Você está na página 1de 24

INSTITUTO SUPERIOR DE TEOLOGIA APLICADA

CURSO DE FARMÁCIA

MANUAL DE AULAS PRÁTICAS


- ANÁLISES TOXICOLÓGICAS -

Elaborado pela Monitora Janicleia da Rocha Sousa

com orientação do Professor Mestre José Cláudio Dias Aguiar

SOBRAL/2017
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 2

BREVE HISTÓRICO 3

NORMAS DE SEGURANÇA NO 4
LABORATÓRIO

DETERMINAÇÃO DA ALCOOLEMIA 6

DETERMINAÇÃO DE NITRATO 10

DETERMINAÇÃO DE SALICILATOS 13

DETERMINAÇÃO DE PARACETAMOL 16

DETERMINAÇAÕ DO HCN EM 19
MACAXEIRA

CURIOSIDADE 23

1
APRESENTAÇÃO

A disciplina Análises Toxicológicas do Curso de Farmácia das Faculdades


INTA é desenvolvida através de aulas teóricas e práticas, abordando conteúdos
importantes na área da análise em toxicologia para a formação farmacêutica. As
aulas teóricas são ministradas pelo professor, em sala de aula, utilizando recursos
como exposição ilustrativa, estudos dirigidos e listas com exercícios sobre os
assuntos abordados. As aulas práticas são desenvolvidas no Laboratório de
Química apropriado para tal fim, sendo necessária a prévia preparação de soluções,
reativos e amostras a serem utilizadas de acordo com as condições do local.
Optou – se pela elaboração deste manual como auxílio no desenvolvimento e
na compreensão das aulas práticas, já que o mesmo, além de conter os roteiros de
procedimentos, também apresenta questões “pós – laboratório”, como guia de
estudos, sendo mais uma ferramenta de aprendizado. Este manual também facilita o
trabalho dos técnicos de laboratório no que se refere ao preparo das aulas práticas a
serem realizadas, após solicitação pelo professor responsável
Este manual resultou do trabalho de monitoria da aluna Janicleia da Rocha
Sousa, durante o semestre letivo 2016.2, sendo revisado pelo professor responsável
pela disciplina José Cláudio Dias Aguiar.

2
BREVE HISTÓRICO

A relação das substancias tóxicas com a história da humanidade se destacam


em períodos aproximados. Na antiguidade e Era Cristã 3.000 a.C. até 400 d.C.- o
personagem marcante da era foi Aulus Cornelius Celsus, um escritor e possível
físico que fez os primeiros registros dos tipos inflamação e do uso do ópio. Houve
acontecimentos importantes durante esses séculos e já na Era Contemporânea
século XVII a 1950, período em que houve a consolidação dos estudos
toxicológicos, que levaram à criação de leis, implantação de técnicas e as primeiras
aplicações mais cientificas na agricultura e medicina. Desde 1950 até a atualidade,
vieram à tona efeitos das descobertas, desde a metade do século passado há os
registros mais graves, que afetaram populações inteiras, dentre os principais estão:
caso talidomida, envenenamento por arsênio em Bangladesh e envenenamento por
mercúrio no Iraque. Em 1961, nasceu a Fundação da Sociedade da Toxicologia,
para criar condições mais seguras e saudáveis no estudo da Toxicologia.
Na disciplina de Análises Toxicológicas é estudado seus fundamentos nos
quais estão envolvidos a toxicologia analítica, etapas da análise desde amostragem
até divulgação dos resultados, legislação, toxicologia analítica e forense, e estudo de
agentes tóxicos que é de suma importância para esta etapa prática pois permite o
conhecimento de sua determinação analítica, qualitativamente e quantitativamente.
Assim, a disciplina de Análises Toxicológicas, demonstra ser indispensável
para a formação do farmacêutico, pois trata-se da ciência que estuda os efeitos
nocivos à saúde por substâncias químicas ou drogas, tendo como objetivo
estabelecer condições seguras de exposição, prevenindo consequentemente, um
dano tóxico bem como quantificar e qualificar intoxicações.

3
NORMAS E REGRAS DE SEGURANÇA EM LABORATÓRIO:

As regras gerais de segurança em Laboratório de Parasitologia existem,


para que as pessoas tornem esse trabalho uma atividade segura e realizem sempre
as boas práticas. É necessário que todos os alunos e auxiliares a conheçam e
pratiquem, desde o primeiro momento que pretenderem permanecer dentro do
laboratório.

1. Recomendações gerais:

 Trabalhe com atenção;


 Não pipete nenhum reagente com a boca;
 Não leve a mão a boca ou aos olhos quando estiver utilizando
reagentes;
 Não use lentes de contato no laboratório;
 Planeje o trabalho antes de realizá-lo;
 Verifique o material, vidraria e equipamento a serem utilizados. Não
trabalhar com material trincado.
 Trabalhe com a bancada limpa;
 Rotule os reagentes a serem preparados;
 Cuidado com o descarte dos reagentes nas pias do laboratório. Em
caso de derramamento de produtos corrosivos e irritantes, advertir as
pessoas próximas, lavar o local com água corrente e procurar o serviço
médico;
 Não jogue vidros quebrados no lixo;
 Não é permitido fumar no laboratório;
 Não utilizar substâncias inflamáveis (álcool, éter, etc) nas
proximidades de uma chama: apague-a antes;
 Jamais comer ou beber em laboratório;
 É expressamente proibido fumar em laboratório.

2. Indumentária Obrigatória

1. Jaleco branco de mangas compridas longos até os joelhos, com fios de


algodão na composição do tecido (preferencialmente);

4
2. Calça comprida;
3. Sapato fechado;
4. Máscara, touca e luvas descartáveis.

3. Equipamentos de segurança:

- Avental de algodão e luvas;


- Protetores faciais e óculos;
- Máscaras protetoras;
- Extintores de incêndio;
- Chuveiros de emergência.

4. Descarte de sólidos e líquidos

1. Deverá ser efetuado em recipientes apropriados separando-se o descarte de


orgânicos e de inorgânicos.
2. Todo e qualquer material a ser descartado deve ser orientado e informado ao
professor.

OBS: QUALOUER ACIDENTE COMUNICAR IMEDIATAMENTE AO PROFESSOR

5
CURSO DE FARMÁCIA / ANÁLISES TOXICOLÓGICAS - PROF.: José Cláudio Dias Aguiar

DETERMINAÇÃO DA ALCOOLEMIA

O álcool, comumente conhecido como álcool etílico (etanol), vem ocupando um


lugar de destaque na história da humanidade há pelo menos 8.000 anos. Hoje em
dia, o álcool é amplamente consumido. A exemplo de outras drogas sedativas
hipnóticas, o álcool em quantidades baixas a moderadas alivia a ansiedade e cria
uma sensação de bem estar ou até mesmo de euforia. Entretanto o álcool é também
a droga mais consumida de modo abusivo no mundo.
O álcool etílico ou etanol é introduzido no nosso organismo por ingestão (via
oral), por ser uma pequena molécula hidrossolúvel, é absorvido rapidamente pelo
trato gastrintestinal sendo 20 % absorvido no estômago e 80 %, no intestino
delgado. A sua distribuição é rápida, e os níveis teciduais aproximam-se da
concentração sanguínea, feita por todo o organismo, sendo proporcional ao
conteúdo de água nos tecidos. A principal via de metabolismo envolve oxidação pela
enzima álcool desidrogenase, uma enzima citosólica que converte o etanol em
etanal (acetaldeído). Essa enzima localiza-se principalmente no fígado, mas também
é encontrada em outros órgãos como o cérebro e estômago. Após a conversão do
álcool pela álcool desidrogenase em etanal este é convertido em ácido etanóico
(ácido acético) pela aldeído desidrogenase, sendo convertido em acetil – CoA,
posteriormente.
O sistema nervoso central é acentuadamente afetado pelo consumo agudo de
álcool, provoca sedação e alivio e, em maiores concentrações, fala arrastada, ataxia,
comprometimento do discernimento e comportamento desinibido, uma condição
denominada intoxicação ou embriaguez. O etanol é um bom depressor do sistema
nervoso central por se dissolver nas membranas lipídicas das células, alterando a
sua fluidez (reduzindo sua viscosidade) e, também, por interagir com receptores
GABA (ácido gama – aminobutírico), provocando inibição sináptica.
Segundo o Código Brasileiro de Trânsito, 0,6 g de etanol por cada litro de
sangue de um indivíduo é a massa de etanol capaz de comprovar a embriaguez.

6
O etanol (álcool etílico) inibe a secreção de vasopressina (hormônio
antidiurético), provocando o desvio da agua diretamente para a bexiga, pulando a
etapa de reabsorção realizada pelos intestinos, aumentando a diurese. A cada
250mL de bebida alcoólica são eliminados em média 1000 mL de urina, à medida
que a concentração de etanol sérico diminui o efeito diurético também vai reduzindo.
Um fator importante para o aumento de triglicerídeos no organismo é o
consumo de bebidas alcoólicas. Em ingestões frequentes o etanol é fonte precursora
da síntese de triglicerídeos, tornando-se um estímulo poderoso e persistente
podendo levar a quadros de excessos de triglicérides.

SOLUÇÕES E REAGENTES:

Solução nitrocrómica 0,05 N (dicromato de potássio em ácido nítrico P. A.); etanol


P.A.; iodeto de potássio 1%; solução de amido 0,5%; solução de tiossulfato de sódio
0,01N; água destilada; gelo.
Amostra: 2 mL de álcool em 40 mL de água destilada

EQUIPAMENTOS E VIDRARIAS:

Tubos de ensaios, sistema para destilação simples (para soluções de 60 mL),


erlenmeyer, recipiente pyrex, bureta.

PROCEDIMENTO: Método de Cordebard


1 – Destilar amostra a 80 ºC e coletar o destilado em banho de gelo. Anotar o Vd =
2 – Transferir 1 mL do destilado para um erlenmeyer de 100 mL com tampa
esmerilhada.
3 – Adicionar 2 mL de solução nitrocrómica, com o erlenmeyer em banho de gelo.
Deixar 10 min.
4 – Adicionar 30 mL de água destilada e 10 mL de solução KI 1%. Aguardar 2
minutos.

Escreva a equação envolvida:

7
5 – TITULAÇÃO DO IODO liberado no item anterior.
5.1 – Adicionar 4 gotas de solução de amido 0,5% e verificar cor do complexo amido
– iodo.
5.2 – Iniciar a titulação com a solução de tiossulfato de sódio 0,01 N.
5.3 – Finalizar a titulação com a formação de meio incolor.

Escreva a equação envolvida:

5.4 – Anotar o volume gasto de solução de tiossulfato de sódio Va =


6 – TESTE DO BRANCO:
6.1 – Adicionar 2 mL de solução nitrocrómica a um outro erlenmeyer e aguardar 10
minutos.
6.2 – Adicionar 30 mL de água destilada e 10 mL de solução KI 1%. Aguardar 2
minutos.
6.3 – TITULAÇÃO DO IODO liberado no item anterior.
6.4 – Anotar o volume gasto de solução de tiossulfato de sódio Vb =
7 – Calcular a concentração de etanol (em g/L), através da fórmula abaixo:

|Vb – Va| x 0,115x Vd / 5


Vb, Va e Vd utilizados em mL
Em muitos casos, o valor de Vb é bem maior do que o de Va
A fórmula acima é aplicada a uma amostra de 5 mL de sangue

8
PÓS-LABORATÓRIO

1. Explique introdução / absorção do etanol, no nosso organismo.


2. Como é feita a distribuição do etanol pelo organismo?
3. Explique a principal via de metabolismo do etanol.
4. Por que o etanol é um depressor do Sistema Nervoso Central?
5. Qual é a relação entre etanol e diurese?
6. Qual é a relação entre etanol e síntese de triglicerídeos?
7. Segundo o Código Brasileiro de Trânsito, qual é a massa de etanol (g) por cada
litro (L) de sangue, capaz de comprovar a embriaguez?
8. Cite as duas principais finalidades da determinação da alcoolemia.
9. Explique a ação da mistura nitrocrómica sobre o etanol.
10. Explique a participação de iodeto de potássio no Método de Cordebard.
11. O que indica o ponto final da titulação entre iodo e tiossulfato de sódio?

Muitas bebidas alcoólicas apresentam o teor de etanol em graus GL (graus Gay


Lussac, homenagem ao físico – químico francês Louis Gay – Lussac, que viveu no
século XIX). Essa unidade de teor alcoólico corresponde à porcentagem em volume
de etanol na solução, ou melhor, na bebida. Por exemplo: uma cachaça de 40 ºGL
contém 40 mL de etanol em cada 100 mL de cachaça, o mesmo que 40 %v/v.

12. Qual é o volume de etanol ingerido por um biriteiro ao tomar um litro de cachaça
50 ºGL?

O Instituto Nacional de Pesos e Medidas (INPM) adota o grau INPM para representar a
quantidade em gramas de álcool absoluto contida em 100 gramas de uma mistura hidro-
alcoólica, ou seja, essa unidade de teor alcoólico corresponde à porcentagem em massa de
etanol em uma solução aquosa, que é igual ao título em massa da solução. O uso do álcool
etílico (etanol) é um método de desinfecção bastante popular, por ser um processo simples,
relativamente rápido e de baixo custo para se realizar a destruição de microrganismos. O
etanol é empregado tanto em superfícies e instrumentos como na pele, como antisséptico. O
seu efeito é a desnaturação de proteínas e a dissolução de gorduras. A atividade
antimicrobiana do etanol está condicionada à sua concentração em massa ou em volume
em relação à água, que deve ser de 70% m/m ou 77% v/v, respectivamente. Nessa
concentração, o álcool não desidrata a parede celular do microrganismo, podendo penetrar
no seu interior, onde irá desnaturar proteínas, fato que não ocorre quando se utiliza o álcool
acima ou abaixo da concentração ideal. Portanto, o álcool 70, vendido no comércio como
desinfetante, é uma solução aquosa de etanol 70 °INPM (70 %m/m ou 70 % p/p) que é o
mesmo que 77 °GL (77 % v/v).

13. Qual é o volume de etanol presente em um litro de uma solução de álcool 70 ?

9
CURSO DE FARMÁCIA / ANÁLISES TOXICOLÓGICAS - PROF.: José Cláudio Dias Aguiar

DETERMINAÇÃO DE NITRATO

O emprego de sais de nitritos e nitratos em produtos embutidos de carne é


secular, devido sua ação antimicrobiana e antioxidante bem como a de conferir cor e
sabor ao produto. O excesso desses sais, ou seja, quando aplicado acima do limite
estabelecido pela legislação vigente, traz consigo a possibilidade de causar danos à
saúde humana, pois possui capacidade de gerar efeitos tóxicos agudos e crônicos.
Quando o manuseio e processamento do alimento são inadequados, há a
proliferação de microrganismos que produzem enzimas que reduzem nitrato a nitrito.
O meio ácido do estômago favorece a redução do nitrato a nitrito promovendo
igualmente a metahemoglobinemia.
O nitrato é considerado a forma principal de nitrogênio envolvido com a
contaminação da água, e seu uso são abundantes em alimentos embutidos,
portanto, os nitratos de modo geral são encontrados tanto em alimentos como
também na água, conferindo assim o aumento da probabilidade de contaminação
por tal substância.
O fato de os nitratos estarem presente no ambiente e não serem encontrados
somente como aditivos alimentares deve-se a três fatores que são responsáveis
pela sua presença no meio natural, o ciclo do nitrogênio, uso de nitrogenados
industriais e a decomposição da matéria orgânica.
A oxidação de nitrito a nitratos acontece de maneira facilitada, este fato
confere consequentemente uma maior concentração de nitratos em relação a
nitritos.
A biotransformação dos nitratos quando ingerido está diretamente relacionado
com seus efeitos tóxicos, visto que esta bioconversão do nitrato produz nitrito e em
seguida em óxidos nitrogenados responsáveis pela formação de compostos N-
nitrosos. Este último possui propriedades potencialmente tóxicas, relacionadas com
o aparecimento de células cancerígenas. Vale ressaltar também que a quantidade
permitida pela legislação vigente quando ingerida em níveis exacerbadamente
frequentes não elimina a capacidade de aparecimento de neoplasias, pois uma
10
menor quantidade existente de modo contínuo no organismo possui a mesma
potência tóxica.

SOLUÇÕES E REAGENTES:

Solução de referência 1: 1 mg de NaNO3 em 100 mL de solução aquosa


Solução de referência 2: 3 mg de NaNO3 em 100 mL de solução aquosa
Solução de referência 3: 5 mg de NaNO3 em 100 mL de solução aquosa
Solução de referência 4: 10 mg de NaNO3 em 100 mL de solução aquosa
Solução de referência 5: 15 mg de NaNO3 em 100 mL de solução aquosa

Solução sulfúrica de ácido salicílico 5%: 5 g de ácido salicílico em H2SO4 q.s.p. 100
mL

Solução aquosa de hidróxido de sódio 2N

EQUIPAMENTOS E VIDRARIAS:

Pipetas, tubos de ensaio, pipetas de Pasteur, centrífuga, banho – Maria;


espectrofotômetro.

PROCEDIMENTO: Método de Cataldo – Haroon

1 – Colocar 10 gotas da solução de referência escolhida (______), em um tubo de


ensaio.

2 – Adicionar 1 mL de solução sulfúrica de ácido salicílico 5% e deixar em repouso


20 minutos.

Escreva a equação envolvida:

11
3 – Adicionar lentamente 5 mL de solução NaOH 2N

4 – Resfriar (temperatura ambiente). Verificar cor do meio.

5 – UMA equipe prepara o branco de reagentes (1 mL de sol.ácido salicílico e 5 mL


de NaOH)

6 – Medir absorbância em 410 nm

ANÁLISE DE VEGETAIS:

Utilizar 10 gotas do extrato obtido pelo procedimento abaixo:

a) Suspender 0,1 g de vegetal (triturado e seco) em 10 mL de água destilada


b) Incubar em banho – Maria (50 ºC) por uma hora, agitando a cada 15 minutos
c) Centrifugar (5000 rpm) por quinze minutos. Analisar o sobrenadante.

Segundo OMS, o máximo permitido de nitrato é 5 mg em cada Kg de amostra

PÓS-LABORATÓRIO

1. Onde os nitratos podem ser encontrados?

2. Cite três fatores responsáveis pela presença de nitratos no ambiente.

3. Por que a concentração de nitratos, no ambiente, é maior do que a de nitritos?

4. Relacione a biotransformação de nitratos com sua toxicidade.

5. Cite uma finalidade da determinação de nitratos em vegetais.

6. Qual é a função do ácido sulfúrico na determinação de nitratos?

7. Qual é o composto químico responsável pela cor gerada na determinação de


nitrato?

8. Qual é a função de NaOH na determinação de nitratos?

12
CURSO DE FARMÁCIA / ANÁLISES TOXICOLÓGICAS - PROF.: José Cláudio Dias Aguiar

DETERMINAÇÃO DE SALICILATOS

Independentemente do surgimento de novos fármacos, os derivados de


salicilatos são ainda os analgésicos, anti-inflamatórios e antipiréticos mais
extensivamente consumidos, utilizado até como protótipo para outros. Possui uma
variedade de propriedades farmacológicas, dentre as quais estão analgesia,
antipirese, e cardiovascular.
Após absorção os salicilatos distribuem-se pela maioria dos tecidos corporais e
também pelos líquidos transcelulares, ou seja, apresentam ampla distribuição de
modo geral. Entre 80 e 90% do salicilato no plasma se ligam a proteínas,
especialmente a albumina. A hipoalbuminemia, como que pode ocorrer na artrite
reumatoide, está associado a um nível proporcionalmente mais alto de salicilato livre
no plasma, este aumento na fração do fármaco livre eleva o risco de intoxicações
por salicilatos.
A biotransformação dos salicilatos se dá em muitos tecidos, principalmente nas
mitocôndrias do fígado e no retículo endoplasmático. Formam metabólitos chamados
de ácido salicilúrico e ácido salicilglicurônico. Sua excreção é através do trato
urinário como ácido salicilúrico, ácido salicílico e salicilglicuronato. Entretanto, a
excreção de salicilatos livres é extremamente variável e depende da dose e do pH
urinário. Na urina alcalina, mais de 30% do fármaco ingerido podem ser eliminados
como salicilato livre, ao passo que na urina ácida esse percentual pode ser
extremamente baixo.
A ingestão de salicilatos pode resultar em desconforto gástrico, náuseas e
vômitos. Também podem causar ulceração gástrica e intensificação dos sintomas de
úlcera. Este efeito está diretamente relacionado à sua capacidade de inibição da
síntese de prostaglandinas, mais especificamente a PGE2.
O ácido acetilsalicílico quando ingerido por indivíduos saudáveis pode resultar
em um aumento no tempo de sangramento. Há a acetilação irreversível da
ciclooxigenase plaquetária e a consequente redução da formação da tromboxana
A2.
13
Na intoxicação por salicilatos, ocorre combinação de acidose respiratória e
metabólica, gerando distúrbios ácido – básicos e hidroeletrolíticos, com aumento da
excreção de sódio, potássio e de água.
Derivados de salicilatos não podem ser visto como medicamentos caseiros
inofensivos, e a intoxicação deve ser seriamente considerada, principalmente em
crianças. A avaliação da intensidade da intoxicação aguda é feita através do
nomograma de Done, que relaciona os níveis de salicilemia, que são níveis de
salicilatos presente no fluido sanguíneo em geral.

SOLUÇÕES E REAGENTES:

Solução de HNO3 0,07 N

Sol. de referência 1: 5 mg de ácido salicílico + 10 gotas de metanol + água


destilada q.s.p 100 mL
Sol. de referência 2: 10 mg de ácido salicílico + 10 gotas de metanol + água
destilada q.s.p 100 mL
Sol. de referência 3: 20 mg de ácido salicílico + 10 gotas de metanol + água
destilada q.s.p 100 mL
Sol. de referência 4: 30 mg de ácido salicílico + 10 gotas de metanol + água
destilada q.s.p 100 mL
Sol. de referência 5: 40 mg de ácido salicílico + 10 gotas de metanol + água
destilada q.s.p 100 mL

Reativo de Trinder: solução de nitrato férrico a 1 % em HNO3 0,07 N

EQUIPAMENTOS E VIDRARIAS:

Pipetas graduadas de 1mL, tubos de ensaio, pipetas de Pasteur, espectrofotômetro.

PROCEDIMENTO: Método de Trinder Modificado


Construção da curva de calibração:

1 – Cada equipe escolhe uma das cinco soluções de referência.


2 – Colocar 0,3 mL da solução escolhida em um tubo de ensaio.
3 – Adicionar 1,2 mL de água destilada, ao tubo de ensaio anterior.
4 – Adicionar 1,5 mL de reativo de Trinder.
5 – Homogeneizar e aguardar cinco minutos.

14
Escreva a equação envolvida:

6 – Efetuar as leituras das absorbâncias em 540 nm usando o branco


correspondente (3mL de HNO3 0,07 N + 3mL de água destilada)

Análise de sangue ou de urina:

No item 2, utilizar 0,3 mL de amostra


No item 6, o branco da amostra é: 0,3 mL de amostra + 1,2 mL de H 2O dest. + 1,5
mL HNO3 0,07N

PÓS-LABORATÓRIO

1. Explique a distribuição dos salicilatos.


2. Qual é a relação entre albumina e intoxicação por salicilatos?
3. Explique a principal via de biotransformação dos salicilatos.
4. Explique a excreção dos salicilatos.
5. Explique os efeitos gastrintestinais dos salicilatos.
6. Explique os efeitos dos salicilatos sobre a função plaquetária.
7. Explique os efeitos metabólicos ocorridos na intoxicação por salicilatos.
8. Cite as duas principais finalidades da determinação de salicilatos.
9. Explique a ação do nitrato férrico sobre os salicilatos.
10. Como é feita a avaliação da intensidade da intoxicação salicílica aguda?
11. Qual é a dose de salicilatos capaz de produzir intoxicação severa?

15
CURSO DE FARMÁCIA / ANÁLISES TOXICOLÓGICAS - PROF.: José Cláudio Dias Aguiar

DETERMINAÇÃO DE PARACETAMOL

O paracetamol é uma alternativa eficaz ao ácido acetilsalicílico como


analgésico-antipirético, mas seus efeitos anti-inflamatórios são muito mais fracos. O
paracetamol é bem tolerado e tem baixa incidência de efeitos colaterais
gastrintestinais, estando disponível sem prescrição médica e sendo usado como
analgésico caseiro comum. Entretanto, a overdose aguda pode causar lesão
hepática mais especificamente necrose hepática fatal, que é o efeito adverso mais
grave do paracetamol. A hepatotoxicidade ocorre após a ingestão de 200 mg/Kg ou
de 20 g de paracetamol.
Sua distribuição ocorre de maneira relativamente uniforme por todos os
líquidos corporais. A ligação do fármaco com as proteínas do plasma é variável, mas
é menor que aquelas que ocorrem com outros AINE. A determinação da
concentração plasmática de paracetamol é necessária para que se possa avaliar a
severidade da intoxicação. O metabólito tóxico do paracetamol é a N – acetil – p –
benzoquinonaimina, que se liga covalentemente às proteínas hepáticas, causando
necrose.
Cerca de 90 a 100% do fármaco podem ser recuperados na urina no primeiro
dia de uso terapêutico e sua excreção ocorre conjugada com ácido glicurônico,
sulfato e ácido mercaptúrico. Já, o metabólito tóxico, reage com a glutationa, sendo
excretado como mercapturato. Logo, uma concentração muito alta de paracetamol
do organismo implica no consumo elevado de glutationa.
O diagnóstico e o tratamento precoces da overdose de paracetamol são
essenciais para aperfeiçoar o desfecho. O carvão ativado, quando dado até 4h após
ingestão, diminui a absorção de paracetamol em 50 a 90% e é o método preferido
de descontaminação gástrica. O tratamento de escolha da intoxicação envolve
administração via oral de N – acetilcisteína para estimular a síntese hepática de
glutationa e é feita no máximo até 10 horas após a ingestão de paracetamol. O
diagnóstico precoce emprega o nomograma de Rumack.

16
SOLUÇÕES E REAGENTES:

AMOSTRA: solução de paracetamol

Ácido tricloroacético 20%; HCl concentrado

Reagente cromogênico: misturar 35 mL do reagente de fenol (23 mL de fenol / L de


água) com 15 mL do reagente de amônio (14 mL de NH4OH / 50 mL de água)

EQUIPAMENTOS E VIDRARIAS:

Pipetas, tubos de ensaio, pipetas de Pasteur, centrífuga, banho – Maria;


espectrofotômetro.

PROCEDIMENTO:

1 – Colocar 1 mL de amostra em um tubo de ensaio (tubo A)


2 – Adicionar 2 mL de ácido tricloroacético 20% e agitar
3 – Centrifugar (4000rpm / 5 minutos)
4 – Verificar obtenção de um sobrenadante límpido
5 – Transferir 1 mL do sobrenadante para outro tubo (tubo B)

6 – Adicionar cinco gotas de HCl concentrado ao tubo B

7 – Colocar o tubo B em banho – Maria a 90 ºC por 10 minutos.

Escreva a equação envolvida:

8 – Resfriar (temperatura ambiente)

9 – Adicionar 5 mL de reagente cromogênico (fenol com NH4OH) e agitar.

10 – Esperar 30 minutos (reação do p – aminofenol)

11 – Verificar coloração azul (indofenol) e medir absorbância em 620 nm.


17
PÓS-LABORATÓRIO

1. Qual é o efeito adverso mais grave do paracetamol.


2. Como pode ocorrer hepatotoxicidade com uso de paracetamol?
3. Explique a biotransformação do paracetamol relacionando à hepatotoxicidade.
4. Por que é necessária a determinação da concentração plasmática de
paracetamol?
5. Como ocorre a excreção do paracetamol, em doses terapêuticas?
6. Como ocorre a excreção do metabólito tóxico do paracetamol?
7. Explique o tratamento de escolha da intoxicação por paracetamol.
8. Qual é o método mais utilizado no diagnóstico precoce da intoxicação por
paracetamol?
9. Explique a ação do HCl sobre o paracetamol.
10. Qual é o composto químico responsável pela cor azul gerada na determinação
de paracetamol?
11. Cite as duas principais finalidades da determinação de paracetamol.

18
CURSO DE FARMÁCIA / ANÁLISES TOXICOLÓGICAS - PROF.: José Cláudio Dias Aguiar

DETERMINAÇÃO DO HCN EM MACAXEIRA

A mandioca, conhecida também como macaxeira brava, é classificada como


alimento naturalmente tóxico, pois apresenta, em sua constituição, substâncias de
defesa denominadas glicosídeos cianogênicos (cianoglicosídeos) que liberam HCN
(cianeto de hidrogênio) durante o aquecimento, por meio de reações de hidrólise. O
cianoglicosídeo presente na macaxeira é chamado linamarina.
Após o contato com cianeto, o nosso organismo excreta-o através da formação
de tiocianato no fígado, este mecanismo é classificado como primário. A enzima
rodanase catalisa a conversão de cianeto a tiocianato que é excretado por via renal.
O cianeto possui capacidade de desativar diversas enzimas, maiormente
aquelas contendo ferro no estado férrico (Fe3+) e cobalto. O cianeto ao ligar-se ao
sítio ativo (íon férrico) do citocromo oxidase (uma proteína terminal na cadeia de
transporte de elétrons na membrana da mitocôndria), causa um efeito letal por
anóxia histotóxica (redução de oxigênio nos tecidos).
Após a interação entre o cianeto e o seu alvo, ocorre o bloqueio da utilização
de oxigênio pelos tecidos, com desenvolvimento de metabolismo anaeróbico,
havendo redução dos níveis de ATP e aumento da concentração de ácido lático.
Para o tratamento da intoxicação usam-se geradores de meta- hemoglobina,
como por exemplo, os nitritos, que tem como mecanismo de desintoxicação a
conversão de oxi-hemoglobina e meta-hemoglobina por um agente oxidante que
leva a conversão do íon ferroso (Fe2+) a íon férrico (Fe3+), para o qual o cianeto tem
afinidade.

Porém, a desintoxicação real do cianeto é realizada com tiossulfato de sódio,


que é o substrato natural da enzima rodanase que está localizada principalmente no
19
fígado, rim e músculo esquelético. O tiossulfato de sódio age reagindo com o
cianeto, convertendo-o em tiocianato, que é a forma de excreção urinária
característica.
Outra categoria de tratamento é a combinação direta. Este tratamento confere
a administração de hidroxicobalamina (vitamina B12), que possui como mecanismo
de ação a ligação ao cianeto formando cianocobalamina, um composto não tóxico
que é facilmente excretado na urina. Vale ressaltar ainda que seu efeito é
aumentado quando administrada com tiossulfato. A hidroxicobalamina por ser
menos tóxica tem sido usada como fonte de cobalto (composto mais conhecido a
atuar por combinação direta e que possui uma elevada afinidade para o cianeto).

SOLUÇÕES E REAGENTES:

Soluções de HCl 5%, sulfeto de amônio 10%, solução de cloreto férrico a 3%

EQUIPAMENTOS E VIDRARIAS:

Tubos de ensaios, banho – Maria, papel de filtro

PROCEDIMENTO:
1 – Coloque alguns fragmentos de macaxeira em um tubo de ensaio.

2 – Adicionar gotas de ácido clorídrico 5% (1/4 em relação à amostra)

3 – Levar ao banho – Maria (60 ºC).

Escreva a equação envolvida:

4 – Após cinco minutos, colocar uma tira de papel de filtro (contendo sulfeto de
amônio 10%) sobre o tubo de ensaio, de modo que os vapores de HCN liberados
entrem em contacto com o papel.

5 – Adicionar três gotas de solução de cloreto férrico a 3%, ao papel de filtro


anterior.

6 – Verificar obtenção de cor vermelho – sangue.


20
PÓS-LABORATÓRIO

1. Defina cianoglicosídeos
2. Cite o cianoglicosídeo presente na mandioca – mansa (macaxeira).
3. Qual é a forma de excreção do íon cianeto?
4. Cite a enzima relacionada com os efeitos tóxicos do cianeto.
5. Qual é a relação entre intoxicação por cianeto e concentração de ácido lático, no
organismo?
6. Qual é o objetivo do uso de nitrito, no tratamento de intoxicação por cianeto?
7. Por que a desintoxicação real do cianeto é realizada com tiossulfato de sódio?
8. Por que a hidroxicobalamina é um bom antídoto do cianeto?
9. Por que HCl é adicionado, inicialmente, na amostra?
10. O que acontece quando vapores de HCN liberados entram em contacto com
sulfeto de amônio?
11. Justifique a obtenção de cor vermelho – sangue, após adição de cloreto férrico
ao papel de filtro.

21
ELABORAÇÃO:

O Professor José Cláudio Dias Aguiar foi formado Farmacêutico –


Bioquímico pelo Curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará. É
especialista em Bioquímica e Biologia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú e
é Mestre em Química pela Universidade Federal do Ceará. É professor Docente
Integral do Curso de Farmácia das Faculdades INTA, desde 2011, onde leciona as
disciplinas: Química Analítica, Parasitologia Clínica, Toxicologia Geral e Análises
Toxicológicas.

22
CURIOSIDADE: VOCE SABIA? Que
em comparação com amostras de urina e
saliva, somente amostras de cabelo são
capazes de determinar o uso de drogas por
um período de meses ou anos?!

O principal benefício da análise de cabelo é mostrar uma tendência


do hábito de uso de drogas.

O cabelo cresce cerca de 1 cm por mês, isso significa que uma


amostra de 3 cm representa um perfil de uso de 3 meses!

As substancias se depositam principalmente pela corrente sanguínea.


Cada folículo de cabelo tem seu próprio suprimento de sangue;

À medida que o cabelo cresce, drogas e metabólitos são incorporados


na porção interna do cabelo, conhecida como córtex e lá permanecem
fixas.

Mas se não existir cabelo? Como podemos analisar? Exame de


cabelo também pode ser feito com amostras de pelos de qualquer
parte do corpo, como pelos das pernas, braços, axilas e outros.

Possui diversas vantagens, como período de detecção longo, coleta


fácil e não constrangedora, mínimo risco de adulteração e resultados
com maior sensibilidade!!

DETRAN-CE, 2016

23

Você também pode gostar