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AVALIAÇÃO TOXICOLÓGICA

Prof.ª Ms. Juliana Rodrigues Santana


Bióloga/Mestre em Agroecossistemas Amazônicos
Doutoranda em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente
Afinal, como são avaliados os efeitos toxicológicos? Como sabemos que uma substância é
tóxica?

Avaliação Toxicológica: Processo de estimar a associação entre a exposição a determinada


substância e a incidência de efeitos adversos.

Estudos realizados para definir qual a toxicidade da substancia.

Dados obtidos, através da


Estipulados para seres
experimentação em
humanos
animais de laboratórios

Não se realiza testes toxicológicos em seres humanos


A avaliação de toxicidade compreende a análise de dados
toxicológicos de uma substância ou um composto
químico com o objetivo de classificá-lo toxicologicamente
e, ao mesmo tempo, fornecer informação a respeito da
forma concreta de seu emprego, bem com medidas
preventivas e curativas quando do uso inadequado.
Perigo conhecido:
explosividade

Risco:
manifestação

“A explosão de agosto de 2020 no porto de Beirute foi causada pelas ações e omissões de funcionários libaneses que
não comunicaram com precisão os perigos representados pelo nitrato de amônio, conscientemente armazenaram o
material em condições inseguras”

O nitrato de amônio se decompõe, e, ao se decompor, ele produz uma série de gases. Esses gases, aquecidos no calor da
decomposição, se expandem rapidamente, e explodem.
Caracterização científica sistemática de efeitos adversos potenciais relacionados à
saúde resultantes da exposição humana a agentes ou situações tóxicas.

x
Caracterização científica sistemática de efeitos adversos potenciais relacionados à
saúde resultantes da exposição humana a agentes ou situações tóxicas.

Risco
Perigo =
= Probabilidade
Toxicidade do perigo
acontecer
(Inerente a
espécie)
Perigo = toxicidade
inerente a substancia

(Ex.: jararaca é venenosa, isso é


característico dessa espécie de serpente)

Risco = probabilidade
do perigo se manifestar

Ex.: Álcool (etanol) x benzeno


Exposição Toxicidade

DL50 DL50
8
Paracelsus (1493-1541):
Toda substancia é tóxica, dependendo da dose

Cada substância química apresenta suas ações tóxicas, dependendo da


sua dose e do tempo e frequência de exposição

Dose/ Concentração (Determinada dose de um fármaco pode ser ideal para um adulto porém tóxica para uma criança)
Tempo e frequência (4 cervejas em 1 h/4 cervejas em 4 dias)
Condições de exposição
Susceptibilidade individual (idade do indivíduo, fatores genéticos, etc.)
Via de administração (Pele, inalação, ingestão, etc.)
Japoneses, Chineses e Coreanos sofrem maior intoxicação com o consumo alcoólico, devido
a uma anomalia genética e um dos sintomas é o maior avermelhamento da pele.

Atinge aproximadamente 36% da população


Evidentes:

Morte, câncer, queimaduras por ácidos, substâncias corrosivas, teratogênese, asma, etc.

Outros:

Redução do aprendizado e memória (chumbo), alterações de comportamento (SNC), etc.

Medicamento
Risco de Avaliação Liberação ao Cosméticos
toxicidade toxicológica mercado Praguicida
Inseticida
Necessário determinar a
toxidade da substancia e como
a população responde a
toxicidade dessa substancia

Dose/resposta Responde normalmente

Dose/efeito
Relação Dose-Efeito: Relação entre a dose ou concentração de uma substância química e a
magnitude de um efeito biológico qualitativamente especificado em um indivíduo.

Relação Dose-Reposta: Relação entre a dose ou concentração de uma substância química e a


proporção de indivíduos de uma população que responde com um efeito quali e quantitativamente
especificado.

Tipos de efeitos considerados nas relações dose-resposta

Efeito terapêutico: dose eficaz


95%, 99%
Efeito tóxico: dose tóxica
1%, 5%, 50%
Efeito letal: dose letal
É o índice que determina a segurança de uma medicação em relação à sua dose.

Quanto maior o IT maior é a


segurança do fármaco em
relação a dose.
A DL 50 é a dose
estatisticamente
determinada de uma
substância que causa a
morte de 50% dos
animais submetidos à
experimentação.

Não existe DL50


para humanos
Relação dose/frequência de resposta para uma substância hipotética em uma população homogênea
Nenhum efeito adverso
observável (NOAEL) – o
limite de dose onde
nenhum efeito é observado;

DT50: Dose tóxica


0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5
NOAEL: Dose onde não se observa efeito adverso Maior dose administrada num estudo de
toxicidade na qual não se observa nenhum efeito adverso;

LOAEL: Menor dose onde se observa


um efeito adverso Menor dose
administrada num estudo de
toxicidade na qual se observa um
efeito adverso

Qual a DL50?
Relação dose/resposta para uma substância hipotética em uma população homogênea
(efeito medido: letalidade).
Quanto menor a DL50,
maior a periculosidade da
substância.

KLAASSEN, Curtis D; WATKINS, John B. Fundamentos em


Toxicologia de Cesarett e Doull. Editora AMGH Ltda, 2º ed., 2012.
Experimentação em animais permitiu o avanço na
medicina, farmácia, toxicologia.

Atualmente existe parâmetros definidos para experimentação


Os efeitos produzidos pelo A exposição de animais de experimentação
composto no animal de a altas doses de um agente tóxico é um
laboratório devem ocorrer método válido e necessário para a
também no homem. descoberta dos efeitos danosos ao homem.

INFORMAÇÕES PRELIMINARES

Objetivo: conhecer a substância, antes de fazer testes em animais;

Especificações sobre a substância: pureza, características


físicas e químicas, níveis de exposição, toxicidade esperada.
Tipos de Testes de Toxicidade
Estudos de toxicidade aguda
Estudo de toxicidade subcrônica
Estudo de Toxicidade crônica
Tempo de exposição dos animais: 24 h (observação neste tempo)

TESTE: DL50 ou CL50:


- uma ou mais espécies animais de ambos os sexos
- via oral (ou inalatória ou dérmica);
- doses: mínimo de 4
- número de animais: mínimo de 80/sexo/via (atualmente tem diminuído nº de animais).

TESTE DE SENSIBILIZAÇÃO: Doses múltiplas entre 1 e 2 semanas; após 2 a 3 semanas sem


a substância, administrar dose não irritante e observar a reação.

TESTE DE IRRITABILIDADE DOS OLHOS E DA PELE (teste de Draize)

Teste feito para saber se a substancia é irritante para pele e olhos.


Tempo de exposição dos animais: 90 dias e observações diárias (2 vezes/dia) e após até 3
meses do término exposição.

OBSERVAR: alterações clínicas (diária), bioquímicas, hematológicas, comportamentais (em 3


ocasiões) e, ao final, as histopatológicas.

Objetivos: Identificar e caracterizar efeitos decorrentes da exposição repetida à


substância, usando-se diferentes doses e espécies.

Estudos realizados durante um tempo correspondente a 1/10 ou menos de vida média do animal:

Roedores: cerca de 60- 90 dias


Estudos realizados durante toda a vida média da espécie animal

Objetivos
➢ Detectar efeitos tóxicos que sejam produzidos após exposições prolongadas,
geralmente a baixas concentrações, como os efeitos carcinogênicos;
➢ Determinar o nível de dose máxima que não provoca efeitos tóxicos;

São testes longos que sofrem a influência de variáveis críticas: escolha da espécie animal e da dose

Seleção da espécie animal e de sua linhagem:

• Metabolismo semelhante ao do homem.


• Sensibilidade baixa ao desenvolvimento de tumores espontâneos.
Expectativa de vida para camundongo é de 18 meses e para rato de 24 meses. Os
experimentos geralmente são feitos com as duas espécies.

Extensão do ciclo de vida: aumenta a incidência de tumores espontâneos normais e não


devido à substância, podendo confundir o experimento.

Dificuldades de ordem prática: limitação do uso de animais de maior tamanho.


No Brasil, existe a Resolução Normativa nº 1/78 (D. O. 17/10/78) do Conselho Nacional de
Saúde que exige 5 tipos de ensaios de toxicidade, são eles:

• aguda,
• subaguda,
• crônica,
• embriotoxicidade,
• teratogenicidade,

Em alguns casos especiais que são a carcinogenicidade, os testes comportamentais e


outros.

Estes estudos são realizados em animais experimentais em condições éticas, segundo as


indicações dos Comitês de Ética de Animais Experimentais.
Painel dos efeitos tóxicos
Quando pensamos em substancia química, podemos desenhar alguns perfis de
toxicidade desses efeitos.

1. QUANTO A REGIÃO ATINGIDA

• Local: quando acontece no local de exposição, não necessariamente ocorre a absorção.


(ex. ácido forte em contato com a pele leva a corrosão)

• Sistêmico: acontece no organismo como um todo e pra que ele aconteça


necessariamente ocorre a absorção da substancia.
(ex. monóxido de carbono)

OBS.: Existem substancias que tem ambos os efeitos,


Sem cheiro!
tanto local quanto sistêmico (ex.: arsênio)
Painel dos efeitos tóxicos
2. QUANTO A DURAÇÃO DO EFEITO E DA EXPOSIÇÃO Praguicida organoclorado tipo DDT (lipossolúvel –
fica armazenada no tecido adiposo)

• Agudo: Acontece e termina em 24 horas

• SubCrônico: 02 semanas a alguns meses.

• Crônico: Dura anos (2/3 da vida)

OBS.: Pode haver situação em que a pessoa tem exposição crônica e efeito agudo.

OBS.: Exposição aguda e efeito crônica.

Aflatoxinas: toxinas (carcinogênica) produzidos por fungos Aspergillus


pode contaminar alimentos.
Painel dos efeitos tóxicos
3. EFEITO IDIOSSINCRÁTICO (efeito incomum)

Depende do perfil genético, características próprias de cada indivíduo, tornando o efeito


tóxico variável.
(Ex.: Certas pessoas metabolismo mais rápido ou mais lentamente determinada substancia)

4. HIPO E HIPERREATIVIDADE

Algumas características que dificultam a absorção da substancia. Pode estar ou não


relacionada com o efeito idiossincrático.

(Ex.: Individuo tem uma hipo (pouca) reação a determinada substancia).


(Ex.: Indivíduo tem uma hiper (grande) reação a determinada substancia química).
Painel dos efeitos tóxicos
5. EXARCEBAÇÃO DE UMA DOÊNÇA PRÉ-EXISTENTE

Pessoas que se expõe a alguma substância química podendo ter uma doença intensificada
devido a essa exposição.

(Ex.: Indivíduo com bronquite ou asma, vai residir em um local muito poluído)

A poluição é um fator no
desenvolvimento e no agravamento
dos sintomas da bronquite
Painel dos efeitos tóxicos
7. INTERAÇÕES
Normalmente estamos expostos a mais de uma substancia química, as quais podem ter
somatório dos efeitos de forma diferentes.

ADIÇÃO POTENCIALIZAÇÃO SINERGISMO


2+2=4 2+0=3 3+4=10

Tetracloreto de carbono (hepatotóxico) Tetracloreto de carbono + etanol


Álcool + Barbitúricos + (Ambos hepatotóxicos)
(Ambos causam isopropanol (não hepatotóxico)
alterações no SNC)
= Somatório dos 02 efeitos no
Faz com que o efeito da 1ª determinado órgão, é maior
Soma dos efeitos substancia seja maior, devido a do que o efeito isolado
vários mecanismos
Painel dos efeitos tóxicos
7. INTERAÇÕES
O que se espera na toxicologia?
Uma substância possa reagir com outra e o efeito seja menor!
Painel dos efeitos tóxicos
7. INTERAÇÕES
O que se espera na toxicologia?
Uma substância possa reagir com outra e o efeito seja menor!

Excesso de ácido clorídrico no estômago


+
ANTAGONISMO Ingestão de anti-ácido (alcalino)
5+2=1 =
neutralização da acidez
Painel dos efeitos tóxicos
Tipos de antagonismo
❑ Químico: Ocorre a reação química entre duas substâncias; (ex.: acidez do estômago)

❑ Deposicional: altera a disposição da substancia química no organismo;


(elimina ou evita a absorção, exemplo: eméticos)

❑ Antagonismo funcional: usado no tratamento de suporte. Utilização de substancia que tem


ação contraria a que está causando a intoxicação.

Indivíduo intoxicado tem convulsão anticonvulsivante;


Indivíduo intoxicado está com hipertensão substância que reduz a pressão arterial
Dose

Concentração
Dose
Entra diretamente no organismo humano (gavagem, alimentação)

Concentração
Está no ambiente onde o organismo vive. (poluentes na atmosfera)
Bons Estudos!!

Prof.ª Ms. Juliana Rodrigues Santana


E-mail: juliana.santana@unicentro.ro.edu.br

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