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Módulo 1

TOXICOLOGIA – INTRODUÇÃO E CONCEITOS

Diego Rissi Carvalhosa


Farmacêutico, Esp., Msc.
Perito Legista - Toxicologista
Diretor do Laboratório Geral de Análises Forenses
Polícia Civil do Rio de Janeiro
REFERÊNCIAS
CONCEITO DE TOXICOLOGIA

É o estudo da interação entre agentes químicos e


sistemas biológicos com o objetivo de determinar,
quantitativamente, o potencial dos agentes
químicos em produzir danos que resultam em
efeitos adversos em organismos vivos

(BALLANTYNE, 1999)
EVOLUÇÃO DA TOXICOLOGIA
Áreas de Atuação

Toxicologia Toxicologia Toxicologia de Toxicologia Toxicologia


de alimentos ambiental medicamentos ocupacional social

ASPECTOS

Clínico Analítico Legislação Investigação


TOXICOLOGIA

Toxicologia Toxicologia Toxicologia


Analítica Clínica Experimental

AREAS DE ATUAÇÃO
Forense

Social Ambiental Alimentos

Cosméticos Ocupacional
Medicamentos
Áreas de Atuação

Toxicologia Ambiental

Estuda os efeitos nocivos causados


pela interação entre os agentes
químicos contaminantes do ambiente
– água, solo, ar - com o organismo
Áreas de Atuação

Toxicologia Ocupacional

Estuda os efeitos nocivos


produzidos pela interação entre
os agentes químicos e os
contaminantes do ambiente de
trabalho com o indivíduo exposto
Áreas de Atuação

Toxicologia de Alimentos

Estuda as condições em que os


alimentos podem ser ingeridos,
sem causar danos ao organismo
Áreas de Atuação

Toxicologia de Medicamentos e
Cosméticos

Estuda os efeitos nocivos


produzidos pela interação de
medicamentos ou cosméticos com
o organismo, decorrentes de uso
inadequado ou da suscetibilidade
individual
Áreas de Atuação

Toxicologia Social

Estuda os efeitos nocivos


decorrentes do uso não médico de
drogas ou fármacos, causando
prejuízo ao próprio indivíduo e à
sociedade
Áreas de Atuação

Toxicologia Forense
“Ciência que estuda os agentes
tóxicos para elucidação de
questões que ocorrem em
procedimentos judiciais”.

Identificação e quantificação do
agente tóxico

Evidência Criminal
Importância - Toxicologia Forense

• Comprovação da materialidade do delito (prova pericial);

• Elucidação da causa mortis - Investigação médico-legal;

• Avaliação da presença de substâncias que alteram o desempenho


psicomotor em condutores de veículos (Lei Seca);

• Detecção de drogas facilitadoras de violência sexual e roubos (Golpe


Boa Noite Cinderela);

• Ocupacional / Ambiental;

• Controle de dopagem no esporte – normas específicas.


FUNDAMENTOS

Agente tóxico Intoxicação Toxicidade

DEFINIÇÕES

Droga Narcótico
Entorpecente
Veneno
Tolerância Psicotrópico
Dependência Fármaco Overdose
CONCEITOS BÁSICOS EM TOXICOLOGIA

Dose

A quantidade total de substância à qual um organismo é exposto.


Usualmente a dose corresponde à quantidade total de material que
penetra em um organismo por uma via específica de exposição.

“Qualquer efeito tóxico é proporcional à dose”


CONCEITOS BÁSICOS EM TOXICOLOGIA

Toxicidade
Capacidade inerente a um agente tóxico de produzir
um efeito deletério no organismo. Ou seja, é a
medida relativa do potencial tóxico da substância.

Dose Letal 50 (DL50)


Dose, obtida estatisticamente, em mg/kg, de uma determinada
substância, necessária para matar 50% de uma população de
animais
Grau de toxicidade

Fonte: Passagli, 2013.


Risco = Toxicidade X Exposição

Termo que traduz a probabilidade estatística


de uma substância química provocar efeitos
nocivos em condições definidas de exposição

Substância com alta toxicidade mas baixa


exposição  baixa probabilidade de causar
intoxicações
Ação tóxica (toxicodinâmica)
Maneira pela qual um agente tóxico exerce sua atividade
sobre as estruturas teciduais.

Efeito tóxico
Alteração anormal, indesejável ou nociva, decorrente da
exposição a substâncias potencialmente tóxicas.
Antídoto e Antagonista
Agente capaz de neutralizar ou reduzir os efeitos de
uma substância potencialmente tóxica.

Antídoto é a sustância que se opõe ao efeito


tóxico, atuando sobre o próprio toxicante

PORTANTO
Antagonista é a substância que exerce uma
ação oposta à do agente tóxico (agonista)
Antídoto: mecanismos de ação
• neutralização
- antígeno-anticorpo
• impedir absorção
- adsorção (carvão ativado, Terra de Füller)
- ligação com proteína (albumina, clara de ovo)
• quelação
- metais (Pb-EDTA)
Antagonista: mecanismos de ação

Antagonista específico:
atua sobre o mesmo receptor que o toxicante, competindo
com ele. O resultado é função das concentrações
respectivas.

Antagonista inespecífico (fisiológico):


Não atua sobre o mesmo receptor. Estimula uma atividade
orgânica contrária à induzida pelo toxicante.
CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES TÓXICOS

•Características químicas:
aminas aromáticas, hidrocarbonetos halogenados,
álcoois

•Características físicas:
sólidos, líquidos, gases, vapores, partículas

• Estabilidade ou reatividade química:


explosivo, inflamável, oxidante, radioativo
CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES TÓXICOS

•Ação tóxica:
local - irritantes
sistêmica - asfixiantes, depressores,
hepatotóxicos, carcinogênicos
Potencial de toxicidade:
extremamente tóxicos, moderadamente tóxicos
Usos:
praguicidas, solventes, aditivos alimentares
CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES TÓXICOS

Efeitos tóxicos:
carcinogênicos, mutagênicos, teratogênicos
hepatotóxicos, nefrotóxicos, neurotóxicos

Mecanismo de ação:
anticolinesterásicos, metemoglobinizantes
FASES DA INTOXICAÇÃO
(IBFC-PCPR-2017) No âmbito da toxicologia, existem conceitos que
devem ser conhecidos para estudo do tema. Dentre os conceitos de
toxicologia, analise as afirmativas abaixo:
I. Agente tóxico é a entidade química capaz de causar dano a um sistema
biológico, alterando seriamente uma função ou levando-o à morte, sob
certas condições de exposição.
II. Droga é toda substância capaz de modificar ou explorar o sistema
fisiológico ou estado patológico, utilizada com ou sem intenção de
benefício do organismo receptor.
III. Ação tóxica corresponde aos sinais e sintomas decorrente da
interação de um agente tóxico sobre as estruturas teciduais.
Assinale a alternativa correta.
a) Estão corretas todas as afirmativas
b) Estão corretas apenas as afirmativas II e III
c) Estão corretas apenas as afirmativas I e II
d) Estão corretas apenas as afirmativas I e III
e) Está correta apenas a afirmativa II

Gabarito C
(FGV-PCERJ-2011) Em relação às bases conceituais da
Toxicologia, assinale a afirmativa correta.
(A) A Toxicologia investiga aspectos legais decorrentes dos
danos orgânicos causados por agentes biológicos.
(B) A Toxicologia estuda a relação entre o agente químico e
a reação tóxica causada por este agente no organismo.
(C) A Toxicologia não estuda possíveis interações tóxicas
dos medicamentos com o organismo vivo.
(D) A Toxicologia estabelece que a dose letal média (DL50)
elevada de um agente químico é indício de alta toxicidade,
portanto, insegura para o organismo.
(E) A Toxicologia estabelece que o antídoto é
necessariamente provido de atividade biológica intrínseca

Gabarito: B
(AOCP-ITEP-2018) Sobre a toxicologia forense, assinale a
alternativa INCORRETA.
(A) É uma ciência multidisciplinar que busca mostrar a verdade de
um fato perante a lei.
(B) É o conjunto de conhecimentos aplicáveis na resolução dos
problemas toxicológicos que levantam em sede do Direito.
(C) É o estudo e a aplicação da toxicologia ao direito, a fim de
encontrar a verdade em causas civis, criminais e sociais.
(D) É uma ciência importantíssima e ligada diretamente ao Direito,
pois com ela e a partir dela é possível inocentar ou acusar
um réu, no caso de suspeita de homicídio.
(E) É a ciência que estuda a influência de determinadas
substâncias dispensadas ou produzidas no meio ambiente

Gabarito E
Drogas de Abuso
Lei nº 11.343/06 – Art. 1º
Droga são substâncias ou os produtos capazes de causar dependência,
assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas
periodicamente) pelo Poder Executivo da União. (Portaria 344 –
ANVISA/MS).

Farmacologia/ Toxicologia

Droga é toda substância ou órgão vegetal, animal ou mineral que pode


ser utilizado diretamente como fármaco ou medicamento; ou
indiretamente após sua transformação em alguma forma farmacêutica
ou ainda pelos seus princípios ativos isolados

Popularmente

Droga esta associada às substâncias que modificam os estados da


mente, proporcionando experiências de prazer.
Tolerância
Diminuição da resposta do organismo a determinada substância
utilizada de forma contínua, através de uma processo de adaptação
biológica. O indivíduo passa a utilizar doses maiores para alcançar o
efeito desejado.

Dependência
Estado físico e/ou psíquico caracterizado por sinais e sintomas (crise
de abstinência) decorrentes da ausência do efeito de determinada
substância, levando ao seu consumo contínuo.
Dependência física
– Consequência da tolerância

• Dependência psíquica

•Síndrome de abstinência – sinais e sintomas na ausência


de determinada substância.
Tipos de Tolerância

•Inata

•Adquirida
Farmacocinética
Farmacodinâmica
Aprendida
Comportamental
Condicionada
•Aguda
•Reversa
•Cruzada
Processo de desenvolvimento de dependência

Natureza da Fatores
substância individuais
Fatores sociais

Indução inicial

Reforço Efeitos
Autoadministração
positivo tóxicos

Reforço Recompensa
negativo Prazer

Dependência Dependência Efeitos


psicológica Tolerância físicos

Ativação da circuito da recompensa cerebral


Sistema de recompensa
Vias dopaminérgicas

Drogas de Abuso

DA núcleo accumbens
(sist. Mesolímbico)

Dependência química
SUBSTÂNCIA CONTEXTO
Acessibilidade, custo, Encontro do sujeito com a
vias de administração, droga: recreacional,
características religioso, terapêutico,
farmacológicas. fuga da realidade.

SUJEITO
Fatores sociais, biológicos
e psicológicos.
Classificação das Drogas Psicotrópicas

Fonte: UNIFESP/ EPM, 2015


Classificação das Drogas Psicotrópicas - Medicina Legal
Psicolépticos Psicanalépticos Psicodislépticos Pampsicotrópicos

Clorprotixeno
Trimeprina

Depressores Estimulantes Alucinógenos ou Fonte: Carvalho, 1977


despersonalizantes

Álcool Anfetamina e Mescalina


Benzodiazepínicos derivados Psilocibina
Opiáceos MDMA* Maconha
Barbitúricos Cafeína LSD-25
Ketamina Cocaína DMT
Fenciclidina Catinonas N-bome
Inebriantes Efedrina
Fenotiazínicos
Haloperidol
Fonte: Adaptado de Hygino, 2014
Políticas sobre Drogas no Brasil

•1998 - Criação da SENAD


•A Lei n° 11.343/2006 - Lei de drogas;
•Decreto n. 5912/2006 - Institui o SISNAD.
Relatório Mundial sobre Drogas - Anual

https://www.unodc.org/wdr2017/en/topics.html
(AOCP-ITEP-2018) O abuso de substâncias pode levar o indivíduo a
desenvolver dependência ou tolerância à substância utilizada. Diante
disso, assinale a alternativa que corresponde corretamente ao conceito
de dependência.
(A) É a necessidade física de ter a concentração da substância aumentada
gradativamente para suprir as necessidades físicas do corpo.
(B) Caracteriza-se pela dificuldade do organismo responder a determinadas
concentrações da substância, sendo necessário o aumento gradativo da
dose.
(C) É a necessidade psicológica ou física de continuar consumindo a
substância. A dependência física é caracterizada pela síndrome de
abstinência e pela tolerância, ou seja, a necessidade de consumir a
substância para evitar a síndrome de abstinência.
(D) Caracteriza-se pela necessidade do organismo em receber substâncias
diferentes das já utilizadas para manter a ação esperada.
(E) É caracterizada pela necessidade do organismo em receber associações
de substâncias para evitar o aparecimento de sintomas relacionados à
síndrome de abstinência.

Gabarito C
(AOCP-PCES-2019) Sobre toxicologia social e uso abusivo de substâncias,
assinale a alternativa correta.
(A) A dopamina é um neurotransmissor intimamente ligado ao processo de
dependência pelo tabaco.
(B) O uso não médico de um fármaco refere-se somente a um fármaco utilizado
sem prescrição.
(C) Tolerância cruzada é quando um indivíduo tolerante a uma substância
transmite para seus filhos essa tolerância.
(D) O LSD, principal constituinte do ópio, tem um elevado poder alucinógeno.
(E) Os benzodiazepínicos ligam-se em receptores específicos acoplados a
receptores de glutamato.
TOXICOCINÉTICA
Inclui todos os processos envolvidos na relação entre a
disponibilidade química e a concentração do toxicante
nos diferentes tecidos do organismo
ABSORÇÃO

Processo de transferência do agente químico do


local de administração para a circulação
sanguínea. Esse processo se dá através das
membranas biológicas.
FATORES QUE INFLUENCIAM A ABSORÇÃO

Característica da membrana Via de introdução

Fatores relacionados ao Fatores relacionados


organismo à substância química
TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA

Transporte passivo Transporte passivo


• Difusão simples • Filtração
• Filtração • Difusão lipídica
Transportes especializados • Difusão passiva

• Transporte ativo Transportes ativo

• Difusão facilitada Pinocitose

• Endocitose Fonte: Seizi Oga

Fonte: Casarret & Doulls


FATORES RELACIONADOS À SUBSTÂNCIA QUÍMICA

Solubilidade

• Hidrossolubilidade: OH, COOH, NH2 , SH, C=O

• Lipossolubilidade : alquílicos, fenílicos,


naftílicos, halogênios.
FATORES RELACIONADOS À SUBSTÂNCIA QUÍMICA

Grau de ionização do toxicante

• valores de pKa (logaritmo negativo da constante de


dissociação) do toxicante;
• pH do meio (plasma, estômago, intestino, urina, etc.)

determinarão a proporção entre formas Ionizadas (I)


e Não Ionizadas (NI) nos compartimentos
Grau de ionização do toxicante
pKa do toxicante pH do meio

EQUAÇÃO DE HANDERSON-HASSELBACH

para ácidos fracos: R−COOH  RCOO- + H+


log NI Onde:
Onde:
pKa - pH =
[I] II ==forma
forma
ionizada
ionizada
NI ==forma
NI formanão
para bases fracas: R− NH3+  RNH2 + H+
ionizada
não ionizada
log  I 
pKa - pH =
NI
Coeficiente de partição óleo/água

Conc. Óleo
Coef. de partição =
Conc. na água

Quanto maior, maior lipossolubilidade


VIAS DE EXPOSIÇÃO

Ocular

Mucosas
ABSORÇÃO CUTÂNEA
• Dificultada pelo extrato córneo
ABSORÇÃO CUTÂNEA
Fatores que influenciam
❖ Ligados ao agente
▪ lipossolubilidade, grau de dissociação, peso molecular,
volatilidade, viscosidade
❖ Ligados ao indivíduo
▪ região da pele, integridade da pele, pilosidades locais,
vascularização
❖ Ligados às condições de contato ou da exposição
▪ duração e tipo do contato, temperatura local da pele e do
ambiente
VIA RESPIRATÓRIA
• Extensa área de absorção
❖ área alveolar ~90 m2
• Rápida intoxicação
❖ pulmão → coração
• Absorção
❖ Gases
❖ Vapores
❖ Partículas sólidas e
líquidas
ABSORÇÃO PULMONAR MATERIAL PARTÍCULAS

Partículas > 5 m  remoção mecânica


(Assopro, espirro ou limpeza)

Partículas 2-5 m  remoção mucociliar,


fagocitose.

Partículas < 1 m  absorção sistêmica,


Sistema linfático, fagocitose, remoção
com muco.
ABSORÇÃO ORAL/ GASTRINTESTINAL

• Fatores que influenciam


 Relacionados ao toxicante
- lipossolubilidade
- dissociação
- propriedades irritativas
e eméticas
- resistência ao pH estomacal,
enzimas digestivas e enzimas
da microflora intestinal
 Estado de plenitude ou vacuidade GI
 Interação físico-química entre compostos no conteúdo intestinal
EFEITO DA PRIMEIRA PASSAGEM OU
ELIMINAÇÃO PRÉ-SISTÊMICA
• 100% via oral
• 50% via retal
• 0% via sublingual
Vias parenterais
DISTRIBUIÇÃO/ARMAZENAMENTO DOS TOXICANTES

FATORES LIGADOS AO AGENTE TÓXICO


• lipossolubilidade - quanto maior a lipossolubilidade → mais rápida
a chegada aos órgãos-alvo

• grau de ionização – quanto menor a ionização → maior a


absorção
• afinidade com moléculas orgânicas – quanto maior a afinidade →
mais lenta a distribuição aos órgãos-alvo
Ex: CO e Hb, chumbo e ossos, clorados e tecido adiposo,
metais e grupos SH
• grau de oxidação do toxicante
Ex: As3+ (cumulativo) e As5+ (eliminado)
DISTRIBUIÇÃO/ARMAZENAMENTO DOS TOXICANTES

FATORES LIGADOS AO ORGANISMO

• Alta irrigação do órgão (fígado, baço, rins, pulmões)


• Conteúdo hídrico (rins) ou lipídico (SNC) do órgão
• Capacidade de biotransformação do órgão
Ex: DDT  DDE (menor biotransformação)
BIOTRANSFORMAÇÃO

Conceito:

Conjunto de alterações químicas (ou estruturais) que as


substâncias sofrem no organismo, geralmente por processos
enzimáticos, para formar derivados mais polares e mais
hidrossolúveis, resultando quase sempre na diminuição ou
perda da sua toxicidade e facilitando a eliminação renal.
BIOTRANSFORMAÇÃO
FATORES QUE MODIFICAM A BIOTRANSFORMAÇÃO
Espécie e raça
Fatores genéticos
FATORES INTERNOS Gênero, Idade
Estado nutricional
Estado patológico

indução enzimática
•FATORES EXTERNOS
inibição enzimática
REAÇÕES
EXCREÇÃO / ELIMINAÇÃO

Conceito
Excreção - processo pelo qual uma substância é


expulsa do organismo

Eliminação por biotransformação - processo pelo qual


as substâncias mudam de estrutura, mas continuam no
organismo sob a forma de metabólitos
Excreção
•Principais
• Renal • Secundárias
• Biliar • Salivar
• Pulmonar • Mamária
• Fecal • Sudorípora
• Lacrimal

• Parâmetros
• t ½ - meia vida
• Dp – depuração
• Cl - clearance
Efeito do pH urinário sobre a reabsorção e
excreção de uma substância ionizada

Parede Urina pH
Á F Plasma tubular ácido

C R HX  H+ + X-
I A
D C
O O Urina pH Parede
S S
básico tubular Plasma
X- + H+  HX
TOXICODINÂMICA

Compreende os mecanismos de interação


entre as moléculas do toxicante e os sítios de
ação, específicos ou não, dos órgãos e,
conseqüentemente, o aparecimento de
desequilíbrio homeostático
Estágios potenciais no desenvolvimento de toxicidade
após a exposição a toxicantes

Fonte: Gregus & Klaassen (2001) apud Paoliello; Silva, 2003


DESENCADEADORES DO EFEITO TÓXICO

• Xenobiótico original
▪ chumbo, tetrodotoxina, cianeto

• Metabólito do xenobiótico
▪ fluorocitrato (fluoracetato), ácido oxálico (etilenoglicol)

• Espécies reativas de oxigênio ou de nitrogênio


▪ OH• (paraquate)

• Compostos endógenos
▪ bilirrubina deslocada da albumina pela sulfonamida
Ação sobre Estrutura celular

• Destruição total da célula

• Alteração da membrana celular

• Alteração das organelas celulares


Ação sobre Função celular

• Interação com receptores


• Inibição da fosforilação oxidativa
• Complexação com biomoléculas
− componentes enzimáticos
− proteínas
− lipídios
− ácidos nucléicos
• Perturbação da homeostase do cálcio
• Interferência nas funções de membranas
Interações com Receptores

Receptores: macromoléculas situadas


nas membranas celulares, no
citoplasma ou no núcleo
Complexação com biomoléculas
COMPONENTES ENZIMÁTICOS

• Praguicidas organofosforados e carbamatos –


inibem a enzima acetilcolinesterase

• Chumbo: inibição da síntese do heme


Perturbação da homeostase do cálcio

➢ aumento do influxo de cálcio

➢ liberação intracelular de cálcio


➢ inibição da saída pela membrana plasmática

Dioxinas, aldeídos, peróxidos, metais,


nitrofenóis, entre outros
Interferência nas funções de
membranas

DDT – ação neurotóxica por bloqueio dos canais


de Na+

Solventes orgânicos – efeitos depressores do


SNC por alteração da fluidez da membrana
Fase Clínica

É a fase em que há evidências de sinais e


sintomas, ou ainda alterações patológicas
detectáveis mediante provas diagnósticas,
caracterizando os efeitos nocivos provocados
pela interação do toxicante com o organismo.
FIGURA-BASE PARA A CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS
EFEITOS TÓXICOS

VIA DE EXPOSIÇÃO ABSORÇÃO

SUBSTÂNCIA TECIDO CELULAR


PELE OU MUCOSA
TÓXICA ÓRGÃO

TOXICIDADE LOCAL TOXICIDADE SISTÊMICA

Fonte: Ballantyne et al., 1999 apud Paoliello, 2003


ANTAGONISMO FARMACOLÓGICO COMPETITIVO

Antagonista competitivo
Agonista

• O antagonista compete com o agonista pelo receptor


• O antagonismo pode ser revertido aumentando-se a
concentração do agonista
ANTAGONISMO FARMACOLÓGICO NÃO
COMPETITIVO

Agonista Antagonista não


competitivo

▪ A ligação do antagonista altera o sítio de ligação do


agonista, impedindo-o de se ligar
▪ O antagonismo não pode ser revertido aumentando-
se a concentração do agonista
ANTAGONISMO FISIOLÓGICO FUNCIONAL

• Agentes atuam em diferentes receptores produzindo


efeitos opostos que se contrabalançam
❖DDT e benzodiazepínicos
▪ DDT  fechamento canais Na+ →
hiperexcitabilidade neuronal
▪ Benzodiazepínicos  ação do GABA →
depressão neuronal
ANTAGONISMO QUÍMICO

• Interação química direta entre dois


agentes

❖metais e quelantes
INTOXICAÇÃO

Processo patológico causado por substâncias


químicas e caracterizado por desequilíbrio fisiológico
secundários a modificações bioquímicas no
organismo

Processo evidenciado por sinais e sintomas ou


mediante exames laboratoriais
CLASSIFICAÇÃO DAS INTOXICAÇÕES

Quanto à intensidade dos efeitos

LEVE: geralmente é reversível com o término da exposição

MODERADA: as lesões podem ser reversíveis e irreversíveis,


sem morte ou lesão grave permanente

GRAVE: há lesão irreversível, podendo levar à morte


CLASSIFICAÇÃO DA INTOXICAÇÃO

Quanto à forma de atuação

LOCAL: o efeito ocorre no local do primeiro contato


do agente tóxico com o organismo (ingestão
de ácidos, inalação de vapores irritantes)

SISTÊMICA: o efeito tóxico ocorre distante do local de


penetração do agente após absorção pela
corrente sangüínea (efeito nefrotóxico do
cádmio)
AVALIAÇÃO DE TOXICIDADE

• avaliar as lesões causadas e investigar os mecanismos


envolvidos;
• avaliação de risco;
• determinar níveis toleráveis;
• estabelecer condições seguras para uso de substâncias
• Conhecer as condições de uso seguro de substâncias
químicas para a saúde humana e ambiental.
• Manter as condições de exposição abaixo dos níveis
considerados perigosos.
PERIGO X RISCO

• PERIGO: capacidade da substância em


causar um efeito adverso.

• RISCO: probabilidade da substância


produzir dano sob determinadas condições.

• RISCO = PERIGO X EXPOSIÇÃO

Não existe ausência de risco!


LIMITE DE TOLERÂNCIA

• Nível de exposição tolerável, que não causa efeitos


nocivos ao indivíduo.

• Dificuldade: Estabelecer o que deve ser considerado


efeito nocivo.

• Para substâncias altamente tóxicas a exposição


tolerável deve ser próxima de zero.
AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE
• Toxicidade aguda
• Toxicidade sub-crônica (curta duração)
• Toxicidade crônica (longo prazo)
• Efeitos locais sobre a pele e olhos
• Sensibilização cutânea
• Mutagênese e carcinogênese
• Reprodução e teratogênese
TOXICIDADE AGUDA – DL 50

• Vias de administração: oral, dérmica e inalatória


• Determina a classe toxicológica e as precauções no rótulo
• Caracteriza a relação dose resposta que conduz ao cálculo
da DL50
• Fornece informações sobre tecidos e órgãos, através de
estudos macroscópicos e microscópicos;
• Fornece dados sobre outros efeitos: início, natureza e
duração da intoxicação associada a morte
TOXICIDADE AGUDA – DL 50
Exemplo: administração de um agente tóxico em animais
(grupos de 50 animais), em 4 doses diferentes, por via oral. O
efeito observado é a morte.

N.º de mortes / n.º de indivíduos


Relação causal: aumenta a dose, aumenta o efeito (morte)
Avaliação da toxicidade
TESTE DE DOSE FIXA

• A substância é administrada em animais numa


dose específica.

• Após a administração, observar por 14 dias.

• A dose na qual se observam sinais de toxicidade


é usada para classificar a substância.
INDICAÇÃO NOS RÓTULOS DE PRAGUICIDAS
TOXICIDADE SUB-CRÔNICA

• dose de não observação de efeitos (NOEL)


• identificar os órgãos afetados e a severidade dos danos
após exposições repetidas
• determinar se o efeito é devido ao acúmulo da substância
ou não
• teste deve ser realizado em pelo menos duas espécies
animais, sendo uma não roedora, utilizando pelo menos 3
doses.
• 21 a 90 dias em roedores; 1 ano para animais de maior
porte
• caracteriza os efeitos de exposições repetidas
TOXICIDADE SUB-CRÔNICA

Exemplo: administração de um agente tóxico em animais,


em 4 doses diferentes, por via oral. O efeito observado é
lesão hepática.
TOXICIDADE CRÔNICA

• Período deve ser superior a 3 meses (6 meses a 2 anos


em roedores e 1 ano em não roedores).

• 2 espécies, 10 a 50 animais por dose e sexo.

• Observam-se os efeitos tóxicos após exposição


prolongada (ex: carcinogênese).
EFEITOS LOCAIS

• Avaliação dos efeitos diretos sobre olhos e pele


• Animal: coelho
• Teste de Draize (1944)
• Parâmetros avaliados:
• Pele: eritema, escara, edema e corrosão
• Olhos: alterações da conjuntiva, córnea, íris e
cristalino
• Irritação reversível ou não reversível
(permanece por mais de 14 dias)
TESTE DE DRAIZE
TESTE DE DRAIZE
SENSIBILIZAÇÃO CUTÂNEA

• Coelhos ou cobaias

• Doses repetidas da substância, com ou sem adjuvantes,


por um período de uma a duas semanas

• Após duas ou três semanas da última exposição os


animais são submetidos a uma dose não irritante e o
aparecimento de eritema é monitorado.
TESTES DE MUTAGÊNESE E CARCINOGÊNESE

• Identificar agentes mutagênicos (capazes de provocar


modificações no material genético das células, que
serão transmitidas às novas células durante a divisão
celular)

• Testes in vitro: teste de AMES (1975): Cepas de


Salmonella typhimurium

• Testes in vivo: cromossomas de células de medula óssea


em metáfase.

• Teste de carcinogênese: emprega-se a maior dose


tolerada, durante o período médio de vida do animal.
TESTES IN VITRO
• Testes pré- clínicos

• Modelos animais para avaliação da toxicidade em


humanos;

• Alternativa ao uso de cobaias.


(IBFC-PCPR-2017) A absorção é a passagem de substâncias do local de
contato para a circulação sanguínea. A respeito de absorção dérmica, analise
as afirmativas.
I. A camada mais externa da pele é a epiderme que contém estrato córneo,
não sendo, contudo, barreira limitante da absorção.
II. Ácidos e bases são exemplos de substâncias que comumente causam
efeitos locais.
III. As substâncias de elevado coeficiente de partição óleo/ água são
absorvidas com maior dificuldade por difusão lipídica, através do estrato
córneo.
Assinale a alternativa correta.
a) Estão corretas todas as afirmativas
b) Está correta apenas a afirmativa I
c) Está correta apenas a afirmativa II
d) Está correta apenas a afirmativa III
e) Estão corretas apenas as afirmativas II e III
(IBFC-PCPR-2017) A toxicocinética é um estudo da relação entre a quantidade de
um agente tóxico que atua sobre um organismo e a concentração dele no plasma,
relacionando os processos de absorção, distribuição e eliminação do agente, em
função do tempo. Analise as afirmativas abaixo em relação a esse assunto.
I. Biotransformação é toda alteração que ocorre na estrutura química da substância no
organismo.
II. As substâncias lipofílicas são facilmente absorvidas e facilmente excretadas.
III. As substâncias hidrofílicas têm absorção mais precária, mas são facilmente
excretadas.
Assinale a alternativa correta.
a) Estão corretas todas as afirmativas
b) Estão corretas apenas as afirmativas I e II
c) Estão corretas apenas as afirmativas II e III
d) Estão corretas apenas as afirmativas I e III
e) Está correta apenas a afirmativa III
(FGV-PCERJ-2011) Em toxicologia, o processo de metabolização (ou
biotransformação) assume importância especial. A esse respeito, assinale a
afirmativa correta.
(A) As substâncias xenobióticas, por serem estranhas ao organismo, são isentas
de metabolização e, assim são eliminadas in natura.
(B) A sensibilidade do indivíduo às substâncias tóxicas pode estar relacionada a
causas genéticas modificadoras da taxa de metabolização.
(C) Os fatores raciais não interferem com a velocidade de metabolização dos
agentes tóxicos.
(D) Os recém nascidos e as crianças são menos suscetíveis aos efeitos
tóxicos em função de sua maior capacidade de metabolização.
(E) A taxa de metabolização não é modificada pelo gênero.
(CESPE-PCPE-2016) A avaliação toxicológica de fármacos, pesticidas e aditivos de
alimentos é necessária para garantir a segurança desses produtos para o homem. Os
estudos toxicológicos são normalmente realizados pelas empresas responsáveis pelo
produto e submetidos ao agente regulador para avaliação. A esse respeito, assinale a
opção correta.

A) Estudos de toxicidade crônica e de carcinogenicidade são realizados utilizando-


se roedores, com administração de doses diárias, e duram em média dois anos.
B) A classificação toxicológica de pesticidas é feita com base nos estudos crônicos
do produto nas vias oral, dérmica, respiratória e ocular.
C) No estudo de toxicidade oral aguda, o animal é exposto a doses repetidas da
substância testada, durante um período de vinte e quatro horas e, então, o índice de
letalidade dessa substância é avaliado.
D) Os estudos para a avaliação da toxicidade de fármacos são realizados durante a
fase I da pesquisa clínica.
E) Resultados de ensaios de avalição toxicológica in vitro não são aceitos para
avaliação no contexto citado, pois não fornecem informações relevantes para a saúde
humana.

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