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PSICOPATOLOGIA E SEMIOLOGIA DOS TRANSTORNOS MENTAIS – PAULO

DALGALARRONDO

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO GERAL À SEMIOLOGIA PSIQUIÁTRICA

QUESTÕES DE REVISÃO

1- Estabeleça um paralelo entre os conceitos de semiologia, semiologia médica e


semilogia psicopatológica.

SEMIOLOGIA – É a ciência dos signos, ela não está restrita a algum campo.

SEMIOLOGIA MÉDICA – É o estudo dos e sintomas e dos sinais das doenças,


permitindoa identificação das alterações físicas e mentais.
SEMIOLOGIA PSICOPATOLÓGICA – É o estudo dos sinais e sintomas exclusivamente
dos transtornos mentais.

2- Quais os signos de maior interesse para a psicopatologia?

São os sinais comportamentais objetivos, verificáveis pela observação direta do


paciente, e os sintomas, isto é, as vivência subjetivas relatadas pelos pacientes, suas
queixas e narrativas.

3- Explique a dupla dimensão do sintoma psicopatológico.

Os sintomas psicopatológicos se comportam como índice (indicador) e símbolo. Ao


serem nomeados pelo paciente, por seu meio culturual ou pelo médico, passam a ser
“símbolos linguistícos” no interior de uma linguagem, onde só será entendido.
No momento que recebe um nome, o sintoma adquire o status de símbolo, de signo
linguistico arbitrário, que só pode ser compreendido dentro um sistema simbólico
dado, em determinado universo cultural.

4- Como se subdive a semiologia médica/psicopatológica?

Tanto a semiologia médica, quanto a psicoátológica pode ser divididade em duas


subáreas: semiotécnica e semiogênese.

Semiotécnica: refere-se as técnicas e procedimentos específicos de observação e


coleta de sinais e sintomas, assim como a descrição dos mesmos. Ela concentra-se na
entrevista direta com paciente e aqueles que o rodeiam, sempre atento em como e
quando fazer as perguntas.
Outrossim, é de suma importância a observação minuciosa, atenta e perspicaz do
comportamento do paciente, do conteúdo de seu discurso e do seu modo de falar, da
sua mímica, da postura, da vestimenta, da forma como reage e do seu estilo de
relacionamento com o entrevistador, com outros pacientes e com seus familiares.

Semiogênese: refere-se ao campo de investigação da origem, dos mecanismos, do


significado e do valor diagnóstico e clínico dos sinais e sintomas.
CAPÍTULO 2: DEFINIÇÃO DE PSICOPATOLOGIA E ORDENAÇÃO DOS SEUS FENÔMENOS

QUESTÕES DE REVISÃO

1- Defina psicopatologia e comente suas origens e seu campo de atuação.

É o ramo da ciência que trata da natureza essencial da doença mental, suas causas,
as mudanças estruturais e funcionais associadas a ela e suas formas de
manifestação. Seu principal campo de atuação é o auxílio a psiquiatria médica,
mas não se limita a isso, haja vista que se trata de uma ciência autônoma.
A sua origem está atrelada as tradições médicas, dotadas de observações
prolongadas dos enfermos e uma tradição humanística, tais como a filosofia,
literatura, arte, psicanálise.

2- Discuta os dois aspectos básicos dos sintomas psicopatológicos: forma e


conteúdo.

A forma dos sintomas é sua estrutura básica, relativamente semelhante nos


diversos pacientes (alucinação, delírio, idéia obsessiva,labilidade afetiva, etc.),
enquanto o conteúdo, ou seja, aquilo que preenche a alteração estrutural
(conteúdo de culpa, religioso, de preseguição, etc.). O conteúdo é geralmente mais
pessoal, dependente da história de vida do paciente, de seu universo cultural e da
personalidade prévia ao adoecimento.

3- Relacione os temas centrais da existência humanda com o conteúdo dos


sintomas psicopatológicos.

Os conteúdos dos sintomas estão relacionados aos temas centrais da existência


humana, tais como sobrevivência e segurança, sexualidade, temores básicos
(morte, doença, miséria, etc.), religiosidade, entre outros.

4- Descreva a ordenação dos fenômenos psicopatológicos em semelhantes,


parcialmente semelhantes e qualitativamente novos.

Fenômenos semelhantes: É aquele que está presente para todo o ser humano,
por exemplo: sentir fome, sede ou sono.
Fenômenos parcialmente semelhantes: São aqueles que todo homem
experimenta, mas apenas em parte são semelhantes aos que o doente mental
vivencia. Por exemplo: todos um dia sofrem de tristeza, mas o nível da mesma
varia de acordo com cada indivíduo.
Fenômenos qualitativamente novos: São próprios apenas a certas doenças e
estados mentais. Aqui se incluem as alucionações, delírios etc.
CAPÍTULO 3: O CONCEITO DE NORMALIDADE EM PSICOPATOLOGIA
QUESTÕES DE REVISÃO

1- Que áreas da saúde mental estão relacionadas com e implicadas no conceito de


normalidade em psicopatologia?

Psiquiatria legal ou forense, Epidemiologia psiquiátrica, Psiquiatria cultural e


etnopsiquiatria , Planejamento em saúde mental e políticas de saúde, Orientação e
capacitação profissional e Prática clínica.

2- Quais são os principais critérios de normalidade interligados em psicopatologia e


quais suas “forças” e “debilidades”?

- Normalidade como ausência de doença: Seria aquele indivíduo que não é portador de um
transtorno mental definido. Esse conceito é falho, haja vista que define a normalidade não por
aquilo que ela supostamente é, mas, sim, por aquilo que ela não é, pelo que lhe falta.

- Normalidade ideal: É aquela definida socialmente, constituída de acordo com os principios


socioculturais, ideológicos, dogmáticos e doutrinários.

- Normalidade estatística: Trata-se de um conceito com representação estatística na


sociedade, portanto, o normal seria o que mais se repete, de forma quantitativa, na
população. Seu conceito é falho, porque nem tudo que é frequente é o saúdavel e nem tudo
que é raro ou infrequente é patológico.

- Normalidade como bem-estar: É entendido como o completo bem-estar físico, mental e


social, e não simplesmente como ausência de doença. É um conceito criticável por ser muito
vasto e impreciso, pois bem-estar é algo difícil de se definir objetivamente.

- Normalidade funcional: Baseia-se em aspectos funcionais e não necessariamente


quantitativos. O fenômeno ´considerado patológico a partir do momento em que é
disfuncional, produz sofrimento para o próprio indivíduo ou para o seu grupo social.

- Normalidade como processo: Consideram-se os aspectos dinâmicos do desenvolvimento


psicossocial, das desestruturações ao longo do tempo.

- Normalidade subjetiva: É dado a maior ênfase à percepação subjetiva do indivóduo em


relação a seu estado de saúde, às suas vicências subjetivas. O ponto falho desse critério é que
muitas pessoas que se sentem bem, “muito saudáveis e felizes”, como no caso de sujeitos em
fase maníaca, apresentam, de fato, um transtorno mental grave.

- Normalidade como liberdade: A saúde mental se vincula com as possibilidades de transitar


com graus distintos de liberdade sobre o mundo e sobre o próprio destino.

- Normalidade operacional: Trata-se de um critério assumidamente arbitrário, com finalidades


pragmáticas explícitas.
CAPÍTULO 4: OS PRINCIPAIS CAMPOS E TIPOS DE PSICOPATOLOGIA

QUESTÕES DE REVISÃO - RESPOSTAS DA INTERNET

1- Cite e defina oito correntes da psicopatologia.

PSICOPATOLOGIA DESCRITIVA: interessa-se pela a forma das alterações psíquicas, a estrutura


dos sintomas e pela a maneira como se apresenta essas alterações. Também conhecida como
fenomenológica.

PSICOPATOLOGIA DINÂMICA: interessa-se pelo conteúdo das vivências, os movimentos


internos dos afetos, desejos, da experiência particular da pessoa.

PSICOPATOLOGIA COMPORTAMENTAL: é vista como conjunto de comportamentos


observáveis, verificáveis, regidos por leis e determinantes do aprendizado. A cognitiva centra a
atenção nas representações cognitivas conscientes.

PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA: o homem é visto como determinado por formas e conflitos


inconscientes.

PSICOPATOLOGIA BIOLÓGICA: enfatiza aspectos cerebrais, neuroquímicos, neurofisiológicos


de doenças e sintomas. (Doenças mentais são doenças cerebrais)

PSICOPATOLOGIA CULTURAL: vê a doença e sintomas como comportamentos desviantes, que


surgem a partir de fatores sócio-culturais, simbólicos e históricos.

PSICOPATOLOGIA FUNDAMENTAL: centra a atenção da pesquisa psicopatológica sob os


fundamentos dos conceitos psicopatológicos. Dá ênfase na noção de pathos (doença mental)
que significa sofrimento, paixão e passividade.

PSICOPATOLOGIA OPERACIONAL-PRAGMÁTICA: as definições básicas dos transtornos


mentais e sintomas são formulados de modo arbitrário e com utilidade pragmática, clínica ou
orientada a pesquisa.

2- Discuta as principais diferenças entre a psicopatologia médica e a existencial, asssim


como entre a psicopatologia categorial e dimensional.

PSICOPATOLOGIA MÉDICO-NATURALISTA: pensa a noção do homem centrada no corpo, no


ser biológico. O adoecimento é visto como um mau funcionamento do cérebro, do aparelho
biológico.

PSICOPATOLOGIA EXISTENCIAL: o doente é visto como existência singular, com ser singular,
como ser lançado em um mundo que é histórico e humano.

________________________________________________________________________

PSICOPATOLOGIA CATEGORIAL: pensa o diagnóstico como espécies únicas, com fronteiras


nítidas.
PSICOPATOLOGIA DIMENSIONAL: pensa o diagnóstico ligado a noção de espectro, de
continuo.

CAPÍTULO 5: PRINCIPIOS GERAIS DO DIAGNÓSTICO PSICOPATOLÓGICO

QUESTÕES DE REVISÃO

1- Discura o valor, os limites e as críticas em relação ao diagnóstico em psicopatologia.

O autor aborda suas posições acerca do assunto:

A primeira afirma que o diagnóstico em psiquiatria não tem valor algum, pois cada pessoa é
uma realidade única e inclassificável. O diagnóstico psiquiátrico apenas serviria para rotular as
pessoas diferentes, permitindo e legitimando o poder médico. Essa crítica é particularmente
válida nos regimes políticos totalitários, quando se utilizou o diagnóstico psiquiátrico para
punir e excluir pessoas dissidentes ou opositoras ao regime.

A segunda, em defesa do diagnóstico psiquiátrico, sustenta que o valor e o lugar do


diagnóstico em psiquiatria são absolutamente semelhantes ao valor e ao lugar do diagnóstico
nas outras especialidades médicas. O diagnóstico, nessa visão, é o elemento principal e mais
importante da prática psiquiátrica.

2- Esclareça por que o diagnóstico em psicopatologia é baseado preponderantemente


nos dados clínicos e não em possíveis mecanismos causais supostos pelo
entrevistador.

3- Por que o diagnóstico psicopatológico é, em muitos casos, apenas possível com a


observação do curso de doença?
=

CAPÍTULO 7: A AVALIAÇLÃO DO PACIENTE

QUESTÕES DE REVISÃO

1- Quais os principais problemas da avaliação física de pacientes com transtornos


psiquiátricos?

Tanto o psiquiatra como o clínico geral não avaliam o doente mental como um todo, haja
vista que ambos tem o foco em avaliar dentro da sua área de atuação, portanto, o psiquiatra
foca exclusivamente no psiquismo, enquanto o clínico geral, no físico, no observável.

Pacientes com transtornos mentais graves podem apresentar dificuldade em comunicar


suas queixas somáticas, e quando relatam, pode haver um julgamento do médico, que
menospreza a queixa do paciente, por se tratar de uma “pessoa mentalmente incapacitada”,
desconfiando, portanto, de suas queixas.

2- Cite e descreva a importância dos sinais e reflexos neurológicos ditos primitivos.

- Reflexo de preensão: Consiste na reposta de flexão dos dedos evocada pelo contato rápido
de um objeto com a região palmar do paciente, respondendo este com um movimento
involuntário de preensão. Sua aplicação pode ser bilateral ou unilateral. Na bilateral, tem a
capacidade de demonstrar lesão ou disfunção frontal ou sofrimento cerebral difuso
(encefalopatias), enquanto na unilateral, localiza a lesão na área 6 de Broadman contralateral.

- Reflexo de sucção: à estimulação da região perioral com uma espátula, na qual há uma
protusão dos lábios, desvio para o lado estimulado e movimentos de sucção. Esse reflexo pode
ocorrer em lesões frontais (mas também em encefalopatias difusas).

- Reflexo orbicular dos lábios: A percussão da área acima do lábio superior, na linha média,
pode produzir a projeção dos lábios para a frente. A compressão dessa área pode desencadear
uma clara projeção dos lábios, como se o indivíduo fizesse um bico ou focinho (snout reflex, ou
reflexo do focinho). Embora menos específico que o grasping e o reflexo de sucção, o reflexo
orbicular dos lábios e o snout reflex podem ser indicativos de dano cerebral difuso.

- Reflexo palmomentual: Através do estímulo cutâneo da eminência tenar, pode-se observar a


contração do pequeno músculo do mento ipsilateral e sua elevação e, eventualmente, a
elevação do lábio inferior ipsilateral à mão estimulada. Este reflexo pode ser observado em
idosos, em indivíduos com lesões piramidais e em quadros encefalopáticos difusos.

3- Cite os principais testes projetivos e testes estruturados de personalidade. Qual a


utilidade dos testes de rastreamento de alterações cerebrais?
Os testes servem para comprovar ou refutar uma hipótese elaborada pelo psicológo
durante o processo do psicodiagnóstico, auxliando o mesmo na “resolução do problema
encontrado”.

Os testes são divididos em Projetivos, com caráter subjetivo, e Estruturados, com caráter
objetivo. São eles:

PROJETIVOS:

- Teste de Rorschach;
- Teste de Apercepção Temática (TAT), de Murray;
- Teste de Relações Objetais (TRO), de Phillipson;
- O Teste das Pirâmides, de Pfister;
- O Casa, Árvore, Pessoa e Família (HTP-F), de Buck.

ESTRUTURADOS:
- MMPI;
- 16-PF;
- The Big Five Model.

CAPÍTULO 8: A ENTREVISTA COM O PACIENTE

QUESTÕES DE REVISÃO

1- Uma entrevista bem-conduzida é aquela em que o profissional fala muito pouco e


ouve pacientemente o enfermo. Há, contudo, certas situações que exigem
intervenção mais ativa do entrevistador. Nesse sentido, que aspectos devem ser
observados ao se conduzir uma entrevista?

Um fator importante nas fases iniciais da avaliação do paciente é notar e


descrever o aspecto global do paciente, expresso pelo corpo e pela postura corporal,
pela indumentária (roupas, sapatos, etc.), pelos acessórios (colares, brincos, piercing,
etc.), por detalhes como maquiagem, perfumes, odores, marcas corporais (tatuagens,
queimaduras, etc.), porte e atitudes psicológicas específicas e globais do paciente. A
aparência do paciente, suas vestes, seu olhar, sua postura, revela muito de seu estado
mental interior e é recurso fundamental para o diagnóstico

2- Ao entrevistar um paciente, que tipo de postura/atitude o entrevistador deve evitar?


- Posturas rígidas, esteriotipadas;
- Atitude excessivamente neutra ou fria;
- Comentários valorativos;
- Reações emocionais intensas de pena ou compaixão;
- Responder com hostilidade ou agressão;
- Entrevistas excessivamente prolixas;
- Fazer muitas anotações durante a entrevista.
3- Quais as “três regras de ouro” da entrevista em saúde mental?

4- Diante de um paciente tímido, que fica em silêncio durante a entrevista, que


estratégias podem ser usadas pelo entrevistador a fim de que este silêncio seja
rompido?
- O entrevistador deve fazer perguntas e colocações breves que assinalem a sua
presença efetiva e mostrem ao pacienet que ele está atento e tranquilo para ouvi-lo.
- O entrevistador deve evitar perguntas muito direcionadas, fechadas, que possam ser
respondidas com um sim ou um não categóricos; também deve evitar perguntas muito
longas e complexas, difíceis de serem compreendidas pelo paciente.
- É sempre melhor intervenções do tipo “Como foi isso?”, “Explique melhor”, “Conte
um pouco mais sobre isso”, que questões como “Por quê?” ou “Qual a causa?”. Estas
últimas estimulam o paciente a fechar e encerrar a sua fala.
- O entrevistador deve buscar para cada paciente em particular o tipo de intervenção
que facilite a continuidade de sua fala.

5- Estabeleça a diferença entre transferência e contratransferência.

A transferência compreende atitudes e sentimentos cuja origem são


basicamente inconscientes para o paciente. Inclui tanto sentimentos positivos (como
confiança, amor e carinho) quanto negativos (como raiva, hostilidade, inveja, etc.).
A contratransferência é, em certo sentido, a transferência que o profissional
estabelece com seus pacientes. Da mesma forma que o paciente, o profissional de saú-
de projeta inconscientemente, no paciente, sentimentos que nutria no passado por
pessoas significativas de sua vida.

6- Descreva como deve ser o relato do caso por escrito.

O relato do caso por escrito deve conter, de preferência, as próprias palavras


que o paciente e os informantes usaram ao descrever os sintomas mais relevantes. O
uso de termos técnicos deve ser sóbrio e proporcional ao grau de conhecimento que o
profissional obteve do caso. Já a caligrafia deve ser legível, e o estilo, claro, preciso,
com frases e parágrafos curtos.
Deve-se evitar terminologia por demais tecnicista que geralmente revela a
insegurança do profissional, que busca compensar, na linguagem rebuscada, os vácuos
de sua ignorância sobre o caso, ou que quer demonstrar de modo exibicionista sua
erudição e seu saber médico. Além disso, o profissional deve evitar a interpretação
precoce dos dados.
Além do aspecto médico essencial, que é o diagnóstico clínico, a entrevista e o
seu relato devem fornecer uma compreensão suficientemente ampla da personalidade
do paciente, da dinâmica de sua família e de seu meio sociocultural imediato.
O relato escrito de um caso tem, além de valor médico, importante valor legal.
É um documento que, sendo bem-redigido, poderá ser decisivo em questões legais
futuras, impensáveis no momento em que a avaliação está sendo feita.
No momento em que o entrevistador redige os dados que coletou, deve
lembrar
que a história clínica deve ser redigida com uma linguagem simples, precisa e
compreensível. O relato deve ser pormenorizado, mas não prolixo, detalhado naquilo
que é essencial ao caso e conciso naquilo que é secundário.

CAPÍTULO 9: AS FUNÇÕES PSÍQUICAS ELEMENTARES E SUAS ALTERAÇÕES.


QUESTÕES DE REVISÃO

1- Cite as principais limitações de uma psicopatologia das funções psíquicas


compartimentalizadas.

2- Qual a importância, sgundo Monedero (1973), dos quadros nosográficos para dar
sentido aos fenômenos particulares (sintomas isolados)?
Monedero (1973, p. 21) explicita essa questão utilizando um exemplo claramente
clínico:
“As alucinações durante as intoxicações não são iguais às do esquizofrênico, do
histérico, ou as que aparecem no extremo cansaço. Se, no estudo das
alucinações, prescindimos das diferenças entre umas e outras, seria inútil todo o
nosso trabalho psicopatológico. Por isso, torna-se necessária a contínua referência
aos quadros nosográficos, que são estruturas totalizantes, nos quais adquirem
sentido os fenômenos particulares.”
É portanto, necessário avaliar cada pessoas como única

CAPÍTULO 10: A CONSCIÊNCIA E SUAS ALTERAÇÕES


QUESTÕES DE REVISÃO

1- Estabeleça a diferença entre as três acepções possíveis, em língua


portuguesa, para a definição da palavra “consciência”.

1. A definição neuropsicológica emprega o termo consciência no sentido de estado


vígil (vigilância), o que, de certa forma, iguala a consciência ao grau de clareza
do sensório. Consciência aqui é fundamentalmente o estado de estar desperto,
acordado, vígil, lúcido. Trata -se especificamente do nível de consciência.
2. A definição psicológica a conceitua co mo a soma total das expe riências
conscientes de u m indivíduo em deter minado momento. Nesse sentido,
consciência é o que se designa campo da consciência. É a dimensão subjetiva da
atividade psíquica do sujeito que s e volta para a realidade. Na relação do Eu
com o meio ambiente, a consciência é a capacidade de o indivíduo entrar em
contato com a realidade, perceber e conhecer os seus objetos.
3. A definição ético-filosófica é utilizada mais frequentemente no campo da ética, da
filosof ia, do direito ou d a teologia. O termo consciência refere-s e à capacidade
de tomar ciência dos deveres éticos e assumir as responsabilidades, os direitos e
os deveres concernentes a essa ética. Assim, a consciência ético-filosófica é
atributo do hom em desenvolvido e responsável, engajado na dinâmica social de
determinada cultura. Trata-se da consciência moral ou ética.

2- Indique as diferenças entre sono REM e sono não-REM. Que estágios ocorrem
durante o sono não-REM?

No sono REM (rapid eye movements), há um padrão de movimentos oculares


rápidos (movimentos oculares sacádicos), bem como um relaxamento muscular profundo
e generalizado (atonia muscular), interrompido esporadicamente por contrações de
pequenos grupos musculares, como os músculos dos olhos. Há também irregularidade das
frequências cardíaca e respiratória e da pressão sanguínea, ocorrem ereções penianas
totais e parciais. É durante o sono REM que ocorre a maior parte dos sonhos. Durante
o sono REM, ocorre a 3ativação das vias neuronais que ligam o tronco cerebral ao
córtex occipital (i.e., a área da visão); são as chamadas ondas ponto-genículo-occipitais.
Tal ativação cerebral das áreas occipitais se relaciona ao caráter visual dos sonhos, como será
visto adiante.
O sono sincronizado não -REM caracteriza-se por atividade elétrica cerebral
síncrona, com elementos eletrencefalográficos próprios, tais como os fusos do sono, os
complexos K e ondas lentas de grande amplitude. Aqui há a diminuição da atividade do
sistema nervoso autônomo simpático e aumento relativo do tônus do parassimpático,
permanecendo vários parâmetros fisiológicos estáveis em um nível de funcionamento
mínimo, tais como as frequências cardíaca e respiratória, a pressão arterial, o débito
cardíaco e os movimentos intestinais.
Durante o sono não-REM, ocorrem quatro estágios:
- Estágio 1: mais leve e superficial, com atividade regular do eletrencefalograma
(EEG) de baixa voltagem, de 4 a 6 ciclos por segundo (2 a 5% do tempo total de sono).
- Estágio 2: um pouco menos superficial, com traçado do EEG revelando aspecto
fusiforme de 13 a 15 ciclos por segundo (fusos do sono) e algumas espículas de alta
voltagem, denominadas complexos K (45 a 55% do tempo total de sono).
- Estágio 3: sono mais profundo, com traçado do EEG mais lentificado, com
ondas delta, atividade de 0,5 a 2,5 ciclos por segundo, ondas de alta voltagem (3 a 8% do
tempo total de sono).
- Estágio 4: estágio de sono mais profundo, com predomínio de ondas delta e
traçado bem-lentificado. É mais difícil de despertar alguém nos estágios 3 e 4, podendo
o indivíduo apresentar-se confuso ao ser despertado (10 a 15% do tempo total de sono).

3- Cite e caracterize os graus de rebaixamento da consciência.

- Obnubilação ou turvação da consciência.


Trata-se do rebaixamento da consciência em grau leve a moderado. À inspeção
inicial, o paciente pode já estar claramente sonolento ou parecer desperto, o que
dificulta o diagnóstico. De qualquer forma, há sempre diminuição do grau de clareza do
sensório, com lentidão da compreensão e dificuldade de concentração. Nota -se que o
paciente tem dificuldade para integrar as informações sensoriais oriundas do ambiente.
Assim, mesmo não se apresentando claramente sonolento, observa-se, nos quadros leves
de rebaixamento do nível de consciência, que o paciente encontra-se um tanto perplexo,
com a compreensão dificultada, podendo o pensamento estar já ligeiramente confuso.

- Sopor.
É um estado de marcante turvação da consciência, no qual o paciente pode ser
despertado apenas por estímulo enérgico, sobretudo de natureza dolorosa. Aqui, o
paciente sempre se mostra evidentemente sonolento. Embora ainda possa apresentar
reações de defesa, ele é incapaz de qualquer ação espontânea. A psicomotricidade
encontra-se mais inibida do que nos estados de obnubilação. O traçado
eletrencefalográfico acha-se globalmente lentificado, podendo surgir as ondas mais lentas,
do tipo delta e teta.

- Coma.
É o grau mais profundo de rebaixamento do nível de consciência . No estado de
coma, não é possível qualquer atividade voluntária consciente. Além da ausência de
qualquer indício de consciência, os seguintes sinais neurológicos podem ser verificados:
movimentos oculares errantes com desvios lentos e aleatórios, nistagmo, transtornos do
olhar conjugado, anormalidades dos reflexos oculocefálicos (cabeça de boneca) e
oculovestibular (calórico) e ausência do reflexo de acomodação. Além disso, dependendo
da topo grafia e da natureza da lesão neuronal, podem ser observadas rigidez de corticação
ou de decerebração, anormalidades difusas ou focais do EEG com lentificações importantes
e presença de ondas patológicas. Os graus de intensidade de coma são classificados de I
a IV: grau I (semicoma), grau II (coma superficial), grau III (coma profundo) e grau IV (coma
dépassé).

4- Quais são as principais características do delirium?

Rebaixamento de leve a moderado do nível de consciência, acompanhados de


desorientação temporoespacial, dificuldade de concentração, perplexidade, ansiedade em
graus variáveis, agitação ou lentificação psicomotora, discurso ilógico e confuso e ilusões
e/ou alucinações, quase sempre visuais.

5- Descreva a diferença entre delirium e delírio.

O delirium, também conhecido como Estado Confusional Agudo, é uma síndrome cerebral
caracterizada por disfunções da consciência, atenção, memória, pensamento, orientação,
linguagem ou outras áreas da cognição, associadas a alterações no comportamento e no
padrão do sono.
O Delírio é um transtorno psiquiátrico relacionado à formação do juízo crítico, ou seja, quando
uma pessoa acredita, de forma convicta, em algo que não existe, sendo incapaz de discernir
entre o real e a imaginação.

6- Cite e caracterize as alterações qualitativas da consciência.

Estados crepusculares (état crepusculaire, tw ilight state, Dämmerzustand ).


É um estado patológico transitório no qual uma obnubilação da consciência (mais ou
menos perceptível) é acompanhada de relativa conservação da atividade motora
coordenada (Porot, 1967). Nos estados crepusculares, há, portanto, estreitamento
transitório do campo da consciência, a funilamento da consciência (que se restringe a
um círculo de ideias, sentimentos ou representações de importância particular para o
sujeito acometido), com a conservação de uma atividade psicomotora global mais ou menos
coordenada, permitindo a ocorrência dos chamados atos automáticos (Peters, 1984).

Estado segundo.
Estado patológico transitório semelhante ao estado crepuscular, caracterizado por uma
atividade psicomotora coordenada, a qual, entretanto, permanece estranha à
personalidade do sujeito acometido e não se integra a ela. Com certa frequência, alguns
autores utilizam os termos “estado segundo” e “estado crepuscular” de forma indistinta
ou intercambiável.
Em geral, atribui-se, ao estado segundo, uma natureza mais psicogenética, sendo
produzido por fatores emocionais (choques emocionais intensos). Já ao estado
crepuscular, são conferidas causas mais freqüentemente orgânicas (confusão pós-ictal,
intoxicações, traum atismo craniano, etc.). Os atos cometidos durante o estado segundo
são geralmente incongruentes, ex travagantes, em contradição com a educação, as
opiniões ou a conduta habitual do sujeito acometido, mas quase nunca são r ealmente
graves ou perigosos, como no caso dos estados crepuscular es (Porot, 1967). Do ponto
de vista do mecanismo produtor da alteração, o estado segundo se aproxima mais à
dissociação da consciência do que ao estado crepuscular.

Dissociação da consciência.
Tal expressão designa a fragmentação ou a divisão do campo da consciência, ocorrendo
perda da unidade psíquica comum do ser humano. Ocorre com certa frequência nos
quadros histéricos (crises histéricas de tipo dissociativo). Nessas situações, observa -se
uma dissociação da consciência, um estado semelhante ao sonho (ganhando o caráter
de estado onírico), geralmente desencadeada por acontecimentos psicologicamente
significativos (conscientes ou inconscientes) que geram grande ansiedade para o
paciente.

Transe
Estado de dissociação da consciência que se assemelha a sonhar acordado, diferindo disso,
porém, pela presença de atividade motora automática e estereotipada acompanhada
de suspensão parcial dos movimentos voluntários. O estado de transe o corre em
contextos religiosos e culturais (espiritismo kardecista, religiões afro-brasileiras e reli giões
evangélicas pentecostais e neopentecostais).

Estado hipnótico
É um estado de consciência reduzida e estreitada e de atenção concentrada, que pode
ser induzido por outra pessoa (hipnotizador). Trata-se de um estado de consciência
semelhante ao transe, no qual a sugestionabilidade do indivíduo está aumentada, e a
sua atenção, concentrada no hipnotizador. Nesse estado, podem ser lembradas cenas e f
atos esquecidos e podem ser induzidos fenômenos como anestesia, paralisias, rigidez
muscular, alterações vasomotoras. Não há nada de místico ou paranormal na hipnose. É
apenas uma técnica refinada de concentração da atenção e de alteração induzida do
estado da consciência.

Experiência de quase-morte, EQM (near death experience – NDE )


Um estado especial de consciência é verificado em situações críticas de ameaça grave à
vida, como parada cardíaca, hipoxia grave, isquemias, acidente automobilístico grave,
entre outros, quando alguns sobreviventes afirmam ter vivenciado as chamadas
experiências de quase -morte (EQM).
São ex periências muito rápidas (de segundos a minutos) em que um estado de
consciência particular é vivenciado e registrado por essas pessoas. Em estudo recente,
Nelson e colaboradores (2006) buscaram demonstrar que a EQM seria a conseqüência
de uma invasão maciça de atividade cerebral do tipo sono REM nas pessoas enquanto
passavam por tais experiências. Entretanto, há também consistentes hipóteses
socioculturais e históricas para ta l experiência (Kellehear, 1993).

7- Quais as características mais frequentes da experiência de quase-morte?

-Sensação de paz (87%),


-De estar fora do próprio corpo (80%)
-De estar rodeado por uma luz intensa (78%)
-De estar em “outro mundo” (75%)
-Sensações de “união cósmica” (67%)
-De ter atingido um “ponto de não-retorno” (67%)
-De alegria intensa (64%)
-De “compreensão imediata” (60%)
-De contato com uma “entidade mística” (55%).

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