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Caso Clínico 02 – Esquizofrenia

02) Um jovem do sexo masculino, com 21 anos de idade, cursando o segundo ano de engenharia eletrônica, é trazido pela
polícia ao serviço de emergência de psiquiatria. Segundo os policiais, ele foi encontrado em uma praça sentado em um
banco, onde, segundo informações, permanecia por mais de quatro horas, sem apresentar qualquer comportamento
agressivo ou de agitação psicomotora. O jovem não fez resistência à abordagem policial. Ele relatou ao psiquiatra que “As
vozes falaram para eu ficar naquela praça”. “Lá eu não corria perigo”. Ele referiu que há aproximadamente nove meses
começou perceber que as pessoas não eram quem elas diziam ser. “Tudo era uma farsa”. Ele relatou que há seis meses
permanece a maior parte do tempo no quarto de seu apartamento sozinho, pois sua família mora no interior de São Paulo.
Há quatro meses interrompeu completamente os estudos na faculdade e que seus pais não sabem deste fato. Ele afirmou
que as vozes também falam para ele ser do mau, assim ele não passaria por nenhum perigo. Ao ser indagado sobre as
vozes ele falou que são duas ou três vozes que falam o tempo todo, muitas vezes, ele não consegue dormir. Na última
noite, as vozes atormentaram muito, por isto, durante a madrugada, ele foi para praça. Ele negou o uso atual de álcool ou
qualquer substância psicoativa, embora já tenha utilizado maconha em algumas festas da faculdade. O exame psíquico,
realizado no serviço de emergência, apresenta a seguinte descrição: O paciente apresenta cuidados pessoais
acentuadamente inadequados, estabelece um contato prejudicado devido à intensa desconfiança e olhar com certa
perplexidade, respondendo de forma evasiva as perguntas solicitadas. Ele não apresenta alterações do nível ou do campo
da consciência, orientado globalmente, com atenção voluntária diminuída e atenção espontânea exacerbada. A memória
de fixação e evocação está aparentemente conservada. O humor se manifestava de forma ansiosa, com afeto
hipomodulado. O pensamento apresentava em seu curso uma discreta lentidão, prejuízo na forma devido à
tangencialidade e frouxidão dos laços associativos, o conteúdo se manifesta com ideias delirantes pouco estruturadas de
caráter persecutório. A sensopercepção está alterada devido à manifestação de alucinações auditivas, com características
de alucinações verdadeiras. A volição está prejudicada com marcada hipoabulia. A psicomotricidade é marcada por
discreta agitação psicomotora. A crítica e noção de doença estão prejudicadas.

A) Qual a hipótese diagnóstica para esse paciente e quais elementos na história e no exame psíquico permitiram o
raciocínio clínico?

Esquizofrenia, pois o paciente manifestou dois dos principais critérios para esquizofrenia, delírios (pensa que as pessoas
não são quem dizem ser) e alucinações auditivas, com padrões observados na esquizofrenia, ou seja, vozes falando entre si
e de comando em relação ao paciente.

B) Quais os exames complementares que devem ser pedidos no serviço de emergência?

Hemograma completo, Funções tireoideana, Função hepática, Screening toxicológico( se viável), Vitamina B12, Folatos,
Sorologia para HIV e Sífilis, Ureia; Creatinina, Urina , Ressonância Magnética ou Tomografia Computadorizada de Crânio;
ECG

C) Quais os diagnósticos diferenciais devem ser levantados?

Condições clínicas: delirium; epilepsia do lobo temporal, tumores cerebrais; TCE; AVC; Distúrbios endócrinos; sífilis
intoxicação ou abstinência de substâncias psicoativas.

Transtornos Mentais: transtorno bipolar com sintomas psicóticos; depressão unipolar com sintomas psicóticos;
transtorno esquizoafetivo; transtorno psicótico breve; transtorno esquizofreniforme; transtornos delirantes; transtornos de
personalidade (esquizotípica; esquizoide; paranoide; borderline)

A) Qual seria o plano terapêutico?

Farmacológico: Antipsicóticos de primeira geração (haloperidol ou clorpromazina), antipsicóticos de segunda geração


(risperidona, quetiapina, olanzapina)

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