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Curso de Biomedicina
Disciplina: Toxicologia e Análises Toxicológicas

Toxicologia e Análises
Toxicológicas

Prof. Dr. João Batista


joao.neto@unichristus.edu.br
 Apresentar ao aluno os princípios da Toxicologia e
Análises Toxicológicas.
 Estudar a análise toxicológica das substâncias químicas
presentes em ambientes de trabalho e poluentes
químicos ambientais.
 Compreender a monitorização ambiental e biológica da
exposição ocupacional das substâncias químicas.
 Estudar os aspectos analíticos das principais drogas
terapêuticas e de abuso.
INTRODUÇÃO
 Histórico e conceitos
Divisão/Finalidades
Áreas/ Elementos/ Aspectos da Toxicologia
Fases da Intoxicação

EFEITOS TÓXICOS
Características
Efeitos especiais
• Antiguidade:
– Venenos animais e extratos vegetais: anterior à
história escrita

– Papiro de Ebers (1500 a.C):


• > 800 “receitas” mágicas: cicuta, acônito, ópio, chumbo,
cobre...

– Mitrídates VI (120 – 63 a.C): 1º realizar


experiências toxicológicas:
• Mitridato – idade média

– Roma: Sulla - Lex Cornelia (82 a.C):


• 1ª lei para punir envenenadores
• Idade média:
– Maimônides (1135-1204 d.C): Poisons and their
Antidotes
• tratamento de intoxicações: cobras, insetos e cachorros
loucos
efeito protetor do leite, manteiga e gordura : retardar a
absorção intestinal de venenos
(Princípio da Biodisponibilidade)
• Idade Média: Catarina de Médici (1519-1589)

Preparações tóxicas em pobres e


doentes:

 Rapidez da resposta tóxica


 Eficácia da substância
 Grau de resposta (≠ corpo)
 Queixas da vítima

Massacre de São Bartolomeu


• Renascimento:
– Giulia Tofana (1600 d.C): "Aqua Tofana"

Arsênio, chumbo e beladona

stima-se que seu veneno tenha matado 600 homens


entre 1633 e 1651.
Renascimento:
Giulia Tofana (1600 d.C):
“De Margarida aproximou-se mancando, calçando uma
estranha bota de madeira no pé esquerdo, uma dama com
os olhos baixos de freira, magrinha,
tímida e que, por algum motivo, tinha uma faixa larga e
verde amarrada nopescoço.
— Quem é a de faixa verde? — perguntou Margarida
automaticamente.
— Uma dama encantadora e nobre — cochichou Korôviev.
— Recomendo-a: senhora Tofana. Foi extremamente
popular entre todas as encantadoras jovens
napolitanas, assim como entre as moradoras de
Palermo, principalmente entre aquelas que se
cansaram dos maridos. Isso acontece, rainha, cansar
do marido...”
• Renascimento: Paracelsus (1493-1541)

Identificou o agente tóxico, “toxikón”, como uma


entidade química

“ todas as substâncias são venenos; não há nenhuma que não seja


um veneno. A dose correta diferencia o veneno do remédio”
• Renascimento: Paracelsus (1493-1541)
Princípios de Paracelso conceito da
“relação dose-
resposta”
• Renascimento: Paracelsus (1493-1541)

“[Oh tu, piloto desesperado! Lança de um só golpe contra a rocha escarpada teu
barquinho tão cansado da viagem trabalhosa. Eis para
meu amor.
Oh, honesto boticário! Tuas drogas são rápidas. Assim morro com um
beijo]”
Romeu e Julieta, ato 5, cena 3

Escrita 1595
• Iluminismo:
“A toxicologia experimental acompanhou o crescimento da química orgânica e
desenvolveu-se rapidamente durante o século XIX”

Orfila (1787-1853)
Material de autópsia e análises químicas
de forma sistemática como prova legal de
envenenamento  Toxicologia Forense

Claude Bernard (1813-1878)


bases para a farmacologia, a terapêutica
experimental e a toxicologia ocupaciona
• Século XX:
Grande avanço no Farmacêuticos Nº de
campo da síntese Alimentares intoxicações
química Agrícolas

1937
Sulfanilamida
Dietilenoglicol
• Século XX:
1950: Talidomida
• Século XX:

“Tylenol Envenenado”
Chicago (1982)
Um assassino adulterou o
conteúdo de embalagens de
Tylenol e matou ao menos 7
pessoas na região. O caso
impactou e transformou a
indústria farmacêutica
moderna e nunca foi resolvido
Dimetilsulfóxido
(DMSO)

Dimetil
Sulfona (DMSO2)

Sulfato de
Dimetila (DMSO4)
• Após 2ª Guerra Mundial:
– Notável desenvolvimento (1960)
– Deixa de ser uma ciência envolvida apenas com
aspecto forense

• Atualmente:
• Avaliação da segurança e risco na utilização de substâncias
químicas
• Aplicação de informações de estudos toxicológicos para o
controle regulador de substâncias químicas presentes nos
alimentos, ambiente, locais de trabalho e outros
OBRIGATÓRIOS Medicamentos
TESTES DE Praguicidas
TOXICIDADE Aditivos Alimentares
Domissanitários

Toxicologia é uma verdadeira ciência social, cujo


estudo visa propor maneiras seguras de se expor às
substâncias químicas, permitindo que o homem se
beneficie das conquistas atuais da era tecnológica
DIVISÃO E FINALIDADES
DA TOXICOLOGIA
Toxicologia Analítica
 Detecção do agente químico relacionado a
exposição.
 Monitoramento terapêutico
Aspecto forense
 Monitoramento biológico
Controle Antidopagem
Controle de farmacodependência
Toxicologia Clínica
 Atendimento do paciente intoxicado
 Prevenção ou diagnóstico das intoxicações
Escolha da terapia específica.

Toxicologia Experimental
 Estudo dos mecanismos de ação sobre o
sistema biológico.
 Rigorosas normas preconizadas pelos Órgãos
reguladores do país.
Ecotoxicologia
 Estudo dos efeitos nocivos de certos
agentes ao meio ambiente.
 Testes em algas , bactérias, abelhas,
minhocas, peixes.
CONCEITOS EM
TOXICOLOGIA
Toxicologia: ciência que estuda os efeitos nocivos
decorrentes das interações de substâncias químicas com
organismos vivos, sob condições específicas de exposição
Agente tóxico (toxicante): É qualquer substância química
que, interagindo com um organismo vivo é capaz de produzir
uma alteração funcional, comportamental, ou até mesmo a
morte. A maioria das substâncias é exógena, podendo ser
conhecidas como: drogas, fármacos, agentes tóxicos ou
xenobióticos.
Veneno: Compostos provenientes de animais, nos quais
apresentam função de auto-defesa ou predação

Uso popular: substância ou mistura de substâncias que provoca


intoxicação ou morte em baixas doses

Tityus stigmurus
Droga: substância capaz de modificar ou explorar o sistema
fisiológico ou o estado patológico com ou sem benefício do
organismo receptor
Popular: fármacos, medicamentos, toxicantes...

Estrut. quím. definida


≠ FÁRMACO Benefício do receptor

Cannabis sativa – droga

9 ∆-tetraidrocanabinol- fármaco
Canabidiol – fármaco - epilepsia
Xenobiótico: substância química estranha ao organismo
(não possui papel fisiológico definido) ou estranha
quantitativamente ao organismo

Ex.: agentes poluentes da atmosfera, Pb, Hg, Mn


Antídoto - Agente capaz de antagonizar os efeitos
tóxicos de uma substância

Ex: Flumazenil, azul de metileno, atropina


Toxicidade - Capacidade inerente e potencial do
agente tóxico de provocar efeitos nocivos em
organismos vivos.

Risco – Probabilidade estatística de um agente tóxico


causar efeitos nocivos em um sistema biológico, sob
condições de exposição definidas
Intoxicação: É um processo patológico causado por
substâncias endógenas ou exógenas e caracterizado por
desequilíbrio fisiológico em consequência das alterações
bioquímicas no organismo.

Sinais e sintomas

Exames laboratoriais
CLASSIFICAÇÃO DOS
AGENTES TÓXICOS
Quanto às Características Físicas
Quanto às Características Químicas

o Baseia-se na estrutura química das substâncias que mais se


destacam quanto ao interesse toxicológico.
o Ex: Alcaloides, Aminas, Amidas, Ácidos Fracos...

Quanto ao tipo de Ação Tóxica

o Psicoativos (Sistema Nervoso Central).


o Nefrotóxicos (Rins)
o Hepatotóxicos (Fígado), etc.
FENÔMENO DA
TOXICIDADE
Toda substância pode ser
considerada um agente tóxico?

o Depende das condições de exposição


o Tempo
o Via de Absorção
o Frequência
o Concentração (dose)

[ µg/mL]

[ µg/mL]
Como calcular a dose de um
agente tóxico?

Relação Dose Resposta

DL 50

A dose que pode levar a morte 50% de uma população em


condições experimentais

Teste de
toxicidade
aguda (2
espécies/
24 horas)
Como calcular a dose de um
agente tóxico?

Relação Dose Resposta

Classificação de Hodges & Haggard (1990)

Classificação quanto ao grau de toxicidade DL 50 – Rata


(via oral)
Extremamente tóxico < 1 mg/kg
Altamente tóxico 1 - 50 mg/kg
Moderadamente tóxico 50 - 500 mg/kg
Ligeiramente tóxico 0,5 - 5 g/kg
Praticamente não tóxico 5 - 15 g/kg
Relativamente atóxico > 15 g/kg
FASES DA INTOXICAÇÃO
I II III IV
Exposição Toxicocinética Toxicodinâmica Clínica

Processo de transporte
Vias de introdução Absorção
Distribuição Efeito Nocivo
Natureza da ação
Biotransformação
Eliminação

TOXICANTE TOXICIDADE INTOXICAÇÃO


Biodisponibilidade Sinais e sintomas
Fase de exposição (I)

 Superfície externa ou interna entra em contato com o


agente tóxico.
 Via de administração
 Características físico-químicas
 Duração e frequência de exposição
 Dose ou concentração
 Suscetibilidade biológica

Disponibilidade química: fração disponível dele para a


absorção
Fase toxicocinética (II)

Absorção e a concentração do
agente tóxico nos diversos tecidos do organismo

Absorção, distribuição, biotransformação e excreção

Biodisponibilidade: Fração disponível para atingir sítio de ação


Fase toxicodinâmica (III)

Interação entre as moléculas do agente tóxico e os


sítios de ação, específicos ou não.

Desequilíbrio homeostático
Fase clínica (IV)

Evidências de sinais e
sintomas ou alterações
Efeito nocivo
patológicas
FATORES QUE
INFLUENCIAM NA
TOXICIDADE
INTERAÇÕES DE
SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS
EFEITO ADITIVO
- Mais comum
- Representa o somatório de efeitos de compostos de
mesmo mecanismo de ação.

Por exemplo,

Intoxicação simultânea por dois carbamatos

2+3=5
EFEITO SINÉRGICO
- Efeitos combinados de dois produtos químicos são
muito maiores do que a soma dos efeitos de cada
agente dado isoladamente

Por exemplo,

CCl4 + etanol = efeitos hepatotóxicos

2 + 3 = 20
EFEITO DE POTENCIALIZAÇÃO
Ocorre quando a uma substância sem efeito tóxico
sobre um orgão ou sistema é adicionada outra
substância química tóxica

Por exemplo,

Isopropanol + CCl4 = maior efeito hepatotóxico

0 + 2 = 10
EFEITO ANTAGONISTA
Duas substâncias administradas em conjunto interferem uma
com a outra: antídotos.

Mecanismos de antagonismo

o Antagonismo Funcional (Efeitos opostos sobre a mesma função


fisiológica; ex: Diazepam na convulsão por cocaína )
OBRIGADO

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