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CRUZ & MOREIRA (2021)

Aline Ellen Alves Queiros Cruz

Márcio Borges Moreira

Autismo: estratégias cientí cas para lidar com comportamentos desa adores

1a edição 

Instituto Walden4

2021

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Aline Cruz | Autora

Psicóloga pelo Centro Universitário de Brasília (CEUB).

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Márcio Moreira  | Autor

Doutor em Ciências do Comportamento pela Universidade de Brasília (UnB). Mestre em

Psicologia e Psicólogo pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). Professor da

graduação e do mestrado em Psicologia do Centro Universitário de Brasília (CEUB). Diretor do

Instituto Walden4. Co-autor do livro Princípios Básicos de Análise do Comportamento

(Artmed) e de outros livros, capítulos e artigos cientí cos com temas relacionados à Análise do

Comportamento.

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Outras obras de Márcio Moreira

Moreira & Medeiros (2019)


Princípios Básicos de Análise do Comportamento
Moreira (2019)
Análise do Comportamento Aplicada (ABA): o reforçamento
Moreira e de Carvalho (2017)
Uma história de aprendizagem operante
Moreira (2004)
"Em casa de ferreiro, espeto de pau": o ensino da Análise Experimental do Comportamento
Todorov e Moreira (2005)
O conceito de motivação na psicologia
Moreira, Todorov e Nalini (2006)
Algumas considerações sobre o responder relacional
Todorov e Moreira (2009)
Psicologia, comportamento, processos e interações
Moreira (2009)
Comportamento supersticioso: implicações para o estudo do comportamento operante
Moreira e Hanna (2014)
Emergência de classes de equivalência após separação e recombinação dos estímulos compostos utilizados
no treino
Moreira, Oliveira e Hanna (2017)
Arranjo de estímulos em treino discriminativo simples com compostos e emergência de classes de estímulos
equivalentes
Bandeira, Faria e Moreira (2020)
Efeitos da marcação de elementos de conjuntos sobre a contagem em tarefas de discriminação condicional

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Sumário

Introdução 13

Autismo: características, diagnóstico e prevalência 19

Intervenções baseadas na Análise do Comportamento Aplicada (ABA) 27

Comportamento operante, dé cits e excessos 37

Comportamentos-problema (desa adores) e suas funções 41

Esquemas de reforçamento não-contingente 48

Tratamento de agressão utilizando esquema de tempo xo 69

Tratamento de birra utilizando esquema de tempo xo 77

Tratamento de autolesão utilizando esquema de tempo xo 84

Tratamento de pica utilizando esquema de tempo xo e acesso contínuo 93

Tratamento de fuga utilizando esquema de acesso contínuo 100

Tratamento  de comportamentos de agressão, disrupção e autolesão


utilizando esquema de acesso contínuo 106

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Tratamento de ruminação utilizando esquema de acesso contínuo 112

Tratamento do comportamento de cuspir utilizando esquema de acesso


contínuo 118

Tratamento de discurso bizarro utilizando esquema de tempo xo 124

Tratamento de interrupção verbal utilizando esquema de tempo xo e


acesso contínuo 128

Tratamento de coprofagia utilizando esquema de tempo xo e acesso


contínuo 134

Tratamento de comunicação inadequada utilizando esquema de acesso


contínuo 140

Tratamento do comportamento de escalar utilizando esquema de tempo


variável 145

Tratamento de estereotipia utilizando esquema de acesso contínuo 149

Tratamento de pseudoconvulsões utilizando esquema de acesso contínuo 155

Tratamento do comportamento de levar objetos à boca utilizando


esquema de tempo xo 167

Considerações nais 174

Links para as ilustrações 182

Referências bibliográ cas 184

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Introdução
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento que é

caracterizado por prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico e pro ssional. Os

indivíduos com diagnóstico de TEA apresentam de ciências persistentes na interação e na

comunicação social, bem como padrões restritos e repetitivos de comportamentos e interesses

e atividades. A alta prevalência do autismo no mundo aponta para a necessidade de se

oferecer tratamentos efetivos e pro ssionais capacitados que proporcionem melhor qualidade

de vida e condições para o desenvolvimento das crianças diagnosticadas com TEA.

As intervenções baseadas na Análise do Comportamento Aplicada (ABA, sigla derivado do

termo em inglês Applied Behavior Analysis) têm sido apontadas como as mais e cazes para

redução de comportamento-problema em crianças autistas. O comportamento-problema (ou

comportamentos desa adores), de maneira geral, é aquele comportamento que produz algum

dano à própria pessoa que o emite, a terceiros ou a propriedades ou coisas. Esses

comportamentos são caracterizados na literatura analítico-comportamental como

comportamentos operantes e são passíveis de serem atenuados com intervenções analítico-

comportamentais.

Dentre os diversos procedimentos de intervenção baseados na ABA, nós temos os esquemas

de reforçamento não-contingente, que têm sido amplamente utilizados em países como os

Estados Unidos para o tratamento de crianças com diagnóstico de TEA. É possível veri car na

literatura cientí ca que  intervenções  utilizando esquemas de reforçamento não-contingentes

têm se mostrado e cazes para a redução de comportamento-problema em crianças com

diagnóstico de TEA.

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Neste sentido, o objetivo do presente livro é introduzir o leitor ao uso de esquemas de

reforçamento não-contingentes para a redução de comportamentos-problema. Embora haja

considerável evidência da e cácia do reforçamento não-contingente com indivíduos com

atraso no desenvolvimento, essa evidência está reportada, majoritariamente, em língua

inglesa e em artigos cientí cos com linguagem cientí ca, características que di cultam o

acesso pelo pro ssional praticante brasileiro. As informações aqui descritas foram redigidas

tendo como base que o público-alvo deste livro será composto por psicólogos e estudantes de

Psicologia, entre outros que possuem conhecimento básico sobre princípios básicos de Análise

do Comportamento.

Para a seleção dos procedimentos reportados aqui, foi utilizado como base o artigo de Richman

et al. (2015) - uma metanálise. Esse artigo foi utilizado por se tratar do trabalho mais recente e

que contemplava mais artigos de intervenções com esquemas de reforçamento não-

contingente. Além disso, ele foi o artigo com maior número de comportamentos-problema e

tipos de esquemas de reforçamento não-contingente.

A primeira etapa do procedimento utilizado para a elaboração deste livro consistiu na seleção

dos tópicos que guiaram a seleção dos artigos cientí cos a serem descritos. De niu-se que uma

descrição didática de um intervenção com esquemas de reforçamento não-contingente seria

constituída pelas seguintes seções:

1. Tipos de comportamento-problema;

2. Tipos de reforçamento não-contingente;

3. Função dos comportamentos-alvo;

4. Consequências reforçadoras.

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Para cada uma dessas seções, foram selecionados um conjunto de itens para compor cada

uma delas. Por exemplo, de nir quais comportamentos-problema seriam relatados. Esta

seleção foi feita com base na análise do artigo de Richman et al. (2015) e as seções estão

descritas na Tabela 1.

Tabela 1. Seções e itens selecionados para a descrição dos artigos cientí cos.

# Categoria Itens

1 Tipo de reforçamento Intervalo Fixo, Intervalo Variável, Acesso Contínuo


não-contingente

2 Função dos Automático, Atenção, Tangível, Fuga, Inconclusivo Desconhecido


comportamentos-alvo

3 Consequências utilizadas Tangível, Auditivo, Atenção, Fuga, Comestível


durante o reforçamento
não-contingente

4 Procedimentos que são Intervalo xo e redução do esquema Intervalo xo e extinção com redução
utilizados em de esquema, Intervalo xo e extinção, Intervalo variável e redução do
combinação com o esquema, Intervalo variável e extinção Intervalo variável e extinção com
reforçamento não- redução do esquema
contingente

5 Tipos de Agressão, Autolesão, Birra, Comportamento destrutivo, Comportamentos-


comportamento- problemáticos, Comunicação inadequada, Cropofagia, Cuspir, Discurso
problema encontrados bizarro, Disrupção, Escalar, Estereotipia vocal Levar objetos à boca,
com mais frequência na Pseudoconvulsões, Ruminação, Pica
literatura

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Depois de as seções apresentadas na Tabela 1 terem sido identi cadas, foram selecionados 54

artigos, a partir do artigo de Richman et al. (2015), que utilizaram esquemas não-contingentes

para serem analisados posteriormente. Desses 54 artigos, foram selecionados 16 capazes de

exempli car os diferentes tipos de esquema reforçamento não-contingente (acesso contínuo,

tempo xo e tempo variável) para os diferentes tipos de comportamentos-problema indicados

na Tabela 1. Foram realizadas ainda 16 descrições, uma para cada um dos comportamentos-

problemas citados acima, de modo a evidenciar os principais aspectos necessários para

realização de intervenções com esquemas de reforçamento não-contingente. Os artigos

descritos estão listados na Tabela 2.

Os principais aspectos evidenciados nas descrições dos artigos foram: características dos

participantes e suas principais habilidades; de nição do comportamento-problema; resultados

da análise funcional do comportamento-problema; os procedimentos realizados na

intervenção, tais como tipo de esquema reforçamento não-contingente, número de sessões,

local e intervalo e execução; e um resumo com os principais resultados da intervenção.

Vale ressaltar que nos casos em que o artigo trazia mais de um participante, foi selecionado

apenas um participante, o qual apresentava o comportamento de interesse e que havia sido

submetido à intervenção com esquemas de reforçamento não-contingente.

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Tabela 2. Lista dos artigos selecionados para a extração das informações.

Art ig o Dia g nóst ico Comport a ment o- Funçã o


problema

Falcomata, et.al Autismo Comunicação Inadequada Automático


(2004)

Rapp, et.al  (2006) Autismo Estereotipia Automático

Carr, et.al (2002) Autismo Levar objetos à boca Automático

Piazza, et. al (1998) Autismo Pica Automático

Carroll, et.al (2011) Autismo Ruminação Automático

Barlett, et. al  (2011) Autismo Cuspir Automático

Ing, et.al (2011) Autismo Coprofagia Automático

De Leon, et. al Retardo Mental Grave Pseudoconvulsões Atenção


(2005)

O´Reilly, et.al (1999) Retardo Mental Leve Agressão Atenção

Rasmussen, el. al Transtorno de Disrupção Atenção


(2016) Ansiedade

Lancaster, et. al Retardo Mental Discurso Bizarro Atenção


(2004) Moderado

Kahng, et.al (2000) Retardo Mental Grave Autolesão Atenção

Britton, et.al (2000) Retardo Mental Leve Birra Itens Tangíveis

Cataldo, et.al (1986) Sem diagnóstico Escalar Não-Identi cado

Ingvarsson, et.al Autismo Comportamentos Itens Tangíveis e Fuga de


(2008) Problemáticos Demandas

Piazza et al. (1997) Autismo Fuga Itens Tangíveis

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Autismo: características, diagnóstico e prevalência


De acordo com a Associação Psiquiátrica Americana (2013), no Manual Diagnóstico e

Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um

transtorno do neurodesenvolvimento, isto é, um grupo de condições iniciadas na infância,

geralmente, antes da criança ir para escola. Os transtornos típicos dessa condição são

caracterizados por dé cits no desenvolvimento que causam prejuízos no funcionamento

pessoal, social, acadêmico e pro ssional. Dessa forma, o TEA, como um transtorno típico, é

identi cado por dé cits persistentes na reciprocidade sócio-emocional (e.g., compartilhamento

reduzido de interesses e emoções), na comunicação verbal e não-verbal (e.g., contato visual,

gestos e expressões faciais) e nas habilidades para desenvolver, manter e compreender

relacionamentos (e.g., falha nas trocas de turnos conversacionais).

Além dos dé cits citados, o diagnóstico de TEA requer a presença de padrões restritos e

repetitivos de comportamento, interesses ou atividades (e.g., movimentos repetitivos como

balançar o corpo, interesses restritos como brincar apenas com um brinquedo ou brinquedos

especí cos). Os prejuízos nas áreas citadas servem de base para indicar a gravidade do

transtorno em cada indivíduo, que podem variar entre os níveis leve, moderado e grave (DSM-

V, 2013).

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Com relação ao diagnóstico do TEA, Araujo, Veras e Varella (2019) apontaram o TEA como um

continuum, podendo variar na forma como se apresenta clinicamente. Essa heterogeneidade

observada é uma das características do transtorno que di culta os processos de diagnóstico e

tratamento. Por exemplo, um diagnóstico de autismo pode ser dado tanto para indivíduos que

são oralizados e escolarizados, mas que possuem dé cits na compreensão de regras sociais,

quanto para aqueles indivíduos que não são escolarizados e que precisam de ajuda para

realizar suas necessidades básicas como banhar-se e vestir a roupa.

Bosa, Zanon e Backes (2016) mencionaram que a grande variabilidade na expressão

comportamental e a di culdade no diagnóstico exigem que o diagnóstico de TEA seja baseado

na avaliação qualitativa  de padrões comportamentais. Isso constitui uma problemática,

especialmente, quando se trata de crianças em idade pré-escolar, pois as expressões

comportamentais mais sutis podem di cultar a diferenciação em relação àqueles

comportamentos esperados para esta faixa etária.

Hahler e Elsabbagh (2015) resumiram alguns dados sobre prevalência de autismo no mundo.

Em 2010, dados epidemiológicos estimaram a presença de 52 milhões de casos de autismo em

todo o mundo. Em 2012, a prevalência global de alguma forma de autismo foi estimada entre

1% e 2% entre as crianças. Embora exista uma variação substancial nas estimativas atuais, não

há evidências de que essa variabilidade possa ser explicada por fatores geográ cos, étnicos,

culturais ou socioeconômicos. Esses fatores parecem estar fortemente associados ao atraso no

diagnóstico e as barreiras ao acesso e utilização dos serviços. Os estudos epidemiológicos

realizados ao longo do último meio século sugerem que a prevalência de TEA está

aumentando em todo o mundo e que esse aumento é provavelmente devido a uma melhor

conscientização, relatórios, expansão dos critérios diagnósticos e aprimoramento das

ferramentas de diagnóstico.

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Baio, Wiggins e Christensen (2018) mencionaram a Rede de Monitoramento de Autismo e

De ciências do Desenvolvimento (ADDM), que é um sistema de vigilância ativo que fornece

estimativas da prevalência de TEA entre crianças de oito anos em alguns locais nos Estados

Unidos. As estimativas indicam que a prevalência de TEA dessa faixa etária aumentaram de

aproximadamente 1 a cada 150 crianças entre 2000 e 2002 para 1 a cada 68 crianças durante

2010 e 2012, mais do que dobrando durante esse período. Em 2014, a prevalência geral de TEA

foi de 1 a cada 59 crianças com oito anos.

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De acordo com Baio, Wiggins e Christensen (2018), as estimativas de prevalência de TEA

também variaram por sexo e raça/etnia. Homens eram quatro vezes mais propensos que

mulheres a serem identi cados com TEA, sendo estimado uma proporção de

aproximadamente 4,5 homens a cada 1 mulher com autismo entre 2006 e 2012. As estimativas

de prevalência também foram mais altas para crianças brancas não-hispânicas em

comparação com crianças negras não-hispânicas, e ambos os grupos foram mais propensos a

serem identi cados com TEA em comparação com crianças hispânicas. A idade média do

diagnóstico de autismo permaneceu próxima de 53 meses entre 2000 e 2012 (variação: 50

meses [2012] a 56 meses [2002]) e a proporção de crianças que recebem uma avaliação

abrangente do desenvolvimento aos 3 anos de idade, permaneceu perto de 43% entre 2006 e

2012 (faixa: 43% [2006 e 2012] a 46% [2008]).

Christensen et al., (2019) discorreram acerca da prevalência do TEA em crianças de quatro

anos em algumas regiões dos Estados Unidos, sendo a prevalência geral do TEA de 13,4 a cada

1.000 crianças de quatro anos em 2010; 15,3 em 2012 e 17,0 em 2014 para as regiões ADDM que

zeram parte do estudo. A porcentagem de crianças com diagnóstico de TEA que tiveram uma

primeira avaliação aos 36 meses variaram de 48,8% no Missouri em 2012 a 88,9% em Wisconsin

em 2014. Quanto ao percentual de crianças com diagnóstico prévio de TEA realizado por um

provedor comunitário houve uma variação por região, variando de 43,0% para o Arizona em

2012 a 86,5% para o Missouri em 2012. A idade mediana no diagnóstico de TEA conhecido de

forma mais precoce variou de 28 meses na Carolina do Norte em 2014 a 39 meses em Missouri

e Wisconsin em 2012.

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No Brasil, até o momento, há apenas um estudo piloto sobre prevalência do TEA,  realizado no

sudeste do Brasil por Paula, Ribeiro, Fombonne e Mercadante (2011), porém não é especí co

sobre autismo, pois o objetivo do estudo foi identi car a prevalência de Transtornos Invasivos

do Desenvolvimento (TID) em uma pequena população do interior de São Paulo. Transtornos

Invasivos do Desenvolvimento era a nomenclatura utilizada no DSM-IV para classi car um

conjunto de   transtornos como Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno do

Espectro Autista, Síndrome de Asperger e Síndrome de Rett.

O estudo de Paula et al. (2011) indicou uma baixa prevalência de Transtornos Invasivos do

Desenvolvimento,  sendo 27,2 por 10.000 crianças, ou seja, 1 a cada 367 crianças. Os resultados

do estudo apontaram que mais crianças tiveram um diagnóstico de Transtorno Invasivo do

Desenvolvimento Sem Outra Especi cação (TID-SOE) em comparação com autismo. De acordo

com Paula et al., é possível que essa baixa prevalência geral veri cada no estudo  realizado no

Sudeste do Brasil se deva aos mesmos problemas enfrentados em outras pesquisas em países

de baixa ou média renda, como a falta de conscientização da população e de pro ssionais,

amostras pequenas e diagnósticos incorretos ou tardios e à escassez de recursos direcionados

a saúde pública.

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Portanto, considerando a carência de pesquisas no Brasil sobre a prevalência do autismo no

país e o crescimento no número de diagnósticos de TEA, veri ca-se a importância de se

realizar novos estudos que investiguem a prevalência especi camente de crianças com

diagnóstico de TEA no país. Por outro lado, o aumento na prevalência em outros países, como

veri cado por Baio et al. (2018) e Christensen et al. (2019), apontam para a necessidade de se

oferecer tratamentos efetivos e pro ssionais capacitados que proporcionem uma melhor

qualidade de vida e condições para o desenvolvimento das crianças diagnosticadas com TEA.

Com relação à produção de conhecimento relacionado a intervenções com pessoas com

diagnóstico de TEA, há muitas pesquisas sendo publicadas na língua portuguesa (e.g., Gomes

et al., 2017; Guimarães et al., 2018). No entanto, a quantidade e diversidade de pesquisas em

língua inglesa é muito superior que a nacional, especialmente pesquisas derivadas na

abordagem Análise do Comportamento Aplicada (ABA). Essa abordagem tem se destacado no

cenário internacional com relação às pesquisas direcionadas ao autismo. Veremos, no

próximo capítulo, uma caracterização de intervenções que são baseadas   na Análise do

Comportamento Aplicada.

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Intervenções baseadas na Análise do Comportamento


Aplicada (ABA)
Baer, Wolf e Risley (1968) de niram a Análise do Comportamento Aplicada (ABA, sigla do

termo em inglês Applied Behavior Analysis) como uma disciplina cientí ca, um campo de

investigação constituído por sete dimensões. Vale ressaltar, que as intervenções baseadas na

Análise do Comportamento Aplicada devem conter as sete dimensões: aplicada,

comportamental, analítica, tecnológica, conceitual, e caz, generalizável.

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A primeira dimensão, a da aplicabilidade, é determinada por meio do interesse demonstrado

pela sociedade nos problemas de estudo e não por sua importância para teoria, por exemplo: é

provável que o pesquisador aplicado estude a alimentação porque há crianças que comem

muito pouco e adultos que comem demais, e ele estudará a alimentação exatamente nesses

indivíduos devido à sua importância social. Malavazzi, Malerbi, del Prette, Banaco e Kovac

(2011, p. 221) descreveram a dimensão aplicada da seguinte forma:

"O termo aplicada se refere à de nição do objeto de


estudo. A escolha da classe de respostas, da classe de
estímulos e do organismo a serem examinados deve se
basear na sua importância para o homem e para a
sociedade, e não na relevância para a teoria ou na
conveniência do estudo. Ao avaliar uma pesquisa
aplicada, a primeira questão deve ser: quão relevantes
para o participante são as classes de estímulos e de
respostas selecionadas?"
— Malavazzi, Malerbi, del Prette, Banaco e Kovac (2011, p. 221)

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A segunda dimensão indica que o aspecto comportamental e o pragmatismo parecem estar

relacionados, permitindo estudar o que os sujeitos podem ser levados a fazer. Assim, como o

comportamento de um indivíduo é composto por eventos físicos, seu estudo cientí co exige

uma mensuração precisa. Malavazzi et al.   (2011, p. 221) descreveram a dimensão

comportamental da seguinte forma:

"A investigação cientí ca dos comportamentos-alvo


requer mensuração precisa dos eventos físicos que os
compõem. Na pesquisa aplicada, a observação e o
registro costumam ser feitos por seres humanos. Por isso,
é importante veri car se a alteração ocorreu no
comportamento do participante ou no dos observadores.
Avaliações explícitas da con abilidade dos observadores
humanos garantem ao estudo seu caráter
comportamental."
— Malavazzi et al. (2011, p. 221)

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A terceira dimensão, a analítica, a da análise de um comportamento como o termo é utilizado,

requer uma demonstração con ável dos eventos que podem ser responsáveis pela ocorrência

ou não ocorrência do comportamento. Um experimentador terá conseguido uma análise de

um comportamento quando pode exercer controle sobre ele e pode replicá-lo, mesmo em

ambientes completamente distintos. Malavazzi et al.   (2011, p. 221) descreveram a dimensão

analítica da seguinte forma:

"A análise de um comportamento ocorre somente


quando o pesquisador exerce controle sobre ele. Dessa
forma, torna-se fundamental demonstrar a relação entre
os estímulos manipulados e a ocorrência ou não de uma
dada classe de respostas. Para isso, assim como na
pesquisa básica, dois delineamentos experimentais são
frequentemente empregados: linha de base com reversão
e linha de base múltipla."
— Malavazzi et al. (2011, p. 221)

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A quarta dimensão, a tecnológica, signi ca que as técnicas que compõem uma aplicação

comportamental especí ca devem ser identi cadas e descritas integralmente. Por exemplo, o

reforço social não é uma descrição tecnológica. As técnicas devem ser passíveis de ser

reproduzidas nas mesmas condições. Para ns de aplicação, todos os componentes

importantes do reforço social devem ser especi cados (estímulos, contingência e esquema)

para se quali carem como um procedimento tecnológico. Malavazzi et al.   (2011, p. 221)

descreveram a dimensão tecnológica da seguinte forma:

"As técnicas utilizadas na pesquisa aplicada devem ser


completamente identi cadas e descritas. Ao analisar o
caráter tecnológico de um estudo, vale questionar se a
descrição dos procedimentos é su ciente para que um
leitor treinado seja capaz de replicá-los e produzir
resultados semelhantes."
— Malavazzi et al. (2011, p. 221)

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Cabe destacar aqui que este livro tem uma relação especial com a dimensão tecnológica da

Análise do Comportamento Aplicada. Para que o conhecimento produzido através de

pesquisas cientí cas possa melhorar a sociedade, esse conhecimento deve ser transformado

em tecnologia. Dito de outra maneira, o conhecimento deve ser descrito de forma que alguém,

que não o cientista, consiga aplicá-lo. Uma forma de se transformar conhecimento em

tecnologia é produzir manuais que descrevem de maneira didática como aplicar esse

conhecimento. Este livro é uma tentativa de se produzir tecnologia comportamental no

sentido descrito acima. Precisamos, no Brasil, de muitos manuais que auxiliem os

pro ssionais a aplicar técnicas e procedimentos analítico-comportamentais. Acreditamos que

a produção de tais manuais é imprescindível para aprimorar a qualidade da prestação de

serviços na área.

A quinta dimensão, a dos sistemas conceituais, diz que o campo da Análise do

Comportamento Aplicada provavelmente avançará melhor se as descrições publicadas de seus

procedimentos não forem apenas precisamente tecnológicas, mas também buscarem a

relevância dos princípios. Essa descrição detalhada é adequada para replicação bem-sucedida

pelo leitor; e também mostra como procedimentos semelhantes podem ser derivados de

princípios básicos.   Malavazzi et al.   (2011, p. 221) descreveram a dimensão tecnológica da

seguinte forma:

"As técnicas empregadas têm de fazer sentido do ponto


de vista conceitual, isto é, devem ser compatíveis com os
princípios da análise do comportamento. Mais do que
permitir a replicação do método empregado, a descrição
precisa mostrar ao leitor como procedimentos
semelhantes podem ser derivados dos princípios
básicos."
— Malavazzi et al. (2011, p. 221)

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A sexta dimensão, da e cácia, está associada à importância prática, especi camente, ao seu

poder de alterar o comportamento de forma su ciente para ser socialmente importante, é o

critério essencial. Se a aplicação de técnicas comportamentais não produz efeitos

su cientemente grandes para valor prático, a aplicação falhou. Malavazzi et al.  (2011, p. 222)

descreveram a dimensão de e cácia da seguinte forma:

"A pesquisa aplicada deve capacitar o participante a agir


de modo e caz, assegurando uma mudança
comportamental socialmente importante. Uma questão
pertinente é: quanto a classe de respostas- -alvo
precisava ser alterada? Trata-se de uma pergunta de
ordem prática, muitas vezes dirigida às pessoas que
convivem com o participante do estudo."
— Malavazzi et al. (2011, p. 222)

A sétima dimensão, da generalização, estabelece que uma mudança de comportamento tem

generalidade se for duradoura ao longo do tempo, se aparecer em uma ampla variedade de

ambientes possíveis ou se espalhar para uma ampla variedade de comportamentos

relacionados como, por exemplo, a melhoria da articulação em um ambiente clínico provará ter

generalidade se perdurar no futuro após a interrupção das visitas à clínica e se a articulação

melhorada for reportada em outros ambientes como a escola, casa etc. Malavazzi et al.  (2011, p.

222) descreveram a dimensão de generalização da seguinte forma:

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CRUZ & MOREIRA (2021)

"A mudança comportamental obtida numa pesquisa


aplicada precisa se estender para outros ambientes,
manter-se ao longo do tempo e in uenciar
comportamentos relacionados ao alvo da intervenção.
Por isso, a generalização tem de ser programada, e não
apenas esperada."
— Someone famous in Source Title

É importante destacar que ABA é um campo de investigação, de produção de conhecimento

cientí co que, como descrito anteriormente por Baer et al. (1968) e Baer, Wolf e Risley (1987),

envolve o estudo sistemático e aplicado de comportamentos socialmente relevantes. Muitas

vezes a ABA é confundida com a prestação de serviços de pro ssionais analítico

comportamentais, que se diferencia de ABA por ser uma intervenção orientada para a

resolução de problemas em determinados contextos para cumprir objetivos especí cos, e não

um campo de investigação sistemático (Canaan-Oliveira, 2003; Moore & Cooper, 2003).

Também é importante ressaltar a diferença entre a ABA e o termo que tem sido bastante

utilizado para o tratamento de TEA, o chamado Método ABA. O termo é utilizado para as

intervenções realizadas com pessoas com autismo baseadas na abordagem psicológica

Análise do Comportamento. Entretanto, Moreira e Medeiros (2019) a rmaram que a Análise do

Comportamento Aplicada não poderia ser chamada de método, pois é uma ciência e que,

portanto, desenvolve métodos.

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CRUZ & MOREIRA (2021)

Outro motivo pelo qual a utilização do termo Método ABA não é adequada, é o emprego do

termo para se referir somente ao tratamento de pessoas diagnosticadas com TEA. Quando se

fala sobre as intervenções baseadas na Análise do Comportamento com pessoas com autismo,

se utiliza popularmente o termo como se fosse especí co para o tratamento de pessoas com

esse transtorno. Entretanto, tais intervenções são utilizadas em diversos outros contextos,

como no ensino de alfabetização de crianças e no tratamento de pessoas com transtornos

psiquiátricos, entre outros (Moreira & Medeiros, 2019).

O termo Método ABA tem sido bastante utilizado em cursos, palestras e textos para a

divulgação de técnicas de intervenção analítico-comportamental. A grande preocupação do

uso do termo nesses contextos é que se apresente a ABA sem a adequada explicação e

aprofundamento a respeito da ciência da Análise do Comportamento, podendo levar a

entender que o Método ABA seria algo independente da ciência, sendo provável que resulte em

aplicações de intervenções inadequadas posteriormente (Moreira & Medeiros, 2019). Portanto,

a m de que se evite os equívocos gerados pela utilização do termo Método ABA, Moreira e

Medeiros recomendaram sua substituição pelo termo "intervenções analítico-

comportamentais".

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CRUZ & MOREIRA (2021)

A literatura cientí ca tem apontado a e cácia de intervenções analítico-comportamentais com

ênfase para o Transtorno do Espectro Autista. Os estudos têm demonstrado uma ampliação no

repertório comportamental desses indivíduos, assim como um desenvolvimento intelectual,


social e linguístico (e.g., Barros & Martins, 2018; Lovaas, 1987; Martone, 2012). Um dos modelos

de tratamento que também mostrou resultados e cazes é o modelo de comportamento verbal

(VB), também analítico-comportamental, que tem como objetivo o ensino da linguagem

baseados em análises funcionais (Santos-Carvalho & Martone, 2012).

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Os tratamentos baseados na ABA, de acordo com Braga-Kenyon, Kenyon, e Miguel (2005),

utilizam métodos fundamentados em princípios cientí cos do comportamento para construir

repertórios que são socialmente relevantes e reduzir repertórios problemáticos. Geralmente, a

população indicada para receber serviços oferecidos pela educação especial apresentam uma

ausência, isto é, “falhas” de comportamentos relevantes, sejam eles sociais (e.g., contato visual,

habilidade de manter uma conversa, verbalizações espontâneas) e de atividades da vida diária

(e.g., habilidade de manter a higiene pessoal, de utilizar o banheiro). Pode-se notar também

nessa mesma população alguns comportamentos em "excesso", tais como agressões,

estereotipia, autolesões, agressões verbais e fugas.

Braga-Kenyon et al. (2005) mencionaram o uso de   intervenções analítico-comportamentais

para a educação especial, que  é caracterizada  como prática cientí ca que se baseia em quatro

passos fundamentais:

1. Avaliação inicial (avaliação do repertório inicial da criança.);

2. De nição dos objetivos a serem alcançados (aumentar e diminuir a frequência de

determinados comportamentos);

3. Elaboração de programas (procedimentos);

4. Avaliação do progresso (identi car se o programa está funcionando ou não).

Esses quatro passos são utilizados para tratar de dé cits e excessos comportamentais. No

próximo capítulo, abordamos em mais detalhes o que são dé cits e excessos comportamentais.

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Comportamento operante, dé cits e excessos

Quando falamos de dé cits e excessos comportamentais relacionados ao TEA, estamos


falando, em grande parte, de um tipo de comportamento denominado de comportamento

operante. Cooper, Heron e Heward (2013, p. 45) de niram comportamento assim:

"Comportamento é a atividade dos organismos vivos. Comportamento humano é tudo o que as

pessoas fazem, incluindo como eles se movem e o que eles dizem, pensam e sentem. Abrir um

saco de amendoins é comportamento, assim como o é pensar o quão bom será o gosto do

amendoim uma vez que o saco esteja aberto. Ler esta frase é comportamento, e se você está

segurando o livro, também o é sentir o peso e a forma do livro nas suas mãos."

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De acordo com Moreira e Medeiros (2019), para que um comportamento possa ser classi cado

como operante, ele deve produzir consequências que se constituam em alterações no ambiente

e que a probabilidade de ocorrência futura desse comportamento seja afetada por essas

consequências. Por exemplo, Todorov (2012) a rmou que só é possível identi car um

comportamento operante quando há variações nas consequências que esse comportamento

produz e alteram, por exemplo, o poder de controle que sobre ele têm o estímulo discriminativo.

Para ele, há dois aspectos do ambiente a serem considerados: (a) um efeito sobre o ambiente

resultante da resposta e (b) alguma consequência que depende desse efeito.

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CRUZ & MOREIRA (2021)

O comportamento operante é suscetível aos procedimentos de reforçamento e extinção, uma

vez que, o comportamento produz consequências e é controlado por elas. Assim, existem

consequências que aumentam e existem consequências que diminuem a probabilidade de um

determinado comportamento voltar a ocorrer. A consequência reforçadora é um tipo de

consequência que aumenta a probabilidade de o comportamento voltar a ocorrer. Esse tipo de

contingência é expressa na forma se.... então... se o comportamento X ocorrer, então a

consequência Y ocorre. Por exemplo, se a criança faz birra, então ela ganha um doce. Se

ganhar o doce aumenta a probabilidade da criança voltar a fazer birras em situações

semelhantes, dizemos que a birra é um comportamento operante (Moreira & Medeiros, 2019;

Todorov, 1991).

Por outro lado, temos a extinção operante, que ocorre quando o reforçamento de um

comportamento é suspenso e a sua frequência diminui, retornando à frequência com que

ocorria antes de ter sido reforçado (nível operante). Por exemplo, se uma pessoa troca

mensagens por aplicativo de celular quase todos os dias com um primo, o primo responder

funciona como a consequência reforçadora para o comportamento de enviar mensagens. Se o

primo parar de responder às mensagens, o comportamento de enviar mensagens não será

mais reforçado, o que consiste em um exemplo do procedimento de extinção operante (Moreira

& Medeiros 2019). Neste exemplo, a pessoa irá parar de enviar mensagens para o primo.

A diminuição da probabilidade de ocorrência de determinados comportamentos também pode

ocorrer por meio de punição positiva e negativa. Quando a probabilidade de ocorrência de um

comportamento é reduzida em função da adição de um estímulo ao ambiente como sua

consequência, esse estímulo consequente é denominado de estímulo punitivo positivo.

Quando a probabilidade de ocorrência de um comportamento é reduzida em função da

retirada de um estímulo do ambiente, o estímulo consequente é denominado de estímulo

punitivo negativo (Catania, 1999; Moreira & Medeiros, 2019).

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De acordo com a literatura e com os estudos realizados é possível por meio dos procedimentos

utilizados na ABA, tais como, reforçamento, extinção, punição, entre outros, aumentar e

diminuir a frequência de comportamentos relacionados ao TEA, alterando dé cits e excessos

comportamentais, visto que são comportamentos operantes passíveis de serem controlados,

são passíveis de serem in uenciados. Neste livro, falaremos sobre o que se chama na literatura

da área de comportamentos-problema. No próximo capítulo são apresentados de nições e

exemplos de comportamentos-problema.

Comportamentos-problema (desa adores) e suas funções


Um tipo geral de comportamento de especial interesse para este trabalho é aquele que é

chamado na literatura analítico-comportamental de comportamento-problema. De maneira

geral, a literatura analítico-comportamental chama de comportamento-problema os

comportamentos que produzem algum dano à própria pessoa que os emite, a terceiros ou a

propriedades. Agressão, auto-lesão e destruição de objetos são exemplos de comportamentos-

problema.

Comportamento-problema é, no geral, comportamento operante, isto é,  é um comportamento

que é controlado, in uenciado, por suas consequências. Isto signi ca que o comportamento-
problema pode ter sua probabilidade de ocorrência alterada por procedimentos de

reforçamento positivo e reforçamento negativo, extinção e punição (Catania, 1999; Moreira &

Medeiros, 2019). Dito de outra maneira, comportamentos-problema podem car mais

frequentes ou menos frequentes de acordo com o que fazemos depois que eles ocorrem.

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De acordo com a literatura analítico-comportamental, comportamentos-problema, sobretudo

de crianças com algum tipo de comprometimento no desenvolvimento, são mantidos por

atenção, obtenção de item, fuga/esquiva de demandas e estimulação sensorial. Richman et al.


(2015) apontaram como as principais funções dos comportamentos-alvo as seguintes funções:

automático, atenção, tangível, fuga, inconclusivo, desconhecido. O termo "comportamento-

alvo'' é utilizado para indicar qual comportamento de uma pessoa será o comportamento

trabalhado em uma determinada intervenção. Por exemplo, se uma criança dá birras e o

psicólogo irá trabalhar com este comportamento, tentando reduzir a frequência desse

comportamento, dizemos que a birra é o comportamento-alvo da intervenção.

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O termo "função do comportamento'' é utilizado para indicar qual aspecto do ambiente da

pessoa está fazendo com que a pessoa continue emitindo um determinado comportamento.

Nesse sentido, os comportamentos-problema continuam ocorrendo porque produzem certas

consequências no ambiente que por vezes são reforçadoras. Por exemplo, se uma criança dá

birras quando quer um brinquedo e seus pais por vezes acabam cedendo e dão o brinquedo

após a criança começar a dar birras, pode-se dizer que a função do comportamento de birra é a

obtenção de item, e que a consequência reforçadora é o brinquedo, neste caso. Analisaremos, a

seguir, as principais funções e consequências que um comportamento pode ter.

Obtenção de atenção
A função de muitos comportamentos é a obtenção de atenção de outras pessoas. Portanto, a

consequência reforçadora para estes comportamentos é a produção de atenção. Por exemplo,

se uma criança fala palavrões e outras crianças ou adultos riem quando ela fala palavrão, e

isso acontece com frequência, dizemos que a função do comportamento é a obtenção de

atenção. Pode-se dizer também que o comportamento da criança de falar palavrões é mantido

pelas consequências, que neste caso foram receber atenção. As consequências reforçadoras na

forma de atenção podem ocorrer de diferentes maneiras: olhar, rir, conversar, tocar (contato

físico), elogiar, entre outros. Até mesmo broncas podem funcionar como obtenção de atenção

em alguns casos.

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Obtenção de itens tangíveis


A função de muitos comportamentos é a obtenção de itens tangíveis. Portanto, a consequência

reforçadora para estes comportamentos é a entrega de itens tangíveis. Por exemplo, a criança

pode se envolver em comportamento de birra com a função de obter algum brinquedo e os pais

acabam cedendo e dando o brinquedo para criança, que neste caso é a consequência

reforçadora. Itens tangíveis podem ser, entre outras coisas, objetos, comidas, bebidas e

brinquedos.

Fuga
A função de muitos comportamentos é a fuga, é se livrar de alguma atividade, situação ou

objeto. Portanto, a consequência reforçadora para estes comportamentos é se livrar de alguma

atividade, situação ou objeto. Por exemplo, você pode pedir para uma criança fazer a tarefa de

casa e ela começar a dar birras, e ela faz isso na maioria das vezes que é solicitada a fazer uma

tarefa. Adicionalmente, quando ela dá birras, você acaba perdendo a paciência e libera a

criança de fazer a tarefa. Neste exemplo, a função da birra é fugir da atividade e a

consequência reforçadora é a liberação da criança de fazer suas atividades.

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Reforçamento automático
Em alguns casos, a própria execução do comportamento é su ciente para manter o

comportamento ocorrendo, isto é, a função do comportamento não é produzir atenção, nem

itens tangíveis e nem fuga de uma atividade. Nestes casos, dizemos que o comportamento tem

reforçamento automático.

Inconclusivo e desconhecido
Inconclusivo e desconhecido não são funções do comportamento. Richman et al. (2005)

utilizaram estes termos para se referir a pesquisas nas quais não foi possível identi car a

função dos comportamentos-alvo da intervenção. A função de um comportamento é

descoberta realizando-se um procedimento chamado de análise funcional ou avaliação

funcional (Iwata & Dozier, 2008).

Para realizar a avaliação funcional é preciso colocar a pessoa em algumas tarefas especí cas

para se tentar identi car que tipo de consequência está mantendo o comportamento-alvo. Por

exemplo, se o comportamento-alvo é birra, podemos deixar a criança em uma sala sozinha e

veri car se ela dá birras quando está sozinha, sem ninguém dando atenção a ela. Se ela não dá

birras sozinha, já sabemos que a birra dela não é mantida por reforçamento automático.

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Em seguida, colocamos a criança em uma sala e damos atenção a ela quando ela dá birras e

observamos a frequência das birras. Se ela car dando birra nesta situação, podemos dizer que

a função de birra é produzir atenção de outras pessoas. Se a criança não der birras nesta

situação, colocamos ela numa situação em que tenha brinquedos ou comidas de preferência da

criança, mas fora do alcance dela. Se ela der birras, você entrega o brinquedo. Se a criança car

dando birras nesta situação, dizemos que a função da birra é produzir itens tangíveis. Por

outro lado, se colocarmos a criança em uma situação na qual solicitamos para ela que faça

uma tarefa da escola, por exemplo, e ela começa a dar birras quando pedimos que ela faça

tarefa, e ao dar a birra, liberamos ela dessa tarefa, e ela continua dando birras quando

solicitada a fazer a tarefa, dizemos que a função da birra é de fuga de demanda: a criança dá

birras porque dar birras elimina a tarefa de seu ambiente.

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Esquemas de reforçamento não-contingente


Um comportamento não precisa ser reforçado sempre que ocorre para continuar ocorrendo.

Por exemplo, se o pai às vezes dá para a criança o brinquedo que deseja quando ela está dando

birras  e às vezes não dá, já é su ciente para fazer com que a criança continue dando birras

quando quiser brinquedos. Isso signi ca que comportamentos operantes podem ser reforçados

intermitentemente. Nestes casos, falamos de esquemas de reforçamento intermitentes. De

acordo com Moreira e Medeiros (2019), os esquemas de reforçamento estão relacionados às

condições que as respostas devem obedecer para que o estímulo reforçador seja apresentado.

Há quatro tipos principais de esquemas de reforçamento intermitentes: razão xa, razão

variável, intervalo xo e intervalo variável.

Nos esquemas de razão xa e razão variável, o reforçamento depende do número de

ocorrências da resposta, ou seja, a condição necessária para a liberação da consequência

reforçadora é o número de respostas emitidas. Nos esquemas de reforçamento intermitente de

intervalo xo e intervalo variável, o reforçamento depende da passagem de certo período de

tempo desde o reforçamento da última resposta (Moreira & Medeiros, 2019) - ainda assim, uma

resposta deve ocorrer para que haja a apresentação da consequência reforçadora.

Os esquemas de reforçamento de razão e de intervalo são chamados de esquemas de

reforçamento contingentes. São contingentes porque a apresentação do estímulo reforçador é

contingente à ocorrência de, pelo menos, uma resposta, ou seja, nestes esquemas o

reforçamento depende da ocorrência de no mínimo uma resposta (Moreira & Medeiros, 2019).

Além dos esquemas contingentes, há esquemas de reforçamento não-contingentes, isto é,

esquemas nos quais o estímulo reforçador é apresentado independentemente da ocorrência de

uma resposta especí ca.

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Há três esquemas de reforçamento não-contingentes: tempo xo, tempo variável e acesso

contínuo. Nos esquemas de tempo xo, os estímulos reforçadores são apresentados em

intervalos de tempo xo regulares, ainda que não ocorra alguma resposta. Nos esquemas de

tempo variável os reforçadores são apresentados em intervalos irregulares de tempo, girando

em torno de uma média, mesmo que não ocorra uma resposta especí ca (Moreira & Medeiros).

Nos esquemas de acesso contínuo, o reforçador ca sempre disponível para o indivíduo.

Esquemas de reforçamento não-contingente têm sido amplamente utilizados para o

tratamento de TEA, possibilitando a redução de comportamentos-problema característicos

desse quadro.

A ideia de se utilizar esquemas de reforçamento não-contingentes para reduzir a frequência

de comportamentos-problema é:

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1. Comportamentos-problema continuam ocorrendo porque produzem certas

consequências (por exemplo, obter atenção de outras pessoas);

2. Se o comportamento ocorre porque produz determinada consequência, para que ele pare

de ocorrer basta retirar a consequência que o mantém (por exemplo, parar de dar atenção

para a criança quando ela dá birras);

3. Simplesmente retirar a consequência que mantém o comportamento, embora funcione

para reduzir a frequência do comportamento, pode gerar alguns efeitos comportamentais

indesejados.

4. Neste sentido, apresentar o item reforçador de tempos em tempos, sem relação com o

comportamento-alvo, pode enfraquecer a relação entre a ocorrência do comportamento e

a produção da consequência.

Para ilustrar o raciocínio acima, considere a situação a seguir. Uma criança é birrenta, no

sentido de que está sempre dando birras. Os pais observam que as birras, na maioria das vezes,

ocorrem quando a criança quer um doce: ela pede o doce, os pais não dão o doce; a criança

começa a dar birras e os pais dão o doce. Essas interações ocorrem quase todos os dias. Neste

caso, parece correto dizer que a birra da criança é mantida, isto é, continua ocorrendo, pela

obtenção de item comestível. Neste caso, para que a criança pare de dar birras, bastaria os pais

simplesmente não darem mais o doce para ela.

No entanto, este procedimento pode ser suavizado se os pais derem doce para ela de tempos

em tempos independentemente dela estar dando birra ou não. Se os pais dão um pedaço de

doce de uma em uma hora para a criança, eles estariam utilizando um esquema de

reforçamento não-contingente de tempo xo de 1 hora. Aos poucos, esse tempo de uma hora

pode ser aumentado, de tal forma que em alguma momento o esquema poderá ser suspenso e a

criança não estará mais dando birras com função de obter doces. Abaixo estão descritos os

diferentes tipos de esquemas de reforçamento não contingente.

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Tempo xo
O estímulo reforçador é apresentado, é dado à pessoa, em intervalos de tempo iguais. Por

exemplo, deixar a criança brincar com o videogame, por cinco minutos, de 30 em 30 minutos.

Quando o estímulo reforçador é o acesso a um objeto ou atividade, é preciso especi car o tempo

que a pessoa cará consumindo o estímulo reforçador. Por exemplo, se o estímulo reforçador

for acesso ao videogame (jogar um joguinho no videogame) e o esquema de reforçamento for

de tempo xo de 5 minutos, poderia-se fazer da seguinte maneira:

1. Iniciar o cronômetro;

2. Quando o cronômetro marcar 5 minutos, entregar o videogame para a criança;

3. Deixar ela brincando com o videogame por 1 minuto;

4. Após 1 minuto, retirar o videogame dela;

5. Reiniciar o cronômetro;

6. Quando o cronômetro marcar 5 minutos, repetir os passos.

Tempo variável
O estímulo reforçador é apresentado, é dado à pessoa, em intervalos de tempo irregulares. Por
exemplo, deixar a criança brincar com o videogame, por cinco minutos,  depois de 30 minutos,

depois 10 minutos, depois de 15 minutos, depois de 45 minutos, etc.

Acesso contínuo
O estímulo reforçador ca acessível o tempo todo. Deixar o videogame disponível para a

criança brincar quando quiser.

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Procedimentos que são utilizados em combinação com o reforçamento não-


contingente
Em algumas intervenções são utilizados procedimentos em combinação com os esquemas de

reforçamento não-contingente, como a redução da densidade do esquema, que consiste no

aumento gradativo do intervalo de tempo para a   entrega dos estímulos reforçadores. Por

exemplo, uma intervenção com esquema de tempo xo de 30 segundos para entrega de itens

tangíveis (estímulo reforçador) pode ser aumentada para 60 segundos, 120, segundos, 180

segundo até 300 segundos, de forma gradativa, conforme a frequência do comportamento-

problema diminui.

Outro procedimento comumente utilizado em combinação com esquemas não-contingente é a

extinção, que consiste na suspensão na liberação do reforço. Por exemplo, se por meio da

análise funcional observar que a função do comportamento de birra da criança é obtenção de

atenção (neste caso, o estímulo reforçador),  não será mais dada atenção à criança quando ela

se envolver em comportamento de birra. Os procedimentos de extinção podem ser utilizados

imediatamente após as sessões de reforçamento não-contingente.

A seguir serão apresentadas as descrições didáticas realizadas com base nas informações

trazidas pelos 16 artigos selecionados para a realização do presente trabalho. Vale destacar

que essas descrições que serão apresentadas nos resultados, foram divididas em 7 subseções:

Referência bibliográ ca; Participantes (características e habilidades de cada participante);

Comportamento-alvo (as de nições trazidas pelos artigos acerca do comportamento-problema

da criança); Análise funcional (os resultados da análise-funcional); Linha de base (frequência

do comportamento-problema antes da intervenção); Intervenção ( procedimentos realizados

na intervenção como, tipo de esquema reforçamento não-contingente, número de sessões,

local, intervalo, sigla, estímulo reforçador e a execução); e os Resultados da intervenção.

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Exemplo do uso de esquemas de reforçamento não-contingentes para


redução da frequência de ocorrência de comportamentos-problema
Diversas pesquisas têm mostrado o efeito de esquemas de reforçamento não-contingente para

reduzir a ocorrência de comportamentos-problema (e.g., Atwell, Normand & Wilder, 2005; Getch

& Noel, 2016). Um exemplo do uso de esquemas de reforçamento não-contingentes para a

redução de comportamentos problema foi descrito por Wilder et al. (2005). O objetivo da

pesquisa foi investigar o uso de reforço não-contingente para o tratamento de

comportamentos-problema (autolesão, neste caso) e recusa de alimentos. A pesquisa foi

realizada com uma menina de 40 meses (Rita). As sessões foram realizadas duas vezes por

semana com duração de 10 minutos cada, durante aproximadamente 6 semanas, em uma sala

de terapia equipada com um espelho unidirecional. Foi realizada uma breve avaliação

funcional, e posteriormente, uma avaliação do tratamento.

Durante a breve análise funcional, Rita foi exposta a quatro condições: ignorar, brincar,

demanda e atenção. Durante a condição de ignorar, o psicólogo não interagiu com Rita e não

houve consequências programadas para o comportamento de autolesão. Durante a condição

de brincar, Rita teve acesso a itens e atividades preferenciais identi cados por meio de uma

avaliação de preferências de estímulo pareado, e nenhuma demanda foi apresentada. O

psicólogo dava atenção à Rita em um tempo xo de 30 segundos, e não houve consequências

programadas para o comportamento de autolesão.

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Durante a condição de demanda, Rita sentou-se no chão da sala de psicoterapia. O psicólogo

apresentava uma porção de comida (isto é, milho e batata-doce, comida para bebê em estágio 2)

em uma colher a cada 30s. O psicólogo fazia um breve elogio se Rita aceitasse a mordida.

Contingente ao comportamento de autolesão, a colher era removida e o psicólogo se afastava

de Rita por aproximadamente 15s. Se Rita não aceitasse a comida, mas também não se

envolvesse no comportamento de autolesão, a colher permanecia em seus lábios por 30s,

momento em que uma nova mordida era apresentada. A próxima comida era apresentada

após o intervalo de fuga ou no próximo intervalo de 30s. Durante a condição de atenção, o

psicólogo leu uma revista e não interagiu com Rita. Contingente ao comportamento de

autolesão, o psicólogo apresentava uma declaração de preocupação e um breve toque físico.

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Na fase de avaliação do tratamento, as sessões de linha de base eram idênticas às condições

de demanda da breve análise funcional. Durante o reforçamento não-contingente, as sessões

permaneceram idênticas às da linha de base, exceto que Rita teve acesso contínuo a um vídeo

infantil (identi cado como o item mais preferido por meio de uma avaliação de preferência por

estímulo emparelhado). Durante o comportamento de autolesão, o psicólogo continuou a

retirar a colher e a afastar-se de Rita,  por aproximadamente 15s.

De acordo com os resultados do estudo de Wilder et al. (2005), durante a primeira fase da linha

de base, o comportamento de autolesão ocorreu durante uma média de 44% dos intervalos de

tempo registrados. Já no decurso da primeira fase do tratamento com esquemas de

reforçamento não-contingente, a autolesão diminuiu para uma média de 7% dos intervalos.

Durante o retorno à linha de base, a autolesão aumentou para uma média de 66% dos

intervalos. Já no decurso da segunda fase do tratamento com esquema de reforçamento não-

contingente, a autolesão diminuiu novamente para uma média de 6% dos intervalos.

Em relação a aceitação de comida, durante a primeira fase da linha de base, Rita aceitou uma

média de 20% das porções de comida oferecidas. Durante a primeira fase do reforçamento não-

contingente, sua aceitação aumentou para uma média de 90% das porções de comida

oferecidas. Durante o retorno à fase inicial, Rita aceitou uma média de 23% das porções de

comida oferecidas. Finalmente, durante a segunda fase do reforçamento não-contingente, a

aceitação de Rita aumentou para uma média de 93% das porções de comida oferecidas. Assim,

os resultados sugerem que o reforçamento não-contingente pode ser um tratamento e caz

para a autolesão mantida por fuga em algumas crianças que apresentam recusa de alimentos.

Além disso, o estudo sugere que em algumas crianças a aceitação de alimentos pode ser

aprimorada com o uso do reforçamento não-contingente (Wilder et al., 2005).

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Outro exemplo do uso de esquemas de reforçamento não-contingentes para a redução de

comportamentos problema foi descrito por Noel e Getch (2016), cujo o objetivo foi determinar

em que medida os procedimentos do reforçamento não-contingente   podem ser usados para

diminuir comportamentos problemáticos de alunos com diagnóstico de TEA e para

determinar em que medida os funcionários de uma instituição de ensino podem implementar

os procedimentos do o reforçamento não-contingente por meio de modelagem via vídeo e

feedback corretivo. Dois alunos diagnosticados com TEA de 11 e 12 anos e dois estudantes de

graduação para aplicar a intervenção participaram da pesquisa. Os comportamentos-

problemas a serem modi cados consistiam em conversas com teor negativo (por exemplo,

declarações falsas, lamentações, reclamações, provocações ou zombaria de outra pessoa), bem

como de recusa em cumprir as ordens do professor.

Parte dos procedimentos utilizados consistiu em um analista de comportamento conduzir

uma avaliação para identi car a função do comportamento problemático de cada participante.

O pesquisador utilizou uma entrevista de avaliação funcional para obter informações da

equipe, do programa e prestadores de cuidados com os participantes sobre o comportamento

dos mesmos. O pesquisador conduziu a observação direta do participante em diferentes

ambientes fora da escola, medindo um total de quatro horas para cada participante.

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Os resultados sugeriram que obter atenção era a função do comportamento-problema para

cada participante. Foi determinado, antes da intervenção, o esquema de reforçamento

calculando a taxa média na qual o aluno recebeu atenção do professor na forma de elogios ou

repreensões durante as observações da linha de base (número arredondado para o minuto

mais próximo). Para ambos os participantes, o esquema foi determinado como um esquema de

tempo xo de 1 minuto . Para ser codi cado como uma entrega do reforçamento não-

contingente apropriada, a equipe teve que atender a dois critérios: (a) uma declaração neutra

foi feita dentro de 5s do intervalo de 1 minuto e (b) a declaração foi direcionada explicitamente

ao participante.

Os resultados da pesquisa de Noel e Getch (2016) demonstraram os impactos positivos que o

reforçamento não-contingente pode ter na redução do comportamento do problema, podendo

ser utilizada com alta integridade do tratamento por funcionários não familiarizados com

intervenções comportamentais em ambientes fora da escola. Os resultados também indicaram

que o reforçamento não-contingente pode ser utilizado de forma efetiva com alunos que

demonstram comportamentos inadequados em um ambiente de grupo, quando apenas os

alunos-alvo estão recebendo o reforçamento não-contingente. Para os pro ssionais, este

estudo demonstra a aplicabilidade do reforçamento não-contingente em um ambiente que

pode ser menos estruturado do que uma sala de aula típica.

Além dos resultados apresentados, o estudo Noel e Getch (2016) ilustra que um treinamento

básico sobre procedimentos do reforçamento não-contingente pode resultar em altos níveis de

integridade do tratamento, mesmo entre professores de enfermagem que possuem

treinamento limitado em Análise do Comportamento Aplicada (ABA) ou intervenções

comportamentais. Dessa forma, intervenções comportamentais que se mostraram

promissoras na redução de comportamentos problemáticos e perturbadores se mostraram

necessárias em contextos educacionais e inclusivos baseados na comunidade.

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CRUZ & MOREIRA (2021)

O estudo de Noel e Getch (2016) indicou que o reforçamento não-contingente é uma dessas

intervenções promissoras que pode ser implementada com relativa facilidade em todos os

ambientes e como mostrado neste estudo, pode ser implementada com participantes-alvo em

um ambiente de grupo. Além disso, este estudo demonstra a facilidade com a qual

funcionários com pouco treinamento em intervenções comportamentais podem implementar

com sucesso o reforçamento não-contingente. Dessa forma, é possível constatar por meio dos

estudos citados que o reforçamento não-contingente tem se mostrado efetivo para a redução

de comportamentos-problema decorrentes do TEA. Evidências adicionais desta efetividade

serão apresentadas a seguir.

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A e cácia do uso de esquemas de reforçamento não-


contingentes
De acordo com Muñoz, Takayanagui, dos Santos e Sanchez-Sweatman (2002), quando uma

área de pesquisa possui muitas publicações de pesquisas experimentais sobre um determinado

tema, é possível avaliar-se o efeito geral entre as pesquisas da variável independente sobre a

variável dependente realizando-se uma metanálise. Uma metanálise é de nida como um

método estatístico utilizado para a análise numérica da revisão sistemática, isto é, uma

apresentação quantitativa de resultados. Também é possível realizar-se revisões sistemáticas

da literatura, que é denominada dessa forma, quando a informação obtida a partir dos estudos

incluídos na revisão não é suscetível à análise estatística, ou seja, a apresentação dos

resultados é qualitativa.

De forma geral, a metanálise e a revisão sistemática são realizadas com a participação de um

determinado grupo de pesquisadores. Os autores de nem um tema determinado,

normalmente com a nalidade de estabelecer a relação de causalidade existente entre dois

fatores, seguindo uma sequência de passos que deve ser percorrida. A sequência de passos

consiste em (Muñoz et al., 2002):

1. De nição do problema;

2. Desenho do teste de relevância;

3. De nição das bases de dados e unitermos e levantamento de dados;

4. Primeira aplicação do teste de relevância (rejeição/ aceitação preliminar);

5. Segunda aplicação do teste de relevância- texto completo (rejeição/ aceitação de nitiva);

6. Análise dos artigos considerando as evidências apresentadas (apresentação quantitativa

dos resultados/apresentação qualitativa dos resultados);

7. Discussões e conclusões.

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Dado o grande número de pesquisas que avaliam o efeito do reforçamento não-contingente

sobre comportamentos-problema em língua Inglesa, pode-se veri car na literatura

metanálises e revisões sistemáticas que buscaram analisar o uso do reforçamento não-

contingente para o tratamento de comportamentos-problema em indivíduos com atrasos de

desenvolvimento.

Carr, Severtson e Lepper (2009) apontaram, através de uma metanálise, que o reforçamento

não-contingente tem sido usado para tratar o comportamento problemático mantido por

várias funções, incluindo fuga de demandas instrucionais, atenção, acesso a itens tangíveis e

reforçamento automático, bem como de comportamentos-problema com múltiplas funções.

Além disso, o reforçamento não-contingente demonstrou ser e caz para vários

comportamentos diferentes, incluindo comportamentos de autolesão, agressão, estereotipia,

pica, fuga, interrupção e fala bizarra.

Quando inserida em pacotes de tratamento, o reforçamento não-contingente também

aumentou a e cácia de outros tratamentos, como a extinção, treinamento de comunicação

funcional e manipulação do custo de resposta.

A metanálise conduzida por Carr et al. (2009) teve como objetivo analisar quantitativamente e

classi car o suporte empírico para o reforçamento não-contingente a m de melhorar as

informações que são direcionadas aos pro ssionais e formuladores de políticas envolvidos na

seleção ou aprovação de tratamentos para indivíduos com atraso no desenvolvimento. Para

isso, foram realizadas pesquisas nos bancos de dados PsycINFO, ERIC, Medline e Journal of

Applied Behavior Analysis, utilizando os seguintes descritores: reforço não-contingente,

tempo xo, tempo variável, comportamento-problema, autismo e atraso no desenvolvimento.

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A partir dessas pesquisas iniciais, Carr et al. (2009) identi caram 325 artigos. Desses, alguns

artigos foram excluídos com base em alguns critérios como   (a) o reforçamento não-

contingente não ter sido usado como tratamento para o comportamento-problema, (b) os

participantes não terem sido diagnosticados com atraso no desenvolvimento ou (c) o

reforçamento não-contingente não pode ter sido implementado como parte de um pacote de

tratamento com outra intervenção que não a extinção. Após aplicar os critérios de exclusão,

restaram 59 artigos para análise.

De acordo com Carr et al. (2009), dos 59 estudos de tratamento com   reforçamento não-

contingente que foram analisados, 24 forneceram suporte ao reforçamento não-contingente

como um tratamento baseado em função para o comportamento problemático de indivíduos

com de ciências de desenvolvimento. Os resultados indicaram que o intervalo xo com

extinção e redução do esquema pode ser classi cado como um tratamento bem estabelecido;

tempo xo com extinção e tempo variável com extinção podem ser classi cados como

provavelmente e cazes; e tempo xo com redução do esquema podem ser classi cados como

tratamentos experimentais no momento. Assim, foi possível constatar que,

independentemente de sua classi cação, as formas de tratamento de reforçamento não-

contingente que foram avaliadas produziram efeitos consistentemente sólidos.

Richman et al. (2015) realizaram uma metanálise com o objetivo de realizar uma pesquisa

sobre reforçamento não-contingente para (a) documentar a dimensão do efeito do

reforçamento não-contingente para o tratamento do comportamento problemático, para (b)

avaliar se o uso de reforçadores funcionais aumentou a e cácia do reforçamento não-

contingente em comparação com o reforçamento não-contingente usando reforçadores não

funcionais, e (c) documentar os efeitos da redução do esquema programado sobre a dimensão

do efeito do reforçamento não-contingente. Os critérios de inclusão de artigos no estudo

foram os seguintes:

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1. Comportamento socialmente signi cativo exibido por um ser humano (com ou sem

de ciência) para redução;

2. A única manipulação entre as fases de linha de base e de intervenção ter sido a adição de

reforçamento não-contingente;

3. Os dados foram exibidos no nível individual;

4. Pelo menos três pontos de dados foram incluídos em cada fase;

5. Foram utilizados intervalos consistentes de eixo (necessários para a extração

computadorizada de dados);

6. A linha de base e o tratamento foram comparados em um delineamento de sujeito único

excluindo delineamento AB apresentado no mesmo grá co;

7. O esquema de remoção ou entrega do estímulo foi identi cado e independente (ou seja, o

esquema não estava ligado ao comportamento em outra condição);

8. A intervenção consistiu na entrega de reforçador com base no tempo independente da

resposta.

O estudo de Richman et al. (2015) indicou que o uso do reforçamento não-contingente foi

associado a uma diminuição substancial no comportamento-problema e representou 60% da

variação do comportamento-problema entre a linha de base e o tratamento. Esses dados

indicam fortemente que o reforçamento não-contingente é um tratamento e caz e

empiricamente embasado para diminuir comportamentos-problema. Esses dados fornecem

fortes evidências de validade externa, o que pode aumentar o reconhecimento do

reforçamento não-contingente fora da comunidade de analistas de comportamento. Em

relação à comparação do reforçamento não-contingente usando reforços funcionais,   foi

diferente do reforçamento não-contingente usando reforços não funcionais. Embora o

aumento no tamanho do efeito não tenha sido estatisticamente signi cativo, o uso de

reforçadores funcionais representou uma redução de 10% a mais da variação no

comportamento-problema em relação aos reforçadores não funcionais.

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Ritter, Barnard-Brak, Richman e Grubb (2018) estenderam os achados de Richman et al. (2015).

As análises de acompanhamento mostraram que a dimensão dos efeitos do reforçamento

não-contingente eram muito semelhantes nos ambientes hospitalares/ambulatoriais, na

agressão e destruição de propriedades e nos comportamentos autolesivos. Os resultados

mostraram que a dimensão do efeito do reforçamento não-contingente para o tratamento do

comportamento problemático mantido por uma forma de reforço social foi ligeiramente maior

que o comportamento problemático mantido pelo reforço automático. De acordo com os

estudos apresentados, foi possível constatar a e cácia do reforçamento não-contingente para

diferentes tipos de comportamentos-problema.

Agora que já sabemos que esquemas reforçamento não-contingentes são e cazes para o

tratamento de comportamentos-problema, veremos, nos próximos capítulos, descrições de

relatos de pesquisa/intervenção cientí ca que utilizaram esquemas de reforçamento não-

contingentes para o tratamento de comportamentos-problema.

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Tratamento de agressão utilizando esquema de tempo xo


Título original An empirical analysis of two forms of extinction to treat aggression

Título traduzido Uma análise empírica de duas formas de extinção para tratar a agressão

Autores Mark O’Reilly, Giulio Lancioni, IanTaylor

Jornal Research in Developmental Disabilities

Publicado em 1999, Volume 20, Número 5, Páginas 315 a 325

Resumo Comparamos a e cácia de duas intervenções de extinção, extinção por omissão e entrega não
contingente de reforço, para tratar comportamento agressivo com um menino de 10 anos.
Antes da intervenção, uma análise funcional revelou que a agressão era mantida por reforço
positivo na forma de atenção. A intervenção de extinção por omissão consistiu em ignorar
comportamentos agressivos. O reforço não contingente envolveu dar atenção ao menino em
um tempo xo. Ambos os tratamentos foram comparados usando um delineamento de
pesquisa de multielementos. O reforço não-contingente produziu uma eliminação mais rápida
da agressão. Além disso, o esquema de reforço não-contingente foi gradualmente diminuído
durante a intervenção. Finalmente, ambos os pais implementaram com sucesso o esquema
não-contingente de reforço de forma independente por até 5 semanas após o tratamento

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Identi cação
Ricardo, 10 anos, Masculino.

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Diagnóstico
Retardo mental leve (Escala Wechsler de Inteligência para Crianças -WISC-R).

Repertório
Ele frequentou uma sala de aula especial para crianças com retardo mental leve em uma

escola primária local.

Histórico
Ricardo exibia altos níveis de agressão em casa tanto para os pais quanto para um irmão mais

novo. Ambos os pais haviam comparecido separadamente a instalações médicas

ambulatoriais para tratar ferimentos causados pelas explosões agressivas de Ricardo.

Comportamento-alvo
Agressão.

A agressão consistia em:

 morder (colocar ou tentar colocar a boca aberta em qualquer parte de outra pessoa);
 arranhar (colocar ou tentar colocar os dedos em forma de garra nas mãos ou rosto de

outra pessoa);

 bater com o punho fechado (isto também incluía tentativas de bater com o punho

fechado).

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Objetivo da intervenção
Reduzir a frequência dos comportamentos de agressão.

Análise funcional
A análise funcional indicou que a agressão era mantida por reforçamento positivo na forma

de atenção. A atenção prestada nessas sessões consistia em repreensões verbais durante

aproximadamente 10 segundos. Por exemplo, se o Ricardo mordesse, o psicólogo dizia frases

como "Que coisa feia!".

Descrição da intervenção
Sessões
Foram realizadas 3 sessões diárias com duração de 10 minutos cada sessão.

Local
As sessões foram realizadas na cozinha ou na sala da casa da família.

Esquema de reforçamento principal


O esquema de reforçamento não-contingente utilizado na intervenção foi um esquema de

tempo xo (FT).

Estímulos reforçadores        
Atenção na forma de repreensões verbais: "Que coisa feia!", "Não faça isso", etc.

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Avaliação do comportamento-alvo
Durante a avaliação do comportamento-alvo, havia na sala materiais como livros infantis e

brinquedos disponíveis, mas nenhuma tarefa ou atividade especí ca foi solicitada a Ricardo. A

mãe de Ricardo permanecia a aproximadamente 3 metros dele. Sempre que Ricardo emitia

algum comportamento agressivo, a mãe de bloqueava o comportamento agressivo dava

atenção a ele - durante o restante do tempo da sessão a mãe ignorava quaisquer outros

comportamentos de Ricardo.

A atenção foi dada imediatamente após o bloqueio da agressão. A atenção consistia em

reprimendas verbais por aproximadamente 10 segundos (exemplo: “Que feio isso!”, “Não faça

isso.”).

Durante o bloqueio, qualquer tentativa de arranhar, morder ou socar foi interrompida

afastando-se Ricardo por aproximadamente 2 segundos um braço era totalmente estendido

para a área do peito de Ricardo e ele não tinha permissão para se aproximar da pessoa).

Nenhum contato visual ou interação verbal foi feita com Ricardo durante o bloqueio. O

bloqueio foi conduzido dessa maneira em todas as fases subsequentes do estudo.

Durante a avaliação do comportamento-alvo observou-se que, em média, Ricardo apresentou

comportamentos agressivos em 26,2% dos intervalos de tempo de 10 segundos nos quais foram

registradas as ocorrências de agressão.

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Procedimento
Foram utilizados dois procedimentos para reduzir a frequência dos comportamentos de

agressão de Ricardo: extinção por omissão e reforçamento não contingente.

Extinção por omissão. O psicólogo sentava-se a cerca de 3 metros de Ricardo e lia um livro ou

se ocupava de algum tipo de papelada. O psicólogo não mantinha contato visual ou interação

verbal com Ricardo durante as sessões de extinção por omissão. Vários brinquedos e livros

estavam disponíveis na sala, mas Ricardo não recebia instruções para brincar com eles. Todas

as agressões foram bloqueadas pelo psicólogo. Ricardo e o psicólogo apenas estavam presentes

na sala durante as sessões.

Reforçamento não contingente. O psicólogo dava atenção em um esquema de reforçamento

não-contingente de intervalo xo de 30 segundos. A atenção era concedida a cada 30

segundos independentemente do que Ricardo estivesse fazendo, inclusive se ele estivesse

emitindo comportamentos agressivos.

Inicialmente, a interação com Ricardo era realizada a cada 30 segundos e durava 10 segundos.

Por exemplo, a atenção era concedida através de uma ta de áudio a cada 30 segundos

durante 10 segundos. Se a agressão continuasse diminuindo ou atingisse o nível desejado (ou

seja, sem ocorrências de agressão) em três tentativas consecutivas, o esquema seria alterado

para a entrega de atenção a cada 60 segundos. Assim, à medida que o comportamento de

agressividade ia diminuindo de frequência, o psicólogo aumentava o intervalo do esquema (ou

seja, 30, 60, 90, 120, 180, 240, 300 segundos).

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A atenção durante o tratamento com esquema de reforçamento não-contingente foi

gradualmente diminuindo até que a atenção passou a ser concedida em duas ocasiões

durante cada sessão (uma entrega a cada 5 minutos). Vale destacar, que todas as tentativas de

agressão durante o tratamento foram bloqueadas pelo psicólogo.

Resultados
Quando a extinção por omissão foi implementada, a agressão inicialmente aumentou acima

dos níveis iniciais e depois diminuiu gradativamente para níveis próximos a zero ou zero na

sessão 11. A agressão voltou aos níveis iniciais de resposta durante as sessões 22, 23, 24 e 28.

A agressão ocorreu em menos de 10% dos intervalos durante as três primeiras sessões com

esquema de reforçamento não-contingente e atingiu zero ocorrência na sessão 4. A agressão

retornou aos níveis iniciais durante as Sessões 7 e 8, mas novamente atingiu nível zero na

sessão 9. Esse aumento da frequência do comportamento ocorreu quando o intervalo do

esquema foi alterado de 30 para 60 segundos. Com exceção da sessão 19 (a agressão ocorreu

durante 4% dos intervalos), a agressão não voltou a ocorrer durante a intervenção de

reforçamento não-contingente.

Esquema de reforçamento não-contingente e extinção por omissão foram tratamentos

e cazes para comportamento de agressão mantido por reforço positivo na forma de atenção.

Esta comparação de esquema de reforçamento não-contingente e extinção por omissão

também sugere que o esquema  de reforçamento não-contingente pode ser um procedimento

mais e caz que a extinção em casos como o de Ricardo.

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Avaliação inicial: Avaliamos o repertório comportamental já existente (o que ele já sabe fazer?)

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comportamento) e fonoaudiólogos e supervisionada por mestres e doutores.

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Tratamento de birra utilizando esquema de tempo xo


Título original A variation of noncontingent reinforcement in the treatment of aberrant behavior

Título traduzido Uma variação de reforço não contingente no tratamento de comportamento aberrante

Autores Lisa Britton, James Carr, Karen Kellum, Claudia Dozier, Timothy Weil

Jornal Research in Developmental Disabilities

Publicado em 2000, Volume 21, Número 6, Páginas 425 a 435

Resumo Nós examinamos a e cácia de uma variação de reforço não-contingente (NCR) que incorporou
um procedimento de atraso de estímulo na redução do comportamento aberrante mantido por
reforço positivo. As análises funcionais de três indivíduos com diagnóstico de de ciência de
desenvolvimento indicaram que seus comportamentos foram mantidos por reforço positivo:
um na forma de acesso a um item tangível, outro pela atenção e o terceiro pelo contato físico.
Implementamos NCR com o procedimento de atraso com dois participantes usando
delineamentos de reversão para avaliar os efeitos. Também comparamos esta variação NCR e
DRO com o terceiro participante para avaliar as taxas de entrega de reforço. A variação do NCR
foi bem-sucedida na redução de todos os comportamentos aberrantes a níveis próximos de
zero. Uma comparação da entrega de reforço entre NCR com o procedimento de estímulo-
retardo e DRO demonstrou que o participante acessou mais reforço com NCR. Os resultados são
discutidos no contexto do aumento das intervenções desaceleradoras com ênfase na
minimização do esforço de resposta para os cuidadores e na maximização do acesso ao reforço
para os indivíduos.

Identi cação
Roberto, 23 anos, Masculino.

Diagnóstico
Retardo mental grave.

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Repertório
Na época do estudo, Roberto podia emitir três sinais manuais, que eram usados para solicitar

itens tangíveis.

Histórico
Roberto frequentemente se envolvia em comportamentos de birras (caindo no chão).

Comportamento-alvo
Birra. A birra de Roberto foi de nida como sempre que um ou ambos os joelhos tocavam o

chão.

Objetivo da intervenção
Reduzir a frequência dos comportamentos de birra.

Análise funcional
A análise funcional indicou que a birra era mantida pelo acesso a itens tangíveis. O item

tangível usado nessas sessões foi um balde contendo blocos de cores vivas.

Descrição da intervenção
Sessões
Foram realizadas sessões diárias com duração de 5 minutos cada sessão.

Local
As sessões foram realizadas em um consultório de psicologia.

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Esquema de reforçamento principal


O esquema de reforçamento não-contingente utilizado na intervenção foi um esquema de

tempo xo (FT).

Estímulos reforçadores        
O estímulo reforçador foi um item tangível: balde de brinquedo com blocos coloridos.

Avaliação do comportamento-alvo
Durante a avaliação do comportamento-alvo, o psicólogo fornecia acesso ao balde comm

blocos coloridos cada vez que Roberto caía no chão. A frequência de birras de Roberto, durante

a avaliação, foi de cerca de 2 a 4 vezes por minuto.

Procedimento
Foi utilizado um procedimento de reforçamento não-contigente de tempo xo com intervalo

inicial de 45 segundos. Utilizou-se também um procedimento de atraso na apresentação do

reforçador.

Durante a intervenção, a cada 45 segundos, o psicólogo permitia que Roberto brincasse com

balde de blocos coloridos. A cada vez que Roberto recebia o balde de blocos, ele podia brincar
com ele por   20 segundos. Ao nal dos 20 segundos, o psicólogo pegava o balde de volta e

reiniciava o cronômetro, aguardando chegar a 45 segundos novamente para, novamente,

entregar o balde para Roberto, repetindo o ciclo até o nal da sessão.

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Em um esquema de tempo xo típico, o balde seria entregue a Roberto independentemente do

que ele estivesse fazendo quando o cronômetro marcava 45 segundos. No entanto, neste caso,

o psicólogo adicionou um procedimento de atraso para a entrega do balde: caso, ao nal do

intervalo de 45 segundos, Roberto estivesse dando birra, que era o comportamento-alvo da

intervenção, o psicólogo aguardava por 10 segundos antes de entregar o balde para Roberto. Se

ao nal desses 10 segundos Roberto ainda estivesse dando birras, o psicólogo esperava mais

mais 10 segundos, e assim por diante.

Após entregar e recolher o balde, o próximo intervalo de 45 segundos era iniciado. À medida

que o comportamento de dar birras ia diminuindo de frequência, o psicólogo aumentava o

intervalo do esquema (60 segundos, 120 segundos, 180 segundo, 240 segundos, 300 segundos).

O intervalo do esquema era aumentado a cada vez que Roberto cava por três sessões

consecutivas apresentando, no máximo, uma birra por minuto.

Resultados
Durante as sessões de avaliação do comportamento de birra de Roberto houve uma tendência

crescente do comportamento-alvo de birra, resultando em uma frequência de 2 a 4 vezes por

minuto. Foi observado uma clara redução na frequência do comportamento alvo quando o

psicólogo implementou o tratamento com reforçamento não-contingente. Do primeiro dia de

intervenção até o terceiro dia, a frequência de birras de Roberto foi em média 2 vezes por

minuto. Do quarto ao sétimo dia de intervenção, registrou-se uma frequência próxima a zero.

Quando o psicólogo implementou o tratamento com reforçamento não-contingente pela

segunda vez, a birra foi reduzida a níveis baixos novamente, também resultando em

frequências próximas de zero.

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A frequência da resposta também permaneceu baixa, em níveis próximos de zero, quando o

esquema foi reduzido gradativamente (45 ,60, 120, 180, 240 e 300 segundos). Dessa forma, os

resultados indicaram reduções claras nos comportamentos-alvo para o participante como

resultado do procedimento de reforçamento não-contingente. Os dados do tratamento

indicaram que o reforçamento não-contingente com atraso de apresentação estímulo estímulo

reforçador foi e caz na redução do comportamento-alvo, mesmo quando o esquema foi

reduzido para 5 minutos (uma apresentação do estímulo reforçador a cada 5 minutos).

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Tratamento de autolesão utilizando esquema de tempo xo


Título A method for identifying satiation versus extinction effects under noncontingent
original reinforcement schedules

Título Um método para identi car os efeitos de saciação versus extinção sob esquemas de reforço
traduzido não-contingente

Autores Sang Kahng Brian Iwata, Rachel Thompson Gregory Hanley

Jornal Journal of Applied Behavior Analysis

Publicado 2000, Volume 33, Número 4, Páginas 419 a 432


em

Resumo Avaliamos um método para determinar se a supressão da resposta sob reforço não-contingente
(NCR) é função da saciedade ou extinção. Três indivíduos com de ciência de desenvolvimento
que se envolveram em comportamento autolesivo (SIB) ou agressão participaram. Os
resultados das análises funcionais indicaram que seu comportamento problemático foi
mantido por reforço social positivo. Os procedimentos de NCR, individualizados para cada
participante, foram implementados em delineamento de linha de base entre sujeitos e foram
associados a diminuições no comportamento problemático de todos os participantes. A
identi cação do mecanismo pelo qual o NCR produziu esses efeitos foi baseada no exame de
registros cumulativos que mostram padrões de resposta durante e imediatamente após cada
sessão do NCR. A saciedade durante o NCR deve levar a um aumento temporário na resposta
durante o período pós-NCR (extinção) devido a uma transição da disponibilidade para a
indisponibilidade de reforço (saciedade para a privação). Alternativamente, a extinção durante o
NCR não deve revelar nenhum aumento na resposta durante o período de extinção porque a
contingência para o comportamento problemático permaneceria inalterada e a transição das
condições de saciedade para a privação seria irrelevante. Os resultados sugeriram que os
mecanismos operativos do NCR foram idiossincráticos nos 3 participantes e pareceram mudar
durante o tratamento para 1 dos participantes.

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Identi cação
Júlia, 43 anos, Feminino.

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Diagnóstico
Retardo mental grave, dé cits severos de linguagem.

Repertório
Júlia se comunicava através de gestos idiossincráticos (por exemplo, apontar).

Histórico
Júlia frequentemente se envolvia em comportamentos de autolesão (arranhar/beliscar sua

própria pele). Júlia já havia participado de duas pesquisas sobre esquemas de reforçamento

não-contingente. Ela recebeu fenitoína e fenobarbital ao longo do estudo para controlar as

convulsões.

Comportamento-alvo
Autolesão.

O comportamento-alvo da intervenção realizada com Júlia foi a autolesão. A autolesão de

Júlia consistia em arranhar a pele, sendo de nida como raspar um dedo contra a pele ou

fechar os dedos em qualquer parte da pele.

Objetivo da intervenção
Reduzir a frequência dos comportamentos de autolesão.

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Análise funcional
A análise funcional indicou que a autolesão era mantida por reforço positivo na forma de

atenção. A atenção nessas sessões era concedida quando Júlia se envolvia em

comportamentos de autolesão. Nesses momentos, o psicólogo se aproximava da  participante e

concedia uma breve atenção na forma de comentário/reprimenda (por exemplo, ''Não faça isso,

você se machucará.’') e contato físico (por exemplo, interrupção da resposta).

Descrição da intervenção
Sessões
Foram realizadas sessões diárias com duração de 10 minutos cada sessão.

Local
As sessões foram realizadas em um consultório de psicologia.

Esquema de reforçamento principal


O esquema de reforçamento não-contingente utilizado na intervenção foi um esquema de

tempo xo (FT).

Estímulos reforçadores        
O estímulo reforçador utilizado foi atenção na forma de comentário/reprimenda.

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Avaliação do comportamento-alvo
Durante a avaliação do comportamento-alvo, Júlia e o psicólogo estavam em uma sala

contendo diversos materiais de lazer, aos quais a participante teve acesso livre durante toda a

sessão. O psicólogo ignorou a participante durante toda a sessão, exceto quando a participante

se envolveu em um comportamento problemático, momento em que o experimentador se

aproximou do participante e deu uma breve atenção (por exemplo, ''Não faça isso, você vai se

machucar.’') e leve contato físico (por exemplo, interrupção da resposta).

A frequência média de autolesão de Júlia, durante a avaliação, foi de cerca de 3,9 respostas de

autolesão por minuto.

Procedimento
Durante as sessões de intervenção, o psicólogo concedia um comentário ou dava uma

reprimenda à Júlia a cada 15 segundos (por exemplo: comentários variados acerca das

brincadeiras). Os comentários e reprimendas eram concedidos à Júlia independentemente do

que ela estivesse fazendo quando o cronômetro marcava 15 segundos. O esquema inicial de

reforçamento não-contingente para Júlia foi baseado no intervalo médio entre

comportamentos (IRT) do comportamento-problema durante as últimas três sessões de

avaliação (15 segundos ) e foi posteriormente aumentando com base no intervalo médio entre

as ocorrências dos comportamentos autolesivos das 3 sessões anteriores.

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A redução do esquema foi interrompida quando o esquema de reforçamento não-contingente

atingiu tempo xo de 300 segundos. Imediatamente após cada sessão de esquema de

reforçamento não-contingente foi realizada uma sessão de extinção de 20 minutos. Esta

condição foi semelhante à fase de avaliação do comportamento-alvo, exceto que nenhum

estímulo reforçador foi entregue.

Resultados
O esquema de reforçamento não-contingente produziu redução imediata na frequência do

comportamento de autolesão de Júlia. A participante apresentou uma média de 3,9

ocorrências do comportamento de autolesão por minuto na avaliação (linha de base),

enquanto que com a introdução da intervenção com esquema de reforçamento não-

contingente essa frequência média foi de 0,3 comportamento por minuto. A frequência do

comportamento de autolesão de Julia diminuiu quase imediatamente para zero durante as

primeiras sessões de reforçamento não-contingente.

Nenhum aumento na frequência de comportamentos de autolesão de Júlia foi observado

durante as sessões de extinção. A ausência de autolesão por períodos relativamente longos

(até 45 minutos) após a exposição prolongada a um esquema denso de reforçamento não-

contingente sugeriu que as reduções de autolesão observadas durante as sessões de

reforçamento não-contingente provavelmente eram uma função da extinção, pois a

contingência permaneceu inalterada (não há relação entre o comportamento e a

consequência) e a transição das condições de saciedade para privação foram irrelevantes.

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De acordo com os pesquisadores, a frequência do comportamento de autolesão de Júlia

permaneceu baixa durante as sessões reforçamento não-contingente e extinção, embora a

programação do esquema fosse densa (FT 15 s) e fosse seguida por um longo período de

privação. Essas descobertas foram um tanto incomuns, sugerindo que o comportamento

autolesivo foi extinto quase imediatamente sob o esquema não-contigente. No entanto, o

comportamento de Julia foi exposto duas vezes ao esquema não-contigente como parte de sua

participação em dois estudos anteriores. É provável que essa a exposição anterior tenha

afetado os resultados dessa pesquisa.

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Tratamento de pica utilizando esquema de tempo xo e


acesso contínuo
Título Treatment of pica through multiple analyses of its reinforcing functions
original

Título Tratamento do comportamento de pica por meio de análises múltiplas das funções de
traduzido reforço

Autores Cathleen Piazza, Wayne Fisher, Gregory Hanley, Liinda LeBlanc, April Worsdell, Steven
Lindauer, Kris Keeney

Jornal Journal of Applied Behavior Analysis

Publicado 1998, Volume 31, Número 2, Páginas 165 a 189


em

Resumo Realizamos análises funcionais do pica de 3 participantes. A pica de 1 participante parecia ser
mantida por reforço automático; a dos outros 2 participantes parecia ser multiplamente
controlada por reforço social e automático. As análises subsequentes de preferência e
tratamento foram usadas para identi car os estímulos que completariam com a função
automática de pica para os 3 participantes. Essas análises também identi caram o aspecto
especí co da estimulação oral que serviu de reforço automático para 2 dos participantes. Além
disso, os tratamentos baseados em análise funcional foram usados para abordar os
componentes socialmente motivados de 2 das pica dos participantes. Os resultados são
discutidos em termos de (a) a importância de usar os resultados de análises funcionais para
desenvolver tratamentos para pica e (b) as vantagens de desenvolver análises indiretas para
identi car fontes especí cas de reforço para comportamento reforçado automaticamente.

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Identi cação
Tadeu, 5 anos, Masculino.

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Diagnóstico
Autismo, Transtorno de Dé cit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), retardo mental moderado

e esofagite grave.

Repertório
Tadeu podia seguir as instruções de uma etapa e se comunicava por meio de um sinal.

Histórico
Os cuidadores relataram que as fezes de Tadeu frequentemente continham tecido, papel,

pedaços de brinquedos, gravetos e pedras. Em uma ocasião, a mãe de Tadeu o encontrou no

quintal comendo um esquilo morto.

Comportamento-alvo
Pica.

O comportamento-alvo da intervenção realizada com Tadeu foi o comportamento de pica. O

comportamento de pica, de forma geral, pode ser de nido como a ingestão de itens não

comestíveis. Na intervenção aqui relatada, o comportamento de pica foi de nida como colocar
na boca um dos itens de nidos como alvo (papel, velas de aniversário, feijão e macarrão cru e

palitos de arroz) ou qualquer outro objeto não comestível que não deva ser ingerido (por

exemplo, cabelo, roupas e carpete).

Objetivo da intervenção
Reduzir a frequência dos comportamentos de pica.

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Análise funcional
Os resultados da análise funcional para Tadeu mostraram que as taxas de pica eram mais

altas na condição de atenção social (média de 3,2 ocorrências de pica por minuto) e eram

baixas em todas as outras condições:

1. Demanda (média de 0,2 ocorrência de pica por minuto)

2. Brincadeira (média de 0,2 ocorrência de pica por minuto)

3. Sozinho (média de 0,4 ocorrência de pica por minuto).

Esses resultados sugeriram que Tadeu se engajou em comportamentos de pica mantida por

atenção contingente.

Descrição da intervenção
Sessões
Foram realizadas sessões diárias com duração de 10 minutos cada sessão.

Local
As sessões foram realizadas em uma sala.

Esquema de reforçamento principal


O esquema de reforçamento não-contingente utilizado na intervenção foi um esquema de

acesso contínuo (CA).

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Estímulos reforçadores        
Os estímulos reforçadores utilizados foram atenção do psicólogo nas formas de atenção verbal

(por exemplo, dizer "Bom trabalho") e atenção física (por exemplo, tapinhas nas costas,

cócegas).

Avaliação do comportamento-alvo
Durante as sessões de avaliação do comportamento de pica, Tadeu recebia brinquedos e era

orientado a brincar com eles silenciosamente. Caso o comportamento de pica ocorresse

durante a sessão, o psicólogo fornecia atenção para Tadeu na forma de uma reprimenda

verbal (por exemplo, "Não faça isso”).

Durante as sessões de avaliação as taxas de pica foram altas e variáveis, com média igual 3,2

ocorrências do comportamento de pica por minuto.

Procedimento
A intervenção com esquemas de reforçamento  não-contingente de acesso contínuo consistia

em fornecer atenção contínua para Tadeu na forma de atenção verbal (por exemplo, "Bom

trabalho") e na forma de atenção física (por exemplo, tapinhas nas costas, cócegas). Nenhuma

consequência diferencial foi fornecida para ocorrências de pica.

Resultados
Durante as sessões de avaliação (linha de base), as taxas de pica foram altas e variáveis: média

de 3,2 ocorrências do comportamento de pica por minuto. Quando a atenção contínua e não-

contingente estava em vigor as taxas de pica diminuíram para um média de 0,3 ocorrência do

comportamento de pica por minuto.

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Os pesquisadores apontaram que mesmo que o tratamento com reforçamento não-

contingente tenha reduzido a frequência do comportamento de pica em relação aos níveis da

linha de base, as taxas de Tadeu de pica durante a intervenção eram clinicamente inaceitáveis

devido à sua gravidade.

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Tratamento de fuga utilizando esquema de acesso contínuo


Título original Functional analysis and treatment of elopement

Título traduzido Análise funcional e tratamento de fuga

Autores Cathleen Piazza e colaboradores

Jornal Journal of Applied Behavior Analysis

Publicado em 1997, Volume 30, Número 4, Páginas 653 a 672

Resumo Fuga é um comportamento perigoso porque crianças que fogem podem encontrar situações de
risco de vida (por exemplo, trânsito). Realizamos análises funcionais da fuga de 3 crianças que
haviam sido diagnosticadas com de ciências de desenvolvimento. Os resultados identi caram
um reforço de manutenção para a fuga de 1 criança, mas os dados foram difíceis de interpretar
para 2 das crianças. Avaliações subsequentes do reforçador foram usadas para ajudar a
esclarecer os reforçadores para fuga para essas 2 crianças. Os resultados das análises
funcionais e avaliações do reforço foram então usados para desenvolver tratamentos bem-
sucedidos para reduzir a fuga. Os resultados são discutidos em termos de (a) a aplicação da
metodologia de análise funcional para fugir, (b) o uso de avaliações de reforço para identi car
reforçadores potenciais quando as análises funcionais padrão são indiferenciadas, e (c) a
utilidade de tratamentos baseados em avaliação para fuga.

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Identi cação
Elvis, 10 anos, Masculino.

Diagnóstico
Retardo mental moderado, autismo, Transtorno de Dé cit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

e convulsão.

Repertório
Elvis poderia seguir as instruções de uma etapa e se comunicar por meio de gestos.

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Histórico
Os cuidadores de Elvis relataram que ele costumava fugir dos quartos e, em seguida, se

envolver em comportamentos perigosos, como tocar cabos elétricos e subir em móveis e

peitoris de janelas.

A mãe de Elvis relatou que ele fugia em todas as situações (por exemplo, na comunidade, na

escola) e observou que ele frequentemente tentava obter itens parecidos com cordas (por

exemplo, pedaços de um esfregão) quando fugia. Ela normalmente permitia que ele brincasse

com esses objetos após a fuga.

Comportamento-alvo
Fuga.

O comportamento-alvo da intervenção realizada com Elvis foi a fuga. A fuga de Elvis foi

de nida como qualquer parte do corpo do participante que passasse pela porta ou quaisquer

tentativas de Elvis de afastar-se a três metros de distância do psicólogo.

Objetivo da intervenção
Reduzir a frequência dos comportamentos de fuga.

Análise funcional
Durante a análise funcional do comportamento de fuga de Elvis, as maiores taxas de fuga

ocorreram na condição de item tangível seguida pela condição de atenção, sugerindo que sua

fuga pode ter sido mantida pelo acesso a itens tangíveis (ou seja, acesso a itens brosos). No

entanto, os pesquisadores alertaram que eles não puderam descartar a possibilidade de que a

fuga de Elvis tenha sido sensível a várias fontes de reforço, porque as taxas de fuga foram

relativamente semelhantes em três (atenção, demanda, ignorar) das quatro condições de teste.

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Descrição da intervenção
Sessões
Foram realizadas sessões diárias com duração de 10 minutos cada sessão.

Local
As sessões foram conduzidas em uma área composta por duas salas (4 m por 5 m) conectadas

por uma única porta. Cada sessão começou com Elvis situado na sala A. A sala A continha

duas cadeiras e uma mesa, e a sala B, uma mesa. Também ocorreram sessões na casa e na

escola de Elvis.

Esquema de reforçamento principal


O esquema de reforçamento não-contingente utilizado na intervenção foi um esquema de

acesso contínuo (CA).

Estímulos reforçadores        
Os estímulos reforçadores foram itens semelhantes a cordas incluíam cordas, cordas elásticas

e cadarços.

Avaliação do comportamento-alvo
As sessões foram conduzidas em uma área composta por duas salas (4 m por 5 m) conectadas

por uma única porta. Cada sessão começou com Elvis situado na sala A. A sala A continha

duas cadeiras e uma mesa, e a sala B, uma mesa.

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Durante a avaliação do comportamento-alvo, uma corda (56 cm de comprimento e 2 cm de

diâmetro) foi colocada na Sala B. Elvis foi autorizado a brincar com a corda na Sala B por 2

minutos antes do início da sessão. Quando a sessão começava, o psicólogo conduzia Elvis para

a Sala A. Se Elvis fugisse, ele era autorizado a brincar com a corda na Sala B durante 40

segundos. corda foi amarrada a uma mesa na Sala B para evitar que fosse levada de volta para

a Sala A.

Durante a avaliação do comportamento-alvo, registrou-se uma média de 1,5 ocorrências do

comportamento de fuga por minuto.

Procedimento
Durante as sessões de intervenção, Elvis recebia acesso não contingente contínuo a itens

semelhantes a cordas na Sala A durante o tratamento. Os itens semelhantes a cordas foram

colocados na mesa da Sala A. Elvis foi impedido de levar as cordas da Sala A para a Sala B. As

fugas foram ignoradas pelo psicólogo (ou seja, o psicólogo não fornecei nenhuma

consequência diferencial); no entanto, Elvis conseguiu obter a corda na Sala B quando fugia.

Os procedimentos também foram realizados em casa, pela mãe de Elvis, e na escola, pela

professora.

Resultados
Na condição de linha de base, na qual o comportamento-alvo de fuga resultou em acesso ao

item tangível, Elvis se envolveu em altos níveis de fuga, cerca de 1,2 a 1,6 vezes por minuto. Por

outro lado, durante o tratamento, Elvis obteve acesso contínuo e não contingente a itens

tangíveis, independentemente do comportamento, inclusive, durante a fuga, que também

 resultou em acesso ao item tangível. Durante o tratamento, a frequência do comportamento

de fuga manteve-se em níveis próximos de zero, cerca de 0 a 0,5 vezes por minuto.

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Quando o tratamento foi estendido a diferentes cuidadores (ou seja, mãe e professora) e

ambientes (ou seja, casa e escola), os ganhos de tratamento foram mantidos. Elvis não se

envolveu em fuga quando sua mãe ou professor implementaram o tratamento.

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Tratamento  de comportamentos de agressão, disrupção e


autolesão utilizando esquema de acesso contínuo
Título Some effects of noncontingent positive reinforcement on multiply controlled problem behavior
original and compliance in a demand contex

Título Alguns efeitos do reforço positivo não-contingente no comportamento problemático


traduzido multiplamente controlado e na conformidade em um contexto de demanda

Autores Einar Ingvarsson, Sungwoo Kahng, Nicole Hausman

Jornal Journal of Applied Behavior Analysis

Publicado 2008, Volume 41, Número 3, Páginas 435 a 440


em

Resumo A análise funcional sugeriu que o comportamento problemático de uma menina autista de 8
anos de idade foi mantido pela fuga das demandas e acesso a itens comestíveis. A entrega não
contingente de um item comestível foi su ciente para aumentar a conformidade e reduzir a
taxa de comportamento problemático sem o uso de extinção de fuga em um contexto de
demanda. Esquemas mais enxutos e mais ricos de reforço não contingente foram igualmente
e cazes, e houve diferenças mínimas entre o reforço não contingente e o reforço diferencial da
conformidade.

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Identi cação
Manuela, 8 anos, Feminino.

Diagnóstico
Autismo, paralisia cerebral leve, retardo mental moderado e transtorno obsessivo-compulsivo.

Repertório
As habilidades de comunicação de Manuela eram limitadas, mas ela ocasionalmente se

comunicava usando palavras isoladas e frases curtas.

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Histórico
Não foi apresentado no artigo.

Comportamento-alvo
Agressão, Disrupção e Autolesão.

Comportamento consistia em:

 A agressão foi de nida como bater, arranhar, beliscar, morder, atirar objetos para os

outros, chutar e empurrar.

 A disrupção foi de nida como bater em objetos, deslizar objetos de superfícies e

arremessar, quebrar ou dani car ou destruir objetos.

 A autolesão foi de nida como bater ou tentar bater com a cabeça em superfícies duras,

bater-se com a mão ou com um objeto e morder a si mesma.

Também foram registrados dados sobre conformidade, que foi de nida como conclusões de

tarefas seguindo instruções vocais e imitação.

Objetivo da intervenção
Reduzir a frequência dos comportamentos de agressão, disrupção e autolesão.

Análise funcional
A análise funcional indicou que os comportamentos problemáticos eram mantidos pelo acesso

a itens tangíveis e fuga de demandas.

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Descrição da intervenção
Sessões
Foram realizadas sessões diárias com duração de 10 minutos cada sessão.

Local
As sessões foram realizadas em um quarto da unidade de internação em que a Manuela havia

sido internada.

Esquema de reforçamento principal


O esquema de reforçamento não-contingente utilizado na intervenção foi um esquema de

acesso contínuo (CA).

Estímulos reforçadores        
Os estímulos reforçadores foram itens comestíveis preferidos (por exemplo, bolachas de queijo

entre outros).

Avaliação do comportamento-alvo
Durante a avaliação do comportamento-alvo, Manuela e o psicólogo sentaram-se num tapete

no chão e um ou dois observadores sentaram-se em cadeiras a 2 metros de distância. Em

sessões de demanda, o terapeuta apresentou tarefas adequadas ao desenvolvimento que

incluíam escrever e traçar letras e números, desenhar e traçar formas, abotoar roupas,

amarrar cadarços, amarrar contas e montar quebra-cabeças.

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Na condição de demanda, o psicólogo apresentou demandas contínuas e implementou dicas

(instruções vocais, comandos do modelo e orientação física) conforme necessário para auxiliar

na conclusão da tarefa. Uma pausa de 30 segundos nas demandas foi fornecida

imediatamente após o comportamento problemático. O psicólogo sinalizou o início do

intervalo dizendo: ‘‘ Ok, você não precisa ’’ e removeu os materiais da tarefa.

Na condição de brincar, os brinquedos preferidos estavam continuamente disponíveis,

nenhuma demanda era apresentada, nenhuma consequência social decorria do

comportamento problemático e o psicólogo dava atenção para Manuela a cada 30 segundos. O

psicólogo elogiou a conformidade e respondeu à comunicação apropriada, caso ocorresse.

A frequência dos comportamentos-problema, antes da intervenção, foi de cerca de 0,5 a 17,6

ocorrências por minuto.

Procedimento
Durante a intervenção, o psicólogo apresentou demandas contínuas e implementou dicas

(instruções vocais, comandos do modelo e orientação física) conforme necessário para auxiliar

na conclusão da tarefa. Uma pausa de 30 segundos nas demandas foi fornecida

imediatamente após o comportamento problemático. O psicólogo sinalizou o início do


intervalo dizendo: ‘‘ Ok, você não precisa ’’ e removeu os materiais da tarefa.

O psicólogo entregou os itens comestíveis preferidos (biscoitos de queijo ou biscoitos)

imediatamente antes das instruções vocais iniciais, independente do comportamento da

Manuela.

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Para reduzir a probabilidade de reforço acidental da conformidade, os psicólogos certi caram-

se de que decorreram pelo menos 10 segundos entre o nal de uma tentativa e o início do

seguinte. Antes de cada sessão, Manuela tinha permissão para escolher qual item comestível

seria usado.

Os psicólogos avaliaram duas densidades de reforçamento: baixa densidade (BD; um item

comestível foi entregue antes de cada quarta demanda) e alta densidade (AD; um item

comestível foi entregue antes de cada demanda).

Resultados
Durante a avaliação dos comportamentos-problema (linha de base), a frequência dos

comportamentos-problema foi elevado na condição de demanda, mas permaneceu em zero na

condição de brincar de brinquedo, sugerindo a sensibilidade do comportamento problemático

para itens comestíveis e fuga das demandas. A conformidade foi baixa na linha de base. Com

o início do reforçamento não-contingente, o comportamento problemático diminuiu e a

conformidade aumentou para aproximadamente 80% em ambas as condições de densidade de

reforçamento.

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Tratamento de ruminação utilizando esquema de acesso


contínuo
Título The effects of noncontingent reinforcement with alternative oral stimulation in the treatment
original of rumination

Título Os efeitos do reforço não-contingente com estimulação oral alternativa no tratamento da


traduzido ruminação

Autores Regina Carroll, John Rapp, Tasha Rieck, Brooke Siewert

Jornal Journal on Developmental Disabilities

Publicado 2011, Volume 17, Número 1, Páginas 72 a 76


em

Resumo Avaliamos os efeitos do reforço não contingente na ruminação exibida por um menino com
autismo. Especi camente, a porcentagem de tempo que o menino se dedicou à ruminação pós-
refeição foi medida sob condições em que ele tinha e não tinha acesso contínuo e não
contingente a estimulação oral alternativa por meio de um brinquedo de mastigar. Os
resultados mostram que a ruminação pós-refeição foi menor quando o participante tinha
acesso não contingente a um brinquedo para roer do que durante as condições basais (ou seja,
quando o brinquedo estava ausente). Os resultados de uma avaliação de acompanhamento
sugerem que o brinquedo para mastigar continuou a competir com a ruminação após 8 meses
de intervenção. Estes resultados são brevemente discutidos em termos de estimulação
funcionalmente combinada e operações motivadoras.

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Identi cação
João, 8 anos, Masculino.

Diagnóstico
Autismo.

Repertório
Jesse se comunicava usando alguns sinais manuais (por exemplo, biscoito, lme, tudo pronto)

e dois microinterruptores com mensagens pré-gravadas para solicitar acesso à atenção e ao

banheiro.

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Histórico
João foi encaminhado por seus pais para o tratamento de ruminação crônica e vômitos

intermitentes. Antes do encaminhamento, esses comportamentos levaram à alta de Jesse de

um programa de tratamento comportamental de intervenção precoce.

Antes do início deste estudo, uma avaliação médica não revelou quaisquer causas físicas para

a ruminação (por exemplo, distúrbio do re uxo gastroesofogeal). No entanto, João tinha

história de esofagite leve e úlceras estomacais. Além disso, João teve cáries dentárias extensas

que foram diretamente atribuídas à sua ruminação. Antes do início deste estudo, um dentista

havia tampado todos os dentes de João para evitar mais cáries.

Comportamento-alvo
Ruminação.

O comportamento-alvo da intervenção foi a Ruminação. O comportamento de ruminar foi

de nido como o contato entre uma das mãos de João ou uma peça de mobília com o abdômen,

enquanto simultaneamente se inclinava para frente (respostas precursoras), na presença de

comida ou líquido na boca de João na ausência de ingestão de alimentos ou sons de ar


originários da boca de João, que quase sempre precediam a regurgitação de alimentos. Embora

a mastigação de alimentos ingeridos anteriormente faça parte da ruminação, a mastigação

não foi incluída, por si só, na de nição formal do comportamento, porque João normalmente

manipulava o alimento com a língua em vez de mastigá-lo ativamente.

Objetivo da intervenção
Reduzir a frequência dos comportamentos de ruminação.

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Análise funcional
As tentativas anteriores de tratar a ruminação de João incluíram uma combinação de

alimentação suplementar (acesso não-contingente a alimentos) e punição leve (a aplicação de

Listerine). Este pacote de tratamento inicialmente diminuiu a ruminação de João para níveis

próximos de zero por vários meses. No entanto, sua ruminação acabou aumentando após as

refeições.

Observações informais sugeriram que a ruminação de João ocorreu independentemente das

consequências sociais. Além disso, as análises formais que foram conduzidas para outro

comportamento problemático (por exemplo, estereotipia motora) que foi exibida por Jesse

indicou que sua ruminação persistiu na ausência de consequências sociais.

Antes do início do estudo, os cuidadores ocasionalmente davam a João acesso a um

brinquedo para mastigar e relatavam que João se envolvia em pouca ou nenhuma ruminação.

Descrição da intervenção
Sessões
Cada sessão consistiu em uma observação pós-refeição de 20 minutos. Os primeiros 15
minutos da observação pós-refeição foram conduzidos imediatamente após uma refeição e os

últimos 5 minutos da observação pós-refeição foram conduzidos 30 minutos após uma

refeição. O nal de uma refeição era normalmente determinado de duas maneiras. Primeiro,

João sinalizava "tudo pronto". Em segundo lugar, João recusou um alimento preferido

conhecido em duas ou mais tentativas consecutivas. Seguindo ambos os cenários, João foi

autorizado a deixar a mesa de jantar e, em seguida, a coleta de dados para seus

comportamentos-alvo começou em 2 ou 3 minutos.

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Local
As sessões foram realizadas na sala da casa da família.

Esquema de reforçamento principal


O esquema de reforçamento não-contingente utilizado na intervenção foi um esquema de

acesso contínuo (CA).

Estímulos reforçadores        
Os estímulos reforçadores utilizados foram brinquedos mastigáveis.

Avaliação do comportamento-alvo
Durante a avaliação do comportamento-alvo, João foi colocado na sala da família de sua casa

após cada refeição agendada e estava livre para manipular itens que estavam normalmente

disponíveis naquele ambiente (por exemplo, brinquedos, livros, vídeos). O psicólogo não iniciou

a interação com João. No entanto, João poderia solicitar atenção do treinador usando um

microinterruptor.

Durante a avaliação do comportamento-alvo, o comportamento-alvo de ruminação ocorreu em

média durante 13,9% do tempo das sessões das sessões.

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Procedimento
Durante as sessões de intervenção, após cada refeição agendada, João era direcionado à sala

da casa de sua família na qual tinha acesso contínuo a um brinquedo mastigável

independentemente do que ele estivesse fazendo. O psicólogo não interagia   com João, no

entanto, João poderia solicitar atenção do psicólogo usando um micro-interruptor. O

brinquedo de mastigar foi preso a um colar, que foi colocado em volta do pescoço de João. Esse

brinquedo para mastigar era disponibilizado após as refeições. Se ele removesse o brinquedo

do pescoço para mastigar e não o colocasse dentro de 1 minuto, o psicólogo colocava-o

novamente em volta do seu  pescoço (nenhuma interação adicional foi fornecida).

Resultados
Durante a avaliação do comportamento-alvo, o comportamento-alvo de   ruminação ocorreu

em média durante 13,9% do tempo das sessões das sessões. Durante a intervenção, que foi

realizada com a entrega não-contingente do brinquedo de mastigar, o comportamento-alvo de

ruminação diminuiu para níveis próximos de zero (média de 1,2%   do tempo das sessões). O

comportamento de colocar o brinquedo na boca para mastigar ocorreu em uma alta

frequência, ocorrendo em média durante 63,4% do tempo da sessão.

Os resultados desse estudo indicam que o acesso contínuo a um item não alimentar após as

refeições pode diminuir a ruminação pós-refeição. Uma vantagem potencial do uso do

brinquedo para mastigar para João foi que sua ruminação diminuiu sem aumentar sua

ingestão calórica ou interferir em outras programações, que dependiam muito do uso de

reforços comestíveis. O estudo também mensurou diretamente o envolvimento de João com o

estímulo alternativo e mostrou que a ruminação normalmente diminuía quando o

comportamento de colocar o brinquedo na boca para para mastigar aumentava. Essa

descoberta sugere que a ruminação de João foi, pelo menos em parte, mantida pela

estimulação oral produzida pela recuperação de alimentos ingeridos anteriormente.

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Tratamento do comportamento de cuspir utilizando esquema


de acesso contínuo
Título The use of response cost to treat spitting by a child with autism
original

Título O uso do custo de resposta para tratar o comportamento de cuspir em uma criança com
traduzido autismo.

Autores Sara Bartlett, John Rapp, Tyler Kruegerm Marissa Henrickson

Jornal Behavioral Interventions

Publicado 2011, Volume 26, Número 1, Páginas 76 a 83


em

Resumo Avaliamos até que ponto o acesso não contingente a um ou vários itens e a remoção
contingente de um item especí co diminuíram o cuspe de um menino. Os resultados indicaram
que o cuspe do menino não diminuiu quando ele recebeu acesso não contingente a estímulos
alternativos múltiplos ou a um rádio de brinquedo. Por outro lado, quando o rádio de brinquedo
foi removido na contingência de cuspir, a taxa de cuspir do menino caiu para zero ou quase
zero. Resultados semelhantes foram produzidos na sala de aula de educação especial do
menino. Sessões de acompanhamento realizadas 2 e 4 meses depois indicaram que a redução
nas cuspidas do menino persistiu ao longo do tempo.

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CRUZ & MOREIRA (2021)

Identi cação
Eduardo, 8 anos, Masculino.

Diagnóstico
Transtorno do Espectro do Autismo.

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CRUZ & MOREIRA (2021)

Repertório
As habilidades verbais de Eduardo eram limitadas a expressões de sílaba única e as

solicitações de itens ocorriam principalmente por meio do dedo indicador, ou seja, apontando

o dedo.

Histórico
Eduardo tinha um histórico de envolvimento em inúmeras formas de comportamento

problemático, incluindo comportamento autolesivo, agressão física, agressão a objetos, fuga e

cuspir.

Embora várias intervenções envolvendo acesso contínuo a itens ou atividades preferenciais

tenham sido implementadas para cuspir de Eduardo ao longo dos 16 meses anteriores,

nenhuma produziu reduções consistentes em seu comportamento (ou seja, cuspir

normalmente aumentou para níveis basais em 2 semanas). Em parte, a e cácia limitada de

intervenções anteriores parecia estar ligada à preferência inconsistente de Eduardo por

brinquedos e itens alimentares.

Comportamento-alvo
Cuspir.

O comportamento-alvo da intervenção realizada com Eduardo foi cuspir. Cuspir foi de nido

como a projeção de saliva da boca de Eduardo pelos lábios.

Depois de cuspir em uma superfície, o menino normalmente assistia a saliva escorrer por essa

superfície (por exemplo, uma parede, encosto de uma cadeira), e manuseava a saliva com uma

das mãos ou ambas.

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CRUZ & MOREIRA (2021)

Objetivo da intervenção
Reduzir a frequência dos comportamentos de cuspir.

Análise funcional
A análise funcional indicou que o comportamento de cuspir era mantido por reforçamento

automático.

Descrição da intervenção
Sessões
Foram realizadas sessões de 2 a 3 vezes por semana com duração de 15 minutos cada sessão.

Local
Todas as sessões ocorreram em uma sala de 2 metros por 4 metros dentro de uma escola

pública de ensino fundamental. A sala estava vazia, exceto por um armário no canto.

Esquema de reforçamento principal


O esquema de reforçamento não-contingente utilizado na intervenção foi um esquema de

acesso contínuo (AC).

Estímulos reforçadores        
O estímulo reforçador foi um rádio de brinquedo.

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CRUZ & MOREIRA (2021)

Avaliação do comportamento-alvo
Durante a avaliação do comportamento-alvo, nenhum estímulo alternativo estava disponível

na sala. Dois treinadores estavam presentes na sala com Eduardo, mas eles não forneceram

consequências para nenhum dos comportamentos de Eduardo (ou seja, o comportamento

problemático foi ignorado). Eduardo foi autorizado a andar pela sala ou sentar-se no chão. A

m de ajudar a descartar a fuga de demandas como uma possível função para cuspir de

Eduardo, não foi  solicitada nenhuma demanda ou qualquer atividade acadêmica durante as

sessões nesta fase. Esta fase avaliou até que ponto cuspir persistia na ausência de

consequências sociais e serviu como uma linha de base contra a qual os efeitos de

intervenções potenciais poderiam ser avaliados.

Durante a avaliação do comportamento-alvo (linha de base), a taxa média do comportamento-

alvo de cuspir foi de 2,9 respostas por minuto, aumentando para uma taxa média de 4,15

respostas por minuto, quando a segunda fase de linha de base foi restabelecida.

Procedimento
Durante as sessões, Eduardo tinha acesso contínuo a um rádio de brinquedo, que foi

identi cado como item preferido. Posteriormente, o psicólogo adicionou um procedimento de

atraso para a entrega do rádio, após cada ocorrência do comportamento-alvo de cuspir. Assim,

após cada ocorrência do comportamento-alvo de cuspir, o psicólogo ia até Eduardo pegava o

rádio, desligava-o e colocava-o atrás das costas por 10 segundos. Durante esse período, o

psicólogo não interagia com Eduardo.

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CRUZ & MOREIRA (2021)

Após 10 segundos, o psicólogo ligava o rádio, colocava-o no chão a 15 centímetros de Eduardo e

caminhava para o outro lado da sala. Se Eduardo cuspisse ou exibisse problemas de

comportamento, enquanto o psicólogo estivesse com o rádio, ele retornava após 10 segundos.

Por exemplo, se Eduardo cuspisse após a remoção do rádio, o tempo que o psicólogo manteve o

rádio não aumentou, porém, se Eduardo cuspisse algum tempo depois que o rádio fosse

colocado no chão, ele seria removido por mais 10 segundos.

Resultados
Durante a primeira fase de linha de base, a taxa média do comportamento-alvo de cuspir foi de

2,9 respostas por minuto, aumentando para uma taxa média de 4,15 respostas por minuto,

quando a segunda fase de linha de base foi restabelecida.

Durante a primeira fase de tratamento com esquema de reforçamento não-contingente de

acesso contínuo, em que Eduardo tinha acesso continuamente a um rádio, a taxa média do

comportamento-alvo de cuspir foi de 2,0 respostas por minuto. Por outro lado, durante a

primeira fase de acesso contínuo ao rádio com atraso de entrega do rádio, o comportamento

de cuspir de Eduardo diminuiu para taxas próximas de zero, resultando em uma taxa média de

0,28 respostas por minuto.

Após a introdução da segunda fase de acesso contínuo ao rádio com atraso de entrega do

rádio, o comportamento-alvo de cuspir de Eduardo diminuiu novamente para taxas próximas

de zero, taxa média de 0,08 respostas por minuto. Os resultados deste estudo indicam que o

acesso contínuo a itens preferidos (rádio) com atraso de entrega do reforçador mostrou-se

e caz na redução de comportamento-problema de cuspir mantido por reforçamento

automático.

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CRUZ & MOREIRA (2021)

Tratamento de discurso bizarro utilizando esquema de tempo


xo
Título Functional analysis and treatment of the bizarre speech of dually diagnosed adults
original

Título Análise funcional e tratamento da fala bizarra de adultos com diagnóstico duplo
traduzido

Autores Blake Lancaster, Linda LeBlanc, James Carr, Shasta Brenske, Mary  Peet, Steven J Culver

Jornal Journal of Applied Behavior Analysis

Publicado 2004, Volume 37, Número 1, Páginas 395 a 399


em

Resumo Nove estudos analítico-comportamentais, cada um relatando dados de um único participante,


mostraram que a fala bizarra pode ser mantida por reforço social. No presente estudo,
controlamos um possível viés de encaminhamento nesta literatura, incluindo participantes
não encaminhados com diagnósticos duplos. As análises funcionais identi caram funções de
atenção para 2 participantes e funções não sociais para os outros. O reforço não contingente
diminuiu a fala bizarra de ambos os participantes que exibiram uma fala bizarra mantida pela
atenção.

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Identi cação
Ana, 53 anos, Feminino.

Diagnóstico
Retardo mental moderado e transtorno bipolar.

Repertório
O vocabulário de Ana consistia em 20 a 30 palavras e o seu discurso bizarro consistia em uma

ou duas palavras não relacionadas ao ambiente que pareciam ser fragmentos de conversas

anteriores.

Histórico
Não informado no artigo.

Comportamento-alvo
Discurso bizarro.

O comportamento-alvo da intervenção realizada com Ana foi o discurso bizarro. O discurso

bizarro foi de nido como referências a referências a objetos ou pessoas não presentes nas

discussões, vocalizações ininteligíveis e a expressão de palavras que não tinham relação umas

com as outras, normalmente denominadas "salada de palavras" (por exemplo, "elas fazem

melhor a manteiga"). O discurso apropriado foi de nido como perguntas, frases ou declarações

de fato ou opinião inteligíveis e de conversação relevantes para o contexto (por exemplo,

"Vamos almoçar mais tarde?").

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CRUZ & MOREIRA (2021)

Objetivo da intervenção
Reduzir a frequência dos comportamentos de discurso bizarro.

Análise funcional
A análise funcional indicou que o discurso bizarro era mantido pelo acesso à atenção. Ana foi

observada em uma sala sem acesso a estímulos ou interação. A atenção prestada nessas

sessões consistiu em breves elogios, como "Eu gosto de como você está hoje".

Descrição da intervenção
Sessões
Foram realizadas sessões diárias com duração de 10 minutos cada sessão. Aproximadamente

6 a 8 sessões foram realizados por dia, 2 a 3 dias por dias semana.

Local
As sessões foram realizadas em um consultório de psicologia.

Esquema de reforçamento principal


O esquema de reforçamento não-contingente utilizado na intervenção foi um esquema de

tempo xo (FT).

Estímulos reforçadores        
Os estímulos reforçadores consistiram de atenção na forma de breves elogios, como "Eu gosto

de como você está hoje”.

Avaliação do comportamento-alvo
Durante a avaliação do comportamento-alvo, o comportamento-alvo (discurso bizarro) ocorreu

durante 81% dos intervalos nos quais houve registro do comportamento-alvo.

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CRUZ & MOREIRA (2021)

Procedimento
Durante a sessão, a atenção foi concedida a Ana em um esquema não-contingente de tempo

xo. A atenção concedida à Ana consistiu em breves elogios, como "Eu gosto de como você

está hoje", “Bom trabalho!’, a cada 20 segundos independentemente do que ela estivesse

fazendo, quando o cronômetro marcava o horário estabelecido para reforçamento, inclusive se

ela estivesse emitindo comportamentos problemáticos (discurso bizarro).

Resultados
Durante a condição de linha de base, o discurso bizarro ocorreu durante 81% dos intervalos e

diminuiu para 31% dos intervalos durante a apresentação não-contingente de atenção. Foi

possível constatar por meio do estudo a e cácia do esquema de reforçamento não-contingente

a diminuição da frequência do comportamento-alvo de discurso bizarro. Contudo, a fala

apropriada não foi in uenciada pelo esquema de reforçamento não-contingente, sendo assim,

um componente adicional (por exemplo, treinamento de habilidades de conversação) seria

necessário para promover a habilitação ideal.

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CRUZ & MOREIRA (2021)

Tratamento de interrupção verbal utilizando esquema de


tempo xo e acesso contínuo
Título The effects of xed-time reinforcement schedules on problem behavior of children with
original emotional and behavioral disorders in a day-treatment classroom setting

Título Os efeitos dos esquemas de reforço de tempo xo no comportamento problemático de crianças


traduzido com transtornos emocionais e comportamentais em um ambiente de sala de aula com
tratamento diurno

Autores Karina Rasmussen, Robert O'Neill

Jornal Journal of Applied Behavior Analysis

Publicado 2006, Volume 39, Número 1, Páginas 453 a 457


em

Resumo O estudo atual avaliou os efeitos dos esquemas de reforço de tempo xo no comportamento
problemático de alunos com transtornos emocionais e comportamentais em um ambiente de
sala de aula com tratamento clínico diário. Três alunos do ensino fundamental com uma
variedade de problemas emocionais e comportamentais participaram do estudo. Avaliações
funcionais iniciais indicaram que a atenção social era o reforçador de manutenção de seu
comportamento verbalmente perturbador. As fases da linha de base foram alternadas com
fases nas quais a atenção foi fornecida em esquemas de tempo xo no contexto de um
delineamento ABAB. Os resultados indicaram que a prestação de atenção em horários xos
reduziu substancialmente a taxa de interrupções verbais dos participantes. Essas diminuições
foram mantidas durante a diminuição inicial dos esquemas. Os resultados fornecem um dos
primeiros exemplos de que tal intervenção pode ser implementada com sucesso em um
ambiente de sala de aula.

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Identi cação
Carlos, 8 anos, Masculino.

Diagnóstico
Transtorno de ansiedade.

Repertório
Não informando no artigo.

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Histórico
Na época do estudo, Carlos possuía um funcionamento intelectual médio e sem histórico de

di culdades de aprendizagem.

Comportamento-alvo
Interrupção verbal.

O comportamento-alvo da intervenção realizada com Carlos foi a interrupção verbal. As

interrupções verbais de Carlos foram de nidas como cantar em voz alta, conversar com um

colega enquanto o professor falava ou falar sem primeiro levantar a mão em sala de aula.

Objetivo da intervenção
Reduzir a frequência dos comportamentos de interrupção verbal.

Análise funcional
A análise funcional indicou que as interrupções verbais eram mantidas pelo acesso à atenção.

A atenção nessas sessões foi concedida por meio das respostas do professor que eram

concedidas de forma mais rápida e sucinta possível, se Carlos levantasse a mão, esperasse sua

vez e zessem perguntas apropriadas sobre as suas atividades escolares.

Descrição da intervenção
Sessões
Foram realizadas de 3 a 5 sessões diárias com duração de 10 minutos cada sessão, 5 dias por

semana.

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Local
As sessões foram realizadas em uma sala de aula.

Esquema de reforçamento principal


O esquema de reforçamento não-contingente utilizado na intervenção foi um esquema de

tempo xo (FT).

Estímulos reforçadores        
Os estímulos reforçadores foram atenção na forma de respostas do professor, que eram dadas

o mais rápido e sucintamente possível, bem como elogios e contato físico.

Avaliação do comportamento-alvo
Durante a avaliação do comportamento-alvo, percentual de intervalos com interrupções

verbais for de cerca de 25% a 80%.

Procedimento
Durante a sessão, se Carlos levantasse as mãos e zesse perguntas apropriadas sobre seus

trabalhos escolares, ele recebia respostas do professor o mais rápido e sucintamente possível,

já outras interrupções ou comportamentos verbais eram ignorados. Este procedimento foi

utilizado juntamente com esquema de reforçamento não-contingente de tempo xo de 20

segundos, ou seja, o professor fazia elogios verbalmente e dava tapinhas no braço de Carlos a

cada 20 segundos. O professor era avisado por um temporizador vibratório prede nido que

indicava o tempo para fornecer a atenção social.

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Foi adicionado ao esquema de reforçamento não-contingente um procedimento de atraso para

a entrega de atenção, pois, caso, ao nal do intervalo de 20 segundos, se Carlos estivesse

interrompendo verbalmente, o professor aguardava por 10 segundos antes de dar a atenção. Se

ao nal desses 10 segundos Carlos ainda estivesse interrompendo, o professor esperava mais

10 segundos, e assim por diante. Depois da segunda fase de esquema de reforçamento não-

contingente de tempo xo, foram realizadas tentativas de aumentar o intervalo do esquema à

medida que o comportamento de interrupção verbal foi diminuindo de frequência (20

segundos, 45 segundos, 60 segundos e 90 segundos).

Resultados
Durante a linha de base, a porcentagem de intervalos de 10 segundos em que ocorreram as

interrupções verbais foram variáveis, mas relativamente altas, cerca de 30% a 80%. A

implementação do esquema de reforçamento de tempo xo resultou em reduções imediatas,

para cerca de 0% a 10%. Foram realizadas três sessões de redução do esquema de reforçamento

não-contingente com Carlos. O intervalo do esquema de tempo xo durante a primeira sessão

foi de 45 segundos e os intervalos das duas últimas sessões foram 60 e 90 segundos,

respectivamente.

Durante essas sessões nais, Carlos continuou exibindo baixas taxas do comportamento-

problema, embora os dados parecessem demonstrar o início de uma potencial tendência

crescente. Este estudo estende a literatura existente sobre o uso de esquema de reforçamento

não-contingente de tempo xo, demonstrando que sua implementação em um ambiente de

sala de aula com crianças com transtornos emocionais ou comportamentais diagnosticados

clinicamente foram e cazes na redução do comportamento-alvo de interrupção verbal.

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Tratamento de coprofagia utilizando esquema de tempo xo


e acesso contínuo
Título Functional analysis and treatment of coprophagia
original

Título Análise funcional e tratamento da coprofagia


traduzido

Autores Anna Ing, Henry Roane, Rebecca Veenstra

Jornal Journal of Applied Behavior Analysis

Publicado 2011, Volume 44, Número 1, Páginas 151 a 155


em

Resumo Na presente investigação, os resultados da análise funcional sugeriram que a coprofagia, a


ingestão de matéria fecal, era mantida por reforço automático. Fornecer acesso não
contingente a estímulos alternativos diminuiu a coprofagia e a intervenção foi generalizada
para dois ambientes.

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Identi cação
Sara, 6 anos, Feminino.

Diagnóstico
Transtorno do Espectro do Autismo.

Repertório
Sara foi encaminhada à clínica devido a preocupações com coprofagia, bem como esfregaço

fecal, comportamentos disruptivos, fuga e comportamento autolesivo.

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Histórico
Sara realizava consultas médicas diárias de 90 minutos de duração em ambulatório. Ela

frequentemente se envolvia em comportamentos de coprofagia, manuseio de fezes, disrupção,

fuga e comportamento autolesivo.

Comportamento-alvo
Coprofagia.

O comportamento-alvo da intervenção realizada com Sara foi o de comer fezes (coprofagia). A

coprofagia de de Sara foi de nida como qualquer pedaço de fezes arti ciais que cruzasse o

plano dos lábios de Sara.

Objetivo da intervenção
Reduzir a frequência dos comportamentos de coprofagia.

Análise funcional
A análise funcional indicou que a coprofagia era mantida pelo reforço automático. Os itens

utilizados nessas sessões foram fezes arti ciais.

Descrição da intervenção
Sessões
Foram realizadas sessões diárias com duração de 10 minutos cada sessão.

Local
As sessões foram realizadas em um consultório de psicologia.

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Esquema de reforçamento principal


Os esquemas de reforçamento não-contingente utilizados na intervenção foram esquema de

tempo xo (FT)  e acesso contínuo (CA).

Estímulos reforçadores        
Os estímulos reforçadores utilizados foram itens alimentares (por exemplo, Froot Loops, M &

Ms, Mentos, Gummi bears).

Avaliação do comportamento-alvo
Durante a avaliação do comportamento-alvo, a frequência média de coprofagia de Sara foi de

cerca 1,7 respostas por minuto.

Procedimento
Durante as sessões, fezes arti ciais foram colocadas no chão da sala - para atrair a criança - e

uma bandeja, contendo cada um dos itens alimentares identi cados na avaliação de

preferências (por exemplo, Froot Loops, M & Ms, Mentos, Gummi bears). O psicólogo cou na

sala com Sara, mas não apresentou consequências sociais após a ocorrência de coprofagia ou

consumo de alimentos, nem houve interação do psicólogo com Sara se ela tentasse fazê-lo. No

entanto, o psicólogo reabastecia os itens, se Sara os consumisse para garantir que ela tivesse

acesso contínuo aos itens. Para diminuir a quantidade de alimentos alternativos consumidos

durante o tratamento com esquema de reforçamento não-contingente de acesso contínuo, foi

estabelecido o esquema de reforçamento não-contingente com tempo xo de 30 segundos. Por

exemplo, o psicólogo colocou um dos itens alimentares preferidos na bandeja a cada 30

segundos.

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CRUZ & MOREIRA (2021)

Posteriormente, foram realizadas sessões adicionais para estender a generalidade do

tratamento, transferindo a intervenção para situações que se aproximavam daquelas em que

Sara habitualmente se envolvia em coprofagia (isto é, fezes encontradas em fraldas sujas no

lixo e em banheiros não lavados). Assim, o esquema de reforçamento foi implementado em um

banheiro e em uma sala contendo uma lata de lixo. No local da lata de lixo, as fezes arti ciais

estavam dentro de uma fralda de pano que foi colocada dentro de uma lata de lixo não usada

anteriormente.

No banheiro, as fezes arti ciais foram colocadas dentro de um banheiro de treinamento não

utilizado. As condições da linha de base em ambas as con gurações eram idênticas à

condição da linha de base da análise do tratamento. Durante o esquema de reforçamento não-

contingente, Sara teve acesso contínuo a uma sacola que continha os itens alimentares

identi cados na avaliação de preferências, e o psicólogo reabasteceu quaisquer itens

alimentares conforme foi necessário, mas não interagiu com Sara.

Resultados
Durante a fase inicial de linha de base, a frequência média do comportamento-alvo de comer

fezes foi de 1,7 respostas por minuto. Quando o esquema de reforçamento foi implementado, a

coprofagia diminuiu para zero e o consumo de alimentos para uma taxa média 1,7 respostas

por minuto.

O consumo de alimentos foi semelhante à fase inicial do esquema de reforçamento não-

contingente e persistiu à medida que o esquema de reforçamento não-contingente foi

reduzido, resultando em uma taxa média de 1,8 respostas por minuto. Na fase de generalização

em que o esquema de reforçamento não-contingente foi implementado em outros ambientes,

as taxas de coprofagia foram em média de 0,7 e 1,7 respostas por minuto na lixeira da sala e no

banheiro, respectivamente.

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CRUZ & MOREIRA (2021)

Quando o esquema de reforçamento não-contingente foi implementado na lixeira, a

coprofagia diminuiu para zero e o consumo de alimentos ocorreu em níveis relativamente

altos, em média  2,5 respostas por minuto. Um efeito semelhante foi observado no ambiente do

banheiro, a coprofagia diminuiu para zero e o consumo de alimentos ocorreu em níveis

relativamente altos, em média 2,5 respostas por minuto. O estudo indica que o uso de análise

funcional na avaliação da coprofagia e o uso de esquema de reforçamento não-contingente no

tratamento de coprofagia são e cazes no tratamento de coprofagia mantida por reforço

automático.

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Tratamento de comunicação inadequada utilizando esquema


de acesso contínuo
Título An evaluation of response cost in the treatment of inappropriate vocalizations maintained by
original automatic reinforcement

Título Uma avaliação do custo de resposta no tratamento de vocalizações inadequadas mantidas por
traduzido reforço automático

Autores Terry Falcomata, Henry Roane, Alyson Hovanetz, Tracy Kettering, Kris Keeney

Jornal Journal of Applied Behavior Analysis

Publicado 2004, Volume 20, Número 1, Páginas 83 a 87


em

Resumo No presente estudo, examinamos a utilidade de um procedimento que consiste em reforço não-
contingente com e sem custo de resposta no tratamento de vocalizações inadequadas
mantidas por reforço automático. Os resultados são discutidos em termos do exame das
variáveis que contribuem para a e cácia do custo da resposta como tratamento para o
comportamento problemático mantido por reforço automático.

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CRUZ & MOREIRA (2021)

Identi cação
Daniel, 18 anos, Masculino.

Diagnóstico
Transtorno do Espectro do Autismo.

Repertório
Daniel frequentemente se envolvia em múltiplos problemas de comportamento, incluindo,

vocalizações inadequadas.

Histórico
Não informado no artigo.

Comportamento-alvo
Comunicação inadequada.

O comportamento-alvo da intervenção realizada com Daniel foi a comunicação inadequada. A

comunicação inadequada de Daniel foi de nida como qualquer vocalização inadequada ao

contexto como: cantar, imitação de bateria ou violão.

Objetivo da intervenção
Reduzir a frequência dos comportamentos de comunicação inadequada.

Análise funcional
A análise funcional indicou que as vocalizações inadequadas eram mantidas por

reforçamento automático.

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Page 133
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Descrição da intervenção
Sessões
Foram realizadas sessões diárias com duração de 10 minutos cada sessão.

Local
As sessões foram realizadas em um consultório de psicologia.

Esquema de reforçamento principal


O esquema de reforçamento não-contingente utilizado na intervenção foi um esquema de

acesso contínuo (CA).

Estímulos reforçadores        
O estímulo reforçador utilizado foi um rádio.

Avaliação do comportamento-alvo
Durante a avaliação do comportamento-alvo (linha de base), o comportamento-alvo de se

comunicar inadequadamente ocorreu em média de 99,1% dos intervalos de tempo nos quais se

registrou a ocorrência do comportamento-alvo.

Procedimento
Durante a sessão, Daniel recebeu acesso contínuo ao rádio, independentemente do que ele

estivesse fazendo, inclusive, se ele estivesse emitindo comportamentos problemáticos

(comunicação inadequada), ou seja, o psicólogo não forneceu consequências para as

ocorrências do comportamento-alvo.

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Embora os níveis de vocalizações inapropriadas tenham diminuído de frequência, a redução

observada não foi clinicamente signi cativa. Portanto, neste caso, o  psicólogo adicionou um

procedimento de retirada do rádio ao esquema de reforçamento não-contingente. Essa

condição era semelhante ao esquema de reforçamento não-contingente de acesso contínuo,

citado anteriormente, exceto que Daniel perdia o acesso ao rádio por 5 segundos, cada vez que

emitia vocalizações inapropriadas. E ao nal do intervalo de 5 segundos, o rádio era devolvido.

Resultados
Durante a sessão, Daniel se envolveu em vocalizações inapropriadas em uma média de 99,1%

dos intervalos na fase de linha de base e 55,6% dos intervalos durante a condição de

reforçamento não-contingente. A adição do procedimento de retirada do rádio produziu uma

redução imediata nas vocalizações inapropriadas, resultando em uma taxa média de 1,2% dos

intervalos em relação ao esquema de reforçamento não-contingente isoladamente.

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Tratamento do comportamento de escalar utilizando


esquema de tempo variável
Título Compliance and correlated problem behavior in children: Effects of contingent and
original noncontingent reinforcement

Título Conformidade e comportamento problemático correlacionado em crianças: efeitos do


traduzido reforçamento contingente e não-contingente

Autores Michael Cataldo, Eric Ward, Dennis Russo, Mary Riordan, Debra Bennett

Jornal Analysis and Intervention in Developmental Disabilities

Publicado 1986, Volume 6, Número 4, Páginas 265 a 282


em

Resumo As análises das relações de resposta oferecem o potencial para projetar procedimentos de
tratamento que são mais econômicos e implicam menos risco de uso indevido do que muitos
que empregamos atualmente. O presente estudo investigou se os resultados anteriores que
indicavam a redução de comportamentos problemáticos por meio do reforço da conformidade
de fato ocorreram devido à relação contingente entre a conformidade e os eventos de reforço
presumidos. Um procedimento clínico analógico que consiste em um conjunto padrão de
solicitações de adultos foi empregado em um projeto de linha de base múltipla em indivíduos
com três crianças recebendo três condições - sem reforço, reforço não contingente e reforço
contingente à conformidade - e uma quarta criança recebendo a primeira e a terceira condições
para avaliar os possíveis efeitos da ordem. Os dados indicaram que: (1) conformidade co-variou
inversamente com alguns, mas não todos, dos comportamentos problemáticos medidos; (2) a
covariação sustentada ocorreu apenas quando o reforço era contingente à conformidade; (3)
aumentos substancialmente grandes, mas transitórios, na conformidade e diminuições no
comportamento problemático durante o reforço não contingente ocorreram para aquelas
crianças que inicialmente demonstraram alta conformidade e baixos níveis de
comportamento aberrante durante a linha de base; e (4) os comportamentos problemáticos
que covariam inversamente com a conformidade eram idiossincráticos entre as crianças. Os
resultados sugerem que os procedimentos de tratamento baseados em estratégias de
relacionamento de resposta devem considerar que as histórias de aprendizagem individuais
das crianças podem determinar quais comportamentos covariam e a probabilidade de que
grandes mudanças iniciais possam ocorrer com reforço não contingente.

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Identi cação
Olívia, 5 anos, Feminino.

Diagnóstico
Os testes psicológicos (Escala de Inteligência de Wechsler para a Idade Pré-Escolar e Primária -

WPPSI) indicaram que Olívia estava funcionando na faixa normal com QI 85 em escala real.

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Repertório
Olivia tinha comportamentos agressivos e destrutivos com brinquedos, subia em cima de

móveis e se envolvia em comportamentos de birras.

Histórico
Não informado no artigo.

Comportamento-alvo
Escalar.

O comportamento-alvo da intervenção realizada com Olívia foi o de escalar. Neste caso, foi

de nido como a criança colocar os pés em cima dos móveis, car ajoelhada em cadeiras, car

em cima da mesa ou na caixa de brinquedos ou deitar em mesas ou cadeiras.

Objetivo da intervenção
Reduzir a frequência dos comportamentos de escalar.

Análise funcional
Não foi reportado no artigo se foi realizado análise funcional. Contudo, foram utilizados como

estímulos reforçadores os seguintes itens: elogios, comida e contato físico.

Descrição da intervenção
Sessões
Foram realizadas sessões diárias com duração de 10 minutos cada sessão.

Local
As sessões foram realizadas em um consultório de psicologia.

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Esquema de reforçamento principal


O esquema de reforçamento não-contingente utilizado na intervenção foi um esquema de

tempo variável (VT).

Estímulos reforçadores        
Os estímulos reforçadores utilizados foram atenção na forma de elogios e contato físico e item

tangível na forma de comida.

Avaliação do comportamento-alvo
Durante a avaliação do comportamento-alvo, cada um dos cinco pedidos a seguir foram feitos

três vezes cada: "Venha aqui", "Sente-se/Levante-se", "Vá lá", “Me dê o (brinquedo)" ou "Coloque

o (brinquedo ) na caixa”. Cada instrução verbal foi precedida pelo nome da criança e dada com

um gesto de acompanhamento apropriado (por exemplo," Venha aqui“ com os braços

estendidos). A ordem e o intervalo (tempo variável, programação de 45 segundos) entre cada

solicitação foi determinada aleatoriamente para cada sessão.

A porcentagem de envolvimento no comportamento-alvo de escalar durante a avaliação

inicial foi de cerca de 0% a 80% dos intervalos registrados.

Procedimento
Durante as sessões, foram realizadas cinco solicitações: “Venha aqui", "Sente-se/levante-se",

"Vá lá", "Dê-me o (brinquedo)" ou "Coloque o brinquedo X na caixa".   Cada uma dessas

demandas foi feita três vezes. Cada instrução verbal foi precedida pelo nome da criança e

fornecida com um gesto de acompanhamento apropriado (por exemplo, "Venha aqui" com os

braços estendidos).

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CRUZ & MOREIRA (2021)

O cumprimento ou não de cada solicitação e os comportamentos inadequados/perturbadores

foram ignorados, exceto nas tentativas de sair da sala e subir nos móveis com risco de cair.

Durante a sessão, pequenos pedaços de comida, elogios verbais e contato físico foram

entregues em um esquema de reforçamento de tempo variável de 45 segundos. Assim, durante

toda essa condição, todos os procedimentos foram idênticos aos usados na linha de base

(avaliação inicial), com a exceção de que pequenos pedaços de comida, elogios verbais e

contato físico foram entregues dependendo de um tempo variável. O intervalo entre as

apresentações foi determinado aleatoriamente, exceto que a entrega nunca ocorreu dentro de
cinco segundos após uma solicitação.

Resultados
A porcentagem de envolvimento no comportamento-alvo de escalar durante a avaliação

inicial foi de cerca de 0% a 80% dos intervalos registrados.

O comportamento de escalar, assim como, os outros comportamentos-problemáticos

identi cados no estudo, replicou algumas das tendências encontradas com comportamentos-

problemáticos, aumentando porcentagens durante a linha de base, e aumentando apenas

temporariamente durante o reforço não-contingente. Nesse sentido, o reforçamento não-

contingente mostrou-se parcialmente e caz na redução de comportamento-alvo de escalar e

outros comportamentos problemáticos recorrentes de Olivia. A falta de conhecimentos acerca

da função dos comportamentos-problemáticos e das consequências que mantiveram os

comportamentos problemáticos podem ter in uenciado a e cácia das intervenções com

esquemas não-contingentes nesse estudo.

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CRUZ & MOREIRA (2021)

Tratamento de estereotipia utilizando esquema de acesso


contínuo
Título Toward an empirical method for identifying matched stimulation for automatically reinforced
original behavior: a preliminary investigation

Título Em direção a um método empírico para identi car estimulação combinada para
traduzido comportamento reforçado automaticamente: uma investigação preliminar

Autores John Rapp

Jornal Journal of Applied Behavior Analysis

Publicado 2006, Volume 39, Número 1, Páginas 137 a 140


em

Resumo Os efeitos da estimulação combinada não contingente (NMS) e do bloqueio de resposta no


comportamento estereotípico de um menino foram avaliados usando um esquema múltiplo
que continha três componentes de 15 minutos (pré-intervenção, intervenção e pós-
intervenção). Os resultados mostraram que a estereotipia foi sempre maior após o bloqueio de
resposta do que antes do bloqueio de resposta e sempre foi menor após NMS do que antes de
NMS. Esses resultados sugerem que o bloqueio da resposta pode ter produzido privação para o
produto da estereotipia e que a NMS pode ter fornecido estimulação semelhante ao produto da
estereotipia.

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CRUZ & MOREIRA (2021)

Identi cação
Rogério, 9 anos, Masculino.

Diagnóstico
Autismo e retardo mental.

Repertório
Rogério frequentemente se envolvia em comportamentos de estereotipia, passando a maior

parte do tempo tocando os objetos nas superfícies (por exemplo, mesa, cadeira) para escutar os

sons que eles emitem em contato com elas.

Histórico
Não informado no artigo.

Comportamento-alvo
Estereotipia.

O comportamento-alvo da intervenção realizada com Rogério foi a estereotipia. Neste caso, a

estereotipia consistiu em tocar objetos, que   foi de nido como o contato de um dedo ou mão

com uma superfície (por exemplo, mesa, cadeira) com movimento simultâneo que gerava um

som audível.

Objetivo da intervenção
Reduzir a frequência dos comportamentos de estereotipia.

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Análise funcional
A análise funcional indicou que a estereotipia era mantida pelo reforçamento automático.

Descrição da intervenção
Sessões
Foram realizadas sessões diárias com duração de 45 minutos cada sessão.

Local
As sessões foram realizadas em um consultório de psicologia.

Esquema de reforçamento principal


O esquema de reforçamento não-contingente utilizado na intervenção foi um esquema de

acesso contínuo (CA).

Estímulos reforçadores        
Os estímulos reforçadores utilizados foram itens tangíveis. Teclado musical (pressionar uma

tecla), um quadro de letras (pressionar um botão produzia uma letra falada do alfabeto), um

quadro fonético (pressionar um botão produzia várias combinações de sons) e um rádio de

brinquedo (pressionar um botão produziu uma música de 10 a 15 segundos).

Avaliação do comportamento-alvo
Durante a avaliação do comportamento-alvo, a porcentagem de tempo de envolvimento no

comportamento-alvo de escutar os objetos, antes da intervenção, resultou em uma taxa média

de 72%.

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CRUZ & MOREIRA (2021)

Procedimento
As sessões foram conduzidas em uma sequência de três componentes composta por 15

minutos de linha de base (pré-intervenção), 15 minutos de intervenção e 15 minutos de linha

de base (pós-intervenção). Os efeitos do reforçamento não-contingente na estereotipia foram

avaliados pela primeira vez durante três sessões. Após a avaliação do reforçamento não-

contingente, foi realizada uma sessão de controle, que incluiu dois componentes de 15

minutos de pré-intervenção, seguidos de 15 minutos de reforçamento não-contingente.

A sessão controle foi realizada para avaliar se a estereotipia aumentou ou diminuiu em

relação ao primeiro componente da pré-intervenção e durante o segundo componente de 15

minutos sem intervenção. Posteriormente, três sessões de 45 minutos foram realizadas para

avaliar os efeitos do bloqueio da resposta na estereotipia. Durante o componente de pré-

intervenção, Rogério estava sentado em uma mesa desprovida de materiais ou brinquedos. O

psicólogo estava sentado na porta (a cerca de 3 metros de Rogério) e não forneceu

consequências sociais para o comportamento dele. A localização do psicólogo era a mesma em

todos os componentes, exceto no bloqueio de respostas. Esse componente foi realizado antes

da implementação de uma intervenção.

Na fase de pré-intervenção, foi implementado um procedimento de bloqueio de respostas.

Nessa fase, não foi disponibilizado nenhum brinquedo e o psicólogo cou sentado ao lado de

Rogério, bloqueando (por exemplo: segurou as mãos de Rogério em seu colo) as tentativas de

Rogério de bater com os objetos nas superfícies. Durante a intervenção, com esquema de

reforçamento não-contingente, Rogério teve acesso contínuo a quatro brinquedos: teclado

musical (pressionar uma tecla), um quadro de letras (pressionar um botão produzia uma letra

falada do alfabeto), um quadro fonético (pressionar um botão produzia várias combinações de

sons) e um rádio de brinquedo (pressionar um botão produziu uma música de 10 a 15

segundos).

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CRUZ & MOREIRA (2021)

Na fase de pós-intervenção, o procedimento de  bloqueio de respostas foi aplicado novamente.

O componente pós-intervenção era o mesmo que o componente pré-intervenção, exceto pelo

fato de sempre ser realizado após a intervenção com esquema de reforçamento não-

contingente. Este componente avaliou até que ponto a estereotipia aumentou (em relação aos

níveis dos componentes pré-intervenção) após intervenção com reforçamento não-

contingente e o procedimento de bloqueio de resposta.

Resultados
Durante as sessões, a frequência do comportamento de estereotipia (escutar o som dos objetos

em contato com as superfícies) foi maior no componente na linha de base (pré-intervenção),

resultando em uma taxa média de 72% dos intervalos do que no componente de linha de base

(pós-intervenção), taxa média de 55%. Em contrapartida, na intervenção utilizando

reforçamento não-contingente, o comportamento-alvo de estereotipia foi próximo de zero, taxa

média de 0,1%. Na condição de controle, os níveis de estereotipia foram semelhantes nos

primeiro e segundo componentes de pré-intervenção, sugerindo que a estereotipia não

diminuiu durante o segundo componente sem intervenção e foi para níveis próximos de zero

no componente de reforçamento não-contingente.

Durante as sequências de bloqueio de resposta, os níveis de toque de objeto sempre foram mais

altos no componente pós-intervenção, taxa média de 84%, do que no componente pré-

intervenção, taxa média de 67%. Níveis relativamente baixos de estereotipia observados no

componente pós-intervenção sugerem que a manipulação de objetos correspondentes

produzia estímulos que eram funcionalmente semelhantes aos estímulos gerados pela

estereotipia. Por outro lado, o aumento da estereotipia durante, o componente de bloqueio,

realizado após o envolvimento no comportamento-alvo sugere que a privação por estimulação

produzida pela estereotipia foi imposta.

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CRUZ & MOREIRA (2021)

Simmons et al. (2003) mostraram que os efeitos do reforço não-contingente se estendiam para

o componente pós-intervenção, funcionando assim como uma operação de extinção. Os

resultados desse estudo mostraram que o comportamento estereotipado aumentou no

componente pós-intervenção, que se seguiu a uma intervenção sem estimulação alternativa.

Talvez o mais importante seja o estudo atual que fornece um método para avaliar até que

ponto a estimulação fornecida durante o reforço não contingente concorre ou substitui (isto é,

combina funcionalmente) a estimulação produzida pelo comportamento automaticamente

reforçado. Assim, foi possível constatar que intervenção com reforçamento não-contingente

associado com estímulos concorrentes foi e caz na redução do comportamento-alvo de

estereotipia. Porém, a frequência do comportamento-alvo de estereotipia aumentou sem

estímulos alternativos.

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Tratamento de pseudoconvulsões utilizando esquema de


acesso contínuo
Título Noncontingent reinforcement and competing stimuli in the treatment of pseudoseizures and
original destructive behaviors

Título Reforçamento não-contingente e estímulos concorrentes no tratamento de


traduzido pseudoconvulsões e comportamentos destrutivos

Autores Iser DeLeon, Michelle Uy,  Katharine Gutshall

Jornal Behavioral Interventions

Publicado 2005, Volume 20, Número 1, Páginas 203 a 217


em

Resumo Indivíduos com diagnóstico de epilepsia às vezes também exibem "pseudoconvulsões" ou


eventos clínicos que imitam aqueles observados durante as crises epilépticas, mas não estão
associados a descargas elétricas corticais anormais. Vários pesquisadores levantaram a
hipótese de que as pseudoconvulsões, em alguma proporção dos indivíduos que as apresentam,
podem ser mantidas por meio de contingências operantes. No presente estudo, esse tipo de
hipótese foi testada em um menino de 10 anos com retardo mental grave e um transtorno
convulsivo. Observações informais e, posteriormente, contingências de reforço de resposta,
revelaram que as pseudoconvulsões, assim como outros comportamentos destrutivos,
ocorreram em altas taxas quando resultaram na atenção dos cuidadores. Posteriormente, um
pacote de tratamento consistindo de reforço não contingente (NCR) e estímulos concorrentes foi
usado para diminuir os níveis de atividade semelhante a convulsões e outros comportamentos
problemáticos. Este estudo adiciona à literatura que sugere que a atividade semelhante a
convulsão pode car sob controle operante e estende o uso de NCR e estímulos concorrentes
para um novo comportamento-alvo. Copyright © 2005 John Wiley & Sons, Ltd.

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CRUZ & MOREIRA (2021)

Identi cação
Tiago, 10 anos, Masculino.

Diagnóstico
Retardo mental grave, distúrbio de comportamento e distúrbio de convulsão idiopática grave.

Repertório
Tiago frequentemente se envolvia em   movimentos motores que imitavam os mesmos

movimentos que fazia enquanto apresentava convulsões, mas que todo o espectro de sinais

relacionados a crises não era evidente (apenas vibração palpebral e espasmos nos braços).

Histórico
Durante o estudo, Tiago estava recebendo vários medicamentos para controle das crises

diariamente. Estes incluíram clonazepam, felbamato, fosfenitoína e levetiracetam.

Comportamento-alvo
Pseudoconvulsões.

O comportamento-alvo da intervenção realizada com Tiago foram as pseudoconvulsões. As

pseudoconvulsões foram de nidas como tremulação ocular (movimento rápido para cima e

para baixo das pálpebras) e espasmos nos membros (movimentos bruscos, para frente e para

trás ou para cima e para baixo nas pernas ou braços), movimentos comumente observados

durante crises epilépticas. As pseudoconvulsões foram distinguidas, comportamentalmente,

da atividade convulsiva real, principalmente por exclusão.

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Embora as convulsões reais também estivessem associadas a vibração das pálpebras e

espasmos dos membros, elas envolveram vários outros sinais não observados durante as

pseudocrises. Os sinais reais incluíam: rolar para cima dos olhos ou espasmos rápidos dos

globos oculares reais (em oposição às pálpebras), movimentos bruscos de todo o corpo (em vez

de apenas os braços), falta de resposta à estimulação ambiental ou tentativas de distração e

fraqueza nos movimentos dos membros inferiores.

Objetivo da intervenção
Reduzir a frequência dos comportamentos de pseudoconvulsões.

Análise funcional
A análise funcional indicou que as pseudoconvulsões eram mantidas pelo acesso à atenção.

Descrição da intervenção
Sessões
Foram realizadas sessões diárias com duração de 10 a 12 minutos cada sessão.

Local
Foram realizadas em um consultório de psicologia

Esquema de reforçamento principal


Os esquemas de reforçamento não-contingente utilizado na intervenção foram esquema de

acesso contínuo (CA) e tempo xo (FT).

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Estímulos reforçadores        
Os estímulos reforçadores utilizados foram atenção por meio de tópicos comuns da

conversação (por exemplo, “Tiago, eu gosto do jeito que essa camisa ca em você.”). Perguntas

(por exemplo, 'Tiago, você tomou seu café da manhã hoje?') ou elogios (por exemplo, “Bom

trabalho”).

Avaliação do comportamento-alvo
Durante a avaliação do comportamento-alvo (linha de base), as pseudoconvulsões foram

observadas em uma taxa média de 19,4% a 19,8% dos intervalos observados.

Procedimento
Durante a sessão de intervenção com reforçamento não-contingente, Tiago recebeu atenção

de forma contínua e não contingente. A atenção consistia em tópicos comuns de conversação

(por exemplo, “Tiago, eu gosto do jeito que essa camisa ca em você.”), Perguntas (por exemplo,

“Tiago, você tomou seu café da manhã hoje?”) ou elogios (por exemplo, “Bom trabalho”). Tiago

também teve acesso continuamente a uma bola musical ao longo de cada sessão. O

comportamento-alvo de pseudoconvulsões e todos os outros comportamentos problemáticos

foram ignorados.

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CRUZ & MOREIRA (2021)

Foi realizada uma avaliação de estímulos concorrentes. Cada tentativa de avaliação de

estímulos concorrentes durou 5 minutos. Um item estava disponível por tentativa, exceto pela

condição de controle na qual nenhum item estava disponível. Durante cada julgamento, Tiago

e um psicólogo estavam sentados em uma sala de sessões. Enquanto o psicólogo lia uma

revista, Tiago recebia acesso contínuo ao item designado. Contingente a autolesão, agressão,

interrupção ou atividade de pseudoconvulsão, o psicólogo prestava breve atenção na forma de

uma repreensão verbal ou uma declaração de preocupação, conforme descrito acima. Cada

item foi apresentado a Tiago durante três tentativas. Os resultados médios dos três ensaios

para cada item foram usados para determinar os estímulos (cookies, quebra-cabeça de

madeira) que melhor concorriam com pseudo-crises e combinavam com as respostas

inadequadas.

Além disso, foi   implementada uma fase em que foi avaliado a redução de esquema de

reforçamento não-contingente versus redução de esquema de reforçamento não-contingente

com estímulos concorrentes. A condição de redução do esquema de reforçamento não-

contingente implementada, durante esta fase, foi idêntica à condição de esquema de

reforçamento não-contingente citado anteriormente, com exceção da redução do esquema.

Posteriormente, durante a condição de redução do esquema de reforçamento não-contingente

com  estímulos concorrentes, o psicólogo continuou a dar  atenção de forma contínua e não-

contingente, enquanto comportamentos problemáticos e as pseudoconvulsões eram

ignorados. Além disso, Tiago teve acesso a dois estímulos identi cados como aqueles que

competiam com a autolesão, agressão, interrupção e pseudoconvulsões, identi cados durante

a avaliação de estímulos concorrentes, que foi realizada anteriormente. Porém, à medida que a

frequência do comportamento-alvo foi diminuindo, foi sendo aumentado gradualmente os

intervalos (10 segundos, 20 segundos,  30 segundos, 60 segundos, 30 segundos, 60 segundos,

120 segundos, 60 segundos, 30 segundos) entre os reforços para ambas as condições.

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CRUZ & MOREIRA (2021)

Depois de entregue, a atenção permaneceu constante no tipo e duração (em 1 minuto). Os

intervalos entre as entregas de atenção foram sistematicamente aumentados entre as sessões,

com base no critério de uma redução de 90% ou mais em pseudocrises e comportamentos

problemáticos de linha de base por duas sessões consecutivas. Um retorno ao esquema de

reforçamento não-contingente anterior (acesso contínuo) era geralmente implementado se os

níveis de pseudocrises ou respostas inadequadas combinadas excederam esse critério por

duas sessões consecutivas. Em um pequeno número de instâncias, mais de duas sessões em

níveis acima dos critérios ocorreram antes do retorno a um planejamento anterior.

Sucessivamente, foi implementado uma fase de redução de esquema de reforçamento não-

contingente versus redução de esquema de reforçamento não-contingente com estímulos

concorrentes antes da sessão (pré-sessão). As condições nesta fase eram idênticas às da fase

anterior, com exceção dos estímulos incluídos na condição de redução de esquema de

reforçamento não-contingente com estímulos concorrentes.

Antes de cada sessão de redução de esquema de reforçamento não-contingente com estímulos

concorrentes, Tiago recebeu cinco estímulos (o jogo Connect 4, uma bolinha pequena,

classi cador, cookies, quebra-cabeça de madeira) durante a pré-sessão. Durante esse período,

Tiago cou livre para interagir com qualquer um ou nenhum dos estímulos. O estímulo que

obteve maior envolvimento na durante esse estudo de 5 minutos foi selecionado para ser

utilizado na sessão de tratamento seguinte. Durante a sessão, a atenção que era dispensada

foi diminuindo conforme a ocorrência dos comportamentos-problema. Assim, à medida que a

quantidade de atenção dispensada pelo psicólogo foi diminuindo, foi aumentando o intervalo

( 20 segundos, 30 segundos, 60 segundos, 120 segundos, 180 segundos, 120) entre os reforços

para ambas as condições.

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CRUZ & MOREIRA (2021)

Por último, foi implementada uma fase de redução de esquema de reforçamento não-

contingente com estímulos concorrentes e pré-sessão em um outro tipo de ambiente. Durante

essa fase, as duas condições continuaram como descrito acima, exceto que as sessões foram

realizadas na sala principal da unidade hospitalar, e não na sala de sessões. As sessões foram

transferidas para esta área, a m de avaliar os efeitos das intervenções em um ambiente mais

naturalista. A unidade principal era uma aproximação mais próxima do tipo de cenário que

Tiago poderia encontrar em seu ambiente natural (ou seja, sua escola). Durante a sessão, a

atenção dispensada pelo psicólogo foi diminuindo e o intervalo entre os reforços foi

aumentando (180 minutos, 240 minutos, 300 minutos).

Resultados
Durante as condições da primeira e segunda condição da linha de base,  as  pseudoconvulsões

foram observadas durante uma média de 19,8 e 19,4% dos intervalos. Os níveis de

pseudoconvulsões caíram para zero nas quatro sessões das duas primeiras avaliações de

reforçamento não-contingente, taxa média de 1,4% dos intervalos. Um padrão semelhante foi

observado para as respostas inadequadas combinadas.

Os comportamentos inadequados combinados ocorreram em média de 18,6 por minuto e 27,9

por minuto, durante a primeira e a segunda fase de linhas de base, respectivamente. Durante a

primeira introdução do reforçamento não-contingente as taxas caíram imediatamente para

uma média de 0,1 respostas inadequadas combinadas por minuto. As taxas foram igualmente

baixas durante a segunda fase do reforçamento não-contingente, taxa média de 0,2 respostas

inadequadas combinadas por minuto.

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Durante a avaliação de estímulos concorrentes, na condição de controle, Tiago exibiu

pseudocrises em uma média de 13,3% dos intervalos e exibiu uma média de 25,7 respostas

inadequadas combinadas por minuto. Vários itens foram associados a altos níveis de

envolvimento e níveis correspondentemente baixos de pseudoconvulsões e outros

comportamentos inadequados. Dois estímulos foram selecionados subsequentemente para

uso durante a redução do esquema de reforçamento não-contingente com estímulos

concorrentes.

O primeiro estímulo a ser selecionado foi as formas dos cookies, que resultaram em médias de

99,1% de duração do teste e 0,0 respostas inadequadas por minuto, bem como intervalos de

0,0% de atividade semelhante a ataques. O segundo estímulo foi o quebra-cabeça de madeira,

associado a um tempo de duração de 99,3% e 0,2 de comportamentos inadequados

combinados, bem como intervalos de uma taxa média de 0,0% de comportamento semelhante à

agressão. Esses dois itens também estavam disponíveis durante a pré-sessão. Além disso,

outros três estímulos foram disponibilizados durante a pré-sessão. Isso incluiu o jogo Connect

4, a bolinha e o classi cador de formas. Embora o vídeo de Barney e o de Vila Sésamo tenham

resultado em níveis mais baixos de comportamentos-alvo e níveis mais altos de envolvimento

do que esses três itens, foi decidido usar itens que Tiago poderia manipular mais ativamente

do que os vídeos. Os itens selecionados foram os próximos três estímulos mais e cazes.

A avaliação do tratamento foi retomada após a pré-sessão. Com variações ocasionais, as

pseudocrises permaneceram em níveis próximos de zero durante todas as alterações

subsequentes da intervenção quando estímulos concorrentes foram adicionados ao

tratamento, taxa média de 0,2% dos intervalos. Sem estímulos concorrentes, as pseudocrises

também permaneceram em níveis baixos durante todo o restante da avaliação do tratamento,

embora tenha sido observada mais variabilidade e a média geral tenha sido ligeiramente

maior, taxa média de 1,9% dos intervalos, em relação a condição de redução de esquema de

reforçamento não-contingente com estímulos concorrentes.


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Em ambas as condições, o esquema de reforçamento não-contingente não pareceu afetar os

níveis de pseudoconvulsões (as pseudoconvulsões permaneceram baixas em todos os valores

do esquema). O mesmo se aplicou às fases, ou seja, houve pouco desvio sistemático em relação

aos baixos níveis observados em função dos estímulos concorrentes serem os estímulos

concorrentes originais ou se os estímulos concorrentes foram identi cados por meio do

procedimento realizado na pré-sessão. Foi observado um ligeiro aumento durante a condição

de redução do esquema de reforçamento não-contingente quando a análise foi movida para a

área habitacional da unidade hospitalar.

No entanto, esse aumento foi transitório e os níveis caíram para zero ou quase zero após nove

sessões. Um padrão geral de comportamento um pouco diferente foi observado para os outros

comportamentos-alvo combinados. As taxas começaram a divergir nas duas condições

quando a redução do esquema de reforçamento não-contingente foi comparado à condição de

redução do esquema de reforçamento não-contingente com estímulos concorrentes. Quando o

esquema de reforçamento não-contingente foi reduzido isoladamente, surgiram taxas mais

altas durante a primeira etapa de redução (FT 10'').

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Um retorno ao esquema de reforçamento de acesso contínuo resultou em uma diminuição

para níveis próximos de zero, mas somente após cinco sessões. No entanto, essa diminuição

não foi sustentada. Posteriormente, as taxas de respostas inadequadas combinadas

continuaram a ser variáveis, embora não tão altas quanto as observadas durante a linha de

base. Em duas ocasiões distintas, os critérios de atenuação foram atendidos, de modo que o

esquema de reforçamento não-contingente foi novamente aumentado para 10 segundos. Após

o primeiro aumento do esquema (começando com a sessão 96), as taxas aumentaram

novamente, de modo que um  esquema de reforçamento não-contingente de acesso contínuo

foi reintroduzido a partir da sessão 104. Após o segundo aumento do esquema (começando

com a sessão 132), os critérios de redução foram novamente atendidos em três sessões e o

esquema foi novamente aumentado para 20 segundos. No entanto, nesse ponto, níveis mais

altos do comportamento problema ressurgiram novamente e a comparação foi encerrada.

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Por outro lado, os níveis de comportamentos inadequados combinados eram geralmente mais

baixos quando o esquema de reforçamento não-contingente foi combinado com estímulos

concorrentes. Com algumas exceções, os níveis de comportamento-problema permaneceram

abaixo do critério, pois o esquema foi reduzido até  FT 120 segundos (começando na sessão 61).

Aumentos no comportamento foram então observados e o esquema foi aumentado de volta

aos 60 segundos, e depois 30 segundos. Nesse ponto, a  pré-sessão foi introduzida e, após duas

sessões, os comportamentos inadequados combinados caíram para zero ou quase zero,

enquanto o esquema foi novamente reduzido para 18 segundos. Nesse valor, o comportamento

tornou-se novamente irregular. O tempo foi diminuído e a mudança para a área habitacional

do hospital foi instituída. Posteriormente, com poucas exceções, os níveis de comportamento

permaneceram abaixo dos critérios, e o esquema alcançou o valor desejado (FT 300 segundos).

No geral, em toda a comparação entre a condição de   redução do esquema de reforçamento

não-contingente e a condição de redução do esquema de reforçamento não-contingente com

estímulos concorrentes, os níveis de comportamentos inadequados combinados foram

marcadamente mais baixos no último, taxa média de 2,2 respostas por minuto do que no

anterior, taxa média de 5,4 respostas por minuto.

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Tratamento do comportamento de levar objetos à boca


utilizando esquema de tempo xo
Título Treatment of automatically reinforced object mouthing with noncontingent reinforcement
original and response blocking: Experimental analysis and social validation

Título Tratamento do comportamento de levar objetos à boca reforçado automaticamente utilizando


traduzido reforçamento não-contingente e bloqueio de resposta: análise experimental e validação social

Autores James Carr, Claudia Dozier, Meeta Patel, Amanda Adams, Nichelle Martin

Jornal Journal of Applied Behavior Analysis

Publicado 2002, Volume 23, Número 1, Páginas 37 a 44


em

Resumo Uma breve análise funcional indicou que a boca objetiva de uma jovem com diagnóstico de
autismo foi mantida independente das consequências sociais. Efeitos separados e combinados
de bloqueio de resposta e reforço não contingente (com estímulos preferidos) foram então
avaliados como tratamentos para boca de objeto. Embora ambas as intervenções não tenham
tido sucesso quando implementadas separadamente, combiná-las resultou em reduções
generalizadas que eram socialmente válidas.

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Identi cação
Jéssica, 7 anos, Feminino.

Diagnóstico
Transtorno do Espectro do Autismo.

Repertório
Na época do estudo, Jéssica não possuía habilidades de comunicação vocal.

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Histórico
Devido a seus problemas médicos, Jéssica recebia oxigênio durante todo o dia de em um

tanque portátil e toda a nutrição através de um tubo gastrointestinal.

Comportamento-alvo
Levar objetos à boca.

O comportamento-alvo da intervenção realizada com Jéssica foi o de levar objetos à boca.

Neste caso, levar objetos à boca foi de nido como colocar um pequeno objeto não comestível

(por exemplo, uma tampa de caneta) entre os lábios e sacudir o objeto para cima e para baixo,

com as duas mãos, em um movimento repetitivo. Esse comportamento ocorria com alta

frequência ao longo do dia e era realizado com vários objetos, tanto na clínica como em sua

casa. Além disso, colocar objeto na boca pode ser considerado potencialmente perigoso devido

às possibilidades de as xia, objetos não higiênicos e má oclusão dentária.

Objetivo da intervenção
Reduzir a frequência dos comportamentos de levar objetos à boca.

Análise funcional
A análise funcional indicou que colocar objetos na boca era mantido por reforçamento

automático. O item usado nessas sessões foi uma tampa de caneta.

Descrição da intervenção
Sessões
Foram realizadas de 5 a 15 sessões diárias com duração de 15 minutos cada sessão.

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Local
As sessões foram realizadas em um consultório de psicologia.

Esquema de reforçamento principal


O esquema de reforçamento não-contingente utilizado na intervenção foi um esquema de

tempo xo (FT).

Estímulos reforçadores        
O estímulo reforçador utilizado foi um item tangível: joaninha vibratória.

Avaliação do comportamento-alvo
Durante a avaliação do comportamento-alvo, a porcentagem de intervalos com o

comportamento-alvo de levar objetos à boca, antes da intervenção, era de cerca de 22% a 100%

dos intervalos.

Procedimento
Durante o tratamento de Jéssica, foram implementadas as seguintes condições, na ordem

subsequente: linha de base, bloqueio de resposta, linha de base, reforçamento não-contingente,

linha de base e  reforçamento não-contingente com bloqueio de resposta.

Após a linha de base, foi implementado um procedimento de bloqueio de resposta que

consistia em o psicólogo interromper sicamente cada tentativa de Jéssica de colocar objetos

na boca, ou seja, o psicólogo colocou as costas da mão na frente da boca de Jessica, antes do

objeto entrar em contato com os seus lábios. O bloqueio de resposta ocorreu inicialmente em

um esquema de razão xa (FR). Durante a condição de reforçamento não-contingente de

tempo xo, foi utilizado um desenho multielementar para avaliar os efeitos separados da

entrega de cada um dos estímulos (isto é, correspondentes e incompatíveis) identi cados na

avaliação da preferência por estímulos.

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Durante a sessão, Jéssica podia permanecer com cada estímulo durante 10 segundos. Esses

estímulos foram apresentados inicialmente em um esquema de tempo xo de 30 segundos, na

tentativa de acelerar a redução do esquema   para valores mais baixos, se a intervenção se

mostrasse e caz. Quando esse esquema se mostrou ine caz (com algum estímulo) na redução

do comportamento-problema de levar o objeto à boca, um esquema de reforçamento não-

contingente mais denso de tempo xo de 10 segundos foi implementado com cada estímulo.

Esse esquema era procedimentalmente idêntico ao fornecimento contínuo de estímulos em

muitas intervenções esquema de reforçamento não-contingente para um comportamento-

problema  reforçado automaticamente.

Durante a fase nal do tratamento de reforçamento não-contingente com bloqueio de

resposta, o brinquedo de joaninha foi apresentado no esquema de tempo xo de 30 segundos, e

foi gradualmente sendo aumentado para 300 segundos. O brinquedo de   joaninha foi

escolhido por ser o brinquedo que Jéssica mais interagia na fase de avaliação de estímulos

(brinquedo que Jessica interagia manualmente) na avaliação da preferência por estímulos.

Uma vez observada uma redução do comportamento de levar o objeto à boca durante o

esquema de reforçamento não-contingente de tempo xo de 30 segundos, foi realizada a

redução do esquema. Os intervalos dos esquemas foram aumentados quando três sessões

consecutivas produziram menos de 5% dos intervalos com o comportamento-problema de

levar o objeto à boca e menos de 10 tentativas de levar o objeto à boca por sessão. A única

exceção ocorreu quando os intervalos do esquema de tempo xo foram diminuídos de 120 para

180 segundos, resultando no aumento de ambas medidas dependentes. Nesse ponto, o

esquema de reforçamento não-contingente foi revertido para um tempo xo de 120 segundos

até que os comportamentos problemáticos diminuíssem de frequência. Quando isso ocorreu, o

processo de redução do esquema continuou.

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Visto que o esquema de reforçamento não-contingente combinado com o bloqueio da resposta

produziu reduções substanciais no comportamento de levar objetos à boca e as reduções

foram mantidas durante a redução do esquema, foi realizada uma  avaliação de generalização

de estímulos para avaliar a durabilidade do pacote de tratamento com um novo psicólogo e em

um novo ambiente (ou seja, outra sala de terapia ).

Resultados
Durante as três fases de linha de base/reversão, o comportamento-problema de Jéssica de

levar objetos à boca ocorreu com alta frequência. A intervenção inicial de bloqueio de resposta

foi bem-sucedida na redução do comportamento de levar objetos à boca, no entanto, a

intervenção não teve êxito, pois Jéssica tentou constantemente se envolver no

comportamento durante toda a fase. Embora ambas as condições da reforçamento não-

contingente tenham produzido inicialmente reduções substanciais no comportamento-alvo,

os efeitos foram transitórios e o comportamento de levar objetos à boca retornou aos níveis de

linha de base durante as condições de tempo xo de 30 e 10 segundos para cada estímulo.

Durante a condição nal do tratamento, o comportamento-alvo foi reduzido com sucesso a

níveis próximos de zero, quando foi utilizado uma combinação de bloqueio de resposta com

 reforçamento não-contingente, houve uma redução gradual do esquema de tempo xo de 30

segundos até 300 segundos. Além disso, os ganhos de tratamento foram mantidos na

presença de um novo psicólogo e em um novo ambiente.

Dessa forma, o estudo indicou que reforçamento não-contingente é um tratamento e caz e

socialmente válido para reduzir a frequência do comportamento-problema de levar objetos à

boca mantido por reforço automático, assim, como outros comportamentos-problema que

foram ocorrendo ao longo das sessões.

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Após a conclusão da avaliação do tratamento, foi avaliado a validade social do pacote nal de

tratamento com todos os seis psicólogos clínicos de Jéssica. Os psicólogos eram todos

estudantes de psicologia de nível superior que trabalhavam na clínica por crédito no estágio

ou salários por hora. O tempo que os psicólogos haviam trabalhado com Jessica variou de um

semestre a um ano. Durante a avaliação da validade social, os psicólogos assistiram a três

sessões de vídeo selecionadas aleatoriamente, tanto na fase inicial da linha de base quanto na

fase nal do tratamento. Os psicólogos, então, preencheram anonimamente um questionário

de validade social que continha nove perguntas sobre a aceitabilidade do pacote nal de

tratamento e seu resultado.

As respostas para cada pergunta foram registradas em uma escala do tipo likert de cinco itens

com três âncoras descritivas (em 1, 3 e 5). Os psicólogos relataram respostas favoráveis em

relação à aceitabilidade e ao resultado da intervenção nal. Embora esses resultados sejam

positivos, existem problemas potenciais de validade com esses tipos de avaliações subjetivas,

isto é, não se sabe se os relatos subjetivos dos psicólogos foram preditivos de, por exemplo, sua

adoção do pacote de tratamento durante suas próprias sessões.

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Considerações nais
Nosso objetivo com este livro foi elaborar um manual didático sobre o uso de esquemas de

reforçamento não-contingentes para a redução de comportamentos-problema. Inicialmente,

foram selecionados 54 artigos a partir de uma metanálise para serem analisados. Desses

artigos, foram selecionados 16 artigos, que permitiram exempli car diferentes tipos de

esquema reforçamento não-contingente (acesso contínuo, tempo xo e tempo variável) para

diferentes tipos de comportamento-problema (birra, estereotipia, pica, comportamentos

problemáticos, colocar objetos na boca, autolesão, cropofagia, discurso bizarro, disrupção,

comunicação inadequada, escalar, pseudoconvulsões, agressão, fuga, ruminação, cuspir).

Foram realizadas 16 descrições, referente a cada um dos comportamentos-problemas citados,

de modo, que fossem apresentados os principais aspectos necessários para realização   de

intervenções com esquemas de reforçamento não-contingente.

Os principais aspectos evidenciados nas descrições dos artigos foram:

1. características dos participantes e suas principais habilidades;

2. de nição do comportamento-problema;

3. resultado da análise funcional;

4. procedimentos realizados na intervenção (por exemplo, tipo de esquema reforçamento

não-contingente, número de sessões, local e intervalo e execução);

5. o resultado das intervenções.

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Destaques
É importante destacar que na maioria dos artigos, o esquema de reforçamento não-

contingente foi associado com procedimentos alternativos, tais como bloqueio de resposta,

estímulos concorrentes, estímulos preferidos, atraso para entrega de reforçador e extinção,

com objetivo de maximizar os efeitos do esquema de reforçamento não-contingente. Em geral,

esses procedimentos adicionais melhoram os efeitos das intervenções com reforçamento não-

contingente. Além disso, foi possível constatar que, na maioria das intervenções com

indivíduos diagnosticados com autismo, os esquemas de reforçamento não-contingente

foram mais e cazes quando foram associados com estímulos concorrentes dos

comportamentos automaticamente reforçados.

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Outro aspecto importante, é que nem todos os artigos tratavam de crianças autistas. Assim,

dos 16 artigos analisados, nove foram realizados com indivíduos com diagnóstico de autismo,

cinco com indivíduos com diagnóstico de retardo mental, um com indivíduo com transtorno

de ansiedade e um com indivíduo sem diagnóstico. No entanto, é importante destacar que os

procedimentos descritos aqui podem ser utilizados com qualquer público-alvo, autistas ou não.

De modo geral, para os artigos selecionados, a maioria dos comportamentos-problema

identi cados em crianças com diagnóstico de TEA eram mantidos por reforço automático. Já

nas pessoas com retardo mental, a maioria dos comportamentos-problema eram mantidos por

atenção. Cabe ressaltar, que esquemas não-contingentes são apropriados para reforçamento

automático, pois prescindem da necessidade de se remover consequências reforçadoras.

Esquemas de reforçamento não-contingente também são alternativas interessantes de

procedimentos para o uso por pais e cuidadores. Como vimos nos vários casos apresentados

neste livro, fornecer acesso contínuo a itens, pode ser de grande auxílio para a redução da

frequência de vários comportamentos-problema. O mesmo raciocínio é válido para

apresentação de itens reforçadores de tempos em tempos (tempo xo e tempo variável). Esses

procedimentos são mais fáceis de serem implementados do que procedimentos que envolvem,

por exemplo, reforçamento diferencial.

Muitos  pro ssionais e cuidadores, ao buscarem formação complementar para lidar

com  questões relacionadas ao autismo, a rmam  que buscam por prática, e não teoria. Sobre

este assunto, nós esperamos ter demonstrado com este livro que o conhecimento extraído de

artigos cientí cos experimentais, de pesquisa aplicada é, em última instância, conhecimento

sobre a prática pro ssional: são descrições de procedimentos utilizados para resolver os

desa os que se apresentam em nossa prática pro ssional cotidiana.

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Sobre a extração das informações


O artigo com a descrição da metanálise  selecionado para a elaboração desse livro apresenta

apenas artigos em inglês, sendo, portanto, necessário traduzir os textos dos artigos. As

traduções foram feitas pela primeira autora com auxílio do Google Tradutor. A adequação das

traduções foi checada pelo segundo autor. De forma geral, foi possível para a primeira autora, a

qual não é uente na língua inglesa, compreender os textos, embora tenha surgido

di culdades ao traduzir termos especí cos utilizados pela Análise do Comportamento

Aplicada (ABA). No entanto, conforme atestado pelo segundo autor, o uso do Google Tradutor

parece permitir que pessoas sem uência em língua inglesa estudem  artigos escritos nessa

língua.

Outro aspecto importante a ser considerado é que nem todos os artigos trouxeram as

descrições totais ou detalhadas dos procedimentos das intervenções. Às vezes os artigos

fazem referência a procedimentos que estão em outros artigos, o que pode di cultar a

compreensão do leitor. Outrossim, determinados artigos trouxeram diferentes participantes e

procedimentos, sendo, portanto, necessário selecionar apenas aqueles que utilizaram

esquemas de reforçamento não-contingente e, preferencialmente, os que foram realizados com

crianças com diagnóstico de TEA.

Além disso, os artigos cujos conteúdos abordam o tratamento com reforçamento não-

contingente possuem formas e estruturas diferentes, di cultando, em alguns casos, a

localização integral dos procedimentos essenciais da intervenção. Por exemplo, ao passo que

em alguns artigos a descrição integral da intervenção é apresentada apenas no método, em

outros a descrição da intervenção surge tanto no método quanto nos resultados.

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Por m, é importante destacar a di culdade de transformar artigos cientí cos em um manual

sobre uso de reforçamento não-contingente, pois todas as partes do trabalho tiveram que ser

escritas de modo a permitir que um estudante de psicologia ou um psicólogo clínico que não

tenham experiência com a intervenção fossem capazes de entender e planejar uma

intervenção com esquema de reforçamento não-contingente. Isso envolveu, entre outras

coisas, a elaboração de vários exemplos ao longo do trabalho e a introdução gradativa de

conceitos elementares importantes para compreensão da intervenção.

Trabalhos futuros
A partir da nossa experiência com a elaboração desse trabalho, surgiram algumas ideias sobre

a continuação do mesmo, assim como ideias para melhorar a didaticidade do material

produzido a partir da extração de informações de artigos cientí cos.

Com relação à continuidade deste livro, destacamos:

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1. Estudar de forma mais aprofundada os procedimentos alternativos utilizados em

combinação com esquemas de reforçamento não-contingente, que foram citados de

forma breve neste trabalho.

2. Realizar um estudo acerca das análises funcionais também seria viável, visto que são

imprescindíveis para a realização de intervenções com esquema de reforçamento não-

contingente. Foi possível constatar por meio do estudo de Cataldo et. al (1986)

di culdades em realizar intervenções com esquemas de reforçamento não-contingente

sem antes realizar a análise funcional. No estudo de Cataldo et. al (1986) não foi realizada

a análise funcional, o que inviabilizou o conhecimento a priori da função do

comportamento-problema, sendo necessário expor a criança durante a intervenção a

vários estímulos diferentes para saber qual era o estímulo reforçador.

3. Pesquisas futuras podem viabilizar a entrega deste material didático para alunos do

curso de psicologia, que estão cursando algumas disciplinas como Terapia Infantil para

planejarem uma intervenção com esquema de reforçamento não-contingente. Com isso,

poderia ser feita uma avaliação da contribuição do material didático para os

pro ssionais ou  estudantes.

Com relação à aspectos que possam aprimorar a didaticidade de novas elaborações de

manuais como este, destacamos (alguns já utilizados neste livro):

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1. Usar nomes próprios da língua portuguesa (e.g., Carl ;e substituído Carlos).

2. Padronizar o nome utilizado para se referir ao experimentador (e.g., psicólogo);

3. Sempre que possível descrever a duração, a frequência  e o total de sessões realizadas;

4. Trocar   a palavra “resposta”, utilizada no sentido de instância do comportamento, pela

palavra comportamento.

5. Não apresentar resultados de reversões a condições experimentais.

6. Evitar o uso de siglas (ou repetir várias vezes nome e sigla).

7. Dar nome ao comportamento-alvo da intervenção.

8. Apresentar a de nição topográ ca do comportamento;

9. Descrever como o comportamento-alvo foi medido;

10. Apresentar dados da linha de base de forma geral antes do procedimento (e.g., a criança

cava gritando 50% do tempo)

11. Apresentar, quando houver, dados da análise funcional;

12. Na descrição do procedimento, fornecer exemplos;

13. Sempre deixar clara a unidade de medida:

1. ERRADO: …até que os comportamentos problemáticos diminuíssem;

2. CERTO: …até que os comportamentos problemáticos diminuíssem de frequência.

3. ERRADO: …na redução do comportamento de levar objetos à boca, no entanto, a

intervenção não teve êxito;

4. CERTO: na redução da frequência do comportamento de levar objetos à boca, no entanto,

a intervenção não teve êxito.

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1. Apresentar destaques da discussão do artigo.

2. Construir grá cos simples a partir dos grá cos do artigo para apresentar os resultados.

3. Apresentar as informações dos participante em forma de cha (apresentar os dados de

apenas um participante por artigo);

4. Agrupar as pesquisas utilizando algum critério como, por exemplo, tipo de

comportamento-problema.

5. Descrever, ao nal da apresentação do artigo, um passo-a-passo para a aplicação do

procedimento.

Por m, esperamos que esse trabalho possa contribuir para melhorar o acesso pelo pro ssional

praticante brasileiro a esse tipo de intervenção e, consequentemente, contribuir para melhorar

a qualidade de vida das pessoas que precisam de intervenções e cazes, cienti camente

estudadas e testadas.

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