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Curso de Farmácia
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................... 3
2. A FARMÁCIA DE MANIPULAÇÃO................................................................................... 4
3. CONCEITOS IMPORTANTES........................................................................................... 4
5. BIOFARMACOTÉCNICA................................................................................................. 9
7. GRANULADO.............................................................................................................. 21
7.1 GRANULAÇÃO......................................................................................................................................21
7.2 MÉTODOS DE OBTENÇÃO DE GRANULADOS........................................................................................21
8. CÁPSULAS
8.1 CLASSIFICAÇÃO (CATEGORIAS DE CÁPSULAS).......................................................................................24
8.2 CÁPSULAS DURAS................................................................................................................................25
8.3 TAMANHO DAS CÁPSULAS...................................................................................................................25
8.4 MÉTODO DE ENCHIMENTO DAS CÁPSULAS..........................................................................................26
8.5 PROCEDIMENTO PARA MANIPULAÇÃO................................................................................................27
8.6 EXERCÍCIOS SOBRE ENCHIMENTO DE CÁPSULAS..................................................................................27
10. COMPRIMIDOS........................................................................................................... 31
10.1 CLASSIFICAÇÃO....................................................................................................................................31
10.2 ADJUVANTES OU EXCIPIENTES.............................................................................................................32
10.2.1 DILUENTES..............................................................................................................................................32
10.2.2 ABSORVENTES........................................................................................................................................32
10.2.3 AGLUTINANTES.......................................................................................................................................32
10.2.4 DESAGREGANTES....................................................................................................................................32
10.2.5 LUBRIFICANTES.......................................................................................................................................32
10.3 MÁQUINA DE COMPRESSÃO................................................................................................................33
10.3.1 FASES DA COMPRESSÃO.........................................................................................................................34
13.
1. INTRODUÇÃO
No rol das Ciências Farmacêuticas, a Farmacotécnica destaca-se por reunir subsídios teóricos e práticos
para aquele que, talvez, seja um dos maiores objetivos do profissional farmacêutico: produzir
medicamentos. E, quando se fala em medicamentos, fala-se de um produto que, por ser destinado à
promoção da saúde, é atrelado a um rígido controle de qualidade.
Desde os mais remotos tempos, a qualidade é embasada nas relações da Farmacotécnica com as demais
Ciências Farmacêuticas. O próprio Galeno, considerado o pai da Farmacotécnica (se não da profissão
farmacêutica), em seus escritos no início da Era Cristã, demonstrava uma enorme coerência científica,
sendo que algumas de suas fórmulas são utilizadas ainda hoje.
Quando se pensa na técnica e todas as implicações relacionadas à escolha da forma física do medicamento,
dependemos de pré-requisitos muito importantes, como a Química - em especial a Físico-Química e a
Química Orgânica. O conhecimento da primeira leva à otimização da técnica de preparo, e orienta quanto
ao perfil biofarmacêutico (velocidade de absorção) que se pretende atingir. Já a Química Orgânica, além de
sua importância nestes aspectos técnicos, também subsidia nas questões críticas, como a estabilidade dos
componentes envolvidos numa formulação e suas incompatibilidades.
A farmácia magistral brasileira passou nos últimos anos por profundas transformações, adequando a novos
parâmetros de qualidade mais exigentes e às novas legislações mais rigorosas. Contudo, o setor cresceu
muito, e esse crescimento trouxe novos desafios decorrentes do aumento da demanda por medicamentos
manipulados, tais como, o aumento da necessidade em atender a consumidores cada vez mais informados
e exigentes, o crescimento da competição comercial e a necessidade de adequação à legislação.
O principal desafio da farmácia magistral está na conquista da credibilidade que só será alcançada através
do crescimento sustentado, pautado na obtenção de excelência em serviços e em produtos e na
capacidade técnica-gerencial. A implantação de sistemas de garantia de qualidade, treinamentos
contínuos, a informatização, o emprego de novas tecnologias, o cumprimento das legislações sanitárias, a
política adequada de formação de preços e o marketing são alguns dos caminhos recomendáveis.
A principal mudança foi à substituição da RDC n° 33/2000 pela RDC n° 214/2006, a qual foi substituída pela
RDC n° 67/2007, que fixa os requisitos mínimos exigidos para o exercício das atividades de manipulação de
preparações magistrais e oficinais das farmácias, como as instalações, os equipamentos, recursos humanos,
aquisição, armazenamento e controle da qualidade da matéria-prima, avaliação farmacêutica da prescrição,
e principalmente a manipulação, conservação, transporte, e dispensação de preparações.
Portanto, a disciplina de farmacotécnica tem como objetivo discutir as principais formas farmacêuticas
produzidas dentro das farmácias de manipulação, não se esquecendo de interagir este conhecimento com
o dia-a-dia das empresas, trazendo assim a realidade para dentro da sala de aula. Desejo a todos um bom
semestre, repleto de conhecimentos que possam ser utilizados para ajudar as pessoas.
Importante: esta apostila destina-se apenas como apoio e não é um material didático, cabendo ao aluno
consultar as referências bibliográficas citadas na ementa.
2. A FARMÁCIA DE MANIPULAÇÃO
a) Facilidade posológica
b) Possibilidade de escolha da forma farmacêutica
c) Possibilidade de resgate de medicamentos
d) Economia
e) Personalização terapêutica
f) União multiprofissional
2.3 Farmacotécnica
A farmacotécnica estuda a transformação dos produtos naturais ou de síntese em medicamentos nas várias
formas farmacêuticas, utilizadas na prevenção, diagnóstico e cura das doenças. Esta transformação torna os
fármacos susceptíveis de serem administrados, assegurando uma perfeita eficácia terapêutica e
conservação.
Preparar, conservar, acondicionar e dispensar medicamentos, dosados com exatidão e apresentados sob
uma forma que facilite a sua administração. Além disso, visa o melhoramento das formas farmacêuticas
existentes, através do estudo dos componentes das fórmulas e de novos processos de fabricação. Compete
à Farmacotécnica estudar a forma farmacêutica mais adequada e o melhor meio de se conservar os
medicamentos, de modo a prolongar, na medida do possível, o seu período de utilização.
3. CONCEITOS IMPORTANTES
DROGAS
Matérias primas (ativa ou inativa) de várias origens, que tenha ou não finalidade medicamentosa ou sanitária
FÁRMACOS
É uma substância ativa, droga, insumo farmacêutico ou matéria-prima empregada para modificar ou explorar
sistemas fisiológicos ou estados patológicos em benefício da pessoa a qual se administra o medicamento.
REMÉDIOS
A palavra remédio é empregada num sentido amplo e geral, sendo aplicada a todos os meios utilizados com
o fim de prevenir ou de curar as doenças. Deste modo, são remédios não só os medicamentos, mas
também os agentes de natureza física ou psíquica a que se recorre na terapêutica.
MEDICAMENTO
Produto farmacêutico tecnicamente obtido ou elaborado, que contém um ou mais fármacos juntamente
com outras substâncias, com a finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico.
MEDICAMENTO MAGISTRAL
Medicamento preparado na farmácia cuja prescrição estabelece a composição, a forma farmacêutica e a
posologia de acordo com a necessidade clínica de cada paciente. Não está descrito nos códigos oficiais.
ESPECIALIDADE FARMACÊUTICA
Produto industrializado e comercializado em suas embalagens originais, podendo ser classificados em
genéricos, similares e de marca, sempre com registro no MS.
DCB
Denominação Comum Brasileira do fármaco ou princípio ativo aprovada pelo órgão federal responsável
DCI
Denominação Comum Internacional do fármaco ou princípio ativo aprovada pela organização Mundial de
Saúde.
QUARENTENA
Retenção temporária de insumos, preparações básicas ou preparações manipuladas isoladas fisicamente ou
por meios que impeçam a sua utilização, enquanto esperam decisão quanto à sua liberação rejeição.
TERMOS USADOS EM FARMACOTÉCNICA
q.s.p: quantidade suficiente para... (se preparar uma formulação). Pode-se dizer que o q.s.p representa o
peso ou volume total da formulação, e não necessariamente o peso ou volume de um determinado item.
q.s: quantidade suficiente
fsa: faça segundo a arte
bm: banho-maria
caps: cápsulas
USP: United States Pharmacopeia – Farmacopéia Americana
Farm. Bras.: farmacopéia Brasileira
BASES GALÊNICAS
Preparações compostos de uma ou mais matérias-primas, com fórmula definida destinada a serem
utilizadas como veículos/excipiente de preparações farmacêuticas.
RDC 67/2007
Conjunto de normas e definições que dispõe sobre as Boas Práticas de Manipulação em Farmácia, desde
suas instalações, equipamentos e recursos humanos, aquisição e controle da qualidade da matéria-prima.
Além do armazenamento, avaliação farmacêutica da prescrição, manipulação, fracionamento, conservação,
transporte, dispensação das preparações, incluindo a atenção farmacêutica aos usuários ou seus
responsáveis, visando à garantia de sua qualidade, segurança, efetividade e promoção do seu uso seguro e
racional.
INSUMO INERTE
Substância complementar, de natureza definida, desprovida de propriedades farmacológicas ou
terapêuticas, nas concentrações utilizadas, e empregada como veículo ou excipiente, na composição do
produto final.
PREPARAÇÃO
Procedimento farmacotécnico para obtenção do produto manipulado, compreendendo a avaliação
farmacêutica da prescrição, a manipulação, fracionamento de substâncias ou produtos industrializados,
envase, rotulagem e conservação das preparações.
4. CONSTITUINTES DAS FORMULAÇÕES
4.2 EXCIPIENTE
Excipientes farmacêuticos são substâncias farmacologicamente inativas, que tem sua segurança avaliada e,
que estão incluídos junto ao P.A com as seguintes intenções1:
Também chamados de adjuvantes ou coadjuvantes, dependendo de suas aplicações podem ser divididos
em coadjuvantes terapêuticos ou coadjuvantes técnicos.
Está diretamente relacionado às fases farmacodinâmicas e farmacocinéticas, e tem como função auxiliar a
ação do P.A, seja por sinergismo, redução de efeitos adversos ou ainda o aumento do tempo de meia-vida
dos fármacos.
Ex: carbidopa e ácido clavulânico, que associados à levodopa e penicilina aumentam a meia-vida destes por
inibição metabólica.
São os excipientes mais comuns e estão relacionados ao melhoramento dos aspectos químicos, físicos e
físico-químicos, permitindo maior estabilidade das formulações. São classificados de acordo com a sua
funcionalidade nas formulações.
Agente acidulante: usado em preparações liquidas para proporcionar meio ácido para a
estabilidade do produto.
Agente alcalinizante: usado em preparações liquidas para proporcionar meio alcalino para a
estabilidade do produto.
Adsorvente: agente capaz de prender outras moléculas em sua superfície por meios físicos ou
químicos.
Conservante antifúngico: previne o crescimento de fungos em formulações liquidas e semissólidas.
Conservante antimicrobiano: previne o crescimento de bactérias em formulações líquidas e
semissólidas.
Antioxidante: inibe a oxidação.
Agente tampão: usado para resistir às mudanças de pH.
Agente quelante: substância que forma complexos estáveis e hidrossolúveis (quelatos) com metais.
Corante: usado para fornecer cor.
Emulsificante: usado para dispersar líquidos não miscíveis.
Flavorizante: fornece cor e odor agradáveis.
1
Fonte: www.ipecamericas.org
Umectante: evitar o ressecamento das preparações.
Solvente: agente usado para dissolver uma substância em solução.
• Para que seja absorvido precisa antes ser dissolvido (dissolução) no local de absorção
• A dissolução depende do pH do meio, podendo ser dissolvido no estômago ou intestino
• A dissolução depende de inúmeros fatores, como a F.F, solvente, características físico-químicas, etc.
• Produtos mal formulados podem não ser completamente absorvidos
DOSE
Quantidade de fármaco suficiente (mínima) para produzir efeito terapêutico ideal. A dose usual segura e
eficaz é definida por estudos clínicos e depende de fatores fisiológicos, patológicos e genéticos.
POSOLOGIA
É o intervalo de tempo entre uma dose e outra, ou seja, o número de vezes e a quantidade de
medicamento a ser utilizada a cada dia – que varia em função do paciente, da doença que está sendo
tratada e do tipo de medicamento utilizado. A posologia está relacionada com o tempo de ação e a dose
terapêutica do medicamento em questão.
DOSE USUAL
Existem grupos de indivíduos que respondem diferente às mesmas doses
5.3 BIODISPONIBILIDADE
Corresponde à quantidade de um fármaco que chega a circulação sanguínea, em determinado tempo após
a sua administração.
1. A libertação e dissolução dos fármacos constituem fatores limitantes na absorção, quer do ponto
de vista da quantidade absorvida, quer na velocidade que ela se efetua.
2. Uma das medidas da absorção de um fármaco é a determinação de sua concentração ( [ ] ) sérica
em vários intervalos de tempo após a sua administração.
3. É possível determinar qual a [ ] mínima que produza os efeitos desejados. Essa [ ] é denominada CME
– Concentração Mínima Efetiva
5.4 ÍNDICE TERAPÊUTICO
Um fármaco deve ser julgado não apenas por suas propriedades úteis, mas também pelos seus efeitos
tóxicos. Desta forma, tem-se o índice terapêutico de um fármaco.
Complete as informações abaixo com relação aos fatores que afetam a biodisponibilidade.
a. A forma farmacêutica
b. Os excipientes
e. A dose
EXEMPLO:
Mesmo fármaco, mesma dose e diferentes formas farmacêuticas
ERROS DE PESAGEM PODEM ELEVAR A [ ] PLASMÁTICA
O gráfico abaixo representa diferentes concentrações do excipiente Estearato de magnésio e sua influência
na absorção de um fármaco.
FORMAS FARMACÊUTICAS SÓLIDAS
VANTAGENS
6. FORMA FARMACÊUTICA EM PÓ
São formas farmacêuticas sólidas e secas constituídas por um ou mais componentes, que passaram por
processos de pulverização e que apresentam a mesma tenuidade.
VANTAGENS
Fácil deglutição, fácil dissolução e fácil absorção.
DESVANTAGENS
Baixa uniformidade de doses, sabor mais realçado que outras F.F, baixa estabilidade química.
1) QUANTO À APLICAÇÃO
Uso interno: podem constituir solução no momento da administração.
Uso externo: devem possuir boa espalhabilidade e tenuidade e não devem causar irritação local.
2) QUANTO A CONSTITUIÇÃO
Pós simples:
Pós compostos:
A granulometria dos pós pode interferir em processos de mistura, dissolução e biodisponibilidade. Ou seja,
o tamanho das partículas interfere na biodisponibilidade através da variabilidade dos seguintes fatores:
a) Velocidade de dissolução;
b) Suspensibilidade;
c) Uniformidade na distribuição;
a) Operações preliminares
Operações mais utilizadas para material vegetal e separação de corpos sólidos. Caracterizadas
principalmente pela triagem ou monda, divisão grosseira e secagem
O tamis é o instrumento utilizado para fazer a tamisação. É constituído por um aro de diâmetro variável,
apresentando uma das extremidades fechada com uma tela aplicada de modo a ficar bem esticada, como
uma peneira.
6.4 MODIFICAÇÕES DEVIDO A REDUÇÃO DO TAMANHO DAS PARTÍCULAS
a) Cor
b) Cheiro e sabor
c) Volume
d) Densidade
e) Higroscopia
f) Solubilidade
6.5 INCOMPATIBILIDADES
a) Misturas eutéticas
São misturas que se liquefazem a temperatura ambiente. O ponto de fusão da mistura é menor do que a
dos dois pós isoladamente, podendo liquefazer-se ou formar uma pasta. Exemplos:
1. Acetanilida e cânfora;
2. Ácido acetilsalicílico e fenol;
3. Antipirina e mentol;
4. Cânfora e mentol;
Para minimizar esse efeito, deve-se usar um pó absorvente, como o óxido de magnésio, o fosfato tricálcio,
o gel de sílica, talco, amido ou a lactose.
Problemas relacionados à manipulação de pós.
6.6 ACONDICIONAMENTO
O acondicionamento pode ser feito em potes de plástico ou de vidros, de boca larga, bem cheios e fechados.
As substancias que sofrem hidrolise podem ser acondicionadas em
embalagens com gel de sílica, por exemplo
EXIGÊNCIAS
Estabilidade
Homogeneidade:
1. Tamanho de partículas semelhantes
2. Técnica adequada – Misturador em V
3. Gral – Mistura geométrica
6.7 PÓS-EFERVECENTES
Os pós efervescentes constituem uma fórmula dotada de má conservação, pois absorvem facilmente
umidade atmosférica dada a grande superfície que apresentam. É por isso que eles são geralmente
substituídos por granulados, menos sujeitos a esta alteração.
a) Logo após a pulverização e tamisação de cada um dos pós presentes na fórmula, secar cada um
desses pós em estufa à 50-60°C durante 20 minutos.
b) Pulverizar e tamisar isoladamente cada um dos pós secos, misturá-los em um gral. Secar o pó
composto obtido em estufa à 50°C durante 20 minutos aproximadamente.
c) Após o término da etapa anterior, caso necessário, tamisar a mistura final obtida. embalar, rotular
e registrar conforme as mesmas exigências dos pós compostos acima descritas.
7. GRANULADO
Granular é uma operação farmacêutica de dar forma utilizada para aglomerar substâncias pulverizadas
através da aplicação de pressão e/ou adição de aglutinantes.
7.1 GRANULAÇÃO
1. Mais estéticos
2. Não aderem entre si: evita a umidade
3. Mais agradáveis de ingerir
4. Posologia mantida x colheres
5. Efervescentes – melhor conservação – menor superfície de contato
São formas farmacêuticas sólidas, com invólucro duro ou mole, de diversos formatos e tamanhos,
normalmente contendo uma dose unitária de ingrediente ativo. Os invólucros são normalmente formados
de gelatina de origem animal, contudo podem ser de amido.
VANTAGENS
DESVANTAGENS
1. Não é fracionável;
2. Aderem com certa facilidade à parede de esôfago;
3. Dificuldade de uso em crianças e idosos;
4. Incompatibilidade com substâncias higroscópicas, deliquescentes e eflorescentes;
1. Cápsulas duras;
2. Cápsulas moles;
3. Cápsulas gastro-resistentes (de liberação entérica);
4. Cápsulas de liberação modificada (liberação prolongada).
8.2 CÁPSULAS DURAS
As cápsulas duras têm forma cilíndrica, arredondada nos extremos e são formadas por duas partes abertas
numa extremidade, com diâmetros ligeiramente diferentes, devendo seus extremos abertos encaixar um
no outro.
Obs.: existem diferenças de capacidade relacionadas com a reologia do pó, tenuidade, densidade, pressão
usada no enchimento, etc. Exemplo: uma cápsula n° 0 pode conter 520mg de Ácido Acetilsalicílico e 715mg
de bicarbonato de sódio, ou ainda 325mg de sulfato de quinina.
A dosificação correta das cápsulas duras depende de três fatores fundamentais:
CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES
As cápsulas devem ser completamente preenchidas, e a tampa não foi feita para acondicionar os pós, e sim
servir de barreira. Se a quantidade de fármaco for menor que a capacidade total da cápsula, é necessário
acrescentar um diluente para seu completo enchimento, como a lactose, a celulose microcristalina, amido
ou uma mistura chamada de excipiente padrão:
Estearato de Magnésio.......................0,5%
Aerosil...............................................1,0%
Lauril Sulfato de Sódio...................1% a 2%
Talco..................................................30%
Amido de milho............. qsp..............100%
Por isso, o “método volumétrico” de enchimento de cápsulas é muito mais preciso, já que as cápsulas têm a
capacidade constante em termos de volume.
8.5 PROCEDIMENTO PARA MANIPULAÇÃO
1. Passo: processo em que o manipulador deverá pesar os pós especificados na ficha de pesagem,
observando as respectivas quantidades;
2. Passo: a pesagem deverá ser precisa e muito cuidadosa;
3. Passo: ao iniciar a pesagem, tarar a balança com papel de pesagem sobre o prato;
4. Passo: pesar os pós um a um com o auxílio de espátula. Para a pesagem de Pellets deve utilizar sempre
espátula de plástico ou chifre – não utilizar espátula de aço inox;
5. Passo: os pós devidamente pesados deverão ser pulverizados em gral de porcelana ou de vidro
individualmente;
6. Passo: misturar os pós em um único gral seguindo a REGRA DO MISTÃO ou REGRA GEOMÉTRICA (maior
sobre o menor);
7. Passo: passar o conteúdo para uma provera graduada a verificar o volume obtido por aquela
quantidade de pó;
8. Passo: verificar a necessidade de diluente e escolher a cápsula ideal de acordo com o volume obtido no
passo 7 dividido pela quantidade de cápsulas da formulação;
9. Passo: com o auxílio de um saco plástico, misturar bem os pós e o distribuir sobre a placa encapsuladora;
10. Passo: encapsular;
11. Passo: lustrar as cápsulas;
12. Passo: acondicionar.
1. Prescrição A N° Volume da
Cápsula (ml)
5
Fluoxetina.......................................................................25mg 0,130ml
Preparar 60 caps 4 0,210ml
3 0,300ml
Dados: 2 0,370ml
1 0,500ml
I. A matéria-prima disponível na farmácia está na forma de sal 0 0,680ml
(cloridrato de fluoxetina), e, portanto, seu fator de equivalência é 00 0,950ml
1,12 000 1,370ml
II. O volume ocupado pelo fármaco (na proveta) foi de 3,0 ml
III. O volume das cápsulas disponíveis é:
Perguntas:
3. Prescrição C
Losartana........................................................25mg
Hidroclorotiazida.............................................................12,5mg
Preparar 60 caps N° Volume da
Cápsula (ml)
Dados: 5 0,130ml
IV. A matéria-prima disponível na farmácia está com teor de umidade 4 0,210ml
de 12%. 3 0,300ml
V. O volume ocupado pelo fármaco (na proveta) foi de 9,0 ml 2 0,370ml
VI. O volume das cápsulas disponíveis é: 1 0,500ml
0 0,680ml
00 0,950ml
Perguntas: 000 1,370ml
Existem fármacos que por serem irritantes ao estômago ou sensíveis ao baixo valor do pH do suco gástrico
(entre 1,0 e 2,5) devem passar intactos pelo estômago para serem absorvidos no intestino.
O planejamento dos revestimentos entéricos baseia-se no tempo de trânsito necessário para a passagem
da forma farmacêutica do estômago até os intestinos. Isso pode ser obtido com revestimentos de
espessura suficiente para resistir à dissolução no estômago
9.1 RAZÕES PARA REVESTIR AS CÁPSULAS
1) Proteger fármacos que se decomponham em meio ácido, tais como enzimas e alguns antibióticos;
2) Prevenir mal-estar gástrico e náuseas devido à irritação provocada pelo fármaco, como por
exemplo, o AAS;
3) Administração de fármacos para a ação local nos intestinos, como os anti-parasitários;
4) Quando for importante que o princípio ativo não sofra diluições antes de atingir o intestino, como,
por exemplo, mesalazina e sulfassalazina (anti-inflamatório intestinal – colite).
1) Goma laca;
2) Ftalato de hidroxipropilmetilcelulose (HPMC);
3) Copolímero do ácido metacrílico/metacrilato de metila (Eudragit L-100);
4) Acetaftalato de polivinil e Acetoftalato de celulose;
5) Formaldeído e Acetona
O método mais viável para uso magistral por ser simples e rápido é o proposto por Lachman empregando:
Solução de acetoftalato de celulose adicionada manualmente ou diluída com solventes apropriados para
aspersão nas cápsulas, a qual é composta por:
• Acetoftalato de celulose............................5%
• Polietilenoglicol 8000..............................15%
• Monoleato de sorbitano.........................0,3%
• Corante amarelo.....................................0,05%
• Dióxido de titânio.....................................0,5%
• Vanilina (0,1%), óleo de rícino................0,25%
• Álcool etílico............................................12%
• Acetona......................... Qsp...................100%
10. COMPRIMIDOS
Comprimidos são formas farmacêuticas sólidas contendo princípios ativos, com vários tamanhos, formas,
peso, dureza, espessura, características de desintegração, etc. São obtidos pela compressão de pós ou
granulados, em que onde uma elevada pressão é aplicada ao sistema até que este se rearranje e deforme,
dando origem a uma massa compacta, ou seja, um corpo rígido de forma bem definida. Sua grande maioria
é destinada à via oral, sofrendo desagregação na boca, estômago ou intestino.
VANTAGENS
DESVANTAGENS
10.1 CLASSIFICAÇÃO
a) Quanto à forma
a. Circular
b. Alongado
c. Quadrado, etc.
b) Quanto ao perfil
a. Plano
b. Convexo
c. Côncavo
d. Chanfrados
c) Quanto à superfície
a. Revestimento por película
b. Revestimento por açúcar + verniz: drágeas
d) Quanto a cadencia e desagregação
a. Liberação imediata
b. Liberação modificada (retardada, prolongada, controlada e repetida)
10.2 ADJUVANTES OU EXCIPIENTES
Os adjuvantes em comprimidos são adicionados à formulação para melhorar certas características, como a
forma, tamanho, escoamento do pó, a desagregação, dissolução, aceitabilidade pelo paciente, etc.
10.2.1 DILUENTES
São adicionados aos pós para obter comprimidos com peso conveniente. Podem ser:
a. Solúveis: lactose, sacarose, cloreto de sódio, manitol;
b. Insolúveis: amido, celulose microcristalina (Avicel);
c. Mistos: mistura dos solúveis com insolúveis.
10.2.2 ABSORVENTES
São incorporados para absorver a água da umidade atmosférica ou residual dos pós que provoquem a
alteração da forma farmacêutica. Retém ainda a água de extratos fluidos ou tinturas. Exemplos:
a. Amido e lactose.
10.2.3 AGLUTINANTES
São substâncias que aumentam o contato entre as partículas, devido a sua alta capacidade de agregação e
compactação. São produtos de longa cadeia, como:
b. Açucares: lactose, glucose, manitol, sacarose;
c. Mucilagens: goma arábica, goma de amido, goma agraganta;
d. Polímeros: PVP
10.2.4 DESAGREGANTES
10.2.5 LUBRIFICANTES
As máquinas de compressão do tipo excêntricas são constituídas por punções, sendo um inferior e um
posterior, por uma câmara de compressão ou matriz, cujo fundo é formado pela punção inferior e por uma
peça móvel distribuidora de pó.
As punções e matrizes são de aço temperado especial e algumas vezes o punção superior tem gravado o
nome do laboratório, de um símbolo ou o do medicamento a se preparar.
10.3.1 FASES DA COMPRESSÃO
Todos os materiais sofrem alterações, com o tempo, sob a ação do ambiente, desde materiais extraídos da
natureza até materiais sintéticos. Os fatores ambientais que degradam os medicamentos são inúmeros,
como por exemplo, a luz (através da radiação ultravioleta e infravermelha), a umidade, o calor,
microorganismos, etc.
Fármacos puros são mais estáveis do que em misturas: as chances de interação com outros materiais
aumentam muito.
Fármacos em formas sólidas são mais estáveis que em formas líquidas: as reações químicas ocorrem
melhor e mais rápido em um meio líquido.
Fármacos sujeitos a algum processamento são também mais facilmente decompostos: Granulação
úmida, secagem, aquecimento para facilitar a solubilização, etc.
A decomposição dos fármacos, puros ou nos medicamentos, obriga aos fabricantes estipular a sua data de
validade:
Por esse motivo há um tempo considerável entre a elaboração de uma nova formulação e o seu
aparecimento no mercado.
O estudo da estabilidade de medicamentos conduz a uma compreensão mais fácil sobre a degradação que
os medicamentos podem sofrer, principalmente em sua potência.
Portanto, a estabilidade é a extensão de tempo na qual o produto mantém, dentro de limites especificados,
através do período de armazenamento e uso, as mesmas propriedades que possuía no momento da sua
fabricação.
11.1 TEMPERATURA
MEDICAMENTOS
FATORES FATORES
EXTRÍNSECOS INTRÍNSECOS
(CAUSAS EXTERNAS) (CAUSAS INTERNAS)
INSTABILIDADES INCOMPATIBILIDADES
TEMPERATURA FÍSICAS
LUZ QUÍMICAS
pH TERAPÊUTICAS
UMIDADE
TEMPO
b. Importante lembrar que, em nosso país, a temperatura ambiente varia muito, ultrapassando os
30º C
a. A luz solar (UV) afeta as ligações químicas fornecendo energia para a separação dos elétrons
compartilhados entre os dois átomos dessa ligação. Pode resultar em:
a. Formação de radicais livres no processo de oxidação
b. Lise da molécula formando dois radicais
c. A quebra da molécula pode causar isomerização
b. Correções: armazenar os produtos em embalagens foto-resistentes (vidro, plástico PET âmbar,
plástico escuro, embalagens de alumínio, etc).
a. Reação que ocorre na presença de oxigênio, com o ganho ou perda de um ou mais átomos
eletropositivos, átomos aletronegativos, radiais ou elétrons.
b. É iniciada tanto pela luz como pela presença de metais
c. Formas de evitar a oxidação:
a. Usar agentes quelantes: EDTA
b. Usar agentes anti-oxidantes: bissulfito de sódio, metabissulfito
c. Evitar o contato com a luz e excesso de umidade
11.4 pH
CO2H O H
CO2H
O
OH O
a) hidrólise
+ OH
O
ác. acetil salicílico ác. salicílico ác. acético
Pelo fato das preparações magistrais serem produzidas para a administração imediata ou após curto
período de armazenagem, seus prazos de validade podem ser estabelecidos, utilizando critérios diferentes
daqueles aplicados para determinar a validade do produto industrializado.
Embora se subtenda que o produto manipulado será utilizado logo após o aviamento da prescrição e
somente durante o tempo de tratamento, ele precisa se manter estável durante todo este tempo.
a. Diversidade de formulações
b. Associações de ativos
c. Diversos excipientes e veículos
d. Equipamentos utilizados e a tecnologia aplicada
e. Fatores econômicos: doses unitárias e individuais
Contudo, existem meios racionais e científicos, embora não exatos, de se presumir de maneira aproximada
a validade de uma preparação farmacêutica magistral.
Se a fonte for industrializado a validade não deve exceder a 25% do tempo remanescente para a
data de expiração do produto original, ou 6 meses, o que for mais precoce.
Se a fonte da M.P não é industrializado (comprado direto do fabricante), o prazo de validade não
deverá exceder a 6 meses.
b. Formulações de antibióticos contendo grande quantidade de água
1. ALLEN JR, Loyd V.; POPOVICH, Nicholas G; ANSEL, Howard C. Formas farmacêuticas e sistemas de
liberação de fármacos. Tradução Ana Lúcia Gomes dos Santos et al. 8. ed. Porto Alegre: Artmed,
2007. viii, 775 p. il. Tradução de: Ansel's pharmaceutical dosage form & drug delivery systems. ISBN
978-85-363-076.
2. FERREIRA, Anderson de Oliveira. Guia prático da Farmácia magistral. 4.ed. rev. ampl. São Paulo:
Pharmabooks, 2010. v.1. xxii, 736 p. il. ISBN 978-85-8973-145-4.
3. FERREIRA, Anderson de Oliveira; BRANDÃO, Marcos. Guia prático da Farmácia magistral. 4.ed. rev.
ampl. São Paulo: Pharmabooks, 2011. v.2. xxiii, 673 p. il. ISBN 978-85-8973-145-4.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
1. CRESPO, Marcelo Soares; CRESPO, Juliana Maria Rocha e Silva. Formularium: compêndio de
fórmulas magistrais. São Paulo: Crespo, 2002. v.1. xlvi, 586 p. ISBN 85-902747-1-3. (A biblioteca
possui 2 ex.
v.1 de 2002)
2. VILLANOVA, Janaina Cecília Oliveira; SÁ, Vania Regina de. Excipientes: guia prático para
padronização. São Paulo: Pharmabooks, 2007. 115 p. ISBN 85-8973-114-6.
4. GENNARO, Afonso R. (Ed.). Remington: a ciência e a prática da Farmácia. Tradução Adriana Ito
Azevedo at al. 20. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, c2004. xviii, 2208 p. il. Tradução de:
Ramington: the science and practice of pharmacy. ISBN 85-277-0873-6.
5. Farmacopéia brasileira parte II: sexto fascículo. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2005. Várias paginações
p. ISBN 85-7454-091-9.