Você está na página 1de 10

Aula complementar

A Origem das doenças Mentais e ou Orgânicas - BioPsicossocial


As doenças têm como origens biológicas, psicológicas e sociais. Biológica
porque pode ser por uma doença orgânica, por exemplo, a esquizofrenia
pode ter origem dum trauma cerebral, a psicológica, que tem a ver com o
inato, aquilo que a pessoa tem consigo mesmo, social, que pode ser
adquirido por imitação ou com grupo de amigos, por exemplo, a
toxicodependência. Os grupos de psicopatologias que conheço, são:
Psicoses: onde o individuo não convive com a realidade, ex.: esquizofrenia,
o segundo grupo, Neurose que o individuo, percebe que tem uma doença
particularmente do fórum afectivo, ex: Depressão. E Perversos, que o
individuo, perde a conduta e está fora da realidade.

O grupo de doenças Mentais: Neurose, Psicose e Perversão


O termo neurose (do grego neuron (nervo) e osis (condição doente ou
anormal)) foi criado pelo médico escocês William Cullen em 1787 para
indicar "desordens de sentidos e movimento" causadas por "efeitos gerais
do sistema nervoso".
Na psicologia moderna, é sinónimo de psiconeurose ou distúrbio neurótico
e se refere a qualquer transtorno mental que, embora cause tensão, não
interfere com o pensamento racional ou com a capacidade funcional da
pessoa. Essa é uma diferença importante em relação à psicose, desordem
mais severa.

História
Na época de Cullen, a classificação das doenças seguia um padrão
semelhante ao adotado por Lineu para a classificação das plantas. Havia
dez "classes", por exemplo, Vitia, a classe das doenças de pele, Febres, as

1
febres e Phlegmasiae, as febres inflamatórias. Estas classes de dividiam em
quarenta e quatro ordens, trezentos e quinze géneros e cerca de duas mil e
quinhentas espécies. Cullen simplificou o sistema, com apenas quatro
classes:
 Pyrexiae, as desordens febris
 Neuroses, as desordens dos nervos
 Cachexiae, desordens de modo geral
 Locales, doenças locais
Deste sistema de classificação, as duas classes, Pyrexiae e Neuroses são
notáveis, e o mérito cabe inteiramente a Cullen.
Definição e utilização do termo
Definição de Neuroses
Neuroses são quadros patológicos psicogéneos (ou seja, de origem
psíquica), muitas vezes ligados a situações externas na vida do indivíduo,
os quais provocam transtornos na área mental, física e/ou da personalidade.
De acordo com a visão psicanalítica, as neuroses são fruto de tentativas
ineficazes de lidar com conflitos e traumas inconscientes. O que distingue a
neurose da normalidade é assim (1) a intensidade do comportamento e (2) a
incapacidade do doente de resolver os conflitos internos e externos de
maneira satisfatória.
O conceito de neurose está assim intimamente ligado à teoria noológicas
psicanalítica, ou seja, à maneira como a psicanálise explica a origem e o
desenvolvimento dos transtornos mentais. Por isso psicólogos oriundos de
outras escolas, sobretudo da terapia cognitivo-comportamental, foram
levados a criticar o termo: como tais psicoterapeutas não trabalham com os
conceitos psicanalíticos, um diagnóstico de neurose não tem para eles
nenhum sentido prático. Essa crítica levou a uma modificação dos sistemas
de classificação de doenças: os atuais sistemas de classificação dos

2
transtornos mentais abandonaram uma abordagem posológica e adoptaram
uma descritiva. Isso significa que os transtornos não são mais classificados
pela suposta origem do transtorno (por esta ser controversa), mas por seus
sintomas observáveis (por estes serem unânimes). Assim, na nona edição
da Classificação Internacional de Doenças (CID-9) havia uma categoria
"Neuroses" de transtornos mentais própria, já com a publicação da décima
edição (CID-10) em 1994 o termo passou a ser usado apenas
descritivamente (e não mais "neuroses", mas "transtornos neuróticos") e
não para todas as categorias que ele tradicionalmente designava.
Segundo a CID-9, sob neurose entendem-se os seguintes grupos de
transtornos mentais:
 Transtornos fobicos-ansiosos e outros transtornos de ansiedade;
 Transtorno obsessivo-compulsivo
 Transtorno dissociativo (de conversão)
 Transtornos somatoformes
 Destemia e determinados tipos de depressão
 Neurastenia
S. O. Hoffmann e G. Hochapfel fazem notar que a actual classificação dos
transtornos mentais, por ser meramente descritiva, não faz jus à
complexidade dos transtornos mentais, reduzindo-os a seus sintomas
observáveis. M. Perrez e U. Baumann observam, por outro lado, que,
apesar de não corresponderem a essa complexidade, os atuais sistemas
representam uma base comum ao diálogo entre as diferentes escolas de
psicoterapia.

A Psicose
- Psicose é um quadro psicopatológico clássico, reconhecido pela
psiquiatria, pela psicologia clínica e pela psicanálise como um estado

3
psíquico no qual se verifica certa "perda de contacto com a realidade". Nos
períodos de crises mais intensas podem ocorrer (variando de caso a caso)
alucinações ou delírios, desorganização psíquica que inclua pensamento
desorganizado e/ou paranóide, acentuada inquietude psicomotora,
sensações de angústia intensa e opressão, e insónia severa. Tal é
frequentemente acompanhado por uma falta de "crítica" ou de "insight" que
se traduz numa incapacidade de reconhecer o carácter estranho ou bizarro
do comportamento. Desta forma surgem também, nos momentos de crise,
dificuldades de interacção social e em cumprir normalmente as actividades
de vida diária.
Uma grande variedade de desencadeantes do sistema nervoso, tanto
orgânicos como funcionais, podem causar uma reacção de sintomatologia,
semelhante, porém não igual, a estrutura psicótica. Muitos indivíduos têm
experiências fora do comum ou mesmo relacionadas com uma distorção da
realidade em alguma altura da sua vida sem necessariamente sofrerem
grandes consequências para a sua vida. Como tal, alguns autores afirmam
que não se pode separar a psicose da consciência normal, mas deve-se
encará-la como fazendo parte de um continuum de consciência.
Para o psicodiagnóstico são feitas observações clínicas que incluem a
anamnese, a história de vida do sujeito, seu quadro psicológico e de
doenças. A depender do caso, pode-se chegar a meses para um quadro
correto. O diagnóstico é feito com base na psicopatologia clínica e teórica.
Dois guias de classificação diagnóstica internacionais podem ser usados
como referência, principalmente epidemiológica: o Diagnostic and
Statistical Manual of Mental Disorders (o actual é o DSM-IV)5 , e a CID-
10, a Classificação Internacional de Doenças. Na CID-10, adotada no
Brasil como classificação de referência, as psicoses se encontram
classificadas nas siglas F.20 a F.29; F.30, F.31, F.32.2 e F.32.3.

4
Características
Sobre as principais características clínicas das psicoses, pode-se afirmar:
 são psicologicamente incompreensíveis (segundo Jaspers);
 apresentam vivências bizarras, como delírios, alucinações, alterações
da consciência do eu;
 não existem alterações primárias na esfera cognitiva. Memória e
nível de consciência não estão prejudicados, se isto acontece é
devido a outras alterações clínicas (delirium), bem como devido a
substâncias psicoactivas.
Interpretação psicanalítica da Psicose
Na psicanálise, a psicose corresponde a um funcionamento psíquico que
obedece a um princípio de rejeição primordial, que corresponde ao termo
alemão Verwerfung. A rejeição primordial consiste na expulsão de ideias
ou pensamentos próprios, os quais passam a ser tratados como estranhos ou
não acontecidos. Como um efeito dessa rejeição, pode ocorrer a cisão do eu
em duas partes, uma que é reconhecida e outra que não reconhecida como
própria. Essa cisão caracteriza a Esquizofrenia. Quando ocorre que os
pensamentos não reconhecidos como próprios são localizados em outras
pessoas, através da projeção, caracteriza-se a psicose como paranóia.
Apesar de Freud ter introduzido essas noções de cisão e projeção,
considera-se que a psicose gerou dificuldades teóricas para Freud, mas não
para Lacan. Se o primeiro demonstrou-se hesitante em enquadrá-la
teoricamente, concentrando-se na neurose, Lacan, tomando-a
constantemente em suas conferências, associou a Verwerfung à foraclusão
(ou forclusão) do nome-do-pai.
Definições de Psicose
As definições de psicose em geral descrevem as classes de eventos que
configuram sua natureza ou essência, apontam-lhe as causas e variações.

5
Assim, haverá importantes distinções quanto ao conceito; caso venha a ser
formulado no campo das Ciências da Saúde terão diferentes conotações das
formuladas no campo Religioso, Poético ou das Ciências Humanas.
Michel Foucault em seu texto A história da Loucura aponta que a loucura
(posteriormente chamada de psicose) poderia ser entendida como uma
aberração da conduta em relação aos padrões ou valores dominantes numa
certa sociedade; neste sentido, entender a psicose é também buscar
entender quais os padrões dominantes e quais as reações do grupo social à
tais condutas estranhas e aos seus agentes.
Psicose e religião
No Japão em uma área pouco religiosa aproximadamente 7 e 11% dos
delírios tinham conteúdo religioso, geralmente associado com perseguição
e culpa. Já nos Estados Unidos esse índice foi de 25% e 40% sendo comum
também em transtorno bipolar. Na Europa a prevalência foi de 21%, sendo
de 24% na Inglaterra. Na Índia, dos 31 visitantes de um templo conhecido
como tendo poderes curativos sobre doenças mentais, 23 foram
identificados com esquizofrenia paranóide e 6 com transtorno delirante. No
Brasil os índices estão entre 15% e 33%. Os delírios religiosos costumavam
ser mais incapacitantes, mais frequentes, mais graves, mais bizarros e
necessitavam de mais medicamentos.
Pacientes que relataram estar curados através de religião tiveram maior
frequência de recaída que os outros pacientes. Pacientes que passaram por
exorcismo ou feitiçaria retornaram com quatro vezes mais frequência.
Pierre (2001) defende que, para que as crenças ou as experiências religiosas
sejam patológicas, elas precisam causar prejuízos significativos a própria
pessoa ou a outros. Se o desempenho social ou funcional não for
prejudicado, então a crença ou experiência religiosa não é considerada
patológica. É possível até que a religião ajude como copping focalizado na

6
emoção, ou seja, ajudando a lidar com os factores emocionais de um evento
stressante.
Perversão vem do latin pervertere que corresponde o ato ou efeito de
perverter, tornar-se perverso, corromper, desmoralizar, depravar, alterar. É
um termo usado para designar o desvio, por parte de um indivíduo ou
grupo, de qualquer dos comportamentos humanos considerados normais
e/ou ortodoxos para um determinado grupo social. Os conceitos de
normalidade e anormalidade, no entanto, variam no tempo e no espaço, em
função de várias circunstâncias.
A perversão distingue-se da neurose e da psicose como modo de
funcionamento e organização defensiva do aparelho psíquico. O termo é
também frequentemente utilizado com o sentido específico de perversão
sexual, ou desvio sexual.

A Perversão
Definição De Perversão
O significado original per vertio, por sua vez derivado de per vertere,
remete à noção de "pôr de lado", ou "pôr-se à parte".
Nesse contexto, qualquer conceito pode ser "pervertido". Sejam os
conceitos mais abstractos, como os de conservação, de nutrição, de
reprodução, etc, como os conceitos mais concretos. Pode-se dizer que uma
versão moderna de uma obra clássica, por exemplo Romeu e Julieta, é uma
perversão da história original.
Historicamente, perversões de conceitos morais foram atribuídas a
perturbações de ordem psíquica, que dariam origem a tendências afectivas
e morais contrárias às do ambiente social do pervertido (FOUCAULT,
1984).

7
Numa perspectiva sócio histórica e clínica, a perversão poder-se-ia
constituir em uma única anomalia psíquica do indivíduo, ou fazer-se
acompanhar por alguma doença mental intercorrente, a psicopatia, e a
sociopatia. O comportamento do pervertido seria, então, determinado pelo
seu nível intelectual: enquanto as perversões dos com o "nível intelectual
inferior" seriam impulsivas, brutais, praticadas sem rebuço, as dos
"indivíduos de bom nível intelectual" seriam quase sempre astuciosas,
dissimuladas, encobertas. Entre os actos mais frequentemente apontados
como perversões, por se desviarem de forma mais grave do comportamento
tido como normal do ponto de vista social, são actos tidos como desvios
psicossexuais: sadismo, masoquismo, pedofilia, exibicionismo,
voyeurismo, etc.
Na medicina sexual moderna, considera-se perversão quando o
comportamento individual de excitação sexual somente se dá em resposta a
objectos ou situações diferentes das tidas como normais, e quando esse
comportamento interfere na capacidade do indivíduo de ter relações sexuais
e/ou afectivas tidas como normais, dá-se o nome a essa disfunção de
parafilia (KERNBERG, 1998).
Sabe-se que a masturbação também já foi considerada uma modalidade de
perversão sexual no passado (FREUD, 1904; FOUCAULT, 1984).
Observe-se a relação entre os costumes, a organização social e o
comportamento individual. Identifica-se modernamente, através da
psiquiatria transcultural, uma via de mão dupla entre o evidente papel da
cultura na construção da personalidade e da psicopatologia, a exemplo da
patologia dos líderes na génese de fenómenos colectivos (Adolf Hitler etc.)
(ERIKSON, 1971; REICH, 1988) tais como: aceitação (legalização) de
impulsos e personalidades sádicas adaptados à execução de tortura militar
nas prisões (ou campos de concentração) ou a via de regra (instituição) do

8
estupro de familiares dos inimigos (nas guerras étnicas sobretudo). A
"regra" do estupro de criminosos sexuais nas prisões brasileiras é uma outra
perversão mantida por aprovação de sectores da sociedade e tolerância de
autoridades.
Estrutura Psíquica e Comportamental
Na Psicanálise, perverso é toda pessoa que possui um modo de
funcionamento psíquico baseado numa estrutura perversa. Ribeiro Filho,
em breve artigo de revisão cita as colocações de Ferraz, 2002 (a.c.) e Janine
Chasseguet-Smirgel quanto ao tema da perversão na obra de Freud,
assinalando suas sucessivas e significativas alterações. Distinguiu três
momentos essenciais dessa teorização. O primeiro modelo baseia-se no
axioma: "a neurose é o negativo da perversão" publicado em "Três Ensaios
sobre a Teoria da Sexualidade" (Sigmund Freud,1905). O segundo
momento relaciona-se com a teoria do complexo de Édipo, núcleo das
neuroses e também das perversões. Já o terceiro momento, define a
parcialidade da castração simbólica (nomeada como recusa à castração dos
neuróticos) como mecanismo essencial da perversão. Uma interpretação
psicanalítica de determinado padrão comportamental, considerado ou não
como crime, leva em consideração esse referencial freudiano, de suas
contribuições, não necessariamente auto-excluentes

Bibliografia
 CID-10, Cassificação de Transtornos Mentais e de Comportamento ,
Descrição Clinicas e Directrizes Diagnosticas, OMs, edição artimed,
2011.

 Dalgalarrondo, P (2000). Psicopatologia e Semiologia dos


Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed

9
 Hoffmann, S. O. & Hochapfel, G. (1999). Neurosenlehre,
psychotherapeutische und psychosomatische Medizin. Stuttgart:
Schattauer.
 ERIKSON Erik H. Infância e sociedade. RJ, Zahar, 1971 cf. cap 9. A
legenda da infância de Hitler

Referências 1. http://apps.who.int/classifications/apps/icd/icd10online/

Conclusão : 10 minutos
Descreva a origem das doenças na vertente Biopsicológico.

10

Você também pode gostar