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Etimologicamente, a palavra psicopatologia é formada pela junção de três

palavras gregas psychê (alma, mente), pathos, (paixão, doença) e logos (lógica ou
conhecimento). Logo, a partir de sua formação semântica, a psicopatologia, pode
ser entendida como o ramo descritivo das doenças da alma ou mente, dito de outra
forma, essa disciplina tem por objeto os estados psíquicos relacionados ao
sofrimento do indivíduo, bem como as manifestações de comportamentos e
experiências que podem indicar um estado mental ou psicológico anormal.
Embora esteja ligada a várias áreas do conhecimento, é nas disciplinas de
psicologia e psiquiatria que possui maior relevância, mas sempre se fundando em
outras como a biologia e neurologia, dado seu caráter multidimensional, com
diversas abordagens e referenciais teóricos.
O termo e seu atual significado foi dado por Karl Jaspers, em sua obra
Psicopatologia Geral, publicada em 1913. O autor foi responsável por tornar a
psicopatologia uma ciência autônoma e independente da psiquiatria. A partir de
sua obra, buscou construir uma teoria geral das questões relativas à enfermidade
psíquica, afirmando que seu objetivo é "sentir, apreender e refletir sobre o que
realmente acontece na alma do homem", ensinando que a ciência ora apresentada
constitui-se como auxiliadora da técnica clínica já existente, proveniente da
psiquiatria e psicologia clínica.
Para caracterizar as chamadas psicopatologias, é feito o estudo dos gestos,
comportamentos e expressões dos doentes mediante relatos e autodescrições
feitas por eles. Cabendo a esta área o estudo, por meio da observação e
sistematização, a classificação dos fenômenos analisados. Incluem-se aí as
psicopatologias explicativas ou dinâmicas, nas quais existem supostas
explicações, de acordo com conceitos teóricos, centrando-se no conteúdo e a
psicopatologia descritiva, que consiste da descrição e da categorização precisas
de experiências anormais, como informadas pelo paciente e observadas em seu
comportamento.
No que concerne ao seu estudo aplicado à psicologia jurídica, esse ramo
visa estudar, em particular, as doenças mentais nos criminosos e atores do
processo judicial, que apesar de certas, não são explícitas. Alguns autores passam
a denomina-la, então, de psicopatologia forense.
Ao operador do Direito não cabe diagnosticar os transtornos, visto que essa
função é privativa dos profissionais da Saúde, porém o conhecimento dos sinais se
mostra útil, diante de possíveis linhas de ação para tratá-los, de modo a ajudar
quem padece de alguma das psicopatologias. Constatado algum dos sinais
descritos, recomenda-se direcionar o enfermo ao profissional competente, a fim de
que se avalie suas condições físicas, psíquicas e fisiológicas.
Dentre as psicopatologias, incluem-se os transtornos de ansiedade,
transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno do estresse pós-traumático,
transtornos dissociativos, psicose puerperal, transtornos depressivos, uso de
drogas, transtornos de pensamento e de percepção, transtorno factício, transtornos
de preferencia sexual (parafilias), transtornos mentais orgânicos, esquizofrenia e
transtornos delirantes.
O transtorno de ansiedade é resultado da junção de manifestações
fisiológicas, como fraqueza e alteração da pressão arterial, com sintomas de ordem
psicológica e emocional. Ocorre, geralmente, após um período traumático, de
reorganização da vida ou durante a espera de algum evento ou acontecimento.
Alguns de seus sintomas são sensação de tensão, irritação, impossibilidade de
relaxar, dificuldade para conciliar o sono, dificuldade para se concentrar nas
atividades, alterações de memória.
O transtorno obsessivo-compulsivo, assim como o de ansiedade,
também está ligado ao estresse. Obsessão é impossibilidade de afastar um
pensamento ou sentimento pelo esforço da lógica, enquanto que compulsão é o
comportamento ritualístico de repetir procedimento específico, com o objetivo de
prevenir um evento improvável. Preocupação com contaminação, organização
excessiva, ideal de perfeição constituem ideias obsessivas comuns que precedem
as compulsões.
Já o transtorno do estresse pós-traumático, como o próprio nome sugere,
decorre de um trauma, como resposta posterior ao evento. Entre seus indícios
estão a súbita paralisação das atividades habitualmente desemprenhadas,
alterações comportamentais, permanência de sinais físicos que estimulam a
memória sobre o ocorrido, dificuldade de retomar a prática de suas atividades,
alterações de características da personalidade, com diminuição da interação social,
dentre outros. A valorização da agressividade e a banalização da vida aumentam a
ocorrência desse transtorno.
Quanto aos transtornos dissociativos, há a perda total ou completa da
integração normal entre memórias do passado, consciência de identidade e
sensações imediatas e controle dos movimentos corporais. Sua origem está
associada a eventos traumáticos, problemas insolúveis e intoleráveis ou a
relacionamentos perturbados. O organismo não consegue integrar vários aspectos
de identidade, memória e consciência. Este transtorno inclui amnésia dissociativa,
fuga dissociativa, transtornos de transe ou possessão e transtorno de
personalidade múltipla.
Os episódios e transtornos depressivos fazem com que o indivíduo
encare os acontecimentos como ruins, de modo pessimista, além de perceber ou
antecipar o fracasso, de tal forma que "os pensamentos negativos da mente
influenciam de alguma forma os eventos bioquímicos, que num círculo vicioso
ampliamos pensamentos depressivos". A depressão não pode ser confundida com
tristeza, pois naquela o doente está entregue a desesperança, sem perspectiva de
mudança, sendo custoso a ele superá-la. O mundo, ao depressivo, parece terrível,
com infelicidade e tristeza sem motivo aparente, sem prazer para realizar qualquer
atividade. O diagnóstico especializado é imprescindível porque há necessidade de
ajuda de medicamentos para interromper o círculo vicioso da depressão.
A parafilia, antes conhecida como perversão sexual, consiste em fantasias,
anseios sexuais ou comportamentos recorrentes, intensos e sexualmente
excitantes envolvendo objetos não humanos ou situações incomuns. No geral, são
regressões aos estágios primitivos do desenvolvimento psicológico. Algumas das
parafilias interessam mais à psicologia jurídica como o incesto, pedofilia e
exibicionismo e sadomasoquismo.
Dentre os transtornos mentais orgânicos, está a demência, doença
cerebral que influencia no funcionamento intelectual e nas atividades do cotidiano,
e a alucinose. A esquizofrenia, distorção fundamental e característica do
pensamento e da percepção, e os transtornos delirantes, causados por delírios
persistentes resultantes de ciúmes, brigas também são considerados
psicopatologias.
Ante os conceitos e exemplos de psicopatologias expostos, fica claro a
importância de compreensão desses sintomas e comportamentos atinentes a
essas enfermidades para o seu melhor diagnostico e tratamento, ainda mais
quando observados diante de um processo ou na esfera judicial. A psicopatologia,
por fim, abarca e interliga-se a diversas áreas do conhecimento, buscando
compreender as enfermidades da mente e auxiliar as áreas clínicas no diagnostico.
REFERÊNCIAS

DEMINCO, Marcus. Psicopatologia: Definições, Conceitos, Teorias e


Práticas. 2018. Disponível em:
<https://psicologado.com.br/psicopatologia/psicopatologia-definicoes-conceitos-
teorias-e-praticas>. Acesso em: 14 fev. 2020.

FERNANDES, Flora. Psicopatologia: Introdução e Definição. 2018. Disponível em:


<https://www.psiquiatriageral.com.br/psicopatologia/psico_descritiva.htm>. Acesso em: 15
fev. 2020.

FIORELLI, J.; MANGINI, R. Psicologia jurídica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

LOURENÇO, Maria Eduarda Emidio. Psicopatologias no Direito Penal e suas


evasões. 2017. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/58336/psicopatologias-no-
direito-penal-e-suas-evasoes>. Acesso em: 12 fev. 2020.

MAXIMINO, Caio. Introdução à psicopatologia. Belém: Unifesspa, 2016. 55 slides,


color. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/caio_maximino/introduo-psicopatologia-
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PSICOPATOLOGIA. Disponível em:


<http://www.portaldapsique.com.br/Artigos/Psicopatologia.htm>. Acesso em: 12 fev.
2020.

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