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CAMPINAS/SP
2022
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PREÂMBULO
SOBRE O LAPSUS
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Observasse que não é apenas uma clínica psicoterapêutica, psiquiátrica, psicanalítica e sim as clínicas em geral.
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Em falha.
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Ao longo do ano será esmiuçado em detalhes essa proposta, pois a ideia é realmente
deixar claro o que significa uma (psico)patologia do (sujeito), e como isso incide em cada
Comentado [A1]: Incidências pat(h)ológicas de pathos ou
campo3, pois vocês verão que em última instância a (psico)patologia do (sujeito) é uma patológicas de nosos?
outra maneira de se pensar e definir o que constitui patologia, sofrimento e padecimento Se o nosos (patologia, doença) – a mesma - age em sujeitos
singulares = pode haver incidências patológicas (no
para um sujeito singular. Essa exposição inicial será feita por meio de tópicos, sendo eles: nosos/campo do corpo) ou pode haver incidências
path(o)lógicas (no pathos/ campo do sujeito), muito
diferentes.
B) Separação do campo da doença. Como os gregos definiam essa como nosos em Doença | Nosos | Pathos |
Doença e Nosos = distintos.
relação àquilo que da doença era pathos. Nós veremos o quanto que o nosos tem a Doença, Nosos e Patologia = distintos.
ver com a definição materialista, física e biológica, isto é, com a dimensão corporal Doença => Antropos > Campo do Homem.
Pathos => Pat(h)ologia > Campo do Sujeito.
da doença; o pathos por sua vez tem a ver com a doença sob a perspectiva do Nosos => Patologia > Campo do Corpo.
sofrimento e do padecimento provocado num sujeito. O nosos e o pathos é o que dá Doença = (campo do homem) > repercusão no antropos.
origem aos termos nosologia, nosografia, patologia e psicopatologia. Nosos = ? (campo do corpo) > repercusão fisiológica da
doença.
C) A ideia central. Enquanto a nosologia diz respeito a alteração fisiológica, mórbida e Pathos = (campo do sujeito) > repercusão psicológica da
doença?
a doença que pode incidir no corpo de uma pessoa; a patologia incide no campo do
sujeito4. Esse é sempre singular de modo que uma nosologia – a mesma - pode em
indivíduos/sujeitos diferentes ter incidências patológicas muito diferentes, e nós,
vamos tentar mostrar que o sujeito não é o que costumamos pensar em termos de
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Psiquiatria, psicologia, psicanálise e na clínica médica geral.
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Campo do sujeito = pathos | Campo do corpo = nosos.
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indivíduo.
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Corpo biológico.
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Já estava em Jaspers em sua Psicopatologia Geral (1913).
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isso que interviria no seu campo para o qual é passivo, em que está sofrendo e que está
com uma paixão8. Então é nesse sentido que o pathos grego remete a doença, porque em Comentado [A3]: Paixão tanto no sentido amoroso, quanto
no sentido ... (?).
geral a doença por sua perspectiva física conduz ao impasse do sujeito, conduz ao
OBS: Seria interessante buscar maiores esclarecimentos para
sofrimento do sujeito. Mas a noção de pathos que gostaria de transmitir é aquela que essa passagem com o Prof.
descreve esse estado de thymós, de humor, desse estado de disposição de um sujeito, a Comentado [A4]:
OBS: Seria interessante buscar maiores esclarecimentos para
partir do qual ele vai padecer de algo. essa passagem com o Prof.
Esse pathos incidiria numa psykhé. Uma psykhé é a alma. Patologia = medicina moderna.
Essa é a ideia, uma psicopato-logia é o logos, o estudo racional que fornece provas Pat(h)ologia = modo de padecimento do sujeito ou a
manifestação do seu sofrer (pathos) em distinção à
da sua racionalidade. Em nosso caso contemporâneo é o discurso científico e dedicado ao manifestação física-natural, seu nosos.
pathos, ao sofrimento, aos padecimentos e naquilo que eles incidem no espírito. Essa seria
uma definição mais literal a partir dessa matriz filológica grega.
Quando o pathos entra no campo médico contemporâneo, é cada vez mais
absorvido pela sua concepção reinante de que definindo um adoecer é definido suas bases
materiais. Nós veremos que isso mostra um certo momento histórico, sendo que Lacan
chamava isso de uma fenda epistemo-somática, o momento da história da medicina e da
história da ciência que você começa a definir um padecimento humano que leva à procura
de um médico ou um clínico. Ocorre uma fusão dessa dimensão da patologia com a Comentado [A6]: Pathos? Ou patologia sem (H) mesmo.
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Paixão aqui no sentido amoroso, que conduzem ao sofrimento e nos leva a pedir ajuda.
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Nosographie philosophique, ou la méthode de l’analyse appliquée à la médecine (1798).
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corresponde a lesões biológicas ou não, isso seria um passo seguinte, seria apenas uma OU
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O conceito de recalcamento que Freud importa para a sua metapsicologia quase que de uma maneira literal é a
descrição que o Griesinger faz.
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sujeito pode se ressituar em relação ao seu pathos. E isso modifica a posição do clínico, e
não apenas do clínico psicanalista, como Freud. De qualquer clínico. Veremos mais
detalhes adiante.
O Théodule-Armand Ribot (1839-1916) vai criar o método e a disciplina, a
psicopatologia do século XX no contexto universitário terá em Ribot uma espécie de
paradigma. Cria a primeira disciplina universitária de psicopatologia no contexto francês e
concebe, a definição de psicopatologia dizendo que do ponto de vista metodológico, a
psicopatologia deveria ser pensada como uma psicologia patológica.
Vamos ver que isso é um grande debate na história da psicopatologia, com posições
muito divergentes, mas a posição original do Ribot é que a psicopatologia é uma
psicologia patológica, ou seja, o sujeito funciona mentalmente como qualquer um, porém o
seu funcionar mental entra em impasse e em incapacidade de funcionamento. Sua
psicologia começa a funcionar mal. Nós vamos ver que tem muitos outros pesquisadores
que verão isso a partir de outras óticas.
Um dos problemas principais é: o que que vem primeiro? É a psicologia que vai
funcionar patologicamente ou você tem um fenômeno doentio que nós vamos chamar de
patológico e que levaria então a essas alterações psíquicas? Dentro da tradição da
psicopatologia essas duas posições se digladiaram desde o início e tanto Freud, na vertente
psicanalítica, quanto os que vão trabalhar com uma vertente mais fenomenológica, ou
mesmo existencial-heideggeriana vão se confrontar muito sob essa perspectiva.
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Mais uma vez nós vamos retomar as principais posições, e vamos fazer de uma
maneira meio intuitiva, no sentido de ver o que se apresenta como as principais posições no
campo da psicopatologia.
Uma das posições marcantes é uma tradição nosográfica naturalista, como vimos
em Pinel, Esquirol, e depois em Kraepelin. A ideia é tratar o fenômeno psicopatológico
através de um momento de observação natural como fora feito nas ciências tradicionais. O
Kraepelin tinha como hobby a botânica. O próprio Pinel seguiu os cursos do Auguste
Comte (1798-1857) em Paris, que pensava então o método científico com base na
observação, descrição e classificação. É esse método que ele aplica para tratar da loucura, a
partir de um olhar de fora e tomando a loucura e o louco em posição de objeto de
conhecimento. Essa posição nosográfica e naturalista é uma das tradições.
Outra tradição é a de Freud, por exemplo, quando se refere a psicopatologia da
vida quotidiana, em que separa patologia da necessidade da descrição de uma doença,
embora uma condição de doença biológica está, certamente, implicada no campo da
patologia, ou seja, de certa maneira Freud introduz o problema da incidência no campo do
sujeito, dos seus impasses e eventualmente de alterações biológicas. Comentado [A9]: Dificuldade semântica e nominal com o
conceito de patologia e pathoslogia.
Tem uma tradição fenomenológica que vai ter em Jaspers e Eugène Minkowski
Freud estaria trazendo de volta a noção dos gregos de pathos
(1885-1972) seus grandes nomes. Vamos explicar um pouco mais a posição do Jaspers e e nosos. Estaria dizendo que é possível estudar algo que é da
ordem do pathos sem que para isso precise de falar de nosos.
veremos como esse, Freud e Kraepelin; desenvolveram abordagens distintas e como no
final das contas, pontos de partidas diferentes sobre o que constitui o fenômeno
psicopatológico.
O Ludwig Binswanger (1881-1966) vai ser o criador da análise existencial. Ele foi
um discípulo do Freud, e depois progressivamente vai abandonando, se afastando de uma
psicanálise freudiana, vai se aproximando cada vez mais de uma leitura da fenomenologia.
Por um lado, vai ler muito Edmund Husserl (1859-1938) e por outro, vai se aproximar cada
vez mais de Martin Heidegger (1889-1976). Vai fazer um outro tipo de descrição do
fenômeno psicopatológico e que vamos ver como se contrasta com a posição de Jaspers e
Freud.
Contemporaneamente nós vamos ter o surgimento de duas posições fundamentais,
uma e outra, se afastam dessa tradição da psicopatologia psiquiátrica que se pensava como
uma disciplina do estudo do mecanismo da doença mental.
A princípio teremos uma nosografia pragmático-operacional, que visa fazer com a
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