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RELATÓRIO

PSICOLÓGICO
Resolução CFP 007/2003
RELATÓRIO/LAUDO PSICOLÓGICO

Apresentação descritiva de situações e/ou condições


psicológicas e suas determinações históricas, sociais,
políticas e culturais, pesquisadas no processo de
avaliação psicológica, subsidiado (como todo documento)
em dados colhidos e analisados à luz de um instrumental
técnico (entrevistas, dinâmicas, testes psicológicos,
observação, exame psíquico, intervenção verbal),
consubstanciado em referencial teórico-filosófico e
científico adotado pelo psicólogo.
RELATÓRIO/LAUDO PSICOLÓGICO
Resolução CFP 007/2003
 Sua finalidade é apresentar os procedimentos e
conclusões gerados pelo processo de
avaliação, relatando sobre o encaminhamento,
as intervenções, o diagnóstico, o prognóstico e
evolução do caso, orientação e sugestão de
projeto terapêutico, bem como, caso
necessário, solicitação de acompanhamento
psicológico, limitando-se a fornecer somente
as informações pertinentes à demanda,
solicitação ou petição.
ESTRUTURA
1. IDENTIFICAÇÃO

 Autores/Relatores (quem elabora): Joaquim Araújo de Oliveira e Telma


Dolores da Silva – Estagiários de Psicodiagnóstico , supervisionados pela
Profª. Ms. Júlia Pelles Campos Magalhães , CRP: 09/1234.

 Interessados (quem solicita): *CPA, como pré- requisito do estágio;

* Marta Lins, avó paterna de Jaqueline e


Cláudia Maria Santos, mãe de
Jaqueline.

 Cliente (dados de identificação da criança): Jaqueline Santos Lins, sexo


feminino, 6 anos de idade, cursando 1º Ano do Ensino Fundamental,
nascida em 10/08/06.

 Assunto/Finalidade (qual a razão/motivo): Psicodiagnóstico Interventivo

 Período de avaliação: 04/03/2014 a 11/06/2014.


2. DESCRIÇÃO DA DEMANDA
 Narração das informações referentes à
problemática apresentada e dos motivos, razões e
expectativas que produziram o pedido do
documento, apontando a análise que se faz da
demanda de forma a justificar os procedimentos
adotados:

A avaliação psicológica foi solicitada pela avó


paterna, a pedido da escola onde a criança fica
durante todo o dia, em função do comportamento
considerado inadequado - briga muito, “xinga” e
bate nos colegas ; em casa o comportamento se
repete com os irmãos.
A criança ora reside com a mãe ora com a avó paterna.
Quando tinha três anos, seus pais se separaram e ela
passou a morar com o pai e a avó paterna, convivendo
com a mãe em alguns finais de semana. Com quatro
anos, seus pais retomaram o relacionamento e
Jaqueline voltou a morar na casa da mãe. Entretanto,
desde então, de acordo com a avó paterna, sempre
que os pais brigam ela fica com a avó; assim que se
entendem, volta para a casa da mãe (SIC).
Ainda segundo a avó, a menina apresenta
comportamentos agressivos em casa e na escola,
reclamando de tudo, “emburrando”, beliscando a irmã
e os colegas, mas quando questionada acerca de seu
comportamento, nega ter cometido tais atitudes (SIC).
3. PROCEDIMENTO
 Apresentação de recursos e instrumentos utilizados
para coletar as informações (nº de encontros,
pessoas ouvidas etc), devendo ser pertinente para
avaliar a complexidade do que está sendo
demandado:

Utilizou-se a “técnica do cochicho” como


estratégia de atendimento e supervisão de estágio.
Embasada no método fenomenológico, esta técnica
reúne no mesmo espaço vários estagiários e seus
respectivos clientes, sendo que a supervisão
abrange a todos (Yehia, 1983 apud ANCONA –
LOPEZ, 1998).
Durante o processo psicodiagóstico, realizado no
primeiro semestre de 2013, foram utilizados os
seguintes procedimentos:

 Entrevistas com a avó paterna ( 03 )


 Entrevista com a mãe (01)
 Questionário – Anamnese
 Sessões lúdicas (livres) com a criança (03)
 Sessão lúdica semi-dirigida com a criança (01)
 Aplicação do Teste HTP (01)
 Aplicação do Teste Raven (02)
 Visita escolar (01)
 Visita domiciliar na casa da mãe (01)
 Visita domiciliar na casa da avó paterna (01)
 Entrevista de devolução aos pais e avó paterna (01)
 Entrevista de devolução à criança com a utilização
do livrinho (01)
4. ANÁLISE
 Exposição descritiva de forma metódica, objetiva e fiel dos
dados colhidos e das situações vividas relacionados à
demanda em sua complexidade, considerando a natureza
dinâmica, não definitiva e não cristalizada do objeto de
estudo, fundamentando teoricamente a prática vivenciada:

A partir dos procedimentos adotados pode-se observar que a


criança se apresenta de forma reservada, tímida, temcom
certa dificuldade para interagir com as pessoas ao seu redor.
Mostrou-se organizada e atenta aos detalhes.
Embora não tenha demonstrado agressividade durante as
sessões lúdicas, no teste HTP esta característica evidenciou-
se, o que leva à compreensão de que ....
De acordo com Winnicott (1975), o brincar é ....
O teste HTP é um teste projetivo gráfico que....
Observou-se características de retraimento,
insegurança e certa imaturidade. Além disso, devido ao
sentimento de insegurança, Jaqueline revelou-se uma
criança com grande necessidade de apoio.
Através do HTP, mostrou-se descontente em sua
relação familiar, com dificuldade em perceber os papéis
ocupados pelos integrantes de sua família, bem como
em definir o seu “lugar” nesta estrutura.
O relato das coordenadoras e professora durante a
visita escolar confirmou a desorganização na estrutura
familiar, o que pode justificar esta dificuldade da criança
em perceber os papéis e delimitar quem é o responsável
por ela.
Ao mesmo tempo em que necessita de acolhimento
e afeto, coloca-se em posição defensiva, o que nos leva à
compreensão de que talvez a falta de apoio tenha levado
a criança a ter que ser independente dos pais,
demonstrando-se ansiosa e com sentimento de
inferioridade.
Os medos apresentados nos testes são
medos reais de cobra e de barata. Nada
relacionado a fantasias. Observou-se
também que a questão da alimentação para
a criança é algo relevante. Referiu-se várias
vezes ao descontentamento pelos pais não
terem condições financeiras para adquirir a
alimentação desejada. Ressalta-se que na
maioria dos atendimentos compareceu em
jejum. Relaciona-se a alimentação ao afeto
e à responsabilidade dos pais. A
preocupação em oferecer alimentos aos
filhos é um ato de cuidado e afeto, além de
um dever. A criança sente falta e
necessidade deste cuidado.
Através das visitas domiciliares realizadas
nas casas da mãe e da avó paterna pôde-se
perceber o quanto falta à criança o
sentimento de pertença a um lar como
referência.
Segundo Corrêa (2004), o sentir-se em casa
(lar) está relacionado à acolhida que
recebemos e a casa, enquanto construção, é
a representação física deste sentimento.
Assim, “sentir-se em casa é sentir-se no
colo dos outros e este colo intersubjetivo é
o fundamento da casa”. E é exatamente esta
acolhida, este colo que falta à criança por
não ter uma casa para chamar de “sua”.
Enfim, outra questão observada tanto nas
entrevistas com a avó e com a mãe, quanto em conversa
com o pai durante a visita domiciliar, foi a justificativa de
todos em explicar os comportamentos da menina
comparando-os com os comportamentos do pai, ou seja,
parece que não compreendem que ainda haja
semelhanças em alguns comportamentos da criança com
os de seu pai, é relevante que percebam que se trata de
duas pessoas diferentes, cada uma com seu potencial,
devendo ser ressaltadas apenas as características
positivas que ambos têm em comum, e não ressaltar
aquilo que a criança ainda necessita melhorar como
justificativa de comportamento repetitivo das atitudes do
pai.
5. CONCLUSÃO
 Exposição de resultados e/ou considerações a
respeito da investigação a partir das referências
que subsidiam o trabalho, devendo transmitir a
análise da demanda em sua complexidade e do
processo de avaliação como um todo. É importante
também a indicação de projetos de trabalho que
contemplem a complexidade das variáveis
envolvidas durante todo o processo. Em seguida, o
documento é encerrado, com indicação do local,
data de emissão, assinatura do psicólogo e o seu
número de inscrição no CRP:
Com base nos dados obtidos, os sintomas
apresentados pela criança que levaram a avó
paterna a procurar o CPA - UNIP estão
relacionados à falta de estabilidade dada à
criança pela família, a qual sente
necessidade de ser amparada
emocionalmente e de que alguém da
estrutura familiar assuma efetivamente o
papel de responsável por ela. Assim como de
estabelecer um lugar para si, um lar que seja
o seu espaço, a fim de aliviar seus
sentimentos de angústias e anseios, os quais
ainda expressa de maneira agressiva....
 Orientações para a criança:

 A psicoterapia individual é indicada para Jaqueline com o


intuito de possibilitar um momento de atenção voltada
exclusivamente à criança para que possa fortalecer seu
ego, trabalhar sentimentos de inferioridade, insegurança
e aumento da auto-estima.

 Outra indicação complementar seria a prática de ballet


para que a agressividade contida seja exteriorizada de
forma saudável, para que a criança se desenvolva na
relação com os outros, e para que sua auto-estima possa
ser mais valorizada, uma vez que a dança vai contribuir
para a descoberta dos movimentos corporais,
proporcionando ‘um outro ritmo’ em sua vida e em sua
timidez.
 Orientações aos responsáveis na entrevista de
devolução:

 Prestar esclarecimento e orientá-los sobre a


importância da criança morar em apenas uma casa,
podendo visitar e ser visitada por outros, sendo
que o local percebido com maior estabilidade,
principalmente emocional e de cuidados básicos, é
a casa da avó. Ainda existe muita instabilidade no
relacionamento conjugal entre o pai e a mãe da
menina.

 Evitar comparar a criança com o pai. Eles possuem


semelhanças, mas são pessoas diferentes. Caso
haja comparações, que sejam apontadas, então, as
características positivas e não as negativas.

 Valorizar e estimular a criança para que se


desenvolva de forma mais saudável.
 Encaminhar a criança para a psicoterapia infantil e ballet. A
psicoterapia poderá ser realizada no CPA – UNIP e o ballet na
Escola de Artes Veiga Valle - Avenida Universitária n° 1750
 Setor Universitário. Fones: 3202-3577 e 3202-9276 ou Centro
Cultural Gustav Ritter - Avenida Marechal Deodoro da Fonseca,
237, Campinas. Fones: 3201-4700, 3201-4702, 3201-4705.

Goiânia, 11 de junho de 2014.

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Estagiário R.A:_________
__________________________________
Estagiária R.A:_________

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Professora Orientadora
CRP 09/1234
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORRÊA, L.C.C. Visita domiciliar: recurso para a
compreensão do cliente no psicodiagnóstico
interventivo. Dissertação de Doutorado em psicologia
Clínica. PUC-SP, 2004.

YEHIA, G. Y. Proposta de uma técnica alternativa de


supervisão de estágio para a formação de psicólogos.
Dissertação de Mestrado, PUC-SP, 1983 apud
ANCONA-LOPEZ, M. Introduzindo o psicodiagnóstico
grupal interventivo: uma história de negociações: In:
ANCONA – LOPEZ, M (Org). Psicodiagnósticos:
Processo de Intervenção. São Paulo: Cortez, 1998,
p.65-114.

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