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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS

CENTRO DE CIÊNCIAS DA VIDA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

BEATRIZ RIZZO GIANOTTO

SILVIA CAROLINA GENTIL MOREIRA

FICHAMENTO DE PSICOPATOLOGIA

CAMPINAS
2022
1.0 Leitura dos textos indicados

2.0 Diferentes visões de psicopatologia

2.1 Psicopatologia: Visão histórica (texto Barlow):

 Transtorno psicológico: É necessária a existência de 3 critérios básicos


para afirmar a existência do transtorno psicológico, sendo eles a disfunção
psicológica (desordem no funcionamento cognitivo, emocional ou
comportamental), o sofrimento subjetivo ou prejuízo (indivíduo
demasiadamente perturbado) e atípico ou socialmente não esperado (algo
que não ocorre com frequência e se desvia da média, além do desvio de
normas).
 Importância dos critérios do DSM-5 para a realização de uma definição
aceita.
 Principais profissionais relacionados ao estudo científico no campo da
psicopatologia na área de saúde mental: psiquiatras, psicólogos,
enfermeiros, assistentes sociais…
 Profissional da saúde mental: consumidor da ciência (aprimora a prática),
avaliador da ciência (determina a efetividade da prática) e criador da
ciência (conduz pesquisas que levam a novos procedimentos).
 O estudo dos transtornos psicológicos é organizado pelo foco, descrição
clínica, causa, tratamento e resultado.
 Descrição clínica: apresentação do caso (porque o paciente procurou a
clínica) prevalência (quantidade de pessoas na população com esse
transtorno), incidência (estatísticas de novos casos), curso (padrão
individual), prognóstico (curso antecipado), etiologia (causa) e tratamento.
 Tradição sobrenatural: comportamento atípico justificado através do
ambiente social ou agentes externos a nossos corpos, como demônios,
espíritos e a influência da lua e dos astros.
 Tradição biológica: transtornos relacionados a doenças ou desequilíbrios
bioquímicos, como sífilis.
 Tradição psicológica: comportamento atribuído ao desenvolvimento
psicológico inadequado ao contexto social, assim o tratamento é feito com
terapia moral, por exemplo.
 Freud: fundador da terapia psicanalista e grande estudioso da mente
inconsciente que utilizava de métodos como a catarse, associação livre e a
análise dos sonhos.
 Psicologia humanista: estudo do potencial e autorrealização humana,
dando origem a terapias como a abordagem centrada na pessoa.
 Modelo comportamental: utilizando a ciência, a terapia foca técnicas como
reforçamento e modelagem.
 Método científico e uma abordagem integradora: atualmente, após
inovações científicas é possível observar que todas as contribuições
relacionadas aos transtornos psicológicos acrescentaram positivamente na
obtenção de conhecimento.
2.2 Psicopatologia Fundamental (Texto Ceccarelli):

 Ceccarelli, após apresentar toda a trajetória histórica do compreendimento


da psicopatologia, nos traz a questão de que os pressupostos básicos da
psicopatologia devem ser objeto de uma ciência primeira, assim
denominada Psicopatologia Fundamental. Essa, deve dar conta da
interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade presentes nas
psicopatologias atuais, sendo um projeto de natureza Inter científica, onde
a comparação epistemológica dos modelos teórico-clínicos e de seu
funcionamento proporciona a ampliação do limite e da operacionalidade de
cada um destes modelos.
 A psicopatologia fundamental, a qual tem como campo conceitual o da
psicanálise, organiza-se em torno do pathei mathos esquiliano; (aquilo que
o sofrimento ensina); trata-se de resgatar o páthos, como paixão, e escutar
o sujeito que traz uma voz única a respeito de seu páthos, transformando
aquilo que causa sofrimento em ensinamento interno. Quando a
experiência é, de forma mútua, terapêutica e metapsicológica, estamos no
âmbito da Psicopatologia Fundamental.
 Para um compreendimento da questão páthica, as paixões, como uma
dimensão inerente do Ser, a Psicopatologia Fundamental sustenta que se
crie uma psicopatologia própria a cada sujeito, que lhe permitirá
transformar em experiência as manifestações de seu páthos; que lhe
permita, via transferência, refazer seus caminhos pulsionais e suas
escolhas objetais.
 Além do mais, ela não tem seu foco na descrição e classificação da doença
mental, visto que essa noção vem apresentando grandes transformações.
Para a Psicopatologia Fundamental, o páthos manifesta uma subjetividade
que é capaz, de transformar a paixão em experiência, e o diagnóstico é
apenas um recurso para orientar a escuta e balizar o caminho, e não um
instrumento classificatório ideológico a ser usado para definir uma estrutura
a qual o sujeito deva ser encaixado e que contribua para a cronificação do
sofrimento e descriminação.
 É importante mencionar a ideia de que a Psicopatologia Fundamental, no
esteio das posições freudianas, concebe o psiquismo como uma
organização que se desenvolveu para proteger o ser humano contra os
ataques, internos e externos, que punham sua vida em perigo. O psiquismo
é parte integrante do sistema imunológico, o que explica que o sujeito pode
estar menos equipado para responder aos ataques internos (pulsionais) e
externos (mudanças ambientais) que encontra ao longo da vida, e assim,
“adoecer” psiquicamente.

2.3 Psicopatologia Crítica (texto Virgínia Moreira)

 Virgínia Moreira traz em seu texto que a psicopatologia crítica não tem a
ambição de ser um enfoque ou uma disciplina, trata-se de uma
compreensão das manifestações psicopatológicas com a qual nenhuma
das abordagens tradicionais chegou a se preocupar.
 Outrossim, ela propõe alguns fundamentos norteadores para uma
psicopatologia crítica, sendo o primeiro deles: a psicopatologia crítica será
compreendida de forma não dicotomizada, mundana. Sabe se que a
psicologia em geral e a psicopatologia tradicional se inserem em uma
tradição dualista cartesiana, onde o homem tem um dentro e um fora, um
mundo externo e um interno. Outrossim, ela propõe alguns fundamentos
norteadores para uma psicopatologia crítica, sendo o primeiro deles: a
psicopatologia crítica será compreendida de forma não dicotomizada,
mundana. Sabe se que a psicologia em geral e a psicopatologia tradicional
se inserem em uma tradição dualista cartesiana, onde o homem tem um
dentro e um fora, um mundo externo e um interno. A superação desta visão
dualista e dicotomizada é proposta aqui na psicopatologia crítica com base
no conceito de mundano originário da fenomenologia de Merleau-Ponty, o
qual rompe com a dicotomia homem-mundo, sujeito-objeto, a qual traz a
ideia de que a vida humana se encontra envolvida no mundo sensível, na
história, na cultura.
 Outro ponto fundamental é de que uma psicopatologia crítica será
necessariamente não individualista, priorizando uma compreensão cultural
e histórica do fenômeno psicopatológico, redirecionando as atenções para
o contexto social, sem perder de vista sua compreensão também biológica;
trata-se de utilizar uma lente cultural para o sofrimento psíquico.
 O terceiro ponto consiste na ideia de que a psicopatologia crítica não
pretende uma neutralidade científica, visto que essa neutralidade por parte
do profissional justifica a abordagem individualista da psicopatologia, ou
seja, só na medida em que o sofrimento psíquico é visto individualmente é
que é possível uma abordagem clínica neutra. Já a abordagem crítica da
psicopatologia propõe um comprometimento científico com o bem-estar
humano, que diz a respeito de priorizar uma cientificidade que seja ética e
moral, onde a leitura do quadro psicopatológico seja também social,
cultural, ideológica, indo bastante além do mero biológico sem esquecê-lo
 A psicopatologia crítica busca a etiologia da enfermidade mental, não se
restringindo à sua sintomatologia, trata-se de uma compreensão do
fenômeno psicopatológico, escutando seus sintomas, pois são a expressão
do pathos, mas através de uma escuta múltipla. Vai além de buscar
psicofármacos com efeitos imediatos, o que a sociedade moderna sempre
busca a fim de eliminar o sintoma, como se sua extinção significasse cura.
A psicopatologia crítica prioriza a etiologia, compreendendo a experiência
psicopatológica para, então, poder tratá-la a partir de sua constituição.
 A psicopatologia crítica compreende toda experiência psicopatológica
como uma experiência de despotencialização, sem confundir sofrimento
com psicopatologia. A sociedade ocidental contemporânea está a todo
momento contribuindo para que o indivíduo doente se sinta oprimido, sem
saída e sem perspectiva. A patologia mental é culturalmente determinada
por processos sociais e ideológicos de opressão que, por sua vez, também
geram sofrimento psíquico, mas o perigo consiste em tratar esse
sofrimento como se fosse doença, que é o que acontece com a “cultura da
psicopatologia” na sociedade em que vivemos. O mundo ocidental, em
uma sociedade hedonista, que enxerga o sofrimento como algo a ser
eliminado, e que vive em busca de um ideal de felicidade para si mesmo,
fazendo com que o sujeito pós-moderno não aguente sofrer, o que explica
todo o arsenal de tratamentos psi.
 Por fim, a psicopatologia crítica é desideologizadora, sendo esse seu
princípio central; na medida em que se entende a patologia mental como
culturalmente produzida, também a partir de processos ideológicos, a
psicopatologia, enquanto o lugar de seu estudo, deverá ser
desideologizadora. Uma psicopatologia crítica buscará a compreensão
ideológica da situação do doente mental dentro da estrutura sócio-histórica
em que este vive, se relaciona, trabalha e adoece.

3.0 COMENTÁRIOS E REFLEXÕES


 Gostamos muito dos textos e os caracterizamos como introdutórios ao
estudo de psicopatologia. Também, nos interessamos pelos assuntos
tratados e discutimos o fato de que provavelmente iremos nos envolver
bastante com a matéria.
 Foi possível, no texto 1, aprender conceitos básicos importantes como de
transtorno psicológico, além de retomar as teorias aprendidas no semestre
passado.
 Um dos principais assuntos tratados no texto da visão histórica que nos
chamaram atenção, foi o fato da população antigamente justificar os
transtornos psicológicos pela presença de demônios e espíritos.
Concluímos que ao passar dos anos essa visão foi se modificando e
atualmente são mais justificados pela tradição psicológica.
 Logo, concordamos com o texto 1 no trecho que mostra o método científico
como uma abordagem integradora, apontando que todas as tradições e
teorias contribuíram positivamente para o conhecimento do assunto.
 Também achamos de extrema importância a questão levantada pela
Virgínia Moreira em seu texto em relação a sociedade pós-moderna que
rotula qualquer sofrimento psíquico como doença mental, visto que o
mundo atual vive em uma constante busca pelo prazer ideal, sempre
buscando maneiras de eliminar o sofrimento pois esse não deve estar
incluso nas suas vivências. É essencial esse destaque que mostra o lado
essencial de algum sofrimento, seja ele por luto, ou pelas questões
naturais do mundo atual, trazendo a percepção de que muitas vezes
erradicar o sofrimento não é a melhor opção.

4.0 REFERÊNCIAS

BARLOW, D.; DURAND, M. Comportamento atipico no contexto


histórico. IN: Psicopatologia - uma abordagem integrada, São
Paulo,
Cengage learning, 2020

CECARELLI, P- O Sofrimento psíquico na perspectiva da


psicopatologia fundamental, Psicologia em estudo, Maringá, v10,
n.3, set-dez, 2005.
MOREIRA, V;SLOAN, T. Personalidade, ideologia e psicopatologia
critica,S.P., Escuta, 2002.

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