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SIDNEY SHINE
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Es ta a ula f oi r ea liz a da sob os a usp íc i os da C o or de n a d o ri a da Fa m í lia d o Tr i b u na l
d e J u st i ç a de Sã o P a u l o e E sc o l a P a ul i sta da Ma gi s tr at ur a n o d ia 1 2 d c a g o st o d e
2 0 1 4 , c on t a n d o c om a p a r ti ci p a çã o d o J u iz d e D ir ei t o d a 1 2 ª Var a da Fa míl ia d o F or o
C e n tr a l d e Sã o P a u l o, D r . R ic a r d o P er e ir a J ú ni o r .
2
E st e é u m ve l h o br o c ar d o q ue v e m d o Dir e it o R o ma n o e q u e é ad ot a d o n os
J u di ci ár i os de E s ta d os d emo c r á ti c os. “ M u n d o” , ne s se a xi om a jur í dic o, t em o se nt i d o
de ve r da d e r ea l . Nã o é ve r da de se não e st á n os au t os . In:
h t t p: // g1 . gl ob o. c om / p ol i tic a / me nsa l a o/t r a d uz i n d o- j u l ga m e nt o/ p l a t b / 2 0 1 2 /1 0 / 0 5/ o-
q u e- n a o- e st a- n os- a u t os- na o- e sta- n o- m u n d o/ C on s ul ta e m 0 6. 0 2. 1 4.
1
Portanto, nada mais justo que dedicarmos uma aula específica
sobre este tema.
2
qual remetemos o leitor interessado. Faremos um recorte para retomarmos uma das
hipóteses que levantamos para sua existência: a economia de tempo.
3
Penso ser oportuno também explicar que utilizarei um modelo
na prática de formação do psicólogo que se chama supervisão. De uma maneira ampla,
podemos dizer que o conhecimento que o psicólogo adquire pode ser por meio do
estudo teórico (aula), aplicação da teoria em um caso específico (supervisão) e
desenvolvimento da capacidade perceptiva de si e do outro (terapia). Portanto,
normalmente em uma aula de Psicologia o professor busca trazer referências
bibliográficas e alinhavar seu pensamento apoiado em uma teoria respaldada nos
autores reconhecidos nela. É o recurso usual para se atingir um número grande de
pessoas ao mesmo tempo. A supervisão tem uma estrutura mais focal; geralmente é
individual ou em grupo pequeno em que há a exposição de um caso prático em que e
pelo qual a teoria (dada na aula) é testada, posta em prática para se conhecer mais
tanto do caso (a pessoa atendida/analisada/periciada) quando das limitações e
modificações necessárias da teoria em um processo de construção do conhecimento.
Guardadas as proporções podemos dizer que é como uma "aula particular" em que o
aluno não precisa se contentar com uma fala genérica, mas traz as suas dúvidas
específicas para ser apreciado e debatido com o supervisor/professor. Outro tipo de
aula particular é a terapia3. Só que o objeto da aula é a própria pessoa! A terapia seria
a terceira forma de se aumentar o conhecimento psicológico, mas voltada ao próprio
sujeito que precisa afinar o instrumento pelo qual conhece. É a aplicação da teoria
sobre si mesmo; é o treino de se auto-aplicar o pensamento pelo qual vai buscar
compreender o outro. Conhecer-se a si mesmo para conhecer melhor o outro.
3
Fa ç o a r es sa l va q u e e x i st e m e n q u a dre s d e ter a p i a q ue sã o gr u pa is e nã o i n di vi d u a i s.
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DIRETRIZES BÁSICAS
Mas fiz um atendimento rápido de uma pessoa (usuário) e o Juiz somente quer saber
sobre o encaminhamento. É necessário escrever tudo aquilo que a Resolução diz ser
necessário?
- Uma vez que você atendeu o usuário, não está sendo demandado a dar uma
declaração nem um atestado e, o parecer, seria uma resposta a uma questão
problema que não implica em um atendimento clínico, então, o que vc. precisa fazer é
um laudo ou relatório.
Mas o que você quer dizer com "tudo aquilo"? Por que na verdade, simplificando, o
que seria necessário constar no documento escrito é basicamente:
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1. A quem é destinado.
3. Quem o escreve.
5. E qual é a resposta.
1. A QUEM É DESTINADO
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Uma vez que atendemos (clinicamente) os usuários do Poder
Judiciário ao atendermos (a determinação) ao Juiz é preciso discriminar as pessoas4
que receberam nossa atenção clínica.
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Esc lar e ç o q ue u ti li z o " u su á ri o" d e ac or d o c om o d oc u m e nt o d o C R E POP : "P er a n t e
a i n da ga çã o s ob r e q ue m se r ia o u s u ár i o d o tr a ba l h o d e se n v ol vi d o p or ps ic ól o g os q u e
a t ua m e m V ar a s de Fa mí l ia, a p on t a - se q u e, c om o o tr a ba l h o é e nca m i n ha d o ou
d e se n v ol vi d o n o P od er Ju d i ciár i o, o u s uá r i o é o j u ri s di ci on a d o, ou se j a , a q ue l e q u e
e stá se n d o ate n d i d o pe l o P ode r J u d ic iár i o.
N o c aso d a s Va r a s d e Fam íl ia , de n tr o d e sta f or ma de c om p r ee n de r o t e r mo, u suár i os
d o s ser vi ç os d os p s ic ól o g os se r ia m a s f a mí li a s e s eu s me mbr o s, p or t a n t o, sã o e sses
o s c li e nte s q u e de ve m t e r o si gi l o r e s gu ar d a d o.
E n te n de - s e q ue a pe n as n o ca s o d e o p s ic ól o g o e sta r a t u a n d o c om o a s si st e nt e t éc n i c o
é q u e se u cl ie nt e ser ia u ma das p a rt e s e n v ol v i d as n o p r oce s so, e n ã o a f a míl i a t od a .
M e sm o a ss i m, o pr of issi on a l nã o d e ve de s pr e za r o da d o de q u e es tá li da n d o c om
q u e stã o i n scr it a e m u ma d i nâ m ica f a m il ia r " (C on se l h o Fe de r a l d e Psic ol o gi a
R ef er ê nc i a s t é c ni ca s par a a t ua çã o d o ps ic ó l o g o e m Var a s de Fa m íl ia. B r así l ia: C FP ,
2 0 1 0 . p . 2 3 e 2 4) .
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imediata de que fase do desenvolvimento infantil ou do adolescente estaremos
trabalhando. Vide exemplo abaixo.
PROC. Nº 0051401-95.2011.8.26.0100
Ou
PROC. Nº 0003270-26.2012.8.26.0100
3. QUEM O ESCREVE
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SIDNEY SHINE, psicólogo judiciário, matrícula nº
802.704-7, vem, mui respeitosamente, à presença de V. EXA. apresentar
o laudo psicológico como determinado.
CRONOGRAMA
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S H I N E , S . A E s p a d a d e S a l o m ã o . A P s i c o l o g i a e a D i s p u t a d e G u a r d a d e Fi l h o s . S ã o P a u l o : C a s a d o
Ps icólog o, 2 00 3. 3 02p.
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- 08/05/13 – Reunião Técnica com a Sra. IRANEIDE (Assistente
Técnica).
- 20/06/13 – Cancelado.
5. E QUAL É A RESPOSTA
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Portanto, para bem responder a este item, já que nós não
podemos ir direto à Conclusão, temos que primeiro nos apropriarmos da pergunta ou
do questionamento que nos é feito (sempre em termos alheios ao nosso campo) para
daí experimentarmos uma resposta possível.
Exemplos abaixo:
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Exemplo 2. O foco nesta perícia recaiu sobre a questão da guarda do filho
de 4 anos e 11 meses e o esquema de VISITA pertinente.
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O que em Psicologia não é de "natureza subjetiva"? A precisão
a que se refere esta passagem somente pode ser alcançada se conseguirmos passar ao
leitor a segurança de que o dado de "natureza subjetiva" revela mais da subjetividade
de nossos usuários do que as preferências, valores, preconceitos e vieses de nós
mesmos. Como fazer?
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Obrigado e espero que tenha ajudado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERRY, K. K. “The mental health specialist as child advocate in court”. In: TEXTOR, M.R.
(ed.) The divorce and divorce therapy handbook. New Jersey: Jason Aronson Inc., p.
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______________________________. Manual de Elaboração de Documentos
Decorrentes de Avaliações Psicológicas. Resolução n. º 07/2003. Internet.
www.crpsp.org.br em 14/03/04.
RAMOS, M.; SHINE, S.K. A família em litígio. In: RAMOS, M., (Org.), O Casal e a Família
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ROVINSKI, S.L.R. Fundamentos da perícia psicológica forense. São Paulo: Ed. Vetor,
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SHINE, S. K. Atuação dos psicólogos nas Varas da Família e Sucessões. In: TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Manual Do Curso De Iniciação Funcional Para
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_________. Andando no fio da navalha: riscos e armadilhas na confecção de laudos
psicológicos para a justiça. 255 f. Tese (Doutorado em Psicologia) - Universidade de
São Paulo, São Paulo (SP), 2009.
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