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Vale muito a pena pesquisar sobre sua biografia. Recomendamos a obra intitulada “Florence Nightingale — a Dama da
Lâmpada”, de Mery Aidar Bassi, bem como “Florence Nightingale”, de Sue M. Goldie.
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O CID-10 e o DSM-5 são gratuitamente disponibilizados pelo Instituto Oráculo de Psicanálise em sua página
https://www.oraculopsicanalise.com.
A) A NEUROSE
A neurose é um quadro clínico atípico marcado por emoções e sentimentos
negativos. Há muitos tipos de neurose que podem acometer um indivíduo, mais
à frente relatados. Em linhas gerais, metaforicamente3 poderíamos dizer que há
uma “inflamação do pensamento”, com algo a nos perturbar.
Os indivíduos sob neurose possuem grandes apreensões sobre algumas
coisas da vida (por vezes por somente uma coisa, como no caso de uma fobia
específica), ficando vulneráveis em determinadas situações. De qualquer modo,
cuida-se de uma preocupação excessiva, mas que não impede a pessoa de
“tocar a sua vida”.
Modernamente, neurose é sinônimo de psiconeurose ou distúrbio
neurótico, dizendo respeito a qualquer dos transtornos mentais que, embora
cause tensão, não interfira no pensamento racional ou na capacidade funcional
da pessoa. O neurótico geralmente consegue trabalhar, estudar, manter
relacionamentos estáveis etc. — conquanto alguns graus podem comprometer
um ou outro aspecto de sua vida.
Para a Psicanálise, a neurose é fruto da tentativa inefetiva de se lidar com
traumas e conflitos inconscientes, fazendo-a diferir da “normalidade” em função
da intensidade do comportamento e da incapacidade de resolver tais conflitos
de modo satisfatório.
B) A PSICOSE
Na psicose já ocorre certa perda (ou boa perda) de se lidar com a
realidade, de entrar em contato com a realidade. Na psicose, há certa falta de
autocrítica ou de insight, não se reconhecendo o caráter estranho ou bizarro do
comportamento. Há dificuldade de interação social e em cumprir normalmente
as atividades diárias, ou parte delas.
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Figura de linguagem constante em dizer algo de expressão mais forte ou clara para poder representar o significado de
outra coisa. Uma palavra ou frase a designar, em realidade, outro objeto ou coisa.
Em um dito mais “radical”, por assim dizer, mas muito interessante para
compreender a diferença entre neurose e psicose, poderíamos conjecturar que
“o neurótico constrói um castelo no ar e o psicótico mora nele” (Jerome
Lawrence).
Ainda para a Psicanálise, a psicose se dividiria em esquizofrenia, autismo
e paranoia (sendo este último grupo o de maior expressão e o de mais “fácil”
compreensão), lembrando que há distinções importantes do ponto de vista das
classificações dentro da própria Psicanálise.
Muitos estados neuróticos podem se fazer caminhar para a psicose, como
no caso de não serem sequer tratados, ou, ainda, a terem fatores neurais de
ordem fisiológico-química sem a devida atenção e que colaboram na indução
de pacientes neuróticos para as paranoias (como o caso do neurótico fóbico que
passa a crer ou a muito fortemente fantasiar que está sendo perseguido pelo
estressor — objeto — a promover determinada fobia, sem que concretamente
isto esteja no tempo atual acontecendo).
O pensamento paranoide (lembrando que os paranoicos são, repete-se, o
maior público dos psicóticos) é o pensamento desorganizado, ou que vai se
desorganizando em função do estado do problema. Há, na psicose marcada
pelas paranoias, certo delírio. A esquizofrenia e o autismo não serão aqui
comentados por preferência didática, podendo-se argumentar que são
psicopatologias complexas e de origem endógena, congênere, muito mais afeita
à Medicina explicá-las, crê-se.
Por fim, ainda do ponto de vista estatístico e muito superficialmente
falando, a maioria dos humanos é neurótica (em menor ou maior grau de
intensidade), com um percentual muito mais reduzido dos outros dois grandes
grupos: o psicótico, tratado neste item, e o perverso, no item seguinte visto).
C) A PERVERSÃO
A Perversão tem por origem o termo italiano per vertere, ou seja, põe-se
de lado, põe-se à parte a realidade. Há, aqui, um corromper, um desmoralizar,
com recusa da castração edipiana, não aceitando, o perverso, as leis, as normas
sociais, a ética.
Ocorre aqui uma questão ainda bastante debatida. E o psicopata típico?
Bem, ele se encaixa também no grande campo da perversão (para a
Psicanálise), sendo que a relação agora descrita parece bem elucidar essa
proximidade conceitual e, também, sua diferenciação:
“O perverso sabe do superego — da lei, das normas, do que é “correto”,
do que é ético etc. — e faz o contrário.” “O psicopata sequer tem em si o
superego e, portanto, desconhece que seja errado, no exemplo clássico dos
serial killers, matar”.
Portanto, perversidade e psicopatia são semelhantes e são abarcados,
para a Psicanálise, no grupo dos perversos; todavia, há diferenciação que
acreditamos ser bem elucidada pela propositura acima.
Vamos, enfim, à tipologia das neuroses, lembrando que esta é uma relação de (quase) todos
os termos possíveis de terem sido, até então, coletados, tendo por base sessenta obras essenciais para
a Psicanálise. Registra-se que essa tipologia mais exatamente precisa ser vista como uma listagem de
termos utilizados, até porque enquadramentos terminológicos hão que abrigam outros tipos; além
disso, há termos que pela literatura especializada são sinôminos, conquanto, ppara outros, denotam
dessemelhanças significativas. Veja-se, como exemplo, a chamada “neurose atual”. Ela segue listada
adiante, mas pode, evidentemente, “de fato não tendo origem nas primeiras fases da vida” (o que se
chamaria de psiconeurose, conforme Freud), abrigar outras tantas neuroses mais especificamente
nomeadas, como uma neurose maníaco-depressiva. Ou seja, ainda sob tal exemplo, uma neurose
maníaco-depressiva é, também, uma neurose atual.
Não se trata, repete-se, de uma nosologia, de uma classificação científica acerca das
neuroses, mas, novamente há de se dizer, de uma listagem de termos usados que podem nos auxiliar
quanto ao diagnóstico e prognóstico de nossos pacientes, conquanto o conjunto técnico e
principiológico da Psicanálise seja praticamente a todos utilizados do mesmo modo e que, de outra
maneira ponderado, cada ser há de ser realmente visto como absolutamente único.
Em tempo, é de se reforçar, o aludido CID-10 fala de transtornos NO LUGAR DAS NEUROSES,
valendo lá também conferir essa importante listagem dos transtornos, estes capitulados dentre os
códigos F-40 ao F-59 — conquanto muito destes transtornos também estão abaixo descritos (mas
valendo-se da palavra neurose).
(Recomenda-se, para maiores estudos — o que vale para toda a listagem aqui disposta —,
consultar as grandes obras da Psicanálise, recorrendo-se incialmente aos dicionários desta ciência,
como no caso dos léxicos de Laplanche e Pontalis e, ainda, de Roudinesco.
• NEUROSE DE ABANDONO
• NEUROSE DE CARÁTER
Trata-se, aqui, de neurose em que o conflito defensivo não se traduz pela formação
de sintomas nitidamente isoláveis, mas de comportamento marcado por iludir,
mentir, enganar, isto se dando em níveis diversos.
• NEUROSE DE ANGÚSTIA
É o excesso da angústia que faz caracterizar esta neurose; é a espera ansiosa crônica,
com acessos significativos da própria angústia ou com sintomas ligados ao medo
vago, inibições, mal-estares, inquietação incômoda, tormentosas expectativas
negativas etc. Muitos psicanalistas equiparam seu nome e descrição à ansiedade
propriamente.
• NEUROSE DE FRACASSO
Ou seja, sem ninguém mais a protegê-lo (leia-se, pais ou responsáveis) ele encontra
dificuldade em lidar com o que não funciona, digamos assim.
• NEUROSE DE DESTINO
• NEUROSE DE TRANSFERÊNCIA
Neurose caracterizada pelo fato de a libido ser sempre deslocada para objetos reais
ou imaginários, em lugar de se retirar sobre o ego. Disso resulta serem mais
acessíveis ao tratamento psicanalítico, uma vez que prestam à constituição de uma
• NEUROSE HISTÉRICA
Mas também essa histeria de conversão pode se pautar por sintomas paroxísticos
(como acima relatados) ou mais duradouros, como o caso de paralisia de algum
membro ou perda de determinada função (como a surdez a se alongar por certo
tempo).
• NEUROSE FAMILIAR
• NEUROSE FÓBICA
• NEUROSE DE DISSOCIAÇÃO
• NEUROSE NARCÍSICA
Expressão que diz respeito a uma doença mental marcada pela retirada da libido
sobre o ego, ou, mais clara e didaticamente, modernamente vista como a pessoa que
se coloca como centro das atenções, com carências que, para serem protegidas, se
valem de uma autoconfiança excessiva, deixando de lado a empatia e por vezes sem
considerar a importância da presença do outro.
Atualmente, as pessoas muito assim são percebidas pelo número de postagens nas
redes sociais marcadas pelas denominadas selfies: só ele aparece, só ele tem
importância.
• NEUROSE OBSESSIVA
• NEUROSE TRAUMÁTICA
• NEUROSE PROFISSIONAL
• NEUROSE DE ANSIEDADE
preocupação diz respeito a “ação de ocupar-se previamente com algo”. Ou seja, cria-
se um estado perturbador acerca de algo normalmente no futuro existente (e que,
em realidade, se está no futuro, nem se sabe se de fato ocorrerá). Geralmente, assim,
cuida-se de uma antecipação de sofrimento que, ocorrendo ou não no futuro,
argumenta-se, retira da pessoa o conforto mental do que se teria por “normal”.
• NEURASTENIA
• NEUROSE ALIMENTAR
A compulsão por alimento ou pela sua falta é a que trata a neurose alimentar. Ou
seja, o alimento a ser o objeto de controle/descontrole, ou amor/desamor que,
enfim, pode conduzir a pessoa a estados patológicos conexos à obesidade
(hiperorexia) ou à anorexia (falta de apetite — falando-se dos dois extremos,
conquanto outras conexões com o alimento podem ser maleficamente feitas pelo
indivíduo).
• NEUROSE ATUAL
Trata-se de uma neurose que NÃO tem sua origem ligada à infância e ao respectivo
trauma nessa fase possivelmente ocorrida (de ordem sexual, conforme Freud
defende).
• NEUROSE DEPRESSIVA
E agora?
E, por fim, de que neurose depressiva é, claro, a depressão em si: esta marcada por
desânimo, falta de perspectiva, tristeza prolongada e outros sintomas similares.
Pode-se ainda dizer da depressão endógena, qual seja, da depressão que já “nasce
com a pessoa”, de ordem biológica, fisiológica, atávica e, para nós do IOP, ainda, de
natureza espiritual.4
• NEUROSE MELANCÓLICA
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Tudo pode se originar, acreditamos, em problemas de fundo espiritual. É sempre de se investigar igualmente.
INSTITUTO ORÁCULO DE PSICANÁLISE
• NEUROSE MISTA
• NEUROSE DE GUERRA
• NEUROSE MANÍACO-DEPRESSIVA
Para o deprimido, domina a inércia motora que pode atingir aos paroxismos do
estupor. Muitos, atualmente, chamam-na de transtorno bipolar. Aliás, esta neurose
(maníaco-depressiva) serve ora para o depressivo em si (que oscila entre a
normalidade e as digressões depressivas) e para o bipolar, não havendo exato
consenso entre os estudiosos da temática; daí a novidade trazida pelo Instituto
Oráculo de Psicanálise em propor novas divisões epistemológicas. De qualquer
modo, fiquemos aqui, preferencialmente, com a bipolaridade — com alterações de
humor que podem se dar em questão de horas, como em questão de meses (meses
estáveis, meses muito depressivos).
• NEUROSE OBSSESSIVO-COMPULSIVA
ruminação mental de forma mais intensa do que somente o neurótico obsessivo. Por
vezes, o neurótico obsessivo e o obsessivo-compulsivo são sinônimos. Registra-se,
de qualquer modo, as inibições de pensamentos e ações ditas repetitivas e
angustiantes.
• PSICONEUROSE
Esta seria uma neurose clássica, digamos assim... Seria uma neurose de fundo sexual
(como todas seriam para Freud em linhas gerais) lastreada por esse tipo de problema
(sexual) na infância experimentado. Não é terminologia muito empregada, mas vale
citá-la, até para diferenciá-la da neurose dita ATUAL.
• NEUROSE TOXICÔMONA
Aqui se trata da típica adicção somada obrigatoriamente — por mais óbvio que para
alguns possa se mostrar — à dependência e a todos os dissabores neurais causados
por tal dependência. É essa autoindução nervosa, diga-se para melhor clarificar,
direcionada para o consumo de drogas (das mais diversas).
• NEUROSE DE COMPULSÃO