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Toxicologia e

Análises
Toxicológicas
Curso de Farmácia

Prof. Thássio Tôrres de Andrade


Avaliação da
Toxicidade
Avaliação da Toxicidade

Toda substância pode ser considerada um agente tóxico, dependendo:

Da dose administrada ou absorvida


Tempo e frequência de exposição
Via de administração

Desse modo faz-se necessário conhecer as condições de uso seguro das


substâncias químicas para a saúde humana e ambiental.
Avaliação da Toxicidade

• Em principio, se de um lado todas as substâncias podem ser


consideradas potencialmente tóxicas, de outro podem também ser
utilizadas de forma segura, desde que as condições de exposição sejam
mantidas abaixo dos níveis considerados perigosos.

• Quando não for possível definir esse nível, a exposição deve ser
evitada.
A toxicidade de uma substância para
um organismo vivo pode ser
considerada, como a capacidade de lhe
causar dano grave ou morte.
Principio fundamental para que o dano aconteça
é que haja interação do agente químico com o
organismo.
Avalição da Toxicidade

• Uma substância altamente tóxica promoverá um


efeito tóxico quando empregada em pequenas
quantidades, enquanto substâncias de baixa
toxicidade necessitam de altas doses para promover o
mesmo efeito.

• Outras necessitam de um tempo maior de exposição


para promover um efeito tóxico.
Avaliação da Toxicidade

A ocorrência da reposta tóxica, é portanto,


dependente das propriedades físico-químicas
da substância, das condições de exposição e
(via, duração e frequência) e da suscetibilidade
individual.
É fundamental considerar que o
efeito tóxico só deve ocorrer se a
substância química estiver
biodisponível para atingir o(s)
órgão(s)-alvo.
Relação
Dose-Resposta
Relação Dose- O termo dose é empregado para
especificar a quantidade da substância
Resposta administrada a um organismo vivo.

Geralmente expressa por unidade de


peso corpóreo.

Dependendo da via de administração


(exposição) a dose efetivamente
absorvida pode não ser idêntica a
administrada.
Relação Dose-Resposta

• Para se conhecer a dose efetiva que provoca um


efeito adverso ou tóxico deve se conhecer sua
toxicocinética.
Relação Dose-Resposta

A relação dose-resposta descreve a relação entre as


características de exposição e o espectro de efeitos tóxicos.

Essa relação pode ser considerada individual, descrevendo


os efeitos tóxicos de um organismo a diferentes doses de
uma substância química.

Ou populacional caracterizada pela distribuição do efeito em


uma população a doses diferentes da substância.
Ao considerar a resposta de um
organismo a uma substância
química deve-se considerar a
seletividade e o polimorfismo
genético.
Testes
Toxicológicos
Testes Toxicológicos

• A avaliação toxicológica de substâncias químicas deve


passar por testes padronizados e aceitos por agências
regulamentadoras.
• Permitem estabelecer os possíveis efeitos das
substâncias em humanos.
• São realizados em sua maioria em animais embora haja
esforço para realização in vitro (células, colônias e
tecidos)
Testes toxicológicos

Informações preliminares:
• Impurezas
• Cor
• Odor
• Volatilidade
• Solubilidade
• Viscosidade
Testes necessários para avaliação de
toxicidade
▶ Toxicidade aguda
▶ Toxicidade sub-crônica (curta
duração)
▶ Toxicidade crônica (longo prazo)
▶ Efeitos locais sobre a pele e olhos
▶ Sensibilização cutânea
▶ Mutagênese e carcinogênese
▶ Reprodução e teratogênese
Toxicidade aguda

Os estudos de toxicidade aguda são aqueles utilizados


para avaliar a toxicidade produzida por uma substância
teste quando essa é administrada em uma ou mais doses
durante um período não superior a 24 horas, seguido de
observação dos animais por 14 dias após a administração.
Toxicidade aguda

▶ Vias de administração: oral, dérmica e inalatória


▶ Determina a classe toxicológica e as precauções no rótulo
▶ Caracteriza a relação dose resposta que conduz ao cálculo
da DL50
▶ Fornece informações sobre tecidos e órgãos, através de
estudos macroscópicos e microscópicos;
▶ Fornece dados sobre outros efeitos: início, natureza e
duração da intoxicação associada a morte
O que é Dose Letal 50 (DL50)?

Uma forma de expressar o grau de


toxicidade aguda de um produto. Indica a
quantidade de ingrediente ativo de uma
substância tóxica (como agrotóxico)
necessária para matar 50% de animais
testados. Expressa-se em miligramas por
quilograma (mg/kg) de peso do corpo do
animal intoxicado.
Dose letal média (DL50) de fármacos e de produtos
químicos, correspondendo ao teste de avaliação da
toxicidade de substâncias. Utilizando de animais
experimentais, esses testes visam classificar compostos de
acordo com a sua capacidade em causar efeitos letais ou
tóxicos, conforme estabelecido pela legislação, sendo que
os valores são calculados estatisticamente a partir dos
dados obtidos.
• Quando uma determinada dose do fármaco é capaz de produzir efeito
terapêutico em 50% dos animais experimentais, é denominada dose
efetiva média (DE50), contudo, se a dose causar a morte de 50% da
população num determinado período, se tem a dose letal (DL50)
daquele fármaco. A relação entre a dose letal e a dose efetiva
(DL50/DE50) determina o índice terapêutico (IT), utilizado para
expressar o grau de segurança do medicamento. Quando o IT
apresentar um valor de dose tóxica mediana (DT50) muito próximo ao
valor da DE50, diz-se que esse medicamento apresenta um baixo IT.
Exemplo: administração de um
agente tóxico em animais (grupos de
50 animais em 4 doses diferentes por
via oral. um agente
O efeito observado é a morte. tóxico

G1 G2 G3 G4
CONTROLE
(2 mg/kg) (4 mg/kg) (6 mg/kg) (8 mg/kg)
0/50 1/50 13/50 27/50 48/50

N.º de mortes / n.º de indivíduos


Relação causal: aumenta a dose, aumenta o efeito
(morte)
Valores de Substância
DL50 oral em
ratos
DL50 para machos
algumas (mg/kg)
Etanol 7000
substâncias Cloreto de sódio 3000
Sulfato cúprico 1500
DDT 100
Nicotina 60
Tetredotoxina 0,02
Dioxina 0,02
Classificação de toxicidade

Classificação DL50 oral em


de ratos
toxicidade (mg/kg)
Muito tóxica < 25

Tóxica 25 a 200

Nociva 200 a 2000


Teste de dose fixa
▶ A substância é administrada em animais numa
específica. dose
▶ Após a administração, observar por 14 dias.
▶ A dose na qual se observam sinais de toxicidade é usada
para classificar a substância.
5, 50

e 500 mg/kg
Dose (mg/kg) Classe
10 animais (machosToxicidade
e fêmeas)
<5 I Extremamente tóxico
5 a 50 II Altamente tóxico
50 a 500 III Medianamente tóxico
> 500 IV Pouco tóxico
CLASSIFICAÇÃO DE
TOXICIDADE
- indicação no rótulos de
praguicidas -
Toxicidade sub-crônica

▶ dose de não observação de efeitos (NOEL)


▶ identificar os órgãos afetados e a severidade dos danos
após exposições repetidas
▶ determinar se o efeito é devido ao acúmulo da substância
ou não
▶ o teste deve ser realizado em pelo menos duas espécies
animais, sendo uma não roedora, utilizando pelo menos 3
doses.
▶ 21 a 90 dias em roedores; 1 ano para animais de maior
porte
▶ ca racteriza os efeitos de exposições repetidas
Exemplo: administração de um agente tóxico em animais,
em 4 doses diferentes, por via oral. O efeito observado é
lesão hepática.

G2 G3 G4
G1
CONTROLE 2,5 mg/kg/dia 5 mg/kg/dia 10 mg/kg/dia
1,25
mg/kg/dia

Não Não Não


Lesão hepática Lesão hepática
observação de observação de observação de
leve evidente
efeito efeito efeito
NOEL = no observed effect level (dose de
não observação de efeitos)
Toxicidade crônica (à longo prazo)

▶ Período deve ser superior a 3 meses (6 meses a 2


anos em roedores e 1 ano em não roedores).
▶ 2 espécies, 10 a 50 animais por dose e sexo.
▶ Observam-se os efeitos tóxicos após exposição
prolongada (ex: carcinogênese).
EFEITOS LOCAIS SOBRE A
PELE E OLHOS
▶ Avaliação dos efeitos diretos sobre olhos e pele
▶ Animal: coelho
▶ Teste de Draize (1944)
▶ Parâmetros avaliados:
▶ Pele: eritema, escara, edema e corrosão
▶ Olhos: alterações da conjuntiva, córnea, íris e
cristalino
▶ Irritação reversível ou não reversível (permanece
por mais de 14 dias)
Teste de Draize
Classe Olho Pele

Opacidade da córnea
I reversível ou não em 7 Corrosivo
dias, irritação
permanente
Sem opacidade da córnea,
II Irritação severa
irritação reversível 7 dias
Sem opacidade da córnea, Irritação
III
irritação reversível 72 moderada
horas
Sem opacidade córnea,
IV Irritação leve
irritação reversível 24
horas
Sensibilização cutânea

▶ Coelhos ou cobaias
▶ Doses repetidas da substância, com ou sem adjuvantes,
por um período de uma a duas semanas
▶ Após duas ou três semanas da última exposição os
animais são submetidos a uma dose não irritante e o
aparecimento de eritema é monitorado.
ESTUDOS DE MUTAGÊNESE
E CARCINOGÊNESE
▶ Identificar agentes mutagênicos (capazes de provocar
modificações no material genético das células, que
serão transmitidas às novas células durante a divisão
celular)
▶ Testes in vitro: teste de AMES (1975): Cepas de
Salmonella typhimurium
▶ Testes in vivo: cromossomas de células de medula
óssea em metáfase.
▶ Teste de carcinogênese: emprega-se a maior dose
tolerada, durante o período médio de vida do animal.
Avaliação de Risco
Perigo e Risco

▶ PERIGO: c apacidade da substância emcausar um


efeito adverso.
▶ R ISCO: probabilidade da produzir dano sob
substância
determinadas condições.
▶ RISCO = PERIGO X EXPOSIÇÃO

▶ Não existe ausência de


risco!
Avaliação de Risco
Caracterização dos efeitos adversos
resultantes da exposição aos agentes
químicos.

▶ Identificação do perigo
Avaliação de
▶ Avaliação dose- Toxicidade
resposta
▶ Avaliação da exposição
▶ Caracterização do risco
Análise de Risco

Gerenciamento
de Risco
Avaliação de
Risco

Comunicação
de Risco

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