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AVALIAÇÃO

TOXICOLÓGICA

Profa. Dra. Daniela Fernanda de Freitas


prof.daniela.freitas@unicor.edu.br
Avaliação da Toxicidade
Avaliação toxicológica é o estudo do
espectro de efeitos tóxicos provocados
por uma substância, com o objetivo de
possibilitar a estimativa do risco para
uma dada condição de exposição.
Fornece informações corretas sobre o emprego
da sustância, bem como as medidas preventivas
e curativas para os casos de uso indevido e
consequente intoxicação.
• Determinar o potencial tóxico da
substância.

• Identificar efeitos adversos.

• Garantir segurança da exposição


humana com base em todas
evidências disponíveis na época da
avaliação.
PERIGO X RISCO
• Perigo: capacidade, da substância,
de produzir um efeito adverso.

• Risco: é a probabilidade estatística


de ocorrer um efeito nocivo em
condições específicas de
exposição. risco
segurança
Testes Toxicológicos

• Classificação da substância levando em


consideração sua ação tóxica sobre o
homem e o meio ambiente.

Classe I: Extremamente tóxico


Classe II: Altamente tóxico
Classe III: Medianamente tóxico
Classe IV: Pouco tóxico
Se não é possível
estabelecer uma condição
segura para o uso de uma
substância, ela não deve ser
usada!!!
Avaliação toxicológica e Toxicologia
Experimental

• Estudo através de experimentos em


animais, determinando parâmetros de
avaliação de risco da exposição a um
agente tóxico, obedecendo critérios
similaridade entre o sistema biológico
animal e do homem.
Princípios que fundamentam os testes de
toxicidade descritiva em animais:

1- Os efeitos produzidos por uma


substância em animais de laboratório,
quando adequadamente qualificados,
são aplicáveis aos humanos.
2- A exposição de animais de
experimentação a altas doses de
agentes tóxicos é um método válido e
necessário para descobrir possíveis
danos a humanos.
Quantificação dos resultados

• Relação dose X efeito

• Relação dose X resposta


Relação dose X efeito
Relaciona a dose do xenobiótico com a
magnitude de um efeito biológico
qualitativamente especificado para um
organismo.

Relação dose X resposta


Relaciona a dose do xenobiótico com a
proporção de indivíduos com uma magnitude
quantitativamente especificada de um efeito
qualitativamente especificado em um grupo de
indivíduos.
A relação dose-resposta é um dos mais
importantes
conceitos em Toxicologia
75

50

25

0,1 0,5 0,10 0,20


Dose ou concentração (mg/kg)
TIPOS DE EFEITOS CONSIDERADOS NAS RELAÇÕES
DOSE-RESPOSTA

- efeito terapêutico: dose eficaz

- efeito tóxico: dose tóxica 1%, 5%, 50%, 95%,


99%
- efeito letal: dose letal

A DL 50 é a dose estatisticamente determinada de


uma substância que causa a morte de 50% dos
animais submetidos à experimentação.
Efeito : tóxico ou letal

75

50

25
DL50 ou DT50
5

0,1 0,5 0,10 0,20


Dose ou concentração (mg/kg)
NOAEL- dose de nenhum efeito adverso
observável –(No observable adverse effect level)

Concentração ou quantidade mais


elevada (em exposições com animais ou
outras observações) que não causa
alterações adversas detectáveis da
morfologia, capacidade funcional,
crescimento, desenvolvimento, tempo
de vida do organismo em condições
definidas de exposição.
LOAEL- dose de mínimo efeito adverso
observável - lowest-observed-adverse-effect-level

Menor concentração ou quantidade de


um agente químico que provoca
alterações na morfologia, capacidade
funcional, crescimento,
desenvolvimento, tempo de vida do
organismo, distinguível dos organismos
controle de igual espécie/linhagem,
submetidos às mesmas condições
definidas de exposição.
TESTES DE TOXICIDADE
TOXICIDADE AGUDA
TOX. SUB-CRÔNICA (CURTO e MÉDIO PRAZO)
TOX. CRÔNICA (LONGO PRAZO)
MUTAGÊNESE E CARCINOGÊNESE
REPRODUÇÃO E TERATOGÊNESE
EFITOS LOCAIS: PELE E OLHOS
SENSIBILIZAÇÃO CUTÂNEA
ECOTOXICIDADE
Toxicidade: Protocolo geral
TOXICIDADE
ASPECTO
Curto Prazo Médio Prazo Longo Prazo
Duração 28 dias 3 meses 12 meses
animal rato rato rato
sexo ambos ambos Ambos
N (por dose) 10 20 40
Peso, consumo de água e alimento,
volume de urina , comportamento e
Obs. diária
atividade somatomotora, macroscopia
ou periódica
externa, respiração e circulação, função
renal e hepática
Histopatologia completa de órgãos e
Obs. final
tecidos, avaliação bioquímica
TOXICIDADE AGUDA

Tempo de exposição dos animais:


24 h (observação neste tempo e/ou
até 4 semanas após)

TESTE: DL50 ou CL50


- uma ou mais espécies animais de ambos os sexos
- via oral (ou inalatória ou dérmica);
- doses: mínimo de 4
número de animais: mínimo de 80/sexo/via
Ensaios de toxicidade aguda

OBJETIVOS

Início, natureza e duração da sintomatologia


que leva à morte

Observações macro e microscópica dos


tecidos  órgão alvo

Diferenças entre espécies e sexos

OBSERVAR: alterações clínicas e histopatológicas.


Classificação Quanto ao Grau de Toxicidade

Hodges & Haggard

Categoria de Toxicidade DL50 Oral– Rato


Extremamente tóxico < 1mg/kg
Altamente tóxico 1-50 mg/kg
Moderadamente tóxico 50-500 mg/kg
Ligeiramente tóxico 0,5-5 g/kg
Praticamente não tóxico 5-15 g/kg
Relativamente atóxico > 15 g/kg
AGENTE QUÍMICO DL 50 oral
EXEMPLOS (mg/kg)
ETANOL 10.000
CLORETO DE 4.000
SÓDIO
SULFATO FERROSO 1.500
MORFINA 900

FENOBARBITAL 150
SÓDICO
SULFATO DE 2
ESTRICNINA
NICOTINA 1
DIOXINA 0,001
• A dioxina: as moléculas de cloro, estejam onde estiverem,
são submetidas à altas temperaturas, em presença de
matéria orgânica, algum tipo de dioxina irá ser gerado.
Algum tipo, visto que a dioxina é membro de uma numerosa
família que atinge a 200 membros, onde se incluem os
furanos, igualmente perigosos.

• Estrutura molecular do tetraclorodibenzo-dioxina

• Entre os males causados pela dioxina no homem podemos


citar o extermínio das defesas orgânicas (comparado à
AIDS), o surgimento de vários tipos de câncer e a
teratogenia, isto é, a propriedade de geração de crianças
deformadas (falta de nariz, lábios leporinos, olhos ciclopes,
ausência de cérebro etc.).
TESTE DE SENSIBILIZAÇÃO:
SENSIBILIZAÇÃO Doses múltiplas entre 1 e 2
semanas; após 2 a 3 semanas sem a substância, administrar dose
não irritante e observar a reação.
TESTE DE IRRITABILIDADE DOS OLHOS E DA PELE
teste de Draize
Irritação da pele: 0,5 g (orelha/dorso)
ou 0,5 mL e observar a reação,
classificada em scores de 1 a 4, de
acordo com a gravidade do efeito
irritante (eritema, edema, corrosão).
Irritação do olho: 0,1 g ou 0,1 mL em
um dos olhos e observar a reação,
classificada em scores de 1 a 4, de
acordo com a gravidade do efeito
irritante.
TOXICIDADE SUBCRÔNICA

Tempo de exposição dos animais: 90 dias e observações diárias


(2 vezes/dia) e após até 3 meses do término exposição.

OBSERVAR: alterações clínicas (diária), bioquímicas,


hematológicas, comportamentais (em 3 ocasiões) e, ao final, as
histopatológicas.
TOXICIDADE SUBCRÔNICA

Objetivos: Identificar e caracterizar efeitos decorrentes


da exposição repetida à substância, usando-se
diferentes doses e espécies.

Estudos realizados durante um tempo correspondente


a 1/10 ou menos de vida média do animal:

Roedores: cerca de 60- 90 dias


TOXICIDADE SUBCRÔNICA
Finalidades: - conhecer o modo de ação e os efeitos do
toxicante em exposições repetidas;
- avaliar o tempo de latência entre a exposição e o
aparecimento dos efeitos tóxicos;

- avaliar a reversibilidade dos efeitos e a correlação entre


concentração do toxicante no sangue e efeitos nocivos;

- selecionar as doses para estudo a longo prazo.

IMPORTANTE: estabelecer a NOAEL e/ou a LOAEL


TOXICIDADE SUBCRÔNICA

Observações
 Comportamento
 Quantidade de alimento consumido
 Crescimento / mortalidade
 Exames clínicos (sangue e urina)
 Função de órgãos importantes, sistema endócrino e
imunológico
 Peso de órgãos e glândulas
 Exame microscópico de órgãos e tecidos
 Diferença de sensibilidade entre espécies
 Nível aproximado da dose que provoca o efeito
 Natureza biológica do efeito tóxico
TESTE:
- 2 ou mais espécies animais de ambos os sexos (roedor e não-
roedor);
- via oral (ou inalatória)
- doses: mínimo de 3, sendo que a menor não deve provocar a
morte de mais de 10% dos animais.
TOXICIDADE CRÔNICA

Estudos realizados durante toda a vida média da espécie


animal
Objetivos
 Detectar efeitos tóxicos que sejam produzidos após
exposições prolongadas, geralmente a baixas
concentrações, como os efeitos carcinogênicos;

 Determinar o nível de dose máxima que não provoca


efeitos tóxicos;

 Determinar as diferenças interespécies e intra-espécie


na resposta.
TOXICIDADE CRÔNICA

Tempo de exposição dos animais: acima de 6 meses (doses


múltiplas) e observações neste tempo. O tempo depende do
animal de experimentação e do uso preconizado para a
substância química.

TESTE:
- 2 ou mais espécies animais de ambos os sexos (roedor e
não-roedor);
- 50 animais dose/sexo;
- via oral (ou inalatória)
- doses: mínimo de 3, sendo a maior a DOSE MÁXIMA
TOLERADA
TOXICIDADE CRÔNICA

Seleção da espécie animal e de sua linhagem

Metabolismo semelhante ao do homem.

Sensibilidade baixa ao desenvolvimento de


tumores espontâneos.
Duração do experimento

 Expectativa de vida para camundongo é de 18


meses e para rato de 24 meses. Os experimentos
geralmente são feitos com as duas espécies.

 Extensão do ciclo de vida  aumenta a incidência


de tumores espontâneos normais e não devido à
substância, podendo confundir o experimento.

Dificuldades de ordem prática: limitação


do uso de animais de maior tamanho
ESTUDOS ESPECIAIS

• Mutagênese e carcinogênese
• Efeitos sobre a reprodução e
teratogênese
• Toxicocinética
• Ecotoxicidade
Avaliação do Risco
Os 4 passos básicos
1- Identificação do perigo:
caracterização dos efeitos adversos do agente químico

2- Avaliação exposição x resposta:


caracterizar a relação entre exposição e as incidências de
efeitos adversos em populações expostas

3- Avaliação da exposição:
medir ou estimar a intensidade, a frequência e a duração
das exposições

4- Caracterização do risco:
estimar a incidência de efeitos à saúde sob várias condições
de exposição
AVALIAÇÃO DO RISCO

1- Identificação

- do agente
- da natureza do perigo

Testes toxicológicos (in vitro e in vivo, agudos e


subcrônicos);
REA – relação estrutura-atividade;
Estudos epidemiológicos: casos-controle (longitudinais e
retrospectivos) e de coorte (prospectivos)
AVALIAÇÃO DO RISCO

2- Caracterização/ quantificação

- da exposição
- da potência
- da suscetibilidade

Relações dose-efeito e dose-resposta; grau de incerteza


Estimativas da intensidade, duração, freqüência da exposição
Avaliação da exposição em populações expostas, de suas fontes,
meios, vias de introduçãoe quantificação da dose externa e da dose
interna
AVALIAÇÃO DO RISCO
3- Análise
- benefício x risco
-- benefício x custo

4- Controle/ gerenciamento
- regulamentos (valores-limites)
-- risco aceitável: evidências científicas,
fatores sociais, políticos e econômicos
5- Comunicação
- educação: juízes, advogados,
trabalhadores, sociedade em geral
CONDIÇÕES PARA A ACEITAÇÃO DO RISCO

1. Benefícios adquiridos pelo uso da substância


química;
2. Adequação e disponibilidade de outras substâncias
químicas para o mesmo uso;
3. Extensão de seu uso pelo público;
4. Considerações de ordem econômica;
5. Efeitos sobre a qualidade ambiental;
6. Conservação de fontes naturais.

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