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FACULDADE DE PSICOLOGIA
FICHAMENTO DE PSICOPATOLOGIA
CAMPINAS
2022
1.0 Leitura dos textos indicados
Virgínia Moreira traz em seu texto que a psicopatologia crítica não tem a
ambição de ser um enfoque ou uma disciplina, trata-se de uma
compreensão das manifestações psicopatológicas com a qual nenhuma
das abordagens tradicionais chegou a se preocupar.
Outrossim, ela propõe alguns fundamentos norteadores para uma
psicopatologia crítica, sendo o primeiro deles: a psicopatologia crítica será
compreendida de forma não dicotomizada, mundana. Sabe se que a
psicologia em geral e a psicopatologia tradicional se inserem em uma
tradição dualista cartesiana, onde o homem tem um dentro e um fora, um
mundo externo e um interno. Outrossim, ela propõe alguns fundamentos
norteadores para uma psicopatologia crítica, sendo o primeiro deles: a
psicopatologia crítica será compreendida de forma não dicotomizada,
mundana. Sabe se que a psicologia em geral e a psicopatologia tradicional
se inserem em uma tradição dualista cartesiana, onde o homem tem um
dentro e um fora, um mundo externo e um interno. A superação desta visão
dualista e dicotomizada é proposta aqui na psicopatologia crítica com base
no conceito de mundano originário da fenomenologia de Merleau-Ponty, o
qual rompe com a dicotomia homem-mundo, sujeito-objeto, a qual traz a
ideia de que a vida humana se encontra envolvida no mundo sensível, na
história, na cultura.
Outro ponto fundamental é de que uma psicopatologia crítica será
necessariamente não individualista, priorizando uma compreensão cultural
e histórica do fenômeno psicopatológico, redirecionando as atenções para
o contexto social, sem perder de vista sua compreensão também biológica;
trata-se de utilizar uma lente cultural para o sofrimento psíquico.
O terceiro ponto consiste na ideia de que a psicopatologia crítica não
pretende uma neutralidade científica, visto que essa neutralidade por parte
do profissional justifica a abordagem individualista da psicopatologia, ou
seja, só na medida em que o sofrimento psíquico é visto individualmente é
que é possível uma abordagem clínica neutra. Já a abordagem crítica da
psicopatologia propõe um comprometimento científico com o bem-estar
humano, que diz a respeito de priorizar uma cientificidade que seja ética e
moral, onde a leitura do quadro psicopatológico seja também social,
cultural, ideológica, indo bastante além do mero biológico sem esquecê-lo
A psicopatologia crítica busca a etiologia da enfermidade mental, não se
restringindo à sua sintomatologia, trata-se de uma compreensão do
fenômeno psicopatológico, escutando seus sintomas, pois são a expressão
do pathos, mas através de uma escuta múltipla. Vai além de buscar
psicofármacos com efeitos imediatos, o que a sociedade moderna sempre
busca a fim de eliminar o sintoma, como se sua extinção significasse cura.
A psicopatologia crítica prioriza a etiologia, compreendendo a experiência
psicopatológica para, então, poder tratá-la a partir de sua constituição.
A psicopatologia crítica compreende toda experiência psicopatológica
como uma experiência de despotencialização, sem confundir sofrimento
com psicopatologia. A sociedade ocidental contemporânea está a todo
momento contribuindo para que o indivíduo doente se sinta oprimido, sem
saída e sem perspectiva. A patologia mental é culturalmente determinada
por processos sociais e ideológicos de opressão que, por sua vez, também
geram sofrimento psíquico, mas o perigo consiste em tratar esse
sofrimento como se fosse doença, que é o que acontece com a “cultura da
psicopatologia” na sociedade em que vivemos. O mundo ocidental, em
uma sociedade hedonista, que enxerga o sofrimento como algo a ser
eliminado, e que vive em busca de um ideal de felicidade para si mesmo,
fazendo com que o sujeito pós-moderno não aguente sofrer, o que explica
todo o arsenal de tratamentos psi.
Por fim, a psicopatologia crítica é desideologizadora, sendo esse seu
princípio central; na medida em que se entende a patologia mental como
culturalmente produzida, também a partir de processos ideológicos, a
psicopatologia, enquanto o lugar de seu estudo, deverá ser
desideologizadora. Uma psicopatologia crítica buscará a compreensão
ideológica da situação do doente mental dentro da estrutura sócio-histórica
em que este vive, se relaciona, trabalha e adoece.
4.0 REFERÊNCIAS