão de
sangue, destacando aspectos que interessam aos doadores e clientes-repceptores, e, 2) Mostrar
como são tratados os aspectos humanos do ato de DOAR e RECEBER SANGUE.
Metodologia: Foi utilizado a Cartografia e a análise dos dados são na perspectiva da análise
de conteúdo. Resultados: Os resultados submetidos a análise de conteúdo, total de 35
legislações, somaram-se um total de 94 unidades de registro (UR), foi organizado um painel
lesgislador com as vigentes, como também destacou-se 31 temas que emergiram da análise de
conteúdo. Conclusão: A organização dos dados deu origem a um painel legislador que
envolve questões de Hemovigilância (1) e Biovigilância (2) como preocupação principais dos
legisladores. Além disso, não aparece o termo transplante de células vivas. É importante
considerar que as contantes revisões das legislações, mudam sempre de acordo com as
Políticas de Saúde e da ANVISA.

Descritores: Doadores de Sangue. Bancos de Sangue. Transfusão de Sangue. Células


Sanguíneas. Enfermagem.

3.1 Introdução

Entende-se por ciclo do sangue um macroprocesso que segue uma lógica operacional
composto por etapas, que envolve diversos atores e saberes, são elas: captação de doadores,
triagem clínica de candidatos a doação, doação de sangue, fracionamento, sorologia,
imunohematologia, controle de qualidade e proteção ao doador e ao receptor, armazenamento,
distribuição do sangue e, finalmente, a transfusão (BRASIL, 2015a).

1
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências (PPGENFBIO)
pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
2
Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Professora Emérita da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (UNIRIO).
47

As boas práticas no ciclo do sangue são atualmente padronizadas pela resolução nº 34


de 2014 (ANVISA, 2014), estas devem estar totalmente integradas para a qualidade do
produto final, permeados de riscos em cada etapa. Assim, a alta tecnologia utilizada nos
serviços de hemoterapia exige aprimoramento constante, para assegurar a qualidade dos
produtos hemoterápicos e a segurança dos usuários.
Todas as etapas deste ciclo contribuem para a terapêutica com o uso do sangue,
hemocomponentes e hemoderivados, uma terapia amplamente utilizada na medicina, que
presta suporte a diversas clínicas, sendo permeada de diversos profissionais de saúde
qualificados e especializados, desde a produção do sangue, até o ato transfusional para a sua
efetivação isenta de riscos e com qualidade (BRASIL, 2015b).
São atividades hemoterápicas, todo conjunto de ações referentes ao exercício das
especialidades previstas em normas técnicas ou regulamentos do Ministério da Saúde, além da
proteção específica ao doador, ao receptor e aos profissionais envolvidos (BRASIL, 2001a).
A terapêutica transfusional refere-se à transfusão de partes específicas do sangue
doado, dos quais o receptor realmente necessita, opondo-se atualmente ao uso do sangue total.
Esta atitude visa beneficiar vários clientes, bem como otimizar os estoques dos serviços de
Hemoterapia, sendo assim, seu uso racional e seletivo, mediante a análise do hemograma do
paciente (BRASIL, 2015b).
Diversos clientes, seja pela sua patologia, seu estado clínico, necessitam do suporte
transfusional, principalmente para a manutenção de sua estabilidade. É um tipo de terapia que
tem se mostrado muito eficaz em situações de choque, hemorragias, doenças sanguíneas,
anemias, dentre outras. Além de ser muito importante como suporte na realização de
tratamentos, como os transplantes, quimioterapias e diversas cirurgias. (BRASIL, 2009a)
A utilização do sangue constitui um método terapêutico que há longa data, tem
contribuído para a evolução da medicina e para a resolução de situações clínicas que, sem a
sua administração, seriam irreversíveis, e as indicações estão em constante crescimento,
principalmente devido aos avanços das terapias onco-hematológicas como transplante de
medula óssea (VAENA, 2018).
Ainda que os novos tratamentos de saúde venham apresentando expressivos
progressos, não se encontrou como substituir o sangue humano para fins terapêuticos. Assim,
o uso racional do sangue, é de extrema importância para a manutenção de estoques adequados
de hemocomponentes e o pleno atendimento à população (VAENA, 2018).
Como antes dito, não é isenta de riscos, podendo ocorrer complicações severas,
durante e/ou após o procedimento. Assim sendo, a transfusão de sangue pode salvar uma vida,
48

entretanto a ocorrência de um erro neste processo pode comprometê-la, por isso todos os
profissionais envolvidos devem ter comprometimento com a segurança transfusional.
Essas complicações envolvem clientes doadores e clientes-repceptores que necessitam
de um novo olhar para eles como duas pontas de um mesmo cordão. E provavelmente, o
receptor necessita mais do doador. Nessas complicações incidem-se problemas humanos e de
espaços não atentos, que nem as legislações se preocupam, embora importante, preocupam-se
apenas com as normas técnicas. Define-se como questão norteadora: De que tratam as
legislações sobre transplante, doação e hemotransfusão de sangue e como os doadores e
clientes-repceptores estão incluídos nela?

3.2 Objetivos

Tal capítulo tem como objetivo: 1) Rastrear o que está instituído nas legislações sobre
transplante, doação e hemotransfusão de sangue, destacando aspectos que interessam aos
doadores e clientes-repceptores, e, 2) Mostrar como são tratados os aspectos humanos do ato
de DOAR e RECECER SANGUE.

3.3 Método

Trata-se de um estudo qualitativo, tipo documental, retrospectivo, originário de fontes


primárias e oficiais, culmimando nas reflexões e questionamentos em torno de documentações
acerca dos transplantes, doação e hemotransfusão de sangue, na perspectiva da Análise de
Conteúdo. Para tanto, foi construído um instrumento de análise das legislações, que se segue,
no qual colocou-se as legislações por ordem cronológica.
O material produzido é decorrente da análise do conteúdo de documentos oficiais do
Ministério da Saúde e Agência Nacional de Vigilância Sanitária, além dos da Organização
Mundial de Saúde. O Ministério da Saúde, por meio da Coordenação da Política Nacional do
Sangue e Hemoderivados – CPNSH elaboram políticas que promovem o acesso da população
à atenção hematológica e hemoterápica com segurança e qualidade, em consonância com os
princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2015b). A
regulamentação do Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados é feita por
resoluções, portarias, leis e decretos, que por sua vez regulamentam as leis.
Estrutura-se este estudo apresentando os dados com organização dos documentos
oficiais relacionados à Hemoterapia e Transplantes em ordem cronológica decrescente e em
49

seguida detaca-se o conteúdo principal que trata a legislação, sendo assim as legislações o
espaço da produção dos dados.

3.4 Fundamentações Teóricas

3.4.1 Legislações de Hemoterapia e Transplantes

A primeira lei brasileira de hemoterapia, Lei n°1.075, de 27 de março de 1950, dispõe


sobre a Doação Voluntária de Sangue. Sabidamente, a comercialização era uma prática
corrente no cenário brasileiro, pois não havia nenhuma fiscalização. Essa lei incentivou a
doação, pois abonava o dia de trabalho dos funcionários públicos, civis e militares que
doassem sangue. E, caso o doador não fosse servidor público, seu nome seria integrado a uma
lista de prestadores de serviços relevantes à pátria (JUNQUEIRA; ROSENBLIT;
HAMERSCHALAK, 2007).
Já a década de 1960, foi marcada por decretos, portarias e resoluções que
estabeleceram as prioridades da doação de sangue e dispuseram sobre o exercício da atividade
hemoterápica (FIDLARCZYK; FERREIRA, 2008). Porém outros autores comentam que
foram ações importantes, sem efeitos muito práticos, pois as mudanças necessárias não
ocorriam e permaneciam na esfera burocrática, provavelmente, porque faltava aos governos
da época decisões políticas em investir nessas ações (SOUZA; SANTOS, 2007).
O Art. 199 da Constituição Brasileira de 1988, dispõe que toda a doação deve ser
altruísta, voluntária e não gratificada, direta ou indiretamente, além da garantia de anonimato
do doador. A aprovação da Constituição dispõe no parágrafo 4° sobre os requisitos que
facilitem a remoção dos órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante,
pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus
componentes, impedindo qualquer tipo de comercialização (JUNQUEIRA; ROSENBLIT;
HAMERSCHALAK, 2007).
Em 1993, a legislação demonstrou-se mais rigorosa com a Portaria n° 1.376/93,
determinando as normas técnicas para coleta, o processamento e a distribuição do sangue,
além da Portaria n° 121/95, que insere a necessidade de cumprir as etapas do controle de
qualidade do sangue (PEREIMA et al., 2007).
A Constituição Federal de 1988 decreta o direito à vida (BRASIL, 1988). E para
reforçar esse direito, a Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, institui a legalidade sobre a
remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento,
caso seja de livre vontade e autorizada pelo doador ou seu familiar responsável. No caso do
50

transplante em vida, é permitido a qualquer pessoa saudável, e com seu consentimento,


realizar a doação de órgãos a seu cônjuge, parentes consanguíneos até o quarto grau, ou a
outras pessoas mediante autorização judicial (BRASIL, 1997a).
O artigo 2º da Lei nº 9.434 autoriza a realização do transplante de órgãos somente em
estabelecimentos de saúde e médico-cirúrgicas de remoção e transplante permitidos pelo
órgão de gestão nacional do Sistema Único de Saúde (SUS). A realização de transplantes ou
enxertos de tecidos, órgãos e partes do corpo humano só poderá ser autorizada após a
realização, no doador, de todos os testes de triagem para diagnóstico de infecção e infestação
exigidos em normas regulamentares expedidas pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 1997a).
No mesmo ano também foi editado o Decreto nº 2.268 que regulamenta essa Lei e
especifica detalhes do procedimento cirúrgico, como o comprometimento do Ministério da
Saúde em garantir que hajam equipes especializadas para a retirada de órgãos e
disponibilização de uma infraestrutura adequada para a realização do procedimento (BRASIL,
1997b). Além de, organizar o Sistema Nacional de Transplante (SNT), que desenvolverá o
processo de captação e distribuição de tecidos, órgãos e partes retirados do corpo humano
para finalidades terapêuticas (BRASIL, 1997b).
Em 1998, a Portaria nº 3407 de agosto de 1998 aprova o Regulamento Técnico sobre
as atividades de transplantes e dispõe sobre a Coordenação Nacional de Transplantes
(BRASIL, 1998).
A Portaria nº 903 do ano de 2000, aumenta a disponibilidade de células
Hematopoiéticas, criando o Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário, o BSCUP
(BRASIL, 2000a). A Portaria nº 1.315, de 30 de novembro do mesmo ano, define o fluxo de
informações, tipificação e cadastro de doadores no Registro Brasileiro de Doadores
Voluntários de Medula Óssea (REDOME) (BRASIL, 2000b).
No mesmo ano a Portaria nº 1.317, reorganiza a Tabela de Procedimentos do Sistema
Único de Saúde SIH/SUS, adaptando-a a complexidade dos procedimentos relativos ao
Transplante de Medula Óssea e define o formato de atuação do Hospital Dia para a
reinternação de pacientes submetidos ao Transplante de Medula Óssea (BRASIL, 2000c).
E em seguida, cada tipo de transplante foi dentro do Sistema Nacional de Transplante,
tendo portarias próprias como por exemplo a Portaria de nº 1559 de 06 de setembro de 2001
que cria, no âmbito do Sistema Nacional de Transplantes, o Programa Nacional de
Implantação/ Implementação de Bancos de Olhos e portaria nº 1.160 de 29 de maio de 2006
que modifica os critérios de distribuição de fígado de doadores cadáveres para transplante,
51

implantando o critério de gravidade de estado clínico do paciente receptor (BRASIL, 2001d,


2006c).
O grande marco relacionado à legislação dentro da Hemoterapia foi em 2001, com a
aprovação da Lei n° 10.205 que trata da Política Nacional de Sangue, Componentes e
Hemoderivados (BRASIL, 2001a).
A referida lei foi regulamentada em 2002, que proibiu a comercialização do sangue, e
propôs diretrizes, relativo à coleta, processamento, estocagem, distribuição e aplicação do
sangue, seus componentes e derivados, e estabelece o ordenamento institucional indispensável
à execução adequada dessas atividades, e dá outras providências (BRASIL, 1988).
Essa política trata dos princípios da doação voluntária, da proibição do comércio, da
proteção do doador e do receptor e da obrigatoriedade da testagem do sangue doado. Essa lei
dispõe ainda sobre as condições para a execução da atividade hemoterápica desde a captação
de doadores até a transfusão (BRASIL, 2001a).
Em 2001 é aprovada a Lei nº 10.211 que altera dispositivos da Lei nº 9.434 de 1997 a
respeito da remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e
tratamento (BRASIL, 2001c).
Em relação ao transplante de medula óssea, desde a primeira regulamentação em 1997,
mesma Lei dos transplantes em geral, até o início do cadastro de doadores voluntários em
2002, a regulamentação que cerca o Transplante de Medula Óssea passou por diversas
mudanças até chegar ao modelo atual.
Ainda sobre os transplantes de medula óssea, em 2004, a Portaria nº 2.381 de 2004
Cria a Rede Nacional de Bancos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário para
Transplantes de Células-Tronco Hematopoiéticas (BrasilCord) (BRASIL, 2004).
Cabe citar que a atividade hemoterápica estava regulada até 2010 pela RDC N° 153,
de 14 de julho 2004, norteando as atividades dos profissionais que atuavam nos serviços de
hemoterapia e previa a coleta, o processamento, a testagem, o armazenamento, o transporte, o
controle de qualidade e o uso humano do sangue e seus componentes, obtidos do sangue
venoso, do cordão umbilical, da placenta e da medula óssea (BRASIL, 2004).
Em 2006, a Portaria nº 931, atualiza o Regulamento Técnico para Transplante de
Células-Tronco Hematopoéticas de 1998 (BRASIL, 2006a). A Portaria nº 2.970, também de
2006, define a coordenação da implantação da Rede Nacional de Bancos de Sangue de
Cordão Umbilical (BrasilCord) (BRASIL, 2006b).
52

Com relação aos outros tipos de transplantes de órgãos, em 2007 a Lei nº 11.521 altera
a Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, a respeito da remoção de órgãos e tecidos para fins
de transplante (BRASIL, 2007).
Em 2009 é editada a Portaria nº 87 de 21 de janeiro, que autoriza o envio para o
exterior de amostras de células-tronco hematopoiéticas de doadores cadastrados no REDOME
e a Portaria nº 2.600 que teve como foco atualizar e padronizar o funcionamento do Sistema
Nacional de Transplantes – SNT, aprova o Regulamento Técnico do Sistema Nacional de
Transplantes (BRASIL, 2009a; BRASIL, 2009b).
Em 2010 as RDC N° 57 e N° 56, foram instituídas, sendo que a Resolução de Direção
Colegiada – RDC N° 57 –, determina o Regulamento Sanitário para Serviços que
desenvolvem atividades relacionadas ao ciclo produtivo do sangue humano, componentes e
procedimentos transfusionais e a RDC N° 56/2010 determina o regulamento sanitário para o
funcionamento dos laboratórios de células progenitoras hematopoéticas (BRASIL, 2010c;
BRASIL, 2010d).
Em 2010 começa-se a priorizar a ampliação do Transplante de Medula Óssea no
Hospitais públicos do Brasil e se edita a Portaria nº 2.931, com os requisitos necessários para
que um hospital possa transplantar (BRASIL, 2010).
Sendo assim, o Ministério da Saúde aprovou em 2011 o Regulamento Técnico, pela
Portaria N° 1.353, de 13 de junho de 2011, que visa a regular toda a atividade hemoterápica
no país, nos serviços públicos ou privados, de acordo com os princípios e diretrizes da
Política Nacional de Sangue e Hemoderivados (BRASIL, 2011).
Em 2012 a Portaria nº 844 estabelece a manutenção regulada do número de
cadastrados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea. Em 2013 a Portaria nº 2.132
estabelece novos quantitativos físicos da manutenção da regulação do número de cadastrados
no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (BRASIL, 2012, 2013b).
Fica instituído o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), Portaria
MS/GM 529/2013, Art. 1 Art. 162. Fica instituído, no âmbito do Ministério da Saúde, o
Comitê de Implementação do Programa Nacional de Segurança do Paciente (CIPNSP),
instância colegiada, de caráter consultivo, com a finalidade de promover ações que visem à
melhoria da segurança do cuidado em saúde através de processo de construção consensual
entre os diversos atores que dele participam, que descrevem a prescrição, transcrição,
dispensação e administração de medicamentos, sangue e hemoderivados (BRASIL, 2013a).
Nas legislações mais recentes, têm-se a Portaria nº 342 de 2014 que regulamenta os
critérios de distribuição e controle das quotas para novos cadastros no Registro Nacional de
53

Doadores de Medula Óssea. No mesmo ano Portaria nº 597 distribui a cota anual para novos
cadastros de doadores voluntários em mais Hemocentros do país. A Portaria nº 2.758, também
de 2014, fala sobre as medidas adotadas pelo Ministério da Saúde para aumentar o número de
transplantes de medula óssea no país e também estabelece o financiamento para ampliação do
acesso ao transplante alogênico não aparentado, fixando o valor de R$ 240.000,00 investidos
pelo SUS por leito de paciente (BRASIL, 2014a, 2014b, 2019). E finalmente a Portaria 30, de
2015, que estende o Programa Nacional de Transplante de Medula Óssea para pacientes que
sofrem de anemia falciforme (BRASIL, 2015d).
Visando à proteção do doador, receptor e profissionais envolvidos, a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) elabora legislação específica em que elenca os
regulamentos para o desenvolvimento das atividades, através da Resolução de Direção
Colegiada – RDC 34 de 11/06/2014 que estabelece os requisitos mínimos para os serviços que
desenvolvem atividades relacionadas ao ciclo produtivo do sangue, desde a coleta à transfusão
(ANVISA, 2014).
Assim no decorrer dos anos o Ministério da Saúde estabeleceu os regulamentos
técnico para procedimentos hemoterápicos, atualmente pela Portaria MS nº 158 de
04/02/2016, de acordo com os princípios e diretrizes da Política Nacional do Sangue
(BRASIL, 2016). Assim todos os órgãos, ou entidades de caráter público ou privado devem
observar este regulamento na execução das atividades hemoterápicas. Atualmente tal
regulamento técnico foi atualizado e compõe a Portaria de Consolidação das normas sobre as
ações e os serviços de saúde do SUS, nº 05 de 28/09/2017 (BRASIL, 2017a).
Em 2017, foi sancionado outro decreto de nº 9175 de 18 de outubro de 2017 que
regulamenta a Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997 e revoga o anterior de nº 2268 de 1997,
para tratar da disposição de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano para fins de
transplante e tratamento (BRASIL, 2017b).
Através de uma Nota Técnica Nº 7/2018 a ANVISA descreve o seu posicionamento
sobre a configuração das ações para segurança do paciente nos Serviços de Hemoterapia
(NACIONAL et al., 2018).

3.5 Resultados
Segue abaixo o quadro esquemático das legislações que foram consultadas, para
execução da leitura, com suas respectivas Unidades de Registros (UR):
54

Quadro 2 – Quadro esquemático das Legislações consultadas


ORD Leis, Decretos e ANO Unidade de Registros
Portarias
01 Lei nº 1075 1950 1 Doação Voluntária de Sangue
2 comercialização
3 abonava o dia de trabalho
4 nome seria integrado a uma lista de prestadores de serviços à pátria
02 Constituição da 1988 5 altruísta
República Federativa 6 voluntária
do Brasil 7 não gratificada
8 garantia de anonimato do doador
9 requisitos que facilitem a remoção dos órgãos, tecidos e substâncias
humanas para fins de transplante
10 pesquisa e tratamento
11 impedindo qualquer tipo de comercialização
03 Portaria nº 1.376 1993 12 normas técnicas para coleta, o processamento e a distribuição do sangue
04 Portaria nº 121 1995 13 necessidade de cumprir as etapas do controle de qualidade do sangue
05 Lei nº 9.434 1997 14 reforçar o direito à vida
15 institui a legalidade
16 sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de
transplante e tratamento
17 seja de livre vontade
18 autorizada pelo doador ou seu familiar
19 transplante em vida
20 é permitido a qualquer pessoa saudável
21 com seu consentimento
22 realizar a doação de órgãos a seu cônjuge, parentes consanguíneos até o
quarto grau
23 ou a outras pessoas mediante autorização judicial
24 autoriza a realização do transplante de órgãos somente em estabelecimentos
de saúde
25 médico-cirúrgicas de remoção
26 transplante permitidos pelo órgão de gestão nacional do Sistema Único de
Saúde
27 realização de transplantes ou enxertos de tecidos, órgãos e partes do corpo
humano só poderá ser autorizada após a realização, no doador, de todos os
testes
28 diagnóstico de infecção e infestação exigidos em normas regulamentares
expedidas pelo Ministério da Saúde
06 Decreto nº 2.268 1997 29 especifica detalhes do procedimento cirúrgico
30 comprometimento do Ministério da Saúde em garantir que hajam equipes
especializadas para a retirada de órgãos
31 disponibilização de uma infraestrutura adequada para a realização do
procedimento
32 organizar o Sistema Nacional de Transplante
33 desenvolverá o processo de captação
34 distribuição de tecidos, órgãos e partes retirados do corpo humano para
finalidades terapêuticas
07 Portaria nº 3407 1998 35 aprova o Regulamento Técnico sobre as atividades de transplantes
36 dispõe sobre a Coordenação Nacional de Transplantes
08 Portaria nº 903 2000 37 aumenta a disponibilidade de células Hematopoiéticas
38 criando o Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário
09 Portaria nº 1.315 2000 39 define o fluxo de informações, tipificação e cadastro de doadores no
Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea
10 Portaria nº 1.317 2000 40 reorganiza a Tabela de Procedimentos do Sistema Único de Saúde
41 adaptando-a a complexidade dos procedimentos relativos ao Transplante de
Medula Óssea
42 define o formato de atuação do Hospital Dia para a reinternação de
pacientes submetidos ao Transplante de Medula Óssea
11 Lei nº 10.205 2001 43 Política Nacional de Sangue, Componentes e Hemoderivados
44 proibiu a comercialização do sangue
45 propôs diretrizes, relativo à coleta, processamento, estocagem, distribuição e
aplicação do sangue, seus componentes e derivados
46 estabelece o ordenamento institucional indispensável à execução adequada
dessas atividades
47 princípios da doação voluntária
48 proteção do doador e do receptor
49 obrigatoriedade da testagem do sangue doado
50 condições para a execução da atividade hemoterápica desde a captação de
doadores até a transfusão
12 Lei nº 10.211 2001 51 altera dispositivos da Lei nº 9.434 de 1997
52 a respeito da remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins
de transplante e tratamento
55

13 Portaria nº 2.381 2004 53 Cria a Rede Nacional de Bancos de Sangue de Cordão Umbilical e
Placentário para Transplantes de Células-Tronco Hematopoiéticas
14 RDC N° 153 2004 54 norteando as atividades dos profissionais que atuavam nos serviços de
hemoterapia
55 previa a coleta, o processamento, a testagem, o armazenamento, o
transporte, o controle de qualidade e o uso humano do sangue e seus
componentes,
56 obtidos do sangue venoso, do cordão umbilical, da placenta e da medula
óssea
15 Portaria nº 931 2006 57 atualiza o Regulamento Técnico para Transplante de Células-Tronco
Hematopoéticas de 1998
16 Portaria nº 2.970 2006 58 define a coordenação da implantação da Rede Nacional de Bancos de
Sangue de Cordão Umbilical
17 Lei nº 11.521 2007 59 altera a Lei nº 9.434
60 a respeito da remoção de órgãos e tecidos para fins de transplante
18 Portaria nº 87 2009 61 autoriza o envio para o exterior de amostras de células-tronco
hematopoiéticas de doadores cadastrados no REDOME
19 Portaria nº 2.600 2009 62 atualizar e padronizar o funcionamento do Sistema Nacional de
Transplantes
63 aprova o Regulamento Técnico do Sistema Nacional de Transplantes
20 RDC n° 57 2010 64 determina o Regulamento Sanitário para Serviços
65 com atividades relacionadas ao ciclo produtivo do sangue humano,
componentes e procedimentos transfusionais
21 RDC n° 56 2010 66 determina o regulamento sanitário para o funcionamento dos laboratórios de
células progenitoras hematopoéticas
22 Portaria nº 2.931 2010 67 requisitos necessários para que um hospital possa transplantar
23 Portaria N° 1.353 2011 68 regular toda a atividade hemoterápica no país, nos serviços públicos ou
privados,
69 de acordo com os princípios e diretrizes da Política Nacional de Sangue e
Hemoderivados
24 Portaria nº 844 2012 70 estabelece a manutenção regulada do número de cadastrados no Registro
Nacional de Doadores de Medula Óssea
25 Portaria nº 2.132 2013 71 estabelece novos quantitativos físicos da manutenção da regulação do
número de cadastrados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea
26 Portaria nº 529 72 institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente
73 instituído, no âmbito do Ministério da Saúde, o Comitê de Implementação
do Programa Nacional de Segurança do Paciente
74 instância colegiada, de caráter consultivo
75 com a finalidade de promover ações que visem à melhoria da segurança do
cuidado em saúde
76 através de processo de construção consensual entre os diversos atores que
dele participam
77 descrevem a prescrição, transcrição, dispensação e administração de
medicamentos, sangue e hemoderivados
27 Portaria nº 342 2014 78 regulamenta os critérios de distribuição e controle das quotas para novos
cadastros no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea
28 Portaria nº 597 2014 79 distribui a cota anual para novos cadastros de doadores voluntários em mais
Hemocentros do país
29 Portaria nº 2.758 2014 80 medidas adotadas pelo Ministério da Saúde para aumentar o número de
transplantes de medula óssea no país
81 também estabelece o financiamento para ampliação do acesso ao transplante
alogênico não aparentado
82 fixando o valor de R$ 240.000,00 investidos pelo SUS por leito de paciente
30 RDC nº 34 2014 83 que estabelece os requisitos mínimos para os serviços que desenvolvem
atividades relacionadas ao ciclo produtivo do sangue
84 desde a coleta à transfusão
31 Portaria nº 30 2015 85 que estende o Programa Nacional de Transplante de Medula Óssea para
pacientes que sofrem de anemia falciforme
32 Portaria nº 158 2016 86 estabeleceu os regulamentos técnico para procedimentos hemoterápicos
87 de acordo com princípios e diretrizes da Política Nacional do Sangue
88 estabeleceu os regulamentos técnico para procedimentos hemoterápicos
33 Portaria de 2017 89 todos os órgãos, ou entidades de caráter público ou privado devem observar
este regulamento na execução das atividades hemoterápicas
Consolidação do MS 90 atualiza a Portaria nº 158
nº 05
34 Decreto de nº 9175 2017 91 regulamenta a Lei nº 9.434
92 revoga o anterior de nº 2268 de 1997
93 trata da disposição de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano para
fins de transplante e tratamento
35 Nota Técnica Nº 7 2018 94 ANVISA descreve o seu posicionamento sobre a configuração das ações
para segurança do paciente nos Serviços de Hemoterapia

Fonte: Elaboração própria, 2020.


56

Após a leitura dos documentos e das legislações acima (total de 35), se destaca as
unidades de registros, num total de 95 URs, no qual foi criado um painel, como resultado
chamado de painel legislador e seus vários movimentos de mudanças históricas, como
também apresentaram os temas que emergiram da análise do conteúdo.

Quadro 3 – Temas proveniente das Legislações


ORD ESPECIFICAÇÃO DOS TEMAS TOTAIS

01 Relativo ao pagamento – Profissionais 08

02 Ética, Segurança 08
03 Procedimentos e treinamentos 05
04 Relativo ao pagamento – Doadores 03
05 Altruísmo, espontâneo – Doador 03
06 Questões institucionais 02
07 Autorização do doador 01
08 Outros 01
Fonte: Elaboração própria, 2020.

A fim de ilustração e discussão ao que se propõe o capítulo, foi realizado uma


avaliação dos Regulamentos Técnicos atuais, são eles: 1) em relação ao sangue: portaria de
Consolidação, nº 05 de 28/09/2017; 2) em relação aos tecidos e órgãos: a portaria 2600 de
21/10/2009 e 3) em relação ao transplante de medula óssea: a portaria 931 de 02/05/2006.
A seguir apresenta-se o painel e ampliação da discussão, já mencionada no processo
de produção dos dados.
57

Figura 6. Painel Legislador

Fonte: Elaboração própria, 2020.

3.6 Discussão

Olhar para leis, normas, regimentos, e outras orientações não é uma tarefa interessante.
No entanto, a primeira evidencia surgida é de que legislar leva tempo, e da hemotransfusão no
Brasil está com 69 anos – 1950 a 2019 – mas, revendo-as percebe-se que há por detrás delas
seres humanos que agem politicamente e que é necessário considerar os bancos de sangue que
vendiam, embora o doador continue entendendo que é altruísta, uma ação humana de cuidado
com o outro que precisa de sangue.
São legislações carregadas de cultura, emoção, política, poder e conhecimento sobre a
clínica do sangue e suas consequências no corpo do doador e do receptor.
Em 1988, a Constituição Brasileira proibiu a comercialização de órgãos e de sangue e
submeteu todos os procedimentos implicados ao controle do Sistema Único de Saúde (SUS),
58

promovendo um verdadeiro salto qualitativo, tanto na segurança do processo quanto na


democratização do acesso aos tratamentos.
Em seu art. 199 § 4º a lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a
remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e
tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo
vedado todo tipo de comercialização. Sendo regulamentada somente em 2001 com a Lei nº
10.205, que descreveu a Política Nacional do Sangue, Componentes e Hemoderivados. Isto é
passou 13 anos para que vender o sangue fosse mudado.
O Ministério da Saúde, por meio da Coordenação da Política Nacional do Sangue e
Hemoderivados – CPNSH elaboram políticas que promovem o acesso da população à atenção
hematológica e hemoterápica com segurança e qualidade, em consonância com os princípios e
diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2015b). A regulamentação do Sistema
Nacional de Sangue, Componentes e Derivados é feita por resoluções, portarias, leis e
decretos, que por sua vez regulamentam as leis.
Desde então, houve constante aperfeiçoamento da legislação e, hoje, nosso arcabouço
legal sobre doação de órgãos humanos e de sangue está compatível, em termos de abrangência
e objetividade, compreendendo uma área no qual devem ser seguidas as legislações e as
regulamentações da vigilância sanitária ao seu pleno funcionamento, a fim de garantir um
transplante livre de danos ao paciente. Assim, portarias e resoluções nortearam a hemoterapia
no sentido de conferir organização e segurança na prática transfusional.
Vale ressaltar, que no primeiro regulamento técnico dos transplantes no art 1º
parágrafo único, não estão compreendidos entre os tecidos a que se refere este decreto o
sangue, o esperma e o óvulo. Assim, sendo, toda a legislação de transplante não comporta as
legislações de sangue, não o vê como tecido. E até o transplante de medula óssea, segue as
legislações tanto da área de Transplante, quanto da área da Hemoterapia, e outras específicas.
As preocupações com doadores e clientes-repceptores, no plano da legislação, ainda,
são tênues e o que parece preocupar é apenas a Biologia do sangue, enquanto suas dimensões
humanas, sociais, econômicas e políticas somem do papel.
O Ministério da Saúde, por meio da Coordenação da Política Nacional do Sangue e
Hemoderivados – CPNSH elaboram políticas que promovem o acesso da população à atenção
hematológica e hemoterápica com segurança e qualidade, em consonância com os princípios e
diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2015b). A regulamentação do Sistema
Nacional de Sangue, Componentes e Derivados é feita por resoluções, portarias, leis e
decretos, que por sua vez regulamentam as leis.
59

Nas ultimas décadas, novas preocupações foram surgindo, que envolve o


gerenciamento de risco estabelecidas para melhorar a segurança e a qualidade dos
procedimentos e processos envolvidos. Assim, para a regulação da ANVISA é realizado a
Hemovigilância que conceitua-se como o conjunto de procedimentos de vigilância que
abrange todo o ciclo do sangue, com o objetivo de obter e disponibilizar informações sobre
eventos adversos ocorridos nas diferentes etapas a fim de prevenir o aparecimento ou
recorrência, melhorar a qualidade dos processos e produtos e aumentar a segurança do doador
e do receptor (BRASIL, 2015).
No uso terapêutico de células e tecidos e no transplante de órgãos humanos é a
Biovigilância. Define-se Biovigilância como o conjunto de ações de monitoramento e
controle que abrange todo o ciclo do uso terapêutico de células, tecidos e órgãos humanos
desde a doação até a evolução clínica do receptor e do doador vivo com o objetivo de obter e
disponibilizar informações sobre riscos e eventos adversos, a fim de prevenir sua ocorrência
ou recorrência. (BRASIL, 2016a).
A Biovigilância, componente do Sistema de Notificação e Investigação em Vigilância
Sanitária (Vigipós), implica num fluxo continuo de coleta de dados, análises e devolutiva das
conclusões a todas aquelas pessoas que devem estar informadas por sua responsabilidade na
prática do uso terapêutico de células e tecidos e no transplante de órgãos humanos. Deve ser
aplicada em todos os níveis de atuação desde o início do processo de doação, incluindo os
procedimentos de retirada/coleta, processamento, acondicionamento, armazenamento e
distribuição, até a implantação e o seguimento do receptor (BRASIL, 2016a).
Aplica-se a biovigilância a todos os órgãos, tecidos, células e derivados de origem
humana a serem utilizados em humanos e a todos os processos necessários para que sejam
viáveis para a sua utilização em um receptor. No caso em que as células ou tecidos humanos
estejam destinados à produção de medicamentos ou combinados com produtos para a saúde, a
biovigilância só deve ser aplicada ao processo de doação, retirada/coleta e avaliação; os
demais processos devem de ser regulados pela farmacovigilância ou tecnovigilância
(BRASIL, 2016b).
O conjunto de ações de controle e monitoramento dos riscos relacionados a todo o
ciclo do sangue, desde a doação até o uso de sangue e componentes para fins transfusionais é
regulado pela hemovigilância, como anteriormente dito. No entanto, doadores e clientes-
repceptores continuam a margem do processo, principalmente no que diz respeito as questões
religiosas, sexuais, ao medo de adquirir outras doenças, e até mesmo de ter complicações
60

durante ou após a hemotransfusão. Isto sem contar com as representações e subjetividades que
esse procedimento provoca.
No entanto, foi possível identificar nesta reflexão sobre as legislações que existem
muitas orientações em suas etapas que envolvem: Captação de Doadores, Doação e Coleta,
Receptor e o Transplante ou Transfusão propriamente dito. E todas essas etapas possuem um
arcabouço legal e de vigilância bem desenhado. Única diferença para a transfusão de sangue
dos outros transplantes é que, nos transplantes, o doador é selecionado a partir de um cadastro
de clientes-repceptores, para assim realizar os exames necessários de compatibilidade antes da
execução da doação-transplante.
Enquanto que na doação de sangue primeiro é disponibilizado o sangue através da
doação, para depois serem feitos os testes de compatibilidade entre doador-receptor. Ambas
as doações são voluntárias, dependendo assim da disponibilidade de um doador vivo ou
morto, sendo necessário que esses passem por algum tipo de seleção para a viabilidade da
doação.
Toda a legislação de hemoterapia, é independente das outras legislações. Assim, é
possível observar que, com a evolução da hemoterapia, exigiram-se novas resoluções para
atender à necessidade de regularizar as diversas atividades. E as ações de todos os
profissionais que atuam em hemoterapia foram voltadas para o cumprimento das legislações,
a fim de prestar um serviço de qualidade, minimizando erros e complicações em todo o
processo hemoterápico, e a enfermagem se aventura em aprofundar esses processos todos,
pois acredita que ele é um ato de cuidar e pode ser entendido como transplante de células
vivas.

3.7 Conclusão

A quantidade considerável de possibilidades terapêuticas oferecidas pelos transplantes


de órgãos, implante/enxertia de tecidos e uso terapêutico de células e tecidos humanos têm
levado a um crescimento extraordinário desta área da medicina nos últimos anos. Porém,
esses procedimentos, embora possam trazer benefícios para os clientes-repceptores, não estão
isentos de riscos para o doador vivo ou para o próprio receptor. Numerosas publicações têm
alertado sobre o risco de transmissão de infecções, neoplasias ou a ocorrência de outros
eventos adversos.
O número de atores envolvidos no processo doação-transplante/uso terapêutico de
células, tecidos e órgãos, desde a seleção do doador até o implante final é elevado e
61

funcionalmente diferenciado. Da mesma forma, é diferenciado o grau de vigilância e controle


a ser aplicado nas diferentes fases deste processo podendo envolver equipes de retirada,
bancos de células e tecidos, centros de processamento celular, equipes de transplantes, entre
outros profissionais de saúde.
Assim sendo, pode-se considerar que o ato transfusional é um transplante de tecido
alogênico (proveniente de um doador), de vida média curta, passível dos riscos inerentes a um
tecido transplantado, isto é, proveniente de um doador vivo anônimo e desconhecido pelo
receptor, evolvendo duas atividades principais a doação e transfusão de sangue. Sendo um
transplante de células vivas que envolve adaptação do receptor, riscos, bem como inúmeros
benefícios, que merece nos regulamentos, a palavra “transplante”, que tem significado
diferente de hemotransfusão, pois, aparentemente, implica em procedimento mais complexo.
62

4 ARTIGO 2 – HEMOTERAPIA: CONHECIMENTOS E PRÁTICAS DA EQUIPE DE


ENFERMAGEM AO DOADOR E RECEPTOR DE SANGUE – UMA BASE DE
DADOS

Autores: Leylane Porto Bittencourt 1


Nébia Maria Almeida de Figueiredo 2

RESUMO

Este artigo é um recorte da tese de Doutorado intitulada TRANSPLANTE DE CÉLULAS


VIVAS: Significados do corpo que DOA e do corpo que RECEBE sangue - um
“acontecimento” na clínica de cuidar de Enfermagem do Programa de Pós Graduação em
Enfermagem e Biociências – PPGENBIO – e tem como questão norteadora: Que
conhecimentos e boas práticas de enfermagem são produzidos e publicados em base de dados
por enfermeiros(as) e que práticas são destacadas em seus estudos direcionadas para doadores
e clientes-repceptores de sangue? E como objetivos: Rastrear em artigos publicados por
enfermeiros(as) o que é prática e conhecimento em hemoterapia e criar uma matriz deste
rastreio como contribuição do conhecimento e prática em hemoterapia, e identificar os temas
principais emergentes deste rastreio como contribuição do conhecimento e prática em
hemoterapia. Metodologia: Qualitativa, tipo revisão integrativa de artigos em base de dados
que tratavem de Enfermagem, Transfusão de sangue e Doação de sangue. Os dados foram
produzidos através dos artigos e trabalhados na perspectiva da análise de conteúdo.
Resultados: As publicações foram maioria do ano de 2015, em português e da região das
Américas. Foram selecionados um total de 27 artigos, 05 tratavam de questões de doação e 22
de hemotransfusão, que na análise de conteúdo foram divididos e apresentados em 2
categorias: 1) conhecimentos e práticas da equipe de enfermagem para o doador de sangue:
capacitação e legislação, com 40 URs e 2) conhecimentos e práticas da equipe de enfermagem
para o receptor de sangue: treinamento e conhecimento, com 165 URs. Conclusão: As
preocupações são com legislação e conhecimento sobre os procedimentos: treinar, ensinar,
pesquisar é fundamental, principalmente para a Enfermagem que trabalha com os clientes-
receptores. Assim, não existe uma preocupação específica para doadores e clientes-receptores
de sangue em suas dimensões humanas, para pensar mais profundamente a clínica de
enfermagem.

Descritores: Doadores de Sangue. Bancos de Sangue. Transfusão de Sangue. Células


Sanguíneas. Enfermagem.

1
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências (PPGENFBIO)
pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
2
Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Professora Emérita da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (UNIRIO).
63

4.1 Introdução

Inicialmente, a atuação da enfermagem na hemoterapia era irrelevante, e os serviços


prestados eram realizados por técnicos de laboratórios. Nas últimas décadas, a partir dos anos
90, ocorreram profundas mudanças em relação à prática assistencial hemoterápica. A presença
do profissional com conhecimento específico na área de atuação tornou-se fundamental.
A partir da década de 1990, em eventos científicos, os profissionais de enfermagem
passaram a discutir as questões relacionadas aos doadores e clientes-repceptores, no ciclo do
sangue. Assim, aflorou a necessidade de uma legislação específica que orientasse as atividades
de enfermagem em hemoterapia.
Essa atividade foi legalizada através da Resolução COFEN-200 de 1997 que
estabeleceu a atuação dos profissionais de enfermagem em hemoterapia e transplante de medula
óssea, conforme as Normas Técnicas do Ministério da Saúde (COFEN, 1997) que trouxe como
competência do enfermeiro em hemoterapia: “Executar e/ou supervisionar a administração e a
monitorização da infusão de hemocomponentes e hemoderivados, detectando as eventuais
reações adversas.”
Com isso, atuar em hemoterapia é uma atividade relativamente recente para a
enfermagem, mas já dispõe de regulamentos e normas estabelecidos para o exercício de suas
funções. Depois, o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) normatizou a atuação do
Enfermeiro em Hemoterapia, através da Resolução Nº. 306/2006, em seu artigo 1º, listando 18
competências e atribuições dos Enfermeiros em Hemoterapia (COFEN, 2006):
planejar, executar, coordenar, supervisionar e avaliar os procedimentos de hemoterapia nas
unidades de saúde, visando a assegurar a qualidade do sangue, hemocomponentes e
hemoderivados;
- assistir de maneira integral os doadores, receptores e suas famílias, tendo como
base o código de ética dos profissionais de enfermagem e as normas vigentes;
- promover e difundir medidas de saúde preventivas e curativas por meio da
educação de doadores, receptores, familiares e comunidade em geral, objetivando a saúde e
segurança dos mesmos;
- realizar triagem clínica, visando à promoção da saúde e à segurança do doador e
do receptor, minimizando os riscos de intercorrências;
64

- realizar a consulta de enfermagem, objetivando integrar doadores aptos e inaptos,


bem como receptores no contexto hospitalar, ambulatorial e domiciliar, minimizando os riscos
de intercorrências;
- planejar, executar, coordenar, supervisionar e avaliar programas de captação de
doadores;
- proporcionar condições para o aprimoramento de profissionais de enfermagem
atuantes na área, através de cursos, reciclagem e estágios em instituições afins;
- planejar, executar, coordenar, supervisionar e avaliar programas de estágio,
treinamento e desenvolvimento de profissionais de enfermagem dos diferentes níveis de
formação;
- participar da definição da política de recursos humanos, da aquisição de material
e da disposição de área física necessários à assistência integral aos funcionários;
- cumprir e fazer cumprir as normas, regulamentos e legislações vigentes;
- estabelecer relações técnico-científicas com as unidades e afins;
- participar da equipe multiprofissional, procurando garantir uma assistência integral
ao doador, receptor e familiar;
- assistir ao doador, receptor e familiar, orientando-os durante todo o processo
hemoterápico;
- elaborar a prescrição de enfermagem nos processos hemoterápicos;
- executar e/ou supervisionar a administração e a monitorização da infusão de
hemocomponentes e hemoderivados, atuando nos casos de reações adversas;
- registrar informações e dados estatísticos pertinentes à assistência de enfermagem
prestada ao doador e ao receptor;
- manusear e monitorar equipamentos específicos de hemoterapia;
- desenvolver pesquisas relacionadas à hemoterapia.
Além disso a Resolução COFEN nº 306/2006 (COFEN, 2006) que em seu Artigo 2º
determina que “Em todas as Unidades de Saúde onde se realiza o Ato Transfusional se faz
necessário a implantação de uma equipe de enfermagem capacitada e habilitada para execução
dessa atividade.”
Tal regulamento foi atualizado e revisto por diversas resoluções, sendo a mais atual a
resolução 629 de 2020 que aprova e atualiza a Norma Técnica que dispõe sobre a atuação de
Enfermeiros e Técnicos de Enfermagem em Hemoterapia. A dos Enfermeiros corresponde:
planejar, executar, coordenar, supervisionar e avaliar os procedimentos de hemoterapia nas
unidades de saúde, visando assegurar a qualidade do sangue, hemocomponentes e
65

hemoderivados. As atribuições Técnicos de Enfermagem serão desenvolvidas sob a


supervisão e orientação do enfermeiro do serviço ou setor de hemoterapia, tendo em seu
anexo a descrição de cada atividade de cada profissional dentro do ciclo do sangue (COFEN,
2020).
A definição das competências nessa área multidisciplinar se faz importante,
considerando que cada profissional atua de forma complementar em suas atividades, porém
com enfoque na sua área de atuação. Neste cenário, o Enfermeiro tem uma atuação expressiva
nas ações da equipe multidisciplinar, sendo a medicina transfusional um complexo processo
dependente de vários profissionais com suas próprias habilidades, porém são interdependentes
para o funcionamento adequado do sistema. Entretanto, simplesmente determinar que as boas
práticas serão consequências dessas atribuições de competências requer pesquisa e avaliação
que seja de interesse da Enfermagem.
Para essa prática, a equipe de enfermagem necessita de conhecimento e habilidades
com relação à terapêutica transfusional, com o intuito de manter a segurança em todo o
processo na administração dos componentes sanguíneos, seja ele qual for: concentrado de
hemácias, concentrado de plaquetas, plasma fresco congelado, crioprecipitado, respeitando
seus limites, vias de administração, seus cuidados pré, per e pós transfusão, obtendo
conhecimentos específicos sobre cada um desses hemocomponentes (BRASIL, 2015b).
Vários fatores podem contribuir para aumentar as chances do cliente experimentar
uma complicação relacionada à transfusão, as chamadas reações transfusionais, imediatas,
ocorrida durante a transfusão, ou até 24 horas após, e tardia ocorrida após 24 horas da
transfusão (BRASIL, 2015e).
Assim, o saber fazer da enfermagem atual, em especial na hemoterapia, em seus
aspectos técnicos, científicos e éticos, se vê diante da complexidade da realidade, que
funciona em determinados contextos da saúde, mas em outros modos requer distinta
compreensão, para entender a subjetividade, a origem do mal-estar, a psicossomática, a saúde
mental e a própria forma de vida destes clientes submetidos a constantes transfusões de
sangue. Essa compreensão modifica a forma de avaliar e intervir no serviço prestado ao
coletivo (TEIXEIRA, et al, 2013).
Assim, o cuidar na enfermagem envolve a interação do enfermeiro com o cliente,
refletido pela sensibilidade no tocar, no olhar, no saber sentir e captar as emoções de quem se
cuida, buscando desenvolver atitudes e espaços de verdadeiro encontro intersubjetivo. Não
necessita de uma tecnologia, mas do entendimento de que o cuidar é transcendente aos
cuidados físicos, pois os seres humanos apresentam individualidades complexas, seus
66

significados e seus valores que o paradigma biomédico não elucida (FIGUEIREDO, et al


2009; SILVA; FIGUEIREDO et al, 2016).
As questões que emergem neste discurso de uma prática de conhecimento e boas
práticas nessa área tão nova é: que conhecimentos e boas práticas de enfermagem são
produzidos e publicados por enfermeiros(as) em base de dados? E que práticas são destacadas
em seus estudos direcionadas para doadores e clientes-receptores de sangue?

4.2 Objetivos

Este estudo tem como objetivos: 1) Rastrear em artigos publicados por


enfermeiros(as) o que é prática e conhecimento em hemoterapia e 2) Identificar os temas
principais emergentes deste rastreio como contribuição do conhecimento e prática em
hemoterapia.

4.3 Método

Trata-se de uma Revisão Integrativa, que foi estruturada em seis etapas distintas: 1)
elaboração da questão de pesquisa; 2) definição das bases de dados e critérios para inclusão e
exclusão de estudos; 3) definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados;
4) avaliação dos estudos incluídos na revisão; 5) interpretação dos resultados; 6) apresentação
da revisão/síntese do conhecimento (WHITTEMORE; KNAFL, 2005; MENDES; SILVEIRA;
GALVÃO, 2008; SOARES et al., 2010; SOUSA et al., 2017 ).

Destaca-se que este método de pesquisa tem a finalidade de reunir e sintetizar


resultados de pesquisas sobre um determinado assunto, de maneira sistemática e ordenada,
contribuindo para o aprofundamento do conhecimento do tema investigado (MENDES;
SILVEIRA; GALVÃO, 2008).
Para orientar a seleção dos descritores e a formulação da pergunta utilizou-se a
estratégia PICO, no qual, P - População, I - Intervenção, C - Comparação e O - Desfecho
(SANTOS; PIMENTA; NOBRE, 2007), sendo População: Enfermeiros, Graduandos de
enfermagem ou Equipe de enfermagem; Intervenção: conhecimentos e atuação; Comparação:
não se aplica; O - desfecho: atividades realizadas em Hemoterapia, assim formulou-se a
pergunta de pesquisa instituída neste estudo.
Para a busca nas bases de dados, foram selecionados descritores presentes nos
Descritores em Ciências da Saúde (DECS) e no Medical Subject Headings (MESH), assim
67

como descritores não controlados, estabelecidos de acordo com sinônimos dos controlados, e
por meio de leituras prévias sobre o tópico de interesse. Para sistematizar a coleta da amostra,
utilizou-se o formulário de busca avançada, respeitando peculiaridades e características
distintas de cada base de dados.
A busca foi realizada por dois pesquisadores independentes, de forma simultânea, os
quais padronizaram a sequência de utilização dos descritores e dos cruzamentos em cada base
de dados e, em seguida, compararam os resultados obtidos. Para garantir a busca ampla, em
sua totalidade, foram acessados por meio do portal de periódicos da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
No mês de outubro de 2019 procedeu-se à identificação dos estudos cujo título ou
resumo abordasse a temática, disponíveis na íntegra em português, espanhol ou inglês, dos
últimos 5 anos, observada a estratégia de busca com os seguintes descritores, adequando-os
para busca nas bases de dados: Blood; Sangue; Sangre; Blood Donors; Blood donor; blood
collection; Blood donation; Blood transfusion; Transfusão de sangue; Doadores de sangue;
Doador de sangue; Coleta de sangue; Doação de sangue; Donantes de sangre; Donante de
sangre; Recoleccion de sangre; Donacion de sangre; transfusion de sangre; Receptores de
sangue; Receptor de sangue; Receptores de sangre; Blood recipient; Enfermagem; Nursing;
Enfermeria; Enfermeiro; Enfermeiros; Nurse; Nurses; Enfermera; Enfermeras; Hemotherapy
Service; Servicio de Hemoterapia; Serviço de Hemoterapia.
Utilizaram-se as expressões booleanas “AND”, “NOT” e “OR” a fim de localizar os
registros onde ocorressem simultaneamente os descritores referidos.
A coleta de dados realizou-se nas bases de dados de saúde: Biblioteca Virtual em
Saúde (BVS) que englobou a Literatura Latino-Americana de Ciências da Saúde (LILACS) e
Banco de Dados em Enfermagem (BDENF); na National Library of Medicine
(PubMed)/Medical Literature Analysis and Retrieval System on Line (MEDLINE) e na
específica de enfermagem: The Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature
(CINHAL).
Os estudos encontrados foram importados no software de gerenciamento de
referências bibliográficas Endnote Web, disponibilizado na base Web of Science, com intuito
de ordenar os estudos encontrados e identificar os duplicados nas diferentes bases. Esse
software leva em consideração a ordem de exportação das bases e criação das respectivas
pastas no gerenciador, de forma que seleciona como duplicado o estudo incluído mais recente.
A seleção das publicações abrangeu quatro etapas, sendo que, na primeira etapa, se
eliminaram os artigos em duplicata nas bases de dados; já na segunda, ocorreu a leitura do
68

título, excluindo-se aqueles que não se adequavam ao objetivo da revisão; na terceira etapa,
exclusão por não possuir o texto completo disponível; na quarta, exclusão após leitura do
resumo dos artigos restantes, na última etapa, fez-se a leitura na íntegra dos artigos restantes,
descartando aqueles que, de fato, não se adequavam ao objetivo da revisão.
Foi realizada a seleção dos artigos, examinando cada um destes por título, por resumo
e pelo texto completo, de acordo com os seguintes critérios de inclusão: enfermagem e prática
hemoterápica, conhecimentos dos enfermeiros sobre terapia transfusional, atuação dos
enfermeiros na doação de sangue, transfusão de sangue ou em qualquer outra etapa do ciclo
do sangue, segurança transfusional. Foram considerados critérios de exclusão: editoriais,
estudos observacionais descritivos e estudos que estavam fora do escopo do protocolo PICO.
De cada estudo foram extraídos as seguintes informações e colocados em uma tabela
para apresentação dos resultados: ano da publicação, país, periódico, tipo de abordagem do
estudo, nível de evidência, objetivo do estudo, população, intervenção, tipo de atuação e
desfecho, para organização da coleta de dados.
O nível de evidência foi determinado segundo esta classificação: nível I – metanálise
de estudos controlados e randomizados; nível II – estudo experimental; nível III – estudo
quase experimental; nível IV – estudo descritivo/não experimental ou com abordagem
qualitativa; nível V – relato de caso ou experiência; nível VI – consenso e opinião de
especialistas (SOUSA et al., 2017).

4.4 Resultados

Identificaram-se 750 publicações, das quais, após aplicação dos critérios de inclusão e
exclusão, foram selecionados para a amostra desta revisão 27 artigos. Foram incluídos outros
03 estudos após o processo de busca manual, contando com 2 artigos, 1 dissertações de
mestrado. Para seleção das publicações, seguiram-se as recomendações do fluxograma
PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) (MOHER et
al., 2009; GALVÃO, TAÍS FREIRE, PANSANI, 2015), conforme apresentado na figura
abaixo.
69

Figura 7. Fluxograma PRISMA

Fonte: Elaboração própria, 2019.

A análise crítica e síntese qualitativa dos estudos selecionados foram realizadas na


forma descritiva, em duas categorias analíticas, segundo os tipos de atuação do enfermeiro ou
da equipe de enfermagem, 1) Conhecimentos e práticas da equipe de enfermagem para o
doador de sangue: capacitação e legislação e 2) Conhecimentos e práticas da equipe de
enfermagem para o receptor de sangue: treinamento e conhecimento.
Por tratar-se de revisão integrativa, a pesquisa não foi submetida ao Comitê de Ética
em Pesquisa, porém foram mantidas as ideias dos autores das publicações utilizadas no
desenvolvimento deste estudo, embora a tese aqui apresentada tenha sido submetida e este é
um recorte da tese.
Os resultados serão descritos conforme as duas categorias previamente ditas, segundo
variáveis: ano de publicação, idioma, tipo de abordagem de pesquisa, regiões de
desenvolvimento da pesquisa. E logo em seguida, os dados serão apresentados conforme,
população estudada, objetivo do estudo, tipo de intervenção, nível de evidência e desfecho.
70

4.4.1 Categoria 1 - Conhecimentos e práticas da equipe de Enfermagem para o doador


de sangue: capacitação e legislação

A seguir serão apresentados os 05 artigos que foram selecionados para esta categoria
que fala da atuação do enfermeiro ou da equipe de enfermagem na doação de sangue,
primeiramente pelas variáveis: ano de publicação, idioma, abordagem da pesquisa e região da
realização da pesquisa.

Tabela 1 – Demonstração das variáveis dos artigos selecionados da categoria 01


FREQUÊNCIA
VARIÁVEIS (N) %
2015 03 60
2016 01 20
Ano
2017 01 20

Espanhol 01 20
Idioma Português 04 80

Qualitativa 04 80

Tipo de abordagem de pesquisa Reflexão 01 20

Regiões da realização da pesquisa Região das Américas 05 100

Fonte: Elaboração própria, 2019.

Foi possível rastrear que a maioria das publicações foram do ano de 2015, sendo o
idioma em Português, com abordagem qualitativa e a região das Américas, 04 no Brasil e 01
em Cuba.

Quadro 4 – Quadro de demonstração dos artigos por População, Objetivo, Intervenção, Nível
de Evidência e Desfecho da categoria 01

ORD População Objetivo Intervenção Nível de Desfecho


Evidência
Diagnósticos de Protocolo de
Analisar o papel da Enfermagem de atividades do
01 Enfermeiros enfermagem no acordo com o V enfermeiro em
procedimento de aférese domínio de aférese de paciente
NANDA ou doador.
Refletir sobre as Adaptações para os Sugestões de novos
necessidades humanas a Diagnósticos, enunciados e de
Enfermeiros VI
02 respeito do desequilíbrio Definições e adaptações para
de doadores de sangue Classificações da melhor
71

total, considerando as NANDA contextualização da


reações adversas à International para assistência de
doação, e os diagnósticos atender aos enfermagem no
de enfermagem existentes doadores de sangue cenário das reações
que melhor atendam às adversas à doação de
necessidades de sangue total.
desequilíbrio
Construção do Guia
de Boas Práticas, a
Identificar as reações
03 fim de direcionar os
adversas apresentadas
profissionais de
pelos doadores de sangue Cuidados de
enfermagem ao
e traçar o perfil enfermagem
cuidado
sociodemográfico dos específicos para as
padronizado,
Equipe de participantes do estudo; reações adversas
V qualificado e
Enfermagem elaborar cuidados de ocorridas antes,
embasado,
enfermagem específicos durante e/ou após
garantindo
para as reações adversas as doações de
segurança e o
ocorridas antes, durante sangue total.
desenvolvimento
e/ou após as doações de
adequado das ações
sangue total.
frente às injúrias das
doações.
- Atualização de
conhecimentos sobre
04 a temática da doação
Identificar as
e a integração
contribuições da
durante as propostas
implementação do projeto
educativas.
de intervenção “Essa Educativa -
- Atuação da
Graduandos bolsa tem valor: doe atividades de
enfermagem na
de sangue” e o alcance de educação em saúde V
execução de
Enfermagem seu objetivo na captação e estratégias de
estratégias que
de doadores de sangue, marketing
favoreçam a
para a formação de
captação de
graduandos de
doadores voluntários
enfermagem
de sangue, para que
este torne-se doador
fiel.
Importância de
desenvolver ações
05 focadas nas pessoas
próximas aos
serviços de
Descrever as atividades
Ações educativas hemoterapia e
desenvolvidas por
Enfermeiros em captação de V qualificar essa
enfermeiras na captação
doadores de sangue prática no cotidiano
de doadores de sangue.
das enfermeiras, no
sentido de eleger
ações voltadas à
captação de
doadores.
Fonte: Elaboração própria, 2019.

Com esses 5 artigos selecionados, foi rastreado que os trabalhos estavam direcionados
aos cuidados de enfermagem em específico aos doadores de sangue, quando se pretende traçar
diagnósticos de enfermagem, baseados em NANDA para as atividades que já são realizadas
pelos enfermeiros com os doadores de aférese e de sangue total, e também a construção de
72

Guia de Boas Práticas para atendimentos às reações adversas que possam ocorrer com o
doador. Além disso, as atividades educativas relacionadas, estavam direcionadas à captação
de doadores, numa tentativa de conseguir mais doadores fidelizados ao serviço, atividade
também realizada por enfermeiros na Hemoterapia.
A construção do conhecimento é escassa e multifacetada, e, também, pouco dizem o
cuidado em específico, quando destaca-se unidades de registros, a evidencia é que há
interesses diversos, como visualizado as cinco principais temáticas abaixo:

Quadro 5 – Temas proveniente dos artigos da categoria 01


ORD ESPECIFICAÇÃO DOS TEMAS TOTAIS

01 Formação, Educação e Treinamento 15

02 Atividades de Enfermagem (diagnóstico) 11

03 Reações adversas 05
04 Cuidados de Enfermagem 03
05 Outros 06
Fonte: Elaboração própria, 2019.

Essa categoria tata do que os artigos destacaram o que deveria ser atenção de
enfermagem para o DOADOR de sangue, que tem como principal preocupação a capacitação,
ligado a treinamento, atualização e ou aquisição de conhecimentos, seguido de destaque para
as atividades de enfermagem ligado a desenhos de diagnósticos de enfermagem para a atuação
na área em específico.

4.4.2 Categoria 2 - Conhecimentos e práticas da equipe de enfermagem para o receptor


de sangue: treinamento e conhecimento

A seguir serão apresentados os 22 artigos que foram selecionados para esta categoria
que trata do conhecimento e práticas da equipe de enfermagem para questões relacionadas ao
receptor de sangue, primeiramente pelas variáveis: ano de publicação, idioma, abordagem da
pesquisa e região da realização da pesquisa.
73

Tabela 2 – Demonstração das variáveis dos artigos selecionados da categoria 02


FREQUÊNCIA
VARIÁVEIS %
(N)
2014 01 4,5
2015 03 13,7
2016 04 18,2
Ano de publicação
2017 04 18,2
2018 08 36,4
2019 02 9
Espanhol 02 9
Idioma Inglês 08 36,4
Português 12 54,6

Quantitativa 16 72,7
Tipo de abordagem de pesquisa
Qualitativa 6 27,3

Região das Américas 17 77,5


Região Europeia 02 9
Regiões da realização da pesquisa
Região do Mediterrâneo Oriental 01 4,5
Região do Pacífico Ocidental 02 9
Fonte: Elaboração própria, 2019.

É evidente que a maioria das publicações foram do ano de 2018, sendo o idioma em
Português, com abordagem quantitativa e a região das Américas, sendo a maioria do Brasil.

Quadro 6 – Quadro de demonstração dos artigos por População, Objetivo, Intervenção, Nível
de Evidência e Desfecho da categoria 02
NÍVEL DE
OR POPULAÇÃ INTERVENÇÃ
OBJETIVO EVIDÊNCI DESFECHO
D O O
A
Avaliar o desempenho
Observações, O índice de eficiência
da gestão de
através de foi de 65,4%,
01 Enfermeiros enfermagem na V
amostragem não indicação de que são
administração de
probabilística necessárias melhorias.
produtos sanguíneos
Estudantes de
Medir o conhecimento
enfermagem, que
cognitivo em estudantes
participaram de uma
de enfermagem que
Educativa - simulação de
receberam uma palestra
Palestra de transfusão de sangue,
didática com uma
02 Graduandos de simulação teve
experiência de III
Enfermagem realística com significativamente
simulação realística em
transfusão de maior média de
transfusão de sangue,
sangue pontuação pós-teste
em comparação com
em comparação com
estudantes que não
as pontuações médias
receberam a palestra.
pré-teste
74

- Deficiência no
conhecimento dos
Verificar se há profissionais da
associação entre o equipe de
conhecimento dos enfermagem, sobre
Checklist
Enfermeiros e profissionais da equipe hemotransfusão.
desenvolvido e
03 Técnicos de de enfermagem sobre V Identificação das
validado pelas
Enfermagem hemotransfusão e as principais
autoras
variáveis relacionadas dificuldades dos
aos aspectos profissionais com
profissionais relação às etapas do
processo
transfusional.
Os enfermeiros
possuíam
Entrevista conhecimento do
Identificar o
semiestruturada, processo pós-
conhecimento dos
cujo roteiro transfusional, mas não
enfermeiros acerca dos
continha havia observância das
cuidados de
perguntas abertas legislações que
Enfermeiros enfermagem no V
04 e fechadas normatizam a prática
processo pós-
referentes ao de transfusão
transfusional na unidade
processo de sanguínea, como por
de terapia intensiva
hemotransfusão exemplo a
neonatal.
na UTIN. obrigatoriedade dos
registros de
enfermagem.
Identificação e
Elaborar, juntamente intervenção precoces
com profissionais de em situações de
Enfermeiros e enfermagem, um reações
Grupos de
05 Técnicos de instrumento de V transfusionais,
discussão
Enfermagem monitorização do minimizando os danos
paciente submetido à e desconfortos
transfusão sanguínea. proporcionados ao
paciente.
Questionário,
com questões
abertas e
fechadas, Os resultados
aplicado a mostraram a
Identificar o enfermeiros e fragilidade por parte
Enfermeiros e conhecimento de uma técnicos, com da equipe de
06 Técnicos de equipe de enfermagem questões V enfermagem sobre o
Enfermagem sobre o processo pertinentes à conhecimento perante
transfusional. prática os cuidados pré e
transfusional e diante de uma reação
sua abordagem na transfusional.
atuação do
profissional de
enfermagem
Houve significativa
Investigar a diferença
melhora com a
no efeito sobre a Auditoria e
implementação de um
transfusão de sangue, Feedback para
protocolo de
cumprimento do implementar o
07 Enfermeiros III transfusão na UTI
conjunto de estratégias protocolo de
durante o período
para implementar o transfusão
ativo de
protocolo de transfusão
implementação, que
na UTI.
se expressa na
75

significativa melhora
nas taxas de
cumprimento das
ações.

O presente estudo
evidenciou que os
profissionais de
enfermagem possuem
melhor conhecimento
das complicações pós-
Avaliar o conhecimento
transfusionais e que a
dos profissionais da
Checklist auto-confiança, o uso
equipe de enfermagem
desenvolvido e de protocolos, os
08 Enfermeiros de Unidades de Terapia V
validado pelas programas de
Intensiva sobre
autoras treinamento e ter
hemotransfusão e
apenas um emprego
fatores associados.
são fatores associados
com melhor
conhecimento e
vigilância durante a
realização do
procedimento.
Este estudo forneceu
Descrever o evidências sobre o
desenvolvimento e potencial das
avaliação de um jogo tecnologias de jogos
para melhorar o Educativa - em envolver a
Graduandos de
09 conhecimento dos modelo de jogo II aprendizagem dos
Enfermagem
estudantes de experimental alunos, desenvolver a
enfermagem, confiança sua autoconfiança e
e desempenho em conhecimentos na
transfusão de sangue prática segura de
transfusão de sangue.
Observou-se uma
falta de conhecimento
dos profissionais em
relação à terapia de
transfusão. Isso
reforça a necessidade
Avaliar o conhecimento de aumentar as
dos profissionais da oportunidades de
equipe de enfermagem Instrumento aquisição de
Enfermeiros e de unidade de terapia validado da lista habilidades, tais como
10 Técnicos de intensiva sobre de verificação de IV cursos de formação e
Enfermagem hemotransfusão e tipo foi utilizado educação contínua e
identificar os fatores para coletar dados permanente para os
associados a tal profissionais de
conhecimento. enfermagem que
atuam em unidades de
cuidados intensivos,
com foco na
segurança e qualidade
de atendimento ao
paciente.
76

Os enfermeiros
possuem
conhecimento do
processo, mas não
executam passos
importantes,
Entrevista
conforme a legislação,
Analisar o semiestruturada,
tais como: a não
conhecimento do cujo roteiro
conferência de todos
enfermeiro acerca do continha
os dados contidos no
processo transfusional perguntas abertas
11 Enfermeiros IV rótulo da bolsa de
para o cuidado do e fechadas
sangue, os sinais e
recém-nascido na referentes ao
sintomas diante uma
unidade de terapia processo de
suspeita de reação
intensiva neonatal. hemotransfusão
transfusional, as
na UTIN
condutas frente a cada
reação e o
preenchimento
completo dos
registros
transfusionais.
Os resultados
Endossar ou cumprir as mostraram que existe
normas estabelecidas Instrumento de um percentual
para a transfusão de coleta de dados significativo de
hemocomponentes em autoadministrado enfermeiras que
12 Enfermeiros IV
um hospital da Classe A com aspectos das desconhecem aspectos
da Previdência Social normas de básicos dos
na Costa Rica para transfusão regulamentos
enfermeiros institucionais para a
transfusão.
O chek list funciona
como um roteiro para
orientar os passos que
os profissionais
Descrever o processo de devem seguir para
Validação de
construção e validação garantir segurança
checklist para
de conteúdo de um mínima à criança
13 Enfermeiros transfusão IV
checklist para transfundida,
sanguínea em
transfusão sanguínea diminuindo, assim, os
crianças
em crianças. erros de omissão e a
variação nos cuidados
de enfermagem
prestados a essa
clientela.
Houve uma
diminuição e até
mesmo a eliminação
da maioria dos tipos
Avaliar o conhecimento
de erros,
dos enfermeiros do
Pré e pós teste especialmente aqueles
Hospital São João sobre
antes e depois de relacionados à
14 Enfermeiros a transfusão de sangue, V
intervenção paciente ou erro de
e avaliar o impacto do
educativa identificação da
programa de educação
amostra, o que é
na prática hospitalar.
essencial para a
prática da medicina
segura e transfusão de
qualidade
77

O estudo reforça a
importância do papel
Conhecer a percepção do enfermeiro no
Questionário
dos enfermeiros quanto processo
semiestruturado,
15 Enfermeiros à assistência de V transfusional,
com perguntas
enfermagem no garantindo desta
abertas
processo transfusional forma
uma maior segurança
ao receptor.
Comprovou-se que os
enfermeiros têm
conhecimento acerca
Entrevista do processo pré-
semiestruturada, transfusional, embora
Analisar o
cujo roteiro alguns passos
conhecimento do
continha importantes no
enfermeiro da Unidade
perguntas abertas cuidado não tenham
16 Enfermeiros de Terapia Intensiva IV
e fechadas sido mencionados,
Neonatal acerca do
referentes ao mostrando a
processo da terapia
processo de necessidade de
transfusional.
hemotransfusão melhor capacitação
na UTIN desses profissionais
no cuidado vinculado
à terapia
transfusional.
Identificar o
conhecimento do
profissional envolvido
A análise mostra que
no serviço de
a transfusão não está
hemoterapia, detectar
Aplicação livre de riscos,
Enfermeiros e possíveis deficiências e
17 presencial de um portanto devem ser
Técnicos de avaliar se os V
questionário realizadas em
Enfermagem profissionais
estruturado condições seguras e
transfusionistas estão
por profissionais
habilitados, capacitados
capacitados.
e seguros diante do
procedimento de
transfusão
Avaliar o impacto de
um programa
educacional sobre o Programas
sangue e produtos educacionais sobre
sanguíneos, Aplicação de um transfusão de sangue
conhecimento em questionário antes pode impactar
18 Enfermeiros transfusão e e após III positivamente no
desempenho dos intervenção nível de
enfermeiros nos educativa conhecimento e
hospitais pertencentes à atuação do
Universidade de enfermeiro.
Mashhad de Ciências
Médicas.
Este estudo
Identificar o evidencia equipe
conhecimento dos com conhecimento
enfermeiros Aplicação de uma sobre hemoterapia,
19 Enfermeiros responsáveis pela entrevista semi- V embora apenas 8%
instalação e estruturada das questões
acompanhamento do referentes ao
ato transfusional. procedimento estavam
erradas, a
78

necessidade de
capacitação sobre o
assunto foi dita pelos
próprios profissionais.

Os resultados do
presente estudo
Educativa - Curso
demonstraram que o
Avaliar o conhecimento Sangue e
curso de transfusão de
dos enfermeiros que Produtos Curso
20 Enfermeiros V sangue aumentaram o
participaram do curso de Prática de
conhecimento dos
de transfusão de sangue. sangue para
enfermeiros
enfermeiros
pontuações médias
significativamente.
Identificar o O desempenho dos
conhecimento dos profissionais entre as
profissionais de Educativa - avaliações do pré e do
Enfermeiros e
21 Enfermagem sobre a Treinamento em pós-teste mostrou que
Técnicos de V
reação transfusional, Reação o treinamento em
Enfermagem
antes e após atividade Transfusional reação transfusional
de educação se deu de maneira
permanente satisfatória.
Foi possível estruturar
um instrumento
levando em
consideração as
Construir instrumentos especificidades do seu
para a gestão da local de atuação e que
assistência de permite realizar o
enfermagem ao paciente registro de todas as
Enfermeiros e Pesquisa
submetido à transfusão informações
22 Técnicos de documental e V
de sangue em um referentes à transfusão
Enfermagem grupo focal
hospital geral e público, de sangue, desde
fundamentados no dados do
referencial da gestão da hemocomponente até
qualidade. os parâmetros clínicos
do paciente,
contribuindo para a
segurança
transfusional
Fonte: Elaboração própria, 2019.

Foram identificadas as cinco principais temáticas abaixo:


Quadro 7 – Temas proveniente dos artigos da categoria 02
ORD ESPECIFICAÇÃO DOS TEMAS TOTAIS
01 Formação, Educação e Treinamento 92
02 Atividades de Enfermagem (procedimentos) 43

03 Reações adversas / danos / prevenção / segurança 10

04 Cuidados de Enfermagem 05
05 Outros 15
Fonte: Elaboração própria, 2019.
79

Essa categoria demonstra que há muito mais preocupação em aquisições de


conhecimento e treinamento para enfermagem que fazem a hemotransfusão, seguido de
atividades de enfermagem com destaque para procedimentos. Não há uma discussão de
cuidados para os clientes-repceptores, mas lembram constantemente que é necessário saber
sobre reações adversas ao sangue.
As duas categorias somam um total de 205 URs, que se decodificam num gráfico, a
seguir, proveniente de 27 produções científicas retiradas das bases de dados.

Gráfico 1 – Distribuição das Unidades de Registros por temas das categorias emergentes

Fonte: Elaboração própria, 2019.

O gráfico evidencia que o CONHECIMENTO dos(as) enfermeiros(as) e sua equipe,


que devem ser promovidos por pesquisas, avaliações, treinamentos, etc. O que é sobressalta é
que esse conhecimento não envolve o social, o sujeito, o seu sensível, o subjetivo. Envolve
mais uma “epistomologia” do cotidiano de fazer hemotransfusão e a preocupação com as
legislações e os procedimentos.

4.5 Discussão

Estes são entendidos por MAFFESOLI (2007, p. 196) como: “um “conhecimento”
empírico cotidiano que não pode ser dispensado. Esse “saber-fazer”, “saber-dizer” e “saber-
80

viver”, todos dotados de tão diversas e múltiplas implicações, constituem um dado cuja
riqueza a fenomenologia tem, com inteira justiça, posto em destaque (...)”.
Observando os relatos e desfechos desses artigos acima, é evidente que atividades
educativas são necessárias para a atuação do Enfermeiro para a melhoria da segurança
transfusional, principalmente no que tange aos aspectos ditos nas legislações de hemoterapia e
os protocolos transfusionais institucionais que precisam ser divulgados para os enfermeiros
que atuam na assistência direta.
Foi também perceptível que o nível de evidência das pesquisas estava entre o IV e V,
isto é, foram estudos descritivos/não experimentais ou com abordagem qualitativa e relatos de
caso ou experiência, reforçando a necessidade de mais pesquisas e evidências mais
contundentes quando se analisa a prática do enfermeiro nesta área.
E na leitura da íntegra dos estudos, demonstrou-se que a preocupação com essa prática
transfusional está mais evidente nos enfermeiros intensivistas de UTI ou UTI Neonatal, e
apenas um dos estudos evidenciaram pesquisa com equipe de enfermeiros e técnicos de
enfermagem que compõe uma equipe transfusional, isto é, estão na assistência ao paciente
direcionados à esta prática dos(as) enfermeiros (as) sobre o que devem saber sobre
hemotransfusão e do buscar estas respostas se descobriram identificando o conhecimento
deles é frágil e que necessitam aprender através de diversas estratégias sócio-pedagógicas.
A questão científica vai muito além da troca de comunicações e de fatos facilmente
corrigíveis, visto que os fatos reais que implicam numa enorme quantidade de outros
potencialmente observáveis para o estudo.
Também, não é possível esquecer a comunicação e a produção de subjetividades,
quando aprofundado o tema quando fala-se de hemotransfusão e de doadores e clientes-
repceptores que fazem isso. São eles que através da comunicação determinam as normas e as
formas e a ciência deve ser capaz de se comunicar sem equívocos.
Assim, fazer ciência no contexto hospitalar, com profissionais de enfermagem que
atuam produzindo conhecimento sobre saúde em doação e hemotransfusão, os enfermeiros(as)
nos serviços de Hemoterapia articulam o processo assistencial e gerencial, assegurando a
qualidade do sangue e hemocomponentes, aliado ao acolhimento do doador, educação
continuada da equipe envolvida, além de toda a logística envolvida nos procedimentos na
doação de sangue e na transfusão de sangue, é um desafio sempre a ser descoberto.
Ao pensar num “modelo clínico para enfermagem” a partir deste tema, Rossatto (2003,
p.86 e p.2) diz “ um modelo é uma abstração de alguma coisa com um propósito definido e
com objetivo de conhecer melhor antes de construie a implantação ou implementá-lo,
81

permitindo lidar com questões complexas”, diz ainda “a gestão do conhecimento é um


processo estratégico contínuo e dinâmico que visa gerir o capital da empresa e de todos os
pontos estratégicos a eles relacionados e estimular a conversão dos conhecimentos.”
O Enfermeiro possui atuação expressiva nas atividades dos serviços de hemoterapia,
sendo esta uma prática especializada e a sua presença contemplada em todas as etapas da
assistência hemoterápica, dentro do ciclo do sangue, principalmente em captação de doadores,
triagem clínica, intercorrências ao doador, e terapêutica transfusional.
De um modo geral apresentou-se as legislações de hemotransfusão ou transplante de
células vivas no capítulo anterior do estudo, neste momento, busca-se os fundamentos de uma
CLÍNICA DE ENFERMAGEM que transcende ao discurso dos procedimentos técnicos de
captar, coletar, testar, acondicionar e transfundir, para entender e propor uma LINGUAGEM
própria para uma CLÍNICA DE ENFERMAGEM, na qual o centro de nossa atenção é o
doador e o cliente-receptor, a partir de considerações teóricas fora do âmbito do sangue como
linguagem e procedimento.

4.6 Conclusão

Pode-se ser assertivo e afirmar a importância da medicina transfusional, bem como a


complexidade que envolve esse processo, desde sua obtenção e aplicação, exigindo utilização
de tecnologia de ponta e recursos humanos altamente especializados. A matéria-prima é o
sangue, por meio de doações voluntárias (BRASIL, 2010a).
A terapia transfusional, inserida nas atividades hospitalares, é vista habitualmente
como rotina, porém, deve-se salientar o caráter complexo das intervenções exigindo preparo
adequado, consistente e permanente das equipes, pois as não conformidades estão ligadas
muito frequentemente às falhas nos processos de trabalho entre a coleta de amostras para fins
transfusionais e a transfusão propriamente dita.
A hemoterapia representa importante papel terapêutico, sendo utilizada para
tratamento de diversos agravos à saúde. Inúmeros esforços têm sido feitos para a garantia da
qualidade do processo transfusional e da segurança dos clientes-repceptores. O sangue, os
seus componentes e os seus derivados são utilizados como suporte para tratamento de
inúmeras doenças e no apoio a transplantes, quimioterapia e cirurgias, tornando-se, assim,
produtos essenciais e insubstituíveis. Mesmo havendo riscos por se tratar de produtos
biológicos de origem humana, a hemotransfusão é parte essencial da atenção, promoção e
recuperação da saúde (BRASIL, 2015b).
82

Os estudos acima apontam para a deficiência do conhecimento da equipe de


enfermagem e a inadequação das condutas adotadas, durante a terapia transfusional.
Entretanto, são poucos os estudos que apontam os fatores que podem estar relacionados a
esses déficits de conhecimento nessa área.
A enfermagem tem papel importante na garantia da segurança transfusional, pois a
equipe é responsável por conhecer as indicações de transfusões, realizar a checagem de dados
para prevenir erros, orientar os pacientes sobre a hemotransfusão, detectar e atuar no
atendimento às reações transfusionais e necessidade em documentar o procedimento.
A doação e a transfusão de sangue requerem o entrosamento e o comprometimento de
uma equipe de saúde e o trabalho conjunto para diminuir ao máximo os riscos ao doador e ao
paciente. Nos últimos anos, houve uma considerável preocupação com a garantia da
segurança transfusional, fato que foi evidenciado por um maior número de publicações
referente ao ato transfusional do que questões relacionadas à doação de sangue.
O enfermeiro é o profissional que pesquisa, executa e/ou supervisiona a administração
e monitoração da infusão de hemocomponentes e hemoderivados, identificando possíveis
reações adversas, registrando informações e dados estatísticos apropriados ao doador e ao
receptor; e também é importante que o enfermeiro participe de programas de captação de
doadores, além do desenvolvimento e participação em pesquisas relacionadas à hemoterapia e
à hematologia (FERREIRA et al., 2007).
Embora o enfermeiro seja cada vez mais requisitado nas diversas atividades ligadas à
terapêutica transfusional, não existe reconhecimento por parte da própria categoria, pelo fato
de que esses profissionais desconhecem a complexidade e regulamentações do serviço. É
possível que tal desconhecimento ocorra, em grande parte, em razão de o conteúdo do curso
de graduação ser insuficiente, além de haver um reduzido número de cursos de pós-
graduação lato sensu voltados para essa área (FERREIRA et al., 2007).
Na formação do enfermeiro, nem sempre são abordadas questões sobre hemoterapia, o
que contribui para o despreparo desse profissional em lidar com as diversas situações que
venham a ocorrer. Nesse sentido, o estudo se justifica por se tratar de uma área que exige
conhecimentos específicos e habilidades do enfermeiro e sua equipe no processo de doação e
transfusional, visando à prevenção de riscos ao doador, paciente e à equipe de enfermagem,
necessitando assim de mais pesquisas em ambas as áreas.
83

5 ARTIGO 3 – AS MOTIVAÇÕES, SIGNIFICADOS, SENTIMENTOS,


COMPORTAMENTOS E ATITUDES DE SER DOADOR E RECEPTOR DE
SANGUE

Autores: Leylane Porto Bittencourt 1


Nébia Maria Almeida de Figueiredo 2

RESUMO

Este artigo é um recorte da tese de Doutorado intitulada TRANSPLANTE DE CÉLULAS


VIVAS: Significados do corpo que DOA e do corpo que RECEBE sangue - um
“acontecimento” na clínica de cuidar de Enfermagem do Programa de Pós Graduação em
Enfermagem e Biociências – PPGENBIO – e tem como questão norteadora: Que motivos,
significados, atitudes, sentimentos e comportamentos levam o doador a doar sangue e o
receptor a recebê-lo? E como objetivos: 1) Conhecer as motivações, significados,
sentimentos, comportamentos e atitudes da ação de doadores no processo de doação de
sangue e dos clientes-repceptores ao serem transfundido e 2) Rastrear em bases de dados
científicos publicados o que se estabelece na questão norteadora do estudo. Metodologia:
Qualitativa, tipo revisão integrativa de artigos em base de dados que tratavem de motivação,
significados, sentimentos, comportamentos associados à Transfusão de sangue e Doação de
sangue. Os dados foram produzidos através dos artigos e trabalhados na perspectiva da análise
de conteúdo. Resultados: o estudo selecionou 33 artigos, após utilização do fluxograma
PRISMA, seus textos foram submetidos a análise de conteúdo, tendo sido destacadas, 02
categorias, a relacionada aos doadores com 308 URs que responderam: Estímulos feitos ao
doador (160), Comportamento / Pesquisa de comportamento humano (80), Sentimentos (45) e
Motivações (15).Enquanto os clientes-repceptores estão mais preocupados com assuntos
gerais de hemotransfusão e consentimento (23) e sentimentos de medo, receio e angústia (15).
Conclusão: Normalmente, não há nenhuma preocupação com o doador, mais com muitos
interesses que envolvem a doação se considerá-lo o principal sujeito-objeto da doação que é
humano e não se sabe o que ele pensa sobre doar. Assim, não existe uma preocupação
específica para doadores e clientes-repceptores de sangue em suas dimensões humanas, para
pensar mais profundamente a clínica de enfermagem.

Descritores: Doadores de Sangue. Bancos de Sangue. Transfusão de Sangue. Células


Sanguíneas. Enfermagem.

1
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências (PPGENFBIO)
pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
2
Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Professora Emérita da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (UNIRIO).
84

5.1 Introdução

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece que para atender às demandas


transfusionais e manutenção dos níveis de estoque de sangue satisfatório, o número de
doadores deve ser de 1 a 3% da população. No Brasil, este número é em torno de 1,9%.
Assim, o Ministério da Saúde (MS) tem investido para incrementar estes números para 2,1%
da população. Tal necessidade é devida aos procedimentos realizados nas diversas
especialidades médicas, como o alto número de transplantes no país, que aumentou em 65,3%
entre 2003 e 2010, e requer grande aporte transfusional (BRASIL, 2015b).
A média de coletas de sangue no Brasil, de 2013 a 2015, é de 3.685.453
procedimentos realizados. No ano de 2015, houve uma redução de 16,27% no número de
coletas realizadas nos serviços privados não contratados em relação ao ano de 2014. Nesse
mesmo período de análise, o número de coletas no SUS apresentou uma redução no
quantitativo de 28.102 procedimentos realizados, sendo que, nos serviços privados
contratados pelo SUS, ocorreu um aumento significativo de 198.960 procedimentos de coletas
(BRASIL, 2017c)
O processo de coleta de sangue até a transfusão pode ser análogo a uma cadeia de
produção, num processo denominado Ciclo do Sangue. É um processo sistemático que se
inicia com a captação de doadores e coleta do sangue até sua última etapa, a infusão dos
hemocomponentes e hemoderivados (FIDLARCZYK; FERREIRA, 2008; BRASIL, 2010a).
O uso de sangue e hemocomponentes necessita e utiliza tecnologia de ponta e recursos
humanos altamente especializados, tornando-se uma prática cara para o SUS, que tem seu
fornecimento diretamente relacionado à doação voluntária e altruísta (BRASIL, 2015b). E
para tanto, tem-se a necessidade do ator principal do ciclo do sangue, o doador que irá doar
seu sangue para quem necessita.
A doação de sangue pode ser caracterizada das seguintes formas, segundo a Portaria
de Consolidação nº 5 (BRASIL, 2017a):

1) doação de reposição: doação advinda do indivíduo que doa para atender à


necessidade de um paciente, feitas por pessoas motivadas pelo próprio serviço, família
ou amigos dos clientes-receptores de sangue para repor o estoque de componentes
sanguíneos do serviço de hemoterapia;
85

2) doação espontânea: doação feita por pessoas motivadas para manter o estoque de
sangue do serviço de hemoterapia, decorrente de um ato de altruísmo, sem
identificação do nome do possível receptor;

E o doador pode ser caracterizado como (BRASIL, 2017a):


1) doador apto: doador cujos dados pessoais, condições clínicas, laboratoriais e
epidemiológicas se encontram em conformidade com os critérios de aceitação vigentes
para doação de sangue;
2) doador associado com TRALI: o doador cujo componente sanguíneo foi
transfundido durante as 6 (seis) horas precedentes à primeira manifestação clínica de
TRALI;
3) doador de primeira vez: é aquele indivíduo que doa pela primeira vez naquele
serviço de hemoterapia;
4) doador de repetição: doador que realiza 2 (duas) ou mais doações no período de 12
(doze) meses;
5) doador esporádico: doador que repete a doação após intervalo superior a 12 (doze)
meses da última doação;
6) doador implicado em TRALI: doador no qual são encontrados anticorpos anti-HLA
classe I ou II ou anti-HNA ou ambos, sendo que este anticorpo deve ter especificidade
para um antígeno presente nos leucócitos do receptor ou deve haver uma reação
positiva entre o soro do doador e os leucócitos do receptor (prova cruzada positiva);
7) doador inapto definitivo: doador que nunca poderá doar sangue para outra pessoa,
podendo, em alguns casos, realizar doação autóloga;
8) doador inapto por tempo indeterminado: doador que se encontra impedido de doar
sangue para outra pessoa por um período indefinido de tempo segundo as normas
regulatórias vigentes, mas apto a realizar doação autóloga;
9) doador inapto temporário: doador que se encontra impedido de doar sangue para
outra pessoa por determinado período de tempo, podendo realizar doação autóloga
quando possível e necessário;

Para a seleção desses candidatos, o candidato a doação de sangue irá passar uma
avaliação chamada de triagem clínica que será realizada por meio de entrevista individual, em
ambiente que garanta a privacidade e o sigilo das informações prestadas, sendo mantido o
registro em meio eletrônico ou físico da entrevista.
86

Pode ocorrer também o chamado doador convidado, que não está especificado na
legislação, entretanto o serviço de hemoterapia pode utilizar, que são os doadores que
possuem fenótipos raros, que são convidados a realizar a doação pelo serviço, devido
necessidade específica daquele sangue, quando há um receptor precisando exatamente
daquele fenótipo raro.
Como critério para a seleção dos doadores, no dia da doação o profissional de saúde de
nível superior, qualificado, capacitado, conhecedor das regras previstas nas legislações e sob
supervisão médica, avaliará os antecedentes e o estado atual do candidato a doador para
determinar se a coleta pode ser realizada sem causar prejuízo ao doador e se a transfusão dos
componentes sanguíneos preparados a partir dessa doação pode vir a causar risco para os
receptores (BRASIL, 2017).
Por outro lado, efetuado a doação de sangue e todos os procedimentos necessários para
o adequado armazenamento do sangue, entra em cena, outro ator do ciclo do sangue, o
receptor desse sangue, que possui uma necessidade e precisa ser transfundido. A transfusão de
sangue e seus componentes deve ser utilizada criteriosamente na medicina, uma vez que toda
transfusão traz em si um risco ao receptor, seja imediato ou tardio, devendo ser indicada de
forma criteriosa (BRASIL, 2015; BRASIL, 2017).
A indicação de transfusão de sangue poderá ser objeto de análise e aprovação pela
equipe médica do serviço de hemoterapia (BRASIL, 2017). Tais particularidades tornam
indispensável a racionalização na utilização dos hemocomponentes, considerando sempre a
segurança do doador, do receptor e a disponibilidade de acesso (BRASIL, 2015b).
O sangue e o significado de sua vinculação com a vida transcorreu por todo o
desenvolvimento da humanidade, sendo incorporado ao longo dos anos. Há relatos na
literatura a respeito da utilização do sangue primitivamente em banhos e como bebida para
benefício de guerreiros e gladiadores, sendo utilizado como um restaurador (BENETTI;
LENARDT, 2006).
Era considerado um líquido que conferia vida e juventude, bem como o dom de curar
muitas doenças. O fortalecimento do significado do sangue para a vida e a morte, foi
reforçado com a descoberta da circulação sanguínea, em 1628, por 25 William Harvey, e
abriu caminho para os experimentos da infusão vascular (FIDLARCZYK; FERREIRA,
2008).
Tal representação, o significado do sangue à vida, aumenta a responsabilidade dos
serviços de hemoterapia no acolhimento da população, devido às suas crenças e mitos, pois
em tempos remotos o conceito de vida era associado ao sangue, ressaltando seus benefícios
87

em curar ou restaurar a vida. Daí a necessidade de se reconhecer o que realmente sentem


doadores e clientes-repceptores e nem que representações que eles têm sobre o sangue.
Isso significa que o indivíduo vai se modificando em maior ou menor intensidade à
medida que resiste ou permite a superposição de novas experiências em sua vida. Isso o
conduz à constante (re)criação de si mesmo. Assim, quando se pensa as práticas cotidianas de
cuidar nos serviços de saúde, têm-se a certeza que vetores de diferentes forças incidem sobre
os corpos com intuito de controlar subjetividades no plano individual e coletivo (SILVA,
2016).
A saúde e a doença permeiam todo o processo de viver do ser humano. É uma
experiência subjetiva, varia entre os indivíduos, grupos culturais e classes sociais. A doença
iguala os sujeitos e registra no corpo do doente uma série de marcas do cuidado e estas devem
ser exploradas para a melhor atuação profissional (TAVARES, 2009) .
Diante disso, acredita-se que as experiências da doação de sangue e da transfusão
sanguínea associada à rede de significados atribuídos ao sangue têm características peculiares
que dependem do contexto sociocultural, religioso e da vida pessoal do indivíduo, isto é,
dependem do meio ambiente em que o indivíduo está inserido, seus laços de parentesco e
também da religiosidade.
Caracterizando assim, um campo fértil de investigação, no qual, no plano macro,
engloba os processos de atuação dos diversos profissionais que prestam estes cuidados e, no
plano micro, expressa a subjetividade dos clientes que que doam e os que são submetidos a
esta terapêutica.

5.2 Objetivos

Este estudo tem como questão norteadora que motivos, significados, atitudes,
sentimentos e comportamentos levam o doador a doar sangue e o receptor a recebe-lo? E
como objetivos: conhecer as motivações, significados, sentimentos, comportamentos e
atitudes da ação de doadores no processo de doação de sangue e dos clientes-repceptores ao
serem transfundidos e rastrear em bases de dados científicos publicados o que se estabelece na
questão norteadora do estudo.
A compreensão da realidade vivenciada pelos agentes envolvidos no fenômeno doação
x transfusão é pressuposto essencial para captar sua essência. Os doadores e clientes-
repceptores constituem-se um grupo social diferente que precisa ser compreendido, um que
doa e o outro que recebe.
88

5.3 Método

Trata-se de uma Revisão Integrativa com a adoção do fluxograma PRISMA (Preferred


Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) para apresentação da seleção dos
estudos, cujos dados encontrados serão submetidos a análise de conteúdo e matematização
dos dados qualitativos.
Todo o processo da revisão e escolha dos descritores foi norteado através da realização
da estratégia PICO, no qual, P - População, I - Intervenção, C - Comparação e O – Desfecho
(SANTOS; PIMENTA; NOBRE, 2007). Sendo assim, População: Doadores ou receptores de
sangue; Intervenção: o ato de doar e o ato de receber sangue; Comparação: não se aplica; O –
comportamentos, sentimentos, atitudes, motivações, assim formulou-se pela pergunta de
pesquisa: “Quais as motivações, sentimentos, comportamentos e atitudes do doador e receptor
de sangue?”.
A revisão integrativa foi estruturada em seis etapas distintas: 1) elaboração da questão
de pesquisa; 2) definição das bases de dados e critérios para inclusão e exclusão de estudos; 3)
definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados; 4) avaliação dos
estudos incluídos na revisão; 5) interpretação dos resultados; 6) apresentação da
revisão/síntese do conhecimento (WHITTEMORE; KNAFL, 2005).
Destaca-se que este método de pesquisa tem a finalidade de reunir e sintetizar
resultados de pesquisas sobre um determinado assunto, de maneira sistemática e ordenada,
contribuindo para o aprofundamento do conhecimento do tema investigado (MENDES;
SILVEIRA; GALVÃO, 2008).
Para a busca nas bases de dados, foram selecionados descritores presentes nos
Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e seus equivalentes no idioma inglês no Medical
Subject Headings (MeSH), assim como descritores não controlados, estabelecidos de acordo
com sinônimos dos controlados, e por meio de leituras prévias sobre o tópico de interesse.
Para sistematizar a coleta da amostra, utilizou-se o formulário de busca avançada, respeitando
peculiaridades e características distintas de cada base de dados.
Nos meses de agosto e setembro de 2019 procedeu-se à identificação dos estudos cujo
título ou resumo abordasse a temática, disponíveis na íntegra em português, espanhol ou
inglês, dos últimos 05 anos, observada a estratégia de busca com os seguintes descritores,
adequando-os para busca nas bases de dados: Blood; Sangue; Sangre; Blood Donors; Blood
donor; blood collection; Blood donation; Blood transfusion; Transfusão de sangue; Doadores
de sangue; Doador de sangue; Coleta de sangue; Doação de sangue; Donantes de sangre;
89

Donante de sangre; Recoleccion de sangre; Donacion de sangre; Transfusion de sangre;


Receptores de sangue; Receptor de sangue; Receptores de sangre; Blood recipient;
Motivation; Motivators; Meaning; Behavior; Body language; Body expression; Motivação;
Motivadores; Significado; Comportamento; Linguagem corporal; Expressão corporal;
Motivacion; Comportamiento; Lenguaje corporal; Expresion corporal. Utilizaram-se as
expressões booleanas “AND”, “NOT” e “OR” a fim de localizar os registros onde ocorressem
simultaneamente os descritores referidos.
A coleta de dados realizou-se no período de setembro de 2019, nas bases de dados de
saúde: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) que englobou a Literatura Latino-Americana de
Ciências da Saúde (LILACS) e Banco de Dados em Enfermagem (BDENF); na National
Library of Medicine (PubMed)/Medical Literature Analysis and Retrieval System on Line
(MEDLINE) e na específica de enfermagem: The Cumulative Index to Nursing and Allied
Health Literature (CINHAL).
A busca foi realizada por dois pesquisadores independentes, de forma simultânea, os
quais padronizaram a sequência de utilização dos descritores e dos cruzamentos em cada base
de dados e, em seguida, compararam os resultados obtidos. Para garantir a busca ampla,
foram acessados por meio do portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Os estudos encontrados foram importados no software de gerenciamento de
referências bibliográficas Endnote Web, disponibilizado na base Web of Science, com intuito
de ordenar os estudos encontrados e identificar os duplicados nas diferentes bases. Esse
software leva em consideração a ordem de exportação das bases e criação das respectivas
pastas no gerenciador, de forma que seleciona como duplicado o estudo incluído mais recente.
A seleção das publicações abrangeu quatro etapas, sendo que, na primeira etapa, se
eliminaram os artigos em duplicata nas bases de dados; já na segunda, ocorreu a leitura do
título, excluindo-se aqueles que não se adequavam ao objetivo da revisão; na terceira etapa
exclusão por não possuir o texto completo disponível; na quarta, exclusão após leitura do
resumo dos artigos restantes, e na última etapa, fez-se a leitura na íntegra dos artigos
restantes, descartando aqueles que, de fato, não se adequavam ao objetivo da revisão.
Foi realizada a seleção dos artigos, examinando cada um destes por título, por resumo
e pelo texto completo, de acordo com os seguintes critérios de inclusão: estudos no qual
falavam sobre doador e/ou receptor relacionado ao significado do sangue, motivação em doar,
comportamento, sentimentos, atitudes. Foram considerados critérios de exclusão: teses,
90

dissertações, editoriais, revisões integrativas e sistemáticas, estudos observacionais


descritivos, que estavam fora do escopo do protocolo PICO.
Vale ressaltar que foram excluídos muitas publicações referentes ao perfil sorológico
dos doadores, doadores homens que fazem sexo com homem, pesquisas relacionadas a não
doadores e intenção de doar em vários tipos de população, e com relação aos receptores
estudos que falavam de pacientes Testemunha de Jeová.
De cada estudo foram extraídos as seguintes informações e colocados em uma tabela
para organização dos resultados: ano da publicação, país, periódico, tipo de abordagem do
estudo, nível de evidência, objetivo do estudo, população, tipo de intervenção e desfecho.
O nível de evidência foi determinado segundo esta classificação: nível I – metanálise
de estudos controlados e randomizados; nível II – estudo experimental; nível III – estudo
quase experimental; nível IV – estudo descritivo/não experimental ou com abordagem
qualitativa; nível V – relato de caso ou experiência; nível VI – consenso e opinião de
especialistas (SOUSA et al., 2017).

5.4 Resultados e Discussão

Identificaram-se 1425 publicações, das quais, após aplicação dos critérios de inclusão
e exclusão, foram selecionados para a amostra desta revisão 33 artigos. Não foram incluídos
outros estudos após o processo de busca manual. Para seleção das publicações, seguiram-se as
recomendações do fluxograma PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews
and Meta-Analyses) (MOHER et al., 2009; GALVÃO, TAÍS FREIRE, PANSANI, 2015),
conforme apresentado na Figura abaixo.
91

Figura 8. Fluxograma PRISMA

Fonte: Elaboração própria, 2019.

A análise crítica e síntese qualitativa dos estudos selecionados foram realizadas na


forma descritiva, em duas categorias analíticas: 1) Motivações, significados, sentimentos,
comportamentos e atitudes dos doadores de sangue e 2) Significados, sentimentos,
comportamentos e atitudes dos clientes-repceptores de sangue.
Por tratar-se de revisão integrativa, a pesquisa não foi submetida ao Comitê de Ética
em Pesquisa, porém foram mantidas as ideias dos autores das publicações utilizadas no
desenvolvimento deste estudo. Depois os dados foram submetidos a análise conteúdo a fim de
encontrar respostas para pergunta deste estudo.
Os resultados serão descritos conforme as duas categorias previamente ditas, segundo
variáveis: ano de publicação, idioma, tipo de abordagem de pesquisa, regiões de
desenvolvimento da pesquisa. E logo em seguida, os dados serão apresentados conforme,
população estudada, objetivo do estudo, tipo de intervenção, nível de evidência e desfecho.
92

5.4.1 Categoria 1: Motivações, significados, sentimentos, comportamentos e atitudes dos


doadores de sangue

A seguir serão apresentados os 29 artigos que foram selecionados para esta categoria
separados pelas variáveis: ano de publicação, idioma, abordagem da pesquisa e região da
realização da pesquisa.

Tabela 3 – Demonstração das variáveis dos artigos selecionados da categoria 01

FREQUÊNCIA
VARIÁVEIS (N) %
2014 05 17,2
2015 02 6,9
2016 05 17,2
Ano de publicação
2017 08 27,6
2018 05 17,2
2019 04 13,9

Inglês 28 96,5
Idioma
Português 01 3,5

Quantitativa 19 65,5

Qualitativa 0 0
Tipo de abordagem de pesquisa
Quantitativa e Qualitativa 09 31

Reflexão 01 3,5

Região Africana 0 0
Região das Américas 10 34,5
Região do Sudeste Asiático 0 0
Regiões da realização da pesquisa Região Europeia 13 44,8
Região do Mediterrâneo Oriental 02 6,9
Região do Pacífico Ocidental 04 13,8
Fonte: Elaboração própria, 2019.

Foi possível perceber que a maioria das publicações foram do ano de 2017, sendo o
idioma inglês predominante, com abordagem quantitativa e a região Europeia com mais
publicações. Os estudos como produção de conhecimento dos envolvido no tema transfusão
foram submetidos a análise de conteúdo.
93

Quadro 8 – Quadro de demonstração dos artigos por População, Objetivo, Intervenção, Nível
de Evidência e Desfecho da categoria 01

NÍVEL DE
ORD POPULAÇÃO OBJETIVO INTERVENÇÃO DESFECHO
EVIDÊNCIA
É de grande
importância ter
Analisar e propor um conhecimentos
modelo teórico que precisos do
descreva o processo de processo de tomada
tomada de decisão dos de decisões dos
doadores de sangue, com doadores. Mesmo se
Doadores de a finalidade de ajudar o Ato de doar houver forte
01 VI
sangue pessoal que trabalha nos sangue motivação para
bancos de sangue ajudar os outros, o
(enfermeiras e outros), ato de doar sangue é
em seus esforços de invasivo e pode ser
captar e fidelizar os interrompido
doadores repentinamente em
qualquer fase do
processo.
Colocar um maior
enfoque na''
Experiência doador
Identificar as variáveis- '' e benefício
chave que caracterizam pessoal intangível
diferencialmente de '' sentir-se bem ''
doadores e não doadores. Motivações, . Campanhas de
Doadores de
02 E examinar as relações atitudes e IV doação de sangue
sangue
entre essas variáveis e sentimentos devem se
fazer comparações entre concentrar mais em
doadores e grupos não destacar os
doadores. sentimentos
positivos derivados
de doação de
sangue.
Para todos os
doadores,
sentimentos
Descrever a importância positivos sobre doar
da teoria da sangue estimula o
comportamento comportamento de
planejado (TPB) no retorno. Os
Comportamentos
Doadores de comportamento de resultados sugerem
03 de estímulo para IV
Sangue retorno à doação de que doadores estão
retorno a doação
sangue, mas auto- mais dispostos a
identidade (SI) e retornar quando
variáveis organizacionais obtiverem maior
(OVs). pontuação na auto-
eficácia, e
satisfação
percebida.
Examinar a aplicação da Consistente com a
teoria da determinação teoria de auto-
Teoria da auto
auto para motivações de determinação,
Doadores de determinação em
04 dadores de sangue e para III apresentou 6
Sangue doadores de
desenvolver e validar fatores: motivação,
sangue
uma medida regulação externa,
multidimensional regulação
94

relacionados com a introjetada,


identidade do doador. regulação
identificada,
regulação integrada,
e regulação
intrínseca.
O número de
doadores de sangue
Examinar os padrões em Atlanta foi
geográficos entre menor do que o
doadores de sangue, número de doadores
realizamos análises de sangue na área
baseadas em área usando metropolitana de
Análise geográfica
Doadores de códigos postais, cidades Atlanta. A dispersão
05 de doações de IV
sangue e municípios de dos locais de
sangue
residência do doador em doação fixos e
áreas metropolitanas e dificuldades de
não-metropolitanas para transporte para
entender onde as pessoas chegar ao locais
doam. foram apontados
como problemas
pelos doadores.
Nossos resultados
mostram que, para
os dois tipos de
doadores, um
simples telefonema
pode aumentar a
Identificar como
Doação de sangue propensão para dar
Doadores de diferentes tipos de
06 após ligação III sangue. No entanto,
sangue doadores reagem à
telefônica existe uma
chamada telefônica
heterogeneidade
importante na forma
como o telefonema
afeta a motivação
dos doadores ao
longo do tempo.
As motivações
sociais e ego
Investigar as motivações proteção, aumentam
subjacentes a doação de proporcionalmente
Motivações de
Doadores de sangue e como estas ao número de
07 doadores de IV
sangue diferem com base no doações; as
sangue
número de doações e de diferenças de
gênero dos doadores. doações relacionada
ao gênero não são
significativas.
A entrevista por
telefone permite aos
doadores explorar
Examinar o efeito da
as suas razões a
entrevista motivacional
favor e contra uma
por telefone, combinadas
futura tentativa
Doadores de com a ação e Motivações para o
08 III doação, encoraja-os
sangue componentes do plano de ato de doar sangue
a refletir sobre
sobrevivência, em
como o
motivações de dadores
comportamento de
de sangue.
doação
correspondeu aos
seus objetivos
95

maiores e sua
autoconfiança para
se envolver em
futuras doações.

Idade, trabalho e
educação foram
fatores mais
significativos em
relação ao retorno à
doação. As chances
de doação de
sangue para os de
Determinar os fatores Fatores que maior idade,
Doadores de eficazes no intervalo interferem o clericais,
09 II
sangue entre as doações de retorno ao ato de trabalhadores,
sangue. doar sangue trabalho livre,
estudantes e
doadores educadas
foram mais
elevados e, os
intervalos de tempo
entre as suas
doações de sangue
eram mais curtos.
Pode-se contar com
Examinar se as o aspecto valores
motivações para doar para recrutar novos
Mudanças nas
sangue mudaram antes e doadores, apelando
Doadores de motivações
10 durante o período de IV às motivações que
sangue durante o tempo e
crise econômica, tendo têm a ver com a
crise econômica
em consideração o sexo proteção Ego,
dos doadores Conhecimento, e o
aspecto social.
Embora para alguns
doadores o desejo
de obter resultados
de testes era
evidente, eles
Analisar diferenças em também têm a
fatores motivacionais que motivação altruísta
contribuem para a Motivação entre de doar sangue para
decisão de doar sangue doadores que ajudar alguém.
Doadores de entre os doadores foram Discutir formas
11 III
sangue infectados e não evidenciados alternativas para
infectados pode ajudar a infecção após reduzir
identificar áreas para doação descumprimento
melhorar a educação dos para garantir que
doadores. doadores com
potencial alto risco
compreendam as
razões políticas de
triagem clínica de
doadores de sangue.
As experiências Não houve efeito da
negativas. Nós Investigar Experiências atitude doador ou
Doadores de o efeito experiências negativas em ansiedade sobre a
12 IV
sangue negativas e ansiedade doadores de associação entre
sobre o impacto na sangue experiências
pressão na doação negativas e pressão
96

subsequente. arterial. Uma


experiência de
doação negativa não
estava associada
com alterações da
pressão arterial na
doação de sangue
posterior deste
grupo de doadores
de primeira vez.
Para alguns
doadores, a
entrevista
motivacional pode
não levar à ação
imediatas, mas pode
Examinar a capacidade incentivar um
de uma entrevista de comportamento de
Doadores de motivação para promover Motivações para o doação futura
13 III
sangue motivação interna para ato de doar sangue quando surgirem as
doar sangue e tentativas circunstâncias
de doação futuras apropriadas. Outra
possibilidade é que
o sucesso da
entrevista pode
depender do grau
em que ela aumenta
a motivação interna.
Uma intervenção
que promova um
sentimento de
pertencimento a
uma comunidade
maior de doadores
ou conectar-se a um
grupo menor de
pares pode
capitalizar sobre a
Avaliar o efeito das necessidade
condições de intervenção subjacente de
sobre as tentativas de parentesco e fazer a
doação no período de doação de sangue.
seguimento um ano. Motivações Uma experiência
Doadores de Examinar intervenções intrínsecas e negativa pode
14 I
sangue específicas no aumento extrínsecas a contribuir para uma
de competência, doação de sangue sensação de
autonomia, e parentesco incompetência e
como mediadores pode reduzir a
potencial retenção do sensação de auto-
doador. eficácia ou
competência como
um doador do
indivíduo. Em
contraste, uma
experiência positiva
promove um
sentido de auto-
eficácia (por
exemplo, “Isso é
algo que eu posso
97

fazer!”).

O boca-a-boca tem
uma influência
fundamental sobre o
comportamento de
dadores de sangue.
Portanto, gerentes
de banco de sangue
deve tentar
ativamente
Contribuir para esta falta
encorajar os
de investigação, Influência do
doadores a
incidindo sobre doadores boca-a-boca sobre
Doadores de recomendar o
15 de sangue austríacos o comportamento IV
sangue serviço para sua
como possíveis de cuidados de
família, amigos,
receptores e emissores de saúde
clube e colegas de
boba-a-boca
trabalho. Os
resultados destacam
que quase um terço
desses doadores
atualmente não
recomenda a doação
de sangue, mas
poderia imaginar
fazê-lo.
64,1% dos doadores
estão envolvidos
também em outras
associações de
voluntariado.
Diferenças
estatisticamente
significativas
surgem a respeito
Explorar o fenômeno de muitas das
Motivação dos
para as diferenças em variáveis
Doadores de doadores para
16 termos de motivações, IV consideradas:
Sangue outras ações
família-trabalho- social, valores, ego-
voluntárias
voluntariado proteção e
motivação carreira;
capacidade de
conciliar a vida
familiar,
voluntariado e
trabalho de
voluntariado;
satisfação de vida; e
satisfação a adesão.
O desejo “para
ajudar a outras
Analisar os fatores pessoas”,
Motivação dos
motivacionais para denominado
Doadores de doadores de
17 doação de sangue em IV altruísmo e valores
sangue sangue de
diferentes grupos de pró-sociais, foi o
diferentes perfis
doadores. fator de motivação
mais comum para a
doação de sangue.
98

Esta motivação
altruísta não
diferem muito entre
pela primeira vez e
doadores de
repetição.

Os resultados
sugerem que o
planejamento de
ações e a
distribuição de uma
Verificar a eficácia recompensa não
relativa da ação de têm efeito
Recrutamento de
Doadores de planeamento e motivacional sobre
18 doadores de III
sangue recompensa para o retorno para doar
sangue
promover a retenção de sangue. No entanto,
doadores de sangue total. as mulheres
parecem reagir mais
negativamente a
estas intervenções
no final do processo
de doação.
Nossos resultados
sugerem que o
campo
representacional
associado com a
doação de sangue
compreende,
crenças
heterogêneas
contraditórias de
que todos os grupos
Investigar o que é Representações
Doadores de de doadores estão
19 socialmente entendido Sociais sobre a IV
sangue conscientes. Além
sobre doação de sangue. doação de sangue
disso, sustentamos
que a
interdependência
entre estes aspectos
é dinâmica e fluida
sugerindo o
contexto social em
que a representação
é provocada
também precisa ser
considerado.
A pesquisa revela
que a maioria dos
Preencher a lacuna na
doadores de sangue
literatura através da
que estão
realização de uma Intenção de doar
envolvidos na
pesquisa abrangente sangue na teoria
Doadores de doação voluntária
20 sobre a intenção do do modelo de IV
sangue de sangue, têm uma
doador indiano no comportamento
forte motivação
sentido de doação planejado
para aderir às
voluntária de sangue na
normas sociais.
Índia.
Além disso, a forte
atitude positiva foi
99

encontrada
influenciar
motivação entre os
doadores. Além
disso, o estudo
observou que os
doadores de sangue
voluntários doam
sangue para o seu
crescimento pessoal
e satisfazer as suas
necessidades de
auto-estima.
Doadores de sangue
(comparado a não
doadores) são mais
propensos a se
envolver em outras
formas de
comportamento pró-
social, ou seja, que
Descrever como as
Comportamento doam dinheiro,
mudanças de
Doadores de pró-social dos voluntariado, e que
21 comportamento de III
sangue doadores de participam em
doação de sangue podem
sangue iniciativas de
facilitar o recrutamento
cidadania. Se as
pessoas começarem
a doação de sangue,
eles também são
mais propensos a
agir de outras
maneiras pró-
sociais.
Estes dados
fornecem novas
evidências de que o
medo persiste por
muitos doadores,
apesar da crescente
Caracterizar o grau de experiência, e
medos relacionados com sugerem que uma
Doadores de Medos em doar
22 a doação entre doadores III maior valorização
sangue sangue
com diferentes níveis de das diferenças
experiência de doação. individuais ao
medo, sendo
necessária para
promover a
motivação dos
doadores a longo
prazo.
Em conclusão, os
resultados
Testar um modelo demonstram a
integrando teoria da utilidade de
Doadores de autodeterminação e a Intenção de doar variáveis
23 III
sangue teoria do comportamento sangue motivacionais no
planeado para prever recrutamento de
intenção de doar sangue. doadores. Ao
destacar caminhos
específicos através
100

dos quais
orientações
motivacionais têm
efeitos sobre a
intenção, esta
pesquisa informa
abordagens à gestão
de doadores que
promovem a
autonomia e
disseminam a
motivação.
Certas
características
psicossociais
aumentam os riscos
de lapso
especialmente
doadores com maior
ansiedade. Eles
Investigar se as
podem beneficiar de
características Motivações
uma atenção extra
Doadores de psicossociais, medido psicossociais para
24 III durante a doação.
sangue antes da primeira doação, o descumprimento
Doadores com
prever posterior lapso de da doação
necessidade de mais
doação
informações ou
desejo sobre o
procedimento são
menos propensos a
caducar, indicando
que a ligação com o
banco de sangue
pode evitar lapso.
As mídias sociais
tornaram-se a
segunda
maior motivadora
importante para
recrutar doadores de
Identificar a fonte mais primeira vez, ao
atraente da motivação Recrutamento de lado de parentes e
Doadores de
25 dos doadores de primeira doadores de IV amigos que são de
sangue
vez e doadores de sangue longe os principais
repetição motivadores. Para
os doadores de
repetição, meios de
comunicação social
desempenham um
papel menos
importante.
Comparada com
Examinar o efeito de
uma entrevista ao
uma entrevista
vivo, uma entrevista
motivacional Motivações para o
automatizada pode
automatizada, na ato de doar sangue
Doadores de ser menos eficaz em
26 intenção do doador, através de uma III
sangue entrevistados. Para
motivação e entrevista
a maioria dos
comportamento em uma motivacional
participantes a
amostra de doadores
doação de sangue já
altamente experientes.
era um hábito
101

enraizado de que
era improvável de
ser influenciado por
uma breve
entrevista.

O parto, iniciar um
trabalho, e perder o
emprego aumentou
a probabilidade de
Examina como a
caducidade do
lealdade de doação de
doador, enquanto
Doadores de sangue muda todo o Lapso entre as
27 III uma transfusão de
sangue curso da vida como doações de sangue
sangue para alguém
resultado de eventos de
próximo e a morte
vida
de um ente querido
diminuiu a
probabilidade de
lapso doador.
Os resultados deste
estudo fornecem
evidências de que
com intervenções
específicas, mais
doadores de sangue
Avaliar a taxa de retorno podem ser
dos doadores de sangue motivados para doar
Diferentes
Doadores de primeira vez seguindo novamente. As
28 intervenções para IV
sangue diferentes intervenções letras emocionais,
fidelizar doador
para identificar maneiras cartas educativas, e
eficazes lembretes de
telefone são
intervenções
eficazes para
melhorar a taxa de
retorno de doadores
de primeira vez
Os doadores
relataram muitas
motivações pró-
sociais após a sua
primeira doação,
mas apenas uma
dessas afirmações
com motivação
intrínseca foi
Identificar os fatores que
Motivadores e associada com
Doadores de tanto motivam ou
29 impedimentos à IV retorno real para
sangue desmotivam os doadores
doação de sangue uma segunda
jovens.
doação. Além de
apelos em curso
para o altruísmo e
motivadores
intrínsecos, o
serviço de sangue
precisa prestar
atenção a fatores
estruturais.
102

Fonte: Elaboração própria, 2019.

Dentre os 29 artigos, têm-se diversos artigos que tratavam da motivação em doar


sangue, motivação essa que pelos estudos estavam mais associadas à motivação intrínseca e
de altruísmo independente de intervenções que estes doadores poderiam vivenciar.
Elencou também diversas estratégias para equipes que trabalham com captação de
doadores, no tocante a manter esse doador fidelizado, atuando bem mais com expressões
positivas, de empatia, amor e compreensão, evidenciando razões individuais para doar como
autosatisfação, que ajudam e contribuem para o planejamento da próxima doação.
Foram identificadas cinco principais temáticas abaixo:

Quadro 9 – Temas proveniente dos artigos da categoria 01


ORD ESPECIFICAÇÃO DOS TEMAS TOTAIS

01 Estímulos feitos ao doador para doar / Captação 160

02 Comportamento / Pesquisa de comportamento humano 80

03 Sentimentos 45

04 Motivações 15

05 Outros 08

Fonte: Elaboração própria, 2019.

As Unidades produzidas nos 29 artigos são de poli informações sobre doador que nos
respondem questões especifícas, eles relatam estímulos feitos para captação de doadores. É
uma ação que depende de estímulos profissionais e não destacam para o sentimento ou a
motivação.
De um modo geral, os estudos demonstraram que fatores psicossociais estão
relacionados com a intenção de doação contínua, mas o não retorno do doador também pode
estar relacionado às experiências negativas vivenciadas como ansiedade, localização do local
de coleta, satisfação com a coleta anterior, poderiam ser identificadas como barreiras
importantes para fidelização do doador. Foi evidente também nos estudos que tratavam sobre
motivações e intenções de doar, o uso da Teoria do comportamento planejado (TPB), com as
variáveis atitudes, normas subjetivas e controle comportamental percebido ao ato de doação
de sangue.
As mídias sociais apareceram em algumas pesquisas como uma ferramenta importante
para a captação de doadores de sangue, principalmente se o tipo de comunicação for
103

compartilhar uma experiência positiva com a doação de sangue, visto que atualmente, cerca
de um terço desses jovens doadores, adicionalmente, usam telefones celulares e redes sociais
para espalhar suas recomendações e experiências que atingem um público muito maior.

5.4.2 Categoria 2: Significados, sentimentos, comportamentos e atitudes dos receptores


de sangue

A seguir serão apresentados os 04 artigos que foram selecionados para esta categoria
separados pelas variáveis: ano de publicação, idioma, abordagem da pesquisa e região da
realização da pesquisa.

Tabela 4 – Demonstração das variáveis dos artigos selecionados da categoria 02

FREQUÊNCIA
VARIÁVEIS %
(N)
2014 03 75
Ano de publicação
2019 01 25

Inglês 03 75
Idioma
Português 01 25

Tipo de abordagem de pesquisa Quantitativa 02 50

Qualitativa 02 50

Região Africana 01 25

Regiões da realização da pesquisa Região das Américas 02 50


Região Europeia 01 25
Fonte: Elaboração própria, 2019.

Foi possível verificar que a maioria das publicações foram do ano de 2014, sendo o
idioma predominante o Inglês, com abordagem equilibrada, 02 com abordagem qualitativa e
02 com abordagem quantitativa e a região das Américas como a que mais produziu estudos.
104

Quadro 10 – Quadro de demonstração dos artigos por População, Objetivo, Intervenção,


Nível de Evidência e Desfecho da categoria 02
NÍVEL DE
ORD POPULAÇÃO OBJETIVO INTERVENÇÃO DESFECHO
EVIDÊNCIA
Os pacientes sentiram que
o vídeo foi útil ferramenta
Um vídeo
Avaliar as educacional antes de ter
educativo sobre os
lacunas no uma transfusão de sangue.
riscos e benefícios
conhecimento e Os pacientes mostraram
Pacientes de transfusões de
o processo atual IV que houve uma
receptores sangue foi
de consentir variabilidade significativa
01 desenvolvido e
transfusões de nas informações entregues
avaliado pelos
sangue. na discussão sobre o
pacientes
consentimento informado
para transfusão de sangue.

Obtenção do
consentimento informado
continua a ser uma das
pedras angulares da
Avaliar a
prática de transfusão de
percepção de
sangue responsável e
pacientes
Aplicação do segura, mas pode ser
Pacientes transfundidos
termo de V comprometida e
receptores com relação ao
consentimento influenciado por uma
02 termo de
variedade de fatores. Este
consentimento
estudo destaca alguns
informado.
pontos fortes e limitações
no processo de
consentimento para
transfusão de sangue.

Os participantes deste
estudo mostraram
conhecer o processo a que
Conhecer a
estão sendo submetidos,
percepção dos
embora
receptores Percepção sobre a
Pacientes isso não o torne isento de
sanguíneos transfusão de
receptores medos, receios e
quanto ao sangue V
angústias, que podem ser
processo
03 minimizados pela equipe
transfusional.
multiprofissional. Traz à
tona uma ressignificação
da própria vida, como
uma alternativa de
sobrevivência.
105

Este estudo concluiu que


ambos os cuidadores e
membros da comunidade
percebida transfusão de
Descrever as sangue como uma
percepções Percepção sobre a intervenção importante e
locais de transfusão de salva-vidas, mas também
Responsáveis
transfusão de sangue pelos encontrou ambas as
de pacientes V
sangue para responsáveis de preocupações de risco
pediátricos
04 crianças com crianças que são infecciosas e não-
anemia severa transfundidas. infecciosas, incluindo o
em Uganda. medo de transmissão do
HIV, a incompatibilidade
de sangue e uma infusão
de sangue muito rápida
entre outros.

Fonte: Elaboração própria, 2019.

Foram poucos os estudos relacionados à transfusão de sangue em que se tratava das


percepções do paciente acerca da transfusão de sangue. Ficou evidente que uma das
problemáticas relacionado à prática da transfusão estão na aplicação do termo de
consentimento, no qual se trata do momento em que o paciente é informado sobre os
benefícios e riscos.
Entretanto, ficou evidente que mesmo os pacientes tendo ciência e sabendo de como é
o ato transfusional e atribuírem à sua sobrevivência, eles se percebem com medos, angústias e
preocupações em estarem recebendo sangue. Reforçando dados encontrados submetendo as
informações contidas no artigo a análise de conteúdo:
Foram identificadas as quatro principais temáticas abaixo:

Quadro 11 – Temas proveniente dos artigos da categoria 02


ORD ESPECIFICAÇÃO DOS TEMAS TOTAIS
01 Assuntos gerais sobre transfusão e Consentimento 23

03 Sentimentos de medo, receio e angústia 15

03 Sobrevivência 05

04 Outros 01

Fonte: Elaboração própria, 2019.


106

Os artigos evidenciam a preocupação dos pacientes e familiares com a transfusão de


sangue, no que diz respeito ao consentimento informado, riscos, medo, receio e angústia com
a transfusão, mesmo sabendo que salva vidas.

5.5 Conclusão

Para a obtenção do sangue, os serviços lançam mão de programas de captação, que


objetivam conscientizar a população sobre sua corresponsabilidade na manutenção dos
estoques regulares de sangue, bem como conquistar e transformar doadores esporádicos em
habituais, e criar grupos especiais de doadores (FIDLARCZYK; FERREIRA, 2008).
Apesar de todos os recursos que hoje existem, para obtenção de informação, a doação
de sangue, por exemplo, pode amedrontar, sendo para Pereima et al. (2007) a educação em
saúde e a conscientização, um processo e um valioso instrumento de transformação social, de
corresponsabilização de jovens na doação de sangue.
A captação de doadores de sangue e sua consequente fidelização, um dos objetivos dos
serviços, é um campo fértil para atuação dos enfermeiros, pois o enfermeiro possui as
prerrogativas que norteiam esse fazer, o conhecimento pela sua formação e legislação
conforme resolução COFEN n°626/2020, ou seja, planejar, executar, coordenar, supervisionar
e avaliar programas de captação de doadores.
E todos esses estudos servirão de subsídios para a compreensão de intenções e
motivações ao ato de doar sangue, assim como entender o comportamento do doador de
sangue, evidenciando caminhos que podem ser traçados pela equipe de captação de doadores
de sangue.
Olhando para serviços de hemotransfusão a sensação é que a prática empírica dá lugar
à uma prática científica que se estabelece não apenas com ações, mas com pesquisa e
investimento em conhecimento e treinamento contínuo.
Tudo se torna complicado quando são envolvidos 2 tipos de pessoas aquelas que doam
seu sangue sem nenhum temor para aquelas que recebem e tem muito temor sobre o sangue e
o procedimento. Se no doar parece que eles têm algum tipo de sentimentos de prazer em doar,
em receber é ao contrário.
Assim, com relação aos pacientes transfundidos, a equipe multiprofissional tem o
dever de orientá-los quanto à hemotransfusão sobre riscos e benefícios da transfusão através
do consentimento livre e informado sobre o procedimento, além de observar suas
preocupações, medos e angústias com relação ao procedimento terapêutico.
107

6 ARTIGO 4 - O SER DOADOR DE SANGUE E VÍNCULOS COM A VIDA:


ASPECTOS DA DIMENSÃO HUMANA

Autores: Leylane Porto Bittencourt 1


Nébia Maria Almeida de Figueiredo 2

RESUMO

Este artigo é um recorte da tese de Doutorado intitulada TRANSPLANTE DE CÉLULAS


VIVAS: Significados do corpo que DOA e do corpo que RECEBE sangue - um
“acontecimento” na clínica de cuidar de Enfermagem do Programa de Pós Graduação em
Enfermagem e Biociências – PPGENBIO – e tem como questão norteadora: que significados
existem ou não na experiência de doar sangue? Os objetivos propostos foram: Rastrear no
encontro com doadores de sangue quais são seus significados sobre sangue, transfusão ou
transplante de células vivas; captar nas falas, gestos e imagens de doadores uma linguagem
que pode indicar como clínica específica para seu cuidado e identificar o que é manifesto ou
latente em suas falas ou expressões corporais que possam interferir em suas ações de doar.
Metodologia: Para a realização deste estudo foi utilizado o método da cartografia. Os
participantes da pesquisa foram doadores de sangue, que foram submetidos a entrevista semi-
estruturada e observação não participante no ato da doação de sangue. Os dados apresentados
neste artigo foram o do perfil desses doadores e dados coletados das entrevistas submetidos ao
software IRAMUTEQ que categoriza dados advindos de relatos dos participantes. Resultados:
Foram identificados a maioria dos doadores como doadores do sexo masculino, com ensino
médio completo, residentes do Rio de Janeiro, doadores espontâneos, com a última doação a
mais de 1 ano no cenário estudado. Conclusão: A doação demonstrou ser um momento de
descoberta de demonstração de estar feliz em DOAR sangue para o outro que precisa e
durante todo o tempo, demonstrando que o percentual de satisfação é alto e nas ocorrências
dos vacábulos o doador, simplesmente é “SÓ SANGUE” como se nada mais importasse
naquele momento, onde doar é um “ACONTECIMENTO”.

Descritores: Doadores de Sangue. Bancos de Sangue. Transfusão de Sangue. Células


Sanguíneas. Enfermagem.

6.1 Introdução

A doação de sangue é um aspecto que está posto na vida dos seres humanos de modo a
que nem sempre seja percebido, mesmo porque muitos não chegam a efetuar a doação. No

1
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências (PPGENFBIO)
pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
2
Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Professora Emérita da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (UNIRIO).
108

anexo IV da Portaria de Consolidação GM/MS nº 5, de 28 de setembro de 2017, no art 30 diz


que: “A doação de sangue deve ser voluntária, anônima e altruísta, não devendo o doador, de
forma direta ou indireta, receber qualquer remuneração ou benefício em virtude da sua
realização”, reafirmando o que foi dito em 2001, na Lei nº10.205, sendo “a utilização
exclusiva da doação voluntária, não remunerada, do sangue, cabendo ao poder público
estimulá-la como ato relevante de solidariedade humana e compromisso social” (BRASIL,
2001a, 2017a)
Segundo o Boletim de Produção Hemoterápica, considerando o número de coletas
realizadas em 2017, obtém-se uma taxa de doadores de sangue de 18,1doadores/1000
habitantes, ou seja, 1,8% da população brasileira, adotando-se para o cálculo o quantitativo
estimado da população brasileira em dezembro de 2017 (208.320.097 habitantes), divulgado
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Essa taxa vem se mantendo entre
as taxas dos países de média renda (11,7 doadores/1000 habitantes) e de alta renda (36,8
doadores/1000 habitantes) (WHO, 2015), ao longo dos últimos anos. Entretanto, reforça-se a
necessidade da ampliação da captação de doadores, por meio de indução de ações e políticas,
visando o aumento desse índice para os próximos anos (BRASIL, 2018).
Diante dos avanços da medicina e das ciências em geral, muito ainda há a pesquisar.
Nos últimos 20 anos, esforços têm sido dispensados na formulação e no preparo de substitutos
das hemácias e dos hemocomponentes. Mesmo com toda a evolução tecnológica e científica,
ainda não há um substituto para este tecido, denominado sangue. Por isso a importância e a
necessidade de doar sangue, persiste ainda hoje. Entretanto, cabe ressaltar, que falar em
sangue mexe com o imaginário social, suscitando a efervescência de sentimentos como medo,
dor, vida e morte, sofrimento e alegria, altruísmo, solidariedade entre outros. (PEREIMA et
al., 2010).
O vocábulo “sangue”, de origem latina – sanguen -, possui forte conotação emocional
na cultura cristã. Associado ao coração, o “sangue” está presente com muita força na
literatura, nas artes em geral e, é claro, nas ciências, especificamente quando estudado
biologicamente. Mas, enquanto o coração simboliza o amor romântico, sonhador, o sangue
traduz emoções fortes, ardentes, arrebatadoras e até violentas (PEREIMA et al., 2010).
A história da humanidade está ligada ao significado de sangue como vida desde seus
primórdios. Na Antiguidade, o sangue era concebido como fluido vital que além de vida
proporcionava juventude. Por isso, os povos primitivos untavam-se, banhavam-se e bebiam o
sangue de jovens e corajosos guerreiros, esperando adquirir suas qualidades. Na Bíblia
encontra-se muitas passagens relacionadas ao sangue (FIDLARCZYK; FERREIRA, 2008).
109

Um dos acontecimentos mais importantes, para a cultura cristã, refere-se à


transubstanciação do vinho em sangue por Jesus Cristo Esse ritual tem um significado
profundo para o cristão: o próprio sangue de Cristo se faz presente para a humanidade através
da continuidade da consagração. O sangue derramado por Cristo, pregado na cruz, significa a
remissão dos pecados dos cristãos, com o sentido de vida, libertação, salvação e purificação
(PEREIMA et al., 2010).
Pela cultura de muitos povos estes selam pactos de amizade, de amor, de vida ou
mesmo, paradoxalmente, outros executam vinganças e extravasam ódios com derramamento
de sangue. Poderiam ser escritas páginas e mais páginas com passagens, fatos e rituais ligados
à palavra “sangue”, tanto no que diz respeito à cultura popular como à erudita, expressando
sentimentos e sentidos.
O sangue permite o provimento de células vitais, oxigena todos os órgãos do corpo
humano, e assim, defende o organismo contra agentes invasores de diversas naturezas. Enfim,
Sangue é fonte de vida! É assim que a doação de sangue como ato solidário à manutenção da
vida, constitui um desafio.
Em vista disso, a reposição de sangue e derivados em pacientes de diversas doenças,
ou vítimas de trauma de qualquer etiologia, permanece como um dos principais fatores para a
preservação da vida. Portanto, a importância da doação de sangue e da busca de novos
doadores para a sua fidelização que significa tornar o doador como doador de repetição, ou
seja, conquistá-lo para que doe sangue regularmente (PEREIMA et al., 2010).
Diferentemente do ciclo do sangue que abrange todo o processo que envolve conjunto
das etapas que se inicia na obtenção do sangue, produção, armazenamento, distribuição até
sua utilização, transfusão dos hemocomponentes (FIDLARCZYK; FERREIRA, 2008), o
estabelecimento de relação com os doadores de sangue está relacionado com a forma de
contato, tomada de conhecimento e sensibilização do candidato para a doação voluntária e
regular de sangue.
A triagem clínica de doadores, realizada pelo enfermeiro, antes da doação está inserido
o cuidado de enfermagem, envolvendo saberes e fazeres de atuação, aos doadores de sangue
em uma especialidade, envolvendo aspectos culturais, sociais, econômicos, de cidadania,
aspectos fisiopatológicos, de qualidade de vida e o processo de saúde e doença (SANTOS et
al., 2008). Assim, envolve não só a saúde do candidato à doação, como sua motivação, sua
situação social, econômica, cultural e pessoal, aproximando e relacionando doadores e
clientes-receptores que são intermediados pelos profissionais ali envolvidos.
110

Sendo um momento importante de ouvi-los quando eles estão doando sangue, assim a
questão norteadora é que significados existem ou não na experiência de doar sangue?

6.2 Objetivos

Para tanto têm-se como objetivos deste capítulo:

 Rastrear no encontro com doadores de sangue quais são seus significados sobre
sangue, doação de sangue, transfusão de sangue ou transplante de células vivas;
 Captar nas falas, gestos e comportamentos dos doadores, temas e linguagem
corporal que possam indicar uma clínica de enfermagem específica para o seu
cuidado;
 Identificar o que é manifesto e latente em suas falas ou expressões corporais que
sejam indicadores de crenças, vivências e/ou comportamentos que possam interferir
em suas ações de doar sangue.

6.3 Método

O método para a realização da pesquisa foi o método cartográfico que trata-se de


investigar um processo de produção e não representar um objeto. No qual o cartógrafo assume
uma atenção flutuante e um reconhecimento atento, no qual desde o início da pesquisa ocorre
uma produção dos dados (PASSOS; KASTRUP, 2013).
Na pesquisa cartográfica, pode-se situar o macrocontexto com a dinâmica de
transformação do problema geral da pesquisa e os microcontextos como a definição de
problemas que aparecem durante as visitas de campo (KASTRUP; 2007; KASTRUP; 2009).
Assim, a cartografia é responsável em atualizar as sensações dos indivíduos e está
centrada nas conexões humanas e nos processos advindos da realidade, que pode ser
observada por diferentes ângulos e acessada por diversos aspectos envolvidos no íntimo das
relações, sendo assim uma ampla produção de subjetividades (PASSOS; KASTRUP;
ESCÓSSIA, 2009). No qual os signos são acolhidos numa atitude atencional de ativa
receptividade, quando expõe um problema e forçam a pensar. Por isso, assume uma
abordagem qualitativa e considera uma dimensão quantitativa nos dados qualitativos produzidos.
111

6.4 Participantes e critério de seleção

Os participantes deste estudo foram os doadores de sangue que através de um ato


voluntário e altruísta comparecem ao serviço de hemoterapia para efetuarem a doação de
sangue.
Como critérios de inclusão têm-se: a) doadores que tenham sido aptos na triagem
clínica e em seguida iriam efetuar a coleta do sangue; b) doadores que tenham mais de 18
anos. E critérios de exclusão: a) doadores que se candidataram e não efetuaram a doação de
sangue; b) doadores que se sentiram constrangido e não continuaram a entrevista ou não
finalizaram a entrevista por algum motivo.

6.5 Procedimentos de coleta de dados

Nos meses de abril a agosto de 2018, foram realizadas as entrevistas semiestruturadas


com doadores de sangue após a triagem clínica de doadores, estando estes aptos a doar,
contendo questões fechadas para a caraterização dos participantes e perguntas abertas
direcionadas ao objetivo do estudo, captar seus significados, sentimentos e motivações acerca
do ato de doar sangue.
Além disto, ocorreu a observação não participante através da aplicação de um check-
list observacional para detectar linguagem corporal e comportamentos subjetivos no momento
do ato da doação. No total foram coletadas 10 entrevistas com doadores de sangue e
preenchidos 10 check list concomitantemente, do mesmo doador. Optou-se primeiramente por
esse quantitativo para dar início a coleta, entretanto, verificou-se de uma forma preliminar a
saturação das informações dadas por eles e foi encerrado a coleta de dados.
As entrevistas foram gravadas com a utilização de um dispositivo MP3 player-
gravador de voz, somente após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
pelos doadores, e posteriormente foram transcritas para tratamento e análise dos dados. Vale
ressaltar que o estudo obteve o parecer “APROVADO” pelo mediante o seguinte número de
registro: 2.576.418 pelo CEP/UNIRIO e CEP/HEMORIO.
112

6.6 Procedimentos de análise de dados

O check list observacional e caracterização dos participantes foi submetido a uma


análise quantitativa, com uso de estatística descritiva, somente para a apresentação dos dados
demográficos e caracterização do doador. Todo o material produzido pelas entrevistas
transcritas foi submetido à Análise de Conteúdo (AC) descrita por Bardin (2016).
Bardin define a AC como:

um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que visam obter por


procedimentos objetivos e sistemáticos a descrição do conteúdo das
mensagens, indicadores que permitam a inferência de conhecimentos
relativos às condições de produção/recepção destas mensagens
(BARDIN,1977,p.42).

O objetivo principal da AC pode ser sintetizado em manipulação das mensagens, tanto


do seu conteúdo quanto da expressão desse conteúdo, para colocar em evidência indicadores
que permitam inferir sobre uma outra realidade que não a mesma da mensagem. “Assim
oscila entre os dois polos o rigor da objetividade e da fecundidade da subjetividade.”
(BARDIN, 2016, p.15).
A AC pode ser uma análise dos “significados” (análise temática), embora possa ser
também uma análise dos “significantes” (análise lexical e sintática). Bardin (2016, p.125)
propõe a AC pautada em três fases cronológicas distintas: 1) Inicialmente a pré-análise; 2)
Seguida da exploração do material e; 3) Tratamento dos resultados, a inferência e a
interpretação.
A primeira fase da AC chamada de pré-análise é o momento da organização dos
dados, no qual se encontra a pesquisa. Nesta fase foi realizada a leitura flutuante das
entrevistas semiestruturadas transcritas e a impregnação do investigador por impressões
advindas dos dados obtidos.
Para tanto todas as palavras do texto foram levadas em consideração com distinções
em palavras plenas, isto é, palavras “portadoras de sentido”: substantivos, adjetivos, verbos; e
as palavras instrumento, isto é, as palavras funcionais de ligação: artigos, conjunções,
preposições, conectivos, advérbios e etc. Verifica-se que o número de palavras presente e o
total de ocorrência, realizando assim a análise lexical e sintática da amostra selecionada,
referente ao doador de sangue (BARDIN, 2016).
Em seguida, foi realizada a demarcação dos documentos relevantes para a constituição
de um corpus, e posterior tratamento analítico. Para isto, foi organizado um instrumento
113

conforme Bardin (2016, p.130) “sistematicamente agregados em unidades de registro, as


quais permitem uma descrição exata das características pertinentes ao conteúdo (...)”.
A segunda fase da AC foi efetivamente da exploração do material. Esta exploração
será realizada por meio de estruturação dos dados mediante as estratégias denominadas por
Bardin (2016) como inventário das unidades de registro e de contexto e classificação por
analogias, com o auxílio do software IRAMUTEQ considerada ferramenta de processamento
dos dados, e não um método de pesquisa, o que torna seus resultados instrumentos de
exploração, busca e associação em material de pesquisa (SOUZA et al., 2018).
A categorização é uma “operação de classificação de elementos constitutivos de um
conjunto por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo o gênero (analogia),
com os critérios previamente definidos” (BARDIN, 1977, p.117). Realizada pelo software
com a chamada Classificação Hierárquica Descendente, através da representação do
dendograma, análise fatorial e nuvem de palavras foi possível elencar as categorias para
discussão (SOUZA et al., 2018).
Executar tal análise do conteúdo como conjunto de procedimentos requer que estes
procedimentos sejam determinados, para que o pesquisador saiba exatamente qual rumo deve
seguir. Além disso, a técnica possibilita que os resultados de diferentes estudos sejam
comparados entre si (OLIVEIRA, 2008).

6.7 Resultados

6.7.1 Diário de campo

Foi possível perceber que no ato da doação de sangue a equipe era composta
prioritariamente pela categoria da enfermagem, contendo 8 consultórios para a realização da
triagem clínica, que no serviço é realizada por enfermeiros(as), 1 médico plantonista presente
para eventuais dúvidas que aconteçam, ou para atendimento de intercorrências com o doador.
E no salão de coleta de doadores, 1 enfermeiro(a) supervisor de sala que é responsável
pela organização dos materiais da sala e liberação do doador que foi triado para a coleta, e,
pelo menos uns 12 técnicos de enfermagem, por dia, que efetuam: 2 que realizam a
etiquetagem das bolsas e tubos de sangue, 1 para a organização da chamada e alocação dos
doadores nas cadeiras, 8 para a coleta de doadores e 1 para liberação e envio das bolsas
doadas e tubos de exames para os laboratórios de hemoterapia.
114

Foi possível perceber que esses técnicos de enfermagem são muito bem treinados,
cada um na sua função. Entretanto, em dias alternados, cada um executa uma dessas funções
acima descritas. Foi realizado o check list observacional de cada doação dos doadores
participantes da pesquisa com a verificação de todos os pontos descritos nos procedimentos
técnicos padrão e todo o passo-a-passo foi realizado mantendo os cuidados preconizados para
a antissepsia da pele e punção venosa. O tempo da doação dos 10 doadores observados durou
em média de 6-8 minutos, o que está dentro do que é preconizado, que não pode exceder 12
minutos.
A única coisa que diferiu um do outro foram somente em dois quesitos, são eles: 1)
Fixar, com fita microporosa ou esparadrapo, a agulha e o segmento da bolsa no braço do
doador, permitindo a visualização do sítio de punção e 2) Colocar a cadeira de doação à 60º
com pernas ligeiramente elevadas. No primeiro ponto, em 3 procedimentos dos 10 observados
o técnico de enfermagem cobriu a agulha com uma gaze. E somente em 2 procedimentos
avaliados o ponto 2 foi realizado. Concidentemente, esse cuidado de cobrir a agulha com a
gaze e deitar mais as cadeiras dos doadores, foram os doadores que estavam visivelmente
nervosos com o ato da doação de sangue.

6.7.2 Caracterização do perfil dos Doadores de sangue


A caracterização dos doadores já foi relacionada na tabela abaixo, abaixo no qual os
doadores apresentaram-se com faixa etária diversas, maioria do sexo masculino, com ensino
médio completo, tipagem sanguínea mais frequente de O+, sendo a doação do tipo normal,
isto é, de sangue total; o motivo do comparecimento espontâneo, natural do RJ, a maioria com
menos de 10 doações e não doaram sangue nos últimos 6 meses, ou seja, não são doadores de
repetição.

Tabela 5 – Demonstração da caracterização dos doadores entrevistados


FREQUÊNCIA FREQUENCIA
VARIÁVEIS
ABSOLUTA RELATIVA %
18 à 29 anos 2 20
30 à 39 anos 2 20
Faixa etária 40 à 49 anos 3 30
50 à 59 anos 3 30
60 à 70 anos 0 0

Masculino 6 60
Sexo
Feminino 4 40
115

Analfabeto 0 0

Ensino Fundamental
Completo 1 10
Ensino Fundamental
Incompleto 1 10
Ensino Médio
Completo 5 50
Escolaridade Ensino Médio
Incompleto 0 0
Ensino Superior
Completo 2 20
Ensino Superior
Incompleto 1 10

Mestrado 0 0

Doutorado 0 0

O+ 7 70
Tipo Sanguíneo B+ 1 10
Não sabia 2 20

Normal 10 100
Tipo de Doação
Aférese 0 0

Espontânea 6 60
Motivo do comparecimento Reposição 2 20
Convidado 2 20

Rio de Janeiro/RJ 9 90
Naturalidade
Nova Iguaçu/RJ 1 10

Sim 2 20
Primeira doação
Não 8 80

Mais de 10 3 30
Doações Menos de 10 5 50
Nenhuma 2 20

Sim 0 0
Doações nos últimos 6 meses
Não 10 100
Fonte: Elaboração própria, 2020.
116

6.7.3 Caracterização da face, linguagem, gestos e movimentos corporais

Com relação aos comportamentos subjetivos dos doadores foi possível perceber que a
maioria se identificou com a carinha de alegria, sendo que 03 desses doadores apresentaram
carinha de medo ou surpresa durante a doação e concidentemente esses doadores citados 02
estavam doando pela primeira vez, e o outro pela segunda vez. Como demonstrado na tabela
(ainda do banco de dados) abaixo:

Gráfico 2 – Demonstração das faces dos doadores na coleta do sangue

Fonte: Elaboração própria, 2020.

Com relação aos gestos, movimentos corporais e movimentos posturais dos doadores
sobressaíram os seguintes resultados abaixo, com clara diferenciação desses mesmos 03
doadores citados acima, que foram doadores que estavam doando pela primeira vez na vida e
01 deles primeira vez, mas era a segunda doação, apresentando tom de voz agitada, sudorese e
rubor facial, ruga vertical na testa, lábios apertados, olhos arregalados, mãos e pés agitados,
cabeça virando olhando para o profissional coletando, respiração ofegante, pernas mexendo,
117

caracterizando uma clínica de enfermagem a ser construída especificamente para esses tipos
de doadores, de primeira vez.

Tabela 6 – Tabela representativa dos gestos, movimentos corporais, observados pela


pesquisadora durante a coleta do sangue nos doadores
FREQUÊNCIA FREQUENCIA
VARIÁVEIS
ABSOLUTA RELATIVA %
Calma 8 80
Tom de voz
Agitada 2 20

Normal 8 80
Face Sudorese 1 10
Rubor 1 10

Normal 7 70
Sombrancelhas
Ruga vertical na testa 3 30

Falando 4 40
Lábios Normal 4 40
Apertados 2 20

Fechada 6 60
Boca
Falando 4 40

Abertos 8 80
Olhos
Arregalados 2 20
Parada 8 80
Mãos
Agitadas 2 20

Para baixo 5 50
Cabeça Virando 4 40
Para cima 1 10

Agitado 6 60
Pés
Parado 4 40
Tranquila 8 80
Respiração
Ofegante 2 20

Normal 5 50
Pernas Mexendo 4 40
Dobradas 1 10
Fonte: Elaboração própria, 2020.
118

6.7.4 Dados do IRAMUTEQ: Lexicometria, Dendograma, Análise Fatorial e Nuvem de


palavras

Para assegurar o critério de verificabilidade e falseabilidade, procedeu-se a


Lexicometria das respostas dos 10 participantes com auxílio do método ALCESTE com o
software IRAMUTEQ que possibilitou a quantificação das palavras e em seguida foram
realizadas as análises a seguir.
No processo de Lexicometria, o corpus geral foi constituído por dez textos, separados
em 267 segmentos de texto (ST), com aproveitamento de 209 STs correspondendo a 78,28%.
Emergiram 9.047 ocorrências (palavras, formas ou vocábulos), sendo 3885 (43%) palavras
plenas (adjetivos, substantivo e verbos), que foram consideradas nas análises que seguem.

Figura 9. Quantificação dos vocábulos das entrevistas dos Doadores

Fonte: Elaboração própria, 2020.


119

Figura 10. Demonstração das ocorrências dos vocábulos mais frequentes da entrevista dos
doadores

Fonte: Elaboração própria, 2020.

Os vocábulos que mais apareceram foram: SER, SANGUE, SÓ, pode ser uma
condição significante para o doador, que deixa de ser sujeito para ser sangue, líquido e
efêmero. Doar sangue é uma experiência passageira, ele se torna um “DEVIR POSSÍVEL”
quando vem por vontade própria ou quando é solicitado. “PARECE” que esse é o significado
de doar, tão fluído, tão líquido como o momento.
A Classificação Hierárquica Descendente (CHD), também chamada de Classificação
pelo método de Reinert realizada pelo IRAMUTEQ permitiu a análise da distribuição entre as
classes construídas e representadas pelos dendogramas. Nesta análise os segmentos de texto
são classificados de acordo com seus respectivos vocábulos e seu conjunto é dividido com
base na frequência das formas reduzidas, formadas a partir do radical das palavras
(lemantização) (CAMARGO; JUSTO, 2013).
O software proporciona mais de um tipo de dendograma para a forma de análise
escolhida, assim como mantém disponíveis os segmentos de textos (ST) de cada classe para
que o pesquisador possa, a todo instante, voltar a eles para ler e compreender os resultados e
dar um título a cada classe, de forma que represente o tema central interpretado, a partir dos
ST que compõem cada uma.
O conteúdo analisado foi categorizado em cinco classes: Classe 1, com 39 ST
(18,66%); Classe 2, com 44 ST (21,05%); Classe 3, com 43 ST (20,58%); Classe 4 com, 34
ST (16,27%) e Classe 5 com 49 ST (23,44%). Vale ressaltar que essas cinco classes se
encontram divididas em duas ramificações (A e B) do corpus total em análise. O subcorpus A
120

composto pela Classe 5, 1 e 3 e o subcorpus B, composto pelas Classes 2 e 4. Segue abaixo o


dendograma com as classificações hierárquicas e com as palavras mais prevalentes em cada
classe. Os resultados demonstraram significância estatística, adotando-se um p ≤ 0,0005 por
cada classe.

Figura 11. Dendograma 01 das classes dos doadores fornecidas pelo software IRAMUTEQ

Fonte: IRAMUTEQ – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2019.

Segue abaixo o dendograma com as classificações hierárquicas e com as palavras mais


prevalentes em cada classe as palavras que obtiveram maior porcentagem quanto à frequência
média entre si e diferente entre elas. Os resultados demonstraram significância estatística,
através da utilização do qui-quadrado (χ2), a análise das palavras que apresentaram valor
maior que 3,84 e p< 0,0001 por cada classe.
121

Figura 12. Dendograma 02 das classes dos doadores fornecidas pelo software IRAMUTEQ

Fonte: IRAMUTEQ – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2019.

É nesse dado que surge a palavra transplante de órgão, especificados na classe 5 do


dendograma. Transplantar órgão existe um saber que vem com tudo que veicula quando se
fala de transplante que significa tirar, célula, medula, rim, organismo, vida substância, corpo,
colocar, família, humano, mover, deixar, receber, receptor, imaginar. Imaginação que passa
pela cabeça do doador que quando tenta explicar não consegue.
Por meio da Análise Fatorial por Correspondência (AFC), foi possível ainda realizar
comparações das diferenças de evocações, associação do texto entre as palavras, considerando
a frequência de incidência de palavras e as classes, independente da classe as quais
pertencem, representando-as em um plano cartesiano. Observa-se que as palavras de todas as
classes se apresentam num segmento centralizado que se expande para pontos periféricos,
representando o grau de similitude entre as palavras no diagrama, pode-se observar que
quanto mais próximo do zero a relação de similitude é maior.
122

Figura 13. Análise Fatorial por Correspondência das classes dos doadores fornecidas pelo
software IRAMUTEQ

Fonte: IRAMUTEQ – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2019.

A análise por meio de nuvem de palavras é visualmente interessante e demonstra as


palavras estruturadas em forma de nuvem, com tamanho diferentes, onde as palavras maiores
são aquelas que detém certa importância no corpus textual (a partir de um simples indicador
de frequência). O método nuvem agrupa as palavras, organizando-as de forma gráfica em
função de sua frequência (CAMARGO e JUSTO, 2013).
De acordo com Kami et al. (2016), no método nuvem as palavras são posicionadas
aleatoriamente de tal forma que as mais frequentes aparecem maiores que as outras,
123

demonstrando, assim, seu destaque no corpus de análise da pesquisa. Quanto maior a fonte do
termo na figura, maior sua frequência na amostra, assim como menor o tamanho da fonte,
menor sua frequência.

Figura 14. Nuvem de palavras dos doadores fornecidas pelo software IRAMUTEQ

Fonte: IRAMUTEQ – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2019.

6.8 Discussão

Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2017a), em relação à periodicidade da


doação, o doador de primeira vez seria aquele indivíduo que doa pela primeira vez em um
serviço de hemoterapia; o doador de repetição, aquele que realiza duas ou mais doações no
período de 12 meses; e doador esporádico aquele que repete a doação após intervalo superior
a 12 meses da última doação.
124

Considerando a motivação da doação de sangue, a legislação define que a doação


espontânea seria aquela feita por pessoas motivadas por um ato altruísta para manter os
estoques de sangue do serviço de hemoterapia sem a identificação do nome do possível
receptor; a doação de reposição aquela advinda do indivíduo que doa para atender à
necessidade de um paciente, captadas pelo próprio serviço, família ou amigos dos clientes-
repceptores de sangue para repor o estoque de componentes sanguíneos do serviço de
hemoterapia; e doação autóloga, a doação do próprio paciente para seu uso exclusivo
(BRASIL, 2017a).
Na avaliação da periodicidade revelou-se que continuam a prevalecer as doações de
primeira vez nos serviços de natureza não pública (privados e privados conveniados ao SUS
respectivamente); sendo as doações de repetição mais presentes nos serviços públicos. No
entanto, os percentuais de doadores de primeira vez e de repetição aparecem praticamente
semelhantes em termos nacionais (BRASIL, 2017a).
Na avaliação da motivação da doação, tem-se que o percentual de doação de reposição
apresenta-se pouco acima da metade de doações, demonstrando uma inversão percentual nos
índices nacionais de doações espontâneas e de reposição, comparando-se com os dados do
ano de 2016 (BRASIL, 2017). Observa-se também que o percentual de doação espontânea
continua mais elevado nos serviços de natureza pública, sendo que nos serviços de natureza
exclusivamente privada, as taxas de doação de reposição são mais altas.
Esses dados chamam atenção e podem indicar a necessidade de melhorias nas políticas
de captação de doadores no sentido de estimular a doação espontânea que é apontada como a
mais segura (WHO, 2015). Em relação ao perfil do doador brasileiro, observar-se na análise
da série histórica de 2013 a 2017, a predominância de doadores acima de 29 anos e do sexo
masculino, apresentando um padrão percentual aproximado. Verifica-se a prevalência dos
tipos O+ e A+ com percentuais dos resultados encontrados que se aproximam daqueles do
perfil do total da população brasileira em relação à presença desses tipos sanguíneos
(BEIGUELMAN, 2003).
No que se refere à motivação para atos voluntários, a doação sanguínea, apesar da
existência do aspecto subjetivo que envolve o sujeito, é possível identificar um padrão geral
no comportamento destes indivíduos, sendo que seus atos são primeiramente condicionados,
na solução de problemas de terceiros, e também agindo em busca de benefícios pessoais
indiretos. Em complemento, a ação voluntária se justifica, em nível individual, por possibilitar
um desligamento temporário do indivíduo de tensões geradas em outras esferas de sua vida
pessoal e social (PEREIRA et al., 2016).
125

Quando se considera os aspectos experienciais, são utilizados pelos indivíduos no


sentido de se auto desvendarem, a fim de criarem imagens sociais, sentimentos de
pertencimento, e de dissociação de outros grupos, criação de identidades ou atribuições de
outros significados às identidades vigentes pode-se atribuir aos aspectos experienciais
princípios e estruturas próprios, os quais abarcam experiências de naturezas distintas. Dentre
tais destacam-se as experiências sensoriais afetivas, físicas, cognitivas, criativas ou sociais.
Portanto, os aspectos experienciais podem ser compreendidos como a resultante da
convergência de vários fatores, se compondo de maneira holística e híbrida (PEREIRA et al.,
2016).
Sendo assim, o caminho da vida um pouco complexo uma vez que, em uma das pontas
da assistência, implica o entendimento dos doadores, que são candidatos a doar sangue, e na
outra, a assistência terapêutica a clientes-repceptores de hemocomponentes, carregado de
muitos sentimentos e sentidos.
Após o processamento dos dados, iniciou-se a análise das cinco classes fornecidas
pelo software IRAMUTEQ, na qual os ST agrupados em cada classe foram lidos
exaustivamente para compreender e nominar cada classe. Nesse sentido, tal análise é
importante para elucidar, num conjunto textual, quais são os temas mais trabalhados e
permitir que o pesquisador compreenda quais são os principais assuntos de determinado
conjunto de dados textual, sendo as palavras mais evidentes, SANGUE, DOAR, ESTAR,
confirmado na nuvem de palavras.

6.9 Conclusão

Esse artigo demonstra como o terriório de práticas, saberes, políticas e ações


cotidianas pode se encontrar com os sujeitos que doam “SEU” sangue para pessoas que não
conhecem, na maioria das vezes. E, nesse ato de doar, vão nos ajudando a construir
conhecimentos sobre eles e a enfermagem.
Segundo ZIMAN (1996, p.13) nos diz que o conhecimento científico “é produto de
um empreendimento humano coletivo do qual os cientistas fazem contribuições individuais,
purificadas e ampliadas pela crítica mútua, e pela cooperação intelectual (...) a meta da ciência
é um começo de opinião racional sobre o campo mais amplo possível”.
No texto produzido pelos doadores, existe a construção de uma rede rizoma de muitos
elementos justificadores de por que doam e incluem emoções, motivações e sentimentos de
126

ajuda desses doadores desconhecidos, que se tronam um número na estatística transformadas


em “bolsas de sangue”.
Contruindo um conhecimento que envolve vocábulos e palavras plenas (substantivo,
verbos e adjetivos), classificados hierárquica através do IRAMUTEQ e construção de nuvem
palavras. Para ROSSATTO (2003, p.7) tudo aqui exposto e discutido pode afirmar que a
estrutura da organização juntamente com suas ações, ativos intangíveis e todo o processo de
conversão do conhecimento, que o ocorre interno e externamente a ela, constituem os quatro
elementos fundamentais do progresso de gestos do conhecimento (sobre o que é doar sangue).
Pensar num conhecimento sobre doar sangue a partir de doar é composto de camadas
destes seres que envolve: Estratégias para captá-los; Processos; Ambiente; Tecnologias;
Operacionalização e Sistematização.
Todas orientadas pelo capital intelectual, estrutural e de relacionamentos. A conclusão
a que se chega é de que conversar com o doador durante a doação é um momento de
descoberta de demonstração de estar feliz em DOAR sangue para o outro que precisa e
durante todo o tempo, demonstrando que o percentual de satisfação é alto - Gráfico 02, e no
Esquema 03 das ocorrências dos vacábulos o doador, simplesmente é “SÓ SANGUE” como
se nada mais importasse naquele momento, onde doar é um “ACONTECIMENTO”.
Antes porém, é necessário trazer Bardin (2016, p. 82, 83) para justificar o que foi
realizado “a relação ocorrência/vocábulos” para realçar a riqueza ou a pobreza do vocabulário
utilizado pelo autor da mensagem. As informações fornecidas pelas palavras instrumento
(frequência dos pronomes pessoais, principalmente o eu) é uma incidência que constitui um
sinal de que o doador possui uma função que procura estabelecer e personalizar o contato com
o pesquisador, dando a ilusão do estabelecimento de um diálogo.
Com relação aos verbos o seu tempo (ou modo) também é revelador, os mais
frequentes foram: SER e ESTAR, TEM, DOAR e como substantivo a palavra SANGUE,
evidenciando a necessidade de estar sempre BEM (adjetivo), e disponível para doá-lo, como
desejo e necessidade de ajudar os outros, as pessoas, a alguém que precisa de sangue, ele se
sente bem em fazer isso e afirmar que doar sangue é VIDA para uma VIDA VIVA.
Os dendogramas dão ao estudo de doar qualificações diversas, quando pensam em
transplante de células vivas, reafirmam que acreditam na forma de transfusão e da
importância do sangue para o outro. Finalmente, a NUVEM DE PALAVRAS confirma os
dados anteriores.
127

7 ARTIGO 5 - DOAR É SENTIR: A POSIÇÃO DOS DOADORES SOBRE A


DOAÇÃO – ELEMENTOS INDICATIVOS DE UMA CLÍNICA DE ENFERMAGEM
(TRANFUSIONAL)

Autores: Leylane Porto Bittencourt 1


Nébia Maria Almeida de Figueiredo 2

RESUMO

Este artigo é um recorte da tese de Doutorado intitulada TRANSPLANTE DE CÉLULAS


VIVAS: Significados do corpo que DOA e do corpo que RECEBE sangue - um
“acontecimento” na clínica de cuidar de Enfermagem do Programa de Pós Graduação em
Enfermagem e Biociências – PPGENBIO – e tem como questão norteadora: o que nos diz os
dadores quando doam sangue num texto construído por eles a partir de nossos
questionamentos de que é doar sangue? Para tanto, os objetivos definidos são: 1) Rastrear nos
textos produzidos sobre doar sangue aspectos que envolvem dimensões humanas a serem
consideradas numa clínica de cuidados de enfermagem transfusional; 2) Destacar elementos
bases para a construção do conhecimento dessa clínica de enfermagem com fundamento
teórico que continuam como elementos centrais hemotransfusão e a possibilidade de ser
transplante de células vivas. Metodologia: Para a realização deste estudo foi utilizado o
método da cartografia. Os participantes da pesquisa foram doadores de sangue, que foram
submetidos a entrevista semi-estruturada em um Hemocentro de referência. Os dados
apresentados neste artigo foram os dados das 5 categorias emergentes das falas dos doadores.
Resultados: foi possível perceber que a maioria dos doadores atribuem a doação de sangue ao
bem-estar sendo um ato de ajuda ao próximo, solidariedade, que doam de forma espontânea,
mas que foram motivados por necessidades vinda de familiares. Conclusão: Além do que não
visualizam risco na doação de sangue, e também, declaram que seu sangue não oferece risco
ao paciente que vai receber. Associam a doação de sangue a transplante, e que são realizados
de vivo para vivo.

Descritores: Doadores de Sangue. Bancos de Sangue. Transfusão de Sangue. Células


Sanguíneas. Enfermagem.

1
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências (PPGENFBIO)
pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
2
Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Professora Emérita da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (UNIRIO).
128

7.1 Introdução

A doação de sangue é um aspecto que está posto na vida dos seres humanos de modo a
que nem sempre seja percebido, mesmo porque muitos não chegam a efetuar a doação. No
anexo IV da Portaria de Consolidação GM/MS nº 5, de 28 de setembro de 2017, no art 30 diz
que: “A doação de sangue deve ser voluntária, anônima e altruísta, não devendo o doador, de
forma direta ou indireta, receber qualquer remuneração ou benefício em virtude da sua
realização”, reafirmando o que foi dito em 2001, na Lei nº10.205, sendo “a utilização
exclusiva da doação voluntária, não remunerada, do sangue, cabendo ao poder público
estimulá-la como ato relevante de solidariedade humana e compromisso social” (BRASIL,
2001a, 2017a)
Segundo o Boletim de Produção Hemoterápica, considerando o número de coletas
realizadas em 2017, obtém-se uma taxa de doadores de sangue de 18,1 doadores/1000
habitantes, ou seja, 1,8% da população brasileira, adotando-se para o cálculo o quantitativo
estimado da população brasileira em dezembro de 2017 (208.320.097 habitantes), divulgado
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Essa taxa vem se mantendo entre
as taxas dos países de média renda (11,7 doadores/1000 habitantes) e de alta renda (36,8
doadores/1000 habitantes) (WHO, 2015), ao longo dos últimos anos. Entretanto, reforça-se a
necessidade da ampliação da captação de doadores, por meio de indução de ações e políticas,
visando o aumento desse índice para os próximos anos (BRASIL, 2018).
Diante dos avanços da medicina e das ciências em geral, muito ainda há a pesquisar.
Nos últimos 20 anos, esforços têm sido dispensados na formulação e no preparo de substitutos
das hemácias e dos hemocomponentes. Mesmo com toda a evolução tecnológica e científica,
ainda não há um substituto para este tecido, denominado sangue. Por isso a importância e a
necessidade de doar sangue, persiste ainda hoje. Entretanto, cabe ressaltar, que falar em
sangue mexe com o imaginário social, suscitando a efervescência de sentimentos como medo,
dor, vida e morte, sofrimento e alegria, altruísmo, solidariedade entre outros. (PEREIMA et
al., 2010).
O vocábulo “sangue”, de origem latina – sanguen -, possui forte conotação emocional
na cultura cristã. Associado ao coração, o “sangue” está presente com muita força na
literatura, nas artes em geral e, é claro, nas ciências, especificamente quando estudado
biologicamente. Mas, enquanto o coração simboliza o amor romântico, sonhador, o sangue
traduz emoções fortes, ardentes, arrebatadoras e até violentas (PEREIMA et al., 2010).
129

A história da humanidade está ligada ao significado de sangue como vida desde seus
primórdios. Na Antiguidade, o sangue era concebido como fluido vital que além de vida
proporcionava juventude. Por isso, os povos primitivos untavam-se, banhavam-se e bebiam o
sangue de jovens e corajosos guerreiros, esperando adquirir suas qualidades. Na Bíblia
encontra-se muitas passagens relacionadas ao sangue (FIDLARCZYK; FERREIRA, 2008).
Um dos acontecimentos mais importantes, para a cultura cristã, refere-se à
transubstanciação do vinho em sangue por Jesus Cristo Esse ritual tem um significado
profundo para o cristão: o próprio sangue de Cristo se faz presente para a humanidade através
da continuidade da consagração. O sangue derramado por Cristo, pregado na cruz, significa a
remissão dos pecados dos cristãos, com o sentido de vida, libertação, salvação e purificação
(PEREIMA et al., 2010).
Pela cultura de muitos povos sabe-se que estes selam pactos de amizade, de amor, de
vida ou mesmo, paradoxalmente, outros executam vinganças e extravasam ódios com
derramamento de sangue. Poderiam ser escritas páginas e mais páginas com passagens, fatos e
rituais ligados à palavra “sangue”, tanto no que diz respeito à cultura popular como à erudita,
expressando sentimentos e sentidos.
O sangue permite o provimento de células vitais, oxigena todos os órgãos do corpo
humano, e assim, defende o organismo contra agentes invasores de diversas naturezas. Enfim,
Sangue é fonte de vida! É assim que a doação de sangue como ato solidário à manutenção da
vida, constitui um desafio.
Em vista disso, a reposição de sangue e derivados em pacientes de diversas doenças,
ou vítimas de trauma de qualquer etiologia, permanece como um dos principais fatores para a
preservação da vida. Portanto, a importância da doação de sangue e da busca de novos
doadores para a sua fidelização que significa tornar o doador como doador de repetição, ou
seja, conquistá-lo para que doe sangue regularmente.
Diferentemente do ciclo do sangue que abrange todo o processo que envolve conjunto
das etapas que se inicia na obtenção do sangue, produção, armazenamento, distribuição até
sua utilização, transfusão dos hemocomponentes (FIDLARCZYK; FERREIRA, 2008), o
estabelecimento de relação com os doadores de sangue está relacionado com a forma de
contato tomado de conhecimento, e sensibilização do candidato para a doação voluntária e
regular de sangue.
A triagem clínica de doadores, realizada pelo enfermeiro, antes da doação está inserido
no cuidado de enfermagem, envolvendo saberes e fazeres de atuação, aos doadores de sangue
em uma especialidade, envolvendo aspectos culturais, sociais, econômicos, de cidadania,
130

aspectos fisiopatológicos, de qualidade de vida e o processo de saúde e doença (SANTOS et


al., 2008). Assim, envolve não só a saúde do candidato à doação, como sua motivação, sua
situação social, econômica, cultural e pessoal, aproximando e relacionando doadores e
clientes-receptores que são intermediados pelos profissionais ali envolvidos.
Assim sendo, um momento importante de ouvi-los quando eles estão doando sangue,
pois não é muito comum estar com eles, eles e os profissionais de saúde que ali estão, sempre
com pressa, fazendo com que o ato de doar passar a ser mecânico e efêmero.
A busca por encontrar no homem que doe suas dimensões humanas são um desafio por
que ao longo do tempo ele simplesmente é um produtor de sangue. Não há nenhuma
preocupação com ele como ser humano e também de necessidades. Esse “SER SANGUE”
aparece nos dados do estudo anterior.
Aqui nossa questão se amplia para a busca do sensível e de elementos novos que os
doadores possam nos indicar como orientadores de uma clínica que se colocam na questão
norteadora do estudo: o que nos diz os dadores quando doam sangue num texto construído por
eles a partir de nossos questionamentos de que é doar sangue?

7.2 Objetivos

Para tanto, os objetivos definidos:


 Rastrear nos textos produzidos sobre doar sangue aspectos que envolvem
dimensões humanas a serem consideradas numa clínica de cuidados de enfermagem
transfusional;
 Destacar elementos bases para a construção do conhecimento dessa clínica de
enfermagem com fundamento teórico que continuam como elementos centrais
hemotransfusão e a possibilidade de ser transplante de células vivas.

7.3 Método

O método para a realização da pesquisa foi o método cartográfico que trata-se de


investigar um processo de produção e não representar um objeto para rastrear no texto o que
eles sabem, pensam e sente sobre ser doador. No qual o cartógrafo assume uma atenção
flutuante e um reconhecimento atento, no qual desde o início da pesquisa ocorre uma
produção dos dados (PASSOS; KASTRUP, 2013).
131

Na pesquisa cartográfica, pode-se situar o macrocontexto com a dinâmica de


transformação do problema geral da pesquisa e os microcontextos como a definição de
problemas que aparecem durante as visitas de campo (KASTRUP; 2007; KASTRUP; 2009).
Assim, a cartografia é responsável em atualizar as sensações dos indivíduos e está
centrada nas conexões humanas e nos processos advindos da realidade, que pode ser
observada por diferentes ângulos e acessada por diversos aspectos envolvidos no íntimo das
relações, sendo assim uma ampla produção de subjetividades (PASSOS; KASTRUP;
ESCÓSSIA, 2009).
No qual os signos são acolhidos numa atitude atencional de ativa receptividade,
quando expõe um problema e forçam a pensar. Por isso, assume uma abordagem qualitativa e
considera uma dimensão quantitativa nos dados qualitativos produzidos.

7.4 Participantes e critério de seleção

Os participantes deste estudo foram os doadores de sangue que através de um ato


voluntário e altruísta comparecem ao serviço de hemoterapia para efetuarem a doação de
sangue. Participaram do estudo 10 doadores que foram convidados durante a coleta de sangue
a responder questões aprofundadas em entrevistas gravadas e transcritas.
Como critérios de inclusão têm-se: a) doadores que tenham sido aptos na triagem
clínica e em seguida iriam efetuar a coleta do sangue; b) doadores que tenham mais de 18
anos. E critérios de exclusão: a) doadores que se candidataram e não efetuaram a doação de
sangue; b) doadores que se sentiram constrangido e não continuaram a entrevista ou não
finalizaram a entrevista por algum motivo.

7.5 Procedimentos de coleta de dados

Nos meses de abril a agosto de 2018, foram realizadas as entrevistas


semiestruturadas com doadores de sangue, no Hospital de referência em Hematologia e
Hemoterapia do estado do Rio de Janeiro, após a triagem clínica de doadores, estando estes
aptos a doar, contendo questões fechadas para a caraterização dos participantes e perguntas
abertas direcionadas ao objetivo do estudo, captar seus significados, sentimentos e motivações
acerca do ato de doar sangue.
Além disto, ocorreu a observação não participante através da aplicação de um check-
list observacional para detectar linguagem corporal e comportamentos subjetivos no momento
132

do ato da doação. No total foram coletadas 10 entrevistas com doadores de sangue e


preenchidos 10 check list concomitantemente, do mesmo doador. Optou-se primeiramente por
esse quantitativo para dar início a coleta, entretanto, verificou-se de uma forma preliminar a
saturação das informações dadas por eles e foi encerrado a coleta de dados.
As entrevistas foram gravadas com a utilização de um dispositivo MP3 player-
gravador de voz, somente após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
pelos doadores, e posteriormente foram transcritas para tratamento e análise dos dados. Vale
ressaltar que o estudo obteve o parecer “APROVADO” pelo mediante o seguinte número de
registro: 2.576.418 pelo CEP/UNIRIO e CEP/HEMORIO.

7.6 Procedimentos de análise de dados

Todo o material produzido pelas entrevistas transcritas foi submetido ao software


IRAMUTEQ e em seguida as classes foram submetidas à Análise de Conteúdo (AC) descrita
por Bardin (2016).
Bardin define a AC como:
um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que visam obter por
procedimentos objetivos e sistemáticos a descrição do conteúdo das
mensagens, indicadores que permitam a inferência de conhecimentos
relativos às condições de produção/recepção destas mensagens
(BARDIN,1977,p.42).

O objetivo principal da AC pode ser sintetizado em manipulação das mensagens, tanto


do seu conteúdo quanto da expressão desse conteúdo, para colocar em evidência indicadores
que permitam inferir sobre uma outra realidade que não a mesma da mensagem. “Assim
oscila entre os dois polos o rigor da objetividade e da fecundidade da subjetividade.”
(BARDIN, 2016, p.15).
A AC pode ser uma análise dos “significados” (análise temática), embora possa ser
também uma análise dos “significantes” (análise lexical e sintática). Bardin (2016, p.125)
propõe a AC pautada em três fases cronológicas distintas: 1) Inicialmente a pré-análise; 2)
Seguida da exploração do material e; 3) Tratamento dos resultados, a inferência e a
interpretação.
A primeira fase da AC chamada de pré-análise é o momento da organização dos
dados, no qual se encontra a pesquisa. Nesta fase foi realizada a leitura flutuante das
entrevistas semiestruturadas transcritas e a impregnação do investigador por impressões
advindas dos dados obtidos.
133

Para tanto todas as palavras do texto foram levadas em consideração com distinções
em palavras plenas, isto é, palavras “portadoras de sentido”: substantivos, adjetivos, verbos; e
as palavras instrumento, isto é, as palavras funcionais de ligação: artigos, conjunções,
preposições, conectivos, advérbios e etc. Assim, foi verificado o número de palavras presente
e o total de ocorrência, realizando assim a análise lexical e sintática da amostra selecionada,
referente ao doador de sangue (BARDIN, 2016).
Em seguida, foi realizada a demarcação dos documentos relevantes para a constituição
de um corpus, e posterior tratamento analítico. Para isto, organizou-se um instrumento
conforme Bardin (2016, p.130) “sistematicamente agregados em unidades de registro, as
quais permitem uma descrição exata das características pertinentes ao conteúdo (...)”.
A segunda fase da AC foi efetivamente da exploração do material. Esta exploração
será realizada por meio de estruturação dos dados mediante as estratégias denominadas por
Bardin (2016) como inventário das unidades de registro e de contexto e classificação por
analogias, com o auxílio do software IRAMUTEQ considerada ferramenta de processamento
dos dados, e não um método de pesquisa, o que torna seus resultados instrumentos de
exploração, busca e associação em material de pesquisa (SOUZA et al., 2018).
A categorização é uma “operação de classificação de elementos constitutivos de um
conjunto por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo o gênero (analogia),
com os critérios previamente definidos” (BARDIN, 1977, p.117). Realizada pelo software
com a chamada Classificação Hierárquica Descendente, através da representação do
dendograma, análise fatorial e nuvem de palavras foi possível elencar as categorias para
discussão (SOUZA et al., 2018).
Executar tal análise do conteúdo como conjunto de procedimentos requer que estes
procedimentos sejam determinados, para que o pesquisador saiba exatamente qual rumo deve
seguir. Além disso, a técnica possibilita que os resultados de diferentes estudos sejam
comparados entre si (OLIVEIRA, 2008).

7.7 Resultados

A Classificação Hierárquica Descendente (CHD), também chamada de Classificação


pelo método de Reinert realizada pelo IRAMUTEQ permitiu a análise da distribuição entre as
classes construídas e representadas pelos dendogramas. Nesta análise os segmentos de texto
são classificados de acordo com seus respectivos vocábulos e seu conjunto é dividido com
134

base na frequência das formas reduzidas, formadas a partir do radical das palavras
(lemantização) (CAMARGO; JUSTO, 2013).
O software proporciona mais de um tipo de dendograma (Figura 11 e Figura 12) para a
forma de análise escolhida, assim como mantém disponíveis os segmentos de textos (ST) de
cada classe para que o pesquisador possa, a todo instante, voltar a eles para ler e compreender
os resultados e dar um título a cada classe, de forma que represente o tema central
interpretado, a partir dos ST que compõem cada uma.

Figura 15. Dendograma 01 das classes dos doadores fornecidas pelo software IRAMUTEQ

Fonte: IRAMUTEQ – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2019.

Segue abaixo o dendograma com as classificações hierárquicas e com as palavras mais


prevalentes em cada classe as palavras que obtiveram maior porcentagem quanto à frequência
média entre si e diferente entre elas. Os resultados demonstraram significância estatística,
através da utilização do qui-quadrado (χ2), a análise das palavras que apresentaram valor
maior que 3,84 e p< 0,0001 por cada classe. Segue abaixo o dendograma com as
classificações hierárquicas e com as palavras mais prevalentes em cada classe.
135

Figura 16. Dendograma 02 das classes dos doadores fornecidas pelo software IRAMUTEQ

Fonte: IRAMUTEQ – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2019.

O conteúdo analisado foi categorizado em cinco classes: Classe 1, com 39 ST


(18,66%); Classe 2, com 44 ST (21,05%); Classe 3, com 43 ST (20,58%); Classe 4 com, 34
ST (16,27%) e Classe 5 com 49 ST (23,44%). Vale ressaltar que essas cinco classes se
encontram divididas em duas ramificações (A e B) do corpus total em análise. O subcorpus A
composto pela Classe 5, 3 e 1 e o subcorpus B, composto pelas Classes 2 e 4, por ordem de
maior para a menor ocorrência.
E assim, realizou-se uma nova reorganização (APÊNDICE G e H) para captar novas
ocorrências, para ampliar o rigor cada classe foi definida como LOGIA, sendo assim, uma
PENTALOGIA com a construção de um CONHECIMENTO a partir dos DOADORES, que
posteriormente serão criados um artigo para cada.
136

7.7.1 SUBCORPUS A

7.7.1.1 LOGIA 01: Aproximações da doação e transfusão de sangue com o transplante


de células vivas

Dentre as 311 unidades de registro, visualizadas no apêndice G, pode-se destacar os


temas abaixo:

Figura 17. Principais temas da Logia 01 do Doador de sangue

Fonte: Elaboração própria, 2020.


137

7.7.1.2 LOGIA 02: Reações no corpo e riscos visualizados pelo doador de sangue

Dentre as 268 unidades de registro, visualizadas no apêndice G, se destacam os


temas abaixo:

Figura 18. Principais temas da Logia 02 do Doador de sangue

Fonte: Elaboração própria, 2020.


138

7.7.1.3 LOGIA 03: Relevância do ato da doação sob a ótica do doador de sangue

Dentre as 184 unidades de registro, visualizadas no apêndice G, pode-se destacar:

Figura 19. Principais temas da Logia 03 do Doador de sangue

Fonte: Elaboração própria, 2020.


139

7.7.2 Subcorpus B

7.7.2.1 LOGIA 04: Motivações e impedimentos à realização da doação de sangue

Dentre as 282 unidades de registro, visualizadas no apêndice G, se destacam:

Figura 20. Principais temas da Logia 04 do Doador de sangue

Fonte: Elaboração própria, 2020.


140

7.7.2.2 LOGIA 05: Significados e sentidos à doação de sangue

Dentre as 217 unidades de registro, visualizadas no apêndice G, pode-se destacar:

Figura 21. Principais temas da Logia 05 do Doador de sangue

Fonte: Elaboração própria, 2020.


141

7.8 Discussão

Na LOGIA 01 foi o possível verificar que o doador de sangue visualiza o ato de


DOAR e de RECEBER como um transplante, visto que o sangue sai de uma pessoa e vai para
a outra como o transplante, mais identifica que assim como o sangue, existem outros
transplantes de vivo para vivo como o de rim, pulmão. Todos visualizam que o sangue possui
células que são vivas, que são fundamentais, para dar vitalidade e para o funcionamento do
organismo.
Na LOGIA 02 foi possível visualizar pelas falas que os doadores de sangue relatam
um sentimento intrínseco de estar fazendo o bem, de ajudar ao próximo, que pensam a doação
como um ato de fazer o bem, a si e ao outro.
Alguns relataram que durante a primeira doação sentiram sensação de desmaio e
pressão baixa, mais que nas doações subsequentes não sentiram mais esse desconforto,
quando doaram com a cadeira mais inclinadam, entretanto a maioria disse não sentir nada.
Os doadores que doam mais vezes sentem sinais no corpo como formigamento,
coceiras nas mãos, mãos avermelhadas, dormência, “veias começam a ficar altas”, além do
aumento de sangramento quando ocorre um corte, como um sinal de retorno a realização da
doação de sangue.
Segundo DEJOURS (1997,p. 67): “o agir moral-prático é orientado para o
entendimento, suporta o objetivo de viver em conjunto e diz respeito à vida boa. [...] Esse agir
é pois orientado para a sociedade, o vínculo social, o civismo comum [...]”. Para Ladrière
apud DEJOURS (1997,p.68): “O termo prático remete especificamente à ordem da práxis, isto
é, da ação resultante de uma escolha moralmente deliberada [...] porque são afetadas por
aquilo que é incerto, às vezes pelo inédito, pela mudança, onde se manifestam particularmente
as expressões da liberdade humana”.
Já na LOGIA 03 os doadores de sangue relataram a necessidade do outro, se sentem
úteis e com uma responsabilidade social pelo ato de doação de sangue. Sentir pelo outro é
uma visão revolucionária que é dito por Ramos (2009, p.9), ela nos diz “(...) é importante a
integração do conhecimento que ajuda o cientista da especilalidade a não perder a integradade
e a probabilidade de graves enganos (...), o sentido do humano e, no entanto, por mais
rigorosos que sejam, todas as ciências são ciências do homem, por mais rigorosas que sejam,
todas as ciências do homem necessitam ter, como referencial, o respeito pela pessoa humana e
sua presença no tema”.
142

Na LOGIA 04 os doadores de sangue expuseram que a motivação não é dependente de


laços de sangue ou da necessidade da família, muitos iniciaram a doar sangue motivados pela
necessidade de um conhecido ou estimulados por palestra ou pelo exército, mais que depois
continuaram a doar voluntariamente.
Todos não visualizam riscos na doação de sangue, citam materiais descartáveis,
esterilizados, cuidado com o ambiente, entretanto visualizam como impedimentos os riscos e
preocupações com o receptor, citaram as perguntas comportamentais que podem gerar
constrangimento, e também o medo da realização de exames. Além de declararem cuidados
com o próprio corpo que devem realizar para serem bons doadores, como alimentação, para
não ter anemia.
E pra finalizar na LOGIA 05 os sentimentos relacionados à doação de sangue são:
solidariedade, empatia, amor, prazer, bem-estar, esperança, humanidade, salvar vidas. E a
maioria percebe a doação como uma necessidade intrínseca como se eles sentissem falta,
como uma necessidade sentimental, um deles relacionou ao sentimento de dor, dor do outro.
Entretanto eles são carregados de dúvidas e questões que permeam o ato: será que os exames
são confiáveis? Será que eu vou ter alguma reação? Se doar uma vez serei obrigado a doar
novamente?
Sendo pontos importantes a serem discutidos durante as campanhas que mobilizam
doadores de sangue para efetuarem a doação, principalmente na equipe de marketing
envolvida na Captação de doadores de sangue, sendo necessária a utilização de estratégias
consistentes para tornar a doação de sangue, parte de hábitos e valores da população. A
doação de sangue não faz parte da vida da maioria da população, por isso, é fundamental o
planejamento, o desenvolvimento, a avaliação de estratégias e a sua socialização,
possibilitando novas formas de captação.
Para BALANDIER (1997, p. 193), a palavra solidariedade “serve para moralizar o
discurso político, para provocar, no quadro das iniciativas midiatizadas, dramatizadas, a
generosidade ou a caridade de massa, para exprimir também a busca ainda confusa de novos
laços sociais”.
Segundo BETTINELLI (1998, p. 41): “A solidariedade humana é dual, devendo ser
permitida pela vontade de um e pela receptividade e aceitação do outro. É, na verdade, um
gesto espontâneo, apto a proporcionar o exercício da liberdade e autonomia das pessoas, para
que possam expor suas idéias e suas vontades na busca do que é melhor para si”.
O ser humano, como um ser solidário, é descrito, também, por BOFF (2000, p. 35): “o
ser humano é um ser de participação, um ator social, um sujeito histórico pessoal e coletivo de
143

construção de relações sociais o mais igualitárias, justas, livre e fraternas possíveis dentro de
determinadas condições histórico-sociais”, portanto, um ser solidário, com sentimentos e
afetos que determinam as construções simbólicas e adquirem dimensões sociais, históricas e
culturais.
Deste modo, o sangue aparece como elemento mediador das características morais da
pessoa, da mesma forma que cada órgão se presta a uma gama de interpretações possíveis
sobre suas funções e significados. FERREIRA (1998), também descreve que os elementos do
corpo carregam qualidades culturais e são ricos em significados. Assim, a partir do
conhecimento do doador pode surgir a noção de uma transfusão ter a possibilidade de
transmitir algo mais do que o sangue. Em outras palavras, a possibilidade de transmitir
qualidades morais só ocorre mediante a prática anterior de se “analisar” em relação aos outros,
com os quais se mantém relações sociais.
Para os doadores a saúde é entendida e representada como um valor essencial para a
sobrevivência humana. Assim, ter saúde é condição para ser doador. A saúde, segundo
BETTINELLI (1998, p. 37), “é um processo muito particular de percepção individual e do
entendimento que cada ser humano tem em relação às suas necessidades e vontades,
comparados à demanda que possui para manter-se e sobreviver no ambiente de suas relações”.
Para BOFF (2000, p. 145): “Saúde é acolher e amar a vida assim como se apresenta,
alegre, trabalhosa, saudável e doentia, limitada e aberta ao ilimitado que virá além da morte”.
O cuidado com a saúde e a doença diz respeito à maneira de ser do homem, com significados
oriundos do próprio homem e traduzem maneiras e valores por ele construídos e vivenciados.
Embora alguns informantes terem feito referência ao cuidado que têm em manter uma
“saúde boa”, em algumas entrevistas etnográficas, interpretei que a preocupação em ajudar o
outro, em salvar a vida de outras pessoas se sobrepõe aos cuidados com a sua própria vida.

7.9 Conclusão

Este artigo resgata o CORPO e sua sensibilidade numa prática transfusional bastante
fundamentado em capítulos anteriores e elucidar em suas falas que aberturas e singularidades
encontra-se neles. Não é mais um corpo estático para doar sangue, mas um corpo
compreendido por BARBOSA e FARIAS (2012) quando diz: as transformações que tem o
corpo com palco dos acontecimentos, ou que se realizam com sua entrada em cena são objeto
144

de grande admiração e perplexidade, tanto no que diz respeito a questões de natureza histórica
quanto na relação do homem com as engrenagens produzidas em cada época.
O corpo que doa sangue também está em transformação e provavelmente a ciência
avança para substitui-lo pelas dificuldades de aquisições, grande monitoramentos e riscos
num mundo cada vez mais envolvidos em drogas conhecidas e violentas drogas novas. Mas as
mudanças científicas não são para ontem, por algum tempo ainda haverá a necessidade de
doadores marcando vidas e ajudando a sobreviver não só com sangue, mas com seus
elementos (...), os autores acima citados afirmam que: desde o surgimento do planeta, o
homem utilizou-se de seu corpo produzido marcas que se corpos nascem como registro
significativo do percurso de vida em sacrifício para oferendas (...) em cada época existem
aqueles que se encarregam de denunciar o seu aprisionamento (...) (BARBOSA; FARIA,
2012).
O AMOR e outros sentimentos são motivos fundamentais para doar sangue mesmo
que apareçam outros motivos fundamentais principalmente CORPO, CONHECIMENTO e
COMUNICAÇÃO sempre entendido como doando a vida por que sangue é VIDA.
Provavelmente é uma definição de amor que é mais complexa que real, seguido ZIMERMAN
(2009, p.38) “(...) sobre o amor encontra-se inúmeros referenciais amorosos, na história, nos
mitos, na bíblia, arqueologia, religiões, pontual, música, arte além das experiências pessoais
de cada um de nós”.
Assim, intensas e multiplicadas formas de acontecer sempre mescladas um pouco ou
bastante, com o ódio, merece ser alvo de uma atenção muito especial nas principais áreas em
que o sentimento amoroso esteja presente (...); nas pequenas grandes alegrias e tristeza; em
momentos dialéticos ou até trágico(...); dizendo em outras palavras; o vocábulo AMOR
presta-se a multiplicar significados, de modo que ele pode significar afeições, paixão,
compaixão, misericórdia, solidariedade. Significado do amor sentido do doar o sangue
(ZIMERMAN, 2009).
Há também neste tema muita preocupação com o corpo que doa o sangue, como num
corpo que necessita de mais esclarecimento, de informação e conhecimento sobre seu
funcionamento, uma preocupação com o “RISCO”. Doar sangue é uma experiência que marca
o corpo de quem doa, que ele não sabe muito bem como explicar ele cria subjetividade sobre
o ato de doar como um acontecimento do corpo e no corpo.
145

8 ARTIGO 6 - O SER RECEPTOR DE SANGUE: RECEBENDO A VIDA

Autores: Leylane Porto Bittencourt 1


Nébia Maria Almeida de Figueiredo 2

RESUMO

Este artigo é um recorte da tese de Doutorado intitulada TRANSPLANTE DE CÉLULAS


VIVAS: Significados do corpo que DOA e do corpo que RECEBE sangue - um
“acontecimento” na clínica de cuidar de Enfermagem do Programa de Pós Graduação em
Enfermagem e Biociências – PPGENBIO – e tem como questão norteadora: Que
significados são dados pelo cliente-receptor sobre o sangue doado? Os objetivos propostos
foram: Rastrear no encontro com clientes-receptores de sangue quais são seus significados
sobre sangue, transfusão ou transplante de células vivas; captar nas falas, gestos e imagens
de clientes-receptores uma linguagem que pode indicar como clínica específica para seu
cuidado e identificar o que é manifesto ou latente em suas falas ou expressões corporais que
possam interferir em suas ações de receber sangue. Metodologia: Para a realização deste
estudo foi utilizado o método da cartografia. Os participantes da pesquisa foram clientes-
receptores de sangue, que foram submetidos a entrevista semiestruturada e observação não
participante no ato da transfusão de sangue. Os dados apresentados neste artigo foram o do
perfil desses clientes-receptores e dados coletados das entrevistas submetidos ao software
IRAMUTEQ que categoriza dados advindos de relatos dos participantes. Resultados: a
maioria dos clientes-receptores são do sexo masculino, ensino médio completo, residentes do
Rio de Janeiro, possuem Anemia Falciforme, 1ª transfusão há mais de 10 anos, com histórico
de mais de 10 transfusões nos últimos 6 meses e com histórico de reação transfusional. A
maioria se identificou com a carinha de alegria, sendo que 02 clientes-receptores
apresentaram carinha de tristeza / pensativo durante a transfusão. Conclusão: Relaciona o
sangue à sua VIDA, e percebe que ele é um ÓRGÃO, mas não é um TRANSPLANTE, visto
que as células não permanecem VIVAS por muito tempo, ou seja, é um tratamento
temporário e não definitivo como o transplante.

Descritores: Doadores de Sangue. Bancos de Sangue. Transfusão de Sangue. Células


Sanguíneas. Enfermagem.

1
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências (PPGENFBIO)
pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
2
Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Professora Emérita da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (UNIRIO).
146

8.1 Introdução

Hemotransfusão é a administração de diversos produtos sanguíneos por via


endovenosa, configurando-se em uma tecnologia de extrema importância na terapêutica
moderna. É um procedimento complexo e, por esta razão, requer conhecimento
específico por parte dos profissionais envolvidos no processo, haja vista, a necessidade de
cuidados especializados na administração e na identificação de complicações agudas ou
tardias (BRASIL, 2015b).
O procedimento de transfusão, última etapa do ciclo do sangue, consiste na
transferência de sangue total ou hemocomponente de um indivíduo que efetuou a doação a
outro, denominado, receptor. As indicações de transfusões são inúmeras e sempre baseadas
em avaliação clínica associada ou não aos dados laboratoriais (FIDLARCZYK; FERREIRA,
2008).
A prática médica utiliza a transfusão seletiva ou racional, observando especificamente
as necessidades dos pacientes, e preservação do receptor, pois, apesar de todos os cuidados, a
prática transfusional não é isenta de riscos. Ainda, com essa prática, possibilita manter os
estoques de sangue e melhora dos resultados terapêuticos (BRASIL, 2010a; FIDLARCZYK;
FERREIRA, 2008).
As transfusões devem ocorrer preferencialmente em ambientes seguros, preservando a
integridade do receptor e garantindo a capacitação das equipes que transfundem
hemocomponentes e hemoderivados. Os passos para a realização das transfusões devem ser
criteriosamente seguidos, iniciando-se com a prescrição e solicitação pelo médico assistente.
Os hemoderivados são os produtos obtidos a partir da industrialização do plasma: a albumina,
fatores de coagulação e imunoglobulinas (BRASIL, 2010a).
À enfermagem cabe a coleta de exames que antecedem à transfusão, o ato
transfusional cabe a ela observar o paciente antes da transfusão, com a certificação de um
do acesso venoso viável, a instalação, avaliar seu estado durante e acompanhá-lo ao
término desta, prevenindo possíveis complicações ou reações transfusionais, registrando
as anotações pertinentes ao processo (FIDLARCZYK; FERREIRA, 2008; FERREIRA et al.,
2007).
O comprometimento e integração da equipe de enfermagem são fatores positivos para
as ações em hemoterapia, que implicam na segurança do processo de transfusão. O enfermeiro
atua desde o recebimento das pessoas da comunidade para a doação, sua seleção até o final do
processo a transfusão (SCHÖNINGER; DURO, 2010; FLORIZANO; FRAGA, 2007;
147

FERREIRA et al., 2007). A articulação dos serviços que produzem hemocomponentes, junto
aos comitês transfusionais, hemovigilância e os profissionais que atuam nessa área são
fundamentais na prevenção de complicações e minimizam os riscos transfusionais (BRASIL,
2015e).
Neste contexto, a equipe de enfermagem é de grande importância, bem como a
qualidade dos controles e registros, de maneira que se torna imprescindível amplos
conhecimentos para identificação de possíveis anormalidades ao longo de todo o
processo. Profissionais sem domínio de conhecimentos em hemoterapia ou habilidade
técnica podem favorecer a ocorrência de erros minimizando a segurança transfusional
(FORSTER et al., 2018).
Assim, as transformações nas práticas de hemoterapia trouxeram consigo novos
deveres e obrigações relacionadas à bioética acarretando mudanças tanto na qualidade da
assistência prestada, quanto na percepção dos pacientes. Há novas e melhores terapias, há
mais informações sobre elas, porém, o medo e a angústia relacionados ao processo
permanecem presentes em muitos casos, principalmente, quando se observa a realidade
dos receptores (BARRETT et al., 2014; DHABANGI et al., 2019).
Procedimentos médicos tais como as cirurgias cardíacas e os transplantes acabaram
por aumentar consideravelmente a demanda por transfusões sanguíneas (VAENA, 2018).
Os dados sobre as transfusões de sangue no Brasil apresentam, para o ano de 2015, o
quantitativo de 3.385.651 procedimentos realizados, com um aumento comparado aos anos
de 2013, que foi de 3.081.580 e o ano de 2014, com 3.293.934 (BRASIL, 2017c).
Os estudos sobre as percepções dos receptores ainda são incipientes, embora exista
número significativo de pesquisas sobre o processo de doação em si e a percepção dos
doadores. Os receptores de transfusão sanguínea são passíveis de dúvidas, incertezas e
inseguranças, que possivelmente podem interferir no processo transfusional. Explorar
situações e questionamentos que contemplem os sentimentos dos receptores torna-se
atividade significativa, na medida em que pode servir para a elaboração de estratégias
que minimizem os riscos ou desconfortos que essa prática pode vir a gerar.

8.2 Objetivos

Para tanto têm-se como objetivos deste capítulo:


148

 Rastrear no encontro com clientes-receptores de sangue quais são seus significados


sobre sangue, doação de sangue, transfusão de sangue ou transplante de células vivas;
 Captar nas falas, gestos e comportamentos dos clientes-receptores, temas e
linguagem corporal que possam indicar uma clínica de enfermagem específica para o
seu cuidado;
 Identificar o que é manifesto e latente em suas falas ou expressões corporais que
sejam indicadores de crenças, vivências e/ou comportamentos que possam interferir
em suas ações de receber sangue.

8.3 Método

O método para a realização da pesquisa foi o método cartográfico que trata-se de


investigar um processo de produção e não representar um objeto. No qual o cartógrafo assume
uma atenção flutuante e um reconhecimento atento, no qual desde o início da pesquisa ocorre
uma produção dos dados (PASSOS; KASTRUP, 2013).
Tal método considera que a pesquisa é sempre uma intervenção. Seu funcionamento
não se identifica a atos de focalização para preparar a rerepsentação de formas de objetos, mas
se faz através da detecção de signos e forças circulantes, ou seja, de pontas do processo em
curso (PASSOS; KASTRUP, 2013).
Por produzir elementos da ordem da subjetividade, a cartografia admite uma natureza
qualitativa, e considera uma dimensão quantitativa nos dados qualitativos produzidos.
Representado por Passos e Eiraldo (2009, p.115) “ao cruzamento das várias forças que vão se
produzindo a partir dos encontros entre os diferentes nós de uma rede de enunciação da qual
emerge, como seu efeito, um mundo que pode ser compartilhado pelos sujeitos”.
Assim, o corpo do cliente-receptor passará a ser observado como uma representação
gráfica, em que todos seus aspectos subjetivos, sendo metricamente expressos por linhas,
pontos, desenhos, recorte das experiências existenciais de ser cuidado. Espécie de arte viva,
que dará visibilidade a um mapa capaz de retratar os territórios por ele percorridos, os seus
acontecimentos mais significativos, suas paixões, lugares onde estudou, habitou, visitou e
trabalhou (SILVA; FIGUEIREDO, 2016). Assim, a presente proposta de estudo tem
implicações tanto para o cuidado, uma vez que pretende resgatar a subjetividade junto às
marcas no corpo do cliente é submetido à transfusão de sangue (transplante de células vivas);
e em paralelo faz menção as práticas de enfermagem, pois se sustenta nos cenários de
cuidados.
149

8.4 Participantes e critério de seleção

Os participantes deste estudo foram os clientes-receptores de sangue que são


constantemente submetidos à transfusão de sangue / transplante de células vivas. Como
critérios de inclusão: a) clientes que tenham feito 03 ou mais transfusões de
hemocomponentes no referido cenário de estudo; b) clientes que estejam vivos, lúcidos e
orientados, em tratamento ambulatorial; c) clientes que necessitaram receber
hemocomponentes nos últimos três meses; d) clientes que tenham mais de 18 anos. E critérios
de exclusão: a) clientes que tenham recebido sangue somente de forma eletiva, como preparo
para cirurgias ou durante cirurgias; b) clientes de alta complexidade hospitalizados no Centro
de Terapia Intensiva (CTI) que não interagem verbalmente ou tenham sido submetido à
terapia farmacológica sedativa nos últimos trinta dias; c) clientes que tenham se sentido
constrangido e não continuaram a entrevista ou não finalizaram a entrevista por algum
motivo.

8.5 Procedimentos de coleta de dados

Nos meses de abril a agosto de 2018, foram realizadas entrevistas com clientes-
receptores de sangue, que são politransfundidos, no Hospital de referência em Hematologia e
Hemoterapia do estado do Rio de Janeiro, antes da efetivação da transfusão de sangue,
contendo questões fechadas para a caraterização dos participantes e perguntas abertas
direcionadas ao objetivo do estudo, a fim de descrever os significados do sangue e da
transfusão de sangue / transplante de células vivas; identificar os sinais objetivos que o corpo
do cliente emite para que ele saiba da necessidade da transfusão de sangue / transplante de
células vivas; os sinais subjetivos e sentimentos que permeiam a transfusão de sangue /
transplante de células vivas; além de descrever as marcas do cuidado e possíveis riscos
referidos pelos clientes-receptores de sangue.
Concomitante houve também a observação não participante com a aplicação de um
check-list observacional durante o ato transfusional para detectar a linguagem corporal e
comportamentos subjetivos no momento do ato da transfusão de sangue / transplante de
células vivas.
Foram coletadas 10 entrevistas com clientes-receptores de sangue. Optou-se
primeiramente por esse quantitativo para dar início a coleta, entretanto, verificou-se de uma
forma preliminar a saturação das informações dadas por eles e foi encerrado a coleta de
dados. As entrevistas foram gravadas com a utilização de um dispositivo MP3 player-
150

gravador de voz, somente após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido


pelos clientes, e posteriormente serão transcritas para tratamento e análise dos dados.
Vale ressaltar que o estudo obteve o parecer “APROVADO” pelo mediante o seguinte
número de registro: 2.576.418 pelo CEP/UNIRIO e CEP/HEMORIO.

8.6 Procedimentos de análise de dados

O check list observacional e caracterização dos participantes foi submetido a uma


análise quantitativa, com uso de estatística descritiva, somente para a apresentação dos dados
demográficos e caracterização do doador. Todo o material produzido pelas entrevistas
transcritas será submetido à Análise de Conteúdo (AC) descrita por Bardin (2016).
Bardin define a AC como:

um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que visam obter por


procedimentos objetivos e sistemáticos a descrição do conteúdo das mensagens,
indicadores que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção destas mensagens (BARDIN,1977,p.42).

O objetivo principal da AC pode ser sintetizado em manipulação das mensagens, tanto


do seu conteúdo quanto da expressão desse conteúdo, para colocar em evidência indicadores
que permitam inferir sobre uma outra realidade que não a mesma da mensagem. “Assim
oscila entre os dois polos o rigor da objetividade e da fecundidade da subjetividade.”
(BARDIN, 2016, p.15).
A AC pode ser uma análise dos “significados” (análise temática), embora possa ser
também uma análise dos “significantes” (análise lexical e sintática). Bardin (2016, p.125)
propõe a AC pautada em três fases cronológicas distintas: 1) Inicialmente a pré-análise; 2)
Seguida da exploração do material e; 3) Tratamento dos resultados, a inferência e a
interpretação.
A primeira fase da AC chamada de pré-análise é o momento da organização dos
dados, no qual se encontra a pesquisa. Nesta fase foi realizada a leitura flutuante das
entrevistas semiestruturadas transcritas e a impregnação do investigador por impressões
advindas dos dados obtidos.
Para tanto todas as palavras do texto foram levadas em consideração com distinções
em palavras plenas, isto é, palavras “portadoras de sentido”: substantivos, adjetivos, verbos; e
as palavras instrumento, isto é, as palavras funcionais de ligação: artigos, conjunções,
151

preposições, conectivos, advérbios e etc. Assim, verifica-se o número de palavras presente e o


total de ocorrência, realizando assim a análise lexical e sintática da amostra selecionada,
referente ao doador de sangue (BARDIN, 2016).
Em seguida, foi realizada a demarcação dos documentos relevantes para a constituição
de um corpus, e posterior tratamento analítico. Para isto, foi organizado um instrumento
conforme Bardin (2016, p.130) “sistematicamente agregados em unidades de registro, as
quais permitem uma descrição exata das características pertinentes ao conteúdo (...)”.
A segunda fase da AC foi efetivamente da exploração do material. Esta exploração
será realizada por meio de estruturação dos dados mediante as estratégias denominadas por
Bardin (2016) como inventário das unidades de registro e de contexto e classificação por
analogias, com o auxílio do software IRAMUTEQ considerada ferramenta de processamento
dos dados, e não um método de pesquisa, o que torna seus resultados instrumentos de
exploração, busca e associação em material de pesquisa (SOUZA et al., 2018).
A categorização é uma “operação de classificação de elementos constitutivos de um
conjunto por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo o gênero (analogia),
com os critérios previamente definidos” (BARDIN, 1977, p.117). Realizada pelo software
com a chamada Classificação Hierárquica Descendente, através da representação do
dendograma, análise fatorial e nuvem de palavras foi possível elencar as categorias para
discussão (SOUZA et al., 2018).
Executar tal análise do conteúdo como conjunto de procedimentos requer que estes
procedimentos sejam determinados, para que o pesquisador saiba exatamente qual rumo deve
seguir. Além disso, a técnica possibilita que os resultados de diferentes estudos sejam
comparados entre si (OLIVEIRA, 2008).

8.7 Resultados

8.7.1 Diário de campo

Foi possível perceber que no ato da transfusão de sangue a equipe era composta
prioritariamente pela categoria da enfermagem, contendo q sala de transfusão ambulatorial
com 1 enfermeiro, 4 técnicos de enfermagem e 1 médico plantonista presente para
atendimento de intercorrências com o cliente-receptor.
Foi possível perceber que esses técnicos de enfermagem são muito bem treinados, e
desempenham a função de coleta de amostras, e instalação do sangue. Foi realizado o check
152

list observacional de cada transfusão dos clientes-receptores participantes da pesquisa com a


verificação de todos os pontos descritos nos procedimentos técnicos padrão e todo o passo-a-
passo foi realizado mantendo os cuidados preconizados para a antissepsia da pele e punção
venosa.

8.7.2 Caracterização do perfil dos Clientes-Receptores de sangue

A caracterização dos clientes-receptores está demonstrada na tabela abaixo:


Tabela 7 – Demonstração da caracterização dos clientes-receptores entrevistados
FREQUÊNCIA FREQUÊNCIA
VARIÁVEIS
ABSOLUTA RELATIVA %
18 à 29 anos 6 60
30 à 39 anos 2 20
Faixa etária 40 à 49 anos 0 0
50 à 59 anos 0 0
60 à 70 anos 2 20

Masculino 6 60
Sexo
Feminino 4 40

Analfabeto 0 0
Ensino Fundamental
Completo 2 20
Ensino Fundamental
Incompleto 0 0
Escolaridade Ensino Médio Completo 5 50
Ensino Médio Incompleto 2 20
Ensino Superior Completo 0 0
Ensino Superior Incompleto 1 10
Mestrado 0 0
Doutorado 0 0

Belford Roxo/RJ 1 10
Duque de Caxias/RJ 1 10
Porciúncula/RJ 1 10
Macaé/RJ 1 10
Naturalidade
Rio de Janeiro/RJ 3 30
São Pedro Daldeia/RJ 1 10
São Gonçalo/RJ 1 10
Valença/RJ 1 10

Anemia Falciforme 4 40

Diagnóstico Talassemia Major 3 30


Linfoma Não Hodking 1 10
Leucemia Linfocícita Crônica 1 10
153

Mielofibrose 1 10

Há mais de 10 anos 0 0
Primeira transfusão
Há menos de 10 anos 10 100

Transfusões nos últimos 6 Mais de 10 8 80


meses no HEMORIO Menos de 10 2 20

Histórico de reação Sim 6 60


transfusional Não 4 40

Tipo de hemocomponente CH 14 93
transfundido CP 1 7
Fonte: Elaboração própria, 2019.

8.7.3 Caracterização da face, linguagem, gestos e movimentos corporais

Com relação aos comportamentos subjetivos dos clientes-receptores foi possível


perceber que a maioria se identificou com a carinha de alegria, sendo que 02 clientes-
receptores apresentaram carinha de tristeza / pensativo durante a transfusão. Como
demonstrado no gráfico abaixo:

Gráfico 3 – Demonstrativo das faces dos clientes-receptores na infusão do sangue

Fonte: Elaboração própria, 2019.


154

Tabela 8 – Tabela representativa dos gestos, movimentos corporais, observados pela


pesquisadora durante a infusão do sangue nos clientes-receptores

FREQUÊNCIA FREQUENCIA
VARIÁVEIS
ABSOLUTA RELATIVA %
Calma 8 80
Chorosa 1 10
Tom de voz Agitada 1 10

Palidez 6 60
Face Normal 4 40

Normal 7 70
Sobe e desce 2 20
Sombrancelhas Ruga vertical na testa 1 10

Fechado 8 80
Lábios Falando 2 20

Fechada 8 80
Boca Aberta 2 20

Abertos 7 70
Olhos Fechados 3 30

Abertas 6 60
Mãos Juntas 4 40

Virando 4 40
Para baixo 4 40
Cabeça Para cima 2 20

Agitados 5 50
Pés Parados 5 50

Tranquila 8 80
Respiração Ofegante 2 20

Mexendo 6 60
Dobradas 2 20
Pernas Normal 2 20
Fonte: Elaboração própria, 2019.
155

8.7.4 Dados do IRAMUTEQ: Lexicometria, Dendograma, Análise Fatorial e Nuvem de


palavras

Para assegurar o critério de verificabilidade e falseabilidade, procedeu-se a


Lexicometria das respostas dos 10 participantes com auxílio do método ALCESTE com o
software IRAMUTEQ que possibilitou a quantificação das palavras e em seguida foram
realizadas as análises a seguir.
No processo de Lexicometria, o corpus geral foi constituído por dez textos, separados
em 285 segmentos de texto (ST), com aproveitamento de 222 STs (77,89%). Emergiram
9.545 ocorrências (palavras, formas ou vocábulos), sendo 4231 (44,3%) palavras plenas
(adjetivos, substantivo e verbos), que foram consideradas nas análises que seguem.

Figura 22. Quantificação dos vocábulos das entrevistas dos Clientes-receptores

Fonte: Elaboração própria, 2019.

Abaixo segue por ordem de importância o quantitativo das palavras plenas mais
frequentes que emergiram das entrevistas dos clientes-receptores.
156

Quadro 21 – Demonstração das ocorrências das palavras plenas mais frequentes da entrevista
dos clientes-receptores

Fonte: Elaboração própria, 2019.

A Classificação Hierárquica Descendente (CHD), também chamada de Classificação


pelo método de Reinert realizada pelo IRAMUTEQ permitiu a análise da distribuição entre as
classes construídas e representadas pelos dendogramas. Nesta análise os segmentos de texto
são classificados de acordo com seus respectivos vocábulos e seu conjunto é dividido com
base na frequência das formas reduzidas, formadas a partir do radical das palavras
(lemantização) (CAMARGO; JUSTO, 2013).
O software proporciona mais de um tipo de dendograma para a forma de análise
escolhida, assim como mantém disponíveis os segmentos de textos (ST) de cada classe para
que o pesquisador possa, a todo instante, voltar a eles para ler e compreender os resultados e
dar um título a cada classe.
Na Classificação Hierárquica Descendente (CHD), o conteúdo analisado foi
categorizado em cinco classes: Classe 1, com 28 ST (12,61%); Classe 2, com 36 ST(16,22%);
Classe 3, com 56 ST (25,23%); Classe 4 com, 49 ST (22,07%) e Classe 5 com 53 ST
(23,87%). Vale ressaltar que essas cinco classes se encontram divididas em duas ramificações
(A e B) do corpus total em análise. O subcorpus A, composto pela Classe 1, 2 e 4 e o
subcorpus B, composto pelas Classes 5 e 3. Segue abaixo o dendograma 01 com as
classificações hierárquicas e o dendograma 02 com as palavras mais prevalentes.
157

Figura 23. Dendograma 01 das classes dos clientes-receptores fornecidas pelo software
IRAMUTEQ

Fonte: IRAMUTEQ – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2019.


158

Figura 24. Dendograma 02 das classes dos clientes-receptores fornecidas pelo software
IRAMUTEQ

Fonte: IRAMUTEQ – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2019.

Por meio da Análise Fatorial por Correspondência, foi possível ainda realizar
comparações das diferenças de evocações, independente da classe as quais pertencem foi
possível realizar associação do texto entre as palavras, considerando a frequência de
incidência de palavras e as classes, representando-as em um plano cartesiano. Observa-se que
as palavras de todas as classes se apresentam num segmento centralizado que se expande para
pontos periféricos, representando o grau de similitude entre as palavras no diagrama, pode-se
observar que quanto mais próximo do zero a relação de similitude é maior.
159

Figura 25. Análise Fatorial por Correspondência das classes dos doadores fornecidas pelo
software IRAMUTEQ

Fonte: IRAMUTEQ – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2019.

A análise por meio de nuvem de palavras é visualmente interessante e demonstra as


palavras estruturadas em forma de nuvem, com tamanho diferentes, onde as palavras maiores
são aquelas que detém certa importância no corpus textual (a partir de um simples indicador
de frequência). O método nuvem agrupa as palavras, organizando-as de forma gráfica em
função de sua frequência, tanto no significado como em quantidade (CAMARGO e JUSTO,
2013).
De acordo com Kami et al. (2016), no método nuvem as palavras são posicionadas
aleatoriamente de tal forma que as mais frequentes aparecem maiores que as outras,
demonstrando, assim, seu destaque no corpus de análise da pesquisa. Quanto maior a fonte do
160

termo na figura, maior sua frequência na amostra, assim como menor o tamanho da fonte,
menor sua frequência.

Figura 26. Nuvem de palavras dos doadores fornecidas pelo software IRAMUTEQ

Fonte: IRAMUTEQ – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2019.

Após o processamento dos dados, iniciou-se a análise das cinco classes fornecidas
pelo software IRAMUTEQ, na qual os ST agrupados em cada classe foram lidos
exaustivamente para compreender e nominar cada classe. Tais classes/ categorias serão
discutidas no próximo capítulo.
161

8.8 Discussão
Na caracterização do perfil dos clientes-receptores fica evidente a faixa etária mais
prevalente de 18 à 29 anos, sexo masculino, ensino médio completo, residentes do Rio de
Janeiro com Anemia Falciforme, 1ª transfusão há mais de 10 anos, com histórico de mais de
10 transfusões nos últimos 6 meses e com histórico de reação transfusional, sendo o
hemocomponente transfundido durante a observação o concentrado de hemácias.
Com relação aos gestos, movimentos corporais e movimentos posturais dos clientes-
receptores apresentou-se com clara diferenciação 02 clientes-receptores citados, apresentando
tom de voz chorosa/agitada, sombrancelhas com ruga vertical na testa e sobe e desce, falantes,
olhos fechados, mãos juntas, pés agitados, respiração ofegante, pernas mexendo,
caracterizando assim uma clínica de enfermagem específica para cuidado desses pacientes
visivelmente ansiosos com o tratamento.
Os vocábulos que mais apareceram foram: SER, SANGUE, SÓ, pode ser uma
condição significante para o receptor, que deixa de ser sujeito para ser sangue, líquido e
efêmero, ser que necessita do sangue para sobrevivência. O significado SANGUE para os
clientes-receptores é dar, doar e entender a importância do gesto para alguém que precisa
numa palavra cheia de gente que precisa significar gente, fala, vida, vistos na Nuvem de
palavras.

8.9 Conclusão

Na leitura das entrevistas foi perceptível que todos atribuíram o sangue à continuidade
da sua vida, percebem riscos na transfusão de sangue e seu corpo emite diferentes sinais que
refletem a necessidade da transfusão. Todos se emocionaram ao falar da doação de sangue, e
refletiram a necessidade de ser um ato essencial e que eles ajudam na divulgação da mesma.
Alguns possuem receio ao transfundir, entretanto nunca se recusaram, pois se sentir
bem e vivo depende da transfusão. Relataram sentimentos de frustação e angústia quando são
informados que não tem a transfusão quando solicitada.
As características atribuídas à transfusão de sangue representam um conjunto de
interpretações culturalmente adquiridas, estão relacionadas a renascimento, fortalecimento,
melhora do estado de saúde, o que reflete a perspectiva de terem uma vida melhor. Para eles,
o sangue representa a vida e a transfusão sangüínea é considerada um benefício que não altera
suas vidas ou sua maneira de ser, porém restitui as condições para terem uma vida melhor,
devolve-lhes um sentimento nato do ser humano, a esperança.
162

Relaciona o sangue à sua VIDA, e percebe que ele é um ÓRGÃO, mas não é um
TRANSPLANTE, visto que as células não permanecem VIVAS por muito tempo. Não
visualizam relação com transplante, visto que para eles são células que não se mantém vivas
por muito tempo na circulação, ou seja, é um tratamento temporário e não definitivo como o
transplante.
Eles expressam preocupação com a manutenção da saúde, com a percepção de si
mesmos e com a imagem que passam para os outros, e preocupam-se em retornar às suas
atividades diárias e melhorar as condições de vida. Segundo RODRIGUES & CARDOSO
(1998, p.143): “A cura representa a compensação pelo sofrimento, funciona como elemento
sistematizador da experiência/trajetória e constitui o parâmetro que demarca o
reconhecimento social legitimador do sofrimento”.
Se faz necessário esse recorte para refletir aproximações e distanciamentos sobre o
significado do sangue, sentimentos, sinais do corpo, riscos, transplante, e comportamentos
subjetivos, entre doadores e clientes-repceptores, para a consolidação final da tese.
163

9 ARTIGO 7 - RECEBENDO A VIDA: A PENTALOGIA DO SANGUE COMO


TERAPIA REAL E SUBJETIVA

Autores: Leylane Porto Bittencourt 1


Nébia Maria Almeida de Figueiredo 2

RESUMO

Este artigo é um recorte da tese de Doutorado intitulada TRANSPLANTE DE CÉLULAS


VIVAS: Significados do corpo que DOA e do corpo que RECEBE sangue - um
“acontecimento” na clínica de cuidar de Enfermagem do Programa de Pós Graduação em
Enfermagem e Biociências – PPGENBIO – e tem como questão norteadora: Que significados
são dados pelo cliente-receptor sobre o sangue doado? Os objetivos propostos foram: Rastrear
no encontro com clientes-receptores de sangue quais são seus significados sobre sangue,
transfusão ou transplante de células vivas; captar nas falas, gestos e imagens de clientes-
receptores uma linguagem que pode indicar como clínica específica para seu cuidado e
identificar o que é manifesto ou latente em suas falas ou expressões corporais que possam
interferir em suas ações de receber sangue. Metodologia: E cartográfico de natureza
qualitativa que envolve acompanhar os processos de produção de dados através de 4 atenções
- rastrear, pensar, tocar e compreender. As buscas de significados também estão na base
teórica da pesquisa qualitativa. Os dados foram analisados a luz da análise de conteúdo. Os
participantes da pesquisa foram clientes-receptores de sangue, que foram submetidos a
entrevista semiestruturada em um Hemocentro de referência. Os dados apresentados neste
artigo foram os dados das 5 categorias emergentes das falas dos doadores. Resultados: a
análise de conteúdo dos dados emergiu a pentalogia do sangue para o cliente-receptor.
Conclusão: O cliente-receptor relaciona o sangue à sua VIDA, e percebe que ele é um
ÓRGÃO, mas não é um TRANSPLANTE, visto que as células não permanecem VIVAS por
muito tempo, ou seja, é um tratamento temporário e não definitivo como o transplante.

Descritores: Doadores de Sangue. Bancos de Sangue. Transfusão de Sangue. Células


Sanguíneas. Enfermagem.

9.1 Introdução

Hemotransfusão é a administração de diversos produtos sanguíneos por via


endovenosa, configurando-se em uma tecnologia de extrema importância na terapêutica
moderna. É um procedimento complexo e, por esta razão, requer conhecimento
específico por parte dos profissionais envolvidos no processo, haja vista, a necessidade de

1
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências (PPGENFBIO)
pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
2
Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Professora Emérita da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (UNIRIO).
164

cuidados especializados na administração e na identificação de complicações agudas ou


tardias (BRASIL, 2015b).
O procedimento de transfusão, última etapa do ciclo do sangue, consiste na
transferência de sangue total ou hemocomponente de um indivíduo que efetuou a doação a
outro, denominado, receptor. As indicações de transfusões são inúmeras e sempre baseadas
em avaliação clínica associada ou não aos dados laboratoriais (FIDLARCZYK; FERREIRA,
2008).
A prática médica utiliza a transfusão seletiva ou racional, observando especificamente
as necessidades dos pacientes, e preservação do receptor, pois, apesar de todos os cuidados, a
prática transfusional não é isenta de riscos. Ainda, com essa prática, possibilita manter os
estoques de sangue e melhora dos resultados terapêuticos (BRASIL, 2010a; FIDLARCZYK;
FERREIRA, 2008).
As transfusões devem ocorrer em ambientes seguros, preservando a integridade do
receptor e garantindo a capacitação das equipes que transfundem hemocomponentes e
hemoderivados. Os passos para a realização das transfusões devem ser criteriosamente
seguidos, iniciando-se com a prescrição e solicitação pelo médico assistente. Os
hemoderivados são os produtos obtidos a partir da industrialização do plasma: a albumina,
fatores de coagulação e imunoglobulinas (BRASIL, 2010a).
À enfermagem cabe a coleta de exames que antecedem à transfusão, o ato
transfusional cabe a ela observar o paciente antes da transfusão, com a certificação de um
do acesso venoso viável, a instalação, avaliar seu estado durante e acompanhá-lo ao
término desta, prevenindo possíveis complicações ou reações transfusionais, registrando
as anotações pertinentes ao processo (FIDLARCZYK; FERREIRA, 2008; FERREIRA et al.,
2007).
O comprometimento e integração da equipe de enfermagem são fatores positivos para
as ações em hemoterapia, que implicam na segurança do processo de transfusão. O enfermeiro
atua desde o recebimento das pessoas da comunidade para a doação, sua seleção até o final do
processo a transfusão (SCHÖNINGER; DURO, 2010; FLORIZANO; FRAGA, 2007;
FERREIRA et al., 2007). A articulação dos serviços que produzem hemocomponentes, junto
aos comitês transfusionais, hemovigilância e os profissionais que atuam nessa área são
fundamentais na prevenção de complicações e minimizam os riscos transfusionais (BRASIL,
2015e).
Neste contexto, a equipe de enfermagem é de grande importância, bem como a
qualidade dos controles e registros, de maneira que se torna imprescindível amplos
165

conhecimentos para identificação de possíveis anormalidades ao longo de todo o


processo. Profissionais sem domínio de conhecimentos em hemoterapia ou habilidade
técnica podem favorecer a ocorrência de erros minimizando a segurança transfusional
(FORSTER et al., 2018).
Assim, as transformações nas práticas de hemoterapia trouxeram consigo novos
deveres e obrigações relacionadas à bioética acarretando mudanças tanto na qualidade da
assistência prestada, quanto na percepção dos pacientes. Há novas e melhores terapias, há
mais informações sobre elas, porém, o medo e a angústia relacionados ao processo
permanecem presentes em muitos casos, principalmente, quando se observa a realidade
dos receptores (BARRETT et al., 2014; DHABANGI et al., 2019).
Procedimentos médicos tais como as cirurgias cardíacas e os transplantes acabaram
por aumentar consideravelmente a demanda por transfusões sanguíneas (VAENA, 2018).
Os dados sobre as transfusões de sangue no Brasil apresentam, para o ano de 2015, o
quantitativo de 3.385.651 procedimentos realizados, com um aumento comparado aos anos
de 2013, que foi de 3.081.580 e o ano de 2014, com 3.293.934 (BRASIL, 2017c).
Os estudos sobre as percepções dos clientes-receptores ainda são incipientes,
embora exista número significativo de pesquisas sobre o processo de doação em si e a
percepção dos doadores. Os clientes-receptores de transfusão sanguínea são passíveis de
dúvidas, incertezas e inseguranças, que possivelmente podem interferir no processo
transfusional. Explorar situações e questionamentos que contemplem os sentimentos dos
clientes-repceptores torna-se atividade significativa, na medida em que pode servir para
a elaboração de estratégias que minimizem os riscos ou desconfortos que essa prática
pode vir a gerar.

9.2 Objetivos

Para tanto têm-se como objetivos deste capítulo:

 Rastrear no encontro com clientes-repceptores de sangue quais são seus


significados sobre sangue, doação de sangue, transfusão de sangue ou transplante de
células vivas;
 Captar nas falas, gestos e comportamentos dos clientes-receptores, temas e
linguagem corporal que possam indicar uma clínica de enfermagem específica para o
seu cuidado;
166

 Identificar o que é manifesto e latente em suas falas ou expressões corporais que


sejam indicadores de crenças, vivências e/ou comportamentos que possam interferir
em suas ações de receber sangue.

9.3 Método

O método para a realização da pesquisa foi o método cartográfico que trata-se de


investigar um processo de produção e não representar um objeto. No qual o cartógrafo assume
uma atenção flutuante e um reconhecimento atento, no qual desde o início da pesquisa ocorre
uma produção dos dados (PASSOS; KASTRUP, 2013).
Tal método considera que a pesquisa é sempre uma intervenção. Seu funcionamento
não se identifica a atos de focalização para preparar a rerepsentação de formas de objetos, mas
se faz através da detecção de signos e forças circulantes, ou seja, de pontas do processo em
curso (PASSOS; KASTRUP, 2013).
Por produzir elementos da ordem da subjetividade, a cartografia admite uma natureza
qualitativa, e considera uma dimensão quantitativa nos dados qualitativos produzidos.
Representado por Passos e Eiraldo (2009, p.115) “ao cruzamento das várias forças que vão se
produzindo a partir dos encontros entre os diferentes nós de uma rede de enunciação da qual
emerge, como seu efeito, um mundo que pode ser compartilhado pelos sujeitos”.
Assim, o corpo do cliente-receptor passará a ser observado como uma representação
gráfica, em que todos seus aspectos subjetivos, sendo metricamente expressos por linhas,
pontos, desenhos, recorte das experiências existenciais de ser cuidado. Espécie de arte viva,
que dará visibilidade a um mapa capaz de retratar os territórios por ele percorridos, os seus
acontecimentos mais significativos, suas paixões, lugares onde estudou, habitou, visitou e
trabalhou (SILVA; FIGUEIREDO, 2016). Assim, a presente proposta de estudo tem
implicações tanto para o cuidado, uma vez que pretende resgatar a subjetividade junto às
marcas no corpo do cliente é submetido à transfusão de sangue (transplante de células vivas);
e em paralelo faz menção as práticas de enfermagem, pois se sustenta nos cenários de
cuidados.

9.4 Participantes e critério de seleção

Os participantes deste estudo foram os clientes-receptores de sangue que são


constantemente submetidos à transfusão de sangue / transplante de células vivas. Como
167

critérios de inclusão: a) clientes que tenham feito 03 ou mais transfusões de


hemocomponentes no referido cenário de estudo; b) clientes que estejam vivos, lúcidos e
orientados, em tratamento ambulatorial; c) clientes que necessitaram receber
hemocomponentes nos últimos três meses; d) clientes que tenham mais de 18 anos. E critérios
de exclusão: a) clientes que tenham recebido sangue somente de forma eletiva, como preparo
para cirurgias ou durante cirurgias; b) clientes de alta complexidade hospitalizados no Centro
de Terapia Intensiva (CTI) que não interagem verbalmente ou tenham sido submetido à
terapia farmacológica sedativa nos últimos trinta dias; c) clientes que tenham se sentido
constrangido e não continuaram a entrevista ou não finalizaram a entrevista por algum
motivo.

9.5 Procedimentos de coleta de dados

Nos meses de abril a agosto de 2018, foram realizadas entrevistas com clientes-
receptores de sangue, que são politransfundidos, antes da efetivação da transfusão de sangue,
contendo questões fechadas para a caraterização dos participantes e perguntas abertas
direcionadas ao objetivo do estudo, a fim de descrever os significados do sangue e da
transfusão de sangue / transplante de células vivas; identificar os sinais objetivos que o corpo
do cliente emite para que ele saiba da necessidade da transfusão de sangue / transplante de
células vivas; os sinais subjetivos e sentimentos que permeiam a transfusão de sangue /
transplante de células vivas; além de descrever as marcas do cuidado e possíveis riscos
referidos pelos clientes-receptores de sangue.
Concomitante houve também a observação não participante com a aplicação de um
check-list observacional durante o ato transfusional para detectar a linguagem corporal e
comportamentos subjetivos no momento do ato da transfusão de sangue / transplante de
células vivas.
Foram coletadas 10 entrevistas com clientes-receptores de sangue. Optou-se
primeiramente por esse quantitativo para dar início a coleta, entretanto, verificou-se de uma
forma preliminar a saturação das informações dadas por eles e foi encerrado a coleta de
dados. As entrevistas foram gravadas com a utilização de um dispositivo MP3 player-gravador de
voz, somente após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos clientes, e
posteriormente serão transcritas para tratamento e análise dos dados.
Vale ressaltar que o estudo obteve o parecer “APROVADO” pelo mediante o seguinte
número de registro: 2.576.418 pelo CEP/UNIRIO e CEP/HEMORIO.
168

9.6 Procedimentos de análise de dados

O check list observacional e caracterização dos participantes foi submetido a uma


análise quantitativa, com uso de estatística descritiva, somente para a apresentação dos dados
demográficos e caracterização do doador. Todo o material produzido pelas entrevistas
transcritas será submetido à Análise de Conteúdo (AC) descrita por Bardin (2016).
Bardin define a AC como:

um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que visam obter por


procedimentos objetivos e sistemáticos a descrição do conteúdo das
mensagens, indicadores que permitam a inferência de conhecimentos
relativos às condições de produção/recepção destas mensagens
(BARDIN,1977,p.42).

O objetivo principal da AC pode ser sintetizado em manipulação das mensagens, tanto


do seu conteúdo quanto da expressão desse conteúdo, para colocar em evidência indicadores
que permitam inferir sobre uma outra realidade que não a mesma da mensagem. “Assim
oscila entre os dois polos o rigor da objetividade e da fecundidade da subjetividade.”
(BARDIN, 2016, p.15).
A AC pode ser uma análise dos “significados” (análise temática), embora possa ser
também uma análise dos “significantes” (análise lexical e sintática). Bardin (2016, p.125)
propõe a AC pautada em três fases cronológicas distintas: 1) Inicialmente a pré-análise; 2)
Seguida da exploração do material e; 3) Tratamento dos resultados, a inferência e a
interpretação.
A primeira fase da AC chamada de pré-análise é o momento da organização dos
dados, no qual se encontra a pesquisa. Nesta fase foi realizada a leitura flutuante das
entrevistas semiestruturadas transcritas e a impregnação do investigador por impressões
advindas dos dados obtidos.
Para tanto todas as palavras do texto foram levadas em consideração com distinções
em palavras plenas, isto é, palavras “portadoras de sentido”: substantivos, adjetivos, verbos; e
as palavras instrumento, isto é, as palavras funcionais de ligação: artigos, conjunções,
preposições, conectivos, advérbios e etc. Verifica-se o número de palavras presente e o total
de ocorrência, realizando assim a análise lexical e sintática da amostra selecionada, referente
ao doador de sangue (BARDIN, 2016).
Em seguida, foi realizada a demarcação dos documentos relevantes para a constituição
de um corpus, e posterior tratamento analítico. Para isto, organizou-se um instrumento
169

conforme Bardin (2016, p.130) “sistematicamente agregados em unidades de registro, as


quais permitem uma descrição exata das características pertinentes ao conteúdo (...)”.
A segunda fase da AC foi efetivamente da exploração do material. Esta exploração
será realizada por meio de estruturação dos dados mediante as estratégias denominadas por
Bardin (2016) como inventário das unidades de registro e de contexto e classificação por
analogias, com o auxílio do software IRAMUTEQ considerada ferramenta de processamento
dos dados, e não um método de pesquisa, o que torna seus resultados instrumentos de
exploração, busca e associação em material de pesquisa (SOUZA et al., 2018).
A categorização é uma “operação de classificação de elementos constitutivos de um
conjunto por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo o gênero (analogia),
com os critérios previamente definidos” (BARDIN, 1977, p.117). Realizada pelo software
com a chamada Classificação Hierárquica Descendente, através da representação do
dendograma, análise fatorial e nuvem de palavras foi possível elencar as categorias para
discussão (SOUZA et al., 2018).
Executar tal análise do conteúdo como conjunto de procedimentos requer que estes
procedimentos sejam determinados, para que o pesquisador saiba exatamente qual rumo deve
seguir. Além disso, a técnica possibilita que os resultados de diferentes estudos sejam
comparados entre si (OLIVEIRA, 2008).

9.7 Resultados

A Classificação Hierárquica Descendente (CHD), também chamada de Classificação


pelo método de Reinert realizada pelo IRAMUTEQ permitiu a análise da distribuição entre as
classes construídas e representadas pelos dendogramas. Nesta análise os segmentos de texto
são classificados de acordo com seus respectivos vocábulos e seu conjunto é dividido com
base na frequência das formas reduzidas, formadas a partir do radical das palavras
(lemantização) (CAMARGO; JUSTO, 2013).
O software proporciona mais de um tipo de dendograma para a forma de análise
escolhida, assim como mantém disponíveis os segmentos de textos (ST) de cada classe para
que o pesquisador possa, a todo instante, voltar a eles para ler e compreender os resultados e
dar um título a cada classe.
Na Classificação Hierárquica Descendente (CHD), o conteúdo analisado foi
categorizado em cinco classes: Classe 1, com 28 ST (12,61%); Classe 2, com 36 ST
(16,22%); Classe 3, com 56 ST (25,23%); Classe 4 com, 49 ST (22,07%) e Classe 5 com 53
170

ST (23,87%). Vale ressaltar que essas cinco classes se encontram divididas em duas
ramificações (A e B) do corpus total em análise. O subcorpus A, composto pela Classe 1, 2 e
4 e o subcorpus B, composto pelas Classes 5 e 3. Segue abaixo o dendograma 01 com as
classificações hierárquicas e o dendograma 02 com as palavras mais prevalentes.

Figura 27. Dendograma 01 das classes dos clientes-receptores fornecidas pelo software
IRAMUTEQ

Fonte: IRAMUTEQ – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2019.


171

Figura 28. Dendograma 02 das classes dos clientes-receptores fornecidas pelo software
IRAMUTEQ

Fonte: IRAMUTEQ – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2019.

Cada classe foi separada pelos seus segmentos de textos e analisadas conforme seus
subcorpus, são eles: Subcorpus A (Classe 4, Classe 1 e Classe 2) e Subcorpus B (Classe 3 e
Classe 5), que foram apresentados no apêndice H abaixo com a separação em Unidades de
Registro e seus respectivos temas. Assim sendo os Resultados serão apresentados em cada
classe, chamado de LOGIA, somando-se a PENTALOGIA do RECEPTOR, que
posteriormente serão criados um artigo para cada.

9.7.1 SUBCORPUS A

9.7.1.1 LOGIA 01: REAÇÕES do RECEBER a VIDA: Medos e angústias relacionados à


transfusão de sangue

O apêndice H demonstra todos os segmentos de texto que foram separados suas


unidades de registro e temas, para compor o significado dos clientes-receptores. Trata-se de
172

sentimentos e impressões de clientes-receptores de sangue sobre o que é o procedimento e a


ação de receber o sangue. Observou-se 308 Unidades de Registro que tratam de sentimentos e
impressões de clientes-receptores de sangue sobre o que é o procedimento e a ação de receber
o sangue, que pode-se destacar os temas na figura abaixo.

Figura 29. Principais temas da Logia 01 do Cliente-Receptor de sangue

Fonte: Elaboração própria, 2019.


173

9.7.1.2 LOGIA 02: RECEBENDO a VIDA que me SALVA: o significado para clientes-
receptores

Dentre as 206 Unidades de Registro, visualizadas no apêndice H, que compõe essa


Logia 02 pode-se destacar:

Figura 30. Principais temas da Logia 02 do Cliente-Receptor de sangue

Fonte: Elaboração própria, 2019.

9.7.1.3 LOGIA 03: NECESSIDADES de saber sobre o SANGUE: sintomas e emoções,


significando o DOAR

Dentre as 310 Unidades de Registro, visualizadas no apêndice H, que compõe essa


Logia 03 pode-se destacar:
174

Figura 31. Principais temas da Logia 03 do Cliente-Receptor de sangue

Fonte: Elaboração própria, 2019.

9.7.2 SUBCORPUS B

9.7.2.1 LOGIA 04: REAÇÕES do RECEBER a VIDA: sinais no corpo e os riscos


visualizados pelo receptor de SANGUE

O apêndice H demonstra todos os segmentos de texto que foram separados suas


unidades de resgitro e temas, para compor sinais no corpo, reações e riscos em receber sangue
visualizados pelos clientes-receptores. Dentre as 623 Unidades de Registro que compõe essa
Logia 04 destaca-se:
175

Figura 32. Principais temas da Logia 04 do Cliente-Receptor de sangue

Fonte: Elaboração própria, 2019.

9.7.2.2 LOGIA 05: PROCESSO de TRATAMENTO como TRANSPLANTE de células


VIVAS: uma clínica DEVIR CUIDADO com doadores e clientes-receptores

O apêndice H demonstra todos os segmentos de texto que foram separados suas


unidades de registro e temas, para compor o processo de tratamento como transplante de
células vivas. Dentre as 318 Unidades de Registro que compõe essa Logia 04 destaca-se:
176

Figura 33. Principais temas da Logia 05 do Cliente-Receptor de sangue

Fonte: Elaboração própria, 2019.

9.8 Discussão

Na LOGIA 01, dentre as falar dos cientes-receptores é notório a angústia vivida pela
problemática de depender exclusivamente do sangue para a sobrevivência e de esse estar
totalmente ligado ao fato da disponibilidade de ter doador, que gera ansiedade na espera pela
bolsa. Foi possível identificar o receio em estarem recebendo sangue, entretanto não possuem
outra alternativa e também a perda de momentos importantes da vida, devido o tratamento.
Não há duvidas de que o texto produzido neste artigo que a palavra DOAR esta
intimamente ligado ao SANGUE e VIDA numa ação humana com muito significados que
NÃO é CARIDADE, mas é importante, vistos da LOGIA 02 através das expressões: salvar,
177

repor, agradecer, pedir a Deus, sofrimento, morrer, viver, divulgação, solução simples, grupos
para doar; tragédia, mobilização, melhorar, levantar, precisar, demonstrar, alívio, depender,
comparecer para ajudar, ditas pelos clientes-receptores.
Na LOGIA 03, descreveram os sintomas que sentem no corpo quando necessitam de
sangue são eles: fraqueza, desmaio, palidez, sensação de calafrio, dor, latejamento no corpo,
dentre outros. Demonstrando também muito conhecimento sobre o corpo, como se ele desse
sinais a eles que estão necessitando da transfusão de sangue. Atribuem a doação de sangue a
um sentimento de gratidão aos doadores, que para eles é o combustível da sua vida, vitamina,
energético.
Vários sinais do corpo indicam para os clientes-receptores, dito na LOGIA 04, a
necessiade do sangue: petéquias, sono, desmaio, crise de dor, palidez. Alguns deles relataram
que tiveram reações durante a transfusão, que necessitam de fazer uso de medicamentos antes
das transfusões. Todos elencarm riscos relacionados à necessidade do sangue que vão desde
problemas da falta de doadores, até de como se faz todo o processo dentro do laboratório, e
todos sabem da propensão que estão a serem contaminados por doenças.
E na LOGIA 05 alguns clientes-receptores não atribuem a transfusão de sangue a um
transplante de células vivas, até porque eles falam que essas células morrem com o tempo
devido sua necessidade constante de sangue, visto que eles precisam transfundir geralmente
de 15 em 15 dias, sendo uma necessidade permanente, e o transplante é uma solução mais
definitiva, atribuem a essa solução ao transplante de medula óssea. Outros falaram que pode
ser quase um transplante.
Estas falas nos indicam uma comunicação clínica sobre humanização, e aqui eles nos
comunicam sobre a experiência e o respeito com o doar. Segundo CIMINO (2016) a
humanização não é modismo, no contexto da construção de novas políticas públicas de saúde,
ela encontra-se no código genético de cada ser humano, basta desenvolvê-los, apriomorá-los,
juntá-los, definí-los, é individual, é coletiva, por isso a produção do discurso dos clientes-
receptores é uma questão a ser acrescentada em nossa clínica de hemotransfusão.
E na verdade resultados significados dados por humanos para humanos de ação de
doar parte da vida para o outro que necessita, e envolve políticas MOLAR e MOLECULAR
de complexidades a serem exploradas não só na prática, mas no campo do conhecimento de
todos envolvidos neste procedimento.
Complexidade como no estilo clínica de cuidar no espaço da hemotransfusão, numa
clínica em construção que envolve empirismo, teorias, importinências, como diz MORIN
(2004, p.15) algo sempre inacabado, que reintegra dúvida e a semiterrogação, que pode
178

assumir, porque envolve imaginário como força atuante e pregnante da vida “(...), será que
existe um lado poético para doar e receber sangue que para o autor, mesmo que seja numa
outra perspectiva, tomemos como fundamento quando ele também assume o erro dizendo: (...)
o lado poético e instaurador, sobre determina o prosaico, regulador, do mesmo tempo em que
e sobre determinado por ele e dessa nebulosa que emerge um sentimento de deriva (...) sobre a
nossa proposta clínica”.
Assim, os clientes-repceptores de sangue abriram as comportas da razão para se
emocionar sobre o ato de receber o sangue, a vida e pedir proteção a Deus para os doadores.
Os resultados dessa pentalogia são complexos porque envolve vida através da entrada no
corpo do outro de pequeninas células ricas de ferro e oxigênio e outras substâncias para, por
um tempo manter a vida do outro.
Todos sabem que estão doentes e que o sangue é a saída quando falam sobre sua
situação vem a tona uma necessidade de SABER sobre: a doença fisiológica e funcionamento
do sangue , hemácias, hematócrito, plaquetas, tempo de vida, privilégio receber o sangue ele é
tratamento, vitamina, energia, cansaço, calafrio, palidez, crise, lábios brancos, ver a
hemoglobina, vida, células vivas, agradecimento, olhar para o doador, rezar por ele (o
doador), amor, caridade, muita alegria, repor hemácia e plasma, substâncias do sangue que
precisa, sangue é filtrado no corpo, voltar ao normal, acorda bem melhor, passa sonolência,
cansaço dores, latejamento, remédio, não conhecer doadores, sair renovada, Deus no céu,
sangue na terra, alegria muito grande, alergia, coceira, calafrio, o sangue não fica sempre no
organismo, fé, coragem de doar, agulha grossa, disponibilidade de amar, demora, hemácias
são a gasolina, sangue, repõe alguma coisa, controle de hemácias, plaquetas e hematócrito,
dispnéia, depende do outro, troca de sangue e melhora dos sintomas, ficar mais disposto,
energético, disposto, fazer atividades, tinha fraqueza, evitar outro AVC, manter vivo, dependo
do sangue, político de saúde, falência, riscos, manter equilíbrio, tinha planos de saúde, voltou
para o hemorio, pneumonia, cirurgia, dreno, plaqueta cai, agradecer aos doadores, enfraquecer
o organismo e o sangue salva, não entendo onde fica o desequilíbrio, beber água, sangue e
uma troca de vitamina, energético, abastecer o corpo.
Elementos emergiram como possibilidades de explorar essa área da saúde, pouco
esquecida, que surge diante de calamidades. Assim se cria novos modos de pensar a
hemotransfusão e quem sabe iniciar uma outra clínica. Estudo que trata do significado dado
aos clientes-receptores de sangue num rastreamento que é complexo e desafiante e que cria
dificuldades no suprimento dos Bancos de Sangue.
179

9.9 Conclusão

Não há dúvidas que este estudo trata do corpo doente e que durante o tratamento, seja
de que doença for, eles passam por hemotransfusão, num procedimento que depende da ação,
da caridade, da disponibilidade e do amor do outro que eles não conhecem.
 CORPO com DOENÇA que apresentam sinais e sintomas diveros percebidos no
corpo físico – social – econômico. Orgãos que se expressam TRANSFUSÃO.
 CORPO sem ORGÃO, dos signos expressados em emoção, alegria, amor, gratidão,
fé e agradecimentos a quem doa. Corpo político-epiritual com DESEJO de SABER o que é
sangue – sua biofisiologia e seus elementos, desejos de CONHECER.
Os resultados indicam que é fundamental estabelecer uma clínica educacional para
falar e ensinar sobre o que eles querem saber. Uma clínica que fundamente o que sentem e o
que o sangue produz em seu corpo. E o lado restaurador. Isto parece com o que MORIN
(2004, p.15) diz, é uma clínica que envolve cognição que contem afetos, paixões e emoções
(pela vida) de tal ordem de que todo aquele que se embrenha em viver essa experiência (...)
precisa se munir de reservas psíquicas fortes para adentrar (no mundo da doença) transitório
errático, pleno de desordens, reorganizações, esperanças e utopias.
A enfermagem como ninguém sabe e identifica sinais e sintomas diversos para fazer
seus diagnósticos, atualmente as sistematizações da enfermagem nos obriga a ter um saber e
uma prática clínica que dê conta do cliente que cuidamos, ajudando-os a compreender o
avanço da doença (visíveis e percebidos por eles). Descobre-se assim, uma forma clínica de
pensar os clientes-receptores, com desejo de estar bem, pois não perderam a esperança e
acreditam em Deus e no sangue que recebem. Seres cheios de conflitos sociais, biológicos,
políticos e pessoais, conflitos desenhados no corpo físico e emocional que e processo,
singularidade, projeto, sujeito, composição, organização, linha de fuga, estratégia, micro e
macro.
Visto que a saúde e a doença permeiam todo o processo de viver do ser humano, é
uma experiência subjetiva, varia entre os indivíduos, grupos culturais e classes sociais. A
doença iguala os sujeitos e registra no corpo do doente uma série de marcas. O pensamento de
estar curado, graças a alguém, reforça a necessidade de agradecer a vida recebida por meio
dessa pessoa, com isso, o doador de sangue cresce na hierarquia simbólica do receptor, pela
nobreza e grandeza do seu gesto.
São sujeitos que recebem SANGUE que recebem afetos (alegria e tristeza) e são
afetados nas expressões de sensação e percepção (de ficar bom). A vontade de conhecer as
180

suas posições políticas críticas que se expressam durante o processo de adoecimento,


principalmente como o sangue funciona dentro deles e a linguagem dos sintomas que não e
um desejo simples mas muito necessário já que o sangue não só mexe com o corpo, mas com
o imaginário e com os desejos.
181

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS – O ENCONTRO DE QUEM DOA E DE QUEM


RECEBE SANGUE E A PROPOSTA DE UMA CLÍNICA DE ENERMAGEM DE
TRANSPLANTE DE CÉLULAS VIVAS

Antes de nos posicionar sobre os diversos resultados aqui apresentados entendemos


que devemos apresentar uma síntese-imagem dos artigos.

I- ARTIGOS DO RASTREAR:
Figura 34. Artigos do rastrear

Fonte: Elaboração própria, 2020.

 ARTIGO 1 - TRANSPLANTE DE CÉLULAS VIVAS: UM OLHAR SOBRE AS


LEGISLAÇÕES INSTITUÍDAS SOBRE TRANSPLANTE, DOAÇÃO E
TRANSFUSÃO DE SANGUE.

Quadro 22 – Quadro esquemático na análise de conteúdo das Legislações (TOTAL= 95 URs)


01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 Temas Nº UR
01 Todas sobre legislações 48
02
03
04
05 Doação, $, doador e profissionais

06 Autorizações 46

07 Procedimentos
182

08 Treinamentos
09 Ética
10 Outros 01
Fonte: Elaboração própria, 2020.

 ARTIGO 2 - HEMOTERAPIA: CONHECIMENTOS E PRÁTICAS DA EQUIPE


DE ENFERMAGEM AO DOADOR E RECEPTOR DE SANGUE – UMA BASE DE
DADOS

Quadro 23 – Quadro esquemático da análise de conteúdo dos 05 artigos sobre Doador


(TOTAL= 40 URs)
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 Temas Nº UR
01 Atividades de Enfermagem 11
02 Reações adversas 05
03 Cuidados de Enfermagem 03

04 Formação, Educação e Treinamento 15


Outros 06
Fonte: Elaboração própria, 2020.

Quadro 24 – Quadro esquemático da análise de conteúdo dos 25 artigos sobre Receptor


(TOTAL= 165 URs)
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 Temas Nº UR
01 Atividades de Enfermagem 43
02
03
04
05 Reações adversas/ 10
danos/prevenção/segurança
06
Cuidados de Enfermagem 05
07
08
09
Formação, Educação, Treinamento e 92
10
Conhecimento
11
12
13
14
15
183

16 Outros 15
17
Fonte: Elaboração própria, 2020.

 ARTIGO 3 - AS MOTIVAÇÕES, SIGNIFICADOS, SENTIMENTOS,


COMPORTAMENTOS E ATITUDES DE SER DOADOR E RECEPTOR DE
SANGUE.

Quadro 25 – Quadro esquemático da análise de conteúdo dos 29 artigos sobre ser Doador
(TOTAL= 308 URs)
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 Temas Nº UR
01 Motivações 15
02 Sentimentos 45
03
04
05
06
Pesquisa e comportamentos 80
07
08
09
10
11
12
13
14
15 Estímulos feitos ao doador para 160
16 doar / captação
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
184

27
28
29
30
31 Outros 08

Fonte: Elaboração própria, 2020.

Quadro 26 – Quadro esquemático da análise de conteúdo dos 29 artigos sobre ser Cliente-
Receptor (TOTAL= 44 URs)
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 Temas Nº UR
01 Sentimentos de medo, receio e 15
02 angústia
03 Sobrevivência 05

04 Assuntos diversos sobre 23

05 transfusão de sangue e
consentimento 1
Outros
Fonte: Elaboração própria, 2020.

II – ARTIGOS DA PRODUÇÃO DOS DADOS:

Figura 35. Artigos da produção dos dados

Fonte: Elaboração própria, 2020.


185

Foi um trabalho que nos levou a exaustão necessária, não só do ponto de vista de
AGIR, mas de pensar o quanto os clientes nos dizem sobre eles, se perguntarmos e
observarmos sua linguagem, e seus sentidos corporais. Desencadeador de muitas reflexões
que mexeram com um discurso sobre o tema muito velado ou simplesmente muito simples,
quando esteve em jogo a TRANSFUÃO SANGUÍNEA e os procedimentos envolvidos.
Nossos corpos cartográficos, rastreadores e máquinas de guerra são uma potência
humana para aprender a fazer, aprender a olhar e ver, aprender a escutar, aprender a sentir.
Não é uma batalha de guerrilha, é uma batalha de vida pela vida, com eles e com nós mesmos.
Às vezes não tínhamos nada para falar, para dizer, mas simplesmente, conversar, versar sobre
a vida, o sangue, as coisas.
Ficamos muitas vezes “acuadas”, em todos os sentidos, quando descobrimos que eles
são: LEGISLAÇÃO e SANGUE, cadê o homem doando ou recebendo? Que se mostravam
preocupados com tantas coisas sem saber se expressar? Sem compreender?
A benevolência toma outro modo de ser: o AMOR pela VIDA, pelo outro que eles
sequer conhecem. Ser FRATERNO é algo “indizível” nesse ato de doar sangue, minhas
células, que escorrem para AJUDAR, SALVAR, CUIDAR do outro.
Olhando para eles sentimos que falta uma impressão digital para o cuidado que
fazemos e sentimos que é preciso fazer algo, que o “nosso sonho” é criar uma clínica para
eles, quando devo começar por “dentro” do corpo e acabar por “fora”, um vínculo secreto se
cria e se acaba no efêmero de uma semana, mas eles não sabem disso.
Não é claro o que dizem, mas suas falas têm gosto de afetos, intensidades,
experiências, experimentações. Falam do fundo daquilo que não sabem e assim vão
produzindo singularidades.

10.1 O ENCONTRO DO DOADOR COM O CLIENTE-RECEPTOR DE SANGUE

Os resultados produzidos em artigos foram desafios, que ao considerá-los aqui ainda


merecem considerações de agora e no futuro. Resumir os trabalhos nas afirmativas que
seguem nos parece ousado ou uma tênue linha de fuga, quando afirmamos que a
HEMOTRANSFUSÃO tem SIGNIFICADOS diferentes e um SENTIDO comum para
DOADORES e CLIENTES-REPCEPTORES, como a imagem que construímos para
representar o que encontramos nas entrevistas sobre o tema estudado.
186

Figura 36. Figura encontro do doador e cliente-receptor

Fonte: Elaboração própria, 2020.

SER e ESTAR, são os verbos palavras plenas, mais destacadas quantiqualitivamente.


Do ponto de vista do DOADOR é uma ação de QUERER, ESTAR DISPONÍVEL, ESTAR
SOLIDÁRIO esta em conexão com o outro que precisa de meu “órgão vivo” - as células, ele é
um “SUJEITO SOCIAL”, coletivo, no qual é uma peça do grande sistema que e a vida, que e
o cósmico e que tem funções diversas no processo de doar: ele é SADIO, ele PODE, ele
DECIDE doar, ele se CUIDA para não levar mais problemas para o receptor.
Ele é uma máquina biológica do DESEJO. Ele agencia novos doadores, ele é
responsável e o compromisso de doar é estético, efêmero e perene, decodificando assim do
conteúdo de suas falas, transformados em texto nos diversos artigos.
Do ponto de vista do RECEPTOR, a necessidade de receber algo, o sangue, para se
manter VIVO, porque está doente e precisa de alguém. É SUJEITO UNO, egocêntrico e
preocupado com sua situação e com o sangue que recebe. Sujeito do DESEJO de SABER
sobre porque precisa de sangue e da composição sanguínea: hemácia, hematócrito, células
vivas que morrem dentro dele, como funciona essa fisiologia, como é testado.
Está preocupado com riscos apresentando uma fragilidade de ser diferente do doador,
destacando para nos a importância da comunicação, do treinamento, inclusive, dos
profissionais. ESTAR RECEPTOR é assumir que não tem saúde, o sangue é o remédio para
sua doença, não pode faltar, e chegam a refletir sobre a política geral e a de sangue.
Descobrimos quatro elementos para discussão futura sobre o DOAR e RECEBER
SANGUE, que é sobre o SANGUE, CONHECIMENTO sobre ele os CLIENTES,
MOTIVAÇÕES e RISCO neste processo. Para terminar apresentamos o que pensamos e
187

descobrimos aqui sobre uma CLÍNICA de ENFERMAGEM DE CUIDADOS DE


DOADORES E CLIENTES-REPCEPTORES de sangue coletivo.

10.2 CLÍNICA DE ENFERMAGEM de Transplante de Células Vivas

A clínica envolve INDIVÍDUO, SÓ (Doador), e INDIVÍDUO COLETIVO


(Cliente-receptor), os CLIENTES de ENFERMAGEM. Considerando que a enfermagem
trabalha, no seu cotidiano, com dimensões da pessoa, tais como simbolismos, significados,
crenças, valores, aspirações e objetivos, porém, a compreensão que tem dos outros e de si
mesma é, de modo geral, inconsciente e intuitiva, pois poucas vezes ocorre de maneira
sistemática. A busca de referenciais que subsidiem a prática de enfermagem, fundamentada
em conceitos e alicerçada nas exigências das pessoas, é imprescindível para que se respeite
o seu sistema de conhecimentos e de significados.

Figura 37. Clínica de Enfermagem de Transplante de Células Vivas

Fonte: Internet, 2020.


188

É uma CLÍNICA de comprens(A)ção sobre as pessoas que necessitam de sangue para


viver e aqueles que se propõem a doar. Nas dimensões que aqui colocamos para o cuidado em
hemotransfusão ou transplante de células VIVAS:

 Multiplicidades de cuidados e espaços


 Agenciamentos (conteúdo e expressão) de CLIENTES e EQUIPE de saúde, com
destaque para a Enfermagem;
 MACROPOLÍTICAS;
 MICROPOLÍTICAS;
 ACONTECIMENTOS / EVENTOS;
 Fluxos flexíveis;
 CORPO;
 Desterritorialização.

Uma clínica que se fundamenta nos inconscientes dos envolvidos no hemotransfusão,


que envolve sujeitos únicos e coletivos, que é sinuosa, que deve motivar curiosidades diversas
sobre CUIDADOS de ENFERMAGEM, SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM (SAE) sempre procurando LINHAS de FUGA, porque, não, “práticas de
fuga” na Enfermagem. É uma clínica, que se adeque à definição de SAIDÓN (2008, p.17) “é
inventar modos de escapar ao estatuto burocrático sem cair na fragmentação. Daí linhas
tangentes, cortes e fluxos na busca incessante desse objetivo”.
Deve ser uma clínica que trabalha com “nós” identificados nos processos e
sistematizações do cuidado e que temos entendidos que os princípios gerais que orientam
nossa ação de pensar a clínica: NIGHTINGALIANOS, que envolvem Gestão e Ambiente e
um grupo de AGENCIAMENTOS que seja:

 CRÍTICOS (ética e estética) da SAE da enfermagem


 LER (muita leitura) que envolvem textos
 LEITURA SIGNICA para entender as diversas falas que o corpo emite
 Escrever, Registrar, Pesquisar esta prática a SAE, o TRABALHO e os processos
contidos na hemotransfusão – processo também “de afetar-se, este presente no próprio
estilo de trabalho, a lógica do funcionamento de modo diferente diferenças entre afeto
189

e afecções. AFETOS são SIGNOS vetoriais do tipo alegria - tristeza”. (SAIDÓN


2008, p.61).
 Manter a potência do grupo e do espaço (de expressão possível) – disciplina e
disciplinaridade;
 Pensar dispositivos terapêuticos nas dimensões pessoais, familiar e institucional;
 Saber que DOADOR e RECEPTOR e pessoas que cuidam (Enfermagem) são
compostos de cérebro, tem uma genética, tem determinações orgânicas-biológicas
mentais, que representam e dão sentido à transfusão de sangue.

Segundo MATURANA(1997, p.35) “conhecer é uma ação adequada que começa no


pensamento e leva você a muitas questões (..), diz que compreendeu que, falar do
conhecimento e manter o sistema nervoso fechado e conectá-lo ao organismo de uma forma
na qual o organismo fosse a referencia a partir do qual o operar do sistema nervoso adquiria,
para um observador, o sentido de um ato cognitivo. Os dois sistemas, organismo, se juntaram,
na reflexão do conhecer (...)”.
Para tanto, exige-se aproximação, investigação, observação atenta, abstenção de
julgamentos prévios, para alcançar a visão desses clientes, a fim de cnhecer a complexidade
de fenômenos culturais, os símbolos (culturais ou religiosos) e suas relações, dentro de um
complexo sistema de significados.
O ser humano age em relação às coisas na base dos significados que elas representam
para eles. Estas coisas, segundo HAGUETTE (2001, p. 35), “incluem todos os objetos físicos,
outros seres humanos, instituições, idéias valori285-191zadas”, e são citadas também por
GEERTZ (1989, p. 33), que as coloca como “símbolos significantes”. Para ele, “os símbolos
significantes, palavras, gestos, desenhos, sons musicais, artifícios mecânicos ou objetos, já se
encontram em uso na comunidade quando o indivíduo nasce e permanecem após a sua morte
com algumas alterações, acréscimos, subtrações e alterações parciais dos quais pode ou não
participar”.
Isso quer dizer que o ser humano traz consigo muita influência da sua realidade
sociocultural. No âmago de nossa existência, segundo HYCNER (1995), cada um de nós
incorpora um mundo de significados únicos dentro de um contexto de significados
socialmente aceitos.
O homem precisa de fontes simbólicas para encontrar seus apoios no mundo, pois
enquanto vive se utiliza delas para a construção de acontecimentos, através dos quais existe e
190

auto-orienta-se. Nesse processo, a enfermeira pode encontrar a lógica que determina a


construção particular do simbolismo do sangue.
Além de pensar na clínica como espaço de educação em saúde para adultos, doentes
que fazem hemotransfusão e querem saber sobre temas aqui colocados para Paulo Freire
(2011, pag.31) saberes necessários: ensinar exige respeito dos saberes do educador (aqui os de
nossos clientes adultos doentes) o professor (enfermeiro) tem o dever de respeitar os saberes
com os educandos, sobretudo os das classes populares –saberes socialmente construídos na
prática comunitária.
Não há como desconectar a enfermagem das ciências sociais e da inclusão dessas
ciências na sua prática porque sua prática é humana e utiliza todos os sentido como
ferramenta de trabalho, não existe produção de conhecimento humano sem fazer isso, sem
usá-lo.
A CONVERSA na clínica inclui doença–saúde–vida–sangue–transfusão. Dentro dela
está a idéia ou práticas sobre cuidados para estes clientes e neles deveremos possibilitar que
eles falem, aprendam, conheçam os diferentes modos de saber.
191

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e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento e dá outras providências.
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sangue, seus componentes e derivados, estabelece o ordenamento institucional indispensável à
execução adequada dessas atividades, e dá outras providências. Diário Oficial da União:
seção 1, Brasília, DF, 22 março 2001.

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2008-2012.
198

APENDICE A – Instrumento de coleta de dados – Entrevista com o doador de sangue

Data da entrevista: / / Hora de início: Hora de término:


ROTEIRO DE ENTREVISTA DO DOADOR DE SANGUE

1. CARACTERIZAÇAO DO Código: Idade: Sexo: Escolaridade: TS:


PARTICIPANTE
Matrícula:

Tipo de Doação: Motivo do comparecimento:

Você mora no RJ? Qual cidade?


Quantas doações no serviço? Doador de primeira vez: ( ) Sim ( ) Não
Doou em outro serviço? Qual?
Histórico de doação: 1ª doação na instituição: / /
Quantas doações nos últimos 6 meses?
2. PARTE ESPECÍFICA

1) O que é sangue para você?


2) Nele existem células? Elas são vivas ou mortas?
3) Porque você veio aqui doar sangue? Alguém te pediu?
4) Qual sua motivação em doar sangue?
5) O que significa para você o ato de doar sangue?
6) Relaciona este ato à algum sentimento?
7) Como você se sentiu respondendo as informações dadas no questionário de doação de
sangue? Você julga importante?
8) O sangue doado tem algum risco para quem vai receber?
9) O seu sangue doado leva algum risco para quem vai receber?
10) Você receberia o seu próprio sangue?
11) O ato de doação de sangue tem algum risco para você?
12) Você já passou mal em alguma doação anterior? Tem algum receio de passar mal
durante a coleta do seu sangue?
13) Você que já doou outras vezes? Se sim, sente a necessidade de doar novamente? Seu
corpo te dá sinais de que ele deve doar novamente? Como é isso?
14) Você sente alguma coisa no seu corpo enquanto doa e depois de doar? (somente
doadores de mais de uma vez)
15) O que significa para você uma transfusão de sangue?
16) Se necessário, você receberia sangue? Explique.
17) Você consegue identificar a transfusão de sangue como um transplante? Esse
transplante é de células vivas?
18) Você quer falar mais alguma coisa? Fique a vontade.
199

APENDICE B – Instrumento de coleta de dados – Entrevista com o cliente-receptor de


sangue

Data da entrevista: / / Hora de início: Hora de término:


ROTEIRO DE ENTREVISTA DO CLIENTE-RECEPTOR DE SANGUE

1. CARACTERIZAÇÃO Código: Idade: Sexo: Escolaridade: TS:


DO PARTICIPANTE
Matrícula:

Você mora no RJ? Qual cidade?


Qual o diagnóstico?
Quanto tempo de diagnóstico?
Quanto tempo em tratamento na instituição?
Histórico transfusional: 1ª transfusão na instituição: / /
Quantas transfusões nos últimos 6 meses?
Tem histórico de reação transfusional? Se, sim qual(is)?
Tem anticorpo?
Qual hemocomponente irá transfundir?
DADOS ADICIONAIS
Resultado do Hemograma do dia: Resultado do Hemograma após a transfusão:
Data: / / Data: / /
HCT: HGB: HCT: HGB:
PLT: PLT:
INR: INR:
2. PARTE ESPECÍFICA
1) O que é sangue para você?
2) Nele existem células? Elas são vivas ou mortas?
3) O que você acha da doação de sangue? Você faz algo para conseguir doadores?
4) Se pudesse dar um recado dar um recado para o doador o que falaria?
5) Você sabe para que serve uma transfusão de sangue?
6) Você consegue sentir quando você está precisando de sangue? O que você sente no seu
corpo?
7) Como está se sentindo hoje?
8) O que significa receber sangue para você?
9) Se pudesse escolher você preferia não receber? Explique.
10) Você tem algum receio em receber a bolsa de sangue? Quais componentes?
11) Você tem algum receio de receber sangue de alguém desconhecido?
12) O que se passa na sua cabeça quando está recebendo sangue?
13) Já aconteceu de você precisar de sangue e não ter? Se sim, quando você é informado
que não tem bolsa de sangue para você naquele dia o que você sente?
14) Como é a sensação quando se encontra bolsa de sangue para você?
15) O que você relaciona o sangue à sua vida?
16) Você já teve algum problema enquanto recebia sangue? Explique o que aconteceu.
17) Você sabe os riscos de receber sangue? Informaram destes riscos? Quais são? Você
assinou algum documento?
18) Você consegue identificar a transfusão de sangue como um transplante? Esse
transplante é de células vivas?
19. Você quer falar mais alguma coisa? Fique a vontade.
200

APENDICE C – Instrumento de coleta de dados – check list observacional do ato da


doação de sangue

I – Doação de sangue
Atos Quem faz? Como faz? Porque faz? Observações

II – Coleta de Doadores
Atos de Enfermagem Realizado Não Realizado Observações
PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM COLETOR – Coleta de Doadores (Anti-sepsia da pele e
Punção Venosa)
− Cumprimentar o doador, apresentando-se pelo nome.
− Confirmar ativamente a identificação do doador;
− Verificar o volume a ser coletado, checando se a bolsa
de coleta e os tubos estão adequados;
− Conferir o número de doação e as iniciais do doador
contidas nas etiquetas da ficha, da bolsa principal, das
bolsas satélites, dos segmentos e dos tubos;
− Avaliar aspecto e condições de integridade do material
a ser utilizado (bolsas e tubos);
− Acondicionar as bolsas na bandeja do
homogeneizador;
− Realizar inclusão da doação através da leitura do
código de barras, da Ficha de Controle de Doação,
etiqueta da Ficha, Código do coletor, Tubos e Bolsas, e
respectivos segmentos;
− Registrar a hora de início na Ficha de Controle de
Doador;
− Orientar o doador para que durante o procedimento
não mastigue chicletes, balas ou outro tipo de alimentos;
manter as pernas descruzadas a fim de facilitar o retorno
venoso e demonstrar ao doador que o material a ser
utilizado é estéril e descartável;
− Posicionar o braço do doador na braçadeira da cadeira
de doação;
− Observar se no local da punção a pele está íntegra,
201

sendo esta uma condição indispensável para a realização


da punção;
– Verificar ambos os braços e optar pelo vaso mais
calibroso, sempre em fossa cubital;
– Soltar o garrote;
– Abrir o pacote de gaze 7,5 x 7,5 cm;
– Calçar as luvas de procedimento;
– Embeber a compressa de gaze com solução
degermante;
– Limpar o local da punção e a região em torno dela com
movimentos circulares, do centro para a periferia, sem
utilizar a mesma gaze mais de uma vez no mesmo local,
esfregando em dois tempos de 15 segundos;
– Repetir a operação quantas vezes forem necessárias até
ter o local de punção limpo;
– Embeber compressa de gaze em solução tópica aquosa.
– Realizar a anti-sepsia em movimentos circulares, do
centro para a periferia em dois tempos de 15 segundos,
sem utilizar a mesma gaze mais de uma vez no mesmo
local;
– Cobrir o local com gaze 7,5 x 7,5 cm caso a punção
não seja realizada imediatamente após a anti-sepsia;
– Repetir todo o procedimento de anti-sepsia do braço do
doador, caso o local seja tocado com o dedo ou por
objeto não estéril;
– Garrotear o braço do doador, cerca de 15 cm acima do
local da punção. Realizar a punção venosa.
− Realizar a punção venosa periférica com o bisel da
agulha voltado para cima;
− Fixar, com fita microporosa ou esparadrapo, a agulha e
o segmento da bolsa no braço do doador, permitindo a
visualização do sítio da punção;
− Quebrar o lacre do dispositivo de coleta de amostras;
− Adaptar os tubos no coletor lateral para início da
coleta das amostras;
− Proceder a coleta das amostras;
− Iniciar a coleta, deixando o sangue fluir pelo
segmento, observando a homogeinização da bolsa;
− Colocar a cadeira de doação com a cabeceira à 60º
com pernas ligeiramente elevadas;
− Acompanhar o tempo e o volume coletado no visor;
− Conversar com o doador, deixando-o tranqüilo, seguro
e confortável;
− Observar se, ao atingir o volume preestabelecido,
interrompendo a coleta;
− Retirar o garrote;
− Selar o segmento da bolsa duas vezes;
− Cortar o segmento no meio da seladura mais próxima
a agulha;
− Retirar a agulha da veia do doador, pressionando o
local da punção com compressa de gaze;
− Descartar a agulha no coletor descartável para material
pérfuro cortante;
− Elevar o antebraço do doador, mantendo-o,
comprimindo o local da punção com uma compressa de
gaze, durante pelo menos 2 (dois) minutos, solicitando
que o doador comprima por mais 5 (cinco) minutos.
− Fazer o refluxo do sangue do segmento para bolsa
(ordenha), com um alicate expressor, mantendo o
segmento fechado;
202

− Homogeneizar manualmente e suavemente o conteúdo


da bolsa;
− Encher o segmento;
− Pinçar o segmento vazio após a última ordenha com
a pinça plástica pequena, próximo a conexão segmento-
bolsa;
− Ordenhar o segmento vazio, no sentido contrário da
bolsa, mantendo o circuito “limpo”;
− Preencher na Ficha de Controle de Doação: Volume
coletado, Tempo de coleta, Código do
Coletor,Assinatura do Coletor e Carimbo do Coletor;
Intercorrências e observações quando necessário;
− Colocar a bolsa, tubos e ficha no caixote metálico, para
que seja recolhida pelo Circulante;
− Realizar curativo no local da punção;
− Retornar a cadeira de doação a posição inicial;
− Orientar o doador quanto aos cuidados pós doação:
não fazer esforço físico, não pegar peso ou dobrar o
braço que foi puncionado, no dia da doação, não fumar
durante as 2 horas seguintes à doação, aumentar a
ingesta hídrica, evitar bebida alcoólica;
− Entregar o Comprovante de Doação que contém a
senha de acesso para o resultado dos exames sorológicos
através da Internet para o doador e o vale-lanche pós-
doação;
− Trocar as luvas de procedimento a cada doador e
sempre que se fizer necessário.

LINGUAGEM CORPORAL DO DOADOR

Tristeza Raiva Medo Alegria Nojo

Desprezo Surpresa
GESTOS / MOVIMENTOS CORPORAIS / MOVIMENTOS POSTURAIS
Tom de voz: suplicante, calma, agitada, chorosa, tom infantil, irritada
Face: rubor, calor, suor
Piscar de olhos: leve, rápido, não pisca
Sobrancelhas: ruga vertical na testa entre as sobrancelhas, cantos internos das sobrancelhas se levantam e se
encostam, se aproximam e se abaixam em direção ao nariz, se abaixam, se levantam
Lábios: apertados, estreitos, retângulo, normal, abre, fecha
Boca: aberta, fechada
Postura do corpo: encurvada, ereta
203

Orientação do corpo: direita, esquerda, dorsal, ventral, imóvel


Olhos: fechados, abertos, lacrimejados, arregalados, entreabertos, fixo
Movimentos das mãos: tremores, agitação, tensão, suor, calor, rubor
Palmas das mãos: para cima, para baixo
Mãos: juntas, apertadas, fechadas, abertas, suor, entrelaçadas
Movimentos da cabeça: para cima (queixo para frente), para baixo, vira a cabeça para outro lado
Movimentos dos pés: tremores, agitação, tensão, suor, calor, rubor
Tônus muscular: ausência, presença
Respiração: ofegante, tranquila
Ranger os dentes: presente, ausente
COMPORTAMENTOS SUBJETIVOS (Anotações do pesquisador)
204

APENDICE D – Instrumento de coleta de dados – check list observacional


do ato da transfusão de sangue / transplante de células vivas

I – Transfusão de sangue
Atos Quem faz? Como faz? Porque faz? Observações

II –Transfusão de sangue
Atos de Enfermagem Realizado Não Realizado Observações
PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM – Transfusão de Sangue
– Comparecer aos setores de Internação e Emergência
durante período de 24 horas, conforme solicitação;
– Recolher as Solicitações de Componentes e Derivados
Sanguíneos, que se encontram em escaninhos próprios
nos setores, conferindo seu preenchimento completo e
correto;
− Conferir se está prescrito no plano terapêutico do
paciente;
− Colher amostra de sangue para prova de
compatibilidade em tubo de tampa roxa, com
anticoagulante EDTA, em casos de solicitação de
concentrados de hemácias;
− Preparar material para procedimento: 1. Bandeja ou
cuba-rim, 2. Almotolia contendo álcool à 70%, 3.
Seringa hipodérmica de 5 ou 10 ml, 4. Agulha ou escalpe
descartáveis, 5. Tubo de tampa roxa com anticoagulante
EDTA;
– Identificar o tubo com letra legível no momento da
coleta, com os seguintes dados: 1. Nome completo do
receptor, 2. Matrícula ou registro hospitalar, 3. Data da
coleta, 4. Nome legível do responsável pela coleta;
− Realizar a coleta de sangue para exames pré-
transfusionais, utilizando técnica asséptica e
equipamento de proteção individual (EPI);
– Protocolar o pedido e amostra de sangue que serão
205

encaminhadas ao Setor de Imunohematologia;


– Acondicionar o tubo de amostra de sangue em
recipiente hermético destinado para transporte de
material biológico;
– Encaminhar a amostra de sangue e a Solicitação de
Componentes e Derivados Sanguíneos para o Setor de
Imunohematologia ou Expedição;
– Registrar a solicitação no Livro de Controle
Transfusional;
– Verificar no sistema se há hemocomponente liberado;
ATENDIMENTO PRÉ TRANSFUSIONAL
– Buscar, no Setor de Conservação e Expedição, os
componentes sanguíneos devidamente acondicionados
em caixa térmica com tampa e acompanhados do
documento de expedição, que deve ser assinado, nas
duas vias, no ato do recebimento;
– Inspecionar aspectos físicos do produto e a
conformidade do rótulo, bem como a data de validade do
componente / derivado, comparando os dados do rótulo
com o documento de expedição;
– Comparecer ao setor solicitante, munido de todo o
material necessário para realizar a terapia transfusional;
– Conferir a prescrição do componente/derivado no
Plano Terapêutico;
– Realizar a dupla checagem. Solicitar a presença do
membro da equipe de enfermagem responsável pelos
cuidados ao paciente e confirmar, junto com ele, os
dados de identificação do paciente e do
hemocomponente;
– Verificar sinais vitais: 1. Temperatura Axilar; 2.
Freqüência Cardíaca; 3. Freqüência Respiratória; 4.
Pressão Arterial; 5. Sat O2, quando houver.
– Puncionar acesso venoso exclusivo, quando possível,
em caso de hemotransfusão de componentes
eritrocitários;
– Administrar medicamentos pré transfusionais, quando
prescritos;
– Instalar a hemotransfusão controlando o gotejamento,
de acordo com o estado clínico do paciente;
– Acompanhar a transfusão nos primeiros 10 minutos,
após os 10 primeiros minutos deve-se acompanhar a
transfusão levando em consideração as condições
clínicas do paciente;
– Solicitar que o funcionário da enfermagem responsável
pelo paciente informe imediatamente qualquer sinal de
reação adversa ao Setor de Transfusão;
– No término da infusão, verificar sinais vitais: 1.
Temperatura Axilar, 2. Freqüência Cardíaca, 3.
Freqüência Respiratória, 4. Pressão Arterial;
– Registrar o procedimento no Formulário de
Acompanhamento Transfusional: 1. Horário do início do
procedimento, 2. Dupla checagem com assinatura legível
e registro profissional, 3. Registrar os sinais vitais de
início e acompanhamento dos 10 primeiros minutos, 4.
Número da bolsa ou colagem de etiqueta de código de
barra picotada. 5. Intercorrências, quando houver.
– Registrar no Livro de Controle Transfusional da T
ransfusão Centralizada e no Mapa de Ocorrência
Transfusional
4.1.2.2 - ATENDIMENTO PÓS TRANSFUSIONAL
206

– Retirar a bolsa transfundida;


– Manter acesso venoso com solução salina à 0,9%, se
solicitado;
– Verificar os sinais vitais (Temperatura Axilar,
Freqüência Cardíaca, Freqüência, Respiratória e Pressão
Arterial);
– Administrar medicação pós transfusional prescrita, se
houver;
– Registrar o horário do término do procedimento;
– Descartar o material em caixa para material biológico.

LINGUAGEM CORPORAL DO RECEPTOR


EXPRESSÕES FACIAIS

Tristeza Raiva Medo Alegria Nojo

Desprezo Surpresa
GESTOS / MOVIMENTOS CORPORAIS / MOVIMENTOS POSTURAIS
Tom de voz: suplicante, calma, agitada, chorosa, tom infantil, irritada
Face: rubor, calor, suor
Piscar de olhos: leve, rápido, não pisca
Sobrancelhas: ruga vertical na testa entre as sobrancelhas, cantos internos das sobrancelhas se levantam e se
encostam, se aproximam e se abaixam em direção ao nariz, se abaixam, se levantam
Lábios: apertados, estreitos, retângulo, normal, abre, fecha
Boca: aberta, fechada
Postura do corpo: encurvada, ereta
Orientação do corpo: direita, esquerda, dorsal, ventral, imóvel
Olhos: fechados, abertos, lacrimejados, arregalados, entreabertos, fixo
Movimentos das mãos: tremores, agitação, tensão, suor, calor, rubor
Palmas das mãos: para cima, para baixo
Mãos: juntas, apertadas, fechadas, abertas, suor, entrelaçadas
Movimentos da cabeça: para cima (queixo para frente), para baixo, vira a cabeça para outro lado
Movimentos dos pés: tremores, agitação, tensão, suor, calor, rubor
Tônus muscular: ausência, presença
Respiração: ofegante, tranquila
Ranger os dentes: presente, ausente
COMPORTAMENTOS SUBJETIVOS (Anotações do pesquisador)
207

APENDICE E - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DO


DOADOR DE SANGUE
TÍTULO: TRANSFUSÃO DE SANGUE OU TRANSPLANTE DE CÉLULAS VIVAS? Significados do corpo
que DOA e do corpo que RECEBE - um acontecimento na prática de cuidar de Enfermagem

OBJETIVOS DO ESTUDO: Os objetivos deste projeto são: 1) rastrear no encontro com doadores e receptores
de sangue quais são seus significados sobre transfusão de sangue ou transplante de células vivas; 2) captar nas
falas, gestos e comportamentos dos doadores e receptores de sangue temas e linguagem corporal que possam
indicar uma clínica de enfermagem específica para o seu cuidado; 3) identificar o que é manifesto e latente em
suas falas ou expressões corporais que sejam indicadores de crenças, vivências e/ou comportamentos que possam
interferir em suas ações de doar e receber sangue; 4) apresentar uma Clínica de Enfermagem para cuidado ao
transplantado de células vivas.

ALTERNATIVA PARA PARTICIPAÇÃO NO ESTUDO: Você tem o direito de não participar deste estudo.
Se você não quiser participar do estudo, isto não irá interferir na sua doação de sangue nesta unidade hospitalar.

PROCEDIMENTO DO ESTUDO: Se você decidir integrar este estudo, você participará de uma entrevista
individual que durará aproximadamente 30 minutos, antes da realização da sua transfusão de sangue e você será
observado durante toda a coleta de sangue, como parte do objeto de pesquisa.

GRAVAÇÃO EM ÁUDIO: Todas as entrevistas serão gravadas em meio digital. Os áudios serão ouvidos por
mim e por uma entrevistadora experiente e serão marcadas com um número de identificação durante a gravação
e seu nome não será utilizado. O documento que contém a informação sobre a correspondência entre números e
nomes permanecerá em um arquivo. Os áudios serão utilizados somente para coleta de dados. Se você não quiser
ser gravado em áudio, você não poderá participar deste estudo.

RISCOS: Você pode achar que determinadas perguntas incomodam a você, porque as informações que
coletamos são sobre suas experiências pessoais. Assim você pode escolher não responder quaisquer perguntas
que o façam sentir-se incomodado.

BENEFÍCIOS: Sua entrevista ajudará no desenvolvimento da pesquisa, mas não será, necessariamente, para seu
benefício direto. Entretanto, fazendo parte deste estudo você fornecerá mais informações sobre o lugar e
relevância desses escritos para própria instituição em questão.

CONFIDENCIALIDADE: Como foi dito acima, seu nome não aparecerá nas fitas de áudio, bem como em
nenhum formulário a ser preenchido por nós. Nenhuma publicação partindo destas entrevistas revelará os nomes
de quaisquer participantes da pesquisa. Sem seu consentimento escrito, os pesquisadores não divulgarão nenhum
dado de pesquisa no qual você seja identificado.

DÚVIDAS E RECLAMAÇÕES: Esta pesquisa está sendo realizada no Instituto Estadual de Hematologia
Arthur de Siqueira Cavalcanti (HEMORIO). Possui vínculo com a Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro – UNIRIO através do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências sendo a doutoranda
Leylane Porto Bittencourt a pesquisadora principal, sob a orientação da Profª Drª Nébia Maria Almeida de
Figueiredo. As investigadoras estão disponíveis para responder a qualquer dúvida que você tenha. Caso seja
necessário, contate no telefone 9643-30389 (pesquisadora), ou o Comitê de Ética em Pesquisa, CEP-HEMORIO
no telefone: 2224-1212, e-mail: cep@hemorio.rj.gov.br, ou CEP-UNIRIO no telefone 2542-7796 ou e-mail
cep.unirio09@gmail. Você terá uma via deste consentimento para guardar com você. Você fornecerá nome,
endereço e telefone de contato apenas para que a equipe do estudo possa lhe contatar em caso de necessidade.

Eu concordo em participar deste estudo.


Assinatura:
Data: / /
Endereço:
Telefone de contato:

Assinatura (Pesquisador):_
Nome:
Data: / /
208

APENDICE F- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DO


CLIENTE-RECEPTOR DE SANGUE
TÍTULO: TRANSFUSÃO DE SANGUE OU TRANSPLANTE DE CÉLULAS VIVAS? Significados do corpo
que DOA e do corpo que RECEBE - um acontecimento na prática de cuidar de Enfermagem

OBJETIVOS DO ESTUDO: Os objetivos deste projeto são: 1) rastrear no encontro com doadores e receptores
de sangue quais são seus significados sobre transfusão de sangue ou transplante de células vivas; 2) captar nas
falas, gestos e comportamentos dos doadores e receptores de sangue temas e linguagem corporal que possam
indicar uma clínica de enfermagem específica para o seu cuidado; 3) identificar o que é manifesto e latente em
suas falas ou expressões corporais que sejam indicadores de crenças, vivências e/ou comportamentos que possam
interferir em suas ações de doar e receber sangue; 4) apresentar uma Clínica de Enfermagem para cuidado ao
transplantado de células vivas.

ALTERNATIVA PARA PARTICIPAÇÃO NO ESTUDO: Você tem o direito de não participar deste estudo.
Se você não quiser participar do estudo, isto não irá interferir no seu tratamento nesta unidade hospitalar.

PROCEDIMENTO DO ESTUDO: Se você decidir integrar este estudo, você participará de uma entrevista
individual que durará aproximadamente 30 minutos, antes da realização da sua transfusão de sangue e você será
observado durante toda a transfusão, como parte do objeto de pesquisa.

GRAVAÇÃO EM ÁUDIO: Todas as entrevistas serão gravadas em meio digital. Os áudios serão ouvidos por
mim e por uma entrevistadora experiente e serão marcadas com um número de identificação durante a gravação
e seu nome não será utilizado. O documento que contém a informação sobre a correspondência entre números e
nomes permanecerá em um arquivo. Os áudios serão utilizados somente para coleta de dados. Se você não quiser
ser gravado em áudio, você não poderá participar deste estudo.

RISCOS: Você pode achar que determinadas perguntas incomodam a você, porque as informações que
coletamos são sobre suas experiências pessoais. Assim você pode escolher não responder quaisquer perguntas
que o façam sentir-se incomodado.

BENEFÍCIOS: Sua entrevista ajudará no desenvolvimento da pesquisa, mas não será, necessariamente, para seu
benefício direto. Entretanto, fazendo parte deste estudo você fornecerá mais informações sobre o lugar e
relevância desses escritos para própria instituição em questão.

CONFIDENCIALIDADE: Como foi dito acima, seu nome não aparecerá nas fitas de áudio, bem como em
nenhum formulário a ser preenchido por nós. Nenhuma publicação partindo destas entrevistas revelará os nomes
de quaisquer participantes da pesquisa. Sem seu consentimento escrito, os pesquisadores não divulgarão nenhum
dado de pesquisa no qual você seja identificado.

DÚVIDAS E RECLAMAÇÕES: Esta pesquisa está sendo realizada no Instituto Estadual de Hematologia
Arthur de Siqueira Cavalcanti (HEMORIO). Possui vínculo com a Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro – UNIRIO através do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociências sendo a doutoranda
Leylane Porto Bittencourt a pesquisadora principal, sob a orientação da Profª Drª Nébia Maria Almeida de
Figueiredo. As investigadoras estão disponíveis para responder a qualquer dúvida que você tenha. Caso seja
necessário, contate no telefone 9643-30389 (pesquisadora), ou o Comitê de Ética em Pesquisa, CEP-HEMORIO
no telefone: 2224-1212, e-mail: cep@hemorio.rj.gov.br, ou CEP-UNIRIO no telefone 2542-7796 ou e-mail
cep.unirio09@gmail. Você terá uma via deste consentimento para guardar com você. Você fornecerá nome,
endereço e telefone de contato apenas para que a equipe do estudo possa lhe contatar em caso de necessidade.

Eu concordo em participar deste estudo.


Assinatura:
Data: / /
Endereço:
Telefone de contato:

Assinatura (Pesquisador):
Nome:
Data: / /
209

APÊNDICE G – Quadros de Análise de Conteúdo da Pentalogia do Doador de sangue

LOGIA 01: Aproximações da doação e transfusão de sangue com o transplante de


células vivas
Segmentos de textos das
Entrevistados Unidades de Registro Temas
falas
01 a dor de alguém que esteja
a dor de alguém que esteja precisando
precisando ou algum acidente 02 ou algum acidente que fala Dor do outro
que fala em sangue para mim em sangue Tem vida
Doador 01 provavelmente tem vida eu 03 para mim provavelmente Sempre doei
acho vivas sempre sempre tem vida Não é obrigação
doei nunca tive assim alguém 04 eu acho vivas sempre
mandar ou por obrigação 05 sempre doei
06 nunca tive assim alguém
mandar ou por obrigação
07 receberia sem problema
nenhum
08 não pensaria duas vezes
receberia sem problema
09 receberia
nenhum não pensaria duas
10 eu acho que as palavras são Receberia sem problema
vezes receberia eu acho que
diferentes Palavras são diferentes
as palavras são diferentes mas
11 mas você está recebendo Você está recebendo
você está recebendo alguma
alguma coisa de uma pessoa alguma coisa de uma pessoa
Doador 01 coisa de uma pessoa o
12 o transplante é você receber que você nunca viu
transplante é você receber de
de um corpo É tão importante como
um corpo que você nunca viu
13 que você nunca viu esse qualquer órgão
esse sangue que você está
sangue
recebendo é tão importante
14 que você está recebendo
como qualquer órgão
15 é tão importante como
qualquer órgão

16 palavras diferentes
17 mas o sentido o objetivo é o
palavras diferentes mas o
mesmo Palavras diferentes
sentido o objetivo é o mesmo
18 se eu fosse o receptor não Sentido o objetivo é o
se eu fosse o receptor não sei
sei mesmo
eu teria essa mesma resposta
Doador 01 19 eu teria essa mesma resposta Recebendo algo de alguém
para mim se eu estou
para mim para mim
recebendo algo de alguém
20 se eu estou recebendo algo Estou fazendo um
para mim eu estou fazendo
de alguém para mim transplante
um transplante
21 eu estou fazendo um
transplante
o transplante geralmente é de 22 o transplante geralmente é
uma pessoa para outra é mais de uma pessoa para outra
por exemplo tem transplantes 23 é mais por exemplo tem
Transplante de uma pessoa
também que você faz com transplantes também
Doador 01 para a outra
pessoas rim que é de vivo 24 que você faz com pessoas
Vivo pra vivo
para vivo medula óssea é rim que é de vivo para vivo
você faz e sangue é a mesma 25 medula óssea é você faz e
coisa sangue é a mesma coisa
e transplante também é aquilo 26 e transplante também é
que você recebe né é o que aquilo que você recebe né
você recebe e o que você 27 é o que você recebe e o que Transplante também é
Doador 01
entrega é de um para o outro você entrega aquilo que você recebe
não de um do outro e do 28 é de um para o outro não de
outro para um um do outro e do outro para um
210

29 você está recebendo


você está recebendo e não dá 30 e não dá para fazer o
para fazer o transplante de transplante de qualquer órgão
qualquer órgão sem tirar o 31 sem tirar o sangue
sangue vai funcionar circula 32 vai funcionar circula Qualquer transplante
Doador 01 então é transplante você está 33 então é transplante depende do sangue
recebendo se eu recebesse eu 34 você está recebendo
acho que não conseguiria 35 se eu recebesse
falar eu falaria só com a 36 eu acho que não conseguiria
fisionomia falar eu falaria só com a
fisionomia
37 eu não tenho palavras para
eu não tenho palavras para agradecer
agradecer uma pessoa que faz 38 uma pessoa que faz isso te Uma pessoa que te dá um
isso te dar um órgão ou seja a dar um órgão órgão
Doador 01 família uma pessoa morta que 39 ou seja a família uma pessoa Que a família doou ou seja
a família doou ou seja uma morta uma viva
viva mesmo ainda mais se 40 que a família doou ou seja Agradecimento a doação
não tiver uma viva
41 mesmo ainda mais se não
tiver

42 estou com saúde


estou com saúde teoricamente teoricamente
mas acho que cada dia que 43 mas acho que cada dia que
passa se eu recebesse um passa Recepção de órgão
Doador 01 órgão ou qualquer outra coisa 44 se eu recebesse um órgão ou Presente
um presente acho que a qualquer outra coisa
cabeça da pessoa faz a pessoa
45 um presente acho que a
ainda mais
cabeça da pessoa faz a pessoa
ainda mais
46 o órgão que ele quer ele já
o órgão que ele quer ele já não tem
não tem nem mais condições 47 nem mais condições de
de fazer o transplante porque fazer o transplante
ele está tão abatido tão se 48 porque ele está tão abatido Dificuldade de achar
Doador 01 entregou tanto eu sou doador tão se entregou tanto compatível
de medula tem mais de 10 49 eu sou doador de medula
anos e para tu vê a tem mais de 10 anos
dificuldade que é de 50 e para tu vê a dificuldade
encontrar um compatível que é de encontrar um
compatível
51 tem mais de 10 ou 12 anos
tem mais de 10 ou 12 anos de de medula
medula sou doador de 52 sou doador de qualquer
qualquer coisa antes eu coisa Sou doador de qualquer
Doador 01 coloquei na minha carteirinha 53 antes eu coloquei na minha coisa
agora não tem que deixar por carteirinha Família ciente
escrito não mas a minha 54 agora não tem que deixar
família toda já sabe 55 por escrito não mas a minha
família toda já sabe
56 coração
coração pulmão é e é 57 pulmão é e
essencial ali para a pessoa 58 é essencial ali para a pessoa
É essencial para a pessoa
viver naquele momento ali viver
Esperança
Doador 01 dar uma esperança a pessoa 59 naquele momento ali
Sobrevida
de sobrevida para ela 60 dar uma esperança a pessoa
sobreviver para mim é a 61 de sobrevida para ela
mesma coisa sobreviver para mim é a mesma
coisa
211

não teve nenhum motivo 62 não teve nenhum motivo


específico eu vim mais para específico
doar só para doar na verdade 63 eu vim mais para doar só Células vivas
Doador 02 isso combustível do corpo para doar na verdade Combustível do corpo
sim células vivas sim é 64 isso combustível do corpo Ajudar ao próximo
porque é uma forma de ajuda sim 65 células vivas sim
o próximo né 66 é porque é uma forma de
ajuda o próximo né

67 sim receio sempre fica


sim receio sempre fica mesmo que seja mínimo
mesmo que seja mínimo sempre há
sempre há é sim não deixa de 68 é sim não deixa de ser o É sim, não deixa de ser
Doador 02 ser o transplante porque é transplante transplante porque é uma
uma coisa que você tira não é 69 porque é uma coisa que coisa que você tira
como um transplante de você tira não é como um
órgão rim e coração transplante de órgão rim e
coração

mas por ser um objetivo no 70 mas por ser um objetivo no


caso o seu sangue que você caso o seu sangue
tira de uma pessoa para 71 que você tira de uma pessoa Que você tira de uma
Doador 02 colocar em outra isso é uma para colocar em outra pessoa para colocar em
transfusão um transplante 72 isso é uma transfusão um outra
transplante é algo que você transplante
tira de um isso e não é isso 73 transplante é algo que você
tira de um isso e não é isso
74 sim como no órgão então
sim como no órgão então ele 75 ele acaba sendo também um
acaba sendo também um transplante
transplante sim células não 76 sim células não Como no órgão
necessariamente que seria necessariamente Ele acaba sendo um
Doador 02
transplante de sangue porque 78 que seria transplante de transplante
transplante de medula contém sangue 79 porque transplante Seria transplante de sangue
células vivas e não de medula contém células vivas
necessariamente é sangue 80 e não necessariamente é
sangue
é essa pergunta aí está mais 81 é essa pergunta aí está mais
difícil de todas é agora você difícil de todas
me pegou não tem nada que 82 é agora você me pegou não Medula
Doador 02
eu possa mudar é no caso são tem nada que eu possa mudar Células
também medula células no 83 é no caso são também
caso medula células no caso
sim é querendo responder 84 sim é querendo responder
aquela que você fez do aquela que você fez
Poderia ser hemotransplante
possível nome para 85 do possível nome para
transplante de células do
Doador 02 transplante é podia ser transplante
sangue ao invés de
hemotransplante transplante 86 é podia ser hemotransplante
hemotransfusão
de células do sangue ao invés 87 transplante de células do
de hemotransfusão ou sangue ao invés de
transfusão de sangue hemotransfusão
88 ou transfusão de sangue
89 eu tenho concepção que elas
eu tenho concepção que elas sejam vivas
sejam vivas embora eu sei 90 embora eu sei que a
que a hemácia você não pode hemácia A hemácia eu enxergo
Doador 03 não sei é muito filosofia 91 você não pode não sei é como uma unidade de vida
dentro da ciência né mas eu muito filosofia
enxergo como uma unidade 92 dentro da ciência né mas
de vida entendeu 93 eu enxergo como uma
unidade de vida entendeu
212

são quatro vezes são três 94 são quatro vezes


vezes não não só sentimental 95 são três vezes
acham que tirar esse sangue 96 não não só sentimental Sentimental
Doador 03 97 acham que tirar esse sangue
daqui não não nunca tive Nenhuma reação
nenhuma reação nesse daqui
sentido não não só 98 não não nunca tive nenhuma
reação nesse sentido não não só
eu achei interessante e isso é 99 eu achei interessante
uma das das coisas que 100 e isso é uma das das coisas É um processo de
acabam colaborando para isso que acabam colaborando transplante você está
porque é um processo de 101 para isso porque é um
Doador 03 tirando a situação de uma
transplante você está tirando processo de transplante pessoa e está inserindo no
a situação de uma pessoa e 102 você está tirando a situação organismo de outro
está inserindo no organismo de uma pessoa e está inserindo
de outro no organismo de outro
103 para nossa vida células
para nossa vida células vivas vivas que atuam tem alguma
que atuam tem alguma função função
que eu desconheço mas que 104 que eu desconheço Céluas vivas com alguma
tem uma finalidade 105 mas que tem uma função
Doador 04 importante para o nosso finalidade importante Finalidade importante
desenvolvimento porque eu 106 para o nosso Para o nosso
acho importante acho desenvolvimento 107 porque desenvolvimento
importante fazer esse papel eu acho importante
assim de doador né 108 acho importante fazer esse
papel assim de doador né

109 o indivíduo está com a


o indivíduo está com a
necessidade né
necessidade né de Necessidade do sangue
110 de transferência de sangue
transferência de sangue e a Transferência de sangue
111 e a gente vai lá doa mesma
Doador 04 gente vai lá doa mesma coisa É um órgão que não vai ter
coisa
é um órgão que não vai ter mais utilidade para um mais
112 é um órgão que não vai ter
mais utilidade para um mas vai ter para o outro
mais utilidade
vai ter para o outro
113 para um mas vai ter para o
outro
114 então é um transplante
então é um transplante
entendeu
entendeu é não sei se eu estou É um transplante
115 é não sei se eu estou
Doador 04 tirando um pouco do foco O indivíduo é uma pessoa
tirando um pouco do foco exato
exato e o indivíduo é uma que está viva
116 e o indivíduo é uma pessoa
pessoa que está viva né é sim
que está viva né é sim

117 seu sangue está sendo


seu sangue está sendo utilizado
utilizado para esse tal 118 para esse tal indivíduo Seu sangue está sendo
indivíduo sem identificação sem identificação utilizado
Doador 04 sem nada só foi nossa esses
119 sem nada só foi nossa Como se fosse um código
são os que mais são utilizados
120 esses são os que mais são de barras
né sim como se fosse um
utilizados né
código de barra
121 sim como se fosse um
código de barra
213

120 seu sangue está sendo


seu sangue está sendo utilizado
utilizado para esse tal 121 para esse tal indivíduo Seu sangue está sendo
indivíduo sem identificação
sem identificação utilizado
Doador 04 sem nada só foi nossa esses
122 sem nada só foi nossa Como se fosse um código
são os que mais são utilizados
120 esses são os que mais são de barras
né sim como se fosse um
utilizados né
código de barra
121 sim como se fosse um
código de barra

ah eu acho que sangue é vida 122 ah eu acho que sangue é


né sangue é vida com relação vida 123 né sangue é vida
124 com relação ao que o que Sangue é vida
ao que o que faz no
faz no organismo Ele te dá vitalidade
Doador 05 organismo ah ele dá
125 ah ele dá vitalidade né Circulação sanguínea
vitalidade né sem a circulação
sanguínea não leva oxigênio 126 sem a circulação sanguínea
para o cérebro para os órgãos 127 não leva oxigênio para o
cérebro para os órgãos

128 é vida mesmo sim


é vida mesmo sim são células 129 são células vivas
vivas mas ele também faz o 130 mas ele também faz o
serviço de limpeza né serviço de limpeza né
também no organismo então 131 também no organismo É vida mesmo sim
Doador 05 eu imagino que não entendo então eu imagino São células vivas
muito de biologia mas eu 132 que não entendo muito de Limpeza do organismo
acho que ele deve carregar biologia
também algumas coisas que 133 mas eu acho que ele deve
devem ser expelidas carregar
134 também algumas coisas
que devem ser expelidas
135 não eu me colocando no
não eu me colocando no lugar lugar dele
Doador 05 dele como eu me sentiria ah 136 como eu me sentiria Gratidão
eu acho que é gratidão né 137 ah eu acho que é gratidão

138 exatamente ele não compra


exatamente ele não compara
no mercado
no mercado ele precisa de um Ele não compra no mercado
139 ele precisa de um outro ser
Doador 05 outro ser humano que tenha Necessidade do outro
humano
essa capacidade e queira fazer Queira fazer
140 que tenha essa capacidade
receberia
e queira fazer
141 receberia
142 ah essa pergunta é
complicada né assim
ah essa pergunta é
143 se está dentro do corpo da
complicada né assim se está
pessoa Dentro do corpo da pessoa
dentro do corpo da pessoa se
144 se está lá dentro do Dentro do organismo
está lá dentro do organismo e
Doador 05 organismo 145 e está Recebendo
está recebendo e vai ficar
recebendo Vai ficar com ele
com ele eu Doador 05:
146 e vai ficar com ele É um transplante
imagino que seja assim eu
sinto que é um transplante 147 eu imagino que seja assim
148 eu sinto que é um
transplante
ele não vai perder não vai 149 ele não vai perder É um transplante
botar fora aquele sangue vai 150 não vai botar fora aquele Não vai botar pra fora
Doador 05
ficar com ele eu sinto que é sangue Vai ficar com ele
um transplante sim um 151 vai ficar com ele
214

transplante entendo que seja 152 eu sinto que é um


sim é e faz todo sentido para transplante sim
mim 153 um transplante entendo
que seja sim
154 é e faz todo sentido para
mim
não bota para fora não sai do 155 não bota para fora não sai
organismo assim como a do 156 organismo assim como O sangue fica dentro do
hidratação por exemplo que a hidratação por exemplo organismo
Doador 05 vai na urina ou no suor o 157 que vai na urina ou no suor Faz parte de todo aquele
sangue fica dentro do corpo 158 o sangue fica dentro do sistema
faz parte de todo aquele corpo faz parte de todo aquele
sistema sistema
159 sim entendi o que ele
precisa 160 ainda tive aula
sim entendi o que ele precisa
161 não sabia que tinha parte
ainda tive aula não sabia que
amarela
tinha parte amarela ele reage
162 ele reage né e
Doador 05 né e ele precisa receber essa Necessidade do sangue
163 ele precisa receber essa
substância que recebe essa
substância
quimioterapia quando faz
164 que recebe essa
transplante
quimioterapia quando faz
transplante
165 esse porque tem uma
esse porque tem uma
substância química
substância química um
166 um remédio que quando
remédio que quando você vai
você vai transplantar você toma Remédio que toma para
transplantar você toma para
Doador 05 167 para não ter reação transplantar para não ter
não ter reação para não
168 para não recusar reação
recusar ele recebe esse
169 ele recebe esse remédio
remédio até para ele reforçar
170 até para ele reforçar
mesmo que é um transplante
mesmo que é um transplante
171 ela está recebendo e está
ela está recebendo e está
reagindo a gente
reagindo a gente precisa usar
172 precisa usar substância
substância para que ele aceite
para que ele aceite o organismo Remédio para que o
Doador 05 o organismo dele aceite mais
dele 173 aceite mais um organismo dele aceite
um reforço para tese que ele é
reforço para tese que ele é
realmente um transplante não
realmente um transplante não
tem como tirar
tem como tirar
174 eu entendo também
eu entendo também eu dizer
175 eu dizer que afirmar que
que afirmar que pode ser
pode ser considerado sim um
considerado sim um Pode ser considerado sim
transplante 176 verdade ele é
transplante verdade ele é todo um transplante
todo separado eu 177 nem
Doador 05 separado eu nem sabia que Processo de separação do
sabia que tinha esse processo
tinha esse processo para mim sangue
178para mim era um sangue
era um sangue pegava na
pegava na bolsa
bolsa e o paciente recebia o
179 e o paciente recebia o
sangue daquela bolsa
sangue daquela bolsa
180 e essas pessoas que
e essas pessoas que precisam
precisam muitas das vezes
muitas das vezes ficam
181 ficam aguardando uma
aguardando uma coisa tão
coisa tão simples
Doador 06 simples que é só você chegar
182 que é só você chegar ali Necessidade do outro
ali esticar o braço 500 ml e
esticar o braço 500 ml Não dá trabalho doar
pronto é fácil que não dá
tanto trabalho assim 183 e pronto é fácil que não dá
tanto trabalho assim
215

184 agora a senhora como é


agora a senhora como é que que se diz
se diz apertou sem abraçar é é 185 apertou sem abraçar é é a
Você está tirando de você
a transfusão de sangue é uma transfusão de sangue
para colocar em outra
Doador 06 você transplantar é um 186 é uma você transplantar é
pessoa
transplante você está tirando um transplante
Então é transplante
de você para colocar em outra 187 você está tirando de você
pessoa então é um transplante para colocar em outra pessoa
então é um transplante
188 vamos falar assim
grosseiramente
vamos falar assim 189 a máquina humana
grosseiramente a máquina funcionar de novo
humana funcionar de novo 190 exatamente de gratidão
exatamente de gratidão 191 vamos dizer assim Funcionamento da máquina
vamos dizer assim que seja 192 que seja um transplante humana
Doador 07
um transplante mais leve mais leve Transplante mais leve
porque o rim um órgão se a 193 porque o rim um órgão se
pessoa não receber em um a pessoa
determinado tempo ela possa 194 não receber em um
falecer mas o sangue determinado tempo
195 ela possa falecer mas o
sangue
196 com certeza uma
com certeza uma transfusão
transfusão de sangue
de sangue o que eu entendo
197 o que eu entendo
leigamente é quando a pessoa Pessoa perdeu sangue
leigamente é quando a pessoa
perdeu excesso de sangue ou Ou não está conseguindo
Doador 07 198 perdeu excesso de sangue
o organismo não está reproduzir
199 ou o organismo não está
conseguindo reproduzir aí Transfusão de sangue
conseguindo reproduzir
sim é feito a transfusão para o
200 aí sim é feito a transfusão
paciente pode
para o paciente pode

201 eu acho que a algo que não


eu acho que a algo que não
202 tem tanta exigência de
tem tanta exigência de
compatibilidade
compatibilidade em alguns
203 em alguns casos Não tem tanta exigência de
Doador 07 casos porque tem sangue que
204 porque tem sangue que é compatibilidade
é raro com certeza isso posso
raro 205 com certeza isso posso
estar pensando errado mas eu
estar pensando errado
penso assim
206 mas eu penso assim
207 quando a pessoa precisa de
quando a pessoa precisa de um coração urgente
um coração urgente um 208 um fígado
fígado o sangue quando é o 209 o sangue Não tem tanta urgência
Doador 07
sangue pode fazer um 210 quando é o sangue como o transplante
translado e ele vai chegar até 211 pode fazer um translado e
o paciente acredito eu ele vai chegar até o paciente
acredito eu
212 como já ligaram teve uma
como já ligaram teve uma vez
vez que eu cheguei
que eu cheguei e teve uma
213 e teve uma ligação para
ligação para mim eu cheguei
mim 214 eu cheguei e
e falou o hemorio está
215 falou o hemorio está
Doador 07 precisando vou ver se eu
apareço lá tem um paciente precisando
216 vou ver se eu apareço lá Necessidade do seu sangue
que precisa do seu sangue
217 tem um paciente que Compatibilidade
tem compatibilidade com
você precisa do seu sangue tem
compatibilidade com você
216

218 é praticamente encalha


é praticamente encalha que 519 que como eu falei
como eu falei pode ser um 520 pode ser um transplante
transplante mais leve mas mais leve Transplante mais leve
dependendo do tipo de 521 mas dependendo do tipo de Depende do tipo de sangue
Doador 07 sangue ele é tão raro como se sangue Ele é tão raro como se fosse
fosse um órgão né às vezes eu 255 ele é tão raro como se um órgão
estou em casa e eu ouço fosse um órgão né
ligações de pessoas pedindo 256 às vezes eu estou em casa e
sangue eu ouço ligações de pessoas
pedindo sangue
o sangue é vida sem sangue a 257 o sangue é vida
pessoa não vive assim na 258 sem sangue a pessoa não
época que eu estudei vi que vive 259 assim na época que eu Sangue é vida
Doador 08
tinha sim tinha bastante tinha estudei 260 vi que tinha sim Células importantes
bastante células que elas tinha bastante células que elas
tiradas são importantes tiradas são importantes

eu algum tempo atrás se eu 261 eu algum tempo atrás


não me engano foi até aqui 262 se eu não me engano foi
que eu fiz o cadastro de até aqui que eu fiz o cadastro
de medula Transplante de medula
Doador 08 medula essa medula como é
que é feito esse transplante de 263 essa medula como é que é
medula é feito é acoplado ao feito
sangue 264 esse transplante de medula
é feito é acoplado ao sangue
265 eu acredito que seja o
eu acredito que seja o paciente se machucou teve um
paciente se machucou teve acidente
um acidente e passa por uma 266 e passa por uma máquina
máquina de filtragem e dali de filtragem
Doador 08 Transfusão de sangue
joga o sangue do mesmo fator 267 e dali joga o sangue do
para dentro da via da pessoa mesmo fator
acredito que seja isso não 268 para dentro da via da
faço ideia pessoa acredito que seja isso
269 não faço ideia

271 desde o momento da coleta


desde o momento da coleta 272 até a pessoa receber
até a pessoa receber é um 273 é um transplante
transplante se eu ficar uma 274 se eu ficar uma hora com Processo é um transplante
Doador 08 hora com sangue dentro de sangue dentro de um carro Tem todo um cuidado no
um carro o carro não tem um 275 o carro não tem um ar transporte para não estragar
ar condicionado um preparo condicionado
adequado vai estragar não vai 276 um preparo adequado vai
estragar não vai
277 então já começa por aí
então já começa por aí se eu
278 se eu faço a remoção de
faço a remoção de um sangue
um sangue
é a mesma remoção do
279 é a mesma remoção do Remoção do sangue igual a
Doador 08 coração se eu não tiver um
coração remoção do órgão
preparo para fazer a
280 se eu não tiver um preparo
transferência ele vai estragar
para fazer a transferência ele
é sim
vai estragar é sim
217

ah entendi eu nem sei se 281 ah entendi eu nem sei


ainda está eu tinha feito um 282 se ainda está eu tinha feito
Doador 08 Cadastrar
tempo atrás eu falei ah vou 283 um tempo atrás eu falei ah
me cadastrar vou me cadastrar

é de sangue com certeza 284 é de sangue com certeza


porque você está tirando algo 285 porque você está tirando Tirando algo de você
de você e doando para algo de você doando para alguém
Doador 09 alguém né então isso é um 286 e doando para alguém né Transplante de sangue
transplante e tem o receptor 287 então isso é um transplante Tem um receptor
exatamente transplante de e tem o receptor
sangue né 288 exatamente transplante de
sangue né

289 dizer que se precisasse


dizer que se precisasse também doaria
também doaria para a pessoa 290 para a pessoa quando ela Também doaria se
quando ela recebe quando ela recebe precisasse
Doador 10 doa ela recebe de um órgão
291 quando ela doa Ela recebe de uma pessoia
de uma pessoa para outra 292 ela recebe de um órgão de Acho que é um transplante
pessoa eu acho é um uma pessoa
transplante 293 para outra pessoa eu acho é
um transplante

294 é porque está recebendo


é porque está recebendo o 295 o meu sangue estou
precisando Está recebendo
meu sangue estou precisando
296 para outra pessoa é só não Necessidade do sangue
para outra pessoa é só não é
Doador 10 é órgão Não é órgão
órgão mas é sangue é vida
297 mas é sangue é vida Mas é sangue
como o coração pulmão rins
298 como o coração É vida
como a vesícula né
299 pulmão rins como a
vesícula né
300 também que doa né
também que doa né para 301 para quem aquele que tira
quem aquele que tira aqui não aqui não Doação de medula
Doador 10 não tem a medula que a 302 não tem a medula que a Eu doaria
pessoa pode doar também não pessoa pode doar
é isso eu doaria sabia 303 também não é isso eu
doaria sabia
304 tem tanta gente que morre
tem tanta gente que morre por por falta assim
falta assim de uma doação né 305 de uma doação né
tem pessoas que eu não vou 306 tem pessoas que eu não
Doador 10 Morte por falta de doação
dar a minha medula para vou dar
ninguém eu não vou doar um 307 a minha medula para
rim ninguém 308 eu não vou doar
um rim

primeiramente deus mas 309 primeiramente deus mas


assim se uma pessoa assim se uma pessoa precisasse
precisasse de mim e eu de mim Se eu pudesse ajudar com
Doador 10 pudesse com algum órgão 310 e eu pudesse com algum algum órgão eu doaria
meu dar a vida para aquela órgão meu dar a vida Sem medo
pessoa eu doaria sem medo 311 para aquela pessoa eu
nenhum doaria sem medo nenhum

Fonte: Elaboração própria, 2020.


218

LOGIA 02: Reações no corpo e riscos visualizados pelo doador de sangue


Entrevistados Segmentos de textos das falas Unidades de Registro Temas
01 não
02 não eu sempre vim por ser
não não eu sempre vim por ser
voluntário
voluntário mesmo por ser doador Voluntário
03 mesmo por ser doador
Doador 01 mesmo não me pediram nunca Nunca pediram
mesmo
me pediram nunca falaram por
04 não me pediram nunca me
mais tem que doar
05 pediram nunca falaram por
mais tem que doar
06 naquele dia seja a única
coisa
naquele dia seja a única coisa boa
Única coisa boa que faço
boa que eu faço assim de 07 que eu faço assim de
no dia relevante
relevante é em ajudar e ser relevante
Doador 01 Ajudar
solidário não eu fico torcendo 08 é em ajudar e ser solidário
Ser solidário
para que passe 3 meses para que 09 não eu fico torcendo
Espero para doar denovo
eu venha doar de novo 10 para que passe 3 meses
11 para que eu venha doar de
novo
12 eu acho que já teve mais
13 uma as pessoas já ficaram
eu acho que já teve mais uma as
mais céticas
pessoas já ficaram mais céticas e
14 e mais em dúvida sobre esse
mais em dúvida sobre esse Dúvidas
Doador 01 assunto
assunto hoje não hoje o processo Processo seguro
15 hoje não hoje o processo
feito não sei tecnicamente todos
feito não sei tecnicamente
mas acho seguro
todos
16 mas acho seguro
17 acho o questionário
importante
18 apesar que eu acredito que
acho o questionário importante
de 100 porcento das pessoas
apesar que eu acredito que de
19 tem uma parte tem um
100 porcento das pessoas tem
percentual Questionário é imortante
uma parte tem um percentual que
Doador 01 20 que provavelmente deva Esconder
provavelmente deva escrever sim
escrever sim Omitir informações
e escreva não e tem que escrever
21 e escreva não
sim e escreva não alguém deve
22 e tem que escrever sim
esconder ou omitir alguma coisa
23 e escreva não alguém deve
esconder ou omitir alguma
coisa
24 dependendo do calor
também aumenta
dependendo do calor também
25 mas nunca senti nada
aumenta mas nunca senti nada
26 nem tonteira Calor aumenta
nem tonteira não sei é eu acho
27 não sei é eu acho que Nunca senti nada
Doador 01 que é mais um ato do bem que
28 é mais um ato do bem Nem tonteira
eu estou fazendo entre esse
29 que eu estou fazendo entre Ato do bem
espaço de 3 meses e entre outras
coisas eu não sou perfeito não esse espaço de 3 meses
30 e entre outras coisas eu não
sou perfeito não
31 se for uma pessoa
se for uma pessoa alto_astral se
alto_astral
tiver uma estrutura por trás no
32 se tiver uma estrutura por Alto-astral
Doador 01 lado a família essa pessoa vai se
trás Estrutura familiar
acabando se acabando e quando
33 no lado a família
chega um doador
34 essa pessoa vai se acabando
35 e quando chega um doador
acabando
219

36 sou mais de 10 anos doador


sou mais de 10 anos doador sou 37sou antes bem mais agora
antes bem mais agora atualiza o 38 atualiza o site a última vez
Sou dador mais de 10
Doador 01 site a última vez que eu atualizei 39 que eu atualizei foi aqui
anos
foi aqui mesmo agora é pelo site mesmo agora
do inca para tu vê a dificuldade 40 é pelo site do inca para tu vê
a dificuldade
41 acho que não se eu
acho que não se eu receberia o receberia o meu próprio sangue
meu próprio sangue sim receio sim
não mas eu sei que pode que eu 42 receio não Receberia meu próprio
Doador 01 tenho um risco que dependendo 43 mas eu sei que pode que eu sangue
de eu sentir alguma tontura tenho um risco Sem receio
alguma coisa do tipo agora 44 que dependendo de eu sentir
receio não alguma tontura alguma coisa
do tipo agora receio não
45 então acredito que
46 eu não tenho muito contato
então acredito que eu não tenho 47 com a rede pública
muito contato com a rede pública 48 mas eu acredito que seja
mas eu acredito que seja é uma 49 é uma coisa muito
coisa muito necessária porque necessária Doação voluntária
Doador 03 como o sangue aqui no brasil é 50 porque como o sangue aqui Necessidade do sangue
uma situação voluntária você não no Brasil Não compra
pode vender bolsa de sangue 51 é uma situação voluntária
você não pode comparar bolsa de 52 você não pode vender bolsa
sangue né de sangue
53 você não pode comprar
bolsa de sangue né
54 é uma forma de você fazer o
é uma forma de você fazer o bem 55 bem a alguém
a alguém sim não não muito 56 sim não não muito
Forma de fazer o bem
importante uhum sim uhum essa importante uhum sim uhum
Importante parte
Doador 03 parte comportamental com 57 essa parte comportamental
comportamental
certeza porque muita coisa com certeza
Tipo do sangue doado
também está relacionada ao tipo 58 porque muita coisa também
de sangue que você vai doar né está relacionada ao tipo de
sangue que você vai doar né
59 não com certeza qualquer
outro tipo
não com certeza qualquer outro
60 o ato da doação eu acredito
tipo o ato da doação eu acredito
que não
que não porque eu vejo sempre Ato da doação sem risco
61 porque eu vejo sempre tudo
Doador 03 tudo muito esterilizado é as Tudo esterilizado
muito esterilizado
pessoas que tem contato direto Uso de luvas
62 é as pessoas que tem
tanto no processo de triagem
contato direto
estão com luvas
63 tanto no processo de
triagem estão com luvas
64 a minha pressão é muito
a minha pressão é muito baixa
baixa minha pressão hoje está
minha pressão hoje está 10 por 7
10 por 7 Pressão baixa
e depois desse dia que eu
65 e depois desse dia que eu Desmaio
desmaiei eu sempre doo com a
Doador 03 desmaiei Doação com a cadeira
cadeira inclinada e depois que eu
66 eu sempre doo com a inclinada diminui
passei a doar com a cadeira
cadeira inclinada desconforto
inclinada eu não tive nenhum
67 e depois que eu passei a
tipo de desconforto
doar com a cadeira inclinada
68 eu não tive nenhum tipo de
desconforto
220

69 eu olha só nas últimas vezes


eu olha só nas últimas vezes eu
70 eu doei eu doava pelo
doei eu doava pelo menos uma
menos uma vez ao ano
vez ao ano e eu acho que no ano Compromisso com a
Doador 03 71 e eu acho que no ano
passado eu consegui doar duas doação
passado eu consegui doar duas
esse ano eu programei para
72 esse ano eu programei para
tentar doar o máximo né
tentar doar o máximo né
74 preciso doar com as pernas
preciso doar com as pernas levantadas
Preciso doar com as
levantadas não não não já tive 75 não não não já tive esse
pernas levantadas
Doador 03 esse caso depois é que eu tive caso
Fiquei alerta depois de
esse caso eu fiquei mais assim 76 depois é que eu tive esse passar mal
alerta né caso eu fiquei mais assim
alerta né
77 eu posso falar em relação ao
paciente
eu posso falar em relação ao
78 pela minha vó que a minha
paciente pela minha vó que a
vó recebeu Receio em familiar
Doador 03 minha vó recebeu a minha vó
79 a minha vó estava um pouco receber
estava um pouco receosa mas ela
receosa
realmente precisava muito né
80 mas ela realmente precisava
muito né
81 e eu acho que ainda tem
muito disso
e eu acho que ainda tem muito
82 eu acho que se a pessoa
disso eu acho que se a pessoa
tiver consciente
tiver consciente e tiver alguém Desconhecimento sobre a
Doador 03 83 e tiver alguém
não sei como funciona o transfusão
84 não sei como funciona o
processo a maior parte dos
processo
processos de transfusão
85 a maior parte dos processos
de transfusão
86 eu acho que ainda existe
eu acho que ainda existe receio
receio 87 mas dependendo da
mas dependendo da necessidade
necessidade 88 eu acho que o
eu acho que o paciente acaba né Receio
Doador 03 paciente acaba né 89 acaba
acaba cedendo acaba optando Recebe pela necessidade
cedendo acaba optando por
por transfundir sim de uma certa
transfundir sim de uma certa
forma sim
forma sim
90 sim sim acho que sim ah
sim sim acho que sim ah que que legal
legal sim minha vó teve reação 91 sim minha vó teve reação
alérgica é a minha sogra pegou alérgica Risco em receber
Doador 03
não se sabe como ela teve se 92 é a minha sogra pegou não Contaminação
descobriu há poucos anos com se sabe como ela teve
hepatite 93 se descobriu há poucos anos
com hepatite
94 hepatite b agora não lembro
hepatite b agora não lembro deve 95 deve ser b e ela doava
ser b e ela doava sangue ela sangue
durante teve os filhos e teve que 96 ela durante teve os filhos
Doador 03 Contaminação
fazer toda uma investigação né 97 e teve que fazer toda uma
dos dois ex maridos dela dos investigação né
filhos 98 dos dois ex maridos dela
dos filhos
221

99 porque ela lembra de ter


recebido bolsa de sangue
porque ela lembra de ter
100 mas depois disso ela fez
recebido bolsa de sangue mas
doações
depois disso ela fez doações mas
101 mas ela ficou alguns anos
ela ficou alguns anos sem doar e
sem doar
foi numa dessa de retorno para Contaminação por
Doador 03 102 e foi numa dessa de
doação que ela doou no hepatite B
retorno para doação que ela
hemocentro lá em niterói que
doou no hemocentro lá em
descobriu quando ela foi pegar
niterói
os exames descobriu que estava
103 que descobriu quando ela
com hepatite
foi pegar os exames descobriu
que estava com hepatite
104 por um lado sim
105 mas eu acho que deviam
por um lado sim mas eu acho
filtrar
que deviam filtrar aí algumas
106 aí algumas coisas porque
coisas porque eles são bem
eles são bem diretos
Doador 04 diretos é importante o meu ou do Risco de receber
107 é importante o meu ou do
modo geral o risco que vai
modo geral
receber dependendo de como for
108 o risco que vai receber
o procedimento né
dependendo de como for o
procedimento né
109 eu estava com pressa
eu estava com pressa porque eu porque eu tinha acordado
tinha acordado atrasado para vir atrasado para vir para cá
para cá porque tinha uma 110 porque tinha uma atividade Pressa em doar
Doador 04 atividade aqui também mas eu aqui também mas Sempre que necessário
até mais sempre que necessário 111 eu até mais sempre que Campanhas
tem campanhas que a hemorio necessário
não não 112 tem campanhas que a
hemorio não não
113 transfusão de sangue o que
transfusão de sangue o que
significa
significa é uma pessoa que vai
114 é uma pessoa que vai está Sangue com utilidade
está recebendo um sangue de um
Doador 04 recebendo um sangue Transfusão receve sangue
indivíduo que passou né doou né
115 de um indivíduo que doado
é isso isso vai ter uma utilidade
passou né doou né é isso isso
exato
vai ter uma utilidade exato
116 e um dos setores que a
gente passou
e um dos setores que a gente
117 a gente foi numas salas
passou a gente foi numas salas
que tinha umas crianças que que tinha umas crianças
118 que estavam recebendo a Transfusão de sangue é
Doador 04 estavam recebendo a transfusão
transfusão de sangue importantíssimo
de sangue então do que eu vi ali
que eu posso te dizer eu acho 119 então do que eu vi ali
assim importantíssimo entendeu 120 que eu posso te dizer eu
acho assim importantíssimo
entendeu
121 faço até dieta para ficar
faço até dieta para ficar bem
bem limpinha doador eu faço
limpinha doador eu faço não Cuidado com o corpo
123 não como gordura sério
como gordura sério bastante para doar
124 bastante líquido
líquido tranquilamente eu acho Não tem risco
Doador 05 tranquilamente 125 eu acho
que não porque eles mostram Descartável
que não porque eles mostram
que é descartável tem toda uma Higiene para a coleta
que é descartável tem toda uma
higiene para coleta tem Segurança
higiene para coleta
segurança
126 tem segurança
222

127 eu não me sinto correndo


eu não me sinto correndo risco risco
em doar não não não não como 128 em doar não não não não
Não corre risco em doar
eu disse na primeira vez eu tive 129 como eu disse na primeira
Doador 05 Vertigem na primeira vez
um pouco de vertigem mas foi vez eu tive um pouco de
porque estava nervosa
porque eu estava nervosa na vertigem
primeira vez 130 mas foi porque eu estava
nervosa na primeira vez
131 mas eu me recompus bem
rápido
mas eu me recompus bem rápido
132 e acabou a doação
e acabou a doação eu levantei
133 eu levantei normal Recomposição após a
normal inclusive eu estava na
Doador 05 134 inclusive eu estava na doação
empresa continuei trabalhando
empresa 135 continuei Continuei trabalhando
na empresa eu estava lá dentro e
trabalhando na empresa
continuei no trabalho
136 eu estava lá dentro e
continuei no trabalho
137 ah eu tive em novembro
ah eu tive em novembro na 138 na primeira vez ficou com
primeira vez ficou com um um intervalo de 1 ano
intervalo de 1 ano e depois foi 139 e depois foi um intervalo
Compromisso em doar
Doador 05 um intervalo um pouco menor eu um pouco menor
Umas duas vezes ao ano
conto mais ou menos quanto eu 140 eu conto mais ou menos
quero umas duas vezes ao ano quanto eu quero
não 141 umas duas vezes ao ano
não
142 o sangue doado se ele tem
algum risco
o sangue doado se ele tem algum 143 em termos de em termos
risco em termos de em termos de de risco
Risco ao paciente
risco risco ao paciente risco tem 144 risco ao paciente risco tem Cuidado
Doador 06 por isso tem todo esse cuidado 145 por isso tem todo esse Contaminação
né ah ele pode ter alguns riscos cuidado né ah
de pegar um sangue contaminado 146 ele pode ter alguns riscos
ou coisa desse tipo de pegar um sangue
contaminado ou coisa desse
tipo
147 começa a ficar dormente o
meu braço
começa a ficar dormente o meu 148 estou na condução aí fico
braço estou na condução aí fico lá parado
lá parado e daqui a pouco eu 149 e daqui a pouco eu
Doador 06 começo sentir aqueles começo sentir aqueles Dormência
formigamentos aí eu começo a formigamentos Formigamento
balançar o braço e melhora assim 150 aí eu começo a balançar o
de uma hora para outra braço
151 e melhora assim de uma
hora para outra
152 eu acho que eu atribuo isso
eu acho que eu atribuo isso a a doação
doação eu acho eu mas é mesmo 153 eu acho eu mas é mesmo
é a minha esposa sempre fala 154 é a minha esposa sempre Veias começam a ficar
Doador 06 fala
está na hora de doar sangue alta
porque as veias começam a ficar 155 está na hora de doar
tudo alta assim sangue
156 porque as veias começam
a ficar tudo alta assim
a hora eu falo assim é está na 157 a hora eu falo assim
Nunca senti nada doando
Doador 06 hora de doar mesmo nunca senti 158 é está na hora de doar
nada não não o que significa mesmo
223

transfusão de sangue o que 159 nunca senti nada não não o


significa para pessoa que está que 160 significa transfusão de
recebendo sangue o 161 que significa para
pessoa que está recebendo
162 é pode ser doador e
é pode ser doador e receptor receptor
verdade e o tipo sanguíneo um 163verdade e o tipo sanguíneo
Doador 06 tipo sanguíneo não pode receber 164 um tipo sanguíneo Tipo sanguíneo específico
aquele outro tipo sanguíneo que 165 não pode receber aquele
já é é achei importante outro tipo sanguíneo que já é é
achei importante
166 vou falar porque é uma
vou falar porque é uma coisa que
coisa que eu estava
eu estava conversando com os
conversando
amigos eu estava conversando
167 com os amigos eu estava Compromisso com a
Doador 06 com uns colegas que po cara
conversando com uns colegas doação
tenho que doar sangue já tá
168 que po cara tenho que doar
passando do tempo da doação ai
sangue já tá passando do tempo
ele falou
da doação ai ele falou
169 com certeza acredito que
com certeza acredito que sim sim bom
bom se eu não tiver agindo com 170 se eu não tiver agindo com
Questionário é importante
honestidade quando estou honestidade
Honestidade do doador
doando se eu tiver resfriado e 171 quando estou doando se eu
Mascarar sintomas
Doador 07 não falar nada se eu mascarei os tiver resfriado e não falar nada
prejudica quem vai
sintomas de alguma maneira 172 se eu mascarei os sintomas
receber
acredito que possa fragilizar de alguma maneira
ainda mais a situação da pessoa 173 acredito que possa
que vai receber fragilizar ainda mais a situação
da pessoa que vai receber
174 como eu acredito que o
como eu acredito que o sangue é sangue é testado antes
testado antes mas eu penso dessa 175 mas eu penso dessa forma
forma não sim com certeza eu ia não sim
Sangue é testado
Doador 07 torcer para existir um doador 176 com certeza eu ia torcer
Não tem risco
para mim não do jeito que eu para existir
procurei ele na situação eu 177 um doador para mim não
precise do jeito que eu procurei
178 ele na situação eu precise
179 porque aqui sempre foi
porque aqui sempre foi espira espira confiança
confiança o ambiente espira 180 o ambiente espira
confiança eu fui doar em um confiança
local uma vez que o local de 181 eu fui doar em um local Confiança no ambiente de
Doador 07
doação eu preferi não doar uma vez que o local de doação coleta
conversei com o paciente trouxe 182 eu preferi não doar
o papel dele para cá e daqui eu 183 conversei com o paciente
doei para ele trouxe o papel dele para cá
184 e daqui eu doei para ele
185 de quatro varia muito
de quatro varia muito se eu 186 se eu estiver muito
estiver muito apertado no apertado no trabalho
Compromisso com a
trabalho eu não venho essa 187 eu não venho
doação
Doador 08 última vez eu demorei bastante a 188 essa última vez eu demorei
Preocupação com o tempo
vir todo ano eu vinha duas vezes bastante a vir
que não doa
ao ano fazer doação para 189 todo ano eu vinha duas
também não ficar muito vezes ao ano fazer doação para
também não ficar muito
224

190 a minha última doação


aqui senão me engano
a minha última doação aqui
191 foi em 2015 se eu não me
senão me engano foi em 2015 se
engano
eu não me engano sim não não
192 sim não não fiquei sem Preocupação com o tempo
Doador 08 fiquei sem doar porque aí eu
doar 193 porque aí eu estava que não doa
estava sem trabalho e comecei a
sem trabalho
trabalhar na uber aí a correria eu
194 e comecei a trabalhar na
não doei não
uber aí a correria eu não doei
não
195 então assim toda vez que
eu posso vir
então assim toda vez que eu Algumas perguntas do
196 eu venho não algumas
posso vir eu venho não algumas questionário são
perguntas sim
Doador 08 perguntas sim outras não por que importantes outras não
a pessoa pode omitir muita coisa 197 outras não por que a Omissão do doador
ali pode ser omitida pessoa pode omitir
198 muita coisa ali pode ser
omitida
199 se a pessoa teve isso teve
se a pessoa teve isso teve aquilo aquilo
se teve problema de coração isso 200 se teve problema de
Teria que fazer essas
é muita coisa para a pessoa eu coração isso é muita coisa
Doador 08 perguntas de uma outra
acho que deveria ser feito de 201 para a pessoa eu acho que
forma
uma outra forma mas eu não sei deveria ser feito de uma outra
dizer como forma mas eu não sei dizer
como
202 porque eu posso chegar
aqui
porque eu posso chegar aqui e eu
203 e eu vou doar que acontece
vou doar que acontece colegas
colegas meus falam isso
Doador 08 meus falam isso eu vou doar Doação para ganhar o dia
porque eu vou ganhar um dia aí 204 eu vou doar porque eu vou
chega aqui você tomou vacina ganhar um dia
205 aí chega aqui você tomou
vacina
206 não tomei
não tomei e a pessoa tomou 207 e a pessoa tomou vacina
vacina atrás a pouco tempo atrás a pouco tempo entendeu
entendeu então assim é uma 208 então assim é uma coisa Confiança no doador
Doador 08 coisa que vocês confiam muito que vocês confiam muito no Resposta indevida do
no doador e o doador às vezes doador doador
pode não passar para vocês a 209 e o doador às vezes pode
resposta devida não passar para vocês a
resposta devida
210 importante é mas teria que
importante é mas teria que ser ser revisto essa forma de
revisto essa forma de classificação
classificação isso aí tem na 211 isso aí tem na primeira
É importante mais teria
Doador 08 primeira vista a primeira visão vista a primeira visão
que ser revisto
sim porque eu não sei como é 212 sim porque eu não sei
que é feito dali para lá como é como é que é feito dali para lá
que é feito processo 213 como é que é feito
processo
214 mas desde o momento que
mas desde o momento que eu
eu chego aqui e eu estou apto
chego aqui e eu estou apto está
215 está mas aí eu tenho
mas aí eu tenho problema no Nunca tive problema
problema no coração
Doador 08 coração meu sangue está todo Risco de não conhecer o
216 meu sangue está todo
carimbado aí eu já não sei como processo
carimbado
funciona para mim hoje tem
217 aí eu já não sei como
risco entendeu
funciona para mim hoje tem
risco entendeu
225

218 porque eu não sei dali


porque eu não sei dali para lá para lá qual é o procedimento
qual é o procedimento do sangue do sangue
Doador 08 não com certeza não sim não que 219 não com certeza não Procedimento
eu saiba não não não nunca tive 220 sim não que eu saiba não Não tive problema
problema de tontura sim não não nunca tive problema
de tontura sim
221 vamos botar eu dou um
corte de leve
vamos botar eu dou um corte de
222 se começar a sangrar
leve se começar a sangrar muito
muito muito Corte com muito
muito muito eu tenho que fazer a
Doador 08 223 muito eu tenho que fazer a sangramento sinal de
doação porque eu já sei que o
doação doação
sangue está pedindo para sair eu
224 porque eu já sei que o
já sei nisso
sangue está pedindo para sair
eu já sei nisso
225 não sai com aquela
não sai com aquela violência que
violência
Doador 08 saía eu chego ali enche a bolsa Enche a bolsa rapidinho
226 que saía eu chego ali enche
rapidinho
a bolsa rapidinho
227 com certeza mais ou
menos
com certeza mais ou menos até 228 até que assim exatamente
que assim exatamente por isso por isso
depende de onde está vindo 229 depende de onde está
Doador 09 depende porque eu acho assim vindo 100 % de Confiabilidade
eu não acredito eu até quero 230 depende porque eu acho
acreditar que você tem 100 assim eu não acredito eu até
por_cento confiabilidade quero acreditar
231 que você tem 100
por_cento confiabilidade
232 então eu vim doar hoje
isso
então eu vim doar hoje isso 233 porque assim chega uma
porque assim chega uma época época
que eu sinto muitas coceiras nas 234 que eu sinto muitas
Coceiras nas mãos
mãos as mãos ficam coceiras nas mãos
Doador 10 Mãos avermelhadas
avermelhadas aí o médico falou 235 as mãos ficam
para mim que talvez seja bom eu avermelhadas
doar sangue uma vez por ano 236 aí o médico falou para
entendeu mim que talvez seja bom eu
doar sangue uma vez por ano
entendeu
237 olha eu só estou doando
uma vez
olha eu só estou doando uma vez
238 é porque eu moro muito
é porque eu moro muito longe eu
longe 239 eu moro em belford Compromisso com a
moro em belford roxo entendeu e
Doador 10 roxo entendeu doação
por causa do meu problema de
240 e por causa do meu Difícil acesso
vista eu sempre dependo de uma
problema de vista
pessoa para vir comigo
241 eu sempre dependo de uma
pessoa para vir comigo
por isso que fica difícil para mim 242 por isso que fica difícil
vim duas vezes porque seria de 6 para mim vim Compromisso com a
Doador 10 em 6 meses né é ata não sabia 243 duas vezes porque seria de doação
pensei que fosse duas vezes uma 6 em 6 meses né Difícil acesso
vez não sabia 244 é ata não sabia pensei que
fosse duas vezes uma vez não
sabia
226

245 não eu receberia não


não eu receberia não porque é
porque é tudo descartável
tudo descartável é tudo
246 é tudo descartável não tem Sem risco de doar
Doador 10 descartável não tem risco
risco nenhum Tudo descartável
nenhum não acho não acho lá na
247 não acho não acho lá na
hora de doar o sangue
hora de doar o sangue
248 aí no ano passado aqui
aí no ano passado aqui eu fiquei 249 eu fiquei até meia com
até meia com medo de acontecer medo de acontecer
Medo de passar mal
Doador 10 a mesma coisa mas não 250 a mesma coisa mas não
novamente
aconteceu não não uma vez doei aconteceu não
foi doei aqui só lá isso 251 não uma vez doei foi doei
aqui só lá isso
252 foi muito forte como assim
foi muito forte como assim diz diz aquilo
aquilo que eu falei para você a 253 que eu falei para você
minha mão começa a ficar muito 254 a minha mão começa a Coceiras nas mãos
Doador 10 avermelhada dormências ficar muito avermelhada Mãos avermelhadas
entendeu aí quando começa dormências entendeu
assim eu sei que eu tenho que 255 aí quando começa assim
doar sangue eu sei que eu tenho que doar
sangue
256 não porque não acontece
nada comigo
não porque não acontece nada 257 acho que não tem não não
comigo acho que não tem não 258 então lá no servidores do
não então lá no servidores do estado
Sangue saiu com pressão
estado assim o sangue saiu com 259 assim o sangue saiu com
Doador 10 Tontura
tanta pressão que me deu tontura tanta pressão
aí tiveram que colocar aquela 260 que me deu tontura aí
cadeira de cabeça para baixo mas tiveram
foi só lá 261 que colocar aquela cadeira
de cabeça para baixo
262 mas foi só lá
263 é não sei o que aconteceu
é não sei o que aconteceu deu só 264 deu só tontura entendeu
tontura entendeu mas o rapaz 265 mas o rapaz falou
falou que o meu sangue saiu com 266 que o meu sangue saiu Sangue saiu com pressão
Doador 10 muita pressão encheu a bolsa foi com muita pressão Tontura
rápido demais ele acha que 267 encheu a bolsa foi rápido Encheu a bolsa rápido
mexeu alguma coisa no cérebro demais
sei lá 268 ele acha que mexeu
alguma coisa no cérebro sei lá
Fonte: Elaboração própria, 2020.
227
LOGIA 03: Relevância do ato da doação sob a ótica do doador de sangue

Entrevistados Segmentos dos textos da fala Unidades de Registro Temas


não eu venho porque eu sei que em 01 não eu venho porque eu sei
algum momento alguém vai 02 que em algum momento Ajuda ao próximo
precisar muitos vão precisar ou até alguém vai precisar Necessidade do sangue
Doador 01
eu mesmo possa precisar do 03 muitos vão precisar Solidariedade
sangue de alguém ajuda 04 ou até eu mesmo possa Minha necessidade
solidariedade necessidade minha precisar do sangue de alguém
necessidade de fazer talvez seja a 05 ajuda
única 06 solidariedade
07 necessidade minha
necessidade de fazer
08 talvez seja a única
09 já estão cientes
10 que se acontecer alguma
já estão cientes que se acontecer
coisa
alguma coisa não tem nem muito o
Doador 01 11 não tem nem muito o que Doação
que fazer contra o que eu decidi
fazer
doa o que puder doar
12 contra o que eu decidi doa o
que puder doar
13 a gente em quanto
sociedade
a gente em quanto sociedade é a 14 é a gente tem que de
gente tem que de alguma forma alguma forma ajudar
Responsabilidade social
ajudar os outros e o sangue é uma 15 os outros
Doador 03 Ajuda ao próximo
coisa que se você buscar 16 e o sangue é uma coisa
Não tem risco
informação não traz nenhum risco 17 que se você buscar
a sua saúde e então eu não vejo informação
18 não traz nenhum risco a sua
saúde e então eu não vejo
19 na verdade eu não vejo
motivo Não vê motivo em não
na verdade eu não vejo motivo do
20 do porquê que as pessoas doar
porquê que as pessoas não doam a
Doador 03 não doam Falta de informação
não ser por medo ou falta de
21 a não ser por medo Medo
informação coisas assim
22 ou falta de informação
coisas assim
23 ele está com 17 ele doa o
ele está com 17 ele doa o sangue sangue dele
dele é o negativo desde que ele 24 é o negativo desde que ele Conhecimento das
Doador 03 adquiriu o peso certinho ele já já adquiriu o peso certinho codições básicas
doa é me dá uma sensação assim 25 ele já já doa é me dá uma Importância
de importância sabe 26 sensação assim de
importância sabe
27 minha avó já precisou de
minha avó já precisou de cirurgia e cirurgia
precisou de bolsa de sangue mas 28 e precisou de bolsa de
Doador 03 Necessidade na família
ela tem tem de recorrer ao hospital sangue
particular entendeu 29 mas ela tem tem de recorrer
ao hospital particular entendeu
30 sinto é essa necessidade de
sinto é essa necessidade de fazer fazer
alguma coisa para alguém eu tenho 31alguma coisa para alguém
Minha necessidade
muito disso não só da questão de 32 eu tenho muito disso
Doador 03 Ajuda ao próximo
doar sangue eu me sinto muito 33 não só da questão de doar
Responsabilidade social
responsável em assim tem tanta sangue 34 eu me sinto muito
coisa responsável em assim tem
tanta coisa
35 tem que tentar fazer
tem que tentar fazer alguma coisa alguma coisa pelas pessoas
pelas pessoas e eu acho que a 36 e eu acho que a doação de
Ajuda ao próximo
Doador 03 doação de sangue é uma coisa tão sangue é uma coisa tão
Doação de tempo
pequena que é mais doação de pequena
tempo do que do próprio sangue 37 que é mais doação de tempo
do que do próprio sangue
228
ah eu acho que assim é sim sem 38 ah eu acho que assim é sim
Medo
Doador 03 medo em receber eu acho que 39 sem medo em receber
Falta de informação
ainda existe não sei se a não sei se 40 eu acho que ainda existe não
a falta de acesso a informação não sei
sei como funciona 41 se a não sei
42 se a falta de acesso a
informação não sei como
funciona
43 gente eu nunca tinha parado
gente eu nunca tinha parado para
para pensar nisso
pensar nisso porque você sempre
44 porque você sempre pensa
Doador 03 pensa na renovação do sangue mas Renovação do sangue
na renovação do sangue
você não pensa que se vai ter
45 mas você não pensa que se
resquício né disso
vai ter resquício né disso
46 sempre foi espontânea
47 já me pediram
sempre foi espontânea já me 48 e eu já tinha doado
pediram e eu já tinha doado enfim 49 enfim eu nunca consegui
Doação espontânea
Doador 03 eu nunca consegui doar doar
Conhecimento
especificamente para alguém as 50 especificamente para
hemácias processo de transporte alguém
51 as hemácias processo de
transporte
52 tipo assim eu estou podendo
fazer
tipo assim eu estou podendo fazer 53 a gente tem tanta coisa que
a gente tem tanta coisa que a gente a gente precisa fazer e a gente
precisa fazer e a gente não pode eu não pode
Doador 03 Ajuda ao próximo
acho que é uma coisa uma situação 54 eu acho que é uma coisa
que a gente consegue ajudar 55 uma situação que a gente
alguém de alguma forma entendeu consegue
56 ajudar alguém de alguma
forma entendeu
57 a técnica até chegar ao
doador
a técnica até chegar ao doador tem 58 tem um risco isso não eu
um risco isso não eu tenho esse tenho
cuidado receberia qual a finalidade 59 esse cuidado Cuidado com seu corpo
Doador 04
deu receber o meu próprio sangue 60 receberia qual a finalidade Risco em receber
acontece tem casos é diferente eu 61 deu receber o meu próprio
nunca vi isso sangue
62 acontece tem casos é
diferente eu nunca vi isso
63 por campanha não
64 por necessidade minha
por campanha não por necessidade
mesma de ajudar
minha mesma de ajudar de ser útil Minha necessidade
65 de ser útil
Doador 04 não não mas meu corpo não dá Ser útil
66 não não mas meu corpo não
sinal não é uma coisa espontânea Espontânea
dá sinal
mesmo não também não
67 não é uma coisa espontânea
mesmo não também não
68 o cuidado que vocês aqui
tem
o cuidado que vocês aqui tem com 69 com isso e a gente que
isso e a gente que também tem um também tem 70 um papel
papel fundamental nisso também fundamental nisso também Cuidado
Doador 04
então eu acho que caramba as 71 então eu acho que caramba Papel fundamental
palavras fogem um pouco né eu as palavras fogem um pouco
receber sangue sem necessidade né
72 eu receber sangue sem
necessidade
229
73 é muito difícil
74 porque então não cabe só a
é muito difícil porque então não
gente
cabe só a gente fazer a nossa parte Fazer a nossa parte
Doador 04 75 fazer a nossa parte
tem todo um processo por trás Processo complexo
76 tem todo um processo por
então complexo
trás
77 então complexo

78 ah me dá uma satisfação
muito grande
ah me dá uma satisfação muito
79 saber que eu posso ajudar as
grande saber que eu posso ajudar
pessoas e
as pessoas e pessoas que têm uma Satisfação
80 pessoas que têm uma
Doador 05 necessidade que não tem culpa de Poder ajudar
necessidade 81 que não tem
passar por aquilo eu tendo como Ajuda ao próximo
culpa de passar por aquilo
ajudar isso para mim dar uma
82 eu tendo como ajudar isso
satisfação incrível
para mim dar uma satisfação
incrível
83 sim isso apesar deu achar
sim isso apesar deu achar que esse que esse sangue
sangue vai passar por uma 84 vai passar por uma
verificação antes de passar para verificação antes de passar Risco em receber
Doador 05 outra pessoa mas mesmo assim eu para outra pessoa Consciência
acho quem doa tem que ter essa 85 mas mesmo assim eu acho Preocupação
consciência essa preocupação não 86 quem doa
nenhum 87 tem que ter essa consciência
essa preocupação não nenhum
88 talvez tivesse eu imagino
89 que passe por um processo
talvez tivesse eu imagino que
90 assim de verificação
passe por um processo assim de
91 mas a gente fica assim
verificação mas a gente fica assim Processo de verificação
Doador 05 92 porque a gente sabe
porque a gente sabe que tem Sangue contaminado
93 que tem relatos de que
relatos de que acontece assim é
acontece assim
receber sangue contaminado
94 é receber sangue
contaminado
95 aí eu fui justamente no
hospital dos servidores
aí eu fui justamente no hospital 96 dali para lá
dos servidores dali para lá meu pai 97 meu pai também na época
também na época faleceu mas ele faleceu
Doador 06
precisou operar também no 98 mas ele precisou operar
hospital dos servidores aí precisou também no hospital dos
de doação de sangue e tinha eu servidores Necesidade da família
99 aí precisou de doação de
sangue e tinha eu
100 tinha um montão de gente
101 e aí foram essas coisas que
tinha um montão de gente e aí me motivaram
foram essas coisas que me 102 a importância de você doar
motivaram a importância de você sangue
Importância de doar
doar sangue para as pessoas o que 103 para as pessoas
Oportunidade para
Doador 06 significa acho que eu estou dando 104 o que significa acho que
quem precisa
uma oportunidade para as pessoas eu estou 105 dando uma
Necessidade do sangue
que precisam de sangue como oportunidade para as pessoas
vários hospitais aí que estão que precisam de sangue
precisando e não tem 106 como vários hospitais aí
que estão
precisando e não tem
230
107 eu acho que para aquela
pessoa ali
eu acho que para aquela pessoa ali 108 é uma às vezes aquela
é uma às vezes aquela pessoa ali se pessoa ali
ela não tiver a se ela souber a 109 se ela não tiver a
Doador 06 Importância da doação
importância de uma doação de 110 se ela souber a
sangue eu acho que para ele ali importância de uma doação de
que está recebendo sangue
111 eu acho que para ele ali
que está recebendo
112 eu acho que é a maior
satisfação de pensar
eu acho que é a maior satisfação
113 eu tanto fiz
de pensar eu tanto fiz e agora estou
114 e agora estou precisando Satisfação
Doador 06 precisando a pessoa que tem a
115 a pessoa que tem a Consciência
consciência de uma doação de
consciência de uma doação de
sangue que sabe o que é isso
sangue
116 que sabe o que é isso
117 po rapaz eu tenho até
vontade de doar sangue
po rapaz eu tenho até vontade de
118 ai eu falei então porque
doar sangue ai eu falei então
não doa
porque não doa ai ele ah não
Doador 06 119 ai ele ah não porque eu Difícil acesso
porque eu moro em campo grande
moro em campo grande
po vou sair daqui de campo grande
120 po vou sair daqui de
para doar sangue
campo grande para doar
sangue
121 ai eu queria saber
Doador 06: ai eu queria saber se 122 se em campo grande havia
em campo grande havia lugar de lugar de doar sangue
doar sangue não tem o hospital lá 123 não tem o hospital lá rocha Questionamento sobre
Doador 06
rocha faria porque não não não faria acesso fácil a doação
tem uma salinha lá para gente doar 124 porque não não não tem
sangue uma salinha lá para gente doar
sangue
125 dizem que o positivo serve
dizem que o positivo serve para
para todo mundo
todo mundo só só só para quem
126 só só só para quem tem o Conhecimento
Doador 06 tem o que não serve tem que ser o
que não serve Espero não precisar
negativo mesmo espero não
127 tem que ser o negativo
precisar
mesmo espero não precisar
128 como a minha mãe antes
de falecer
como a minha mãe antes de falecer
129 ela recebeu sangue foi
ela recebeu sangue foi preciso
preciso doação
doação mas sem receio nenhum
Doador 07 130 mas sem receio nenhum Necessidade da família
não é o seguinte eu conheço o
131 não é o seguinte
hospital da posse mas eu sempre
132 eu conheço o hospital da
dei preferência para doar aqui
posse mas eu sempre dei
preferência para doar aqui
133 eu fiquei até feliz né de
134 pode ajudar alguém
eu fiquei até feliz né de pode
135 sou cadastrado para doar
ajudar alguém sou cadastrado para
medula 136 caso precisar eu só
doar medula caso precisar eu só Feliz
não entendi
Doador 07 não entendi como pode ser raro um Poder ajudar
137 como pode ser raro um o
o positivo que é um sangue Doação de Medula
positivo 139 que é um sangue
comum eu vim até um sábado aqui
comum
de manhã não não interessante
140 eu vim até um sábado aqui
de manhã não não interessante
231
141 que eu sei que tem gente
142 que está precisando tem
que eu sei que tem gente que está gente
precisando tem gente que está 143 que está numa mesa de Necessidade do outro
numa mesa de cirurgia que está cirurgia 144 que está sem Necessidade do sangue
Doador 07
sem sangue o estoque do banco de sangue Estoque baixo
sangue está baixo muita gente não 145 o estoque do banco de Medo
vem com medo sangue está baixo
146 muita gente não vem com
medo
147 é não não só deu me
é não não só deu me machucar por machucar por exemplo
exemplo a eu dei um corte aqui 148 a eu dei um corte aqui está Sinais de muito
Doador 08 está sangrando muito eu sei que sangrando muito sangramento, o corpo
tenho que fazer a doação porque já 149 eu sei que tenho que fazer precisa doar
está na hora a doação
150 porque já está na hora
151 nesse caso aí não é por
causa disso mesmo
nesse caso aí não é por causa disso 152 por exemplo se eu me
mesmo por exemplo se eu me machucar e está sangrando
machucar e está sangrando muito muito
Machucado
Doador 08 porque daqui da doação daqui para 153 porque daqui da doação
Sangrando muito
4 meses se eu dar um cortezinho daqui para 4 meses
meu sangue não sai com tanta 154 se eu dar um cortezinho
frequência já percebi isso entendeu 155 meu sangue não sai com
tanta frequência
156 já percebi isso entendeu
157 sim só o fator sanguíneo
sim só o fator sanguíneo que é que é igual certo
igual certo precisa do outro para 158 precisa do outro para fazer Conhecimento
Doador 08 fazer a doação sim porque ele não a doação sim Necessidade do outro
sai tem todo um processo para 159 porque ele não sai tem Processo
poder fazer uma transferência todo um processo para poder
fazer uma transferência
160 é eu já trabalhei no banco
de sangue
é eu já trabalhei no banco de
161 não não sei tudo mas eu
sangue não não sei tudo mas eu sei
sei que tem várias composições
que tem várias composições e para
Doador 09 162 e para você tirar o que é Conhecimento
você tirar o que é específico para
específico
cada problema vamos dizer assim
163 para cada problema
para cada necessidade
164 vamos dizer assim para
cada necessidade
165 então só que cada
informação
então só que cada informação que 166 que a gente vem obtendo
a gente vem obtendo a gente sabe 167 a gente sabe da
Necessidade do outro
da necessidade que está né dessa necessidade que está né dessa
Doador 09 Coragem
doação muita gente precisando né doação
Nervosa
de doação então eu falei vou tomar 168 muita gente precisando né
coragem e vou estou nervosa de doação
169 então eu falei vou tomar
coragem e vou estou nervosa
depende da onde você doa 170 depende da onde você doa
depende porque exatamente por 171 depende porque
isso por eu ter trabalhado no banco exatamente
Doador 09 Preocupação
de sangue a gente sabe que tem 172 por isso por eu ter
algumas preocupações então trabalhado no banco de sangue
depende muito da onde e você está 173 a gente sabe que tem
fazendo essa doação não algumas preocupações
174 então depende muito da
onde e você está fazendo essa
doação não
232
175 doação é poderia ter
mudado NE
doação é poderia ter mudado né
176 para poder poderia chamar
para poder poderia chamar mais
mais Nem todos sabem a
tem pessoas que acham nem todo
Doador 09 177 tem pessoas que acham Importância
mundo sabe a importância que é né
Venci o Medo
então eu por exemplo venci o meu
medo né
178 nem todo mundo sabe a
importância que é né
179 então eu por exemplo
venci o meu medo né
180 eu sei a importância que é
eu sei a importância que é só que só que 181 eu tinha um medo
eu tinha um medo muito grande na muito grande na verdade
verdade era fobia mesmo eu tenho 182 era fobia mesmo eu tenho
Importância
Doador 09 pavor de fazer exame de sangue eu pavor
Medo
só faço realmente porque eu sei a 183 de fazer exame de sangue
necessidade de você fazer um 184 eu só faço realmente
check_up porque eu sei a necessidade de
você fazer um check_up
Fonte: Elaboração própria, 2020.

LOGIA 04: Motivações e impedimentos à realização da doação de sangue

Entrevistados Segmentos de textos das falas Unidades de Registro Temas


01 é o valor essencial
é o valor essencial tem tantas 02 tem tantas coisas não
coisas não importantes e não importantes
Valor essencial
essenciais também sangue igual 03 e não essenciais
Doador 01 Tantas coisas não
quando pergunta que faz a 04 também sangue igual
importantes
primeira coisa que vem na sua 05 quando pergunta que faz a
mente é primeira coisa que vem na sua
mente é
06 é acho que anos e anos atrás
é acho que anos e anos atrás a a gente não doava por
Não doava por
gente não doava por ignorância ignorância
ignorância
Doador 01 com certeza não o meu não e eu 07 com certeza não
Eu sei a vida que
acho que muitos outros aqui não eu 08 o meu não e eu acho que
levo
sei a vida que eu levo muitos outros aqui não
09 eu sei a vida que eu levo
10 daria para o meu filho
11 para minha esposa
daria para o meu filho para minha 12 para minha mãe
esposa para minha mãe meu 13 meu melhor amigo
Doaria para
melhor amigo apesar que o meu 14 apesar que o meu melhor familiares
Doador 01 melhor amigo é um cachorrinho o amigo Recebimento sem
meu cachorrinho eu daria e eles 15 é um cachorrinho o meu questionamento
receberiam de olhos fechados sem cachorrinho
fazer pergunta nenhuma 16 eu daria e eles receberiam
de olhos fechados sem fazer
pergunta nenhuma
não não tinha umas perguntas mais 17 não não tinha umas Não estava no
Doador 02 fáceis não é pelo que eu já disse perguntas 18 mais fáceis não trabalho
ajudar mesmo no caso eu estava em 19 é pelo que eu já disse ajudar Vi pela internet
casa em casa não estava no trabalho 20 mesmo no caso Estoque baixo
e vi pela internet que estava baixo o 21 eu estava em casa em casa
banco de sangue de vocês 22 não estava no trabalho
23 e vi pela internet que estava
baixo o banco de sangue de
vocês
24 como um todo é o fato de
como um todo é o fato de ajuda o ajuda o próximo
próximo também um meio de 25 também um meio de ajudar Ajudar ao próximo
ajudar o próximo eu tinha outra o próximo Caridade
Doador 02
coisa a dizer mas fugiu a mente 26 eu tinha outra coisa a dizer Solidariedade
agora é caridade solidariedade sim 27 mas fugiu a mente agora é
233
não caridade
28 solidariedade sim não

29 é a chance de salvar a vida


da pessoa
30 sim algum paciente que
é a chance de salvar a vida da
precisa
pessoa sim algum paciente que
31 que sofreu um acidente de Salvar vidas
precisa que sofreu um acidente de
carro Acidente de carro
Doador 02 carro algum acidente não sendo
32 algum acidente não sendo Doença grave
automobilístico então o paciente
automobilístico Reposição de sangue
está com alguma doença grave e
33 então o paciente está com
precisa de reposição e sangue
alguma doença grave
34 e precisa de reposição e
sangue
35 eu entendo a preocupação
eu entendo a preocupação né tanto né
a 43 quanto a 45 você não sabe se 36 tanto a 43 quanto a 45
Preocupação
o parceiro tem alguma coisa ou 37 você não sabe se o parceiro
Doador 02 Parceiro tem alguma
não é importante mas eu achei tem alguma coisa
coisa
meio estranho sim eu entendo eu 38 ou não é importante
entendo 39 mas eu achei meio estranho
sim eu entendo eu entendo

40 essa pergunta é muito


complexa
essa pergunta é muito complexa o 41 o sangue é uma das coisas
sangue é uma das coisas mais mais importantes
importantes é para o nosso sistema 42 é para o nosso sistema Importância do
relacionado a nossa imunidade a 43 relacionado a nossa sangue
Doador 03
demanda de açúcar para o nosso imunidade Imunidade
corpo essas coisas então o que é 44 a demanda de açúcar para o Demanda do corpo
não consigo não consigo nosso corpo essas coisas
especificar alguma coisa assim 45 então o que é não consigo
46 não consigo especificar
47 alguma coisa assim
48 então assim foi muito
natural
49 para mim porque a minha
Doação herança da
família toda
família
Doador 03 então assim foi muito natural para 50 também doa Conhecimento das
mim porque a minha família toda 51 então é básico é maior de
condições básicas
também doa então é básico é maior idade 52 tem o peso correto
de idade tem o peso correto para para doar
doar então vamos doar entendeu 53 então vamos doar entendeu
54 sim meu avô é enfermeiro
55 então a gente tem muito
disso Família todos doam
sim meu avô é enfermeiro então a 56 na nossa família então eu Não me via não
Doador 03 gente tem muito disso na nossa não me via doando sangue
família então eu não me via não 57 não doando sangue Meu irmão é menor
doando sangue tanto que o meu 58 tanto que o meu irmão é de idade e já doou
irmão é menor de idade e já doou menor de idade e já doou
sangue sangue
59 não ninguém pediu a mesma
não ninguém pediu a mesma que
60 que sempre que todo mundo
sempre que todo mundo tem um
Doador 03 61tem um propósito em vida
propósito em vida de tentar ajudar Ajudar aos outros
62 de tentar ajudar os outros
os outros entendeu
entendeu
234

63 então é a gente precisa né


então é a gente precisa né que que outras pessoas estejam
outras pessoas estejam dispostas a dispostas a fazer isso Disponibilidade
Doador 03 fazer isso e eu vejo agora eu vejo 64 e eu vejo agora eu vejo essa Caridade
essa importância assim caridade e importância Amor
amor também né 65 assim caridade e amor
também né
66 só uma vez eu lembro até
só uma vez eu lembro até 67exatamente como foi a
exatamente como foi a situação eu situação 68 eu doei sangue e
Doei uma vez
doei sangue e fiquei andando andei fiquei andando 69 andei para
Doador 03 Cuidados após a
para caramba aqui no centro caramba aqui no centro
doação
carregando peso quando eu entrei carregando peso
no ônibus eu dei uma baleada não 70 quando eu entrei no ônibus
71eu dei uma baleada
72 não foi após a doação
foi após a doação aí quando eu 73 aí quando eu entrei no
entrei no ônibus que eu parei eu ônibus que eu parei Continuei doando
dei uma um pequeno desmaio mas 74 eu dei um pequeno desmaio mesmo depois de
Doador 03
depois fiquei bem mas depois mas depois fiquei bem passar mal a
disso como eu sei que continuei 75 mas depois disso como eu primeira vez
doando mesmo assim 76 sei que continuei doando
mesmo assim
77 então a gente teve que
então a gente teve que conversar conversar
explicar que aquele sangue para 78 explicar que aquele sangue
ela foi que o sangue foi todo para ela Sangue examinado
Doador 03 examinado que estava tudo 79 foi que o sangue foi todo Não ia ter doença
direitinho que ela não ia ter examinado
nenhum tipo de doença a respeito 80 que estava tudo direitinho
disso 81que ela não ia ter nenhum
tipo de doença a respeito disso
82 ela falou assim em nenhum
momento
ela falou assim em nenhum 83 nenhum médico assentou
momento nenhum médico assentou isso comigo sim
Alimentação
isso comigo sim e nunca ninguém 84 e nunca ninguém identificou
extremamente
Doador 03 identificou isso a sorte é que ela isso a sorte
rigorosa
tem uma alimentação 85 é que ela tem uma
Extremamente ativa
extremamente rigorosa ela é alimentação extremamente
extremamente ativa então é rigorosa
86 ela é extremamente ativa
então é
ela descobriu que estava com um 87 ela descobriu que estava
Doador 03 grau bem brando porque ela leva com um grau bem brando Anemia
uma vida muito regrada que o 88 porque ela leva uma vida
sangue está mais grosso é esse muito regrada
negócio da anemia dá até um artigo 89 que o sangue está mais
grosso
90 é esse negócio da anemia dá
até um artigo
91porque assim o que eu
porque assim o que eu percebi na percebi 92 na época que eu
época que eu estava com anemia estava com anemia
eu tinha parado de comer todas as 93 eu tinha parado de comer
Doador 03 Anemia
carnes e eu não fiz e foi uma época todas as carnes
foi há 10 10 não há 12 anos tem 12 94 e eu não fiz e foi uma época
anos isso foi há 10 10 não há 12 anos
tem 12 anos isso
235

95 foi uma época que eu fui a


nutricionista
foi uma época que eu fui a
96 e ela falou que eu estava
nutricionista e ela falou que eu
com deficiência de proteína
estava com deficiência de proteína Deficiência de
Doador 03 animal
animal eu não fazia biologia ainda proteína animal
97eu não fazia biologia ainda
entendeu ai depois de um tempo eu
entendeu
cai nessa
98 ai depois de um tempo eu
cai nessa
99 bom então eu vou voltar a
comer o frango porque carne
bom então eu vou voltar a comer o
vermelha eu nunca gostei
frango porque carne vermelha eu
mesmo 100 ai voltei a comer
nunca gostei mesmo ai voltei a Alimentação
Doador 03 carne branca e tal
comer carne branca e tal ai depois balanceada
101ai depois eu comecei
eu comecei quando eu comecei eu
quando eu comecei
pensei gente proteína e proteína
102 eu pensei gente proteína e
proteína
103 se eu tivesse feito uma
se eu tivesse feito uma alimentação alimentação direitinha
direitinha com espinafre com 104 com espinafre com feijão
Suprir necessidade
Doador 03 feijão entendeu suprir essa entendeu suprir essa carência
de proteína
carência nos legumes não ia fazer a nos legumes
maior diferença mas ainda tinha é 105 não ia fazer a maior
diferença mas ainda tinha é
106 a minha vó ainda fala que
eu tenho que comer mais carne
a minha vó ainda fala que eu tenho
vermelha
que comer mais carne vermelha Você está branca
107 porque proteína que presta
porque proteína que presta é a Não come carne
é a proteína do boi
Doador 03 proteína do boi porque ela não vermelha
108 porque ela não consegue
consegue porque não você está Não está comendo
109 porque não você está muito
muito branca por causa disso você direito
branca por causa disso
não está comendo direito
110 você não está comendo
direito
111 e de uns tempos para cá eu
e de uns tempos para cá eu tenho tenho mais consciência de me
mais consciência de me alimentar alimentar
Consciência
então estou comendo mais 112 então estou comendo mais
alimentar
Doador 03 direitinho então embora não seja a direitinho
alimentação ideal mas assim a 113 então embora não seja a
Ingestão de proteína
ingestão de proteína como carne alimentação ideal
branca 114 mas assim a ingestão de
proteína como carne branca
mas a minha ingestão de proteína 115 mas a minha ingestão de A anemia com a
Doador 03 está ok eu tento sempre manter os proteína está ok doação é a
alimentares direitinho então de 116 eu tento sempre manter os alimentação
repente essa questão relacionada alimentares direitinho
a anemia a anemia com a doação 117 então de repente essa
é a alimentação né questão relacionada a anemia
118 a anemia com a doação é a
alimentação né
119 é ou então sei lá tem
alguma situação sim
é ou então sei lá tem alguma
120 a minha anemia quando eu
situação sim a minha anemia
fiz a investigação
quando eu fiz a investigação eu
Doador 03 121eu estava com carência de Carência de ferritina
estava com carência de ferritina
ferritina
que era a proteína que carreava o
122 que era a proteína que
ferro ai falou assim então
carreava o ferro
123 ai falou assim então
236

124 carência de proteína então


carência de proteína então você você tem que comer
tem que comer a bendita da 125 a bendita da proteína mas
proteína mas olha só não são essas olha só não são essas proteínas
Doador 03 proteínas que você está comendo 126 que você está comendo não Carência de carne
não são as de carne ai na época eu são as de carne
falei assim e o frango como foi 127ai na época eu falei assim
uma situação opcional não 128 e o frango como foi
129 uma situação opcional não
130 sangue para mim ah meu
sangue para mim ah meu deus deus 131sangue para mim é um
sangue para mim é um caramba caramba
nunca parei para pensar nisso eu 132 nunca parei para pensar Dúvida sobre o que é
Doador 04
vou te que falar os termos nisso 133 eu vou te que falar os sangue
científicos é isso sangue para mim termos científicos
é um nossa 134 é isso sangue para mim é
um nossa
135 me deu um branco agora
me deu um branco agora sangue sangue caramba
caramba o que é o sangue para 136 o que é o sangue para mim
Sangue é algo
mim sangue para mim é algo sangue para mim
Doador 04 importante
importante né que a gente tem que 137 é algo importante né que a
Base fundamental
nós temos que é uma base gente tem que nós temos
fundamental também 138 que é uma base
fundamental também
139 e para quem precisa
e para quem precisa também isso também isso acho importante
acho importante bem_estar sinto bem-estar 140 sinto não é um Bem-estar interno
Doador 04 não é um bem_estar interno bem-estar interno mesmo Já é de mim
mesmo é uma coisa já de mim me 141é uma coisa já de mim me Me faz bem
faz bem sim tipo isso exatamente faz bem
142 sim tipo isso exatamente
143 ah para mim tem agora
ah para mim tem agora eu parei 144 eu parei para pensar
para pensar pode ter se o 145 pode ter se o profissional
profissional que está ali que está ali Cuidado no
Doador 04
executando as atividades ali o 146 executando as atividades procedimento
procedimento não tiver um ali
cuidado né 147o procedimento não tiver
um cuidado né
sim não sim receberia de boa isso 148 sim não sim receberia de
tecnicamente ele é um transplante boa 149 isso tecnicamente ele é
Receberia meu
mas só de sangue entendeu tem um transplante mas só de
Doador 04 sangue sem
vários meios assim mas é um sangue
problema
transplante sim porque é um vou 150 entendeu tem vários meios
explicar você assim
151mas é um transplante sim
152 porque é um vou explicar
você
153 nossa é muito complicado
nossa é muito complicado
154 desestimulado né que
desestimulado né que chato mas
Doador 04 chato 155 mas tem casos assim
tem casos assim é uma coisa assim
156 é uma coisa assim né
né aparentemente não não
157 aparentemente não não

158 no organismo mas o


sangue é o sangue
no organismo mas o sangue é o
159 que eu imagino para
sangue que eu imagino para Levar benefícios
doação
doação seja o sangue mais puro né para quem precisa
Doador 05 seja o sangue mais puro né
que possa assim levar benefícios Eu vim porque eu
160 que possa assim levar
para quem precisa eu vim porque gosto
benefícios para quem precisa
eu gosto de como que frequência
161eu vim porque eu gosto
162 de como que frequência
237

163 amor mesmo amor ao


amor mesmo amor ao próximo ao próximo ao ser humano
ser humano sei nem quem vai 164 sei nem quem vai receber
Amor ao próximo
Doador 05 receber mas a satisfação que eu 165 mas a satisfação que eu
Amor ao ser humano
tenho é de ajudar ao ser humano tenho
que está necessitado 166 é de ajudar ao ser humano
que está necessitado
167 são importantíssimas
são importantíssimas porque a porque a gente tem que ter
gente tem que ter consciência do consciência
Consciência
que está doando para esse ser 168 do que está doando para
Doador 05 Consciência de que
humano tem que ter consciência de esse ser humano
está com saúde
que a gente tem que está em plena 169 tem que ter consciência
saúde 170 de que a gente tem que está
em plena saúde
171 que é um ato de amor
172 efetivamente a gente não
pode saber
que é um ato de amor efetivamente
173 tem que ter alguma doença
a gente não pode saber tem que ter
e não
alguma doença e não relatar ou Saber de alguma
Doador 05 174 relatar ou correr risco de
correr risco de contaminar então eu doença e não relatar
contaminar
acho isso um absurdo a pessoa que
175 então eu acho isso um
se presta a esse tipo de conduta é
absurdo
176 a pessoa que se presta a
esse tipo de conduta é
178 antes disso nunca me
interessei
antes disso nunca me interessei aí
179 aí depois que esse colega
depois que esse colega necessitou
necessitou de doador de sangue Necessidade de uma
de doador de sangue aí eu passei
180 aí eu passei por uma colega
Doador 06 por uma palestra e dali para lá eu
palestra e Palestra
fiquei prestando atenção e aquilo
181 dali para lá eu fiquei Aquilo me absorveu
me absorveu ah já tem muitos anos
prestando atenção
isso
182 e aquilo me absorveu ah já
tem muitos anos isso
183 aí o colega estava
aí o colega estava precisando não precisando
sei se era para ele ou alguém da 184 não sei se era para ele ou Necessidade de um
Doador 06 família dele aí eu falei não cara alguém da família dele colega
nunca doei não mas eu vou lá na 185 aí eu falei não cara nunca Dooei a primeira vez
primeira vez doei 186 não mas eu vou lá na
primeira vez
187 o que eu entendo do
o que eu entendo do sangue hum sangue 188 hum como é que eu
Vida
como é que eu vou explicar é tipo vou explicar
Doador 06 Gente que tem
uma vida é vida tem muita gente 189 é tipo uma vida é vida
Gente que precisa
que tem e muita gente que precisa 190 tem muita gente que tem
191e muita gente que precisa

192 só pelos altos assim


só pelos altos assim que eu fique
193 que eu fique sabendo é
Doador 06 sabendo é que é uma coisa bem É bem importante
194 que é uma coisa bem
importante
importante
238

195 o que me motiva


o que me motiva é foi o que eu te 196 é foi o que eu te falei dos
falei dos 18 para os 19 anos onde 18 para os 19 anos
Necessidade de um
Doador 06 um amigo na época de quartel 197onde um amigo na época de
amigo do quartel
precisava de doação até então eu quartel precisava de doação
nunca me interessei por até então 198 até então eu nunca me
interessei por até então

199 acho que foi no quartel


acho que foi no quartel acho que
200 acho que foi no quartel era
foi no quartel era só no quartel isso
Doador 06 só no quartel Época do quartel
na época isso em 80 81 isso
201isso na época isso em 80 81
mesmo foi no quartel
202 isso mesmo foi no quartel

203infelizmente não tem


204 ah seria um sentimento de
infelizmente não tem ah seria um
amor
sentimento de amor amor ao
205 amor ao próximo
próximo muito porque ele é bem
Doador 06 206 muito porque ele é bem Amor ao próximo
explícito bem claro para a pessoa
explícito
que está doando não de jeito
207 bem claro para a pessoa
nenhum
que está doando
208 não de jeito nenhum
209 de maneira nenhuma no
inicio
de maneira nenhuma no início eu 210 eu até ficava essas
até ficava essas perguntas aqui mas perguntas aqui Perguntas
depois você vai vendo que é 211 mas depois você vai vendo comportamentais
Doador 06 importante mesmo essas perguntas que é importante Tem que ter
tem que ter tem que ser feitas pela 212 mesmo essas perguntas Tem que ser feitas
importância que é a doação de tem que ter Importância
sangue 213 tem que ser feitas pela
importância que é
214 a doação de sangue
215 ele tem risco de pegar uma
ele tem risco de pegar uma doença Risco de pegar
doença não não
não não se fosse necessário alguma doença
216 se fosse necessário
Doador 06 receberia não o meu próprio Se fosse necessário
receberia não o meu próprio
sangue receberia sim não não tem receberia
217 sangue receberia sim não
não sinceramente não tem não
218 não tem não sinceramente
não tem não
219 vida sim
vida sim não como eu estava no 220 não como eu estava no
Estava no centro do
centro do rio eu aproveitei que está centro do rio eu aproveitei
rio
Doador 07 com tempo livre e vim aqui doar 221que está com tempo livre e
Tempo livre
ajudar as pessoas né pessoas que vim aqui doar
eu nem conheço 222 ajudar as pessoas né
pessoas que eu nem conheço
223 sempre torço para que o
sangue que eu doou
sempre torço para que o sangue
224 ajudar ao máximo de
que eu doou ajudar ao máximo de
pessoas possível
pessoas possível em 1988 minha
225 em 1988 minha primeira Ajudar ao máximo
primeira doação foi quando eu
Doador 07 doação foi quando eu estava no de pessoas possível
estava no exército é foi o ônibus
exército Estava no exército
do hemorio no quartel eles
226 é foi o ônibus do hemorio
perguntaram quem queria doar e
no quartel
eu me candidatei
227 eles perguntaram quem
queria doar e eu me candidatei
239

228 ajudar ao próximo


229 tem sempre alguém
ajudar ao próximo tem sempre Ajudar ao próximo
230 que tem o mesmo fator
alguém que tem o mesmo fator Mesmo fator
sanguíneo
sanguíneo precisando sim só sanguíneo
Doador 08 precisei duas vezes só que eu vim 231 precisando sim Necessidade de um
232 só precisei duas vezes
dar força ao amigo que estava amigo
233 só que eu vim dar força ao
precisando e todas as minhas Doações
amigo que estava precisando
outras foram espontâneas espontâneas
234 e todas as minhas outras
foram espontâneas
235 isso ajudar ao próximo
236 isso eu estava no quartel
isso ajudar ao próximo isso eu
237 entrei no quartel aí teve
estava no quartel entrei no quartel Ajudar ao próximo
uma campanha no serum
aí teve uma campanha no serum aí Estava no quartel
Doador 08 238 aí foram buscar a gente aí
forma buscar a gente aí passamos Palestra
239 passamos por uma palestra
por uma palestra lá e de lá para cá

ajudar ao próximo
240 e de lá para cá ajudar ao
próximo
241 né tem aquela parte do
plasma 242 esqueci é sim com
né tem aquela parte do plasma certeza
esqueci é sim com certeza é porque 243 é porque assim eu vou te Tenho pavor de
Doador 09 assim eu vou te explicar porque explicar fazer exames de
que eu ainda não doei eu tenho 244 porque que eu ainda não sangue
pavor de fazer exame de sangue né doei
245 eu tenho pavor de fazer
exame de sangue né
246 foram perguntas que eu até
desconhecia
foram perguntas que eu até
247 e deu para entender
desconhecia e deu para entender Perguntas que
realmente
realmente o quanto é importante a desconhecia
248 o quanto é importante a
Doador 09 gente está limpo né quanto é Preocupações
gente está limpo né
importante a gente ter Importante estar
249 quanto é importante a
preocupações muito importante limpo
gente ter preocupações
olha depende né
250 muito importante olha
depende né
251 se eu consigo identificar
transfusão de sangue
se eu consigo identificar transfusão
252 é exatamente alguém que
de sangue é exatamente alguém
está recebendo o meu sangue
que está recebendo o meu sangue Amor e vida
Doador 09 né
né ou o sangue de alguém de uma
253 ou o sangue de alguém
outra pessoa amor e vida sim com
254 de uma outra pessoa
certeza sim
255 amor e vida
256 sim com certeza sim

257 aí eu comecei a doar


sangue
aí eu comecei a doar sangue e eu
258 e eu me sinto bem depois
me sinto bem depois que eu doo
que eu doo sangue
sangue também mas também para Me sinto bem depois
259 também mas também para
Doador 10 ajudar aqui né é bom doar sangue que doo sangue
ajudar aqui né
para poder ajudar as pessoas talvez Ajudar as pessoas
260 é bom doar sangue para
o meu sangue vai servir para
poder ajudar as pessoas
alguém né
261talvez o meu sangue vai
servir para alguém né
240

262 então é bom você saber


263 que você ajudou alguém
então é bom você saber que você
264 poxa sangue sangue é vida
ajudou alguém poxa sangue sangue Bom saber que você
265 ah sangue é vida sangue é
Doador 10 é vida ah sangue é vida sangue é já ajudou alguém
vida
vida é isso e a gente precisa dele Vida
266 é isso e a gente precisa
né ué espontaneamente
dele né
267 ué espontaneamente
268 para preencher esse
papelzinho
para preencher esse papelzinho eu 269 eu não enxergo pegar o
não enxergo pegar o ônibus ônibus sozinha
sozinha eu não enxergo para ver o 270 eu não enxergo para ver o Preencher esse
Doador 10
visor ali a minha amiga foi visor ali papelzinho
primeira tive que pedir para a 271a minha amiga foi primeira Eu não enxergo
moça ver para mim isso aí tive que pedir
272 para a moça ver para mim
isso aí
273 aí está fazendo as
perguntas para você
274 o que você tem o que você
não tem
aí está fazendo as perguntas para 275 que você usa então tem Perguntas
Doador 10 você o que você tem o que você muita importância comportamentais são
não tem o que você usa então tem 276 eu acho que não muito importantes
muita importância eu acho que não 277 porque o sangue hoje em
porque o sangue hoje em dia ser dia ser passado
passado para pessoa depois recebe 278 para pessoa depois recebe
né né
279 eu doaria os seres humanos
hoje
280 em dia estão pensando
Doador 10 muito Ajudar ao próximo
eu doaria os seres humanos hoje 281 ao contrário né eu não
em dia estão pensando muito ao penso assim
contrário né eu não penso assim 282 penso assim eu não sou
penso assim eu não sou deus né deus né
Fonte: Elaboração própria, 2020.

LOGIA 05: Significados e sentidos à doação de sangue

Segmentos dos textos das


Entrevistados falas Segmentos dos textos das falas Temas

01 não é bom quando é


não é bom quando é
perguntando
perguntando e a primeira
02 e a primeira coisa você fala
coisa você fala senão fica Relaciono sangue a dor
03 senão fica pensando e pensando
pensando e pensando e Nunca a vida
Doador 01 04 e sangue relaciono muito
sangue relaciono muito Apesar de ser doador
sangue a dor
sangue a dor nunca a vida Dor do outro
05 nunca a vida assim
assim apesar de ser doador
06 apesar de ser doador mas a dor
mas a dor do outro
do outro

07 não sei porque eu me sinto bem


não sei porque eu me sinto
08 por isso que eu nunca passei Me sinto bem
bem por isso que eu nunca
tanto tempo sem doar em 2015 Nunca passei tanto tempo
passei tanto tempo sem doar
Doador 01 09 eu acho preguiça sem doar
em 2015 eu acho preguiça
10 não sei já passei tantas vezes Preguiça
não sei já passei tantas vezes
aqui Gosto de doar aqui
aqui e eu gosto de doar aqui
11 e eu gosto de doar aqui
241
12 já tive oportunidade de passar
já tive oportunidade de passar
em lugares
em lugares outros hospitais
13 outros hospitais Valorização do ser
mas eu gosto daqui
14 mas eu gosto daqui humano
valorização valorizar o ser o
Doador 01 15 valorização Vida
ser humano a vida o
16 valorizar o ser o ser humano Bem-estar
bem_estar coisa boa apesar
17 a vida o bem-estar coisa boa
de o sangue ter uma relação
18 apesar de o sangue ter uma
para mim com dor
relação para mim com dor
19 a dor do outro mas em mim
20 é bem-estar
a dor do outro mas em mim é
21 me sinto é como se eu saísse
bem_estar me sinto é como
daqui Dor do outro
se eu saísse daqui e nada
22 e nada importasse assim Bem-estar
Doador 01 importasse assim ah
23 ah aconteceu Nenhuma obrigação
aconteceu não nenhuma
24 não nenhuma obrigação Amor
obrigação sentimento amor é
25 sentimento amor é amor
amor
26 normal

27 para mim é normal


para mim é normal para mim 28 para mim não
não tem nenhuma pergunta 29 tem nenhuma pergunta
que vai me constranger por que vai me constranger
tanto que tenha relação com 30 por tanto que tenha relação com
o homem não tem nenhuma o homem Nenhuma pergunta me
Doador 01
pergunta que vai me 31não tem nenhuma pergunta que deixa constrangido
constranger ou que eu vou vai me constranger
ficar constrangido ou que eu 32 ou que eu vou ficar
vou pensar duas vezes antes constrangido
de responder 33 ou que eu vou pensar duas
vezes antes de responder
34 eu já sei o que eu tenho que
eu já sei o que eu tenho que responder
responder que eu vou 35 que eu vou responder
responder olha até hoje eu 36 olha até hoje eu nunca tive essa Nunca passei mal
Doador 01 nunca tive essa sensação não sensação Nem tonteira
nunca passei mal nem 37 não nunca passei mal
tonteira nem lá dentro nem 38 nem tonteira
quando saio 39 nem lá dentro
40 nem quando saio

nem depois nunca senti e eu 41 nem depois nunca senti


sou fumante tenho que evitar 42 e eu sou fumante tenho que
de fumar um cigarro logo que evitar de fumar um cigarro Sou fumante
Doador 01
eu saio mas quando eu saio 43 logo que eu saio mas quando eu Cuidados após a doação
ascendo logo um cigarro mas saio ascendo logo um cigarro
um esforço físico não 44 mas um esforço físico não

45 só de andar já é um esforço
só de andar já é um esforço
físico
físico eu saio daqui e às
46 eu saio daqui e às vezes eu vou
vezes eu vou andando para
andando para casa
Doador 01 casa eu moro no catete no Cuidados após a doação
47 eu moro no catete
flamengo eu vou andando por
48 no flamengo eu vou andando
dentro aqui é um esforço isso
por dentro

49 aqui é um esforço isso aí
50 eu faço besteira mas nada de
eu faço besteira mas nada de
besteira que prejudique a mim e
besteira que prejudique a Se fizer besteira que
aos outros
mim e aos outros se prejudique a mim
Doador 01 51 se prejudicar prejudique só a
prejudicar prejudique só a Me sinto bem
mim
mim ah mas sei lá me sinto Esperança
52 ah mas sei lá me sinto bem
bem me sinto bem esperança
53 me sinto bem esperança
242

54 ser lá contato não for íntimo


ser lá contato não for íntimo
55 não for é agradecer com os
não for é agradecer com os
olhos Agradecer com os olhos
olhos eu não sei se no
56 eu não sei se no momento Espero não passar
Doador 01 momento que eu visse espero
que eu visse Deve ser uma dor
não passar por isso porque
57 espero não passar por isso Não uma dor física
deve ser uma dor não uma
58 porque deve ser uma dor não
dor física
uma dor física
59 mas uma dor tipo na cabeça da
mas uma dor tipo na cabeça
pessoa
da pessoa ela deve ficar
60 ela deve ficar quando vai
quando vai chegar quando eu Dor na cabeça da pessoa
chegar 61quando eu vou receber
vou receber e o tempo Quando vai chegar
Doador 01 62 e o tempo passando
passando não que você queira Quando vou receber
63 não que você queira que morra
que morra alguém eu pelo Tempo passando
alguém
menos não pensaria nisso
64 e eu pelo menos não pensaria
agora eu não sei
nisso 65 agora eu não sei
sim é me senti normal eu li as 66 sim é me senti normal e
perguntas a pessoa fazendo 67 eu li as perguntas
os exames que tem que fazer 68 a pessoa fazendo os exames Me senti normal
que vocês fazem no caso e 69 que tem que fazer que vocês Não tenho nenhum
Doador 02
batendo com o questionário fazem impedimento
positivamente não tendo 70 no caso e batendo com o Não há risco
nenhum impedimento eu questionário
acho que não há risco 71positivamente não tendo
nenhum impedimento
72 eu acho que não há
risco
73 no caso de uma pergunta que
no caso de uma pergunta que
você fez
você fez que eu vou me
74 que eu vou me tentar lembrar Não que eu gostei de
tentar lembrar sobre a 7 no
sobre a 7 no questionário responder
questionário não que eu
75 não que eu gostei de responder Perguntas
Doador 02 gostei de responder mas é
mas é interessante constrangedoras
interessante já que tem muito
76 já que tem muito homossexuais Não me senti confortável
homossexuais é interessante
77 é interessante essa pergunta
essa pergunta mas se eu me
78 mas se eu me senti confortável
senti confortável não
não
não é eu entendo que por 79 não é eu entendo que por haver
haver tantos homossexuais tantos homossexuais
homens quanto mulheres é 80 homens quanto mulheres é É importante fazer
importante fazer mas falar importante fazer Não me senti confortável
Doador 02
que eu me senti confortável 81mas falar que eu me senti em responder
em responder isso não que eu confortável em responder isso não
deixo a revisar aqui ah claro 82 que eu deixo a revisar aqui ah
a 43 claro a 43
83 os materiais são descartáveis
os materiais são descartáveis
84 então nunca senti nenhum tipo
então nunca senti nenhum Materiais descartáveis
de desconforto ou insegurança
tipo de desconforto ou Nunca senti nenhum
Doador 02 85 em relação a isso já já uma vez
insegurança em relação a isso desconforto ou

já já uma vez só que eu insegurança
86 que eu desmaiei depois da
desmaiei depois da doação
doação
243
87 mas eu acho que ainda tem
mas eu acho que ainda tem muito receio
muito receio de passar por 88 de passar por algum tipo Receio
Doador 03 algum tipo de mais será que de mais Será que os exames são
esses exames são confiáveis? 89 será que esses exames são confiáveis?
né será que dá para será que confiáveis? né Será que eu não vou ter
eu não vou ter nenhum tipo 90 será que dá para será nenhum tipo de reação?
de reação? 91que eu não vou ter nenhum tipo
de reação?

92 eu falei vó
eu falei vó eu faço exame
93 eu faço exame inclusive ela
inclusive ela é branquinha do
94 é branquinha do olho azul
olho azul eu sou a única neta
95 eu sou a única neta que tem
Doador 03 que tem olho azul da geração Geração em geração
olho azul
depois dela sou a única que
96 da geração depois dela sou a
sou igualzinha a ela mas
única que sou igualzinha a ela
ainda tem esse mito né
97 mas ainda tem esse mito né
98 solidariedade de empatia
solidariedade de empatia de 99 de companheirismo com o
companheirismo com o próximo
próximo ai tá vendo 100 ai tá vendo
Solidariedade
comprometimento isso sim e 101comprometimento isso sim
Empatia
assim a gente respondia eu 102 e assim a gente respondia
Doador 04 Comprometimento
respondia sem nenhum 103 eu respondia sem nenhum
Constrangimento com as
problema mas a enfermeira problema
perguntas
ao lado já perguntava e isso 104 mas a enfermeira ao lado já
já era constrangedor para perguntava
mim 105 e isso já era constrangedor
para mim
106 porque eu já respondi
porque eu já respondi ali no
107 ali no meu individual
meu individual não tinha
108 não tinha problema nenhum
problema nenhum responder
responder Eu já rerspondi individual
mas depois eu te que dialogar
Doador 04 109 mas depois eu te que dialogar E depois ter que dialogar
é um pouco desconfortável
110 é um pouco desconfortável é desconfortável
eu acho meio desconfortável
111 eu acho meio desconfortável
doador isso exato por um
112doador isso exato por um lado
lado sim
sim
113 de antissepsia
de antissepsia ali de 114 ali de esterilização
esterilização todo 115 todo procedimento
procedimento que foi 116 que foi passado no decorrer do
passado no decorrer do curso curso né Receio
Doador 04 né não foi bem tranquilo não 117 não foi bem tranquilo não eu Primeira vez foi tranquilo
eu já tive receio mas a já tive receio me senti confiante
primeira vez foi tudo 118 mas a primeira vez foi tudo
tranquilo e assim me senti tranquilo
confiante também 119 e assim me senti confiante
também

eu sempre tive vontade mas 120 eu sempre tive vontade


eu sempre tive problema de 121mas eu sempre tive problema
até para fazer um exame 122 de até para fazer um exame Imaginava que pela
Doador 05 simples eu passar mal e tal eu simples eu passar mal e tal quantidade de sangue ia
até imagina que na doação 123 eu até imagina que na doação passar mal
pela quantidade de sangue eu pela quantidade de sangue
ia passar mal 124 eu ia passar mal
244
125 ia desmaiar
ia desmaiar e eu sempre quis 126 e eu sempre quis fazer
fazer mas eu tinha assim 127 mas eu tinha assim certo
certo receio de passar mal aí receio de passar mal
quando a hemorio foi lá no 128 aí quando a hemorio foi lá no
Receio de passar mal
meu trabalho que só de uma meu trabalho
Doador 05 Hemorio foi ao trabalho
campanha lá eu me senti 129 que só de uma campanha
Me senti motivada
muito e conversei com 130 lá eu me senti muito e
algumas pessoas né que já conversei com algumas pessoas né
tinham doado e me senti 131 que já tinham doado
motivada em participar 132 e me senti motivada em
participar

participei me senti bem então 133 participei me senti bem


Me senti bem
continuei eu acho que é a 134 então continuei
Doador 05 Continuei
quarta sim sim com 135 eu acho que é a quarta sim
Regularidade
regularidade 136 sim com regularidade

saio flutuando muito feliz 137 saio flutuando muito feliz


Saio flutuando, muito
não não nunca passei não dá 138 não não nunca passei
feliz
um pouquinho de mal estar 139 não dá um pouquinho de mal
dá um pouquinho de mal
Doador 05 da primeira vez eu senti um estar da primeira vez
estar da primeira vez
pouco de vertigem mas 140 eu senti um pouco de vertigem
senti um pouco de
rapidamente me recompus e 141 mas rapidamente me
vertigem
sai normal recompus e sai normal
142 não é fisiológica não
não é fisiológica não é
143 é sentimento
sentimento mesmo isso
144 mesmo isso interessante
interessante eu nunca ouvi
145 eu nunca ouvi falar Necessidade sentimental
Doador 05 falar uns relatam né boa sorte
146 uns relatam né boa sorte
tomara que chegue bastante e
147 tomara que chegue bastante e
complete hoje mas aí é
complete hoje
complicado não
148 mas aí é complicado não
149 depois que mistura lá já era
depois que mistura lá já era já
já virou o sangue dele né
virou o sangue dele né achei
150 achei achei bastante
achei bastante interessante
interessante
esse tipo de estudo de Depois que mistura
151 esse tipo de estudo de
Doador 05 pesquisa ir além da parte Já virou sangue dele
pesquisa ir além da parte física
física ir também na parte Ir além da parte física
152 ir também na parte emocional
emocional do doador e do
do doador e do receptor
receptor e te desejar boa sorte
153 e te desejar boa sorte no seu
no seu trabalho
trabalho
154 graças a deus até hoje não
graças a deus até hoje não até
155 até hoje né até hoje
hoje né até hoje eu não passei
156 eu não passei mal não
Doador 06 mal não sempre sai na boa Nunca passei mal
157 sempre sai na boa tranquilo
tranquilo tranquilo graças a
158 tranquilo graças a deus
deus não me avisa
159 não me avisa
160 desde de moleque eu já via o
desde de moleque eu já via o
meu pai doando
meu pai doando e o meu filho
161 e o meu filho já é doador
já é doador também meu Faz bem
162 também meu filho doou
Doador 07 filho doou também para mim Me sinto com sentimento
163 também para mim faz bem
faz bem me sinto bem com Boa vontade
164 me sinto bem com sentimento
sentimento eu não sei boa
165 eu não sei
vontade
166 boa vontade
245
167 saio bem graças a deus
168 nunca tive problema
saio bem graças a deus nunca 169 nenhum não
Saio normal
tive problema nenhum não 170 não sempre
Saio bem graças a Deus
não sempre foi normal graças 171 foi normal
Nunca tive problema
Doador 07 a deus não no começo achava 172 graças a deus não
São perguntas necessárias
até graça né mas ao longo do 173 no começo achava
tempo a gente vai vendo que 174 até graça né
são perguntas necessárias 175 mas ao longo do tempo
176 a gente vai vendo
177 que são perguntas necessárias

178 várias vezes não


179 mas assim
várias vezes não mas assim
180 se eu tenho na mente
se eu tenho na mente eu sinto
181 eu sinto falta Eu sinto falta
Doador 07 falta eu gosto no entanto eu
182 eu gosto Eu gosto
te falei que trabalhava de
183 no entanto
biscate né
184 eu te falei que trabalhava de
biscate né
185 isso me sinto bem
isso me sinto bem nunca tive
186 nunca tive problema
problema com reação após a
187 com reação após a doação
doação todas as doações Me sinto bem
188 todas as doações graças a deus
graças a deus foram Nunca tive problema
Doador 08 189 foram satisfatórias
satisfatórias prazer tem gente Prazer
190 prazer tem gente que faz
que faz por obrigação eu Não é por obrigação
191 por obrigação eu gosto
gosto é prazeroso para mim
192 é prazeroso para mim poder
poder ajudar
ajudar
e uma outra dúvida que eu 193 e uma outra dúvida
tenho com relação a sangue o 194 que eu tenho com relação a
meu sogro falou que quando sangue 195 o meu sogro falou que Doa a primeira vez é
Doador 08 você doa a primeira vez você quando você doa a primeira vez obrigado a doar para o
é obrigado a doar para o resto 196 você é obrigado a doar para o resto da vida?
da vida? porque se não dá resto da vida?
problema 197 porque se não dá problema?
198 isso é verdade ou mentira
isso é verdade ou mentira
199 uma vez que você doa
uma vez que você doa tem uma vez que você doa
200 tem que doar para o resto da
Doador 08 que doar para o resto da vida tem que doar para o resto
vida
aí eu falei não tem problema da vida
201 aí eu falei não tem problema
não
não
202 entendi é verdade amor amor
entendi é verdade amor amor é
é exatamente isso você levar 203 exatamente isso você levar o
Amor
o seu sangue a necessidade seu sangue
Doador 09 Necessidade do outro
de alguém que ele pode 204 a necessidade de alguém que
Salvar vidas
realmente salvar uma vida né ele pode realmente salvar
não assim foi até muito bom 205 uma vida né
206 não assim foi até muito bom
só que isso nossa quando tem 207 só que isso nossa quando tem
que fazer é muito difícil pelo que fazer é muito difícil
Amor
Doador 09 amor pelo amor só por isso 208 pelo amor pelo amor
Amor ao próximo
porque senão pelo amor ao 209 só por isso porque senão
próximo 210 pelo amor ao próximo
211 ah vou tentar vir mais vezes
212 o ato de doar sangue
ah vou tentar vir mais vezes o 213 é o ato de salvar vidas
Salvar vidas
ato de doar sangue é o ato de 214 sentimento humanidade
Doador 10 Humanidade
salvar vidas sentimento 215 com certeza
humanidade com certeza ah 216 ah porque
porque é antes da pessoa doar 217 é antes da pessoa doar
o sangue né o sangue né
Fonte: Elaboração própria, 2020.
246

APÊNDICE H – Quadros de Análise de Conteúdo da Pentalogia do Cliente-receptor de


sangue
LOGIA 01: REAÇÕES do RECEBER a VIDA: Medos e angústias relacionados à
transfusão de sangue
Segmentos de textos das
Entrevistados Unidades de Registros Temas
falas
01 para eles continuarem que deus
para eles continuarem que
abençoa
deus abençoa os gestos né
02 os gestos né
que é um gesto muito Continuidade
03 que é um gesto muito bonito
bonito apesar de ter muita Deus abençoa os gestos
04 apesar de ter muita gente que
Receptor 01 gente que ainda tem medo Gesto muito bonito
ainda tem medo
de assim às vezes quer doar Pessoas que tem medo
05 de assim às vezes quer doar
mais tem medo acho que Falta de informação
06 mais tem medo acho
falta de informação né
07 que falta de informação né
essas coisas assim
08 essas coisas assim
09 não agora eu não sei
não agora eu não sei porque
10 porque agora eu já vou sair já vou sair dessa
agora eu já vou sair dessa já
dessa vou fazer o transplante de
Receptor 01 vou fazer o transplante de
11 já vou fazer o transplante de medula autólogo
medula autólogo que eu
medula autólogo
vou fazer em juiz de fora
12 que eu vou fazer em juiz de fora
13 eu não sei dizer porque
eu não sei dizer porque eu
14 eu acho que eu tive uma reação
acho que eu tive uma eu acho que eu tive uma
15 mas eu não sei o que aconteceu
reação mas eu não sei o que reação
Receptor 02 16 porque eu era novinho
aconteceu porque eu era eu era novinho
17 minha mãe que sabe
novinho minha mãe que minha mãe que sabe
18 não sei lá
sabe não sei lá não só não
19 não só não
não assim tem as hemácias
os glóbulos brancos tem 20 não assim tem as hemácias
tudo plasma essas coisas 21 os glóbulos brancos
tem as hemácias
mas eu estava pensando em 22 tem tudo plasma essas coisas
glóbulos brancos
Receptor 02 uma resposta mais 23 mas eu estava pensando
acho que é muito
profunda mas não veio à 24 em uma resposta mais profunda
importante
cabeça acho que é muito 25 mas não veio à cabeça a
importante muito 26 acho que é muito importante
importante 27 muito importante
28 faz muito tempo
faz muito tempo que eu não 29 que eu não preciso
preciso mesmo mas eu 30 mesmo mas eu vivia aqui
faz muito tempo
vivia aqui fazendo fazendo
que eu não preciso
transfusão até uns doze 31transfusão até uns doze anos sim
eu vivia aqui fazendo
Receptor 02 anos sim os meus amigos a 32 os meus amigos a maioria deles
transfusão
maioria deles doa só quem doa
amigos a maioria deles
não pode por causa do 33 só quem não pode
doam
tamanho ou peso ou alguma 34 por causa do tamanho
doença também 35 ou peso
36 ou alguma doença também
antes quando eu não tinha 37 antes quando eu não tinha
informações eu não tinha informações
Falta de informação
conhecimento eu ficava 38 eu não tinha conhecimento
Medo de acontecer algo
com medo de acontecer 39 eu ficava com medo de
Receptor 02 errado
alguma coisa errada porque acontecer
Receio porque tive uma
a minha mãe falava que 40 alguma coisa errada
reação
teve uma vez que eu tive 41porque a minha mãe falava
uma reação e aí eu ficava 42 que teve uma vez
247

receoso 43 que eu tive uma reação


44 e aí eu ficava receoso

45 esperando ou por causa de dor Espera pelo sangue


esperando ou por causa de
46 ah felicidade Dor
dor ah felicidade acho que a
47 acho que a minha vida inteira Minha vida inteira girou em
minha vida inteira girou
48 girou entorno dele torno dele
entorno dele eu tenho
49 eu tenho problema por causa Tenho problemas por causa
Receptor 02 problema por causa dele
dele dele
claro minha medula não faz
50 claro minha medula Minha medula não faz as
hemácias certas e eu vivi
51 não faz hemácias certas hemácias certsa
metade da minha vida aqui
52 e eu vivi metade da minha vida Vivi metade da minha vida
dentro
aqui dentro aqui dentro
53 ah foi difícil foi
ah foi difícil foi perdi boa
54 perdi boa parte da minha
parte da minha infância por
infância
causa disso e não sei dizer é Perdi minha infância
Receptor 02 55 por causa disso e não sei dizer é
não na escola não porque Questão de viver sabe?
56 não na escola não
eu sempre corri atrás mas
57 porque eu sempre corri atrás
só questão de viver sabe?
58 mas só questão de viver sabe?
59 brincar essas coisas
brincar essas coisas eu não
60 eu não tinha tempo
tinha tempo para isso eu Brincar
61 para isso eu não podia me
não podia me esforçar não tinha tempo
esforçar
também por causa da não podia me esforçar
Receptor 02 62 também por causa da doença
doença então não jogava por causa da doença
bola não jogo até hoje 63 então não jogava bola não jogava bola
porque eu não gosto não 64 não jogo até hoje não jogo até hoje
gosto mais 65 porque eu não gosto
66 não gosto mais
67 e o que eu
e o que eu eu só vivia
68 eu só vivia dentro de casa
dentro de casa quando eu só vivia dentro de casa
69 quando eu ganhei o meu
ganhei o meu primeiro ganhei o meu primeiro
Receptor 02 primeiro computador
computador foi quando eu foi quando eu comecei a
70 foi quando eu comecei a viver a
comecei a viver a brincar viver a brincar computador
brincar
entre aspas de verdade
71 entre aspas de verdade
72 não todas eu sei das reações
não todas eu sei das reações
73 mas além disso eu acho que não
mas além disso eu acho que
74 não é não
não não é não me
Receptor 02 75 me informaram quais são os Não visualiza riscos
informaram quais são os
riscos
riscos mas eu sei que há
76 mas eu sei que há riscos
riscos não acho que não
77 não acho que não
se foi assinado foi pela 78 se foi assinado
minha mãe mas eu não sei 79 foi pela minha mãe Assinado pela minha mãe
se ocorreu nunca tinha 80 mas eu não sei se ocorreu parece que é transplante
pensado nisso mas parece 81 nunca tinha pensado nisso que vem de outro indivíduo
que é transplante já que 82 mas parece que é transplante achei interessante
Receptor 02
vem de outro indivíduo 83 já que vem de outro indivíduo eu nunca cheguei a
achei interessante uhum 84 achei interessante uhum conversar assim com
adorei eu nunca cheguei a 85 adorei eu nunca cheguei a alguém sobre isso
conversar assim com conversar assim
alguém sobre isso 86 com alguém sobre isso
248

87 eu teria que vir semana que Transtorno de você sair de


eu teria que vir semana que
vem casa
vem então é um transtorno
88 então é um transtorno né o trajeto para cá
né de você sair de casa o
89 de você sair de casa pegar trânsito perigo
trajeto para cá pegar
Receptor 03 90 o trajeto para cá aí você chega aqui não tem
trânsito perigo e aí você
91 pegar trânsito perigo bolsa é ruim
chega aqui não tem bolsa
então é ruim por causa 92 e aí você chega aqui
disso 93 não tem bolsa então
94 é ruim por causa disso
é tem os riscos de doenças 95 é tem os riscos de doenças né
eu fiz o processo
né sim acredito que quando 96 sim acredito
no hemorio
Receptor 03 eu fiz o processo aqui no 97 que quando eu fiz o processo
devo ter assinado sim
hemorio eu devo ter 98 aqui no hemorio
assinado sim é não 99 eu devo ter assinado sim é não
100 você tem que confiar
você tem que confiar
101 apenas confiar
apenas confiar você precisa
102 você precisa então
então você tem que confiar
103 você tem que confiar você tem que confiar
como um transplante ah o
Receptor 03 104 como um transplante ah apenas confiar
transplante bom acredito
105 o transplante bom acredito que você precisa
que o transplante quando
o transplante
você faz o transplante
106 quando você faz o transplante
aquilo é
107 aquilo é
108 não sei eu acredito que não
não sei eu acredito que não
109 mas ah sim acredito
mas ah sim acredito que
110 que sim porque
sim porque tem muita gente
111 tem muita gente que doa não sei eu acredito que não
que doa medula né que faz
Receptor 03 112 medula né tem muita gente que doa
a doação de medula
113 que faz a doação de medula doação de medula
também assim como faz a
114 também assim como faz a
doação de sangue que é tão
doação de sangue
importante quanto
115 que é tão importante quanto
mas eu acredito assim que 116 mas eu acredito assim
eles não têm noção de 117 que eles não têm noção
quanto é para gente que 118 de quanto é para gente que
eles não têm noção
precisa porque uma coisa é precisa
Receptor 03 quanto é para gente que
você doar vou dar um 119 porque uma coisa é você doar
precisa
exemplo você tem várias 120 vou dar um exemplo
blusas de frio aí você fala 121 você tem várias blusas de frio
assim 122 aí você fala assim
123 né nos finais dos tempos
né nos finais dos tempos
124 vai ter que ir para as
vai ter que ir para as
montanhas em brincando
montanhas em brincando
125 mas aí eu vou mas vou durar mas vou durar muito pouco
mas aí eu vou mas vou
Receptor 03 muito pouco tempo tempo sem sangue
durar muito pouco tempo
126 porque sem sangue não tem
porque sem sangue não tem
como
como então mas assim é
127 então mas assim
muito importante
128 é muito importante
que o nosso corpo sem ele 126 que o nosso corpo sem ele
você não anda não vive não 127 você não anda não vive
tem jeito né eu acredito que 128 não tem jeito né
o nosso corpo sem ele
Receptor 04 sim né nunca procurei 129 eu acredito que sim né
você não anda não vive
assim informações 130 nunca procurei assim
específicas sobre isso mas informações específicas sobre isso
eu acredito que sim 131 mas eu acredito que sim
eu acho uma coisa muito 132 eu acho uma coisa muito acho uma coisa muito
Receptor 04 necessária e acho uma coisa necessária necessária
assim de solidariedade das 133 e acho uma coisa assim de solidariedade você não
249

pessoas que não tem outro solidariedade compra em farmácia você


jeito né você não compra 134 das pessoas que não tem outro tem que contar com a boa
em farmácia você tem que jeito né vontade das pessoas
contar com a boa vontade 135 você não compra em farmácia
das pessoas 136 você tem que contar com a
boa vontade das pessoas
ah a gente fica assim 137ah a gente fica assim
poderia ter tido né a gente 138 poderia ter tido né a gente sai um pouco
sai um pouco frustrado mas 139 a gente sai um pouco frustrado frustrado porque não é uma
eu acho normal porque não 140 mas eu acho normal coisa que as pessoas que
Receptor 04
é uma coisa que as pessoas 141 porque não é uma coisa acontece por vontade
que acontece por vontade 142 que as pessoas que acontece própria de ninguém da
própria de ninguém da 143 por vontade própria instituição
instituição 144 de ninguém da instituição
145 ah você fica tranquilo
ah você fica tranquilo só
146 só porque já vai sair daqui
porque já vai sair daqui
Receptor 04 147 numa boa já tranquilo
numa boa já é uma situação
148 é uma situação
de como é que é
149 de como é que é
150 já estou usando há uns três
já estou usando há uns três meses
meses ah você pode ser 151 ah você pode ser contaminado
contaminado com vários 152 com vários tipos de doença
você pode ser contaminado
tipos de doença eu acredito 153 eu acredito que aqui no
vários tipos de doença
que aqui no hemorio hemorio
Receptor 04 eu acredito que aqui no
principalmente o processo 154 principalmente o processo de
hemorio o processo de
de garantia nessa situação é garantia
garantia é melhor
se não for melhor é 155 nessa situação é
comparado com os 156 se não for melhor
melhores do mundo 157 é comparado com os melhores
do mundo
158 não não eu já fiz um termo de
não não eu já fiz um termo responsabilidade
de responsabilidade coisa e 159 coisa e tal não eu já fiz um termo de
tal mas eu não lembro 160 mas eu não lembro exatamente responsabilidade eu não
exatamente se tinha esse 161se tinha esse tipo de lembro exatamente eu sei
Receptor 04
tipo de informação mas eu informação que você pode pegar várias
sei que você pode pegar 162 mas eu sei que você pode doenças através de uma
várias doenças através de pegar transfusão
uma transfusão 163 várias doenças através de uma
transfusão
164 transplante é definitivo às
transplante é definitivo às vezes
vezes a pessoa eu por 165 a pessoa eu por exemplo no
exemplo no início tinha início transplante é definitivo
indicação de um transplante 166 tinha indicação de um indicação de um transplante
Receptor 04
de medula mas hoje a transplante de mas hoje a minha médica
minha a minha médica já 167 medula mas hoje a minha esquece
fala não esquece agora já médica já fala
não está mais nessa 168 não esquece
169 agora já não está mais nessa
170 só queria dizer que com todas
só queria dizer que com
as dificuldades
todas as dificuldades que
171 que existe aqui ainda é que
existe aqui ainda é que a
172 a gente consegue resolver os com todas as dificuldades
gente consegue resolver os
Receptor 04 problemas que existe aqui ainda é que
problemas pelo menos
173 pelo menos parte a gente consegue resolver
parte como seria se não
174 como seria se não tivesse
tivesse mas infelizmente
175 mas infelizmente
não é a instituição em si
176 não é a instituição em si
250

177 porque para tanta coisa a


porque para tanta coisa a galera a acorda cedo
galera a acorda cedo ou 178 ou galera não precisa acordar
galera não precisa acordar cedo
cedo para vir para cá a para vir para cá Falta da disponibilidade
Receptor 05 gente sabe que funciona até 179 a gente sabe que funciona até
feriado mas a galera faz feriado doadores
tanto sacrifício para tanta 180 mas a galera faz tanto
coisa para uma coisa que é sacrifício para tanta coisa
importante né 181 para uma coisa que é
importante né
182 tem gente que vem
tem gente que vem sabe 183 sabe com uma diferença
com uma diferença menor 184 menor sabe
sabe duas semanas se é um 185duas semanas se é um mês Tempo dedicado ao
Receptor 05
mês e eu já fico louca ah eu 186 e eu já fico louca
fico não quero ir ontem eu 187 ah eu fico
estava falando 188 não quero ir ontem
189 eu estava falando
pensando em tudo que a 190 pensando em tudo que a gente tudo que a gente passa
gente passa em tudo que a passa tudo o que a gente vive
gente passa em tudo o que a 191em tudo que a gente passa triste o sofrimento de achar
Receptor 05 gente vive triste o 192 em tudo o que a gente vive a bolsa
sofrimento de achar a bolsa 193 triste o sofrimento a gente cogita sim a
para enfim a gente cogita 194 de achar a bolsa para enfim hipótese
sim a hipótese 195 a gente cogita sim a hipótese
se desse viver sem mas a 196 se desse viver sem mas se desse viver sem mas a
gente sabe que não dá então 197 a gente sabe que não dá gente sabe que não dá
a gente tem que lutar para 198 então a gente tem que lutar a gente tem que lutar
Receptor 05 conseguir o nosso sim tem 199 para conseguir o nosso sim para conseguir o nosso sim
é algumas doenças né 200 tem é algumas doenças né hepatite aids tudo isso que
hepatite aids tudo isso que 201 hepatite aids tudo isso que possa
possa contaminar possa contaminar contaminar
202 sim no caso a minha mãe
sim no caso a minha mãe
assinou
assinou porque eu era
203 porque eu era menor
menor e a minha mãe teve minha mãe assinou
204 e a minha mãe teve que
que assinar mas de tempos porque eu era menor
assinar
Receptor 05 em tempos eles dão de tempos em tempos
205 mas de tempos em tempos
normalmente um termo de eles dão novamente um
206 eles dão novamente um termo
consentimento para a gente termo de consentimento
de consentimento
assinar como se fosse uma
207para a gente assinar como se
renovação né
fosse uma renovação né
208 mas também tem coisas que
mas também tem coisas que pioram tem coisas que pioram
pioram tem coisas que 209 tem coisas que decaem ao coisas que decaem ao longo
decaem ao longo do tempo longo do tempo do tempo nem tudo é para
Receptor 05
nem tudo é para melhor na 210 nem tudo é para melhor na melhor na vida
vida na verdade nem tudo é vida
para melhor não 211 na verdade nem tudo é para
melhor não
212 olha se eu pudesse escolher
olha se eu pudesse escolher 213 eu não receberia se eu pudesse escolher
eu não receberia não 214 não porque é um risco que eu não receberia porque é
Receptor 05 porque é um risco que corre corre um risco que corre
ah um monte né porque 215 ah um monte né hoje em dia é muita doença
hoje em dia é muita doença 216 porque hoje em dia é muita
doença
251

217 já me informaram já
já me informaram já ouvi 218 ouvi relatos de pessoas
já me informaram
relatos de pessoas que já 219 que já pegaram um tipo de
ouvi relatos de pessoas
pegaram um tipo de hepatite
que já pegaram um tipo de
Receptor 06 hepatite sim dos riscos sim 220 sim dos riscos sim
hepatite receio a gente
não não é receio né é assim 221não não é receio né
entrega na mão de deus
a gente entrega na mão de 222 é assim a gente entrega na
porque precisa
deus porque precisa mão de deus
223 porque precisa
224 não só hemácia
não só hemácia é a gente 225 é a gente não sabe
não sabe nem de quem vem 226 nem de quem vem Receio
na verdade não é um receio 227 na verdade não é risco que corre também
Receptor 06
né é um risco que corre 228 um receio né te ajuda mas você também
também te ajuda mas você 229 é um risco que corre também corre o risco
também corre o risco 230 te ajuda mas você também
corre o risco
231o que eu penso
o que eu penso ah o que eu 232 ah o que eu sei
sei é que eu penso é que vai 233 é que eu penso
me ajudar muito e assim 234 é que vai me ajudar
eu penso que vai me ajudar
Receptor 06 para que nada venha a 235 muito e assim
porque é muito risco
acontecer né assim não 236 para que nada venha a
pegar doença porque é acontecer né
muito risco 237 assim não pegar doença
238 porque é muito risco
239 o meu pai discutiu com a
o meu pai discutiu com a
minha mãe
minha mãe aí eu fui embora
240 aí eu fui embora para o
para o interior onde a
interior
minha família mora aí
Receptor 07 241 onde a minha família mora Tratamento
desse meio tempo eu não
242 aí desse meio tempo eu não
estava tratando aqui mais
estava tratando
não aí eu fui transferido
agora 243 aqui mais não
244 aí eu fui transferido agora
consigo é que geralmente 245 consigo é que geralmente uma
uma coisa que não venha coisa
da pessoa ou seja precisa de 246 que não venha da pessoa
precisa de outro
Receptor 07 outro para mim é um 247 ou seja precisa de outro
transplante
transplante igual ao 248 para mim é um transplante
transplante de órgão de 249 igual ao transplante de órgão
coração isso de coração isso
250 não eu só se eu tiver
não eu só se eu tiver oportunidade
oportunidade eu só quero 251 eu só quero agradecer
se eu tiver oportunidade
agradecer essas pessoas que 252 essas pessoas que pensam na
agradecer essas pessoas que
pensam na gente que somos gente
Receptor 07 pensam na outra não é fácil
falcêmicos porque não é 253 que somos falcêmicos
lidar com essa situação
fácil lidar com essa 254 porque não é fácil lidar com
gente
situação e também eu creio essa situação
que não é fácil tipo assim 255 e também eu creio
256 que não é fácil tipo assim
257 ai não sei muita gente tem
ai não sei muita gente tem
medo
medo quer vir mas desiste
258 quer vir mas desiste
assim eu já pesquisei sendo muita gente tem medo quer
Receptor 08 259 assim eu já pesquisei
que agora eu não sei te vir mas desiste
260 sendo que agora eu não sei te
explicar mas eu já pesquisei
na internet explicar
261mas eu já pesquisei na internet
Receptor 08 e cansada também não hoje 262 e cansada também Cansada
252

eu estou bem eu estou com 263 não hoje eu estou bem Medo
28 de hematócrito ah não 264 eu estou com 28 de
sei não sei mesmo claro faz hematócrito
medo já mas faz um tempo 265 ah não sei não
266 sei mesmo claro
267 faz medo
268 já mas faz um tempo
269 eu acho que esse ano não
eu acho que esse ano não 270 aconteceu não
aconteceu não fui para casa 271 fui para casa
Receptor 08 fui para casa
é fui uhum já então eu fiz 272 é fui uhum
né eu acho que sim não 273 já então eu fiz né
274 eu acho que sim não
275 não tenho medo de furar
não tenho medo de furar
276 não olha só por causa das
não olha só por causa das
vacinas das injeções
vacinas das injeções que eu
277que eu tomo uma é minha não tenho medo de furar
Receptor 09 tomo uma é minha esposa
esposa resseca as minhas veias
pode falar agora que ela
278 pode falar agora que ela está
está aqui resseca as minhas
aqui
veias
279 resseca as minhas veias
280 que é para poder é ajudar nada
que é para poder é ajudar
281 nada desligo fico vendo
nada nada desligo fico
televisão a doença é a morte
vendo televisão a doença é
Receptor 09 282 a doença é a morte é consequência da vida
a morte é consequência da
286 é consequência da vida se tiver que vir que venha
vida então eu não não tenho
287 então eu não não tenho
se tiver que vir que venha
288 se tiver que vir que venha
289 e o sangue é um condutor
e o sangue é um condutor
desse oxigênio que vem por dentro
desse oxigênio que vem por
das nossas vias
dentro das nossas vias sei
290 sei nada é igual a sócrates o sangue é um condutor
nada é igual a sócrates
291 quanto mais eu sei menos eu desse oxigênio que vem por
quanto mais eu sei menos
Receptor 09 sei dentro das nossas vias
eu sei assim é bom a gente
292 assim é bom conversar dialogar é uma
conversar ter adquirindo
293 a gente conversar ter coisa muito boa
alguma coisa conversar
adquirindo alguma coisa
dialogar é uma coisa muito
boa 294 conversar dialogar é uma coisa
muito boa
295 estou aqui desde os dois anos
estou aqui desde os dois
acho de idade
anos acho de idade é eu
296 é eu acho que vim para cá
acho que vim para cá eu estou aqui desde os dois
Receptor 10 297eu descobri com dois anos de
descobri com dois anos de anos acho de idade
idade
idade mas aqui eu não sei
298 mas aqui eu não sei
não tem bastante tempo
299 não tem bastante tempo
300 não não porque aqui eu acho
não não porque aqui eu
que eles
acho que eles quando dá né
301 quando dá né aqui faz o procedimento
Receptor 10 que tem muitas coisas faz o
302 que tem muitas coisas certinho
procedimento certinho
303 faz o procedimento certinho
então não
então não
que fala se a pessoa vier
com alguma doença para 304 que fala se a pessoa vier com
doar com algum vírus pode alguma doença se a pessoa vier com
passar através do sangue 305 para doar com algum vírus alguma doença doar com
Receptor 10
informa eles eu não sei 306 pode passar através do sangue algum vírus pode passar
quanto tempo dá a folha 307 informa eles eu não sei através do sangue
para a gente preencher dos 308 quanto tempo dá a folha para a
riscos gente preencher dos riscos
253

Fonte: Elaboração própria, 2020.

LOGIA 02: RECEBENDO a VIDA que me SALVA: o significado para clientes-


receptores
Segmentos de textros das
Entrevistados Unidades de Registro Temas
falas
acho que caridade não é bem 01 acho que caridade não é bem
que continue doando e que 02 que continue doando
eles não sabem o quanto que 03 e que eles não sabem o quanto que é Não é caridade
Receptor 01 é importante a doação né que importante a doação né Salva-vidas
quantas vidas eles não 04 que quantas vidas eles não podem
podem estar salvando com o estar salvando
pouco que estão doando 05 com o pouco que estão doando
para repor a perda que a
gente teve de né de certos 06 para repor a perda que a gente teve
tipos de células eu acho que de né Reposição
Receptor 01 é isso tudo o sangue é a 07 de certos tipos de células Vida
minha vida com certeza não 08 eu acho que é isso tudo o sangue Morte
com certeza eu iria morrer 09 é a minha vida com certeza
10 não com certeza eu iria morrer
eu vim com dor no tórax e na 11 eu vim com dor no tórax e na lombar
lombar melhorou a da 12 melhorou a da lombar
lombar e a do tórax ainda 13 e a do tórax ainda não
Receptor 02 Dor
não ah não sei dizer acho que 14 ah não sei dizer acho que é
é aprendi mas não sei te 15 aprendi mas não sei te responder
responder agora agora
a minha família não pode por 16 a minha família não pode
causa do traço da doença 17 por causa do traço da doença
mas recentemente uns 5 18 mas recentemente uns 5 amigos
meus doaram Agradecimento
amigos meus doaram
Receptor 02 19 obrigado agradecer Salva-vidas
obrigado agradecer e dizer
que ele está salvando vidas 20 e dizer que ele está salvando vidas
de verdade acho que não sei 21 de verdade acho que não sei
especificamente especificamente
bom primeiramente eu 22 bom primeiramente eu agradeceria
agradeceria porque toda vez 23 porque toda vez que eu saio daqui
que eu saio daqui eu 24 eu agradeço a deus e Agradecimento
agradeço a deus e peço 25 peço bênçãos de deus para vida de Gratidão a Deus
bênçãos de deus para vida de cada um deles Sofrimento
Receptor 03
cada um deles porque a gente 26 porque a gente que vem aqui Não conseguir
que vem aqui tem o 27 tem o sofrimento de ficar o dia sangue
sofrimento de ficar o dia inteiro
inteiro e muitas vezes não 28 e muitas vezes não consegue sangue
consegue sangue né né
mas se tiver que um dia 29 mas se tiver que um dia pagar pelo
pagar pelo sangue né tiver sangue né
Pagamento pelo
que comprar ou quem não 30 tiver que comprar
sangue
Receptor 03 tiver condições muita gente 31 ou quem não tiver condições
Morte
ia morrer muito rápido eu 32 muita gente ia morrer muito rápido
falo se um dia às vezes a 33 eu falo se um dia às vezes
gente costuma brincar 34 a gente costuma brincar
com certeza primeiro que eu 35 com certeza primeiro que eu acho Oportunidade para
acho que eu deixaria uma que outras pessoas
Receptor 04
oportunidade para outras 36 eu deixaria uma oportunidade para Outros problemas
pessoas que estejam na outras pessoas que vem da
254

mesma situação que a minha 37 que estejam na mesma situação transfusão


e também tem um tem outros 38 que a minha
problemas que você pode ter 39 e também tem um tem outros
devido essa transfusão né problemas
40 que você pode ter devido essa
transfusão né
como muita gente foi 41 como muita gente foi contaminado
contaminado aí no passado 42 aí no passado com transfusão Contaminação do
com transfusão uma como é 43 uma como é que chama aquele cara sangue
que chama aquele cara que 44 que morreu betinho Morte
Receptor 04
morreu betinho e outras 45 e outras pessoas exatamente não Solução temporária
pessoas exatamente não eu 46 eu acho que é uma solução
acho que é uma solução temporária
temporária
depende na maioria das 47 depende na maioria das vezes sim
vezes sim mas às vezes 48 mas às vezes transfusão simples
Transfusão simples
transfusão simples já já 49 já já internei acho que umas duas
Receptor 05 Internação
internei acho que umas duas vezes
vezes umas três não tenho 50 umas três não tenho não foram
não foram muitas vezes sim muitas vezes sim
porque a vida inteira aqui a 51 porque a vida inteira aqui
gente aprende a gente é 52 a gente aprende
Conhecimento
médico já estou quase 53 a gente é médico
Receptor 05 formada sim são vivas assim 54 já estou quase formada sim
no caso você está 55 são vivas assim no caso você está
perguntando de quê do perguntando de quê
sangue de um falcêmico 56 do sangue de um falcêmico
do sangue em geral no caso o 57 do sangue em geral
sangue é composto por 58 no caso o sangue é composto por
Conhecimento
células né hemoglobina células né
anticorpos a gente sabe que 59 hemoglobina
Receptor 05
tem tudo isso tem vários 60 anticorpos a gente sabe que tem tudo
componentes no caso isso
sanguíneos 61 tem vários componentes no caso
sanguíneos
62 tanto que uma pessoa só doando
sangue
tanto que uma pessoa só
63 pode salvar até quatro vidas Conhecimento
doando sangue pode salvar
64 daí tira crio Salvar-vidas
até quatro vidas daí tira crio
Ato nobre
Receptor 05 tira plaqueta tira hemácia eu 65 tira plaqueta
Solidariedade
acho um ato nobre né 66 tira hemácia
67 eu acho um ato nobre né Amor
solidariedade amor gentileza
68 solidariedade Gentileza
sim
69 amor
70 gentileza sim
eu faço parte do grupo 71 eu faço parte do grupo jovens salva
jovens salva vidas sim eu vidas
agradeceria apesar de que eu 72 sim eu agradeceria
sempre brigo com todo 73 apesar de que eu sempre brigo Salva-vidas
Receptor 05
mundo igual aos meus 74 com todo mundo igual aos meus Agradecimento
amigos que descobrem e amigos
tudo mais que eu tenho 75 que descobrem e tudo mais que eu
anemia tenho anemia
as pessoas têm mania de 76 as pessoas têm mania de achar
Tragédia
achar que o sangue é só 77 que o sangue é só quando tem uma
Mobilização
quando tem uma tragédia tragédia
nacional
Receptor 05 quando ocorre uma 78 quando ocorre uma mobilização
Necessidade do
mobilização nacional ou nacional
sangue todo dia
quando algum parente ou 79 ou quando algum parente ou amigo
amigo não todo mundo 80 não todo mundo precisa de sangue
precisa de sangue todo dia 81 todo dia
255

assim como a gente está de 82 assim como a gente está de pé hoje


pé hoje por causa do sangue 83 por causa do sangue
a gente ajuda a outra pessoa 84 a gente ajuda a outra pessoa
Receptor 05 se levantar para ajudar a 85 se levantar para ajudar Necessidade do
aumentar tipo o resultado do 86 a aumentar tipo o resultado do exame sangue para leventar
exame melhorar né a saúde e 87 melhorar né a saúde e tudo mais
tudo mais
para salvar uma vida as 88 para salvar uma vida
pessoas precisam e tudo mais 89 as pessoas precisam
Salvar-vidas
né mostram se solidários mas 90 e tudo mais né
Necessidade do
dizem só da boca para fora 91 mostram se solidários
Receptor 05 sangue
então eu fico chateada mas 92 mas dizem só da boca para fora
Alívio quando tem
eu vou para casa alívio muito 93 então eu fico chateada
sangue
alívio 94 mas eu vou para casa alívio muito
alívio
95 na minha vida
na minha vida eu não sei
96 eu não sei exatamente o que
Receptor 05 exatamente o que o que Vida
97 o que responder bom
responder bom se pudesse né
98 se pudesse né
99 então sim
então sim porque no caso é
100 porque no caso é outra pessoa
outra pessoa dando do corpo Doação do corpo
dando
dela para a gente é uma dela
Receptor 05 101 do corpo dela para a gente
pessoa que foi generosa o Generosa
102 é uma pessoa que foi generosa
suficiente para ajudar a Salvar-vidas
103 o suficiente para ajudar a salvar as
salvar as nossas vidas né
nossas vidas né
porque não tem filtro tipo ué 104 porque não tem filtro tipo ué
gente então a gente vê as 105 gente então a gente vê
mudanças a gente vê muitas 106 as mudanças a gente
coisas que melhoram claro 107 vê muitas coisas que melhoram
assim como tem esse andar claro Mudanças físicas do
Receptor 05
aqui que foi deixado 108 assim como tem esse andar aqui setor
totalmente deixado para as 109 que foi deixado totalmente
pessoas que fazem esse tipo 110 deixado para as pessoas que
de procedimento e tudo mais 111 fazem esse tipo de procedimento e
tudo mais
mas um estudo assim um 112 mas um estudo assim
conhecimento bem claro eu 113 um conhecimento bem claro
não tenho é muito importante 113 eu não tenho
Salva-vidas
salva vidas assim são muitos 114 é muito importante salva vidas
Receptor 06 Necessidade do
né porque assim a gente aqui 115 assim são muitos né
sangue
que tem esse problema 116 porque assim a gente aqui
depende muito de sangue 117 que tem esse problema
entendeu 118 depende muito de sangue entendeu
119 é coisa de é caso de vida
é coisa de é caso de vida ou
120 ou morte mesmo
morte mesmo é isso depende Vida
121 é isso depende
depende é realmente não sei Morte
Receptor 06 122 depende é realmente
só diria que é importante Necessidade do
123 não sei só diria que é
mesmo não porque assim lá sangue
124 importante mesmo não porque
onde eu moro as pessoas não
assim lá onde eu moro as pessoas não
vida e saúde e outras pessoas 125 vida e saúde
Vida
sendo incentivadas por esse 126 e outras pessoas sendo incentivadas
Saúde
gesto que é um gesto 127 por esse gesto
Receptor 07 Incentivo
generoso na minha opinião 128 que é um gesto generoso
Generosidade
ou seja a pessoa não ganha 129 na minha opinião ou seja
Salva-vidas
nada em troca mas salva uma 130 a pessoa não ganha nada em troca
vida 131 mas salva uma vida
256

ah me sinto uma pessoa


renovada ou seja outra 132 ah me sinto uma pessoa renovada Renovada
pessoa não não só tenho a 133 ou seja outra pessoa Agradecimento
Receptor 07 agradecer essas pessoas 134 não não só tenho a agradecer Gratidão a Deus
graças a deus não não é tudo 135 essas pessoas graças a deus Necessidade do
eu dependo dele para tudo 136 não não é tudo eu dependo dele outro
não para tudo não
137 que ajude continuamente
que ajude continuamente não
138 não é só hoje igual
é só hoje igual o sangue ele
139 o sangue ele se tornou especial para
se tornou especial para mim Ajuda
mim
Receptor 07 desde quando eu me conheço Sangue é especial
por gente e só tenho 140 desde quando eu me conheço por
Agradecimento
agradecer às pessoas que elas gente
continuem entendeu 141 e só tenho agradecer às pessoas que
elas continuem entendeu
é mas agora não só uma vez 142 é mas agora não só uma vez mesmo
mesmo é uhum acho que não 143 é uhum acho que não só é lavado
Receptor 08 só é lavado mesmo é filtrado 144 mesmo é filtrado
Vida
vida pode ser não sei 145 vida
responder 146 pode ser não sei responder
147 se o sangue da gente vira água
se o sangue da gente vira
148 a gente morre
água a gente morre é verdade
149 é verdade eu acho que é vida
eu acho que é vida mesmo ah Morte
Receptor 08 mesmo
meu deus do céu como assim Vida
150 ah meu deus do céu como assim
não entendi a pergunta tem
não entendi a pergunta tem as células
as células vermelhas né
vermelhas né
151 não só esse mesmo
não só esse mesmo é ah meu
152 é ah meu deus do céu
deus do céu não sei estou
153 não sei estou sem ideia Boa causa
sem ideia mas eu acho uma
Receptor 08 154 mas eu acho uma boa o que eu Ajudar as pessoas
boa o que eu posso dizer ah é
posso dizer ah é uma boa causa que precisam
uma boa causa assim ajudar
155 assim ajudar as pessoas que
as pessoas que precisam e tal
precisam e tal
oh o senhor se salvou por 156 oh o senhor se salvou
pouco porque o senhor ia 157 por pouco porque
morrer porque aí nós 158 o senhor ia morrer Morte
Receptor 09 trouxemos o nosso amigo 159 porque aí nós trouxemos o nosso Tratamento
hematologista que vai tratar amigo hematologista
do senhor daqui por diante 160 que vai tratar do senhor daqui por
diante
o que é o sangue sangue é 161 o que é o sangue
uma mistura de leucócitos 162 sangue é uma mistura de leucócitos
isso vermelhas e brancas né 163 isso vermelhas e brancas Conhecimento
Receptor 09 alimentam as células que 164 né alimentam Sangue composto
levam o oxigênio para poder 165 as células que levam o oxigênio por células
eu antes de tudo isso me 166 para poder eu antes de tudo isso me
acontecer acontecer
eu sei porque eu uso então a 167 eu sei porque eu uso
gente pede se tiver uma 168 então a gente pede
Necessidade do
pessoa lá a gente pede se for 169 se tiver uma pessoa lá
sangue
Receptor 09 saudável ele está dentro do 170 a gente pede se for saudável
Pedir doação
peso pede para doar sangue é 171 ele está dentro do peso pede
Salva-vidas
uma vida que está salvando 172 para doar sangue
173 é uma vida que está salvando
257

174 ah meu deus


ah meu deus eu vou morrer 175 eu vou morrer
Morte
porque não já teve já sangue 176 porque não já teve
Necessidade do
é sei que o sangue é o 177 já sangue
Receptor 09 sangue
alimento das nossas células 178 é sei que o sangue é o alimento das
Sangue alimento
então sangue é vida é nossas células
Vida
necessidade não isso 179 então sangue é vida
180 é necessidade não isso
181 acho que não
acho que não não relaciona
182 não relaciona
você está recebendo o sangue
183 você está recebendo o sangue
Receptor 09 aumentando a sua a sua
184 aumentando a sua a sua imunidade
imunidade né o sangue está

com as células né
185 o sangue está com as células né
e outra coisa é são duas Aumento da
coisas que a gente precisa na 186 e outra coisa imunidade
vida é o sangue para 187 é são duas coisas que a gente Sangue como
Receptor 09 alimentar as células e o precisa na vida alimento
oxigênio para ajudar na 188 é o sangue para alimentar as células Oxigênio para
limpeza dos pulmões do 189 e o oxigênio para ajudar na limpeza limpeza
coração dos pulmões do coração Conhecimento
é eu sei que eu não coiso não 190 é eu sei que eu não coiso
mas eu sei que são novas 191 não mas eu sei que são novas
células né eu acho legal eu células Novas células
Receptor 10 sempre curto quem doa 192 né eu acho legal Midias sociais
sangue sempre curto no 193 eu sempre curto quem doa sangue
facebook para incentivar né 194 sempre curto no facebook para
incentivar né
já eu ligo sempre para minha 195 já eu ligo sempre para minha irmã Incentivo a doação
irmã para chamar os amigos 196 para chamar os amigos Pedir doador
meu pai pessoal da igreja 197 meu pai pessoal da igreja Necessidade do
Receptor 10
continua sempre doando que 198 continua sempre doando sangue
é nós dependemos do sangue 199 que é nós dependemos do sangue
de 15 em 15 dias 200 de 15 em 15 dias
e é legal sempre convidar os
amigos para comparecer é legal sempre convidar os amigos para
Conhecimento
ajudando para repor o comparecer ajudando para repor o
Pedir doador
hematócrito que o nosso hematócritoque o nosso hematócrito é
Receptor 10
hematócrito é baixo né e a baixo né e a transfusão é para aumentar
transfusão é para aumentar o o hematócrito ou a hemoglobina eu acho
hematócrito ou a
hemoglobina eu acho
Fonte: Elaboração própria, 2020.

LOGIA 03: NECESSIDADES de saber sobre o SANGUE: sintomas e emoções,


significando o DOAR

Entrevistados Segmentos dos textos das falas Unidades de Registro Temas


ver a hemoglobina sangue para 01 ver a hemoglobina sangue
mim sangue é vida sem sangue eu para mim sangue é vida Vida
não tenho muito tempo de vida 02 sem sangue eu não tenho Sem sangue não tenho
Receptor 03
então eu sempre costumo dizer que muito tempo de vida tempo de vida
sangue é vida sim são vivas né não 03 então eu sempre costumo São células vivas
não dizer que sangue é vida sim
04 são vivas né não não
258

05 consegue colocar pelo menos


uma bolsinha de sangue
consegue colocar pelo menos uma
06 então eu agradeço
bolsinha de sangue então eu
07 demais demais
agradeço demais demais e assim se Agradecimento
Receptor 03 08 e assim se eu fosse olhar nos
eu fosse olhar nos olhos de cada um Não desista de doar
olhos de cada um
e falar assim olha muito obrigada e
09 e falar assim
por favor não desista
10 olha muito obrigada
11 e por favor não desista
12 não pare de fazer esse gesto
não pare de fazer esse gesto de de amor e caridade né
amor e caridade né com certeza 13 com certeza deus se alegra
deus se alegra muito com isso é muito com isso Não pare de fazer esse
Receptor 03 para repor né as hemácias ou quem 14 é para repor né as hemácias gesto de amor
precisa de plasma porque o sangue 15 ou quem precisa de plasma Deus se alegra
tem várias substâncias que cada um 16 porque o sangue tem várias
precisa de uma parte dele né substâncias 17 que cada um
precisa de uma parte dele né
18 com certeza é assim no dia
19 até que esse sangue seja
com certeza é assim no dia até que Até que o sangue seja
filtrado no corpo
esse sangue seja filtrado no corpo e filtrado no corpo sinto
20 e volte ao normal
volte ao normal ainda sinto um um pouco
Receptor 03 21 ainda sinto um pouco
pouco mas assim no outro dia No outro dia acordo
22 mas assim no outro dia
quando eu acordo já acordo bem melhor
23 quando eu acordo
melhor já sinto que já repôs Sinto que já repôs
24 já acordo bem melhor
25 já sinto que já repôs
26 o organismo repôs né
27 o que precisava
o organismo repôs né o que Reposição
28 e aí o corpo vai voltando ao
precisava e aí o corpo vai voltando Corpo volta ao normal
normal
ao normal aí já passa a sonolência Passa a sonolência
Receptor 03 29 aí já passa a sonolência
aquele cansaço físico as dores tudo Acaba o cansaço físico
30 aquele cansaço físico
vai amenizando inclusive esse Ameniza a dor e
31 as dores tudo vai
latejar latejamento
amenizando
32 inclusive esse latejar
33 mas é claro que tudo que é
remédio
mas é claro que tudo que é remédio
34 tudo que é fabricado faz mal
tudo que é fabricado faz mal para o
para o organismo né Sangue é natural
organismo né e o sangue por ele ser
Receptor 03 35 e o sangue por ele ser natural Acredito que seja
natural então eu acredito que ele
36 então eu acredito melhor
seria melhor mas por essa questão
37 que ele seria melhor
da logística
38 mas por essa questão da
logística
39 não porque para mim todos
são desconhecidos
não porque para mim todos são
40 então não olha
desconhecidos então não olha é Sangue é vida
41 é como eu falei para você
como eu falei para você sangue é Meu Deus Graças a
Receptor 03 42 sangue é vida
vida então é como se eu falasse Deus eu vou sair daqui
43 então é como se eu falasse
assim meu deus graças a deus eu renovada
44 assim meu deus graças a
vou sair daqui renovada
deus
45 eu vou sair daqui renovada
é sempre uma alegria muito grande 46 é sempre uma alegria muito Alegria muito grande
Receptor 03 sangue é deus no céu e o sangue na grande Sangue é Deus no céu
terra então eu já tive alergia ah 47 sangue é deus no céu e o sangue na terra
259

coceira e aquela sensação de 48 e o sangue na terra Sensação de calafrio


calafrio como se eu estivesse 49 então eu já tive alergia Corpo dolorido
pegando gripe o corpo dolorido 50 ah coceira Gripe
51 e aquela sensação de calafrio
52 como se eu estivesse
pegando gripe
53 o corpo dolorido
54 se for bem_sucedido
55 você não precisa mais né
se for bem_sucedido você não Sangue você sempre
56 e o sangue não
precisa mais né e o sangue não precisa
57 você sempre
você sempre o seu organismo vai O seu organismo vai
Receptor 03 58 o seu organismo vai
gastando e você tem que ficar gastando
gastando
repondo então eu acredito que não E você tem que ficar
59 e você tem que ficar repondo
né repondo
60 então eu acredito
61 que não né
62 que é que nem eu falo
que é que nem eu falo dependendo 63 dependendo do que
do que acontecer com o governo acontecer com o governo Preocupação com o
Receptor 03 com não sei né a gente pensa em 64 com não sei né governo
tudo até nos finais dos tempos aí 65 a gente pensa em tudo Como é que vai ficar?
como é que vai ficar? 66 até nos finais dos tempos
67 aí como é que vai ficar?
68 não sei se eu teria coragem
69 o meu esposo não teria Coragem
não sei se eu teria coragem o meu
coragem de doar Grossura da agulha
esposo não teria coragem de doar
70 porque ele fala que a assuta
porque ele fala que a grossura da
grossura da agulha assusta Disponibilidade
Receptor 03 agulha assusta ele então precisa de
71 ele então precisa de coragem Amor
coragem precisa de disponibilidade
72 precisa de disponibilidade Quem faz isso olha
de amor e quem faz isso olha está
73 de amor está nas minhas
nas minhas orações sempre
74 e quem faz isso olha está nas orações sempre
minhas orações sempre
Receptor 03 exatamente é exatamente 75 exatamente é exatamente
76 quando apareceram os
sintomas
quando apareceram os sintomas aí 77 aí eu fui ao médico
78 aí ele pelo resultado do
eu fui ao médico aí ele pelo
exame de sangue Resultado do exame
resultado do exame de sangue que
Receptor 04 79 que eu tinha feito de sangue
eu tinha feito por outro motivo aí
80 por outro motivo Consulta no Hemorio
ele me aconselhava a fazer uma
81 aí ele me aconselhava
consulta aqui no hemorio aí eu vim
82 a fazer uma consulta aqui no
hemorio
83 aí eu vim
84 eu sei que demora muito
eu sei que demora muito mas não 85 mas não sei se é uma coisa
sei se é uma coisa normal do normal do hemorio
Hemácias, sangue pra
hemorio ou se é alguma exceção 86 ou se é alguma exceção
Receptor 04 mim é aq gasolina do
não tenho certeza mas só hemácias 87 não tenho certeza
carro
sangue para mim é a gasolina do 88 mas só hemácias sangue para
carro mim
89 é a gasolina do carro
90 ah até aonde eu sei
ah até aonde eu sei aquilo ali vai 91 aquilo ali vai repor algo
Reposição
repor alguma coisa que você perde 92 uma coisa que você perde do
O que você perde tem
Receptor 04 do seu sangue e tem que repor seu sangue
que repor
aquilo dali para você continuar vivo 93 e tem que repor aquilo
Continuidade da vida
com certeza uhum 94 dali para você continuar vivo
95 com certeza uhum
260

96 já internei mas não assim por


causa dessa doença
já internei mas não assim por causa 97 internei por outros motivos
dessa doença internei por outros 98 com essa doença eu venho Controle
motivos com essa doença eu venho mantendo o controle Consultas toda semana
Receptor 04 mantendo o controle olha eu estou 99 olha eu estou aqui toda Transfusão toda
aqui toda semana por motivo de ter semana semana
consulta com outros médicos 100 por motivo de ter consulta
também e ter transfusão 101 com outros médicos
também
102 e ter transfusão
103 quando não tenho
transfusão
quando não tenho transfusão é o dia Quando não tenho
104 é o dia da consulta
da consulta então eu estou no transfusão tenho
105 então eu estou no mínimo
Receptor 04 mínimo duas vezes na semana eu consulta
duas vezes na semana
venho aqui eu vim ontem já estou Eu vim ontem
106 eu venho aqui
hoje aqui de novo Estou aqui denovo
107 eu vim ontem
108 já estou hoje aqui de novo
109 é sangue é medicação
normal
é sangue é medicação normal como
110 como é que fala hydrea
é que fala hydrea essas coisas assim
111 essas coisas assim Sangue é medicação
Receptor 04 para o controle da hemácia de
112 para o controle da hemácia normal
hematócrito plaquetas não sempre
hemácia não não tranquilo de hematócrito
113 plaquetas não sempre
hemácia não não tranquilo
114 não são os funcionários
não são os funcionários não é 115 não é ninguém que trabalha
ninguém que trabalha aqui mas é aqui Preocupação com o
Receptor 04
esse governo que não faz a parte 116 mas é esse governo que não governo
dele decadência né faz a parte dele
117 decadência né
118 quem dera que fosse só a
dipirona né
119 não tem
quem dera que fosse só a dipirona
120 está tendo assim quando
né não tem está tendo assim quando
aparece Medicações caras
Receptor 04 aparece eu não uso mas quem usa
121 eu não uso Não dá para comprar
pega para 4 5 dias só é ou se vira
122 mas quem usa pega para 4,
para comprar né
5 dias
123 só é ou se vira para
comprar né
124 porque não tinha o sangue
porque não tinha o sangue estou estou bem
Ausência do sangue
bem eu graças a deus não tenho 125 eu graças a deus não tenho
Graças a deus não
crise de nada disso hoje eu sou crise de nada disso hoje
Receptor 05 tenho crise
assintomática nunca tive para mim 126 eu sou assintomática
Já é normal, 21 anos
já é uma coisa normal 21 anos 126 nunca tive para mim
fazendo isso
fazendo isso 127 já é uma coisa normal 21
anos fazendo isso
128 de tipo você precisa
129 e você
de tipo você precisa e você não
130 não pode fazer nada
pode fazer nada para aquilo você
131 para aquilo você depende
depende do outro exatamente então Dependência do outro
Receptor 05 do outro
bom quando eu era pequena que eu Carência do sangue
132 exatamente então
tratava aqui no hemorio era tempo
133 bom quando eu era pequena
das vacas gordas
134 que eu tratava aqui no
hemorio
135 era tempo das vacas gordas
261

136 no hemorio olha eu já tratei


no hemorio olha eu já tratei quando 137 quando eu era criança com
Receptor 07 eu era criança com 3 anos de idade 3 anos de idade
aí nesse meio período entendeu 138 aí nesse meio período
entendeu
139 aí eu falei para eu fazer a
troca
aí eu falei para eu fazer a troca Já tive um AVC
140 então porque
então porque eu já dei um avc isso Faço minhas
Receptor 07 141 eu já dei um AVC
sim isso uhum ando faço as minhas atividades
142 isso sim isso uhum
atividades normalmente normalmente
143 ando faço as minhas
atividades normalmente
144 é tipo assim eu venho
é tipo assim eu venho vamos bota 145 vamos bota assim 15 em 15
assim 15 em 15 dias porque quando dias 15 em 15 dias eu
Receptor 07 eu venho para fazer a troca e 146 porque quando eu venho venho
automaticamente já estou liberado 147 para fazer a troca Fazer troca
né 148 e automaticamente
149 já estou liberado né
150 porque graças a deus
porque graças a deus eu não sinto 151 eu não sinto mais os Não sinto mais
mais os sintomas da anemia igual sintomas da anemia sintomas da anemia
Receptor 07
eu sentia antes depois que eu 152 igual eu sentia antes depois que comecei a
comecei a fazer a troca entendeu 153 depois que eu comecei a fazer troca
fazer a troca entendeu
154 eu sentia dor nos ossos
155 aí nesse meio período que
eu sentia dor nos ossos aí nesse eu fiz a troca
Dor nos ossos
meio período que eu fiz a troca 156 graças a deus parei de sentir
Parei de sentir dor
graças a deus parei de sentir dor já dor
Receptor 07 quando fiz troca
dei crise também e parei tudo 157 já dei crise também
Graças a Deus parei de
dependentemente quando eu 158 e parei tudo
sentir dor
comecei a realizar a troca não dependentemente
159 quando eu comecei a
realizar a troca não
Melhorei Graças a
160 melhorei graças a deus Deus
melhorei graças a deus sim isso não
161sim isso não não é para mim Sangue é abaixo de
não é para mim sangue é abaixo de
Receptor 07 162 sangue é abaixo de deus Deus
deus é tudo porque eu preciso do
163 é tudo porque eu preciso do Necessidade do
sangue para me manter vivo
sangue sangue para a
164 para me manter vivo manutenção da vida
165 é porque tipo assim
é porque tipo assim quando eu faço 166 quando eu faço a troca
Faço a troca sinto mais
a troca eu me sinto mais energético 167 eu me sinto mais energético
Receptor 07 energético
mais disposto a fazer minhas 168 mais disposto a fazer
Mais disposto
atividades do dia a dia entendeu minhas atividades
169 do dia a dia entendeu
170 então graças a deus
171 e nesse meio tempo
então graças a deus e nesse meio
172 que eu estou ouvindo aqui
tempo que eu estou ouvindo aqui
173 eu estou adorando
eu estou adorando porque minha Cansaço
Receptor 07 174 porque minha rotina já
rotina já mudou não é aquela rotina Palidez
mudou
ou seja que eu me cansava atoa que
175 não é aquela rotina
eu ficava pálido
176 ou seja que eu me cansava
atoa
177 que eu ficava pálido
262

178 me dava fraqueza


179 hoje em dia graças a deus
me dava fraqueza hoje em dia
180 não dá mais
graças a deus não dá mais e abaixo
181 e abaixo de deus Fraqueza
Receptor 07 de deus como eu disse para mim é
182 como eu disse para mim Abaixo de Deus
tudo depois de deus ah eu acho a
183 é tudo depois de deus
doação de sangue né
184 ah eu acho
185 a doação de sangue né
186 é transfundia na maioria do
tempo
é transfundia na maioria do tempo Transfundia muito
187 que eu ficava internado lá
que eu ficava internado lá eu Ficava internado
188 eu transfundia sim
transfundia sim aí transfusão Não tenho nem
simples isso ah eu não tenho nem 189 aí transfusão simples palavras para dizer
Receptor 07
palavras para dizer que deus venha 190 isso ah eu não tenho nem Que Deus venha
abençoando a cada dia mais e palavras para dizer
abençoando a cada dia
doando entendeu 191 que deus venha abençoando mais
192 a cada dia mais
193 e doando entendeu
194 olha eu talvez eu esteja
errado
195 mas eu a de entender
olha eu talvez eu esteja errado mas
196 que para essa troca Preciso fazer a troca
eu a de entender que para essa troca
acontecer para evitar outro AVC
acontecer normalmente na minha
197 normalmente na minha vida Manutenção da vida
Receptor 07 vida é para evitar outro avc
198 para evitar outro AVC Dependência do
entendeu e também me manter vivo
199 entendeu e também me sangue para
porque eu dependo desse sangue
manter vivo manutenção da vida
para sobreviver
200 porque eu dependo desse
sangue
para sobreviver
201 a pessoa disponibilizar sem
receber nada em troca Disponibilidade do
a pessoa disponibilizar sem receber
202 porque o governo doador
nada em troca porque o governo ele
203 ele poderia olhar mais Governo poderia
Receptor 07 poderia olhar mais para essas
para essas pessoas ajudar os doadores
pessoas dá um benefício talvez a
204 dá um benefício talvez a Benefício aos
pessoa não tem emprego entendeu
pessoa doadores
205 não tem emprego entendeu
206 mas assim doa o sangue
207 eu acho na minha opinião
mas assim doa o sangue eu acho na
208 que tipo o governo também
minha opinião que tipo o governo
tinha que olhar por essas Tempo dedicado a
também tinha que olhar por essas
pessoas doação
Receptor 07 pessoas que gasta um pouco do seu
209 que gasta um pouco do seu Manter as pessoas fora
tempo para doar sangue manter as
tempo para doar sangue de risco
pessoas falcêmicas fora de risco
201 manter as pessoas
entendeu
falcêmicas
202 fora de risco entendeu
203 ah desde criança assim
uhum
ah desde criança assim uhum é de 204 é de 15 em 15 dias
Consulta de 15 em 15
15 em 15 dias eu venho aqui na 205 eu venho aqui na consulta
dias
Receptor 08 consulta aqui não eu venho e venho 206 aqui não
Tem dia que não é
passar pela médica não não tem dia 207 eu venho
preciso
que não preciso é 208 e venho passar pela médica
209 não não tem dia
210 que não preciso é
263

211ela ajuda a manter o


equilíbrio
ela ajuda a manter o equilíbrio de 212 de não deixar o sangue a ter
não deixar o sangue a ter anemia anemia nao
não não não o problema meu 213 não não o problema meu Manter o equilíbrio
Receptor 09 aconteceu em 2010 a história é até aconteceu em 2010 Não deixar o sangue
esquisita eu estava eu tinha ido a 214 a história é até esquisita ter anemia
uma conhecida nossa que ela é 215 eu estava eu tinha ido a
médica negócio de idade né uma conhecida nossa
216 que ela é médica negócio
de idade né
217 aí ali ela falou eu vou
encaminhar
aí ali ela falou eu vou encaminhar o
218 senhor para um
senhor para um pnneumologista lá
pnneumologista Demora no
Receptor 09 em rio das ostras de macaé ia em
219 lá em rio das ostras de diagnóstico
rio das ostras aí ele olhou e disse
macaé ia em rio das ostras
você pode dar um pulo em campos
220 aí ele olhou e disse você
pode dar um pulo em campos
221 eu achei que ele não me
falava
222 o que era só me falava que
eu achei que ele não me falava o
aí lá
que era só me falava que aí lá eu fui
223 eu fui procurar me mandou
procurar me mandou para outro
para outro pneumologista lá em
Receptor 09 pneumologista lá em campos Procura por médicos
campos
quando eu cheguei em campos ele
224 quando eu cheguei em
me avisou leva roupa e leva o seu
campos
cartão de plano de saúde
ele me avisou
225 leva roupa e leva o seu
cartão de plano de saúde
226 na época eu trabalhava eu
na época eu trabalhava eu tinha o tinha o cartão de plano de saúde
cartão de plano de saúde aí ele 227 aí ele falou assim
falou assim se esse caminho daqui 228 se esse caminho daqui Procura por médicos
Receptor 09
agora pego um táxi encaminha para agora Interação
o hospital da unimed que é do meu pego um táxi
plano 229 encaminha para o hospital
da unimed que é do meu plano
230 aí eu doutor mas o que é
aí eu doutor mas o que é que está
que está acontecendo
acontecendo aí ele você faz o favor Procura por médicos
Receptor 09 231aí ele você faz o favor se
se encaminha para lá que eu já Interação
encaminha para lá
liguei para lá
232 que eu já liguei para lá
233 eu sei que doutora me
eu sei que doutora me internaram internaram no dia seguinte
no dia seguinte abriram aqui me 234 abriram aqui me operaram Procura por médicos
Receptor 09 operaram no lado do pulmão eu no lado do pulmão Interação
tive o negócio de pleura de água em 235 eu tive o negócio de pleura Água na pleura
um lado do pulmão né de água em um lado do pulmão

236 aí fizeram um dreno
aí fizeram um dreno aí depois
237 aí depois quando eu estava
quando eu estava no quarto meu
no quarto
depois no pós operatório chegou a
238 meu depois no pós Cirurgia
pneumologista os dois
Receptor 09 operatório chegou a Pneumologista
pneumologistas que me atenderam
pneumologista Hematologista
lá em campos e o médico
239 os dois pneumologistas que
hematologista aí ele me falou do
me atenderam lá em campos
pulmão
240 e o médico hematologista
241 aí ele me falou do pulmão
264

242 porque o senhor está com


problema na sua medula
porque o senhor está com problema
243 está fabricando o sangue
na sua medula está fabricando o
244 totalmente em proporções
sangue totalmente em proporções
desiguais Problema na medula
Receptor 09 desiguais e está tendo um
245 e está tendo um Fabricando sangue em
desequilíbrio no senhor aí nós
desequilíbrio no senhor proporções desiguais
operamos aqui inclusive tinha água
246 aí nós operamos aqui
no seu pulmão
247inclusive tinha água no seu
pulmão
248 aí eu fiquei um mês
drenando aquela água
aí eu fiquei um mês drenando
249 e depois que eles me deram
aquela água e depois que eles me
alta Início do tratamento
Receptor 09 deram alta aí eu comecei a fazer
com ele o tratamento que eu ainda 250 aí eu comecei a fazer com
tinha o plano lá em campos ele o tratamento
251 que eu ainda tinha o plano
lá em campos
252 então ele me deu
metotrexato
então ele me deu metotrexato me 253 me deu na época o
deu na época o corticoide e me deu corticoide
Início do tratamento
Receptor 09 sem receber sangue o negócio de 254 e me deu sem receber
Receber sangue
sangue começou aqui aí quando eu sangue o negócio de sangue
perdi o plano eu falei assim 255 começou aqui aí
256 quando eu perdi o plano
257 eu falei assim
258 eu vou fazer um
eu vou fazer um encaminhamento encaminhamento pro senhor
pro senhor o senhor vai lá no rio no 259 o senhor vai lá no rio no
Encaminhamento para
hemorio e vê se eles conseguem ter hemorio
Receptor 09 o HEMORIO
um hematologista para o senhor 260 e vê se eles conseguem ter
Hematologista
porque aqui nós não temos pro seu um hematologista para o senhor
caso 261 porque aqui nós não temos
pro seu caso
262 foi quando eu vim aqui
263 aí o fiz a triagem
foi quando eu vim aqui aí o fiz a
264 aí a médica daqui me
triagem aí a médica daqui me
encaminhou para o dr bernardo Triagem
Receptor 09 encaminhou para o dr bernardo aí
265 aí tem três anos Encaminhamento
tem três anos que eu estou com ele
266 que eu estou com ele
para cá não aí depois não
para cá
267 não aí depois não
268 já já já os dois a plaqueta
já já já os dois a plaqueta quando quando ela cai
Transfusão de 01
ela cai ele passa sempre uma bolsa 269 ele passa sempre uma bolsa
bolsa ou duas bolsas
ou duas só o sangue que as ou duas só o sangue
Receptor 09 de sangue
plaquetas estão as plaquetas o 270 que as plaquetas estão as
Plaquetas estão
diagnóstico de hoje que ele fez plaquetas o diagnóstico
subindo
comigo elas já estão subindo 271 de hoje que ele fez comigo
272 elas já estão subindo
273 eu agradeceria a eles por
eu agradeceria a eles por tudo que Agradecimento
tudo
eles fazem uhum para poder Fortalecimento do
274 que eles fazem uhum
Receptor 09 fortalecer porque o sangue a organismo
275 para poder fortalecer
anemia está fazendo você se Anemia faz
276 porque o sangue a anemia
enfraquecer o seu organismo né enfraquecer
277 está fazendo você se
enfraquecer
278 o seu organismo né
265

279 você está com anemia


280 eu não entendo o que aonde
você está com anemia eu não
que está o desequilíbrio Eu queria está bom de
entendo o que aonde que está o
281aí ah eu queria eu queria tudo voltar a ser
desequilíbrio aí ah eu queria eu
Receptor 09 está bom de tudo voltar a ser normal
queria está bom de tudo voltar a ser
normal Tenho muita fé em
normal eu queria é o que eu falei eu
282 eu queria é o que eu falei Deus
tenho muita fé em deus e falo
283 e tenho muita fé em deus
284 e falo
285 doutor bernardo que deus
doutor bernardo que deus encaminhe a sua mão
encaminhe a sua mão eu tenho fé 286 e eu tenho fé em você Fé
Receptor 09
em você e você vai me curar é o 287 e você vai me curar Cura
que não só dói naquele 288 é o que não
289 só dói naquele
290 aí a enfermeira
291 aqui que eu gosto
aí a enfermeira aqui que eu gosto 292 eu sou amigo de todos
eu sou amigo de todos aqui já 293 aqui já conheço todos
Amizade com a equipe
Receptor 09 conheço todos aqui eu falo para ela 294 aqui eu falo para ela
Beber bastante água
assim olha tento que beber bastante 295 assim olha tento
água muita água mesmo entendeu 296 que beber bastante água
297 muita água mesmo
entendeu
298 acho que descobriram lá
naquele hospital
acho que descobriram lá naquele
299 é como é o nome agora
hospital é como é o nome agora eu
300 eu não sei ele tem saída
Receptor 10 não sei ele tem saída para as duas
301 para as duas ruas
ruas é um que tem que a escada é
302 é um que tem que a escada
toda de mármore é descobri lá
303 é toda de mármore
304 é descobri lá
305 eu já fiz já é troca de
sangue
eu já fiz já é troca de sangue já fiz
306 já fiz troca muito tempo
troca muito tempo para mim eu até Vitamina
307 para mim eu até brinco
Receptor 10 brinco que é tipo uma vitamina ou Energético
308 que é tipo uma vitamina ou
um energético é eu falo que eu vou Vou abastecer
um energético
abastecer
309 é eu falo
310 que eu vou abastecer
Fonte: Elaboração própria, 2020.

LOGIA 04: REAÇÕES do RECEBER a VIDA: sinais no corpo e os riscos visualizados


pelo receptor de SANGUE
Entrevistados Segmentos de textos das falas Segmentos de textos das falas Temas
é aí depois sumiu passou do 01 é aí depois sumiu passou do Sumiu
nada desapareceu nada mais foi nada Passou
Receptor 01
uma eu estava internada e a 02 desapareceu nada mais Transfusão de plaquetas
outra eu vim fazer aqui foram 03 foi uma eu estava internada e hemácias
plaquetas e hemácias com diz 04 e a outra eu vim fazer aqui É um órgão
vocês é um órgão foram plaquetas e hemácias
05 com diz vocês é um órgão
266

06 com certeza não


07 não lembro
com certeza não não lembro não 08 não lembro internada
lembro internada agora não 09 agora não agora
agora eu não assino nada na 10 eu não assino Eui não assinei nada
Receptor 01 segunda vez que eu tomei eu 11 nada na segunda vez Não lembro de ter
não assinei nada mas eu acho 12 que eu tomei assinado nenhum papel
que não lembro de ter assinado 13 eu não assinei
não nenhum papel 14 nada mas eu acho que não
15 lembro de ter assinado não
nenhum papel
16 não da outra vez
não da outra vez eu tive que
17 eu tive que tomar a hemácia Tomar a hemácia
tomar a hemácia só que agora
18 só que agora não Só plaqueta
não está sendo só a plaqueta aí
Receptor 01 19 está sendo só a plaqueta Conhecimento e
eu vou fazer plaqueta hoje aí dia
20 aí eu vou fazer plaqueta hoje orientação sobre o
29 eu vou fazer plaqueta de
21 aí dia 29 tratamento
novo
22 eu vou fazer plaqueta de novo
30 eu vou lá semana que vem
eu vou lá semana que vem eu 31 e eu tenho uma consulta
tenho uma consulta com o 32 com o médico que vai fazer
médico que vai fazer porque 33 porque aqui não está fazendo
aqui não está fazendo né aí eu né
Busca por tratamento
Receptor 01 corri atrás consegui lá passei 34 aí eu corri atrás consegui
que não é oferecido
por uma consulta vou levar 35 lá passei por uma consulta
alguns exames agora para 36 vou levar alguns exames
médica e aí depois disso eu já 37 agora para médica
não sei 38 e aí depois disso
39 eu já não sei
40 eu nunca vi assim
eu nunca vi assim mas
41 mas geralmente o médico
geralmente o médico sempre
42 sempre pede para poder
pede para poder apareceu
43 apareceu mancha roxa Quando aparecer
mancha roxa corre para o
Receptor 01 44 corre para o hospital mancha roxa corre para
hospital só que coincide de
45 só que coincide de assim o hospital
assim eu vou lá depois de
46 eu vou lá depois de amanhã
amanhã então eu não vou correr
47 então eu não vou
hoje para lá
48 correr hoje para lá
49 uhum eu venho
uhum eu venho agora que eu 50 agora que eu estou tendo mais
estou tendo mais crises eu crises
Estou tendo mais crises
venho para emergência mais 51 eu venho para emergência
Venho para a
frequente mas eu venho para 52 mais frequente
Receptor 02 emergência com mais
consultas e exames a cada 3 ou 53 mas eu venho para consultas
freqüência
4 meses eu vim para cá com 54 e exames a cada 3 ou 4 meses
Crise de dor
crise de dor vim com muitas 55 eu vim para cá
dores 54 com crise de dor
55 vim com muitas dores
56 e a aparência também
e a aparência também meu rosto 57 meu rosto eu fico pálido
eu fico pálido aos lábios 58 aos lábios embranquecem hoje
embranquecem hoje eu estou 59 eu estou bem depois do tempo
eu fico pálido
Receptor 02 bem depois do tempo que eu 60 que eu passei ali no spa
lábios embranquecem
passei ali no spa eu estou bem 61 eu estou bem
melhor não sei melhorar voltar 62 melhor não sei
ao estado normal 63 melhorar voltar ao estado
normal
267

64 não na primeira vez que eu


tomei
não na primeira vez que eu 65 plaqueta saiu
na primeira vez que eu
tomei plaqueta saiu só tipo sabe 66 só tipo sabe
tomei plaqueta
como vai sair uma herpes deu 67 como vai sair uma herpes
Receptor 01 vai sair uma herpes
um volume assim um incômodo 68 deu um volume assim
incômodo no final da
no final da plaqueta estava 69 um incômodo no final da
plaqueta
terminando a bolsa de plaqueta plaqueta
70 estava terminando a bolsa de
plaqueta
71 e que não é a primeira
72 essa de julho
e que não é a primeira essa de
julho que eu te falei acho que 73 que eu te falei
74 acho que foi a segunda
Receptor 01 foi a segunda acho que eu não
75 acho que eu não tenho a
tenho a primeira aqui acho que
primeira
eu não botei a primeira
76 que acho
77 que eu não botei a primeira
78 não não até então
não não até então até você falar 79 até você falar não
não eu me sinto assim como eu 80 eu me sinto assim precisando eu sinto
não sinto porque eu estou assim 81 como eu não sinto que eu vejo algumas
Receptor 01 precisando eu só sinto que eu 82 porque eu estou assim manchas
vejo algumas manchas eu 83 precisando eu sinto não sinto quando eu
também não sinto quando eu 84 que eu vejo algumas manchas recebo
recebo 85 eu também não sinto
86 quando eu recebo
87 pelo menos ainda não deu
pelo menos ainda não deu
tempo
tempo deu assim identificar
88 deu assim
alguma mudança entendeu Quimioterapia
89 identificar alguma mudança
Receptor 01 pouco sangue isso é da Necessidade de
90 entendeu pouco sangue
quimioterapia que as plaquetas plaquetas
91 isso é da quimioterapia
estão assim toda vez que eu
92 que as plaquetas estão assim
faço
93 toda vez que eu faço
94 eu não sinto
95 eu vejo não
eu não sinto eu vejo não
96 geralmente assim eu não sinto
geralmente assim acontece
Receptor 01 97 acontece sempre eu vejo não
sempre deu ver assim eu vou
98 deu ver assim
amanhã ou daqui a dois dias
99 eu vou amanhã
100 ou daqui a dois dias
101 e assim são petéquias
102 mesmo são bem pequenas
e assim são petéquias mesmo petéquias
103 só saiu uma grande na língua
são bem pequenas só saiu uma são bem pequenas
104 no tamanho assim
grande na língua no tamanho saiu uma grande na
Receptor 01 105 de unha
assim de unha foi no dia que eu língua
106 foi no dia que eu estava
estava vindo para cá então
vindo
assim
107 para cá
108 então assim
109 eu fui medicado
110 e a doutora que estava me
eu fui medicado e a doutora que
diagnosticando
estava me diagnosticando falou eu fui medicado
111falou que eu precisava de uma
que eu precisava de uma precisava de uma
Receptor 02 transfusão
transfusão é eu vim ontem na transfusão
112 é eu vim ontem
verdade não é porque eu vim
113 na verdade não é
muito tarde eu vim era 22
114 porque eu vim muito tarde
115 eu vim era 22
268

116 acho que na época eu não


fazia nada
acho que na época eu não fazia
117 só tinha que esperar chegar o
nada só tinha que esperar chegar só tinha que esperar
sangue 118 mesmo conforme eu
o sangue mesmo conforme eu chegar o sangue
Receptor 02 fui
fui crescendo foi precisando transfusão depois de uns
119 crescendo foi precisando
menos acho que essa vai ser a 5 anos
120 menos acho que essa vai ser
transfusão depois de uns 5 anos
121 a transfusão
122 depois de uns 5 anos
123 mas era para repor o repor o hematócrito
mas era para repor o hematócrito reposição sim
hematócrito é reposição sim 124 é reposição sim fraqueza
fraqueza quando eu estou 125 fraqueza quando eu estou fico toda hora fraco
Receptor 02 precisando eu fico toda hora precisando não consigo fazer quase
fraco não consigo fazer quase 126 eu fico toda hora fraco nada
nada eu desmaio de sono fico 127 não consigo fazer quase nada desmaio de sono
dormindo o dia inteiro 128 eu desmaio de sono dormindo o dia inteiro
129 fico dormindo o dia inteiro
130 é só isso
131 eu sei que não vai ter mas
eu sei que não vai ter
é só isso eu sei que não vai ter agora
mas agora
mas agora eu não tenho mais 132 eu não tenho mais esse receio
o pessoal analisa o
Receptor 02 esse receio não é que o pessoal 133 não é que o pessoal analisa o
sangue
analisa o sangue e vê que ele é sangue
vê que ele é bom para
bom para mim é não sei 134 e vê que ele é bom
mim
135 para mim é
136 não sei
137 acho que eu fico na
expetativa
acho que eu fico na expetativa 138 de ficar melhor sim
de ficar melhor sim diversas 139 diversas vezes fico na expectativa
vezes desesperado eu fico com 140 desesperado eu fico desesperado
Receptor 02
toda sensação de fraqueza e 141 com toda sensação de sensação de fraqueza
saber que eu vou continuar fraqueza medo
daquele jeito é bem dá medo já 142 e saber que eu vou continuar
143 daquele jeito é bem
144 dá medo já
145 que eu venho de cada 15 em
que eu venho de cada 15 em 15 15 dias 146 normalmente eu
dias normalmente eu recebo recebo pelo menos uma bolsa e
cada 15 em 15 dias
pelo menos uma bolsa é é o 147 é o hemograma né o
Receptor 03 recebo pelo menos uma
hemograma né o hemograma hemograma
bolsa
acho que é o hemograma e é só 148 acho que é o hemograma
para saber quanto que está 149 e é só para saber quanto que
está
150 é pelo que eu costumo ouvir
é pelo que eu costumo ouvir o o sangue 151 ele tem um prazo né
sangue ele tem um prazo né 152 para ser colocado tem um prazo de
para ser colocado para ser não 153 para ser não pode validade
Receptor 03 pode acho que depois de lavado 154 acho que depois de lavado lavado e filtrado a
filtrado só pode é aguentar 3 filtrado validade é menor
dias se eu não me engano mais 155 só pode é aguentar 3 dias
ou menos isso 156 se eu não me engano
157 mais ou menos isso
essencial sem os anjos aí que 158 essencial sem os anjos
Manutenção da vida
doam sangue a gente não 159 aí que doam sangue
Sobrevivência
sobreviveria né ah sempre a 160 a gente não sobreviveria né
Receptor 03 Postagem nas mídias
gente está postando no facebook 161ah sempre a gente está
digitais
mas não pode fazer muita coisa postando no facebook
Pedido de ajuda
né só pedir ajuda mesmo 162 mas não pode fazer muita
269

coisa né
163 só pedir ajuda mesmo

164 um que pela falta de


doadores
um que pela falta de doadores 165 mesmo né Falta de doadores
mesmo né porque toda vez que 166 porque toda vez que a gente toda vez que a gente
a gente vem para cá é um vem para cá vem para cá é um
Receptor 03 transtorno às vezes muita gente 167 é um transtorno transtorno
passando mal vai embora 168 às vezes muita gente gente passando mal vai
porque não tem sangue então passando mal embora porque não tem
seria uma ajuda 169 vai embora porque não tem sangue
sangue
170 então seria uma ajuda
171 ah a gente fica um pouco né
ressabiado 172 porque a gente
ah a gente fica um pouco né
nunca sabe como é Receio
ressabiado porque a gente nunca
173 esse processo no laboratório Não sabe como é o
sabe como é esse processo no
né processo no laboratório
Receptor 03 laboratório né se é todo certinho
174 se é todo certinho mesmo Vírus
mesmo se porque tem a questão
175 se porque tem a questão das Bactéria
das bactérias de vírus né então
bactérias de vírus né Preocupação
tem sim uma preocupação
176 então tem sim uma
preocupação
177 então mais um dia
então mais um dia é como 178 é como quando eu acordo
Mais um dia
quando eu acordo para vir para para vir para cá
Receptor 03 cá eu sempre falo mais uma vez 179 eu sempre falo mais uma vez
mais um dia então é isso daí é mais um dia
ficar bem sim 180 então é isso daí
181 é ficar bem sim
182 da gente dos pacientes
da gente dos pacientes eu acho
183 eu acho que às vezes
que às vezes a gente fica
184 a gente fica sabendo que veio
sabendo que veio bastante
bastante doador Necessidade crescente
doador e que veio bastante
Receptor 03 185 e que veio bastante sangue de sangue mesmo com
sangue mas aí nunca tem sangue
186 mas aí nunca tem sangue tipo bastante doadores
tipo assim eu precisaria na
assim eu precisaria
verdade de no mínimo duas
187 na verdade de no mínimo
bolsas de sangue
duas bolsas de sangue
188 é 15 dias assim estourando
é 15 dias assim estourando
189 porque se eu tiver
porque se eu tiver dependendo
dependendo do hematócrito
do hematócrito se o hematócrito conhecimento do seu
190 se o hematócrito está um
está um pouco mais por corpo e necessidade de
Receptor 03 pouco mais
exemplo hoje estava 26 então sangue pelo valor do
por exemplo hoje estava 26
uma bolsa de sangue dá para hematócrito
191então uma bolsa de sangue da
aguentar 15 dias se ele estivesse
192 para aguentar 15 dias se ele
24
estivesse 24
193 é como eu falei
é como eu falei não tem como
194 não tem como chegar bolsa se foi realmente
chegar bolsa e você saber de
195 e você saber de quem que é inspecionado
quem que é se foi realmente
Receptor 03 196 se foi realmente inspecionado como é que foi feito os
inspecionado como é que foi
como é que foi feito exames
feito esse os exames não tem
197 esse os exames não tem
como saber
como saber
acredito que sim da mesma 198 acredito que sim da mesma Alegria em estar
maneira que eles amam esse maneira 199 que eles amam esse recebendo
Receptor 03
sentimento né de estar doando é sentimento né
o mesmo sentimento da gente 200 de estar doando
270

que está recebendo a alegria 201 é o mesmo sentimento da


aquela aquela gente
202 que está recebendo a alegria
203 aquela aquela
204 eu tenho bastante
205 eu vou doar para quem não
eu tenho bastante eu vou doar
tem
para quem não tem só que doar para quem não tem
206 só que aquela pessoa que não
aquela pessoa que não tem ela sentindo frio
Receptor 03 tem
já vem sentindo frio ela já vem passando por
207 ela já vem sentindo frio
passando por necessidades e necessidades
208 ela já vem passando por
quando ela recebe aquilo
necessidades
209 e quando ela recebe aquilo
210 a alegria é muito maior
a alegria é muito maior daquele daquele que tem
que tem que não passa por uma 211que não passa por uma
Alegria
necessidade por dificuldade mas necessidade por dificuldade
Receptor 03 Necessidade do sangue
o sentimento que gera de poder 212 mas o sentimento que gera de
doar eu acredito que seja poder doar
maravilhoso 213 eu acredito que seja
maravilhoso
214 mas para gente que recebe
mas para gente que recebe eu 215 eu vou te falar
vou te falar que é triplicado pela 216 que é triplicado pela
Receptor 03 necessidade que é para gente necessidade Alegria triplicada
então não tem nem palavras 217 que é para gente
para descrever isso daí 218 então não tem nem palavras
219 para descrever isso daí
220 você não ter mais nada
você não ter mais nada então
221 então quem chegou para você
quem chegou para você com o
com o remédio Agradecimento
remédio você vai agradecer
222 você vai agradecer muito né Dospinibilidade do
muito né então é meio sem
Receptor 03 223 então é meio sem palavras doador
palavras assim para descrever e
assim para descrever Quem chegou para você
também não é simples né
224 e também não é simples né com o remédio
precisa da disponibilidade da
225 precisa da disponibilidade da
pessoa
pessoa
226 da coragem da pessoa
da coragem da pessoa porque
227 porque não é fácil
não é fácil eu que faço
228 eu que faço tratamento desde Coragem do doador
tratamento desde quando eu
quando eu nasci Tratamento desde a
nasci há 38 anos desde
Receptor 03 229 há 38 anos desde bebezinha infância
bebezinha eu sei o que é levar
230 e eu sei o que é levar furada Agulha grossa do
furada e mesmo assim eu olho a
231e mesmo assim doador
agulha do doador e eu falo
232 eu olho a agulha do doador
assim
233 e eu falo assim
234 marquei e não deu outra
marquei e não deu outra aí eu 235 aí eu fui diagnosticado
fui diagnosticado com essa 236 com essa trombocitopenia Trombocitopenia
trombocitopenia essencial que 237 essencial que evoluiu para Mielofibrose
Receptor 04
evoluiu para mielofibrose agora mielofibrose Transfusão de 10 em 10
eu estou fazendo transfusão de 238 agora eu estou fazendo dias
10 em 10 dias tive uma reação transfusão de 10 em 10 dias
239 tive uma reação
eu acho muito importante isso 240 eu acho muito importante agradeceria muito de
ah eu agradeceria muito de isso coração
coração mesmo já fui doador e 241 ah eu agradeceria muito de já fui doador
Receptor 04
sempre procurei pedir ajuda as coração sempre procurei pedir
pessoas que podem vir não só 242 mesmo já fui doador ajuda as pessoas
pensando em mim mas pessoas 243 e sempre procurei pedir ajuda Necessidade do outro
271

que precisam aham as pessoas


244 que podem vir
245 não só pensando em mim
246 mas pessoas que precisam
aham
247 ah eu sinto fraqueza
248 sinto uma incapacidade total
ah eu sinto fraqueza sinto uma de ficar vivo Fraqueza
incapacidade total de ficar vivo 249 de ficar sem disposição sinto uma incapacidade
de ficar sem disposição para 250 para nada ah total de ficar vivo
Receptor 04
nada ah não estou tão já fiquei 251 não estou tão sem disposição
mal bem mal hoje eu estou 252 já fiquei mal estou dentro de um
dentro de um controle 253 bem mal hoje controle
254 eu estou dentro de um
controle
255ah eu estou me sentindo assim
me sentindo assim um
ah eu estou me sentindo assim um pouco cansado
pouco cansado
um pouco cansado entendeu 256 entendeu porque vai
vai chegando o final
porque vai chegando o final chegando o final
desse período de dez
Receptor 04 desse período de dez dias como desse período de dez dias
dias
hoje é o dia da transfusão é 257como hoje é o dia da
é normal eu me sentir já
normal eu me sentir já cansado transfusão
cansado
é 258 é normal eu me sentir já
cansado é
259 sem disposição para fazer
sem disposição para fazer nada
nada
entendeu e cansaço mesmo sem disposição para
cansaço físico mesmo 260 entendeu e cansaço mesmo fazer nada
Receptor 04 261 cansaço físico mesmo
esgotamento físico a esgotamento físico
necessidade existente e solução 262 esgotamento físico necessidade existente
do problema 263 a necessidade existente
264 e solução do problema
265 por exemplo eu no momento
por exemplo eu no momento eu 266 eu não tinha uma ferritina
não tinha uma ferritina ela era 267 ela era sempre em um nível devido a tanta
sempre em um nível aceitável aceitável transfusão
Receptor 04 hoje devido a tanta transfusão 268 hoje devido a tanta transfusão a ferritina está sempre
que eu faço a ferritina está que eu faço alta
sempre alta e isso devido as 269 a ferritina está sempre alta
transfusões não nenhum 270 e isso devido as transfusões
271 não nenhum
272 não não todo sangue que eu
todo sangue que eu
não não todo sangue que eu recebo
recebo é de pessoa
recebo é de pessoa 273 é de pessoa desconhecida
desconhecida
Receptor 04 desconhecida eu nunca levei 274 eu nunca levei nenhum
nunca levei nenhum
nenhum familiar nenhum amigo familiar
familiar
e veio falar 275 nenhum amigo
276 e veio falar
277 eu vou lá doar sangue para
você
eu vou lá doar sangue para você
278 e até aonde eu entendo
e até aonde eu entendo mesmo aquele sangue não vem
mesmo
que você faça isso aquele para você
Receptor 04 sangue não vem para você ele 279 que você faça isso ele vem para a
280 aquele sangue não vem para
vem para a instituição eu instituição
você
acredito que seja assim o doador doador é anônimo
é anônimo 281 ele vem para a instituição
282 eu acredito que seja assim
283 o doador é anônimo
ah que a partir daquele 284 ah que a partir daquele saio daqui
Receptor 04 momento eu vou me sentir momento com uma sensação de
melhor até a próxima vez né 285eu vou me sentir melhor força
272

quando eu saio daqui você está 286 até a próxima vez né que eu vou melhorar
com uma sensação de força que 287quando eu saio daqui
eu estou que eu vou melhorar 288 você está com uma sensação
que eu vou ficar bom de força
289 que eu estou
290 que eu vou melhorar
291 que eu vou ficar bom
e não ter e ter que voltar
já aqui já chegar e não ter e ter 292 já aqui já chegar outro dia
que voltar outro dia e ficar 293 e não ter e ter que voltar e ficar ligando para ver
Receptor 04
ligando para ver se já chegou se 294 outro dia e ficar ligando se já chegou
tem 295 para ver se já chegou
296 se tem
297 o que acontece é que está
o que acontece é que está faltando doador
faltando doador mesmo está 298 mesmo está faltando a fonte
faltando a fonte não pode secar 299 não pode secar Falta de doadores
mas às vezes falta fica difícil é 300 mas às vezes falta A fonte não pode secar
Receptor 04
não não tem nem muita 301 fica difícil é não não tem Às vezes falta
necessidade não aconteceu 302 nem muita necessidade Fica difícil
muitas vezes só aconteceu nesse 303 não aconteceu muitas vezes
período todo umas 5 6 vezes 304 só aconteceu nesse período
todo umas 5 6 vezes
305 aí espera um tempo
306 e vem às vezes liga
aí espera um tempo e vem às
307 às vezes nem liga
vezes liga às vezes nem liga
308 olha por exemplo
olha por exemplo ontem eu
309 ontem eu deixe aqui
deixe aqui já deixei coletado e Espera pelo sangue
310 já deixei coletado
Receptor 04 vim hoje assim com aquela Coleta do sangue no dia
311 e vim hoje assim com aquela
sensação que teria com tanto anterior
sensação
que eu cheguei ali aí estava
312 que teria com tanto
liberado no sistema a minha
312 que eu cheguei ali
bolsa
313 aí estava liberado no sistema
314 a minha bolsa
315 você ia para a consulta
você ia para a consulta e quando 316 e quando você chegava
você chegava com a receita na 317 com a receita na farmácia
farmácia o remédio estava lá 318 o remédio estava lá todos
Consulta
Receptor 04 todos eles hoje em dia não tem eles
Falta de medicamentos
uma dipirona e quando tem é 319 hoje em dia não tem uma
para 5 dias e se você toma todo dipirona
dia de 3 320 e quando tem é para 5 dias
321 e se você toma todo dia de 3
322 ah eu vou doar sangue
ah eu vou doar sangue para 323 para você aí
Receptor 04 você aí eu falo gente não sou só 324 eu falo Necessidade do outro
eu que preciso tá bom 325gente não sou
326 só eu que preciso tá bom
327 às vezes às vezes
328 quando eu fico muito tempo
às vezes às vezes quando eu 329 sem receber
Fraqueza
fico muito tempo sem receber 330 eu me sinto fraca
Tontura
eu me sinto fraca mais tonta às 331 mais tonta às vezes
Receptor 05 Já fiquei 3 meses
vezes já ocorreu de eu ficar por 332 já ocorreu de eu ficar
esperando uma bolsa
exemplo três meses esperando 333 por exemplo três meses
compatível comigo
uma bolsa compatível comigo esperando
334 uma bolsa compatível
comigo
273

335exatamente uma cama uhum


exatamente uma cama uhum ah
336 ah eu fico meio chateada
eu fico meio chateada não com
337não com vocês Fico chateada quando
Receptor 05 vocês porque eu sei que claro a
338 porque eu sei que claro a não tem sangue
culpa não é de vocês mas eu
culpa não é de vocês
fico meio chateada
339 mas eu fico meio chateada
340 geralmente eu fico muito
geralmente eu fico muito tempo tempo
até porque eu falei né meu 341até porque eu falei né Geralmente fico muito
sangue foi fenotipado então é a 342 meu sangue foi fenotipado tempo esperando que
Receptor 05
maior palhaçada sem c sem s 343então é a maior palhaçada meu sangue é
sem não sei o quê aí tem que 344 sem c sem s sem não sei fenotipado
lavar alvejante 345 o quê aí
346 tem que lavar alvejante
347nunca tive reação
nunca tive reação ainda bem né 348 ainda bem né
mas conforme tem muito tempo 349 mas conforme tem muito estou recebendo de
que eu estou recebendo de tempo várias pessoas então
Receptor 05 várias pessoas né então cada um 350 que eu estou recebendo de cada um dá um
dá um pouquinho do anticorpo várias pessoas né pouquinho do anticorpo
deles né aí eu fico cheia de 351então cada um dá um deles
anticorpo pouquinho do anticorpo deles né
352 aí eu fico cheia de anticorpo
353quando eu era menor
quando eu era menor eu não 354eu não fazia
fazia aí teve uma época que eu 355aí teve uma época que eu fiz fiquei durante um bom
fiz fiz durante uns 2 3 anos 356 fiz durante uns 2 3 anos tempo
Receptor 05
parei fiquei durante um bom 357 parei fiquei durante um bom sem receber
tempo sem receber e agora eu tempo agora eu voltei a fazer
voltei a fazer sem receber
358 e agora eu voltei a fazer
359 eu fico pensando né
360 as pessoas que recebem
eu fico pensando né as pessoas
sangue sempre as pessoas que recebem
que recebem sangue sempre e
361e tem a chance de pegar mais sangue sempre tem a
tem a chance de pegar mais
anticorpos chance de pegar mais
anticorpos do que eu deve ser
362 do que eu anticorpos
Receptor 05 muito mais difícil muito mais
363deve ser muito mais difícil muito mais difícil
trabalhoso ter que vir aqui às
364 muito mais trabalhoso muito mais trabalhoso
vezes e tem gente que vem aqui
365 ter que vir aqui às vezes gente que vem aqui toda
toda semana para receber
366 e tem gente que vem aqui semana
entendeu
toda semana
367 para receber entendeu
368 eu vou para lá
eu vou para lá vou ficar o dia 369 vou ficar o dia inteiro
inteiro sem fazer nada olhando 370 sem fazer nada
ficar o dia inteiro
para cara dos outros exatamente 371 olhando para cara dos outros
Receptor 05 sem fazer nada
bom no caso eu relaciono 372 exatamente
exatamente isso sangue é vida 373 bom no caso eu relaciono
né 374 exatamente isso
375 sangue é vida né
como a gente fala lá em casa 376 como a gente fala lá em casa
hoje em dia por exemplo hoje 377 hoje em dia por exemplo eu cheguei aqui e
eu cheguei aqui e falaram antes 378 hoje eu cheguei aqui e falaram antes de você
Receptor 05
de você transfundir de fazer o falaram antes de você transfundir transfundir
procedimento a gente vai te dar 379 de fazer o procedimento vai te dar dipirona
dipirona 380 a gente vai te dar dipirona
isso bebê tratava em outro lugar 381 isso bebê tratava em outro
já tive reação
Receptor 06 mas não tinham o recurso lugar
coceira só uma vez
entendeu é tem vez que é uma 382 mas não tinham o recurso
274

tem vez que são duas já tive 383 entendeu


reação coceira só uma vez 384 é tem vez que é uma
385 tem vez que são duas
386 já tive reação
387 coceira só uma vez
388 bom eu sei que assim
389 quando eu tomo a bolsa
bom eu sei que assim quando eu
390 é eu faço transfusão
tomo a bolsa é eu faço meu corpo fica melhor
391 meu corpo fica melhor né
Receptor 06 transfusão meu corpo fica NE
392 não sinto dor
melhor né não sinto dor é eu sei não sinto dor
393 é eu sei
que o sangue vem do meu corpo
394 que o sangue vem do meu
corpo
395 tem poucas pessoas
396 que tem um bom
tem poucas pessoas que tem um poucas pessoas
conhecimento
bom conhecimento e o interesse tem um bom
397 e o interesse entendeu
Receptor 06 entendeu sei assim sei mais ou conhecimento e o
398 sei assim
menos para que que serve ah interesse
399 sei mais ou menos
para o meu corpo né
400 para que que serve ah
401 para o meu corpo né
402 porque assim igual
porque assim igual eu falei vai 403 eu falei vai ajudar muito vai ajudar muito
ajudar muito conforme a gente 404 conforme a gente se sente se sente fraco com dor
se sente fraco com dor aí fraco com dor quando você toma a
Receptor 06
quando você toma a transfusão 405 aí quando você toma a transfusão de sangue te
de sangue você recebe o sangue transfusão de sangue ajuda muito
te ajuda muito 406 você recebe o sangue
407 te ajuda muito
408 é igual quando você liga um é igual quando você liga
celular um celular quando
é igual quando você liga um
409 já viu quando descarrega descarrega não serve
celular já viu quando descarrega
410 ele ali não serve para nada para nada está como se
ele ali não serve para nada ele
Receptor 06 411 ele está como se fosse fosse morrendo
está como se fosse morrendo aí
morrendo você toma a bolsa
você toma a bolsa recarrega é
412 aí você toma a bolsa recarrega
isso aí
recarrega
413 é isso aí
414 que eu vou receber
que eu vou receber o sangue 415 o sangue que eu vou
vai me ajudar o meu
que eu vou que vai me ajudar o 416 que vai me ajudar o meu
corpo
Receptor 06 meu corpo e eu vou para casa corpo
eu vou para casa
tipo assim bom não sei nem 417 e eu vou para casa
como explicar 418 tipo assim bom
419 não sei nem como explicar
420 porque você toma o sangue
porque você toma o sangue hoje 421 hoje você não sabe
você toma o sangue hoje
você não sabe daqui a quanto 422 daqui a quanto tempo
você não sabe daqui a
tempo você vai precisar de 423 você vai precisar de outro
Receptor 06 quanto tempo você vai
outro entendeu de outra bolsa é 424 entendeu de outra bolsa
precisar de outro
bem diferente é já vi casos de 425 é bem diferente
pessoas que resolve 426 é já vi casos de pessoas que
resolve
427 o sangue é mais na hora
o sangue é mais na hora assim
428 assim entendeu
entendeu a minha vida toda minha vida toda sempre
429 a minha vida toda assim
Receptor 06 assim é sempre tomando sangue tomando sangue
430 é sempre tomando sangue
bom mais ou menos mudou um
431 bom mais ou menos
pouco não não
432 mudou um pouco não não
275

433 o que vai fazer dois anos sim


o que vai fazer dois anos sim só
434 só troca eu já cheguei a fazer
troca eu já cheguei a fazer mas
435 mas como a doutora falou
como a doutora falou que eu eu poderia ter um AVC
Receptor 07 436 que eu poderia ter um avc
poderia ter um avc desse assim procedimento da troca
437 desse assim no procedimento
no procedimento da troca aí ela
da troca
deixou ao meu critério
438 aí ela deixou ao meu critério
439 fundamental tanto para que
recebe
fundamental tanto para que
440 quanto para quem doa
recebe quanto para quem doa
441 porque salva uma vida salva uma vida
porque salva uma vida assim em
442 assim em bom jesus eu levava geralmente de
Receptor 07 bom jesus quando eu me tratava
443 quando eu me tratava lá 3 em 3 meses 10
lá eu levava geralmente de 3 em
444 eu levava geralmente de 3 em doadores
3 meses 10 doadores entendeu
3 meses
que eu pedia
445 10 doadores entendeu
446 que eu pedia
447 sinto me dá fraqueza
sinto me dá fraqueza me dá 448 me dá sonolência fraqueza
sonolência ah hoje eu me sinto 449 ah hoje eu me sinto sonolência
uma pessoa normal ah significa 450 uma pessoa normal ah Disponibilidade do
Receptor 07 tipo assim uma pessoa para 451 significa tipo assim doador
quem me disponibiliza esse 452 uma pessoa para quem me Agradecimento ao
sangue de quem eu recebo só disponibiliza esse sangue doador
tenho que agradecer 453de quem eu recebo
454 só tenho que agradecer
455 sendo assim a pessoa
sendo assim a pessoa motivada
motivada a fazer esse gesto
a fazer esse gesto e incentiva a Motivação do doador
456 e incentiva a outras também
outras também que o brasil o brasil também está
457 que o brasil também está
também está precisando de precisando
Receptor 07 precisando
incentivo entendeu um gesto tão gesto tão lindo
458 de incentivo entendeu
lindo desse e está passando está passando
459 um gesto tão lindo desse
despercebido é isso que eu despercebido
460 e está passando despercebido
tenho para falar
461 é isso que eu tenho para falar
462 eu acho que uma vez às vezes
eu acho que uma vez às vezes
463 tomo duas bolsas
tomo duas bolsas mas hoje é
464 mas hoje é uma bolsa só
uma bolsa só não só me deu meu corpo ficou meio
Receptor 08 465 não só me deu umas
umas como que eu posso dizer cheio de bolinhas assim
meu corpo ficou meio cheio de 466 como que eu posso dizer
467 meu corpo ficou meio cheio
bolinhas assim
de bolinhas assim
468 teve uma vez no trabalho
teve uma vez no trabalho eu 469 eu pedi para uns colegas
pedi para uns colegas virem virem aqui doar sangue
pedi para uns colegas no
aqui doar sangue eles falaram 470 eles falaram que vieram
Receptor 08 trabalho
que vieram eu falei deixa lá que 471 eu falei deixa lá
a minha filha toma sangue no 472 que a minha filha toma
hemorio lá sangue
473 no hemorio lá
474 estava fazendo campanha
estava fazendo campanha
475 também daquele ônibus 624
também daquele ônibus 624
476 recolhendo dinheiro falando estava fazendo
recolhendo dinheiro falando que
477 que era para doar sangue para campanha
era para doar sangue para o
Receptor 08 o hemorio veio gente para cá
hemorio também veio gente
478 também veio gente para cá continuar doando
para cá para continuar doando
479 para continuar doando fraqueza
para continuar doando é
480 para continuar doando
fraqueza é fraqueza
481é fraqueza é fraqueza
276

482 a cada 15 dias não não


a cada 15 dias não não eu fiquei 483 eu fiquei agora para cerca de
fiquei agora para cerca
agora para cerca de 2 meses 2 meses sem receber
de 2 meses sem receber
sem receber porque as plaquetas 484 porque as plaquetas estavam
plaquetas estavam
Receptor 09 estavam normais estava em um normais
normais
nível favorável e o sangue 485 estava em um nível favorável
tomo umas injeções
também aí eu tomo umas 486 e o sangue também
que ajudam na anemia
injeções que ajudam na anemia 487aí eu tomo umas injeções
488 que ajudam na anemia
489 e agora com quem que eu
vou
e agora com quem que eu vou
490 me acompanhar em macaé
me acompanhar em macaé não
490 não tinha um hematologista
tinha um hematologista a altura
Receptor 09 491 a altura do meu problema de hematologista
do meu problema de leucemia aí
leucemia
eu fui lá nos órgãos lá aí ele
492 aí eu fui lá nos órgãos lá
pediu ele falou
493 aí ele pediu
494 ele falou
495 eu já estava tomando
corticoide há 8 anos entendeu
eu já estava tomando corticoide
496 aí ele falou
há 8 anos entendeu aí ele falou
497 não você não precisa tomar
não você não precisa tomar Conhecimento do
Receptor 09 mais isso
mais isso você só vai ficar com tratamento
498 você só vai ficar com o
o metotrexato e o outro é ácido
metotrexato
fólico de 5 mg
499 e o outro é ácido fólico de 5
mg
500 o sangue aqui ainda tem um
o sangue aqui ainda tem um pouco de anemia
pouco de anemia não a única 501 não a única vez quando eu estava
Receptor 09 vez quando eu comecei a 502 quando eu comecei tomando eu senti meio
quando eu estava tomando as 503 a quando eu estava tomando zonzo
plaquetas eu senti meio zonzo 504 as plaquetas
505 eu senti meio zonzo
506 assim que parou a médica
507 veio me deu um remédio lá
assim que parou a médica veio
508 e depois ela toda vez
me deu um remédio lá e depois
509 sei lá toda vez
ela toda vez sei lá toda vez antes antes de fazer as
510 antes de fazer as transfusões
de fazer as transfusões antes transfusões tem que
Receptor 09 511antes você tem que tomar um
você tem que tomar um remédio tomar um remédio
remédio
que eles põem aí que eles dão
512 que eles põem aí
aqui para a gente anotado lá
513 que eles dão aqui
anotado lá
514 para a gente anotado lá
515 anotado lá
516 eu era doador aqui do próprio
hemorio
eu era doador aqui do próprio
517 e toda vez eu vinha aqui 3 ou
hemorio e toda vez eu vinha
4 vezes ao ano doar sangue Eu era doador de
aqui 3 ou 4 vezes ao ano doar
518 entendeu eu tinha até carteirinha do
sangue entendeu eu tinha até
Receptor 09 carteirinha HEMORIO
carteirinha e tudo aqui para doar
519 e tudo aqui para doar sangue ajuda que a gente dá a
sangue aqui no hemorio eu era
aqui no hemorio quem precisa
doador é uma ajuda que a gente
520 eu era doador
dá a quem precisa
521 é uma ajuda que a gente dá a
quem precisa
hoje eu estou precisando né mas 522 hoje eu estou precisando né hoje eu estou precisando
eu doei muito sangue para cá 523 mas eu doei muito sangue mas eu doei muito
Receptor 09
sim peço aos meus irmãos peço 524 para cá sim sangue
aos meus filhos para poderem 525 peço aos meus irmãos peço aos meus irmãos
277

verem se arranjam colegas que 526 peço aos meus filhos peço aos meus filhos
possam vir entendeu doar 527 para poderem verem se para poderem verem se
porque eu sei da necessidade arranjam arranjam
528 colegas que possam vir sei da necessidade
entendeu
529 doar porque eu sei da
necessidade
530 ai você fica com a imunidade
muito mais baixa
ai você fica com a imunidade
531 ainda e as plaquetas ajudam
muito mais baixa ainda e as
532 você a ajudam o sangue imunidade muito mais
plaquetas ajudam você a ajudam
533 a te dar força né baixa
Receptor 09 o sangue a te dar força né oh às
534 oh às vezes a o sangue te dar força
vezes a o sangue eu sei que eu
535 eu sei que eu estou fraqueza nas pernas
estou precisando porque começa
precisando
nas pernas me dá uma fraqueza
536 porque começa nas pernas
537 me dá uma fraqueza
538 é e eu tenho e me dá uma
sonolência
é e eu tenho e me dá uma
539 você tem vontade só de
sonolência você tem vontade só Sonolência
dormir
Receptor 09 de dormir quando o sangue Vontade de dormir
quando ele está aí você vê que 540 quando o sangue
ela está lá em baixo 541 quando ele está
542 aí você vê que ela está lá em
baixo
543 os lábios ficam brancos
os lábios ficam brancos os
544 os lábios ficam brancos
lábios ficam brancos e aqui nos
545 e aqui nos olhos dá para ver os lábios ficam brancos
olhos dá para ver que fica tudo
546 que fica tudo branco também olhos dá para ver fica
Receptor 09 branco também normal apesar
547 normal apesar do que eu falei tudo branco também
do que eu falei que toda vez que
548 que toda vez que eu
eu chego pro doutor bernardo
549 chego pro doutor bernardo
ele fala
550 ele fala
551 e ai como nós estamos
552 eu falo que não estou
e ai como nós estamos eu falo sentindo aquelas dores
que não estou sentindo aquelas 553 hoje eu não estou sentindo
não estou sentindo
dores hoje eu não estou sentindo não
aquelas dores
Receptor 09 não mas aí ele vai ver lá no 554 mas aí ele vai ver lá no
coleta de sangue antes
exame porque quando eu chego exame
da consulta
de manhã eu tiro sangue coleto 555 porque quando eu chego de
sangue né manhã
556 eu tiro sangue
557 coleto sangue né
558 aí ele vê que as plaquetas
subiram até x
aí ele vê que as plaquetas
559 mas o senhor está com Médico vê os exames
subiram até x mas o senhor está
anemia Pede sangue
com anemia e eu vou tomar
Receptor 09 560 e eu vou tomar umas bolsas fortalecer o organismo
umas bolsas de sangue é
tirar a anemia
fortalecer o organismo né tirar a de sangue
561 é fortalecer o organismo né essa fraqueza
anemia essa fraqueza
562 tirar a anemia
563 essa fraqueza
564 engraçado que às vezes
engraçado que às vezes eu coletei o sangue cedinho
565 eu pergunto ele
pergunto ele como eu estou hoje eu me senti parecia que
566 como eu estou hoje
porque tem dias que você chega eu ia desmaiar
Receptor 09 567 porque tem dias
aqui uma vez eu cheguei aqui eu não sinto nada
568 que você chega aqui
cedinho coletei o sangue e corri não dá dores nas pernas
569 uma vez eu cheguei aqui
ali para entrada da principal ali
cedinho
278

570 coletei o sangue


571 e corri ali para entrada da
principal ali
572 eu me senti parecia que eu ia
desmaiar
eu me senti parecia que eu ia
573 isso entendeu
desmaiar isso entendeu aí tem
574 aí tem dias que eu venho aqui
dias que eu venho aqui igual
igual hoje
Receptor 09 hoje se eu vier eu não sinto nada
575 se eu vier eu não sinto nada
não dá dores nas pernas e eu
576 não dá dores nas pernas
estou com os hábitos normais e
577 e eu estou com os hábitos
ele fala
normais
578 e ele fala
579 muito ah consegue
580 é sono direto
muito ah consegue é sono direto
581é toda hora dá sono sono direto
é toda hora dá sono é só
582 é só sonolência sonolência
Receptor 10 sonolência direto tipo assim
583 direto tipo assim
quando chega uns 3 uns 3 dias
584 quando chega uns 3 uns 3
antes é como é que se diz
dias
585 antes é como é que se diz
586 tipo hoje
587 eu tenho que tomar sangue
tipo hoje eu tenho que tomar
588 se eu fizer alguma coisa
sangue se eu fizer alguma coisa
589 é se eu fizer uma caminhada
é se eu fizer uma caminhada
longe Corpo dá sinais da
Receptor 10 longe aí tipo ontem eu já ia ficar
590 aí tipo ontem necessidade do sangue
dormindo o dia inteiro um dia
591 eu já ia ficar dormindo
antes deu vir eu já sei que eu
592 o dia inteiro um dia antes deu
estou
vir
593 eu já sei que eu estou
594 aí fica com um desânimo
aí fica com um desânimo 595 vontade de dormir desânimo
vontade de dormir de ficar só 596 de ficar só dormindo vontade de dormir
dormindo aí tipo eu acho que 597 aí tipo eu acho que baixa o tipo eu acho que baixa o
Receptor 10 baixa o hematócrito sim hematócrito hematócrito
abastecer precisando abastecer 598 sim abastecer precisando precisando abastecer
aí eu fico assim amanhã eu 599 abastecer aí
tenho que abastecer 600 eu fico assim amanhã
601 eu tenho que abastecer
602 já teve vez que eu vim
já teve vez que eu vim e não 603 e não teve mas também
teve mas também o hematócrito 604 o hematócrito não estava tão
não estava tão baixo deu baixo
Conhecimento do
Receptor 10 necessitar de tomar sangue na 605 deu necessitar de tomar hematócrito
hora dava para aguentar mais sangue na hora
uns dias então não fez muita 606 dava para aguentar mais uns
diferença dias
607 então não fez muita diferença
608 que não ia dá para eu fazer
quase nada
que não ia dá para eu fazer
609 que já quando eu chego
quase nada que já quando eu
610 perto dos dias de tanta Corpo dá sinais da
chego perto dos dias de tanta
Receptor 10 sonolência necessidade do sangue
sonolência então ia ser
611então ia ser complicado eu tive tipo alergia
complicado é isso bom assim
612 é isso bom
depois disso eu tive tipo alergia
613 assim depois disso
614 eu tive tipo alergia
279

615 eu me acostumei
616 porque é de 15 em 15 dias de 15 em 15 dias
eu me acostumei porque é de 15
617 então já tem tanto tempo já tem tanto tempo
em 15 dias então já tem tanto
618 que eu faço isso que eu faço isso
tempo que eu faço isso que já
Receptor 10 619 que já acostumei que já acostumei
acostumei não fico mais irritado
620 não fico mais irritado não fico mais irritado
de ficar assim esperando tanto
621 de ficar assim esperando de ficar assim esperando
tempo já acostumei já
622 tanto tempo
623 já acostumei já
Fonte: Elaboração própria, 2020.

LOGIA 05: PROCESSO de TRATAMENTO como TRANSPLANTE de células VIVAS:


uma clínica DEVIR CUIDADO com doadores e clientes-receptores

Entrevistados Segmentos de textos das falas Unidades de Registro Temas


01 não são células que assim
não são células que assim que 02 que logo depois de sair da
logo depois de sair da corrente corrente
não são células
eu acho que logo morre eu acho 03 eu acho que logo morre
logo depois de sair da
que não fica viva muito tempo 04 eu acho que não fica viva muito
Receptor 01 corrente logo morre
um privilégio para quem precisa tempo 05 um privilégio para quem
não fica viva muito
receber e uma não sei usar o precisa
tempo
termo certo para quem está 06 receber 11 e uma não sei
doando 07 usar o termo certo
08 para quem está doando
eu fiz todo o tratamento aqui só 09 eu fiz todo o tratamento aqui
Tratamento desde a
Receptor 02 que eu comecei o tratamento 10 só que eu comecei o tratamento
infância
quando eu tinha 1 ano e meio 11 quando eu tinha 1 ano e meio
12 é antes disso com as
é antes disso com as ocorrências ocorrências
as crises de ficar sem sangue eu 13 as crises de ficar sem sangue Demora no início do
acabava ficando sempre 14 eu acabava ficando sempre tratamento
dormindo eu ia a outros dormindo Crises de ficar sem
Receptor 02
hospitais até diagnosticarem que 15 eu ia a outros hospitais sangue
era isso aí aí eu comecei a vir 16 até diagnosticarem que era isso Tratamento no
para cá e eu fiz todo o aí HEMORIO
tratamento aqui 17 aí eu comecei a vir para cá
18 e eu fiz todo o tratamento aqui
19 ela me passou a medicação
ontem
ela me passou a medicação
20 mesmo isso uhum
ontem mesmo isso uhum é
21 é exatamente uhum Depois da transfusão
Receptor 02 exatamente uhum não não acho
22 não não acho que depois da dor melhora
que depois da transfusão bem de
transfusão 23 bem de leve
leve é nível de no tórax
23 é nível
24 de no tórax
25 eu mesmo já precisei demais de
eu mesmo já precisei demais de sangue Já precisei demais de
sangue e tinha vezes que eu 26 e tinha vezes que eu vivia aqui sangue
vivia aqui por eu fiquei meses 27 por eu fiquei meses aqui Internação porque não
Receptor 02
aqui internada porque não tinha internada tinha sangue
sangue aí tinha que me 28 porque não tinha sangue Estabilizar a base de
estabilizar a base de remédio 29 aí tinha que me estabilizar remédio
30 a base de remédio
não eu prefiro receber tipo todo 31 não eu prefiro receber tipo todo Sofrimento por falta
Receptor 02
sofrimento que eu já passei por 32 sofrimento que eu já passei do sangue
280

falta que eu acho que é bem 33 por falta


melhor receber oi acho que não 34 que eu acho
mais 35 que é bem melhor receber
36 oi acho que não mais
37 por falta por dores por toda
38 as ocorrências não
por falta por dores por toda as Por falta
ocorrências não eu continuei 39 eu continuei aqui por dores
40 até receber fiquei internado
aqui até receber fiquei internado por toda as
41 teve vezes que eu fiquei
Receptor 02 teve vezes que eu fiquei ocorrências
internado
internado meses aqui 1 acho que Internação porque não
42 meses aqui 1
o máximo foram 2 meses que eu tinha sangue
43 acho que o máximo foram 2
fiquei internado
meses
44 que eu fiquei internado
45 e toda hora o pessoal fala ah
e toda hora o pessoal fala ah tem 46 tem falta de sangue
falta de sangue
falta de sangue falta de sangue e 47 falta de sangue e vê
às vezes tem sangue
Receptor 03 vê que eu no meu caso às vezes 48 que eu no meu caso
às vezes não tem
tem sangue às vezes não tem 49 às vezes tem sangue
mas a maioria né 50 às vezes não tem
51 mas a maioria né
52 no meu caso são as hemácias são as hemácias
no meu caso são as hemácias os
53 os glóbulos vermelhos os glóbulos vermelhos
glóbulos vermelhos é é um
54 é é um latejar muito forte um latejar muito forte
latejar muito forte e você sente
55 e você sente latejar latejar dentro da
Receptor 03 latejar aqui latejar dentro da
56 aqui latejar dentro da cabeça cabeça
cabeça e latejar bem forte aqui
57 e latejar bem forte aqui perto da onde tem a
perto do da onde tem a medula
58 perto da onde tem a medula medula mesmo
mesmo
mesmo
e assim a ponto de você não 59 e assim a ponto de você
não conseguir ficar
Receptor 03 conseguir ficar muitas vezes 60 não conseguir ficar muitas
muitas vezes sentada
sentada vezes sentada
61 que nem eu agora
que nem eu agora eu estou 62 eu estou sentindo bastante dor estou sentindo
sentindo bastante dor na coluna na coluna bastante dor na coluna
então assim é muito 63 então assim é muito desconfortável
desconfortável porque dói né e a desconfortável Dor
Receptor 03
gente fica meio sem saber 64 porque dói né os médicos não
porque na verdade os médicos 65 e a gente fica meio sem saber conseguem definir o
não conseguem definir o que é porque na verdade que é isso
isso 66 os médicos não conseguem
definir o que é isso
67 lateja lateja na coluna lateja na coluna
lateja lateja na coluna tipo se eu 68 tipo se eu ando um pouco mais tem hora que eu não
ando um pouco mais rápido tem rápido consigo
Receptor 03 hora que eu não consigo nem 69 tem hora que eu não consigo nem respirar
respirar a cabeça assim parece 70 nem respirar a cabeça assim parece
que vai explodir 71 a cabeça assim parece que vai que vai explodir
explodir
72 é não é
é não é aquela falta de ar é tanta 73 aquela falta de ar
dor que você fica você se contraí 74 é tanta dor que você fica falta de ar
Receptor 03 tanto que às vezes você não 75 você se contraí tanto tanta dor que você fica
consegue nem respirar mas não é 76 que às vezes você não consegue
falta de ar entendeu nem respirar
77 mas não é falta de ar entendeu
então aí seria esse voltar como 78 então aí seria esse voltar cada vez que eu
se cada vez que eu recebesse 79 como se cada vez que eu recebesse sangue eu
Receptor 03
sangue eu começasse uma vida recebesse sangue começasse uma vida
nova eu vou morrendo e quando 80 eu começasse uma vida nova nova
281

eu tomo o sangue eu vou 81 eu vou morrendo eu vou morrendo e


revivendo por isso é muito 82 e quando eu tomo o sangue quando eu tomo o
importante 83 eu vou revivendo sangue
84 por isso é muito importante eu vou revivendo

85 como assim olha


como assim olha é assim se 86 é assim se falasse assim você prefere tomar um
falasse assim que tem um 87 que tem um remédio aí remédio um
remédio aí você prefere tomar 88 você prefere tomar um remédio comprimido ou tomar
Receptor 03
um remédio um comprimido ou 89 um comprimido ou tomar o o sangue eu preferia o
tomar o sangue eu preferia o sangue remédio
remédio por dois motivos 90 eu preferia o remédio por dois
motivos
91 né de ter de vir toda hora aqui
né de ter de vir toda hora aqui e ter de vir toda hora
92 e não ter sangue
não ter sangue e voltar para casa aqui
Receptor 03 93 e voltar para casa
então nesse caso eu preferiria o não ter sangue
94 então nesse caso
remédio
95 eu preferiria o remédio
96 muita frustração
muita frustração muita tristeza 97 muita tristeza muita frustração
raiva porque às vezes eu sinto 98 raiva porque às vezes muita tristeza
Receptor 03
que é um pouco eu sinto um 99 eu sinto que é um pouco eu raiva
pouco caso às vezes entendeu 100 sinto um pouco caso
101às vezes entendeu
não não eu não sou carioca né 102 não não eu não sou carioca né
conheci o hemorio
mas eu conheci o hemorio aqui 103 mas eu conheci o hemorio
Receptor 04 comecei o tratamento
mesmo e comecei o tratamento 104 aqui mesmo
aqui
aqui 105 e comecei o tratamento aqui
106 tive a primeira
107 e de lá para cá
tive a primeira e de lá para cá eu 108 eu faço uma medicação
faço uma medicação antes todas 109 antes todas as vezes que
tive uma reação
as vezes que transfundo ah tive transfundo
Receptor 04 comecei a ter uma
uma reação comecei a ter uma 110 ah tive uma reação tremedeira
tremedeira fiquei mal mesmo 111 comecei a ter uma tremedeira
muito chato muito horrível 112 fiquei mal mesmo
113 muito chato
114 muito horrível
115 necessidade permanente necessidade
116 enquanto não tiver uma outra permanente
necessidade permanente
117 solução para o caso enquanto não tiver
enquanto não tiver uma outra
118 por exemplo uma outra solução
solução para o caso por exemplo
119 eu estou tomando uma eu estou tomando uma
eu estou tomando uma
medicação medicação
Receptor 04 medicação que o propósito dela
120 que o propósito dela principalmente
seria principalmente eliminar
121 seria principalmente eliminar eliminar essas
essas transfusões mas ainda é
122 essas transfusões transfusões
cedo ainda para fazer essa
123 mas ainda é cedo mas ainda é cedo
avaliação não sei se vai
124 ainda para fazer essa avaliação
125 não sei se vai
126 muito ruim
127 quando eu comecei há dez
muito ruim quando eu comecei
anos atrás
há dez anos atrás chegava na
128 chegava na farmácia Falta de recursos e
Receptor 04 farmácia tinha toda medicação
129 tinha toda medicação medicações
que foi uma coisa assim
130 que foi uma coisa assim
maravilhosa eu falei que isso
maravilhosa
131 eu falei que isso
282

132 4 horas como é que você vai


4 horas como é que você vai pegar uma medicação
pegar uma medicação uma 133uma dipirona para 5 dias
dipirona para 5 dias não tem 134 não tem nem como você pega
nem como você pega e daqui a 5 135 e daqui a 5 dias
Receptor 04
dias você vai vir aqui o dinheiro 136 você vai vir aqui
que você vai gastar de passagem 137 o dinheiro que você vai gastar
você vai comprar perto da sua de passagem
casa 138 você vai comprar perto da sua
casa
139 hydrea se você for comprar
hydrea se você for comprar hoje hoje
uma quantidade eu vi lá estava 140 uma quantidade eu vi lá estava
200 e poucos reais no meu caso 200 e poucos reais Medicações caras sem
Receptor 04
nem pensar porque uma caixa 141 no meu caso nem pensar condições de comprar
com 600 comprimidos está 35 142 porque uma caixa com 600
000 reais é isso comprimidos está 35 000 reais é
isso
143 no caso eu já tive alta da troca
no caso eu já tive alta da troca 144 também depois voltei algumas
Alta da troca
também depois voltei algumas vezes
Receptor 05 Depois voltei algumas
vezes não é sempre que eu não 145 não é sempre que eu não não
vezes
não sim sim ah muita coisa né 146 sim sim ah
147 muita coisa né
148 que não tinha
149 e eu perto de completar esses
que não tinha e eu perto de perto de completar
três meses
completar esses três meses eu esses três meses
150 eu comecei a ficar com dores
comecei a ficar com dores de eu comecei a ficar
de cabeças intensas
Receptor 05 cabeças intensas ter que vir aqui com dores de cabeças
151 ter que vir aqui nesse spa
nesse spa e tudo mais e ter que intensas
152 e tudo mais
ficar aqui tratando com remédio ter que vir aqui nesse
153 e ter que ficar aqui tratando
um monte de coisas spa
com remédio
154 um monte de coisas
155 para mim é a coisa mais
para mim é a coisa mais normal normal do mundo é a coisa mais normal
do mundo claro ter que vir aqui 156 claro ter que vir aqui todo mês do mundo
Receptor 05 todo mês é um saco gente se eu é um saco ter que vir aqui todo
pudesse ficar em casa dormindo 157 gente se eu pudesse ficar em mês
até mais tarde casa
158 dormindo até mais tarde
159 eu venho todo mês para
eu venho todo mês para receber
receber o sangue
o sangue aí eu tenho a cada 3 5
160 aí eu tenho a cada 3 5 meses
meses consulta com eu venho todo mês
consulta com ginecologista né
Receptor 05 ginecologista né com o clínico e para receber o sangue
161 com o clínico e de vez em
de vez em quando a cada 6
quando a cada 6 meses
meses eu tenho consulta com o
162 eu tenho consulta com o
neurologista
neurologista
163 por causa dessa crise
por causa dessa crise que eu tive 164 que eu tive uma vez dor de
Crise
uma vez dor de cabeça não não cabeça
dor de cabeça
Receptor 05 inclusive nunca tive tenho dor de 165 não não inclusive nunca tive
cabeça mas todo mundo tem né tenho dor de cabeça
fome cansaço não 166 mas todo mundo tem né
167 fome cansaço não
não sempre só a hemácia não até 168 não sempre só a hemácia só a hemácia
porque aqui o controle de 169 não até porque aqui o controle aqui o controle de
Receptor 05
qualidade é bem alto não passa de qualidade é bem alto qualidade é bem alto
nada eu durmo o tempo inteiro 170 não passa nada eu durmo o eu durmo o tempo
283

eu sou dorminhoca mesmo eu tempo inteiro inteiro


acordo cedo para vir para cá eu 171eu sou dorminhoca eu acordo cedo para
só penso 172 mesmo eu acordo cedo para vir para cá
vir para cá
173 eu só penso

174 amaciante filtro


175 não sei o quê tudo isso
amaciante filtro não sei o quê
176 tem que ter então eu fico aqui
tudo isso tem que ter então eu
ó
fico aqui ó às vezes tem sangue Demora na espera do
Receptor 05 177 às vezes tem sangue
mas até passar por esse processo sangue
178 mas até passar por esse
todo aí é 15 horas da tarde eu
processo
vou receber o sangue
179 todo aí é 15 horas da tarde
180 eu vou receber o sangue
181 teve até um dia que eu
comentei aqui
teve até um dia que eu comentei
182 que eu vou poder receber de
aqui que eu vou poder receber
uma pessoa
de uma pessoa só e vai ficando vai ficando cada vez
cada vez mais difícil eu falei 183 só e vai ficando cada vez mais
Receptor 05 mais difícil
gente se com 20 anos já está difícil
assim e eu não fiz não faço 184 eu falei gente se com 20 anos
tratamento a vida inteira né já está assim
185 e eu não fiz não faço
tratamento a vida inteira né
186 mas se com o pouco
187 com poucas vezes fazendo o
mas se com o pouco com poucas poucas vezes fazendo
procedimento
vezes fazendo o procedimento já o procedimento já é
188 já é difícil né
Receptor 05 é difícil né já se torna esse difícil
189 já se torna esse martírio
martírio todo imagina se eu imagina se eu
todo
recebesse sempre recebesse sempre
190 imagina se eu recebesse
sempre
191 eu não quero ir lá não
eu não quero ir lá não quero
192 quero acordar cedo
acordar cedo não quero sair de
193 não quero sair de casa não
Receptor 05 casa não quero ir no hemorio não quero sair de casa
194 quero ir no hemorio
chega cansei aí bate um cansaço
né bate um 195 chega cansei aí
196 bate um cansaço né bate um
197 que realmente eu não sofro
tanto
que realmente eu não sofro tanto
198 os transtornos mas sem o
os transtornos mas sem o sangue sem eu receber esse
sangue
sem eu receber esse sangue no sangue
Receptor 05 199 sem eu receber esse sangue
caso a vida seria mais difícil né no caso a vida seria
200 no caso a vida seria mais
para mim nem tanto mas uma mais difícil
difícil né
hora realmente
201 para mim nem tanto
202 mas uma hora realmente
203 uma hora até para mim que
uma hora até para mim que não não tenho
tenho que sou assintomática até 204 que sou assintomática até para mim uma hora
Receptor 05 para mim uma hora fica difícil 205 até para mim uma hora fica fica difícil
ah não sei sei lá às vezes difícil ah impotência
impotência né 206 não sei sei lá
207 às vezes impotência né
sente fraco começa a dar crise 208 sente fraco
dar dor muita dor a dor é muito 209 começa a dar crise sente fraco
Receptor 06 forte tem caso de tomar morfina 210 dar dor muita dor a dor é crise
né hoje até que estou bem me muito forte dor
sentindo bem até não estou 211 tem caso de tomar morfina né
284

cansado não estou com dor 212 hoje até que estou bem
213 me sentindo bem a
214 até não estou cansado
215 não estou com dor
216 já é a gente sabe
já é a gente sabe que não vai ter 217 que não vai ter às vezes
às vezes tem que voltar para 218 tem que voltar para casa não vai ter às vezes
Receptor 06 casa às vezes tem que ficar aí 219 às vezes tem que ficar aí tem que voltar para
depende de como você está 220 depende de como você está casa
entendeu é o que eu penso 221 entendeu
222 é o que eu penso
223 bom pela anemia falciforme
224 que eu tenho
bom pela anemia falciforme que
225 se não tivesse sangue
eu tenho se não tivesse sangue
226 eu acho que eu não estaria se não tivesse sangue
eu acho que eu não estaria aqui
Receptor 06 aqui eu acho que eu não
mais não a vida isso é começou
227 mais não a vida estaria aqui
na cabeça aí depois eu tomei
228 isso é começou na cabeça
polaramine e acabou
229 aí depois eu tomei polaramine
230 e acabou
231 pararam e foi assim
232 acabou isso não é
pararam e foi assim acabou isso
233 não chega a ser bem bem isso
não é não chega a ser bem bem não chega a ser bem

isso né porque já vi casos de isso
Receptor 06 234 porque já vi casos de
transplante assim até mesmo de é bem diferente
medula esses negócios e é bem transplante
diferente 235 assim até mesmo de medula
236 esses negócios
237 e é bem diferente
238 que eu não conheço essa
que eu não conheço essa pessoa pessoa eu não conheço essa
mas essa pessoa está fazendo a 239 mas essa pessoa está fazendo pessoa
semente e caridade e digamos 240 a semente e caridade essa pessoa está
Receptor 07
que a pessoa não recebe por isso 241 e digamos que a pessoa fazendo
e faz pela vontade própria não 242 não recebe por isso a semente e caridade
preferia receber preferia 243 e faz pela c a semente e caridade
244 não preferia receber preferia
245 até esqueci o nome
até esqueci o nome a minha 246 a minha esposa deve ter o
esposa deve ter o nome eu não nome
guardo nome de remédio eu sou 247 eu não guardo nome de
Receptor 09 Tomo umas injeções
horrível para guardar aí eu tomo remédio
umas injeções a é segundas 248 eu sou horrível para guardar
quartas e sextas 249 aí eu tomo umas injeções
250 a é segundas quartas e sextas
251 aí ela me diagnosticou
aí ela me diagnosticou me 252 me conhecia há muito tempo
conhecia há muito tempo e ela 253 e ela pediu para eu fazer uma
pediu para eu fazer uma radiografia do pulmão Demora no
Receptor 09 radiografia do pulmão aí eu me 254 aí eu me senti assim meio diagnóstico
senti assim meio fraco aí ela fraco Pneumologista
falou vamos ver se é alguma 255 aí ela falou
coisa do pulmão 256 vamos ver se é alguma coisa
do pulmão
a cada mês eu ia lá e ele ele me 257 a cada mês eu ia lá e ele
deu os remédios que eu tinha 258 ele me deu os remédios
que tomar e falou nós não vamos 259 que eu tinha que tomar Leucemia
Receptor 09
fazer nada de quimioterapia 260 e falou nós não vamos fazer Tratamento oral
nada disso a sua leucemia nós nada de quimioterapia
vamos fazer um tratamento oral 261 nada disso a sua leucemia
262 nós vamos fazer um tratamento
oral
285

263 no princípio ele não fez


transfusão
no princípio ele não fez
264 a transfusão começou do ano
transfusão a transfusão começou
do ano passado para cá no princípio ele não
do ano do ano passado para cá
265 porque a princípio ele fez transfusão
Receptor 09 porque a princípio ele continuou
continuou com os mesmos ele continuou com os
com os mesmos remédios depois
remédios mesmos remédios
ele cortou o corticoide que não
266 depois ele cortou o corticoide
pode cortar de uma vez
267que não pode cortar de uma
vez
268 se não o nosso criador nosso
se não o nosso criador nosso pai
pai meu deus
meu deus é que é que sabe o o nosso criador é que
269 é que é que sabe o momento
momento que chega o nosso sabe o momento que
Receptor 09 que chega o nosso final
final sabe o nosso ciclo acabou chega o nosso final
acabou então eu não fico 270 sabe o nosso ciclo acabou eu não fico pensando
271 acabou então eu não fico
pensando
pensando
272 ah bem melhor do que antes

ah bem melhor do que antes né 273 eu tinha tratamento
eu tinha tratamento acho que 274 acho que completamente
tinha tratamento
completamente adequado está adequado
completamente
Receptor 10 sendo bem melhor porque agora 275 está sendo bem melhor
adequado
já sabe o ritmo certinho eu sinto 276 porque agora já sabe o ritmo
sono porque acordo também certinho
cedo de madrugada 277 eu sinto sono
278 porque acordo também cedo
279 de madrugada
280 acordei 3 horas da manhã para
acordei 3 horas da manhã para vir para cá
vir para cá ah me sinto bem 281 ah me sinto bem
estou bem é para mim como eu 282 estou bem é para mim preferia doar
Receptor 10
preciso é tudo se eu pudesse 283 como eu preciso não está precisando
escolher eu preferia doar e não 284 é tudo se eu pudesse escolher
está precisando 285 eu preferia doar
286 e não está precisando
287 eu nunca deixaria de vir aqui
para ir em outro hospital
eu nunca deixaria de vir aqui
288 já tenho aqui já conheço todos
para ir em outro hospital já
aqui
tenho aqui já conheço todos aqui
289 ntão nunca deixaria de fazer o nunca deixaria de vir
então nunca deixaria de fazer o
Receptor 10 tratamento aqui para ir em outro
tratamento sair daqui para ir para
290 sair daqui para ir para outro hospital
outro hospital fazer tratamento
hospital
se alguém me indicasse algum
291 fazer tratamento
dia
292 se alguém me indicasse algum
dia
293 prefiro aqui
294 não sei quem está doando
prefiro aqui não sei quem está
295 são pessoas de vários lugares
doando são pessoas de vários prefiro aqui
296 eu sinto passar na veia mas eu
Receptor 10 lugares eu sinto passar na veia não sei quem está
durmo
mas eu durmo na hora assim é o doando
297 na hora assim
cansaço da viagem já já teve já
298 é o cansaço da viagem
299 já já teve já
é poucas vezes que faltou sangue 300 é poucas vezes que faltou
Receptor 10 vontade de ir para casa
vontade de ir para casa eu achei Sangue
é no caso se eu precisasse ainda 301 vontade de ir para casa
do tratamento eu ia ser 302 eu achei é no caso
complicado né 303 se eu precisasse ainda do
tratamento
304 eu ia ser complicado né
286

305 foi só uma vez


306 foi só coceira mesmo de tipo
foi só uma vez foi só coceira alergia
mesmo de tipo alergia é eles 307 é eles passam um coceira mesmo de tipo
passam um medicamento caso medicamento alergia
Receptor 10 você sentir alguma coisa coceira 308 caso você sentir alguma coisa sentir alguma coisa
eles perguntam tem tem vários coceira coceira
riscos se não passar por nenhum 309 eles perguntam tem tem vários
teste né riscos
310 se não passar por nenhum
311 teste né
312 é para assinar
é para assinar é praticamente 313 é praticamente
para assinar
porque é quase um transplante 314 porque é quase um transplante
é quase um transplante
não precisa de anestesia precisa 315 não precisa de anestesia
não precisa de
Receptor 10 de muita coisa mas é como se 316 precisa de muita coisa
anestesia
fosse um transplante de sangue 317 mas é como se fosse um
como se fosse um
né é como se fosse um transplante de sangue né
transplante de sangue
transplante né 318 é como se fosse um
transplante né
Fonte: Elaboração própria, 2020.
287

ANEXO 1 – Parecer Consubstanciado de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa


UNIRIO
288
289
290
291

ANEXO 2 – Parecer Consubstanciado de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa


HEMORIO

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