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CURSO DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL E EXTENSÃO

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI

FISIOLOGIA GERAL

ESPÍRITO SANTO
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1. SISTEMA MUSCULAR

Podemos entender
que o esqueleto
precisa de ossos unidos e articulados. Mas para esse conjunto funcionar, também
necessitamos de um componente que fixe as partes do esqueleto entre si e seja o
motor de todos os movimentos. Esse componente é o sistema muscular, constituído
pelos músculos, que são estruturas formadas por feixes de células especiais, as
células musculares, denominadas miócitos.

CLASSIFICAÇÃO
Existem três tipos de células musculares e, portanto, três tipos de músculos: o liso, o
estriado cardíaco e o estriado esquelético.

A) Músculo Liso: é involuntário e de movimentos lentos contínuos, pois são controlados


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pelo sistema nervoso central;
B) Músculo Estriado Cardíaco: é o músculo responsável pelas contrações do coração,
possui movimentos rápidos, porém involuntários, sendo controlado dessa forma pelo
sistema nervoso central através do Bulbo.
C) Músculo Estriado Esquelético: é o músculo responsável pelos movimentos do
corpo, possui movimentos rápidos, e voluntários, pois é comandado de acordo com
a vontade do indivíduo.

CLASSIFICAÇÃO DOS MÚSCULOS

A - Quanto à forma do ventre.


Longo: o comprimento predomina sobre a largura. Ex: flexores do carpo e dedo.
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Fusiforme: um músculo longo em que o diâmetro do ventre é maior que o diâmetro
das extremidades. Ex: bíceps braquial.
Largo: comprimento e a largura são equivalentes. Ex: glúteo máximo.
Em leque: músculo largo em que as fibras de um lado convergem para um
tendão. Ex: grande dorsal.
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B - Ao número de cabeças.
99% dos músculos só apresentam uma cabeça, não havendo classificação. Só se
classificam as exceções.
Bíceps – um na região anterior do braço (bíceps braquial) e outro na região
posterior da coxa (bíceps femural).
Tríceps – um na região posterior do braço (tríceps braquial) e outro na região
posterior da perna (tríceps sural = gastrocnêmio + sóleo).
Quadríceps – região anterior da coxa. É formado por 04 músculos: reto femural, e
vastos (medial intermédio e lateral).
Aplica-se injeção intramuscular nos músculos deltoide e glúteo, no adulto. E no vasto
lateral em criança de pouca idade.

C - Quanto à função:
Agonista: quando ele é o principal responsável pela execução do movimento. Ex:
flexores do dedo.
Antagonista: realizam ações opostas ao agonista, regulando força e velocidade
do movimento.
Sinergistas: impedem a ação de movimentos indesejados causados pelo agonista
durante sua ação. Ex: extensores do carpo.
Fixadores ou posturais: ação está relacionada a manutenção do corpo em
posição adequada para realizar o movimento. Ex: músculos que mantêm o corpo de
pé.

D - Ao número de ventres:
Monogástricos – apresentam somente um ventre. Correspondem a 99% dos músculos.
Digástricos – apresentam dois ventres unidos por um tendão intermediário.

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Encontrados no pescoço: um da mandíbula para o osso temporal (músculo digástrico)
e outro, o osso hioide até a omoplata (músculo Omohioideu).
Poligástrico – apresentam vários ventres unidos por tendões intermediários. O
único exemplo é o músculo reto do abdômen.

E - Ao número de caudas:
Monocaudado – apresenta somente uma cauda. Corresponde a 99% dos músculos.
Policaudado – apresenta de três a quatro caudas. É encontrado nas extremidades
dos membros (músculos extensores e flexores dos dedos). No membro superior, a
flexão (ato de dobrar) é feita por músculos anteriores, e a extensão (ato de
distender) é feita por posteriores. No membro inferior, flexores são posteriores, e
extensores são anteriores.

F - À topografia:
A xial – localiza-se na cabeça, pescoço, tórax e abdômen.
Apendicular – nos membros.

G - À inserção:
Esquelético – cabeça e cauda inserem-se no esqueleto. 99% dos músculos.
Cutâneo – insere-se na tela subcutânea (pelo menos um dos seus tendões). Ex:
músculos da expressão facial (músculos da mímica).

VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO.
A contração dos músculos esqueléticos obedece aos comandos do sistema nervoso
central e que chegam até a eles por meio dos nervos. Esses nervos se forem cortados
ou estiverem doentes deixam os músculos sem estímulo para poderem se contrair,
causando atrofia, ou seja, a diminuição da massa muscular pela falta de uso. A
energia necessária para realizar as contrações vem através do sangue arterial,
dentro de cada músculo, na forma de oxigênio e nutrientes. Em injeções
intramusculares, os músculos servem de reservatório para o medicamento, e os
músculos mais utilizados são o deltoide e o glúteo máximo.
Contração isométrica – o músculo entra em estado de tensão e não se encurta,

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auxiliando o músculo que executará o movimento.
Contração isotônica – o músculo entra em estado de tensão e se encurta,
executando o movimento desejado.

I. Anexos Musculares:
Fáscia Muscular – dispositivo fibroso que envolve um músculo ou grupos de
músculos. Tem a função de ajudar o trabalho muscular, evitando gasto desnecessário
de energia.
Bainha Fibrosa dos Tendões – dispositivo fibroso que se estende de um lado a
outro do osso, formando um túnel ósteo-fibroso para a proteção dos tendões. Se
essa bainha não existisse, poderia haver o rompimento da epiderme, derme e
hipoderme, ou desgaste do tendão, devido o contato com o osso.
Bainha Sinovial dos Tendões – tem a função de lubrificar esse tubo ósteo-
fibroso para evitar desgaste do tendão devido contato com o osso.
Bolsa Sinovial dos Tendões – semelhante à Bainha Sinovial dos Tendões está
presente onde tendões entram em contato com osso, ligamento ou quando a pele
se move sobre uma superfície óssea, as bolsas sinoviais facilitam os movimentos,
minimizando a fricção.

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PRINCIPAIS MÚSCULOS DO CORPO HUMANO.

A – MÚSCULOS DA CABEÇA.
Occipito-frontal: Movimentação do couro
cabelu Orbicular do olho: Fechamento do
olho;
Orbicular da boca: Fechamento da boca;
Bucinador: Compressão das bochechas contra as maxilas e mandíbula,
possibilitando o assobio e o sopro;
Masseter, temporal: Elevação da mandíbula, favorecendo a mastigação.

B – MÚSCULOS DO PESCOÇO.
Plastima: Tração da pele do pescoço, tendo um papel estético.
Esternocleidomastóide: Flexão da cabeça, em atuação conjunta com seu par,
do outro lado do pescoço; rotação ou inclinação da cabeça, em atuação isolada.

C – MÚSCULOS DO DORSO.
Trapézio: Retração da escápula;
Grande dorsal: Extensão e adução do braço.

D – MÚSCULOS DO ABDOMEM.
Reto abdominal: Flexão do tronco;
Oblíquo externo, oblíquo interno e transverso abdominal: Flexão, inclinação e
rotação do tronco.

E – MÚSCULOS DO TÓRAX.
Peitoral maior: Adução do braço;
Intercostais internos: Expiração forçada;
Intercostais externos: Inspiração;
Diafragma: Principal músculo inspiratório.

F – MÚSCULOS DO MEMBRO SUPERIOR.

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Deltóide: Abdução do membro superior;
Bíceps braquial: Flexão e supinação do antebraço;
Tríceps braquial: Extensão do antebraço;
Flexor do carpo e dedos: Flexão do carpo ou das falanges;
Extensor do carpo e dedos: Extensão do carpo ou das falanges.

G – MÚSCULOS DO MEBRO INFERIOR.


Glúteo máximo: Extensão e rotação da coxa;
Quadríceps femoral: Extensão da perna; apresenta quatro porções: reto femoral,
vasto medial, intermédio e lateral;
Adutor da coxa: Adução da coxa;
Posterior da coxa: Flexão da perna;
Anterior da perna: Participação na dorsiflexão do pé e na extensão dos dedos;
Posterior da perna, como gastrocnêmico (músculo da “batata da perna”):
Flexão plantar do pé; extensão do pé sobre a perna, com importante função na
marcha, entre outras.

2. SISTEMA CIRCULATÓRIO

Não é apenas o sistema muscular que precisa receber nutrientes e oxigênio para
desempenhar o seu trabalho. A vida de todas as células de todos os sistemas também
depende desses recursos, cuja distribuição no complexo organismo, composto de
bilhões de células, é uma tarefa realizada por um sistema específico O sistema
circulatório é constituído por uma rede de vasos de vários calibres, que são as artérias
e as veias, por onde corre o sangue que permeia todo o organismo. O coração atua
como uma bomba, impulsionando o sangue para as artérias e recebendo o que chega
pelas veias.

I- Angiologia
Sistema Arterial
Conjunto de vasos que saem do coração e se ramificam sucessivamente distribuindo-
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se para todo o organismo. Do coração saem o tronco pulmonar (relaciona-se com
a pequena circulação, ou seja, leva sangue venoso para os pulmões através de sua
ramificação, duas
artérias
pulmonares uma
direita e outra
esquerda) e a artéria
aorta (carrega sangue
arterial para todo o
organismo através
de suas
ramificações).

Estrutura
1- Túnica externa: é composta basicamente por tecido conjuntivo. Nesta túnica
encontramos pequenos filetes nervosos e vasculares que são destinados à inervação
e a irrigação das artérias. Encontrada nas grandes artérias somente.
2- Túnica média: é a camada intermediária composta por fibras musculares lisas e
pequena quantidade de tecido conjuntivo elástico. Encontrada na maioria das artérias do
organismo.

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3-Túnica íntima: forra internamente e sem interrupções as artérias, inclusive capilares.
São constituídas por células endoteliais.

Algumas artérias importantes do corpo humano


Sistema do tronco pulmonar: o tronco pulmonar sai do coração pelo ventrículo direito
e se bifurca em duas artérias pulmonares, uma direita e outra esquerda. Cada uma
delas ramifica-se a partir do hilo pulmonar em artérias segmentares pulmonares. Este
sistema leva sangue venoso para os pulmões para que ocorra a troca de gás carbônico
por oxigênio.
Sistema da aorta (sangue oxigenado): a artéria aorta sai do ventrículo esquerdo e
ramifica-se na porção ascendente em duas artérias coronárias, uma direita e outra
esquerda que vão irrigar o coração. Logo em seguida a artéria aorta encurva-se
formando um arco para a esquerda dando origem a três artérias (artérias da curva da
aorta) sendo elas:
- Tronco braquiocefálico arterial
- Artéria carótida comum esquerda
- Artéria subclávia esquerda

O tronco braquiocefálico arterial origina duas artérias:


- Artéria carótida comum direita
- Artéria subclávia direita

Artéria carótida comum (esquerda ou direita): esta artéria se ramifica em:


Artéria carótida interna (direita ou esquerda)
Artéria carótida externa (direita ou esquerda)
Artéria carótida interna: penetra no crânio através do canal carotídeo dando origem
a três ramos colaterais: artéria oftálmica, artéria comunicante posterior e artéria coriódea
posterior. E mais dois ramos terminais: artéria cerebral anterior e artéria cerebral média.
Artéria carótida externa: irriga pescoço e face. Seus ramos colaterais são: artéria
tireoide superior, a. lingual, a. facial, a. occipital, a. auricular posterior e a. faríngea
ascendente. Seus ramos terminais são: artéria temporal e artéria maxilar.

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Sistema Venoso

É constituído por tubos chamados de veias que tem como função conduzir o sangue
dos capilares para o coração. As veias, também como as artérias, pertencem a grande e
a pequena circulação. O circuito que termina no átrio esquerdo através das quatro
veias pulmonares trazendo sangue arterial dos pulmões chama-se de pequena
circulação ou circulação pulmonar. E o circuito que termina no átrio direito através das
veias cavas e do seio coronário retornando com sangue venoso chama-se de grande
circulação ou circulação sistêmica. Em relação à forma: é variável quanto mais cheia
mais cilíndrica e quanto mais vazia mais achatada. Fortemente distendidas
apresentam a forma nodosa devido à presença de válvulas. Quanto ao calibre pode ser
grande, médio ou pequeno
calibre. Tributárias
ou afluentes: sua
formação aumenta
conforme está chegando
mais perto do coração
pela confluência
das tributárias. O leito
venoso é
praticamente o dobro do leito arterial. Situação: São classificadas em superficiais e
profundas e também podem receber a denominação de viscerais e parietais

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dependendo de onde estão drenando se é na víscera ou em suas paredes. Válvulas:
são pregas membranosas da camada interna da veia que tem forma de bolso.

Algumas veias importantes do corpo humano:


-Veias da circulação pulmonar (ou pequena circulação): As veias que conduzem o
sangue que retorna dos pulmões para o coração após sofrer a hematose (oxigenação),
recebem o nome de veias pulmonares. São quatro veias pulmonares, duas para cada
pulmão, uma direita superior e uma direita inferior, uma esquerda superior e uma
esquerda inferior. As quatro veias pulmonares vão desembocar no átrio esquerdo.
Estas veias são formadas pelas veias segmentares que recolhem sangue venoso dos
segmentos pulmonares.
-Veias da circulação sistêmica (ou da grande circulação): duas grandes veias
desembocam no átrio direito trazendo sangue venoso para o coração são elas veia
cava superior e veia cava inferior. Temos também o seio coronário que é um amplo
conduto venoso formado pelas veias que estão trazendo sangue venoso que circulou no
próprio coração.
-Veia cava superior: origina-se dos dois troncos braquiocefálicos (ou veia
braquiocefálica direita e esquerda). Cada veia braquiocefálica é constituída pela junção
da veia subclávia (que recebe sangue do membro superior) com a veia jugular interna
(que recebe sangue da cabeça e pescoço). A veia cava inferior é formada pelas duas
veias ilíacas comuns que recolhem sangue da região pélvica e dos membros inferiores.
O seio coronário recebe sangue de três principais veias do coração: veia cardíaca
magna, veia cardíaca média e veia cardíaca parva ou menor.

CORAÇÃO
O coração é um órgão oco, formado por um tipo especial de músculo, o músculo
estriado cardíaco, que só existe nele e não obedece a comandos voluntários. Essa
musculatura é chamada de Miocárdio e está recoberta interna e externamente por
membranas, que são finas camadas de tecido. A membrana interna do miocárdio é
o endocárdio, e a externa é o epicárdico. O coração fica dentro de um saco fibroso,
o pericárdio, que tem função de protegê-lo e fixá-lo. Anatomicamente, o coração se
localiza no tórax, atrás do osso esterno, no espaço chamado de mediastino, situado

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entre os dois pulmões. O coração tem o trabalho de impulsionar o sangue, através do
sistema de vasos sanguíneos, a todos os locais do corpo. Dessa forma podemos
observar duas etapas no trabalho do coração:

A Sístole, momento em que o coração se contrai, expulsando o sangue para as artérias;


A Diástole, quando o coração se relaxa, enchendo-se passivamente com o
sangue das veias.

Essas etapas se sucedem gradativamente num movimento de sístole – diástole –


sístole – diástole..., provocando assim a circulação do sangue.
O coração não é simplesmente um grande saco muscular contrátil oco, pois, se assim
fosse, haveria a mistura do sangue arterial com o venoso da grande e pequena
circulação. Essa mistura não ocorre exatamente porque o coração humano, após o
nascimento, tem quatro cavidades, a saber:

Dois Átrios, um esquerdo e um direito, situados acima e atrás no coração. Essa


localização é determinada pela forma e pela posição do coração: um cone com base
para cima, situado de modo oblíquo no mediastino, tendo a ponta voltada para
frente, para baixo e para a esquerda. O átrio direito recebe o sangue da circulação
pulmonar;
Dois ventrículos, também um direito e um esquerdo, localizados embaixo e na
frente dos átrios. O ventrículo direito impulsiona o sangue para a circulação pulmonar
e o esquerdo para a circulação sistêmica.

Cada átrio comunica-se com o ventrículo por meio de uma estrutura denominada
Valva. Popularmente chamada de válvula. Elas são formadas por duas ou três partes,
as cúspides. Do lado direito do coração temos a Valva tricúspide. E do lado esquerdo
nos temos a Valva bicúspide (mitral). Os ventrículos expulsam o sangue por meio
das artérias. A artéria Pulmonar expulsa o sangue do ventrículo direito para os
pulmões, e a artéria aorta, do ventrículo esquerdo para a grande circulação. Ambas
possuem valvas em sua origem, tanto a valva pulmonar como a aorta tem três cúspides.

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CAMINHO DO SANGUE NO CORAÇÃO
O sangue venoso chega ao coração vindo da circulação sistêmica por duas grandes
veias: a veia cava superior e inferior, que se abrem no átrio direito. O sangue
passa pela valva tricúspide e chega ao ventrículo direito. Ocorre então uma sístole, e
o sangue é ejetado pela artéria pulmonar que vai do ventrículo direito até os pulmões.
Este é o início da pequena circulação. Nos alvéolos pulmonares ocorre a troca gasosa
entre o gás carbônico e o oxigênio, e o sangue passa de venoso a arterial. O sangue
volta então pelas veias pulmonares até o átrio esquerdo, passa pela valva mitral, para
o ventrículo esquerdo e na próxima sístole, é impulsionado para a artéria aorta,
iniciando a grande circulação. Assim, o sangue arterial é levado até a rede capilar de
todos os tecidos, onde o oxigênio é absorvido pelas células e o sangue adquire gás
carbônico, tornando-se venoso. O sangue venoso prossegue pelas veias até chegar
novamente as veias cavas e daí ao átrio direito, dando início a mais um ciclo. Tudo isso
só é possível devido a sístole cardíaca, que por sua vez só existe devido a presença
de fibras especiais que promove contrações regulares do miocárdio. Estruturas essas
chamadas de nó sinoatrial (marca-passo natural – átrio direito) e nó atrioventricular.

CIRCULAÇÃO CORONARIANA
Esse tipo de circulação ocorre devido à necessidade do coração de ser irrigado, e isso
é feito pelas artérias coronárias e veias coronárias. Quando as artérias coronárias
estão entupidas, ocorre o enfarto do miocárdio.

CIRCULAÇÃO SISTÊMICA
A circulação sistêmica ocorre para levar oxigênio dos pulmões para o corpo e retirar
o gás carbônico encontrado no corpo e levá-lo aos pulmões para serem eliminados.

– A Artéria Aorta.
A Artéria Aorta sai do ventrículo esquerdo levando o sangue que por meio de seus
ramos, será distribuindo para o corpo. A Aorta subdivide-se em: duas artérias subclávias
(no braço recebe o nome de braquial, no cotovelo se divide em radial e ulnar), duas
artérias carótidas comuns, artéria renal, ilíaca interna e externa, femoral, poplítea (tibial
anterior e a tibial posterior).

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DRENAGEM VENOSA
A drenagem do sangue é feita pelas veias, visto que as mesmas possuem válvulas
que impedem o refluxo de sangue, fazendo com que o mesmo flua no sentido do
coração. No membro superior a drenagem é feita pelas veias cefálica e a basílica, na
cabeça a drenagem é feita pelas veias jugulares externas e internas. No membro
inferior temos a safena magna (mais longa do corpo – geralmente é retirada e usada
como enxerto, formando um caminho alternativo para regiões de vasos sanguíneos
que estão obstruídas) e a safena parva, e a femoral. O sangue do intestino é drenado
pela veia porta.

DRENAGEM LINFÁTICA
Quando o sangue passa nos capilares, ocorre uma perda de líquido que vai para o
interstício, que as veias não dão conta de recolher. Esse líquido é chamado de Linfa, é
então drenado por um sistema de vasos especiais, os vasos linfáticos, que são
estruturas com fundo cego, ou seja, com a forma de dedo de luva.

3. SISTEMA RESPIRATÓRIO

O Sistema respiratório é essencial à vida. É por esse sistema que o organismo


recebe o oxigênio e elimina o gás carbônico. Para realizar esse trabalho, o sistema é
composto por duas partes:

Uma porção condutora, constituída pelas vias aéreas, que leva o ar do ambiente
para dentro dos pulmões e também conduz o ar rico em Co2 para fora do corpo;
Uma porção respiratória, nos pulmões, que realiza trocas gasosas.
Além disso, o sistema respiratório tem outras estruturas que também desempenham
funções importantes. São elas:
As pleuras, que revestem os pulmões;
Os músculos respiratórios, que realizam os movimentos responsáveis pela entrada
e saída de ar das vias respiratórias;
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VIAS AÉREAS
As Vias aéreas são estruturas que compõem o trajeto tubular por onde o ar passa
desde que entra em nosso organismo até chegar aos alvéolos. Nos pulmões, onde
ocorre a troca gasosa. É também por esse mesmo trajeto que o ar sai do nosso corpo
para o ambiente, no momento da expiração. Além de conduzir o ar, as vias aéreas
ainda o aquecem e o umidificam, o que é muito importante para o bom funcionamento
do pulmão. As vias aéreas são formadas por:
SUPERIORES – nariz, fossas nasais, faringe;
INFERIORES – laringe, traqueia,
brônquios e bronquíolos.

I. Fossas Nasais
As fossas nasais também chamadas de
cavidades nasais constituem a primeira
parte das vias aéreas. Elas se abrem
externamente pelas narinas, situadas no nariz, um órgão composto de ossos e
cartilagens. Os pêlos existentes no nariz são chamados de vibrissas. Sua abertura é
formada pelas asas do nariz e pelo septo nasal. A cavidade nasal é forrada por uma
membrana mucosa cujas células possuem cílios que se mexem ritmicamente e ajudam
na limpeza do ar, retendo suas impurezas, no muco que elas produzem. Nas partes
laterais das fossas nasais estão às conchas, entre as conchas os seios paranasais. A
Inflamação da mucosa dos seios paranasais é a sinusite.

II. Faringe
Por meio das coanas, as fossas nasais se abrem para a faringe, um espaço
situado posteriormente às fossas nasais, a boca e a laringe. A faringe pertence
tanto ao sistema respiratório quanto ao digestório, e é nela que ocorre o cruzamento
aéreo-digestivo, onde a comida é deglutida, passa pelo mesmo local em que o ar é
inspirado. É isso que pode provocar o engasgo, ou seja, a entrada de alimento no trato
respiratório, quando a pessoa fala e deglute ao mesmo tempo.

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III. Laringe.
Depois de passar pela faringe, o ar chega à laringe – uma estrutura formada por
várias cartilagens, com importante função na fonação (falar), já que é nela que se
encontram as cordas vocais.

IV. Traqueia.
A traqueia é um tubo cilíndrico reto, formado por 16 a 20 anéis de cartilagem em forma
de C, com a abertura para trás e fechado por uma camada de músculo liso. No seu
ponto final a traqueia se divide num ponto chamado Carina, dando origem aos
brônquios primários.

V. Brônquios e bronquíolos.
Os brônquios primários são dois, um direito e um esquerdo, sendo um para cada
pulmão. Nos pulmões eles se subdividem em brônquios secundários ou lobares,
assim chamados porque correspondem aos lobos pulmonares. Os brônquios
secundários são cinco, sendo três para o pulmão direito e dois para o esquerdo.
Após várias divisões dos brônquios, surgem os bronquíolos, com aproximadamente
1 mm de espessura e que, por sua vez, também se subdividem, até surgirem os
bronquíolos respiratórios, que tem alvéolos em sua parede.

CONDICIONAMENTO DO AR NAS VIAS AÉREAS.


Ao entrar pelas narinas, o ar encontra seu primeiro obstáculo: as vibrissas, que
filtram partículas maiores de poeira e até pequenos insetos que ficam presos. Em
seguida, o ar entra na cavidade nasal, onde encontra uma mucosa coberta por um
muco que vai umidificar o ar e segurar, por aderência, as partículas menores que
tenham passado pelas vibrissas. Mais tarde, esse muco será varrido pelos cílios, indo
do epitélio para a faringe, onde será deglutido. Na cavidade nasal, o ar vibra ao passar
pelas conchas, o que vai aumentar o seu contato com a mucosa vascularizada e fazê-
lo aquecer. Passando pela faringe, ocorre o cruzamento aéreo-digestivo, onde novos
perigos se apresentam para o sistema respiratório, pois pedaços de alimento podem
cair nas partes mais profundas das vias aéreas, causando lesões. Para evitar isso,
possuímos vários mecanismos de defesa. Um desses mecanismos é o da contração

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da laringe, que diminui a luz (cavidade existente nos órgãos ocos) e o outro é a tosse,
que expulsa objetos indesejáveis. Além desses mecanismos, temos ainda o importante
papel da epiglote: quando deglutimos, a laringe é tracionada para cima e sua entrada
é comprimida contra a epiglote, que se fecha parcialmente. Na traqueia, nos brônquios
e nos bronquíolos as células ciliadas levam o muco para cima, na direção da faringe,
para ser deglutido. No caso dos fumantes, muitos desses cílios se perdem em
virtude da ação nociva da fumaça sobre o epitélio do trato respiratório, o que
dificulta a eliminação do muco, levando ao acúmulo de secreções e ao desagradável
pigarro. Esse acúmulo de secreções e a não eliminação de substâncias
potencialmente perigosas deixam a porção inferior do sistema respiratório dos
fumantes especialmente desprotegidas, porque irritam a mucosa e funcionam como
nutrição para micro-organismos, favorecendo infecções.

VI. PULMÕES.

São órgãos alongados, de aparência esponjosa, divididos em partes denominadas

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lobos. São dois lobos no pulmão esquerdo (superior e inferior) e três no direito (superior,
médio e inferior). Os pulmões são revestidos externamente por uma membrana dupla:
a pleura, que tem função de proteger e permitir o deslizamento dois pulmões durante
a respiração. A pleura tem um folheto parietal – membrana em contato com as
costelas- e um visceral – membrana em contato com os pulmões. Entre esses dois
folhetos há um espaço pleural, preenchido pelo líquido pleural, que atua como
lubrificante. Os pulmões são constituídos por imensa quantidade de alvéolos – mais de
500 milhões – aos quais chega o ar que passa pelos bronquíolos. Se pudéssemos
esticar todos os alvéolos e medir a superfície assim obtida, chegaríamos a 100m2,
aproximadamente. Os alvéolos são responsáveis pela troca gasosa (hematose), onde
o ar com gás carbônico é eliminado e o ar com o oxigênio é levado para os tecidos
pelo sangue.

MECÂNICA RESPIRATÓRIA
A caixa torácica é relativamente rígida e tem o músculo diafragma em sua abertura
inferior. Quando o diafragma se contrai, ele baixa e o volume da caixa torácica aumenta.
Esse aumento de volume faz com que a pressão interna na caixa torácica diminua,
tornando-se menor que a do ar atmosférico. Isso faz com que o ar penetre pelas vias
aéreas para igualar a pressão, e aí ocorre uma inspiração.
O processo de expiração é um pouco diferente: o diafragma se relaxa e a
elasticidade pulmonar diminui o volume torácico, fazendo com que o ar seja expulso
pelas vias aéreas.

4. SISTEMA DIGESTÓRIO

Quando ingerimos qualquer alimento, o sistema digestório transforma esse


alimento em substâncias microscópicas, que recebem o nome genérico de
nutrientes e incluem as proteínas, os lipídios os carboidratos, as vitaminas e os sais
minerais. Esses nutrientes são então absorvidos por órgãos do sistema digestório,
para serem utilizados na estruturação de nossas células e tecidos e na produção da
energia necessária as suas funções. O tubo do sistema digestório leva o alimento
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da boca até o ânus, transformando-o durante todo o caminho e preparando-o para
a absorção nas partes mais distais. Ele é composto pelos seguintes órgãos: boca,
faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus. Já as glândulas
anexas despejam suas secreções no tubo digestivo, ajudando a transformar o
alimento. São elas: as glândulas salivares, o fígado e o pâncreas.

I. BOCA
A boca, ou cavidade oral é a primeira parte do tubo digestivo. É por ela que o alimento
entra em estado bruto, é cortado, triturado e sofre a ação enzimática da saliva.
Externamente ela é limitada pelos lábios e bochechas, superiormente pelo palato e
inferiormente pelo assoalho. Na parte posterior, a boca se comunica com a faringe.
Na boca as estruturas auxiliadoras da digestão são os dentes e a língua, juntamente
com as glândulas salivares.

- Características dos dentes


Os dentes são estruturas duras, calcificadas, presas ao maxilar superior e mandíbula,
cuja atividade principal é a mastigação. Estão implicados, de forma direta, na
articulação das linguagens. Os nervos sensitivos e os vasos sanguíneos do centro
de qualquer dente estão protegidos por várias camadas de tecido. A mais externa, o
esmalte, é a substância mais dura. Sob o esmalte, circulando a polpa, da coroa até
a raiz, está situada uma camada de substância óssea chamada dentina. A cavidade
pulpar é ocupada pela polpa dental, um tecido conjuntivo frouxo, ricamente
vascularizado e inervado. Um tecido duro chamado cemento separa a raiz do
ligamento peridental, que prende a raiz e liga o dente à gengiva e à mandíbula,

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na estrutura e composição química assemelha-se ao osso; dispõe-se como uma fina
camada sobre as raízes dos dentes. Através de um orifício aberto na extremidade
da raiz, penetram vasos sanguíneos, nervos e tecido conjuntivo.
Em sua primeira dentição, o ser humano tem 20 peças que recebem o nome de dentes
de leite. À medida que os maxilares crescem, estes dentes são substituídos por
outros 32 do tipo permanente. As coroas dos dentes permanentes são de três tipos:
os incisivos, os caninos ou presas e os molares. Os incisivos têm a forma de cinzel
para facilitar o corte do alimento. Atrás dele, há três peças dentais usadas para rasgar.
A primeira tem uma única cúspide pontiaguda. Em seguida, há dois dentes chamados
pré-molares, cada um com duas cúspides. Atrás ficam os molares, que têm uma
superfície de mastigação relativamente plana, o que permite triturar e moer os
alimentos.

- A língua
A língua movimenta o alimento empurrando-o em direção a garganta, para que seja
engolido. Na superfície da língua existem dezenas de papilas gustativas, cujas
células sensoriais percebem os quatro sabores primários: amargo, azedo ou ácido,
salgado e doce. De sua combinação resultam centenas de sabores distintos. A
distribuição dos quatro tipos de receptores gustativos, na superfície da língua, não é
homogênea.

As glândulas salivares
A presença de alimento na boca, assim como sua visão e cheiro, estimulam as
glândulas salivares a secretar saliva, que contém a enzima amilase salivar ou ptialina,
além de sais e outras substâncias. A amilase salivar digere o amido e outros
polissacarídeos (como o glicogênio), reduzindo-os em moléculas de maltose
(dissacarídeo). Três pares de glândulas salivares lançam sua secreção na cavidade
bucal: parótida, submandibular e sublingual.

Glândula parótida - Com massa variando entre 14 e 28 g, é a maior das três;


situa-se na parte lateral da face, abaixo e adiante do pavilhão da orelha.
Glândula submandibular - É arredondada, mais ou menos do tamanho de uma noz.

21
Glândula sublingual - É a menor das três; fica abaixo da mucosa do assoalho da boca.
O sais da saliva neutralizam substâncias ácidas e mantêm, na boca, um pH neutro
(7,0) a levemente ácido (6,7), ideal para a ação da ptialina. O alimento, que se
transforma em bolo alimentar, é empurrado pela língua para o fundo da faringe,
sendo encaminhado para o esôfago, impulsionado pelas ondas peristálticas (como
mostra a figura do lado esquerdo), levando entre 5 e 10 segundos para percorrer o
esôfago. Através dos peristaltismo, você pode ficar de cabeça para baixo e, mesmo
assim, seu alimento chegará ao intestino. Entra em ação um mecanismo para fechar a
laringe, evitando que o alimento penetre nas vias respiratórias. Quando a cárdia (anel
muscular, esfíncter) se relaxa, permite a passagem do alimento para o interior do
estômago.

II. FARINGE
É um órgão muscular situado posteriormente às cavidades nasais, à boca, e à laringe,
com a forma de um tubo de aproximadamente 12 cm de comprimento. Sua função é
conduzir o bolo alimentar para o esôfago, embora ela também atenda ao sistema
respiratório.
A faringe é rica em tecido linfoide, ou seja, células do sistema imunológico que
protegem o nosso organismo das infecções. É esse tecido, inclusive, que constitui
as tonsilas palatinas, popularmente chamadas de amídalas, e a tonsila faríngea,
conhecida vulgarmente como adenoide.

III. ESÔFAGO
É um órgão muscular cilíndrico, em forma de tubo, de aproximadamente 25cm de
comprimento, que atravessa o pescoço e o tórax e passa por uma abertura do
diafragma, penetrando no abdome, onde tem uma pequena porção. O esôfago
conduz o bolo alimentar por meio de movimentos ondulatórios chamados de
movimentos peristálticos, que empurram o alimento para adiante, no tubo digestivo.
O bolo alimentar leva de 5 a 10 segundos para percorrê-lo.

IV. ESTÔMAGO
Do esôfago, o bolo alimentar chega ao estômago, que é uma dilatação do tubo

22
digestivo. Ele se localiza logo abaixo do diafragma, projetando-se medianamente e
à esquerda, na parte superior do abdome. O estômago serve como reservatório para
alimentos ingerido, que ali são armazenados e misturados com as secreções
gástricas. Forma-se, assim uma massa semilíquida denominada quimo, que vai
sendo progressivamente liberada para o intestino delgado, de acordo com sua
capacidade de absorção. O estômago está dividido em cinco partes, e segmentos,
são elas:

Cárdia, a região em que ele se junta ao esôfago;


Corpo, a porção central, onde ocorre secreção de enzimas digestivas que se
misturam com o bolo alimentar;
Fundo, porção mais alta, que serve como reservatório;
Antro, porção mais distal, que ajuda na mistura do alimento com as secreções para
produzir o quimo;
Piloro, que é um esfíncter, um músculo circular. Sua função é regular a velocidade
de saída do quimo para o intestino delgado.

O estômago produz o suco gástrico, um líquido claro, transparente, altamente ácido,


que contêm ácido clorídrico, muco, enzimas e sais. O ácido clorídrico mantém o pH
do interior do estômago entre 0,9 e 2,0. Também dissolve o cimento intercelular dos
tecidos dos alimentos, auxiliando a fragmentação mecânica iniciada pela mastigação.
A pepsina, enzima mais potente do suco gástrico, é secretada na forma de
pepsinogênio. Como este é inativo, não digere as células que o produzem. Por ação
do ácido clorídrico, o pepsinogênio, ao ser lançado na luz do estômago, transforma-se
em pepsina, enzima que catalisa a digestão de proteínas. A pepsina, ao catalisar a
23
hidrólise de proteínas, promove o rompimento das ligações peptídicas que unem os
aminoácidos. Como nem todas as ligações peptídicas são acessíveis à pepsina,
muitas permanecem intactas. Portanto, o resultado do trabalho dessa enzima são
oligopeptídeos e aminoácidos livres. A renina, enzima que age sobre a caseína, uma
das proteínas do leite, é produzida pela mucosa gástrica durante os primeiros meses
de vida. Seu papel é o de flocular a caseína, facilitando a ação de outras enzimas
proteolíticas. A mucosa gástrica é recoberta por uma camada de muco, que a protege
da agressão do suco gástrico, bastante corrosivo. Apesar de estarem protegidas por
essa densa camada de muco, as células da mucosa estomacal são continuamente
lesadas e mortas pela ação do suco gástrico. Por isso, a mucosa está sempre sendo
regenerada. Estima-se que nossa superfície estomacal seja totalmente reconstituída
a cada três dias. Eventualmente ocorre desequilíbrio entre o ataque e a proteção, o que
resulta em inflamação difusa da mucosa (gastrite) ou mesmo no aparecimento de feridas
dolorosas que sangram (úlceras gástricas). A mucosa gástrica produz também o
fator intrínseco, necessário à absorção da vitamina B12. O bolo alimentar pode
permanecer no estômago por até quatro horas ou mais e, ao se misturar ao suco
gástrico, auxiliado pelas contrações da musculatura estomacal, transforma-se em
uma massa cremosa acidificada e semilíquida, o quimo. Passando por um esfíncter
muscular (o piloro), o quimo vai sendo, aos poucos, liberado no intestino delgado,
onde ocorre a maior parte da digestão.

V. INTESTINO DELGADO
O intestino delgado é um tubo com pouco mais de 6 m de comprimento por 4cm de
diâmetro e pode ser dividido em três regiões: duodeno (cerca de 25 cm), jejuno (cerca
de 5 m) e íleo (cerca de 1,5 cm). A porção superior ou duodeno tem a forma de
ferradura e compreende o piloro, esfíncter muscular da parte inferior do estômago
pela qual este esvazia seu conteúdo no intestino. A digestão do quimo ocorre
predominantemente no duodeno e nas primeiras porções do jejuno. No duodeno atua
também o suco pancreático, produzido pelo pâncreas, que contêm diversas enzimas
digestivas. Outra secreção que atua no duodeno é a bile, produzida no fígado e
armazenada na vesícula biliar. O pH da bile oscila entre 8,0 e 8,5. Os sais biliares têm
ação detergente, emulsificando ou emulsionando as gorduras (fragmentando suas

24
gotas em milhares de microgotículas). O suco pancreático, produzido pelo pâncreas,
contém água, enzimas e grandes quantidades de bicarbonato de sódio. O pH do
suco pancreático oscila entre 8,5 e 9. Sua secreção digestiva é responsável pela
hidrólise da maioria das moléculas de alimento, como carboidratos, proteínas, gorduras
e ácidos nucleicos. A amilase pancreática fragmenta o amido em moléculas de
maltose; a lípase pancreática hidrolisa as moléculas de um tipo de gordura – os
triacilgliceróis, originando glicerol e álcool; as nucleases atuam sobre os ácidos
nucleicos, separando seus nucleotídeos. O suco pancreático contém ainda o
tripsinogênio e o quimiotripsinogênio, formas inativas em que são secretadas as
enzimas proteolíticas tripsina e quimiotripsina. Sendo produzidas na forma inativa, as
proteases não digerem suas células secretoras. Na luz do duodeno, o tripsinogênio
entra em contato com a enteroquinase, enzima secretada pelas células da mucosa
intestinal, convertendo-se em tripsina, que por sua vez contribui para a conversão
do precursor inativo quimiotripsinogênio em quimiotripsina, enzima ativa. A tripsina
e a quimiotripsina hidrolisam polipeptídios, transformando-os em oligopeptídeos. A
pepsina, a tripsina e a quimiotripsina rompem ligações peptídicas específicas ao longo
das cadeias de aminoácidos. A mucosa do intestino delgado secreta o suco entérico,
solução rica em enzimas e de pH aproximadamente neutro. Uma dessas enzimas
é a enteroquinase. Outras enzimas são as dissacaridades, que hidrolisam
dissacarídeos em monossacarídeos (sacarase, lactase, maltase). No suco entérico há
enzimas que dão sequência à hidrólise das proteínas: os oligopeptídeos sofrem ação
das peptidases, resultando em aminoácidos.

25
VI. INTESTINO GROSSO
É o local de absorção de água, tanto a ingerida quanto a das secreções digestivas.
Uma pessoa bebe cerca de 1,5 litros de líquidos por dia, que se une a 8 ou 9 litros
de água das secreções. Glândulas da mucosa do intestino grosso secretam muco,
que lubrifica as fezes, facilitando seu trânsito e eliminação pelo ânus. Mede cerca de
1,5 m de comprimento e divide-se em ceco, cólon ascendente, cólon transverso, cólon
descendente, cólon sigmoide e reto. A saída do reto chama-se ânus e é fechada por
um músculo que o rodeia, o esfíncter anal.

Ceco, porção inicial onde os restos do quilo não absorvido passam do intestino
delgado para o grosso pela válvula ileocecal. É aí que fica o apêndice vermiforme,
rico me tecido linfoide e cuja função nos seres humanos não está bem determinada.
Colo, a maior parte do intestino grosso, onde ocorre a absorção de sais minerais
e água, reduzindo o volume do bolo fecal.
Reto, a parte terminal do intestino grosso, onde o resto do quilo não absorvido, e
já sob a ação de bactérias que habitam a flora intestinal, é eliminado pelo ânus, na
forma de fezes.

Numerosas bactérias vivem em mutualismo no intestino grosso. Seu trabalho


consiste em dissolver os restos alimentícios não assimiláveis, reforçar o movimento

26
intestinal e proteger o organismo contra bactérias estranhas, geradoras de
enfermidades. As fibras vegetais, principalmente a celulose, não são digeridas nem
absorvidas, contribuindo com porcentagem significativa da massa fecal. Como retêm
água, sua presença torna as fezes macias e fáceis de serem eliminadas. O intestino
grosso não possui vilosidades nem secreta sucos digestivos, normalmente só
absorve água, em quantidade bastante consideráveis. Como o intestino grosso
absorve muita água, o conteúdo intestinal se condensa até formar detritos inúteis, que
são evacuados.

VII. GLÂNDULAS ANEXAS

- Pâncreas
O pâncreas é uma glândula mista, de mais ou menos 15 cm de comprimento e de
formato triangular, localizada transversalmente sobre a parede posterior do abdome,
na alça formada pelo duodeno, sob o estômago. O pâncreas é formado por uma
cabeça que se encaixa no quadro duodenal, de um corpo e de uma cauda afilada. A
secreção externa dele é dirigida para o duodeno pelos canais de Wirsung e de Santorini.
O canal de Wirsung desemboca ao lado do canal colédoco na ampola de Vater. O
pâncreas comporta dois órgãos estreitamente imbricados: pâncreas exócrino e o
endócrino.

- Fígado
É o maior órgão interno, e é ainda um dos mais importantes. É a mais volumosa de
todas as vísceras, pesa cerca de 1,5 kg no homem adulto, e na mulher adulta entre
1,2 e 1,4 kg. Tem cor arroxeada, superfície lisa e recoberta por uma cápsula própria.
Está situado no quadrante superior direito da cavidade abdominal. O tecido hepático
é constituído por formações diminutas que recebem o nome de lobos, compostos
por colunas de células hepáticas ou hepatócitos, rodeadas por canais diminutos
(canalículos), pelos quais passa a bile, secretada pelos hepatócitos. Estes canais se
unem para formar o ducto hepático que, junto com o ducto procedente da vesícula biliar,
forma o ducto comum da bile, que descarrega seu conteúdo no duodeno. As células
hepáticas ajudam o sangue a assimilar as substâncias nutritivas e a excretar os

27
materiais residuais e as toxinas, bem como esteroides, estrógenos e outros hormônios.
O fígado é um órgão muito versátil. Armazena glicogênio, ferro, cobre e vitaminas.
Produz carboidratos a partir de lipídios ou de proteínas, e lipídios a partir de
carboidratos ou de proteínas. Sintetiza também o colesterol e purifica muitos fármacos
e muitas outras substâncias. O termo hepatite é usado para definir qualquer inflamação
no fígado, como a cirrose.
Funções do fígado:
Secretar a bile, líquido que atua no emulsionamento das gorduras ingeridas,
facilitando, assim, a ação da lipase;
Remover moléculas de glicose no sangue, reunindo-as quimicamente para formar
glicogênio, que é armazenado; nos momentos de necessidade, o glicogênio é
reconvertido em moléculas de glicose, que são relançadas na circulação;
Armazenar ferro e certas vitaminas em suas
célul Metabolizar lipídeos;
Sintetizar diversas proteínas presentes no sangue, de fatores imunológicos e de
coagulação e de substâncias transportadoras de oxigênio e gorduras;
Degradar álcool e outras substâncias tóxicas, auxiliando na desintoxicação do organismo;
Destruir hemácias (glóbulos vermelhos) velhas ou anormais, transformando sua
hemoglobina em bilirrubina, o pigmento castanho-esverdeado presente na bile.

5. SISTEMA EXCRETOR

Sistema responsável pela eliminação das substâncias do organismo, filtrando o


plasma e produzindo e excretando a urina - o principal líquido de excreção do
organismo. É constituído por um par de rins, um par de ureteres, pela bexiga urinária e
pela uretra;

a) Rins: cor vermelho-escuro, forma de grão de feijão, possui milhões de néfrons,


responsável pela filtração do plasma.
b) Par de ureteres: levam a urina até bexiga.
c) Bexiga: armazena a urina temporariamente.
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d) Uretra: elimina a urina, para o ambiente.

Os rins situam-se na parte dorsal do abdome, logo abaixo do diafragma, um de cada


lado da coluna vertebral, nessa posição estão protegidos pelas últimas costelas e
também por uma camada de gordura. Têm a forma de um grão de feijão enorme
e possuem uma cápsula fibrosa, que protege o córtex - mais externo, e a medula -
mais interna. Cada rim é formado de tecido conjuntivo, que sustenta e dá forma ao
órgão, e por milhares ou milhões de unidades filtradoras, os néfrons, localizados na
região renal. O néfron é uma longa estrutura tubular microscópica que possui, em
uma das extremidades, uma expansão em forma de taça, denominada cápsula de
Bowman (hoje cápsula Glomerular), que se conecta com o túbulo contorcido
proximal, que continua pela alça de Henle (hoje Alça Nefrítica) e pelo túbulo
contorcido distal; este desemboca em um tubo coletor. São responsáveis pela
filtração do sangue e remoção das excreções.
O sangue chega ao rim através da artéria renal, que se ramifica muito no interior do
órgão, originando grande número de arteríolas aferentes, onde cada uma ramifica-se
no interior da cápsula de Glomerular do néfron, formando um enovelado de capilares
denominado glomérulo de Malpighi (hoje Glomérulo Renal). Essa estrutura está
presente no Néfron, que é uma longa estrutura tubular dividida em cinco partes. O
sangue arterial é conduzido sob alta pressão nos capilares do glomérulo. Essa
pressão, que normalmente é de 70 a 80 mmHg, tem intensidade suficiente para que

29
parte do plasma passe para a cápsula de Glomerular, processo denominado filtração.
Essas substâncias extravasadas para a cápsula de Glomerular constituem o
filtrado glomerular, que é semelhante, em composição química, ao plasma
sanguíneo, com a diferença de que não possui proteínas, incapazes de atravessar os
capilares glomerulares. O filtrado glomerular passa em seguida para o túbulo
contorcido proximal, cuja parede é formada por células adaptadas ao transporte ativo.
Nesse túbulo, ocorre reabsorção ativa de sódio. A saída desses íons provoca a
remoção de cloro, diminuindo a concentração do líquido dentro desse tubo (hipotônico)
do que do plasma dos capilares que o envolvem. Com isso, quando o líquido percorre
o ramo descendente da alça Nefrítica, há passagem de água por osmose do líquido
tubular (hipotônico) para os capilares sanguíneos (hipertônicos) – ao que chamamos
reabsorção.
O ramo descendente percorre regiões do rim com gradientes crescentes de
concentração. Consequentemente, ele perde ainda mais água para os tecidos, de forma
que, na curvatura da alça de Henle, a concentração do líquido tubular é alta. Esse
líquido muito concentrado passa então a percorrer o ramo ascendente da alça
Nefrítica, que é formado por células impermeáveis à água e que estão adaptadas
ao transporte ativo de sais. Nessa região, ocorre remoção ativa de sódio, ficando o
líquido tubular hipotônico. Ao passar pelo túbulo contorcido distal, que é permeável à
água, ocorre reabsorção por osmose para os capilares sanguíneos. Ao sair do néfron,
a urina entra nos dutos coletores, onde ocorre a reabsorção final de água. Dessa
forma, estima-se que em 24 horas são filtrados cerca de 180 litros de fluido do plasma;
porém são formados apenas 1 a 2 litros de urina por dia, o que significa que
aproximadamente 99% do filtrado glomerular é reabsorvido. Além desses processos
gerais descritos, ocorre, ao longo dos túbulos renais, reabsorção ativa de aminoácidos
e glicose. Desse modo, no final do túbulo distal, essas substâncias já não são mais
encontradas. Os capilares que reabsorvem as substâncias úteis dos túbulos renais se
reúnem para formar um vaso único, a veia renal, que leva o sangue para fora do rim,
em direção ao coração.
A regulação da função renal relaciona-se basicamente com a regulação da
quantidade de líquidos do corpo. Havendo necessidade de reter água no interior do
corpo, a urina fica mais concentrada, em função da maior reabsorção de água;

30
havendo excesso de água no corpo, a urina fica menos concentrada, em função da
menor reabsorção de água. O principal agente regulador do equilíbrio hídrico no corpo
humano é o hormônio ADH (antidiurético), produzido no hipotálamo e armazenado na
hipófise. A concentração do plasma sanguíneo é detectada por receptores osmóticos
localizados no hipotálamo. Havendo aumento na concentração do plasma (pouca
água), esses osmorreguladores estimulam a produção de ADH. Esse hormônio passa
para o sangue, indo atuar sobre os túbulos distais e sobre os túbulos coletores do
néfron, tornando as células desses tubos mais permeáveis à água. Dessa forma, ocorre
maior reabsorção de água e a urina fica mais concentrada. Quando a concentração
do plasma é baixa (muita água), há inibição da produção do ADH e, consequentemente,
menor absorção de água nos túbulos distais e coletores, possibilitando a excreção
do excesso de água, o que torna a urina mais diluída.
Certas substâncias, como é o caso do álcool, inibem a secreção de ADH,
aumentando a produção de urina, juntamente com ele existe um Hormônio
produzido pelo coração que promove a liberação de água pelos rins desobstruindo
os vasos sanguíneos tornando mais eficaz a eliminação do álcool, esse hormônio é o
FAN (Fator Atrial Natriurético). Além do ADH e do FAN, há outro hormônio
participante do equilíbrio hidro-iônico do organismo: a aldosterona, produzida nas
glândulas suprarrenais. Ela aumenta a reabsorção ativa de sódio nos túbulos renais,
possibilitando maior retenção de água no organismo. A produção de aldosterona é
regulada da seguinte maneira: quando a concentração de sódio dentro do túbulo renal
diminui, o rim produz uma proteína chamada renina, que age sobre uma proteína
produzida no fígado e encontrada no sangue denominada angiotensinogênio
(inativo), convertendo-a em angiotensina (ativa). Essa substância estimula as
glândulas suprarrenais a produzirem a aldosterona.

A Eliminação de Urina

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- Ureter
Os néfrons desembocam em dutos coletores, que se unem para formar canais cada
vez mais grossos. A fusão dos dutos origina um canal único, denominado ureter, que
deixa o rim em direção à bexiga urinária.

- Bexiga urinária
A bexiga urinária é uma bolsa de parede elástica, dotada de musculatura lisa, cuja
função é acumular a urina produzida nos rins. Quando cheia, a bexiga pode conter
mais de ¼ de litro (250 ml) de urina, que é eliminada periodicamente através da uretra.

- Uretra
A uretra é um tubo que parte da bexiga e termina, na mulher, na região vulvar e, no
homem, na extremidade do pênis. Sua comunicação com a bexiga mantém-se
fechada por anéis musculares - chamados esfíncteres. Quando a musculatura
desses anéis relaxa-se e a musculatura da parede da bexiga contrai-se, urinamos.

6. METABOLISMO

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Em condições de equilíbrio dinâmico, como as exigidas para a homeostasia, o volume
total dos líquidos corporais e as quantidades totais de solutos e suas concentrações
permanecem relativamente constantes. A ingestão de água deve ser cuidadosamente
contrabalançada pelas perdas diárias que ocorrem a partir do organismo. A evaporação
de líquido do trato respiratório e a difusão através da pele constituem as denominadas
perdas insensíveis através da pele. O restante das perdas ocorre principalmente
através das fezes, do suor e da urina excretada pelos rins constituindo as perdas
sensíveis de água. Os líquidos corporais totais encontram-se distribuídos em dois
compartimentos principais: o líquido extracelular e o líquido intracelular. Por sua vez,
o líquido extracelular é subdividido em líquido intersticial e plasma sanguíneo. No ser
humano adulto a água corresponde a cerca de 60% da massa corporal. À medida
que o indivíduo envelhece, a porcentagem de líquido em relação à massa
corporal diminui gradualmente. O líquido contido em cada célula tem sua própria
mistura de diferentes constituintes; todavia, as concentrações destas substâncias
são razoavelmente semelhantes de uma célula para outra. Os líquidos intersticiais
possuem aproximadamente a mesma composição, exceto pelas proteínas, que são
encontradas em maior concentração no plasma. O sangue contém tanto líquido
extracelular (o líquido no plasma) quanto líquido intracelular (o líquido contido nos
eritrócitos). Todavia, o sangue é considerado como um compartimento líquido
separado, uma vez que é contido numa câmara própria, o sistema circulatório. O
volume sanguíneo é especialmente importante no controle da dinâmica
cardiovascular. O hematócrito refere-se à fração do sangue constituída pelos
eritrócitos. Como o plasma e o líquido intersticial são separados apenas pelas
membranas altamente permeáveis dos capilares, suas composições iônicas são
semelhantes. Entretanto, o plasma apresenta maior concentração de proteínas. O

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líquido intracelular é separado do líquido extracelular por uma membrana celular
seletiva que é altamente permeável a água, mas não à maioria dos eletrólitos
existentes no organismo. A membrana celular mantém uma composição líquida no
interior das células que é semelhante para as diferentes células do organismo. Em
contraste com o líquido extracelular, o líquido intracelular contém apenas pequenas
quantidades de íons sódio, cloreto e quase nenhum cálcio. Inversamente, contém
grandes quantidades de íons potássio e fosfato. Um problema frequentemente
observado no tratamento de pacientes gravemente enfermos reside na dificuldade
de manter líquidos adequados no compartimento intracelular, no compartimento
extracelular ou em ambos. As quantidades relativas de líquido extracelular distribuída
entre o plasma e os espaços intersticiais são determinadas principalmente pelo
equilíbrio das forças hidrostática e coloidosmótica através da membrana capilar. Por
outro lado, a distribuição de líquido entre os compartimentos intracelular e
extracelular é determinada principalmente pelo efeito osmótico dos solutos que atuam
através da membrana celular. As membranas celulares são altamente permeáveis a
água, de modo que o líquido intracelular permanece isotônico em relação ao
líquido extracelular. A osmose refere-se à difusão efetiva de água de uma região onde
ela exista em alta concentração, para uma região em que esta concentração de água
for menor. A osmose de moléculas de água através de uma membrana seletivamente
permeável pode ser impedida pela aplicação de uma pressão em sentido oposto ao
da osmose. A quantidade precisa de pressão necessária para impedir a osmose é
denominada pressão osmótica. Quando uma célula é colocada numa solução de
igual concentração ou isotônica, o volume da célula permanece inalterado. Quando
uma célula é colocada numa solução de menor concentração, o volume da célula
aumenta. Quando uma célula é colocada numa solução de maior concentração,
o volume da célula diminui. Quando uma solução salina isotônica é adicionada ao
líquido extracelular, não ocorre osmose através das membranas celulares. Quando
adiciona-se uma solução hipertônica ao líquido extracelular ocorre osmose de água das
células para o compartimento extracelular. Quando uma solução hipotônica é
adicionada ao líquido extracelular, parte da água extracelular difunde-se para o
interior das células até que os compartimentos intracelular e extracelular tenham a
mesma osmolaridade. São administrados muitos tipos de soluções por via venosa com

34
o objetivo de proporcionar nutrição a indivíduos que não podem ingerir quantidades
adequadas de alimentos. Quando essas soluções são administradas, suas
concentrações de substâncias osmoticamente ativas costumam ser ajustadas para
torná-las quase isotônicas, ou são administradas com velocidade lenta o suficiente
para não comprometer o equilíbrio osmótico dos líquidos corporais.

7. SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO

É o sistema responsável pela perpetuação da espécie, sendo o masculino formado por:


Testículos ou gônadas
Vias espermáticas: epidídimo, canal deferente,
Uretra.
Pênis
Escroto
Glândulas anexas: próstata, vesículas seminais, glândulas bulbouretrais.

FONTE: http://www.afh.bio.br/reprod/img/repmasculino.

- Pênis: é considerado o principal órgão do aparelho sexual masculino, sendo formado


por dois tipos de tecidos cilíndricos: dois corpos cavernosos e um corpo esponjoso
(envolve e protege a uretra). Na extremidade do pênis encontra-se a glande - cabeça
do pênis, onde podemos visualizar a abertura da uretra. Com a manipulação da
35
pele que a envolve - o prepúcio -acompanhado de estímulo erótico, ocorre a
inundação dos corpos cavernosos e esponjoso, com sangue, tornando-se rijo, com
considerável aumento do tamanho (ereção). O prepúcio deve ser puxado e
higienizado a fim de se retirar dele o esmegma (uma secreção sebácea espessa e
esbranquiçada, com forte odor, que consiste principalmente em células epiteliais
descamadas que se acumulam debaixo do prepúcio). Quando a glande não
consegue ser exposta devido ao estreitamento do prepúcio, diz-se que a pessoa tem
fimose.
A uretra é comumente um canal destinado para a urina, mas os músculos na
entrada da bexiga se contraem durante a ereção para que nenhuma urina entre no
sêmen e nenhum sêmen entre na bexiga. Todos os espermatozoides não ejaculados
são reabsorvidos pelo corpo dentro de algum tempo.

- Canais deferentes: são dois tubos que partem dos testículos, circundam a bexiga
urinária e unem-se ao ducto ejaculatório, onde desembocam as vesículas seminais.

- Vesículas seminais: responsáveis pela produção de um líquido, que será liberado


no ducto ejaculatório que, juntamente com o líquido prostático e espermatozóides,
entrarão na composição do sêmen. O líquido das vesículas seminais age como fonte
de energia para os espermatozóides e é constituído principalmente por frutose,
apesar de conter fosfatos, nitrogênio não proteico, cloretos, colina (álcool de cadeia
aberta considerado como integrante do complexo vitamínico B) e prostaglandinas
(hormônios produzidos em numerosos tecidos do corpo. Algumas prostaglandinas
atuam na contração da musculatura lisa do útero na dismenorréia – cólica
menstrual, e no orgasmo; outras atuam promovendo vasodilatação em artérias do
cérebro, o que talvez justifique as cefaleias – dores de cabeça – da enxaqueca. São
formados a partir de ácidos graxos insaturados e podem ter a sua síntese
interrompida por analgésicos e anti-inflamatórios).

- Próstata: glândula localizada abaixo da bexiga urinária. Secreta substâncias


alcalinas que neutralizam a acidez da urina e ativa os espermatozóides.

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- Glândulas Bulbo Uretrais: sua secreção transparente é lançada dentro da uretra
para limpá-la e preparar a passagem dos espermatozóides. Também tem função na
lubrificação do pênis durante o ato sexual.

- Testículos: são as gônadas masculinas. Cada testículo é composto por um


emaranhado de tubos, os ductos seminíferos Esses ductos são formados pelas
células de Sértoli (ou de sustento) e pelo epitélio germinativo, onde ocorrerá a
formação dos espermatozóides. Em meio aos ductos seminíferos, as células
intersticiais ou de Leydig (nomenclatura antiga) produzem os hormônios sexuais
masculinos, sobretudo a testosterona, responsáveis pelo desenvolvimento dos
órgãos genitais masculinos e dos caracteres sexuais secundários:
Estimulam os folículos pilosos para que façam crescer a barba masculina e o pêlo
pubiano.
Estimulam o crescimento das glândulas sebáceas e a elaboração do sebo.
Produzem o aumento de massa muscular nas crianças durante a puberdade, pelo
aumento do tamanho das fibras musculares.
mpliam a laringe e tornam mais grave a voz.
Fazem com que o desenvolvimento da massa óssea seja maior, protegendo
contra a osteoporose.

- Epidídimos: são dois tubos enovelados que partem dos testículos, onde os
espermatozóides são armazenados.

- Saco Escrotal ou Bolsa Escrotal ou Escroto: A bolsa escrotal também chamada


de saco escrotal é uma bolsa revestida de pele situada entre as coxas, embaixo do
pênis, em seu interior ficam os testículos. Um espermatozóide leva cerca de 70 dias
para ser produzido. Eles não podem se desenvolver adequadamente na temperatura
normal do corpo (36,5°C). Assim, os testículos se localizam na parte externa do
corpo, dentro da bolsa escrotal, que tem a função de termorregulação (aproximam
ou afastam os testículos do corpo), mantendo-os a uma temperatura geralmente em
torno de 1 a 3 °C abaixo da corporal.

37
FORMAÇÃO DOS ESPERMATOZÓIDES (ESPERMATOGÊNESE)

Esse processo leva a formação de espermatozóides a partir de células precursoras


chamadas de espermatogônias, localizadas na parede do túbulo seminífero. A partir
da puberdade as espermatogônias começam a se multiplicar intensamente por
mitose, isso continuará até os fins da vida de um homem, mas diminui a intensidade
com o aumento da idade.

TESTOSTERONA

- Efeito na Espermatogênese
A testosterona faz com que os testículos cresçam. Ela deve estar presente, também,
junto com o folículo estimulante, antes que a espermatogênese se complete.

38
- Efeito nos caracteres sexuais masculinos
Depois que um feto começa a se desenvolver no útero materno, seus testículos
começam a secretar testosterona, quando tem poucas semanas de vida apenas. Essa
testosterona, então, auxilia o feto a desenvolver órgãos sexuais masculinos e
características secundárias masculinas. Isto é, acelera a formação do pênis, da bolsa
escrotal, da próstata, das vesículas seminais, dos ductos deferentes e dos outros
órgãos sexuais masculinos. Além disso, a testosterona faz com que os testículos
desçam da cavidade abdominal para a bolsa escrotal; se a produção de testosterona
pelo feto é insuficiente, os testículos não conseguem descer; permanecem na
cavidade abdominal. A secreção da testosterona pelos testículos fetais é estimulada
por um hormônio chamado gonadotrofina coriônica, formado na placenta durante a
gravidez.

- Efeito nos caracteres sexuais secundários


Faz com que os pêlos cresçam na face, ao longo da linha média do abdome, no
púbis e no tórax. Origina, porém, a calvície nos homens que tenham predisposição
hereditária para ela. Estimula o crescimento da laringe, de maneira que o homem, após
a puberdade fica com a voz mais grave.
Estimula um aumento na deposição de proteína nos músculos, pele, ossos e em outras
partes do corpo, de maneira que o adolescente do sexo masculino se torna geralmente
maior e mais musculoso do que a mulher, nessa fase.

8. SISTEMA REPRODUTOR FEMININO

O sistema reprodutor feminino é constituído por dois ovários, duas tubas uterinas
(trompas de Falópio), um útero, uma vagina, uma vulva. Ele está localizado no interior
da cavidade pélvica. A pelve constitui um marco ósseo forte que realiza uma função
protetora.

39
Vagina.
A vagina é um canal de 8 a 10 cm de comprimento, de paredes elásticas, que liga o
colo do útero aos genitais externos. Contém de cada lado de sua abertura, porém
internamente, duas glândulas denominadas glândulas de Bartholin, que secretam um
muco lubrificante. A entrada da vagina é protegida por uma membrana circular - o
hímen - que fecha parcialmente o orifício vulvo-vaginal e é quase sempre perfurado no
centro, podendo ter formas diversas. Geralmente, essa membrana se rompe nas
primeiras relações sexuais. A vagina é o local onde o pênis deposita os
espermatozóides na relação sexual. Além de possibilitar a penetração do pênis,
possibilita a expulsão da menstruação e, na hora do parto, a saída do bebê. A genitália
externa ou vulva é delimitada e protegida por duas pregas cutaneomucosas
intensamente irrigadas e inervadas - os grandes lábios. Na mulher reprodutivamente

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madura, os grandes lábios são recobertos por pelos pubianos. Mais internamente,
outra prega cutaneomucosa envolve a abertura da vagina - os pequenos lábios - que
protegem a abertura da uretra e da vagina. Na vulva também está o clitóris, formado
por tecido esponjoso erétil, homólogo ao pênis do homem.

FONTE: Superinteressante coleções O Corpo Humano - Sexo: a Atração Vital

Ovários
São as gônadas femininas. Produzem estrógeno e progesterona, hormônios sexuais
femininos que serão vistos mais adiante. No final do desenvolvimento embrionário de
uma menina, ela já tem todas as células que irão transformar-se em gametas nos seus
dois ovários. Estas células -os ovócitos primários - encontram-se dentro de estruturas
denominadas folículos de Graaf ou folículos ovarianos. A partir da adolescência,
sob ação hormonal, os folículos ovarianos começam a crescer e a desenvolver. Os
folículos em desenvolvimento secretam o hormônio estrógeno. Mensalmente, apenas
um folículo geralmente completa o desenvolvimento e a maturação, rompendo-se
e liberando o ovócito secundário (gameta feminino): fenômeno conhecido como
ovulação. Após seu rompimento, a massa celular resultante transforma-se em corpo
lúteo ou amarelo, que passa a secretar os hormônios progesterona e estrógeno. Com
o tempo, o corpo lúteo regride e converte-se em corpo albicans ou corpo branco, uma

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pequena cicatriz fibrosa que irá permanecer no ovário. O gameta feminino liberado na
superfície de um dos ovários é recolhido por finas terminações das tubas uterinas - as
fímbrias.

Tubas uterinas, ovidutos ou trompas de Falópio


São dois ductos que unem o ovário ao útero. Seu epitélio de revestimento é
formado por células ciliadas. Os batimentos dos cílios microscópicos e os
movimentos peristálticos das tubas uterinas impelem o gameta feminino até o útero.

Útero
Órgão oco situado na cavidade pélvica anteriormente à bexiga e posteriormente ao
reto, de parede muscular espessa (miométrio) e com formato de pêra invertida.
É revestido internamente por um tecido vascularizado rico em glândulas - o endométrio.

HORMÔNIOS SEXUAIS FEMININOS


A pituitária (hipófise) anterior das meninas, como a dos meninos, não secreta
praticamente nenhum hormônio gonadotrópico até à idade de 10 a 14 anos.
Entretanto, por essa época, começa a secretar dois hormônios gonadotrópicos.
No inicio, secreta principalmente o hormônio folículo-estimulante (FSH), que inicia a
vida sexual na menina em crescimento; mais tarde, secreta o harmônio luteinizante
(LH), que auxilia no controle do ciclo menstrual.

1. Hormônio Folículo-Estimulante: causa a proliferação das células foliculares


ovarianas e estimula a secreção de estrógeno, levando as cavidades foliculares a
desenvolverem-se e a crescer.

2. Hormônio Luteinizante: aumenta ainda mais a secreção das células


foliculares, estimulando a ovulação.

Os dois hormônios ovarianos, o estrogênio e a progesterona, são responsáveis


pelo desenvolvimento sexual da mulher e pelo ciclo menstrual. Esses hormônios,
como os hormônios adrenocorticais e o hormônio masculino testosterona, são

42
ambos compostos esteroides, formados, principalmente, de um lipídio, o colesterol.
Os estrogênios são, realmente, vários hormônios diferentes chamados estradiol,
estriol e estrona, mas que têm funções idênticas e estruturas químicas muito
semelhantes. Por esse motivo, são considerados juntos, como um único hormônio.

Funções do Estrogênio: o estrogênio induz as células de muitos locais do


organismo, a proliferar, isto é, a aumentar em número. Por exemplo, a musculatura
lisa do útero, aumenta tanto que o órgão, após a puberdade, chega a duplicar ou,
mesmo, a triplicar de tamanho. O estrogênio também provoca o aumento da vagina
e o desenvolvimento dos lábios que a circundam, faz o púbis se cobrir de pêlos, os
quadris se alargarem e o estreito pélvico assumir a forma ovoide, em vez de afunilada
como no homem; provoca o desenvolvimento das mamas e a proliferação dos seus
elementos glandulares, e, finalmente, leva o tecido adiposo a concentrar-se, na
mulher, em áreas como os quadris e coxas, dando-lhes o arredondamento típico do
sexo. Em resumo, todas as características que distinguem a mulher do homem são
devido ao estrogênio e a razão básica para o desenvolvimento dessas
características é o estímulo à proliferação dos elementos celulares em certas regiões
do corpo. O estrogênio também estimula o crescimento de todos os ossos logo
após a puberdade, mas promove rápida calcificação óssea, fazendo com que as
partes dos ossos que crescem se "extingam" dentro de poucos anos, de forma que o
crescimento, então, pára. A mulher, nessa fase, cresce mais rapidamente que o
homem, mas pára após os primeiros anos da puberdade; já o homem tem um
crescimento menos rápido, porém mais prolongado, de modo que ele assume uma
estatura maior que a da mulher, e, nesse ponto, também se diferenciam os dois sexos.
O estrogênio tem, outrossim, efeitos muito importantes no revestimento interno do
útero, o endométrio, no ciclo menstrual.

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Funções da Progesterona: a progesterona tem pouco a ver com o
desenvolvimento dos caracteres sexuais femininos; está principalmente relacionada
com a preparação do útero para a aceitação do embrião e à preparação das mamas
para a secreção láctea. Em geral, a progesterona aumenta o grau da atividade
secretória das glândulas mamárias e, também, das células que revestem a parede
uterina, acentuando o espessamento do endométrio e fazendo com que ele seja
intensamente invadido por vasos sanguíneos; determina, ainda, o surgimento de
numerosas glândulas produtoras de glicogênio. Finalmente, a progesterona inibe
as contrações do útero e impede a expulsão do embrião que se está implantando ou
do feto em desenvolvimento.

FORMAÇÃO DOS ÓVULOS (OVULOGÊNESE)


Inicia-se antes do nascimento da mulher, em torno do terceiro mês de vida intrauterina.
As células precursoras dos gametas, as ovogônias, que vinham se multiplicando
ativamente por mitose durante o início da fase fetal feminina. Param de se dividir,
crescem, duplicam seu DNA e entram em meiose. Essas células são chamadas de
ovócito primário ou ovócito 01, permanecem estacionados na prófase 01 da meiose
até ser estimulado pelo hormônio FSH. Esses ovócitos são cobertos por uma camada
de células envoltórias, constituindo assim o folículo de ovariano. Ao nascer a mulher
tem cerca de 05 milhões de folículos em cada ovário: porém mais da metade degenera
antes da puberdade.

44
Após essa idade, aproximadamente a cada 28 dias, alguns folículos são estimulados
a se desenvolver por ação do FSH.

CICLO MENSTRUAL
O ciclo menstrual na mulher é causado pela secreção alternada dos hormônios
folículo-estimulante e luteinizante, pela pituitária (hipófise) anterior (adenohipófise), e
dos estrogênios e progesterona, pelos ovários. Determinada mulher, com ciclo
menstrual regular de 28 dias, resolveu iniciar um relacionamento íntimo com seu
namorado. Como não planejavam ter filhos, optaram pelo método da tabelinha, onde
a mulher calcula o período fértil em relação ao dia da ovulação. Considerando que a
mulher é fértil durante aproximadamente nove dias por ciclo e que o último ciclo dessa
mulher iniciou-se no dia 22 de setembro de 2006, calcule seu período fértil.
1º dia do ciclo à endométrio bem desenvolvido, espesso e vascularizado começa a
descamar à menstruação

Hipófise aumenta a produção de FSH, que atinge a concentração máxima por volta
do 7º dia do ciclo.

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Amadurecimento dos folículos ovarianos

Secreção de estrógeno pelo folículo em desenvolvimento

Concentração alta de estrógeno inibe secreção de FSH e estimula a secreção


de LH pela hipófise / concentração alta de estrógeno estimula o crescimento do
endométrio.

Concentração alta de LH estimula a ovulação (por volta do 14º dia de um ciclo de 28 dias)

Alta taxa de LH estimula a formação do corpo lúteo ou amarelo no folículo ovariano

Corpo lúteo inicia a produção de progesterona

Estimula as glândulas do endométrio a secretarem seus produtos

Aumento da progesterona inibe produção de LH e FSH

Corpo lúteo regride e reduz concentração de progesterona


Menstruação
FONTE: GUYTON, A.C. Fisiologia Humana. 5ª ed., Rio de Janeiro, Ed. Interamericana,
1981.

10. SISTEMA NERVOSO

O sistema nervoso, juntamente com o sistema endócrino, capacitam o organismo a


perceber as variações do meio (interno e externo), a difundir as modificações que
essas variações produzem e a executar as respostas adequadas para que seja mantido
o equilíbrio interno do corpo (homeostase). São os sistemas envolvidos na
coordenação e regulação das funções corporais. No sistema nervoso diferenciam-
se duas linhagens celulares: os neurônios e as células da glia (ou da neuroglia).
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Os neurônios são as células responsáveis pela recepção e transmissão dos estímulos
do meio (interno e externo), possibilitando ao organismo a execução de respostas
adequadas para a manutenção da homeostase. Para exercerem tais funções, contam
com duas propriedades fundamentais: a irritabilidade (também denominada
excitabilidade ou responsabilidade) e a condutibilidade. Irritabilidade é a capacidade
que permite a uma célula responder a estímulos, sejam eles internos ou externos.
Portanto, irritabilidade não é uma resposta, mas a propriedade que torna a célula apta
a responder. Essa propriedade é inerente aos vários tipos celulares do organismo. No
entanto, as respostas emitidas pelos tipos celulares distintos também diferem umas
das outras. A resposta emitida pelos neurônios assemelha-se a uma corrente elétrica
transmitida ao longo de um fio condutor: uma vez excitados pelos estímulos, os
neurônios transmitem essa onda de excitação - chamada de impulso nervoso - por
toda a sua extensão em grande velocidade e em um curto espaço de tempo. Esse
fenômeno deve-se à propriedade de condutibilidade. Para compreendermos melhor
as funções de coordenação e regulação exercidas pelo sistema nervoso, precisamos
primeiro conhecer a estrutura básica de um neurônio e como a mensagem nervosa
é transmitida. Um neurônio é uma célula composta de um corpo celular (onde está
o núcleo, o citoplasma e o citoesqueleto), e de finos prolongamentos celulares
denominados neuritos, que podem ser subdivididos em dendritos e axônios. Os

47
dendritos são prolongamentos geralmente muito ramificados e que atuam como
receptores de estímulos, funcionando, portanto, como "antenas" para o neurônio. Os
axônios são prolongamentos longos que atuam como condutores dos impulsos
nervosos. Os axônios podem se ramificar e essas ramificações são chamadas de
colaterais. Todos os axônios têm um início (cone de implantação), um meio (o axônio
propriamente dito) e um fim (terminal axonal ou botão terminal). O terminal axonal
é o local onde o axônio entra em contato com outros neurônios e/ou outras células e
passa a informação (impulso nervoso) para eles. A região de passagem do impulso
nervoso de um neurônio para a célula adjacente chama-se sinapse. Às vezes os
axônios têm muitas ramificações em suas regiões terminais e cada ramificação forma
uma sinapse com outros dendritos ou corpos celulares. Estas ramificações são
chamadas coletivamente de arborização terminal. Os corpos celulares dos neurônios
são geralmente encontrados em áreas restritas do sistema nervoso, que formam
o Sistema Nervoso Central (SNC), ou nos gânglios nervosos, localizados próximo
da coluna vertebral. Do sistema nervoso central partem os prolongamentos dos
neurônios, formando feixes chamados nervos, que constituem o Sistema Nervoso
Periférico (SNP).
O axônio está envolvido por um dos tipos celulares seguintes: célula de Schwann
(encontrada apenas no SNP) ou oligodendrócito (encontrado apenas no SNC) Em
muitos axônios, esses tipos celulares determinam a formação da bainha de mielina -
invólucro principalmente lipídico (também possui como constituinte a chamada
proteína básica da mielina) que atua como isolante térmico e facilita a transmissão
do impulso nervoso. Em axônios mielinizados existem regiões de descontinuidade da
bainha de mielina, que acarretam a existência de uma constrição
(estrangulamento) denominada nódulo de Ranvier. No caso dos axônios
mielinizados envolvidos pelas células de Schwann, a parte celular da bainha de
mielina, onde estão o citoplasma e o núcleo desta célula, constitui o chamado
neurilema.

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FONTE: Netter, Frank. Atlas de Anatomia Humana. Porto Alegre: Artes Médicas, 2.000.

O IMPULSO NERVOSO
A membrana plasmática do neurônio transporta alguns íons ativamente, do líquido
extracelular para o interior da fibra, e outros, do interior, de volta ao líquido extracelular.
Assim funciona a bomba de sódio e potássio, que bombeia ativamente o sódio para
fora, enquanto o potássio é bombeado ativamente para dentro.Porém esse
bombeamento não é equitativo: para cada três íons sódio bombeados para o líquido
extracelular, apenas dois íons potássio são bombeados para o líquido intracelular.
Somando-se a esse fato, em repouso a membrana da célula nervosa é
praticamente impermeável ao sódio, impedindo que esse íon se mova a favor de
seu gradiente de concentração (de fora para dentro); porém, é muito permeável ao
potássio, que, favorecido pelo gradiente de concentração e pela permeabilidade da
membrana, se difunde livremente para o meio extracelular. Em repouso: canais de
sódio fechados. Membrana é praticamente impermeável ao sódio, impedindo sua
difusão a favor do gradiente de concentração. Sódio é bombeado ativamente para fora
pela bomba de sódio e potássio. Como a saída de sódio não é acompanhada pela
entrada de potássio na mesma proporção, estabelece-se uma diferença de cargas
elétricas entre os meios intra e extracelular: há déficit de cargas positivas dentro da
célula e as faces da membrana mantêm-se eletricamente carregadas. O
potencial eletronegativo criado no interior da fibra nervosa devido à bomba de
sódio e potássio é chamado potencial de repouso da membrana, ficando o exterior
da membrana positivo e o interior negativo. Dizemos, então, que a membrana está
polarizada. Ao ser estimulada, uma pequena região da membrana torna-se
permeável ao sódio (abertura dos canais de sódio). Como a concentração desse íon
é maior fora do que dentro da célula, o sódio atravessa a membrana no sentido do

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interior da célula. A entrada de sódio é acompanhada pela pequena saída de potássio.
Esta inversão vai sendo transmitida ao longo do axônio, e todo esse processo é
denominado onda de despolarização. Os impulsos nervosos ou potenciais de
ação são causados pela despolarização da membrana além de um limiar (nível
crítico de despolarização que deve ser alcançado para disparar o potencial de ação).
Os potenciais de ação assemelham-se em tamanho e duração e não diminuem à
medida que são conduzidos ao longo do axônio, ou seja, são de tamanho e duração
fixos. A aplicação de uma despolarização crescente a um neurônio não tem qualquer
efeito até que se cruze o limiar e, então, surja o potencial de ação. Por esta razão,
diz-se que os potenciais de ação obedecem à "lei do tudo ou nada”. O percurso do
impulso nervoso no neurônio é sempre no sentido dendrito é corpo celular é axônio.

FONTE: Netter, Frank. Atlas de Anatomia Humana. Porto Alegre: Artes Médicas, 2.000.

SINAPSES
Sinapse é um tipo de junção especializada em que um terminal axonal faz contato
com outro neurônio ou tipo celular. As sinapses podem ser elétricas ou químicas
(maioria).

Sinapses elétricas
As sinapses elétricas, mais simples e evolutivamente antigas, permitem a transferência
direta da corrente iônica de uma célula para outra. Ocorrem em sítios especializados
denominados junções gap ou junções comunicantes. Nesses tipos de junções
as membranas pré-sinápticas (do axônio - transmissoras do impulso nervoso) e

50
pós-sinápticas (do dendrito ou corpo celular - receptoras do impulso nervoso) estão
separadas por apenas 3 mm. Essa estreita fenda é ainda atravessada por proteínas
especiais denominadas conexinas. Seis conexinas reunidas formam um canal
denominado conexon, o qual permite que íons passem diretamente do citoplasma de
uma célula para o de outra. A maioria das junções gap permite que a corrente iônica
passe adequadamente em ambos os sentidos, sendo desta forma, bidirecionais.
Em invertebrados, as sinapses elétricas são comumente encontradas em circuitos
neuronais que medeiam respostas de fuga. Em mamíferos adultos, esses tipos de
sinapses são raras, ocorrendo frequentemente entre neurônios nos estágios
iniciais da embriogênese.

Sinapses químicas
Via de regra, a transmissão sináptica no sistema nervoso humano maduro é
química. As membranas pré e pós-sinápticas são separadas por uma fenda com
largura de 20 a 50 nm - a fenda sináptica. A passagem do impulso nervoso nessa
região é feita, então, por substâncias químicas: os neuro-hormonios também
chamados mediadores químicos ou neurotransmissores, liberados na fenda sináptica.
O terminal axonal típico contém dúzias de pequenas vesículas membranosas
esféricas que armazenam neurotransmissores - as vesículas sinápticas.
A membrana dendrítica relacionada com as sinapses (pós-sináptica) apresenta
moléculas de proteínas especializadas na detecção dos neurotransmissores na
fenda sináptica - os receptores. Por isso, a transmissão do impulso nervoso ocorre
sempre do axônio de um neurônio para o dendrito ou corpo celular do neurônio
seguinte. Podemos dizer então que nas sinapses químicas, a informação que viaja na
forma de impulsos elétricos ao longo de um axônio é convertida, no terminal axonal,
em um sinal químico que atravessa a fenda sináptica. Na membrana pós-sináptica, este
sinal químico é convertido novamente em sinal elétrico. Como o citoplasma dos
axônios, inclusive do terminal axonal, não possui ribossomos, necessários à síntese
de proteínas, as proteínas axonais são sintetizadas no soma (corpo celular),
empacotadas em vesículas membranosas e transportadas até o axônio pela ação de
uma proteína chamada cinesina, a qual se desloca sobre os microtúbulos, com gasto
de ATP. Esse transporte ao longo do axônio é denominado transporte

51
axoplasmático e, como a cinesina só desloca material do soma para o terminal,
todo movimento de material neste sentido é chamado de transporte anterógrado.
Além do transporte anterógrado, há um mecanismo para o deslocamento de material
no axônio no sentido oposto, indo do terminal para o soma. Acredita-se que este
processo envia sinais para o soma sobre as mudanças nas necessidades metabólicas
do terminal axonal.
O movimento neste sentido é chamado transporte retrógrado. As sinapses químicas
também ocorrem nas junções entre as terminações dos axônios e os músculos;
essas junções são chamadas placas motoras ou junções neuro-musculares. Por
meio das sinapses, um neurônio pode passar mensagens (impulsos nervosos) para
centenas ou até milhares de neurônios diferentes.

Neurotransmissores
A maioria dos neurotransmissores situa-se em três categorias: aminoácidos,
aminas e peptídeos. Os neurotransmissores aminoácidos e aminas são pequenas
moléculas orgânicas com pelo menos um átomo de nitrogênio, armazenadas e
liberadas em vesículas sinápticas. Sua síntese ocorre no terminal axonal a partir de
precursores metabólicos ali presentes. As enzimas envolvidas na síntese de tais
neurotransmissores são produzidas no soma (corpo celular do neurônio) e
transportadas até o terminal axonal e, neste local, rapidamente dirigem a síntese desses
mediadores químicos.
Uma vez sintetizados, os neurotransmissores aminoácidos e aminas são levados
para as vesículas sinápticas que liberam seus conteúdos por exocitose. Nesse
processo, a membrana da vesícula funde-se com a membrana pré-sináptica,
permitindo que os conteúdos sejam liberados. A membrana vesicular é
posteriormente recuperada por endocitose e a vesícula reciclada é recarregada com
neurotransmissores.
Os neurotransmissores peptídeos constituem-se de grandes moléculas
armazenadas e liberadas em grânulos secretores. A síntese dos neurotransmissores
peptídicos ocorre no retículo endoplasmático rugoso do soma. Após serem
sintetizados, são clivados no complexo de golgi, transformando-se em
neurotransmissores ativos, que são secretados em grânulos secretores e

52
transportados ao terminal axonal (transporte anterógrado) para serem liberados na
fenda sináptica. Diferentes neurônios no SNC liberam também diferentes
neurotransmissores. A transmissão sináptica rápida na maioria das sinapses do
SNC é mediada pelos neurotransmissores aminoácidos glutamato (GLU), gama-
aminobutírico (GABA) e glicina (GLI). A amina acetilcolina medeia a transmissão
sináptica rápida em todas as junções neuromusculares. As formas mais lentas de
transmissão sináptica no SNC e na periferia são mediadas por neurotransmissores
das três categorias. O glutamato e a glicina estão entre os 20 aminoácidos que
constituem os blocos construtores das proteínas. Consequentemente, são abundantes
em todas as células do corpo. Em contraste, o GABA e as aminas são produzidos
apenas pelos neurônios que os liberam. O mediador químico adrenalina, além de servir
como neurotransmissor no encéfalo, também é liberado pela glândula adrenal para
a circulação sanguínea. Abaixo são citadas as funções específicas de alguns
neurotransmissores.

Endorfinas e encefálicas: bloqueiam a dor, agindo naturalmente no corpo


como analgésicos.
Dopamina: neurotransmissor inibitório derivado da tirosina. Produz sensações de
satisfação e prazer. Os neurônios dopaminérgicos podem ser divididos em três
subgrupos com diferentes funções. O primeiro grupo regula os movimentos: uma
deficiência de dopamina neste sistema provoca a doença de Parkinson,
caracterizada por tremuras, inflexibilidade, e outras desordens motoras, e em fases
avançadas pode verificar-se demência. O segundo grupo, o mesolímbico, funciona
na regulação do comportamento emocional. O terceiro grupo, o mesocortical, projeta-
se apenas para o córtex pré-frontal.
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Esta área do córtex está envolvida em várias funções cognitivas, memória,
planejamento de comportamento e pensamento abstrato, assim como em aspectos
emocionais, especialmente relacionados com o stress. Distúrbios nos dois últimos
sistemas estão associados com a esquizofrenia.
Serotonina: neurotransmissor derivado do triptofano, regula o humor, o sono, a
atividade sexual, o apetite, o ritmo circadiano, as funções
neuroendócrinas,temperatura corporal, sensibilidade à dor, atividade motora e funções
cognitivas. Atualmente vem sendo intimamente relacionada aos transtornos do humor,
ou transtornos afetivos e a maioria dos medicamentos chamados antidepressivos
agem produzindo um aumento da disponibilidade dessa substância no espaço entre
um neurônio e outro. Tem efeito inibidor da conduta e modulador geral da atividade
psíquica. Influi sobre quase todas as funções cerebrais, inibindo-a de forma direta ou
estimulando o sistema GABA.
GABA (ácido gama-aminobutirico): principal neurotransmissor inibitório do SNC.
Ele está presente em quase todas as regiões do cérebro, embora sua concentração
varie conforme a região. Está envolvido com os processos de ansiedade. Seu efeito
ansiolítico seria fruto de alterações provocadas em diversas estruturas do sistema
límbico, inclusive a amígdala e o hipocampo. A inibição da síntese do GABA ou o
bloqueio de seus neurotransmissores no SNC, resultam em estimulação intensa,
manifestada através de convulsões generalizadas.
Ácido glutâmico ou glutamato: principal neurotransmissor estimulador do SNC.
A sua ativação aumenta a sensibilidade aos estímulos dos outros neurotransmissores.

TIPOS DE NEURÔNIOS
De acordo com suas funções na condução dos impulsos, os neurônios podem ser
classificados em:

1. Neurônios receptores ou sensitivos (aferentes): são os que recebem estímulos


sensoriais e conduzem o impulso nervoso ao sistema nervoso central.
2. Neurônios motores ou efetuadores (eferentes): transmitem os impulsos
motores (respostas ao estímulo).
3. Neurônios associativos ou interneurônios: estabelecem ligações entre os

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neurônios receptores e os neurônios motores.

Células da Glia (neuróglia)


As células da neuróglia cumprem a função de sustentar, proteger, isolar e nutrir os
neurônios. Há diversos tipos celulares, distintos quanto à morfologia, a origem
embrionária e às funções que exercem. Distinguem-se, entre elas, os astrócitos,
oligodendrocitos e micróglia. Têm formas estreladas e prolongações que envolvem as
diferentes estruturas do tecido.
Os astrócitos são as maiores células da neuróglia e estão associados à
sustentação e à nutrição dos neurônios. Preenchem os espaços entre os neurônios,
regulam a concentração de diversas substâncias com potencial para interferir nas
funções neuronais normais (como por exemplo as concentrações extracelulares de
potássio), regulam os neurotransmissores (restringem a difusão de
neurotransmissores liberados e possuem proteínas especiais em suas membranas que
removem os neurotransmissores da fenda sináptica). Estudos recentes também
sugerem que podem ativar a maturação e a proliferação de células-tronco nervosas
adultas e ainda, que fatores de crescimento produzidos pelos astrócitos podem ser
críticos na regeneração dos tecidos cerebrais ou espinhais danificados por traumas ou
enfermidades.
Os oligodendrócitos são encontrados apenas no sistema nervoso central (SNC).
Devem exercer papéis importantes na manutenção dos neurônios, uma vez que,
sem eles, os neurônios não sobrevivem em meio de cultura. No SNC, são as
células responsáveis pela formação da bainha de mielina. Um único oligodendrócito
contribui para a formação de mielina de vários neurônios (no sistema nervoso
periférico, cada célula de Schwann mieliniza apenas um único axônio).
A micróglia é constituída por células fagocitárias, análogas aos macrófagos e que
participam da defesa do sistema nervoso.

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FONTE: www.afh.bio.br/nervoso/imagem

ORIGEM DO SISTEMA NERVOSO


O sistema nervoso origina-se da ectoderme embrionária e se localiza na região dorsal.
Durante o desenvolvimento embrionário, a ectoderme sofre uma invaginação, dando
origem à goteira neural, que se fecha, formando o tubo neural. Este possui uma
cavidade interna cheia de líquido, o canal neural. Em sua região anterior, o tubo neural
sofre dilatação, dando origem ao encéfalo primitivo. Em sua região posterior, o tubo
neural dá origem à medula espinhal. O canal neural persiste nos adultos,
correspondendo aos ventrículos cerebrais, no interior do encéfalo, e ao canal do
epêndimo, no interior da medula. Durante o desenvolvimento embrionário, verifica-
se que a partir da vesícula única que constitui o encéfalo primitivo, são formadas três
outras vesículas: a primeira, denominada prosencéfalo (encéfalo anterior); a
segunda, mesencéfalo (encéfalo médio) e a terceira, rombencéfalo (encéfalo
posterior). O prosencéfalo e o rombencéfalo sofrem estrangulamento, dando origem,
cada um deles, a duas outras vesículas. O mesencéfalo não se divide. Desse modo,
o encéfalo do embrião é constituído por cinco vesículas em linha reta. O
prosencéfalo divide-se em telencéfalo (hemisférios cerebrais) e diencéfalo (tálamo e
hipotálamo); o mesencéfalo não sofre divisão e o romboencéfalo divide-se em
metencéfalo (ponte e cerebelo) e mielencéfalo (bulbo). As divisões do S.N.C se definem
já na sexta semana de vida fetal.
1 - Prosencéfalo;
2- Mesencéfalo;
3- Rombencéfalo;
4- Futura medula espinhal;
5- Diencéfalo;
6- Telencéfalo;
7- Mielencéfalo, futuro bulbo;

56
8- Medula espinhal;
9- Hemisfério cerebral;
10- Lóbulo olfatório;
11- Nervo óptico;
12- Cerebelo;
13- Metencéfalo.

DIVISÃO DO SNC
O SNC recebe, analisa e integra informações. É o local onde ocorre a tomada de
decisões e o envio de ordens. O SNP carrega informações dos órgãos sensoriais
para o sistema nervoso central e do sistema nervoso central para os órgãos efetores
(músculos e glândulas).

FONTE: www.afh.bio.br/nervoso/imagem

Sistema Nervoso Central


O SNC divide-se em encéfalo e medula. O encéfalo corresponde ao telencéfalo
(hemisférios cerebrais), diencéfalo (tálamo e hipotálamo), cerebelo, e tronco cefálico,
que se divide em: BULBO, situado caudalmente; MESENCÉFALO, situado
cranialmente; e PONTE, situada entre ambos. No SNC, existem as chamadas
substâncias cinzenta e branca. A substância cinzenta é formada pelos corpos dos
neurônios e a branca, por seus prolongamentos. Com exceção do bulbo e da medula,
a substância cinzenta ocorre mais externamente e a substância branca, mais
internamente. Os órgãos do SNC são protegidos por estruturas esqueléticas (caixa
craniana, protegendo o encéfalo; e coluna vertebral, protegendo a medula -

57
também denominada raque) e por membranas denominadas meninges, situadas
sob a proteção esquelética: dura-máter (a externa), aracnoide (a do meio) e pia-
máter (a interna). Entre as meninges aracnoide e pia-máter há um espaço preenchido
por um líquido denominado líquido cefalorraquidiano ou líquor.

O TELENCÉFALO
O encéfalo humano contém cerca de 35 bilhões de neurônios e pesa aproximadamente
1,4 kg. O telencéfalo ou cérebro é dividido em dois hemisférios cerebrais bastante
desenvolvidos. Nestes, situam-se as sedes da memória e dos nervos sensitivos
e motores. Entre os hemisférios, estão os VENTRÍCULOS CEREBRAIS (ventrículos
laterais e terceiro ventrículo); contamos ainda com um quarto ventrículo, localizado
mais abaixo, ao nível do tronco encefálico. São reservatórios do LÍQUIDO CÉFALO-
RAQUIDIANO, (LÍQUOR), participando na nutrição, proteção e excreção do sistema
nervoso.
Em seu desenvolvimento, o córtex ganha diversos sulcos para permitir que o cérebro
esteja suficientemente compacto para caber na calota craniana, que não
acompanha o seu crescimento. Por isso, no cérebro adulto, apenas 1/3 de sua
superfície fica "exposta", o restante permanece por entre os sulcos.
Em seu desenvolvimento, o córtex ganha diversos sulcos para permitir que o cérebro
esteja suficientemente compacto para caber na calota craniana, que não
acompanha o seu crescimento. Por isso, no cérebro adulto, apenas 1/3 de sua
superfície fica "exposta", o restante permanece por entre os sulcos. O córtex cerebral
está dividido em mais de quarenta áreas funcionalmente distintas, sendo a maioria
pertencente ao chamado neocórtex. Cada uma das áreas do córtex cerebral controla
uma atividade específica.
1. Hipocampo: região do córtex que está dobrada sobre si e possui apenas três
camadas celulares; localiza-se medialmente ao ventrículo lateral.
2. Córtex olfativo: localizado ventral e lateralmente ao hipocampo; apresenta duas
ou três camadas celulares.
3. Neocórtex: córtex mais complexo; separa-se do córtex olfativo mediante um sulco
chamado fissura rinal; apresenta muitas camadas celulares e várias áreas sensoriais e
motoras. As áreas motoras estão intimamente envolvidas com o controle do movimento

58
voluntário.
A região superficial do telencéfalo, que acomoda bilhões de corpos celulares de
neurônios (substância cinzenta), constitui o córtex cerebral, formado a partir da
fusão das partes superficiais telencefálicas e diencefálicas. O córtex recobre um
grande centro medular branco, formado por fibras axonais (substância branca). Em
meio a este centro branco (nas profundezas do telencéfalo), há agrupamentos de
corpos celulares neuronais que formam os núcleos (gânglios) da base ou núcleos
(gânglios) basais - CAUDATO, PUTAMEN, GLOBO PÁLIDO e NÚCLEO
SUBTALÂMICO, envolvidos em conjunto, no controle do movimento. Parece que
os gânglios da base participam também de um grande número de circuitos
paralelos, sendo apenas alguns poucos de função motora. Outros circuitos estão
envolvidos em certos aspectos da memória e da função cognitiva.
Algumas das funções mais específicas dos gânglios basais relacionadas aos movimentos são:

1. Núcleo caudato: controla movimentos intencionais grosseiros do corpo (isso ocorre


a nível subconsciente e consciente) e auxilia no controle global dos movimentos do
corpo.
2. Putamen: funciona em conjunto com o núcleo caudato no controle de
movimentos intensionais grosseiros. Ambos os núcleos funcionam em associação com
o córtex motor, para controlar diversos padrões de movimento.
3. Globo pálido: provavelmente controla a posição das principais partes do corpo,
quando uma pessoa inicia um movimento complexo, Isto é, se uma pessoa deseja
executar uma função precisa com uma de suas mãos, deve primeiro colocar seu corpo
numa posição apropriada e, então, contrair a musculatura do braço. Acredita-se
que essas funções sejam iniciadas, principalmente, pelo globo pálido.
4. Núcleo subtalâmico e áreas associadas: controlam possivelmente os
movimentos da marcha e talvez outros tipos de mobilidade grosseira do corpo.
Evidências indicam que a via motora direta funciona para facilitar a iniciação de
movimentos voluntários por meio dos gânglios da base. Essa via origina-se com uma
conexão excitatória do córtex para as células do putamen. Estas células
estabelecem sinapses inibitórias em neurônios do globo pálido, que, por sua vez,
faz conexões inibitórias com células do tálamo (núcleo ventrolateral - VL). A conexão

59
do tálamo com a área motora do córtex é excitatória. Ela facilita o disparo de células
relacionadas a movimentos na área motora do córtex. Portanto, a consequência
funcional da ativação cortical do putâmen é a excitação da área motora do córtex pelo
núcleo ventrolateral do tálamo.

O DIENCÉFALO (tálamo e hipotálamo)


Todas as mensagens sensoriais, com exceção das provenientes dos receptores do
olfato, passam pelo tálamo antes de atingir o córtex cerebral. Esta é uma região
de substância cinzenta localizada entre o tronco encefálico e o cérebro. O tálamo
atua como estação retransmissora de impulsos nervosos para o córtex cerebral. Ele
é responsável pela condução dos impulsos às regiões apropriadas do cérebro onde
eles devem ser processados. O tálamo também está relacionado com alterações
no comportamento emocional; que decorre, não só da própria atividade, mas
também de conexões com outras estruturas do sistema límbico (que regula as
emoções). O hipotálamo, também constituído por substância cinzenta, é o
principal centro integrador das atividades dos órgãos viscerais, sendo um dos
principais responsáveis pela homeostase corporal. Ele faz ligação entre o sistema
nervoso e o sistema endócrino, atuando na ativação de diversas glândulas
endócrinas. É o hipotálamo que controla a temperatura corporal, regula o apetite e
o balanço de água no corpo, o sono e está envolvido na emoção e no
comportamento sexual. Tem amplas conexões com as demais áreas do prosencéfalo
e com o mesencéfalo. Aceita-se que o hipotálamo desempenha, ainda, um
papel nas emoções. Especificamente, as partes laterais parecem envolvidas com o
prazer e a raiva, enquanto que a porção mediana parece mais ligada à aversão, ao
desprazer e à tendência ao riso (gargalhada) incontrolável. De um modo geral,
contudo, a participação do hipotálamo é menor na gênese (“criação”) do que na
expressão (manifestações sintomáticas) dos estados emocionais.

O TRONCO ENCEFÁLICO
O tronco encefálico interpõe-se entre a medula e o diencéfalo, situando-se
ventralmente ao cerebelo. Possui três funções gerais;
(1) recebe informações sensitivas de estruturas cranianas e controla os músculos da

60
cabeça;
(2) contém circuitos nervosos que transmitem informações da medula espinhal até
outras regiões encefálicas e, em direção contrária, do encéfalo para a medula
espinhal (lado esquerdo do cérebro controla os movimentos do lado direito do corpo;
lado direito de cérebro controla os movimentos do lado esquerdo do corpo);
(3) regula a atenção, função esta que é mediada pela formação reticular (agregação
mais ou menos difusa de neurônios de tamanhos e tipos diferentes, separados por
uma rede de fibras nervosas que ocupa a parte central do tronco encefálico). Além
destas 3 funções gerais, as várias divisões do tronco encefálico desempenham
funções motoras e sensitivas específicas. Na constituição do tronco encefálico entram
corpos de neurônios que se agrupam em núcleos e fibras nervosas, que, por sua vez,
se agrupam em feixes denominados tractos, fascículos ou lemniscos. Estes elementos
da estrutura interna do tronco encefálico podem estar relacionados com relevos ou
depressões de sua superfície. Muitos dos núcleos do tronco encefálico recebem
ou emitem fibras nervosas que entram na constituição dos nervos cranianos. Dos 12
pares de nervos cranianos, 10 fazem conexão no tronco encefálico. Funções:
Respiração, Ritmo dos batimentos cardíacos, Pressão Arterial.

O CEREBELO
Situado atrás do cérebro está o cerebelo, que é primariamente um centro para o
controle dos movimentos iniciados pelo córtex motor (possui extensivas conexões
com o cérebro e a medula espinhal). Como o cérebro, também está dividido em
dois hemisférios. Porém, ao contrário dos hemisférios cerebrais, o lado esquerdo
do cerebelo está relacionado com os movimentos do lado esquerdo do corpo,
enquanto o lado direito, com os movimentos do lado direito do corpo. O cerebelo
recebe informações do córtex motor e dos gânglios basais de todos os estímulos
enviados aos músculos. A partir das informações do córtex motor sobre os
movimentos musculares que pretende executar e de informações proprioceptivas
que recebe diretamente do corpo (articulações, músculos, áreas de pressão do corpo,
aparelho vestibular e olhos), avalia o movimento realmente executado. Após a
comparação entre desempenho e aquilo que se teve em vista realizar, estímulos
corretivos são enviados de volta ao córtex para que o desempenho real seja igual

61
ao pretendido. Dessa forma, o cerebelo relaciona-se com os ajustes dos
movimentos, equilíbrio, postura e tônus muscular. A palavra cerebelo vem do latim
para "pequeno cérebro”. O cerebelo fica localizado ao lado do tronco encefálico. É
parecido com o córtex cerebral em alguns aspectos: o cerebelo é dividido em
hemisférios e tem um córtex que recobre estes hemisférios.
Funções
Movimento, Equilíbrio, Postura, Tônus muscular.

Tálamo
O tálamo recebe informações sensoriais do corpo e as passa para o córtex cerebral.
O córtex cerebral envia informações motoras para o tálamo que posteriormente são
distribuídas pelo corpo. Participa, juntamente com o tronco encefálico, do sistema
reticular, que é encarregado de “filtrar” mensagens que se dirigem às partes
conscientes do cérebro.
Funções
Integração Sensorial, Integração Motora

SISTEMA LÍMBICO
O Sistema Límbico é um grupo de estruturas que inclui hipotálamo, tálamo,
amígdala, hipocampo, os corpos mamilares e o giro do cíngulo. Todas estas áreas são
muito importantes para a emoção e reações emocionais. O hipocampo também é
importante para a memória e o aprendizado.
Funções
Comportamento Emocional, Memória, Aprendizado, Emoções, Vida vegetativa
(digestão, circulação, excreção etc.)

62
A MEDULA ESPINHAL
Nossa medula espinhal tem a forma de um cordão com aproximadamente 40
cm de comprimento. Ocupa o canal vertebral, desde a região do atlas - primeira
vértebra - até o nível da segunda vértebra lombar. A medula funciona como centro
nervoso de atos involuntários e, também, como veículo condutor de impulsos nervosos.
Da medula partem 31 pares de nervos raquidianos que se ramificam. Por meio dessa
rede de nervos, a medula se conecta com as várias partes do corpo, recebendo
mensagens e vários pontos e enviando-as para o cérebro e recebendo mensagens do
cérebro e transmitindo-as para as várias partes do corpo. A medula possui dois
sistemas de neurônios: o sistema descendente controla funções motoras dos
músculos, regula funções como pressão e temperatura e transporta sinais
originados no cérebro até seu destino; o sistema ascendente transporta sinais
sensoriais das extremidades do corpo até a medula e de lá para o cérebro. Os
corpos celulares dos neurônios se concentram no cerne da medula – na massa
cinzenta. Os axônios ascendentes e descendentes, na área adjacente – a massa
branca. As duas regiões também abrigam células da Glia. Dessa forma, na medula
espinhal a massa cinzenta localiza-se internamente e a massa branca, externamente
(o contrário do que se observa no encéfalo).

SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

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O sistema nervoso periférico é formado por nervos encarregados de fazer as ligações
entre o sistema nervoso central e o corpo. NERVO é a reunião de várias fibras
nervosas, que podem ser formadas de axônios ou de dendritos. As fibras nervosas,
formadas pelos prolongamentos dos neurônios (dendritos ou axônios) e seus
envoltórios, organizam-se em feixes. Cada feixe forma um nervo. Cada fibra nervosa
é envolvida por uma camada conjuntiva denominada endoneuro. Cada feixe é
envolvido por uma bainha conjuntiva denominada perineuro. Vários feixes agrupados
paralelamente formam um nervo. O nervo também é envolvido por uma bainha de
tecido conjuntivo chamada epineuro. Em nosso corpo existe um número muito
grande de nervos. Seu conjunto forma a rede nervosa. Os nervos que levam
informações da periferia do corpo para o SNC são os nervos sensoriais (nervos
aferentes ou nervos sensitivos), que são formados por prolongamentos de
neurônios sensoriais (centrípetos). Aqueles que transmitem impulsos do SNC para
os músculos ou glândulas são nervos motores ou eferentes, feixe de axônios de
neurônios motores (centrífugos). Existem ainda os nervos mistos, formados por
axônios de neurônios sensoriais e por neurônios motores.
Quando partem do encéfalo, os nervos são chamados de cranianos; quando partem da
medula espinhal denominam-se raquidianos. Do encéfalo partem doze pares de
nervos cranianos. Três deles são exclusivamente sensoriais, cinco são motores e os

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quatro restantes são mistos. Os 31 pares de nervos raquidianos que saem da
medula relacionam-se com os músculos esqueléticos. Eles se formam a partir de duas
raízes que saem lateralmente da medula: a raiz posterior ou dorsal, que é sensitiva, e
a raiz anterior ou ventral, que é motora. Essas raízes se unem logo após saírem da
medula. Desse modo, os nervos raquidianos são todos mistos. Os corpos dos
neurônios que formam as fibras sensitivas dos nervos sensitivos situam-se próximo à
medula, porém fora dela, reunindo-se em estruturas especiais chamadas
gânglios espinhais. Os corpos celulares dos neurônios que formam as fibras motoras
localizam-se na medula. De acordo com as regiões da coluna vertebral, os 31 pares
de nervos raquidianos distribuem-se da seguinte forma:
Oito pares de nervos cervicais;
Doze pares de nervos dorsais;
Cinco pares de nervos lombares;
Seis pares de nervos sagrados ou sacrais.
O conjunto de nervos cranianos e raquidianos forma o sistema nervoso periférico.
Com base na sua estrutura e função, o sistema nervoso periférico pode ainda
subdividir-se em duas partes: o sistema nervoso somático e o sistema nervoso
autônomo ou de vida vegetativa. As ações voluntárias resultam da contração de
músculos estriados esqueléticos, que estão sob o controle do sistema nervoso
periférico voluntário ou somático. Já as ações involuntárias resultam da contração das
musculaturas lisa e cardíaca, controladas pelo sistema nervoso periférico autônomo,
também chamado involuntário ou visceral.

NERVOS CRANIANOS E SUAS FUNÇÕES

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- O SNP Voluntário ou Somático tem por função reagir a estímulos provenientes do
ambiente externo. Ele é constituído por fibras motoras que conduzem impulsos do
sistema nervoso central aos músculos esqueléticos. O corpo celular de uma fibra
motora do SNP voluntário fica localizado dentro do SNC e o axônio vai diretamente do
encéfalo ou da medula até o órgão que inerva.
- O SNP Autônomo ou Visceral, como o próprio nome diz, funciona
independentemente de nossa vontade e tem por função regular o ambiente interno do
corpo, controlando a atividade dos sistemas digestório, cardiovascular, excretor e
endócrino. Ele contém fibras nervosas que conduzem impulsos do sistema nervoso
central aos músculos lisos das vísceras e à musculatura do coração. Um nervo
motor do SNP autônomo difere de um nervo motor do SNP voluntário pelo fato de
conter dois tipos de neurônios, um neurônio pré-ganglionar e outro pós-ganglionar.
O corpo celular do neurônio pré-ganglionar fica localizado dentro do SNC e seu axônio
vai até um gânglio, onde o impulso nervoso é transmitido sinapticamente ao
neurônio pós-ganglionar. O corpo celular do neurônio pós-ganglionar fica no interior do
gânglio nervoso e seu axônio conduz o estímulo nervoso até o órgão efetuador, que
pode ser um músculo liso ou cardíaco. O sistema nervoso autônomo compõe-se de
três partes:
Dois ramos nervosos situados ao lado da coluna vertebral. Esses ramos
são formados por pequenas dilatações denominadas gânglios, num total de 23
pares.
Um conjunto de nervos que liga os gânglios nervosos aos diversos órgãos de
nutrição, como o estômago, o coração e os pulmões.
Um conjunto de nervos comunicantes que ligam os gânglios aos nervos raquidianos,
fazendo com que o sistema autônomo não seja totalmente independente do
sistema nervoso cefalorraquidiano.

O sistema nervoso autônomo divide-se em sistema nervoso simpático e sistema


nervoso parassimpático. De modo geral, esses dois sistemas têm funções

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contrárias (antagônicas). Um corrige os excessos do outro. Por exemplo, se
o sistema simpático acelera demasiadamente as batidas do coração, o sistema
parassimpático entra em ação, diminuindo o ritmo cardíaco. Se o sistema simpático
acelera o trabalho do estômago e dos intestinos, o parassimpático entra em ação
para diminuir as contrações desses órgãos.O SNP autônomo simpático, de modo
geral, estimula ações que mobilizam energia, permitindo ao organismo responder a
situações de estresse. Por exemplo, o sistema simpático é responsável pela
aceleração dos batimentos cardíacos, pelo aumento da pressão arterial, da
concentração de açúcar no sangue e pela ativação do metabolismo geral do corpo.
Já o SNP autônomo parassimpático estimula principalmente atividades relaxantes,
como as reduções do ritmo cardíaco e da pressão arterial, entre outras.
Uma das principais diferenças entre os nervos simpáticos e parassimpáticos é que
as fibras pós-ganglionares dos dois sistemas normalmente secretam diferentes
hormônios. O hormônio secretado pelos neurônios pós-ganglionares do sistema
nervoso parassimpático é a acetilcolina, razão pela qual esses neurônios são
chamados colinérgicos. Os neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso
simpático secretam principalmente noradrenalina, razão por que a maioria deles é
chamada neurônios adrenérgicos. As fibras adrenérgicas ligam o sistema nervoso
central à glândula suprarrenal, promovendo aumento da secreção de adrenalina,
hormônio que produz a resposta de "luta ou fuga" em situações de estresse.
A acetilcolina e a noradrenalina têm a capacidade de excitar alguns órgãos e inibir
outros, de maneira antagônica. Em geral, quando os centros simpáticos cerebrais se
tornam excitados, estimulam, simultaneamente, quase todos os nervos simpáticos,
preparando o corpo para a atividade. Além do mecanismo da descarga em massa
do sistema simpático, algumas condições fisiológicas podem estimular partes
localizadas desse sistema. Duas das condições são as seguintes:
- Reflexos
Calóricos: o calor aplicado à pele determina um reflexo que passa através da medula
espinhal e volta a ela, dilatando os vasos sanguíneos cutâneos. Também o
aquecimento do sangue que passa através do centro de controle térmico do
hipotálamo aumenta o grau de vasodilatação superficial, sem alterar os vasos
profundos.

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- Exercícios: durante o exercício físico, o metabolismo aumentado nos músculos tem
um efeito local de dilatação dos vasos sanguíneos musculares; porém, ao mesmo
tempo, o sistema simpático tem efeito vasoconstritor para a maioria das outras regiões
do corpo. A vasodilatação muscular permite que o sangue flua facilmente através
dos músculos, enquanto a vasoconstrição diminui o fluxo sanguíneo em todas as
regiões do corpo, exceto no coração e no cérebro.
Nas junções neuro-musculares, tanto nos gânglios do SNPA simpático como
nos do parassimpático, ocorrem sinapses químicas entre os neurônios pré-
ganglionares e pós-ganglionares. Nos dois casos, a substância neurotransmissora é
a acetilcolina. Esse mediador químico atua nas dobras da membrana, aumentando a
sua permeabilidade aos íons sódio, que passa para o interior da fibra, despolarizando
essa área da membrana do músculo. Essa despolarização local promove um potencial
de ação que é conduzido em ambas as direções ao longo da fibra, determinando uma
contração muscular. Quase imediatamente após ter a acetilcolina estimulado a fibra
muscular, ela é destruída, o que permite a despolarização da membrana.

11. SISTEMA ENDÓCRINO

Dá-se o nome de sistema endócrino ao conjunto de órgãos que apresentam como


atividade característica a produção de secreções denominadas hormônios, que
são lançados na corrente sanguínea e irão atuar em outra parte do organismo,
controlando ou auxiliando o controle de sua função. Os órgãos que têm sua função
controlada e/ou regulada pelos hormônios são denominados órgãos-alvo.

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Constituição dos órgãos do sistema endócrino
Os tecidos epiteliais de secreção ou epitélios glandulares formam as glândulas, que
podem ser uni ou pluricelulares. As glândulas pluricelulares não são apenas
aglomerados de células que desempenham as mesmas funções básicas e têm a
mesma morfologia geral e origem embrionária - o que caracteriza um tecido. São
na verdade órgãos definidos com arquitetura ordenada. Elas estão envolvidas por uma
cápsula conjuntiva que emite septos, dividindo-as em lobos. Vasos sanguíneos e
nervos penetram nas glândulas, fornecendo alimento e estímulo nervoso para as
suas funções. Os hormônios influenciam praticamente todas as funções dos demais
sistemas corporais. Frequentemente o sistema endócrino interage com o sistema
nervoso, formando mecanismos reguladores bastante precisos.
O sistema nervoso pode fornecer ao endócrino a informação sobre o meio externo,
ao passo que o sistema endócrino regula a resposta interna do organismo a esta
informação. Dessa forma, o sistema endócrino, juntamente com o sistema nervoso,
atuam na coordenação e regulação das funções corporais.

TIPOS DE GLÂNDULAS ENDÓCRINAS.


A hipófise situa-se na sela túrsica e apresenta 2 lobos: o lobo posterior (Neuro-
Hipófise) que será abordado no item 2.2 e lobo anterior (Adeno-Hipófise) que secreta
os hormônios abaixo.

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Hormônio de crescimento (CH) ou somatotrópico (SH) Estimula e regula o
crescimento dos tecidos do corpo.
Hormônio tireotrópico (TSH) ou tireotropina Estimulador da glândula tireoide,
para que esta produza os hormônios tireoideos.
Hormônio adenocorticotrópico (ACTH)Estimula o córtex da glândula adrenal, para
que esta produza os hormônios corticais.
Hormônio folículo-estimulante (FSH)Estimula o crescimento e a atividade
hormonal dos folículos e a ovulação no sexo feminino, já no sexo masculino influencia
a espermatogênese.
Hormônio luteinizante (LH) ou (ICSH) no homem, tem a função de estimular o
crescimento dos folículos e a formação do corpo lúteo no sexo feminino, já no sexo
masculino. estimula a células intersticiais a secretar o hormônio andrógeno
(testosterona).
Hormônio lactogênico ou ProlactinaEstimula a secreção láctea pelas glândulas
mamárias.

FONTE: www.afh.bio.br/endocrino/hipo

NEURO-HIPÓFISE
Na região posterior da hipófise, é uma projeção do hipotálamo, sendo responsável
pela liberação do hormônio antidiurético (ADH) ou vasopressina promovendo a
reabsorção de água na urina pelos túbulos renais e a ocitonina estimulando a
contração do útero grávido e promovendo a liberação do leite pelos ductos lactíferos.

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- Paratireoide: Geralmente duas na face posterior de cada lobo da glândula
tireoide. A paratireoide produz o hormônio paratireoideo que regula a suplência,
distribuição do cálcio e fosfato necessário a todas as células (principalmente a troca
de cálcio entre sangue e osso, com a liberação de cálcio para o sangue).
- Tireoide: situa-se na região antero-inferior do pescoço, por diante e lateralmente a
traqueia. Seus hormônios são a tiroxina (T4), a triiodotironina (T3) e a calcitonina.
Os dois primeiros aceleram o catabolismo, aumentando a taxa metabólica do corpo e
influenciando as atividades física e mental, já a calcitonina diminui a concentração de
cálcio no sangue.
- Suprarrenal ou Adrenal: órgão retro-peritoneal, situado no polo superior do rim. Seu
córtex responde a hormônios hipofisários e secreta, hormônios adrenocorticais
sendo os principais a hidrocortisona ou cortisol que atua quando o corpo é
submetido a uma situação de estresse, ajuda a concentração sanguínea de glicose
ao aumentar a gliconeogênese, auxilia na manutenção da pressão normal e produz
efeito anti-inflamatório, anti-imunitário e antialérgico, quanto à aldosterona aumenta
o sódio no sangue e diminui a concentração de potássio no corpo ao acelerar a
reabsorção de sódio e a excreção de potássio pelos túbulos renais. Sua medula
responde a estímulos de fibras pré-ganglionares do componente simpático do SNA e
secreta a adrenalina e noradrenalina que ativa a parte simpática do SNA no momento
de luta ou fuga ou seja, no estresse.

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FONTE: www.afh.bio.br/endocrino/endoc

- Pâncreas: Pelas células α das ilhotas de Langherans secreta o hormônio


Glucagon que estimula o fígado a converter o glicogênio em glicose (glicogenólise
hepática) causando a elevação de taxa desse açúcar no sangue. Pelas células β das
ilhotas de Langerhans secreta o hormônio Insulina com a função de facilitar através
da membrana celular a penetração da glicose, que está na circulação sanguínea
para as células, também estimula o fígado a converter glicose em glicogênio.
- Ovário: O folículo ovárico e o corpo lúteo são os tecidos endócrinos do ovário,
e suas relações incluem os seguintes hormônios.
- Hormônio Hipofisário: estimula o crescimento de folículos ováricos e mudanças
fisiológicas com a ovulação.
- Estrógeno e Progesterona: regulam a preparação do endométrio para implantação
do ovo fertilizado e a continuação da gravidez. Também influenciam o desenvolvimento
dos caracteres sexuais secundários.
- Testículo: As células intersticiais ou de Leydig produzem o hormônio testosterona
que na puberdade é responsável pelo o desenvolvimento dos caracteres sexuais
secundários.
- Corpo Pineal: localizado no extremo póstero-superior do tronco encefálico,
consiste de células gliais (astrócitos) e células parenquimatosas (pinealócitos)
secreta melatonina que funciona como agente anti-neoplásico (retarda o
aparecimento de tumores) e agente anti-gonadotrópico (retarda o aparecimento dos
caracteres sexuais secundários) e regula os ritmos circadianos (ritmos biológicos).
- Timo: situada na parte superior do tórax imediatamente abaixo da glândula tireoide,
produz o hormônio timosina que auxilia no desenvolvimento do linfócito T.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEAR, M.F., CONNORS, B.W. & PARADISO, M.A. Neurociências – Desvendando o


Sistema Nervoso. Porto Alegre 2ª ed, Artmed Editora, 2002.

GUYTON, A.C. Fisiologia Humana. 5ª ed., Rio de Janeiro, Ed. Interamericana, 1981
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74
Atividades

1- A energia necessária para realizar as contrações vem através do sangue arterial,


dentro de cada músculo, na forma de oxigênio e nutrientes. Em injeções intramusculares,
os músculos servem de reservatório para o medicamento, e os músculos mais utilizados
são o ____________ e o ____________.
Assinale a afirmativa correta:
a) Deltoide; glúteo maximo
b) Deltoide; ísquios
c) Glúteo maximo; bíceps
d) Bíceps; deltoide

2- É o maior órgão interno, e é ainda um dos mais importantes. É a mais volumosa de todas
as vísceras, pesa cerca de 1,5 kg no homem adulto, e na mulher adulta entre 1,2 e 1,4
kg. Esta afirmação se refere:
a) Baço
b) Rins
c) Fígado
d) Pâncreas

3- A partir da adolescência, sob ação hormonal, os folículos ovarianos começam a crescer


e a desenvolver. Os folículos em desenvolvimento secretam o hormônio estrógeno.
Mensalmente, apenas um folículo geralmente completa o desenvolvimento e a
maturação, rompendo-se e liberando o ovócito secundário, fenômeno conhecido como
ovulação. Esta afirmação é:
a) Verdadeira
b) Falsa

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4- No ser humano adulto a água corresponde a uma porcentagem da massa corporal. À
medida que o indivíduo envelhece, a porcentagem de líquido em relação à massa
corporal diminui gradualmente. Qual a porcentagem da água correspondente na massa
corporal:
a) Cerca de 40%
b) Cerca de 50%
c) Cerca de 60%
d) Cerca de 70%

5- A uretra é comumente um canal destinado para a urina, mas os músculos na entrada


da bexiga se contraem durante a ereção para que nenhuma urina entre no sêmen e
nenhum sêmen entre na uretra. Todos os espermatozoides não ejaculados são
reabsorvidos pelo corpo dentro de algum tempo. Esta afirmação é:
a) Verdadeira
b) Falsa

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