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AULA 90

FILOSOFIA DA DOR
O que é dor?
1. sensação penosa, desagradável, produzida pela excitação
de terminações nervosas sensíveis a esses estímulos, e
classificada de acordo com o seu lugar, tipo, intensidade,
periodicidade, difusão e caráter.
"dor de cabeça“

2. mágoa originada por desgostos do espírito ou do


coração; sentimento causado por decepção, desgraça,
sofrimento, morte de um ente querido etc.
"a dor de ver por terra os seus sonhos"
Prazer e dor - (Leis – Platão)

Segundo Platão, todo homem abriga dentro de si dois conselheiros


insensatos e antagônicos, o prazer e a dor, juntando a estes tem a opinião
sobre os casos futuros a qual chamamos de expectativa que, quando da
possibilidade de dor denominamos medo, ou o seu contrário prazer,
confiança. Sobre estas paixões preside a razão que tem por finalidade
pronunciar-se acerca do que tem de boa ou de má, cuja conclusão é a lei,
quando se torna decreto comum da cidade. É na infância que o prazer e a
dor surgem como primeiras percepções, sendo por seu intermédio que se
apresentam inicialmente ao espírito como verdade ou vício; cabe à
educação preparar cidadãos virtuosos, capazes de comandar e de
obedecer.
“Quando o prazer e a amizade, a tristeza e o ódio se geram diretamente
em almas ainda incapazes de compreender a sua verdadeira natureza,
com o advento da razão põem-se em harmonia com ela, graças aos bons
hábitos adquiridos. É nesse acordo que consiste a virtude.”
“(...) os prazeres e as dores se harmonizam com o raciocínio justo e lhe
obedecem.”
 DUAS VISÕES SOBRE A DOR:

A RELIGIOSA

A FILOSOFICA
 FILOSOSFIA:

A Filosofia parte dos pensamentos de dor explorado


pelas religiões em seu nascimento com Sócrates e
Platão.
Mas rompe com a religião em sua forma de pensar.

“A filosofia, transferindo seus objetivos para a Teoria do


Conhecimento e "para o Ser enquanto Ser", abandonou o
campo das especulações sobre o homem em si (...)”.
 RELIGIÃO

Os teólogos começaram a trilhar outros caminhos para equacionar a


questão - por que sofremos? -com o abandono, muitas vezes, total da
razão e a apologia da revelação

A religião fundamentou-se cada vez mais no conhecimento revelado e


tentou equacionar o problema de maneira excessivamente teórica, sem
nenhum valor pragmático.

A tendência do homem a buscar o transcedental nem sempre - ou quase


nunca – foi bem sucedida, dando os resultados esperados por ele em
termos de paz interior, de um melhor entendimento de seus problemas
existenciais. E a religião tentou superar essa dificuldade, procurando
clarear o caminho com o facho escondido do dogma, apelando para a
apologia da dor. Surgiu assim o conceito de que "Todo sofrimento é
agradável a Deus".
 “Neste ponto, há relação aparente entre o Espiritismo e
as demais doutrinas religiosas: pessoas há, dentro do
movimento, que buscam a mortificação, pregada
na doutrina da igreja, como forma de elevação espiritual.
Coube a Emmanuel desfazer essa falsa interpretação
doutrinária, ensinando que ‘não vale a pena sofrer, é
preciso aproveitar o sofrimento’”. (Caminho, Verdade e
Vida, pág. 50) .
 A dor, física ou moral, pode possuir em si alguma função
positiva?
 Não nos seria mais conveniente a sua inexistência?

 Quem a cria, Deus ou o próprio homem?

Comecemos pelas considerações de Allan Kardec:


 
   Devendo o homem progredir, os males, aos quais está
exposto, são um estimulante para o exercício da sua
inteligência, de todas as suas faculdades, físicas e morais,
iniciando-o na pesquisa dos meios para deles subtrair-se. Se
não tivesse nada a temer, nenhuma necessidade o levaria à
procura dos meios, seu espírito se entorpeceria na
inatividade; não inventaria nada e não descobriria nada. A
dor é o aguilhão que impele o homem para a frente, no
caminho do progresso. (Allan Kardec)
“Mas, os mais numerosos males são
aqueles que o homem cria para si mesmo,
pelos seus próprios vícios, aqueles que
provêm de seu orgulho, de seu egoísmo, de
sua ambição, de sua cupidez, de seus
excessos em todas as coisas”. (Allan Kardec)
“(...) Deus estabeleceu leis, plenas de sabedoria, que não
têm por objetivo senão o bem; o homem encontra em si
mesmo, tudo o que é necessário para segui-las; sua rota
está traçada pela sua consciência; a lei divina está
gravada no seu coração. (...) Se o homem se
conformasse, rigorosamente, com as leis divinas, não há
dúvida de que evitaria os mais pungentes males, e que
viveria feliz sobre a Terra. Se não o faz, é em virtude do
seu livre-arbítrio, e, disso sofre as consequências.” 
(Allan Kardec)
“Viver com prazer é o desejo de todos. É óbvio que
ninguém, em sã consciência, quer a dor para si e para
seus amados, mas buscar a felicidade de maneira
equivocada pode provocá-la!  É considerável o número
de pessoas que criam para si complicados e pesados
compromissos, justamente por não considerarem que o
aparente prazer de hoje pode se transformar,
posteriormente, numa dor bastante extensa e
prolongada.” (Pessenda)
 O PROBLEMA DO SER, DO DESTINO E DA DOR - Léon Deniz:

    ”Por mais admirável que possa parecer à primeira vista, a dor é


apenas um meio de que usa o Poder Infinito para nos chamar a si
e, ao mesmo tempo, tornar-nos mais rapidamente acessíveis à
felicidade espiritual, única duradoura. É, pois, realmente, pelo
amor que nos tem, que Deus envia o sofrimento. Fere-nos,
corrige-nos como a mãe corrige o filho para educá-lo e melhorá-
lo; trabalha incessantemente para tornar dóceis, para purificar e
embelezar nossas almas, porque elas não podem ser verdadeiras,
completamente felizes, senão na medida correspondente às suas
perfeições.”
“Para isso pôs Deus, nesta terra de aprendizagem, ao lado das
alegrias raras e fugitivas, dores frequentes e prolongadas, para
nos fazer sentir que o nosso mundo é um lugar de passagem e não
o ponto de chegada. Gozos e sofrimentos, prazeres e dores, tudo
isto Deus distribuiu na existência como um grande artista que, na
tela, combina a sombra e a luz para produzir uma obra-prima. “ 
 Silvia Helena Visnadi Pessenda afirma sobre as palavras de Léon Dinis:

“Ao lerem essas palavras, muitos daqueles que, rápida e superficialmente,


tomam contato com os postulados do Espiritismo, podem acreditar que ele
cultua a dor e o sofrimento como forma de se encontrar a
felicidade.  Entretanto, a Doutrina Espírita, primeiramente, dilata nossa
compreensão a respeito de Deus: não é Ele um ser punitivo e vingativo,
mas uma inteligência que, com supremacia, se fez causa primeira de todas
as coisas.”
“Em virtude de a ótica espírita ser, essencialmente, otimista, a dor e os
obstáculos deixam, com efeito, de ser interpretados como castigos, para
assumirem o papel de instrumentos de aprimoramento também necessários
ao processo de evolução. Desse modo, a existência ganha um sentido
muito mais transcendente e dinâmico, porque ensina que todas as criaturas
foram criadas com um destino marcado: a perfeição, a angelitude. O erro,
desse modo, passa a ser compreendido como um desvio que pode ser
refeito a qualquer instante; e se o indivíduo optar pela reparação de seus
equívocos, de livre e espontânea vontade, por que a Sabedoria Divina
precisará fazer uso de um mecanismo doloroso, que terá por objetivo, pura
e simplesmente, acordar-lhe a consciência?”
 Questão nº 920 do "Livro dos Espíritos":

- O homem pode gozar na terra uma felicidade


completa?

Resposta dos Espíritos:

"Não, pois a vida lhe foi dada como prova ou expiação,


mas dele depende abrandar seus males e ser tão feliz
quanto se pode ser na terra".
BIBLIOGRAFIA

DENIS, Léon. O problema do ser, do destino e da dor. 18. ed. Rio de Janeiro:


Federação Espírita Brasileira. Cap. 26. p. 380-381.

KARDEC, Allan. A gênese, os milagres e as predições segundo o


espiritismo. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 8. ed.
Araras, SP: IDE, 1995. Cap. 3. p. 61-62.

O Espiritismo e a Dor http://www.caminhosluz.com.br/detalhe.asp?txt=2279.

PLATÃO. Leis, vol. XII-XIII. Trad. Carlos Alberto Nunes. Pará: Universidade


Federal do Pará, 1980.

Silvia Helena Visnadi Pessenda – Artigo internet – “Dor”.

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