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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DO RIO GRANDE DO NORTE – CAMPUS CURRAIS NOVOS/RN


CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA
COMPONENTE CURRICULAR: PSICOLOGIA
DOCENTE: MAURA COSTA BEZERRA

Resumo do painel integrado

Estefhany Hany, Isaac Emanuel, Júlio César, Sanderson Jonata

Saúde ou doença mental: A questão da normalidade

Introdução

De acordo com a Organização Mundial de Saúde não há uma definição oficial de


saúde mental, mas para psicologia a saúde mental está ligada a capacidade que o indivíduo
tem em organizar e lidar de forma simples com situações cotidianas, porém até mesmo
diferenças culturais podem interferir nessa definição, já a doença mental se refere a
dificuldade que o indivíduo tem em exercer atividades sociais.

[...] “O indivíduo que sofre pode estar perfeitamente adaptado, continuar


respondendo a todas as expectativas sociais e cumprir todas as suas
responsabilidades. Ao mesmo tempo, pode-se encontrar um outro indivíduo,
que, mesmo sendo considerado socialmente desadaptado, excêntrico,
diferente, não vivencia, neste momento de sua vida, nenhum sofrimento ou
mal-estar relevante.” (Bock, 1999, p. 348)

Portanto podemos perceber a instabilidade em diagnosticar um indivíduo apenas com


a sua maneira de enfrentar situações sociais, a psicologia clássica e a psicanálise de Freud
ajudaram no entendimento de vários distúrbios mentais. Dessa forma o presente trabalho tem
como objetivo mostrar como cada momento sócio-histórico teve sua maneira de lidar com
pessoas portadoras de deficiência, onde nos séculos XVII e XVIII a religião que decidia o que
fazer com os ditos loucos e não a medicina. Logo após, abordaremos um estudo sobre a
psicologia clássica que considerava os sintomas como um sinal de distúrbios orgânicos, a
construção da psicanálise e as teorias antipsiquiatria. Esta pesquisa possui natureza
qualitativa, e tem como metodologia o levantamento bibliográfico de artigos e livros sobre o
tema em questão.

Um breve olhar sobre a história da loucura

Na antiguidade a loucura era classificada como manifestações sobrenaturais causada


por deuses e demônios, nesse período a loucura era identificada e influenciada pela igreja, os
portadores seriam os que não faziam parte da doutrina cristã, bruxas ou feiticeiros e eram
perseguidos. Ao longo da história, alguns filósofos como Foucault teve grande importância,
contribuindo para o entendimento do processo de transformação da loucura em doença
mental. Para ele a loucura não seria um dado biológico seria mais um fato cultural pois cada
época lida de forma diferente.

Os estudos começam no renascimento, século XVI, quando começou a ver uma


diferenciação entre homens “normais” e loucos, nesse período se tem o complexo alienista
insano mental, a loucura significava ignorância, desvio de conduta, segundo (Book, 1999, p.
348) “O louco toma o erro como verdade, a mentira como realidade. Neste último sentido, a
loucura passaria a ser vista como oposição da razão.” Nesse período não havia internação, os
loucos eram confinados em embarcações, excluídos da sociedade, quando havia casos de
internações um dos tratamentos mais usados para a doença mental era a sangria, onde era
retirado todo o sangue ruim que existia no paciente, as vezes eram feitas com o uso de
sanguessugas.

Na época clássica a designação de louco ainda não dependia da ciência médica, nesse
período foi criada o hospital geral, onde eram internados todos os indivíduos que perturbavam
a ordem social, mas esse hospital não apresentava um caráter medico e sim representava o
papel da polícia e da justiça, pois os loucos não eram vistos como doentes a loucura era a
perda da natureza do próprio homem, como alienação. No início do século XIX foi criado um
asilo apenas para os loucos, e os métodos terapêuticos era a religião, medo, culpa o
julgamento. Houve a normalização do louco agora ele é capaz de se recuperar, a mediação é
introduzida e começa a surgir o caminho para psiquiatria.

Psiquiatria clássica

Observando o cenário da Psiquiatria clássica que considera os sintomas como um sinal


de um distúrbio orgânico. Segundo (Book, 1999, p. 364) “Sua origem é endógena, dentro do
organismo, e refere-se a alguma lesão de natureza anatômica ou distúrbio fisiológico
cerebral.” Com isso estão em andamento inúmeras pesquisas no sentido de algum distúrbio ou
anomalia e entre outros que engloba o ser humano podendo levar essa abordagem a doenças
mentais, ainda segundo (Book, 1999, p. 364) “os quadros patológicos são exaustivamente
descritos no sentido de quais distúrbios podem apresentar.” Com isso os sintomas da
psicastênica diziam respeito à presença de ideias fixas, obsessões e impulsos, manias mentais,
dúvidas, tiques, neurastenias, sensações de despersonalização. A partir dessa citação temos
que a doença mental é simplesmente uma doença orgânica que poderá ser tratada com
medicamento ou produtos químicos, mas junto com os medicamentos também será usado
tratamentos de eletro choques, e com os choques de insulínicos, e para os casos mais graves
seria necessário a internação no psiquiátrico, para poder ter uma administração controlada
sobre os medicamentos ao paciente com seus distúrbios do comportamento e entre outros.

“O paradigma psiquiátrico clássico transforma loucura em


doença e produz uma demanda social por tratamento e assistência,
distanciando o louco do espaço social e transformando a loucura em
objeto do qual o sujeito precisa distanciar-se para produzir saber e
discurso.” (Amarante, 1998, p.88)

Então com essa ligação entre a sociedade e a loucura, sendo assim tenta instituir-se
uma correlação para que possa ter uma identificação entre a punição e a terapeutização, com o
intuito de produzir uma ação pedagógica moral.

A contribuição da psicanálise

A psicanálise é um campo clinico de investigação teórica da psique humana que foi


desenvolvido pelo médico austríaco Sigmund Freud, Segundo (Book, 1999, p. 350) “ nos
indivíduos “normais” e nos “anormais” existem as mesmas estruturas de personalidade e de
conteúdo, que se mais ou menos “ativadas” são responsáveis pelos distúrbios no indivíduo.”
Por definição a psicanalise é definida como uma questão de grau e não de natureza, assim
sendo Freud define a psicanálise em três quadros clínicos: Neurose, psicose e psicose
maníaco-depressiva.

A Neurose é um quadro que tem enfoque nos conflitos psíquicos oriundas de traumas
infantis do indivíduo e podem ser divididas em: Neurose obsessiva que é caracterizada por
comportamentos compulsivos e ideias importunas quando se tem a percepção de que há
alguém o perseguindo por exemplo, a neurose fóbica ou histeria da angústia quando há fobia,
seja de altura de animais, de espaços pequenos e por último a neurose histérica ou histeria de
conversão é distinguida por crises de choro e paralisia de membros. Todas os casos de
neuroses são oriundos de traumas infantis podendo ter agravação nos casos de acordo com as
vivencias ocorridas ulteriormente.

A psicose é simplesmente a doença mental é uma perturbação que faz o individuo não
distinguir o real do imaginário havendo uma ruptura entre o ego e a realidade e podem ser
subdivididas em: Paranoia que é uma forma de delírio podendo ser de perseguição ou de
grandeza, a esquizofrenia que é um afastamento da realidade, quando o ser se individualiza
focando em seus pensamentos e fantasias podendo haver uma deterioração intelectual
progressiva.

A psicose maníaco-depressiva é uma oscilação entre extrema euforia e melancolia


podendo ter fim no suicídio por causa da forte depressão se isolando de outros seres, parando
até de ter cuidados higiênicos de si.

De acordo com (Bock, 1999, p. 352) “as doenças mentais definem-se a partir do grau
de perturbação da personalidade, isto é, do grau de desvio do que é considerado como
comportamento padrão ou como personalidade normal”. assim sendo define-se as psicoses
como distúrbios de personalidade total e as neuroses distúrbios apenas de personalidade.

Antipsiquiatria e psiquiatria social

Em oposição a essas abordagens tradicionais da doença mental, surgem aquelas que


questionam os conceitos de normalidade implícitos na teoria e, principalmente, nas formas de
tratamento da loucura. Nessa linha, surge a antipsiquiatria, como uma negação radical da
Psiquiatria tradicional ou clássica, afirmando que a doença mental é uma construção da
sociedade, isto é, que a doença mental não existe em si, mas é uma ideia construída, uma
representação para dar conta de diferenciar, isolar determinada ordem de fenômeno que
questiona a universalidade da razão. Já em contrapartida a esta teoria encontra-se a Psiquiatria
Social, também chamada de Psiquiatria alternativa, está em questão, embora questionem as
abordagens clássicas da doença mental, não negam que a doença exista. Na verdade, não
devemos nos esquivar do enfrentamento da questão da loucura, do sofrimento do outro, mas,
talvez, possamos começar a “ver” diferentemente. O louco não é monstro, não é não-humano,
e a loucura é construída ao longo da história de vida do indivíduo. Essas vivências ocorrem
num determinado tempo histórico e espaço social definidos.
Entretanto, falar em doença implica pensar na cura. A cura, no caso da doença mental,
varia conforme a teoria ou o modelo explicativo usado como referencial e, desta forma, pode
ser centrada no medicamento (as drogas quimioterápicas), no eletrochoque, na hospitalização,
na psicoterapia, enfim, entre muitos outros. Falar em doença implica pensar, também, em
prevenção. A prevenção da doença mental significa criar estratégias para evitar o seu
aparecimento. Por analogia, seria como dar a vacina anti-sarampo para que a criança não
tenha a doença. A prevenção implica sempre ações localizadas no meio social, isto é, os dados
de uma pesquisa podem demonstrar que determinadas condições de trabalho propiciam o
aparecimento de um certo distúrbio de comportamento. Pensar tudo isto significa pensar na
superação das condições que desencadeiam ou determinam a loucura. Como cidadãos, é
preciso compreender que a saúde mental é, além de uma questão psicológica, uma questão
política, e que interessa a todos os que estão comprometidos com a vida.

Considerações finais

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