Você está na página 1de 238

PSICOPATOLOGIA DA

APRENDIZAGEM

Prof. Gleydson Rocha de Souza


Quem sou EU?
Prof. Gleydson Rocha

- Psicólogo
- Pedagogo
- Analista de Sistemas
- Mestrando em Psicologia

Especialista:
- Docência no Ensino Superior
- Psicopedagogia
- Psicomotricidade

Discussões
- Psicologia Escolar, Afetividade, Inclusão,
Saúde Mental em Ambientes
Educacionais, Ambientes Virtuais de
Aprendizagem, TICs
Discussões da disciplina
● Definição de psicopatologia;
● História da psicopatologia;
● Conceitos de normalidade e o patológico;
● Funções mentais básicas e suas alterações;
● Abordagem da educação inclusiva e psicopatologias;
● Psicopatologia e o processo de aprendizagem;
● Psicopatologias no ambiente escolar:
○ TDAH;
○ Transtorno específico de aprendizagem;
○ Transtorno opositivo desafiador;
○ Transtorno do espectro autista;
○ Transtorno de desenvolvimento intelectual.
Psicopatologia: Definições, Conceitos, Teorias e Práticas

Slide para parágrafo de texto


Para começar, vamos de uma questão!
Ano: 2021 Banca: MS CONCURSOS Órgão: Prefeitura de São Francisco do Guaporé -
RO Prova: MS CONCURSOS - 2021 - Prefeitura de São Francisco do Guaporé - RO –
Psicólogo, Adaptada: Gleydson Rocha

Qual conceito mais se aproxima da Psicopatologia?

A) É um campo clínico e de investigação teórica da psique humana independente da


Psicologia, com origem na Medicina.
B) É uma área do conhecimento que objetiva estudar os estados psíquicos
relacionados ao sofrimento mental. É a área de estudos que está na base da psiquiatria,
cujo enfoque é clínico.
C) É uma abordagem específica, ágil e orientada no problema atual do paciente.
D) Dá ênfase às interações entre as emoções, pensamentos, comportamentos e
estados fisiológicos.
Um Estranho no Ninho | Quem é o louco em uma
sociedade doente?

Randle McMurphy tem uma ficha policial marcada por episódios de


agressão e violência. Quando é novamente detido e sentenciado, sua
defesa alega insanidade, e é mandado para um hospital com pessoas
mentalmente instáveis. Lá, conhece a enfermeira Ratched, com quem
entra em conflito pela maneira como ela trata os outros internos.
McMurphy inicia uma mudança no lugar, incentivando os pacientes a
imporem suas vontades, o que mexe com a rotina e muda a vida de
todos.
Um Estranho no Ninho | Quem é o louco em uma
sociedade doente?
Slide para parágrafo de texto
Definições de Psicopatologias
● DEMINCO, Marcus. PSICOPATOLOGIA: Definições, Conceitos, Teorias
& Práticas, 2018. Disponível em:
http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A1200.pdf
Definições de Psicopatologia | A etimologia da
expressão Psicopatologia

Psychê • Que produziu "psique", "psiquismo", "psíquico",


"alma"

Pathos
• Que resultou em "paixão", "excesso",
"passagem", "passividade", "sofrimento",
"assujeitamento", "patológico"

Logos • Que resultou em "lógica", "discurso",


"narrativa", "conhecimento"
Definições de Psicopatologia | A etimologia da
expressão Psicopatologia

● Psicopatologia pode ser compreendida como um discurso ou um


saber (logos) sobre a paixão, (pathos) da mente, da alma (psiquê).

● Um discurso representativo a respeito do pathos psíquico; um


discurso sobre o sofrimento psíquico sobre o padecer psíquico.

● A psychê é alada; mas a direção que ela toma lhe é dada pelo pathos,
pelas paixões.

(BERLINCK, 1998 apud CECCARELLI, 2005).


Definições de Psicopatologia
“A expressão Psicopatologia, que deu nome ao que muitos médicos
faziam, principalmente na França, na Alemanha e na Inglaterra,
durante todo o século XIX, inaugurou a tradição médica que se
manifesta, até hoje, nos tratados de psiquiatria e de Psicopatologia
médica. O aparecimento da Psicopatologia como disciplina organizada
se dá com a publicação da Psicopatologia Geral *.”

(BERLINCK, 1998 apud CECCARELLI, 2005).


Definições de Psicopatologia
● Para Jaspers a Psicopatologia é uma ciência complexa: é uma ciência
natural, destinada à explicação causal dos fenômenos psíquicos
mediante os recursos e teorias acerca dos nexos extraconscientes que
determinam esses fenômenos; e é ciência do espírito, voltada para a
descrição das vivências subjetivas, para a interpretação das suas
expressões objetivas e para a compreensão de seus nexos internos e
significativos.

● Barlow & Durand (2008) também salientam que a Psicopatologia é um


termo ambíguo: refere-se tanto ao estudo dos estados mentais
patológicos, quanto à manifestação de comportamentos e experiências
que podem indicar um estado mental ou psicológico anormal.
Definições de Psicopatologia
● Baumgart (2006 apud FERNANDES, 2008) destaca que atualmente a
Psicopatologia tem dificuldade de coesão teórica devido aos muitos
discursos que abarca. Percebe-se que os conhecimentos a ela
relativos parecem constituir-se apenas como um aglomerado de
especialidades.

● A Psicopatologia, em acepção mais ampla, pode ser definida como o


conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser
humano (CAMPBELL, 1986 apud DALGALARRONDO, 2000).
Psicopatologia | Diálogo com diferentes campos do
conhecimento

Psicologia •Ciência que se preocupa com o comportamento humano em seus


aspectos e condutas observáveis

Psicanálise
•Procedimento investigativo dos processos mentais que são quase
inacessíveis por qualquer outro modo, um método (baseado nessa
investigação)

Neurologia
•Estuda e atua nas doenças estruturais, provenientes do Sistema Nervoso
Central (encéfalo e medula espinal), do Sistema Nervoso Periférico (nervos
e músculos) e de suas estruturas invólucros (meninges).

Psiquiatria
•Lida com a prevenção, atendimento, diagnóstico, tratamento e reabilitação
das doenças mentais em humanos, sejam elas de cunho orgânico ou
funcional.
História da psicopatologia | Significado e evolução
dos conceitos de normalidade e patologia

COCIUFFO, T. Encontro marcado com a loucura:


ensinando e aprendendo psicopatologia. São
Paulo: Luc Editora, 2001. cap. I, II.
Os modelos de doença mental tem um contexto
histórico
• Por milhares de anos, tentamos explicar e controlar o
comportamento problemático
– O que é definido como normal e o que é patológico é, em parte,
contingente
– Foucault (1972): o discurso sobre a loucura durante os séculos XV a
XIX é um discurso sobre formas de poder, isolamento e punição

• Barlow e Durand: didaticamente, podemos identificar três teorias


principais sobre a loucura: o modelo sobrenatural, o modelo biológico,
e o modelo psicológico
BARLOW, D. H; DURAND, V. M.. Psicopatologia: Uma abordagem integrada. Tradução Noveritis do Brasil.
7a. ed. São Paulo: Cengage Learning Nacional, 2016.
O início da “psicopatologia biológica”: Hipócrates e
Galeno

•Hipócrates (460-377 a.C.) - “pai da medicina


ocidental”

•Considerava o encéfalo como a sede da


sabedoria, da consciência, da inteligência, e das
emoções
O início da “psicopatologia biológica”: Hipócrates e
Galeno

•Corpo hipocrático sugeria que os transtornos


mentais:
–podem ser tratados como qualquer outra doença
–podem ser causados por patologias do cérebro
ou por traumas
–podem ser influenciados por fatores hereditários

• Estresse psicossocial

•Histeria (aprendeu dos egípcios) para descrever


sintomas físicos sem causa física aparente
O início da “psicopatologia biológica”: Hipócrates e
Galeno
Cláudio Galeno (129-198 d. C.) - adotou
algumas das ideias de Hipócrates,
desenvolvendo a patologia humoral

O funcionamento normal do encéfalo está


relacionado a quatro fluidos corporais, os
humores
Sangue (coração), Bile negra (baço),
Bile amarela (fígado), Fleuma
(encéfalo)
Bile negra = mélas cholé; baço = spleen
A antroposofia e a pedagogia Waldorf ainda
assumem esses modelos!
A patologia humoral e a terapêutica
Úmido

O excesso de um ou mais humores


leva a patologia; o tratamento
depende da regulação do ambiente,
aumentando ou diminuindo o calor, o
frio, a umidade, ou a aridez.
Frio Quente

A patologia humoral também


produziu a prática da sangria, com
retirada de uma quantidade
específica de sangue para
“reequilibrar os humores”

Seco
A “tradição sobrenatural”

• Barlow & Durand: suposição de que agentes externos ao


organismo influenciam o comportamento, pensamento, e
emoções (divindades, demônios, espíritos, campos
magnéticos, signos do zodíaco, &c)

• Millon (2004): no Império Persa (900-600 a.C.), todas as


doenças físicas e mentais eram consideradas atos dos
demônios

• Mais comumente identificado com o período medieval; como


consequência, esses agentes externos também são agentes
morais
A psicopatologia medieval

•Nossas ideias sobre as doenças mentais na


Idade Média baseiam-se na literatura médica
que sobreviveu da época

•Grande Cadeia do Ser: o papel social de cada


um é intrínseco à estrutura e função da
sociedade e da ordem divina
– Alguns autores sugerem que, considerando o
ajuste do camponês ‘médio’ ao seu ambiente
social, “sua saúde mental era provavelmente Por Didacus Valades (Diego Valades) -
Rhetorica Christiana, Domínio público,
melhor do que a nossa” (Huizinga) https://commons.wikimedia.org/w/index.p
hp?curid=1688250
A psicopatologia medieval

•É provável que existisse uma atitude


“ambivalente que a Igreja manifestava
perante o louco. Por um lado, eram
considerados bestiais (….), por outro mereciam
caridade especial”
Bruxas e demônios na psicopatologia do séc. XIV

• Grande Cisma do Ocidente: entre 1309 e 1377, residência


do papado foi alterada para Avignon (sul da França)

• O papado foi restabelecido em Roma em 1378, mas o


papa eleito Urbano VI foi considerado muito autoritário, e
o Colégio dos Cardeais anulou a votação, e o novo eleito
Clemente VII passou a residir em Avignon

• Papa e Antipapa reclamavam o poder sobre a Igreja


Católica; a Igreja Romana afirmou que essa heresia se
dava por ação do demônio
Bruxas e demônios na psicopatologia do séc.
XIV
• Pobres, judeus, mendigos, homossexuais, hereges, estrangeiros,
leprosos, e doentes mentais passam a ser considerados mais marginais
e desviantes

• Aumento do foco em supostas ações sobrenaturais sobre o mundo facilita


a noção de que o comportamento “bizarro” dos que sofrem de
transtornos mentais é causado por bruxas e demônios

• “Seguiu-se que os indivíduos dominados por maus espíritos eram


considerados responsáveis por qualquer infortúnio experimentado pelos
moradores das cidades, o que inspirou uma ação drástica contra os
possuídos”
Bispo Nicole D’Oresme

• Um dos principais conselheiros do rei


francês

• Sugeriu que uma doença da bile negra,


em vez de demônios, era a fonte de
comportamentos desviantes

• Argumentava que muito da evidência


para a existência da bruxaria
(principalmente entre os considerados
insanos) foi obtida sob tortura, que
confessariam qualquer coisa
Estresse e melancolia na psicopatologia medieval
• Forte opinião de que alguns sintomas eram fenômenos naturais

• Patologia humoral – herança clássica do corpo hipocrático


– Soma-se um caráter moral: os melan-

cólicos, fleumáticos, e coléricos são


descritos como degenerados; os san-
guíneos são descritos como represen-
tando o homem, como intentado por
Deus durante a criação
• Cassianus (séc. IV): acedia, um tipo de
tédio inquieto acompanhado por um desejo de mudar de ambiente,
descrito em monges de monastérios do deserto
Estresse e melancolia na psicopatologia medieval
• A sistematização continuada da patologia humoral levou a uma
acentuação das diferenças entre duas formas de melancolia:
–Melancolia como excesso de bile negra natural
–Melancolia como excesso de bile negra não-natural, resultante da
combustão de um dos quatro fluidos

• Nos pacientes do primeiro caso, “a meditação dá lugar à tristeza. Sua


atitude antes sincera e carinhosa para com a vida imerge em uma
atitude de ansiedade e pessimismo”

• A combustão da bile negra gera humor mórbido, com preocupação com


a morte; a combustão da bile amarela gera mania; a combustão do
sangue produz sentimentos de alegria (euforia) ao invés de tristeza
Quais transtornos/síndromes são descritos?

• A “etiologia” da combustão sugere que a algumas psicoses


“funcionais” eram descritas como melancólicas, enquanto alguns
estados psicóticos eufóricos estavam sob a rubrica da mania

• Tanto a melancolia quanto a mania podem ter incluído condições


relacionadas a fenômenos religiosos; Kroll e Bachrach (1982) estudaram
134 visões religiosas de franceses e ingleses, dos sécs. VIII a XII, mas só
identificaram 4 com características psicóticas (em termos modernos)

• O alcoolismo era menos comum antes do séc. XVI, quando bebidas


destiladas baratearam
Figuras da loucura na Baixa Idade Média

• Imagens altamente estilizadas na literatura e nas artes

• Heróis do ciclo arturiano (Percival, Yvain, Lancelot, Tristão, Merlin)


sofrem, como resultado de amores não-correspondidos, de episódios
de loucura aguda; corriam nus na floresta, agindo de forma violenta e
destrutiva (reminiscente de mania delirante)

• Visio Willelmi de Petro Ploughman – poema dedicado aos mais pobres;


descrição de uma correlação entre estados de ânimo e fases da lua
(“lunático”)
Figuras da loucura na Baixa Idade Média

• “A substituição do tema da morte pelo da loucura não marca uma


ruptura, mas sim uma virada no interior da mesma inquietude.
Trata-se ainda do vazio da existência, mas esse vazio não é mais
reconhecido com termo exterior e final, simultaneamente ameaça e
conclusão; ele é sentido do interior, como forma contínua e
constante da existência. E enquanto outrora a loucura dos homens
consistia em ver apenas que o termo da morte, agora a sabedoria
consistirá em denunciar a loucura por toda parte, em ensinar aos
homens que eles não são mais que mortos, e que se o fim está
próximo, é na medida em que a loucura universalizada formará uma
só e mesma entidade com a própria morte (Foucault, 1972, p. 16)”
FOUCAULT, M.. História da loucura na Idade Clássica. São Paulo: Perspecctiva,
1972.
A terapêutica medieval
• Os dados sobre a terapêutica medieval são bastante escassos; alguns
sugerem que os doentes eram mantidos em suas casas ou nas casas de
parentes e amigos da comunidade imediata
–“De fato, durante os séculos XIV e XV, pessoas insanas, juntamente com
as pessoas com deformidades físicas ou incapacitadas, eram
transferidas de casa em casa nos vilarejos medievais, de forma que os
vizinhos se revezavam para cuidar delas.” (Barlow & Durand, p. 9)
–Outros, entretanto, podem ter sido forçados à mendicância, sendo
expulsos de um vilarejo a outro

• Existem evidências de que pessoas agressivas ou incontroláveis eram


mandadas para igrejas, porque essas eram feitas de pedra e poderiam
resistir mais à violência; no entanto, as igrejas também tinham a tradição
de santuário
O discurso sobre o louco na Alta Idade Média

• “Desde a Alta Idade Média, o louco é aquele cujo discurso não pode
circular como o dos outros: pode ocorrer que sua palavra seja
considerada nula e não seja acolhida não tendo verdade nem
importância, não podendo testemunhar na justiça, não podendo
autenticar um ato ou um contrato [...] Era através de suas palavras que
se reconhecia a loucura do louco; elas eram o lugar onde se exercia a
separação; mas não eram nunca recolhidas nem escutadas” (Foucault,
1996, p. 10–11).
Prerogativa Regis

• 1255-1290, seções 11 e 12, dividia os doentes mentais em duas categorias:


“tolos naturais” (problemas de desenvolvimento cognitivo) e “non
compos mentis” (pessoas sofrendo com sintomas temporários e
marcados por intervalos de lucidez)
–O diagnóstico do primeiro caso baseia-se na capacidade de fazer
cálculos numéricos simples; no segundo caso, baseia-se em problemas
de memória e entendimento, e evidência de comportamento
irracional
Prerogativa Regis

• O rei deve proteger indivíduos dessas categorias (e a sua propriedade)


da exploração alheia: no primeiro caso, o rei deve expropriar o insano e
prover sustento; no segundo caso, não há expropriação, mas o rei deve
criar um sistema de manutenção mais extenso

• Por vezes, esse sistema podia ser baseado na transferência de direitos de


custódia para sujeitos privados, que aceitavam a responsabilidade em
troca de uma taxa
–A obrigação de proteger os doentes mentais passa gradualmente
dos parentes para uma autoridade pública
Os hospitais medievais
• A transição do cuidado privado para o público
levou à centralidade do hospital

• “Posteriormente, aparecem, na Europa,


instituições hospitalares (muitas vezes
filantrópicas) destinadas a dar tratamento médico
a doentes sem recursos e que passam a acolher e
tratar também os loucos. O tratamento da loucura
nessas instituições ficava, via de regra, a cargo de
pessoas sem formação médica, religiosos, quase
sempre” (Pessotti, p. 152)

• É provável que os pacientes – principalmente


quando violentos – fossem mantidos em
confinamento solitário em condições
primitivas – tollkisten
A ascensão da ideologia burguesa e a mudança de
perspectiva
• Os eventos do séc. XIV (peste, guerra perpétua, cismas)
destruíram a visão teocêntrica da Grande Cadeia do Ser
• Entre os sécs. XIII e XIV, a ascensão de uma ideologia
baseada no trabalho e no comércio demoliu a Grande
Cadeia do Ser
• “Subjetividade privatizada” – início de uma concepção de
individualidade, ainda que essencialmente calcada numa
visão de mundo cristã – expressão dos sentimentos ganha
aceitação social (amor cortês, relações maritais como fonte
de gratificação)
• A atividade (principalmente o trabalho) passa a ser o
definidor do que se é, contribuindo enormemente para
colocar aqueles que não se conformavam no papel de párias
A loucura na Idade Clássica: Foucault
• “Os loucos tinham então uma existência
facilmente errante. As cidades
escorraçavam-nos de seus muros;
deixava-se que corressem pelos campos
distantes, quando não eram confiados a
grupos de mercadores e peregrinos”
(Foucault, 1972, p. 8).

• Para Foucault, na Idade Clássica a


exclusão não se dá pela simples
indiferença à loucura, mas porque esta
começa a se revelar como ameaça do
desatino, do perigo constante
identificado na ideia do mal.
FOUCAULT, M.. História da loucura na Idade Clássica. São Paulo: Perspecctiva, 1972.
A loucura na Idade Clássica: Foucault

• Nas representações artísticas, aparecem


“[a]s figuras da visão cósmica e os
movimentos da reflexão moral, o
elemento ‘trágico’ e o elemento ‘crítico’.”
(Foucault, 1972, p. 27); a loucura
repreesnta o que há de trágico e
defeituoso no homem.

FOUCAULT, M.. História da loucura na Idade Clássica. São Paulo: Perspecctiva, 1972.
A loucura na Idade Moderna: Foucault
• Com a passagem dos séculos XVI e XVII, a experiência trágica perde sua
força, dando espaço à figura da loucura como desrazão
• “A experiência clássica da loucura nasce. A grande ameaça surgida no
horizonte do século XV se atenua, os poderes inquietantes que habitavam a
pintura de Bosch perderam sua violência. Algumas formas subsistem, agora
transparentes e dóceis, formando um cortejo, o inevitável cortejo da razão. A
loucura deixou de ser, nos confins do mundo, do homem e da morte, uma
figura escatológica; a noite na qual ela tinha os olhos fixos e da qual nasciam
as formas do impossível se dissipou. O esquecimento cai sobre o mundo
sulcado pela livre escravidão de sua Nau: ela não irá mais de um aquém para
um além, em sua estranha passagem; nunca mais ela será esse limite fugidio
e absoluto. Ei-la amarrada, solidamente, no meio das coisas e das pessoas.
Retida e segura. Não existe mais a barca, porém o hospital.” (FOUCAULT,
1972, p. 42).
O século XVII e a Grande Internação

•“No século XVII, na Itália e na França, os loucos tranqüilos eram


deixados em suas próprias casas ou perambulavam pelas estradas,
expondo-se ao riso público. Quando eram perigosos ou agressivos, eram
trancafiados junto com delinqüentes comuns, acorrentados e
entregues aos carcereiros. Simultaneamente, alguns loucos, mais
afortunados, eram recolhidos por instituições de caridade, cujo número
crescia no final do século XVII
O século XVII e a Grande Internação

Nas últimas décadas desse século, os alienados passaram a ser


recolhidos sistematicamente em hospitais civis (gerais), mas sempre
trancados nos locais mais apartados, lúgubres e insalubres dos
hospitais. Freqüentemente eram colocados junto aos pacientes com
doenças incuráveis. Sem assistência médica, quase sempre. Eram
confiados ao arbítrio de guardas rudes, munidos de chicote e bastão.
De costume, eram presos a correntes, fixadas ao pavimento ou à
parede” (Pessotti, 1995, p. 154)
O século XVII e a Grande Internação
• “A internação é uma criação institucional própria ao
século XVII. Ela assumiu, desde o início, uma
amplitude que não lhe permite uma comparação
com a prisão tal como esta era praticada na Idade
Média. Como medida econômica e precaução social,
ela tem valor de invenção. Mas na história do
desatino, ela designa um evento decisivo: o
momento em que a loucura é percebida no
horizonte social da pobreza, da incapacidade para o
trabalho, da impossibilidade de integrar-se no grupo;
o momento em que começa a inserir-se no texto dos
problemas da cidade. As novas significações
atribuídas à pobreza, a importância dada à obrigação
do trabalho e todos os valores éticos a ele ligados
determinam a experiência que se faz da loucura e
modificam-lhe o sentido.” (Foucault, 1972, p. 78).
O surgimento da psiquiatria no séc. XVIII
“no século XVIII o internamento
em casas reservadas
estritamente aos loucos
começa a ser praticado de
modo regular [...] Esse é um
dado quase inteiramente novo
em relação ao século XVII.
Muitos loucos, que cinquenta
anos antes teriam sido
encerrados nas grandes casas
de internamento, encontram
agora uma terra de asilo que é
só deles.” (Foucault, 1972, p. 382)
O surgimento da psiquiatria no séc. XVIII
Essas instituições caracterizam-
se “por acolher apenas doentes
mentais e dar-lhes tratamento
médico sistemático e
especializado (…). Existiam já
antes do século XIX, embora
sua função hospitalar ou
médica fosse, então, reduzida a
bem pouco, visto que a figura
do médico especialista em
tratar loucos, o alienista ou o
freniatra, surgiria apenas no
século XIX” (Pessotti, p. 152)
O surgimento da psiquiatria no séc. XVIII
• A psiquiatria surge nesse momento,
com a transição do asilo custodial para
o asilo terapêutico
– Necessidade de estabelecer um
corpo médico capacitado para
administrar essas instituições de
uma forma que fosse benéfica ao
paciente → conhecimento dos
transtornos mentais, da terapêutica,
e do uso benéfico do ambiente

• William Battie (1760),


• Vincenzo Chiarugi (1780),
• Philippe Pinel (1790)
Phillipe Pinel
1793 – empossado como “médico das
enfermarias” no Hospital de Bicêtre –
400 homens aprisionados, dos quais
metade eram doentes mentais

Recrutou Jean-Baptiste Pussin, ex-


paciente curado de tuberculose
linfática

Aplica uma administração não-


violenta, não-médica aos pacientes,
que chamaria de “tratamento moral”
“Nosographie philosophique ou méthode de
l'analyse appliquée à la médecine”
Nosologia baseada nas ideias de William Cullen,
aplicando uma taxonomia baseada na
sistemática, com “gêneros” e “espécies” de
transtornos

1. Melancolia - “taciturnicidade, um ar pensativo, suspeitas mórbidas, e


um amor pela solidão”; pode apresentar formas opostas (senso
exaltado de auto-importância e expectativas irrealistas, ou
profundo desespero e grande depressão)
2.Mania sem delirium – paroxismos de fúria e violência, sem prejuízo
Cinco tipos básicos de das funções cognitivas; pode ser contínua ou cíclica
transtornos mentais: 3.Mania com delirium – indulgência e fúria, com prejuízo das funções
cognitivas; forte presença de delírios; pode ser contínua ou cíclica
4.Demência – “abolição do pensamento”; ausência de pensamento,
incoerência extrema, anormalidades
5.Idiotismo - “obliteração das faculdades intelectuais e afetações”
As raízes da psicopatologia biológica

• Influências do Iluminismo francês – observação clínica em contexto


hospitalar por um período longo de tempo, eventualmente com
autópsia após a morte do paciente – Pinel, Esquirol, Escola de Medicina
de Paris

• Bayle, Calmeil – inflamação crônica da aracnóide nos encéfalos de


pacientes com demência crônica – paralisia geral do insano: modelo
paradigmático da doença mental → alguns psiquiatras passam a
entender a insanidade como uma entidade única baseada em
patologia orgânica e terminando em demência, aracnoidite, e atrofia
cerebral
O crescimento no século XIX

• Aumento rápido no número de asilos, como resultado de crescente


urbanização e aumento na incidência de transtornos

• Aumento no número de clínicas e sanatórios privados, bem como de


spas e centros de tratamento residencial

• Antes de 1870, “a disciplina da psiquiatria estava confinada


principalmente nas instituições: asilos para os pobres, clínicas privadas
para os ricos (…) No último quarto do século XIX, as clínicas particulares
deslancharam, conforme a psiquiatria adquiria mais conhecimentos
da psicologia”
Johann Heinroth

• Psiquiatra de Leipzig, contemporâneo de Pinel

• Influência de uma “psicologia tripartite” de matriz kantiana (sensibilidade, entendimento,


imaginação) e da ética alemã

• Nosologia com três conjuntos de transtornos:

Delírios (Verrücktheit),
Insanidade (Wahnsinn),
significando “falta de liberdade Mania (Tollheit), significando
significando “falta de liberdade
da mente”, com pensamentos “falta de liberdade da vontade”,
do humor ou sentimentos”
desordenados. Poderia com um desejo de destruição.
(Gemüth), com delírios e
transformar-se em demência, Uma vontade “deprimida” seria
alucinações psicóticas. Poderia
com ausência de incapaz de tomar decisões.
transformar-se em melancolia.
pensamentos.
A primeira Classificação Internacional de Doenças

• Consulta preliminar lançada em 1886

• Americanos, liderados por Clark Bell, propõem uma nosologia de


inspiração pineliana: mania, melancolia, demência, idiotia,
neurossífilis, monomania

• Belgas, liderados por Jules Morel de Ghent, propõem uma classificação


mais sofisticada, incluindo a mania e melancolia, “psicose progressiva
sistemática”, transtorno delirante crônico, “insanidades nervosas”
(histeria, hipocondria, epilepsia), e “insanidade moral e impulsiva”
Wilhelm Griesinger

• Oposição ao idealismo alemão presente;


grande influência do método clínico pineliano;
concepção dos transtornos mentais como
transtornos neurológicos

• Promulgação de reforma asilar e


eliminação da restrição física

• Estabelecimento da psiquiatria acadêmica na


Universidade de Berlim, criando um modelo
de junção de psiquiatria e neurologia
Karl Ludwig Kahlbaum

● Psiquiatra em um asilo no leste prussiano

● Primeiro a classificar doenças com base em


curso temporal e desfecho
1. “Vesânias”: doenças com curso rapidamente
progressivo e que afetam quase todas as funções;
início com melancolia, progredindo para mania e
psicose, e terminando em demência
2. “Vecordias”: doenças com início na puberdade que
se estabilizam após alcançar um pico
3. “Disfrenias”: doenças somáticas, com curso com
recuperação mas sujeitas a recaída
A ascensão dos transtornos das emoções

• Concepções da loucura na França focam-se em alterações da cognição


e do pensamento (loucura como desrazão)
• Na Alemanha, o termo Gemüth descreve o humor e suas alterações
• Por volta de 1850, alterações de Gemüth figuram amplamente nas
nosologias psiquiátricas alemãs, com “doenças emocionais”
A ascensão dos transtornos das emoções

• Shorter: as doenças emocionais não eram encaradas como hereditárias,


por exemplo, e os asilos privados e clínicas particulares rapidamente
capitalizaram em cima desse prestígio: “Agora que tomamos o amplo
campo dos transtornos emocionais [Gemüthskrankheitein] – histeria,
hipocondria, neurastenia – em resumo, todas as doenças do sistema
nervoso geral que raramente não tem influência sobre a função
psíquica... o nome ‘asilo para insanos’ não mais corresponde a
realidade” (Henrich Laehr, 1882)
Outros fatores na ascensão da psicopatologia biológica
alemã
O ataque de Hermann Helmholtz, Emil Du Bois-Reymond, e Ernst Brücke às
teorias vitalistas de Johannes Müller, seu mentor.
• Articulação de um materialismo germânico

Rudolf Virchow – teoria celular da doença (1858) → doenças caracterizadas por


mudanças microscópicas demonstráveis na célula (omina cellule e cellula)
• Patologia passa a ser conceitualizada por sistema orgânico e em termos de processos patológicos
gerais (degeneração, inflamação, circulação, neoplasma, trauma, defeitos congênitos, &c)

Herbert Spencer (1855), Principles of Psychology → implementação do debate


sobre evolucionismo à psicologia associacionista; organização hierárquica,
com base evolutiva, dos processos psicológicos
Emil Kraepelin
● 1856-1926
● 1878: Hospital Mental Distrital de Munique
● 1883: professor em Leipzig, onde inicia interação
profícua com Wilhelm Wundt
● Escreve em 1883, sob influência de Wundt, seu
Compendium der Psychiatrie: Zum Gebrauche für
Studirende und Aertze
● 1903-1922: professor de psiquiatria em Munique,
onde abre um hospital psiquiátrico
● Sofre influência de Griesinger, Kahlbaum, e Wundt
Posições filosóficas
• Realismo: em relação às categorias nosológicas, que seriam tipos
naturais (ou “entidades naturais de doença” [“natürliche
Krankheitseinheiten”]), existindo de forma independente do
pesquisador ou do clínico; ceticismo em relação a métodos orientados
heuristicamente

• Empirismo: apoio ao desenvolvimento e implementação de


experimentos psicológicos e psicofisiológicos na psiquiatria; aspectos
subjetivos (em especial os auto-biográficos) são vistos com ceticismo;
entretanto, considerava a descrição clínica importante

• Paralelismo psicofísico: fenômenos mentais e neurobiológicos são


separados, mas ligados e agindo em “paralelo”; defesa da existência
de fenômenos mentais contra “mitologias do cérebro”
A nosologia de Kraepelin

• Postulado central: realismo filosófico – os achados da anatomia patológica,


da etiologia, ou da sintomatologia clínica (incluindo curso temporal)
necessariamente convergem nas mesmas “entidades naturais de doença”,
porque elas são tipos naturais

• 1880-1891 – busca por um sistema psiquiátrico válido e confiável, baseado


em crenças naturalísticas e no arcabouço da psicologia wundtiana;
– Ainda não havia dementia praecox
– Wahnsinn (“insanidade”): Agrupamento de psicoses paranóides e alucinatórias
clinicamente heterogênea, tendendo à cronicidade
• 1891-1915 – finalização do conceito de entidades naturais de doença;
dicotomia das psicoses endógenas
A nosologia das psicoses em Kraepelin
• “Dementia praecox” – prognóstico ruim; base orgânica postulada
(“auto- intoxicação” levando à destruição de neurônios corticais);
degeneração não é importante

• Doença maníaco-depressiva – diagnóstico melhor; etiologia pouco clara;


proposição de uma “irritabilidade geneticamente determinada do
afeto”; degeneração é importante

• Parafrenia – psicose com sintomatologia clínica aguda e heterogênea,


com o desenvolvimento de deficits permanentes; ausência de alterações
volitivas e baixo grau de embotamento afetivo

• Paranóia: delírios severos e crônicos sem alteração da personalidade e


da volição
A mudança para conceitos funcionais e ambientalismo
• Limitações técnicas fizeram com que a busca por marcadores biológicos
(patologia) não fossem encontrados para a grande maioria das doenças
postuladas
– Nem mesmo para as psicoses, “menina dos olhos” da psiquiatria alemã,
demonstrou-se patologia

• Charcot (1870s-1880s) usa o conceito de neurose funcional para agrupar


pacientes exibindo alterações que não eram factícias, nem apresentavam
defeitos neurológicos demonstráveis
– Introdução do termo “psiconeurose” (com etiologia psicológica) para
diferenciar de neuroses surgindo de disfunções neurais
• Reintrodução de um “dualismo prático”: como as tentativas de identificar a
etiologia patológica não produziram sucesso, mudou-se o foco para a
atenção ao que o paciente fazia e atribuir significado a isso, e então para
afirmar que as experiências de vida eram causadoras de alterações mentais
Karl Jaspers e a abordagem fenomenológica em psicopatologia

• Graduado em Heidelberg em 1908


– Ampla disposição de casos para estudo na Clínica Psiquiátrica
Universitária
– Saúde frágil e inclinação filosófica sugeridas como fatores para
Jaspers ter escolhido trabalhar de forma aprofundada com casos
individuais (Rodrigues, 2005)
– Corpoclínico efervescente, liderança de Franz Nissl, forte influência
kraepeliniana
– Metodenstreit: discussão sobre a epistemologia das ciências humanas;
será possível aplicar um modelo dedutivo-nomológico para as CH?
Karl Jaspers e a abordagem fenomenológica em psicopatologia

• Die Phänomenologiche Forschungsrichtung in der


Psychopathologie (1912): descrição do método fenomenológico e
sua aplicação à psicopatologia

• Allgemeine Psychopathologie (1913): descrições fenomenológica de


experiências específicas, com pouca referência ao método
Karl Jaspers e a abordagem fenomenológica em
psicopatologia

• Phänomenologiche Forschungsrichtung: crítica ao foco da “psicologia


objetiva”: a abordagem exclusiva aos elementos mensuráveis excluiria a
subjetividade da psicologia e da psicopatologia

• Crítica também a “psicologia subjetiva”: alcance limitado da


utilização da empatia como instrumento

• Para Jaspers, a fenomenologia é a primeira etapa desse processo,


distinguindo os fenômenos subjetivos, descrevendo-os e nomeando-os →
posicionamento pré-teórico e livre de pressuposições
Karl Jaspers e a abordagem fenomenológica em
psicopatologia

• Além de trabalhar apenas com os fenômenos realmente vividos pelos


pacientes, propunha que a descrição e delimitação dos mesmos deveria
ser realizada por meio de parâmetros exteriormente observáveis – modo
de surgir, contexto de aparecimento, conteúdo, &c

• Os símbolos usados para a elaboração da psicopatologia deveriam


corresponder aos referenciais utilizados na vida comum; assim, a
estrutura da psicopatologia fenomenológica se sustentaria na
intersubjetividade
Ludwig Binswanger
● Formação psiquiátrica junto a Bleuer e Jung no Hospital
Burghölzli

● Adesão inicial à psicanálise freudiana; afasta-se à medida em


que estuda Husserl e Heidegger: “A direção de pesquisa
analítico existencial em psiquiatria surgiu da insatisfação
quanto aos projetos de compreensão científica da psiquiatria da
época” (Binswanger 1970, p. 115)

● Daseinanalyze: propõe que se examine a questão fundamental


do Ser e das relações do fenômeno psicopatológico com a
existência do sujeito que padece
Daseinanalyse e psicopatologia
• Binswanger parte da Dasein heideggeriana para propor a descrição da
experiência de mundo e as condições de existência tal como estas se dão
nas condições particulares

• Considerou importante, na clínica (que envolve principalmente a relação


intersubjetiva médico-paciente), observar como o paciente vivencia os
modos simultâneos de ser-no-mundo:
– Umwelt: “o mundo ao redor”; mundo natural, biológico
– Mitwelt: mundo com o outro; vida social
– Eigenwelt: Auto-consciência, percepção de si mesmo
Daseinanalyse e psicopatologia

● “Do ponto de vista do fenomenólogo, o essencial de tais fenômenos


psicopatológicos reside em que você não vê jamais um fenômeno
isolado, mas aquele que se desenrola sobre um plano de fundo de
um Eu, de uma pessoa, ou, dito de outra forma, nós o vemos sempre
como expressão ou manifestação emanando de tal ou tal pessoa”
(Binswanger, 1971c, p. 105).
• Influência de John Hughlings Jackson,
Adolf Meyer Thomas Huxley, e da psicologia funcional
americana

• 1928: concepção holística da psicobiologia


(“ergasiologia”); todos os processos orgânicos,
emocionais, e mentais do indivíduo
contribuem à totalidade da pessoa

• Substituição do conceito de doença pelo de


“tipo de reação”, que exigia explicações
fisiológicas e psicológicas

• Grande influência sobre o DSM-I


Adolf Meyer e o DSM-I
• O DSM-I (1952) foi uma • O DSM-I apresenta
classificação descritiva diversas categorias
nosológicas que são
das síndromes mentais
descrita como reações:
na qual as etiologias
–Reações
eram neurológicas ou
psicofisiológicas do
psicobiológicas,
sistema nervoso
dependendo do
–Reações esquizofrênicas
conhecimento da época
–Reações psicóticas
• Conceitos etiológicos involucionais
principais: tipos de
–Reações afetivas
reação (sensu Meyer)
–Reações paranóicas
A psicanálise o DSM-I

• A noção de que o DSM-I representa a decadência da psiquiatria biológica


e a ascensão da psicanálise nos EUA é verdadeira somente em parte
(Aragona, 2015)

• Muitos fundadores da Sociedade Psicanalítica de Nova Iorque foram


alunos de Meyer

ARAGONA, M. M.. Rethinking received view on the history of psychiatric nosology: Minor shifts, major continuities. IN: P ZACHAR, D ST STOYANOV,
M ARAGONA, A JABLENSKY, Alternative perspectives on psychiatric validation: DSM, ICD, RDoC, and Beyond, pp. 37-46. Oxford: Oxford
University Press, 2015.
A psicanálise o DSM-I

• A sobreposição entre as ideias de Meyer e a psicanálise pode ser visa na


definição dos “transtornos psiconeuróticos”: “aquelas alterações nas quais
a ‘ansiedade’ é a característica dominante, diretamente sentida e
expressada, ou automaticamente controlada por defesas como
depressão, conversão, dissociação, deslocamento, formação fóbica, ou
pensamentos e atos repetitivos” (DSM-I, p. 12)

ARAGONA, M. M.. Rethinking received view on the history of psychiatric nosology: Minor shifts, major continuities. IN: P ZACHAR, D ST STOYANOV,
M ARAGONA, A JABLENSKY, Alternative perspectives on psychiatric validation: DSM, ICD, RDoC, and Beyond, pp. 37-46. Oxford: Oxford
University Press, 2015.
A psicanálise e o DSM-I

• Entretanto…
– O objetivo do DSM-I era “prover um sistema de classificação
consistente com os conceitos da psiquiatria e da neurologia
modernas” (DSM-I)
– O DSM-I não restringe os transtornos mentais às “doenças da unidade
psicobiológica”, mas também considera em grande detalhe os
transtornos mentais associados com alterações orgânicas do encéfalo
– Esses transtornos mentais associados com alterações orgânicas do
encéfalo não são reações psicodinâmicas
– Conceitos psicodinâmicos utilizados somente no domínio dos
transtornos psicóticos, neuróticos e de personalidade
O DSM-II (1968)

• Apresentado como uma continuidade do DSM-II, por


também refletir a tradição psicodinâmica e Meyeriana

• No entanto, as definições das neuroses específicas


(neurose de ansiedade, neurose histérica, e assim por
diante) eram basicamente descritivas

• De fato, traços “psicodinâmicos” só persistiram na


definição geral de neurose, em que a ansiedade era
considerada “a característica dominante”

• A principal base para o DSM-II, na realidade, é o CID-8


(Spitzer, 1980)
O desenvolvimento de terapias biológicas

• O interesse renovado nas origens biológicas dos transtornos


mentais levou ao desenvolvimento de novos tratamentos

• von Jauregg (1917) – tratamento de 9 pacientes de neurossífilis com


terapia de febre induzida por malária; respostas favorável em 6 deles →
modelo paradigmático

• Joseph von Meduna (década de 1920) – observação (falsa) de que a


esquizofrenia não se desenvolve em indivíduos com epilepsia o leva a
propor que a convulsão poderia curar a psicose – base da ECT
O desenvolvimento de terapias biológicas

• Coma insulínico – Manfred Sakel, 1927, usa insulina em pacientes


psicóticos para estimular seu apetite; conforme aumenta a dose, os
pacientes entravam em convulsão seguida de coma, e retornavam
deste sem sintomas de psicose

• Reserpina e neurolépticos usados, a partir da década de 1950, para


diminuir sintomas das psicoses
O desenvolvimento de terapias biológicas

● Em que medida o desenvolvimento dessas terapias biológicas


influenciou a psicopatologia?
O DSM-III (1980)

● Grupo “neo-Kraepeliniano” da Washington


University (Robins, Guze, Spitzer): psiquiatria
concebida como uma disciplina médica

● Esse grupo introduziu o conceito de validade


diagnóstica para descrever os programas de
pesquisa de orientação nosológica

● O conceito também era útil para responder às


críticas da antipsiquiatria sobre o “mito” dos
transtornos mentais
O DSM-III (1980)

● Auto-definido como “a-teórico”


○ Essa afirmação não deve ser “uma tentativa de ausência de teorias, mas como uma postura de
suspender o julgamento acerca da etiologia possível de transtornos fenomenalmente definidos”
(Aragona, 2006, p. 48)

● Spitzer propôs a utilização de critérios operacionais dos construtos


diagnósticos (Critérios de Feighner) para avaliar a confiabilidade do
diagnóstico (o grau com que psiquiatras diferentes concordam em
relação ao diagnóstico do mesmo paciente) → critérios psicométricos
(kappa de Cohen)
○ Ã validação desses construtos diagnósticos deveria seguir o proposto por Robbins e Guze
(descrição clínica, testes laboratoriais, diagnóstico diferencial, estudos de progóstico, e estudos
familiais)
O DSM-III (1980)

● Teoria neo-positivista da classificação:


○ Distinção entre diagnósticos científicos e não-científicos
■ Diagnósticos não-científicos apoiam-se nos últimos resíduos psicodinâmicos não-testáveis
ainda presentes no conceito geral de neurose do DSM-II
○ Exclusão dos diagnósticos não-científicos como sem sentido
○ Crença na existência de uma base puramente observável
○ Introdução dos critérios diagnósticos operacionais como regras de correspondência ligando o
nível observacional dos sintomas ao nível abstrato dos transtornos mentais
A base kraepeliniana dos DSMs (Aragona, 2015)

● A lista de categorias diagnósticas proposta por Kraepelin e nos DSMs


é muito semelhante; não é isso que torna o DSM-III “o mais
kraepeliniano” dos DSMs

● O ideal kraepeliniano era enuclear “entidades de doença” para além


de síndromes; mas Kraepelin admitiu que, “ausente a informação
etiopatogênica em muitos casos, a classificação sistemática dos
transtornos psiquiátricos não era possível” (Aragona, 2015) →
estratégia do DSM-III
A base kraepeliniana dos DSMs (Aragona, 2015)

● Além da ausência de informação etiopatogênica, também não existiam


achados consistentes e confiáveis em relação a testes laboratoriais, e
portanto as características descritivas dos construtos ainda eram as
principais características definidoras

● “O que o DSM-III adiciona à aproximação Kraepeliniana de seus


predecessores para torná-la mais Kraepeliniana são as seguintes
características: a) medicina interna como o modelo médico aspirado; b)
a prioridade causal dos mecanismos cerebrais; c) etiologia como o fim
ideal do processo científico; d) ênfase na descrição clínica rigorosa e
diagnóstico diferencial para identificar transtornos mentais” (Aragona,
2015)
DSM-III-R (1987), DSM-IV (1994),
DSM-IV-TR (2000)
DSM-III-R (1987), DSM-IV (1994), DSM-IV-TR (2000)
• Poucas mudanças no DSM-III-R: retirada do termo “neurose”, uso
extensivo de critérios politéticos (i.e., com muitos atributos ou
características, todas possuídas por alguns membros da classe, mas
nenhuma possuída por todos os membros) → mudança para um modelo
de protótipo

• O DSM-III era uma mistura de convencionalismo (concordância entre os


especialistas) e empirismo (“ensaios de campo” para testar a
confiabilidade das categorias)

• O DSM-IV e sua versão revisada colocam mais ênfase sobre as evidências


empírica, refletindo a ascensão de uma “psiquiatria baseada em
evidências”
O sistema multiaxial (DSM-III e DSM-IV)

I.Síndromes clínicas e Condições não-atribuíveis a transtornos mentais


que são foco de atenção ou tratamento
II. Transtornos de personalidade e Transtornos do desenvolvimento
específicos III.Condições médicas agudas ou desordens físicas
IV.Fatores ambientais ou psicossociais contribuindo para desordens
V.Avaliação Global das Funções (Global Assessment of Functioning) ou
Escala de Avaliação Global para Crianças (Children’s Global
Assessment Scale) para jovens abaixo de 18 anos (numa escala de 0 a
100)
O DSM-5 (2013)

● “A esperança inicial do DSM-5 era a introdução


de uma ‘mudança de paradigma’” (Aragona)

● Vários modelos revolucionários foram


propostos:
○ Diagnósticos dimensionais
○ Espectros
○ Diagnósticos baseados em etiologia

● Nenhum foi implementado


O DSM-5 (2013)

Retém a • Dimensionalização limitada (eliminação do


aproximação sistema multiaxial; inclusão de medidas
transversais de severidade de sintomas;
sindrômica perfil dimensional provisório de traços de
das edições personalidade patológicos na Seção III)
• Introdução do transtorno do espectro
anteriores, autista
com • Deslocamento de alguns transtornos para
outros grupos
exceção de:
Como esse percurso histórico nos
permite refletir sobre os conceitos de
normalidade e doença na
psicopatologia?
Dizem que sou louco
● Mutantes - Balada do Louco
DALGALARRONDO, P.
Psicopatologia e semiologia
dos transtornos mentais.
Porto Alegre: Artes Médicas,
2008. cap. 3
Dalgalarrondo: Critérios de normalidade

Normalidade como ausência de doença

Normalidade ideal

Normalidade estatística

Normalidade como bem-estar

Normalidade funcional

Normalidade como processo

Normalidade subjetiva

Normalidade como liberdade

Normalidade operacional
CRITÉRIOS DE NORMALIDADE EM PSICOPATOLOGIA

Normalidade como • indivíduo que não é portador de um


ausência de doença: transtorno mental definido;

• supostamente “sadio”, é socialmente


Normalidade ideal:
construída;

• o normal passa a ser aquilo que se


Normalidade estatística:
observa com mais frequência;

• completo bem- estar físico, mental e


Normalidade como
social, e não simplesmente como
bem-estar:
ausência de doença.
Normalidade funcional: • quando não há sofrimento;

Normalidade como • considera-se os aspectos dinâmicos do


processo: desenvolvimento psicossocial;

Normalidade subjetiva: • se dá maior ênfase à percepção


subjetiva do próprio indivíduo;

• quando não se está limitado em suas


Normalidade como
possibilidades existenciais, como acontece
liberdade:
com a doença mental;
• defini-se “normal” e “patológico” e
Normalidade operacional: trabalha-se operacionalmente c/ estes
conceitos.
Podemos perceber alguns desses conceitos em
diferentes momentos históricos da psicopatologia?
Funções Psíquicas

DALGALARRONDO, P.
Psicopatologia e semiologia
dos transtornos mentais.
Porto Alegre: Artes Médicas,
2008. cap. 3
Consciência
Atenção
Orientação

Funções Psíquicas Sensopercepção


Afetividade
Vontade
Psicomotricidade
Pensamento
Juízo de realidade
Linguagem
Valoração do eu
Personalidade
Inteligência
FUNÇÕES PSÍQUICAS
A significação
Cada aspecto
dos
É sempre a da realidade
Não existem fenômenos é +
pessoa em sua psic. só existe
de forma importante
totalidade que vinculada à
isolada! que a
adoece! história do
descrição de
indivíduo!
sintomas!
Consciência
Atenção
Orientação

Funções Psíquicas Sensopercepção


Afetividade
Vontade
Psicomotricidade
Pensamento
Juízo de realidade
Linguagem
Valoração do eu
Personalidade
Inteligência
ALTERAÇÕES NORMAIS DA CONSCIÊNCIA

Sono normal: um estado comportamental e uma fase fisiológica normal e


necessária.

Sono NREM(rapid eye movements):


● Estágio 1: + leve e superficial;
● Estágio 2: um pouco menos superficial;
● Estágio 3: sono + profundo;
● Estágio 4: sono muito profundo, é + difícil acordar.

Sono REM: semelhante ao estágio 1 NREM. É quando ocorre a maior parte


dos sonhos. Há relaxamento muscular profundo e movimentos oculares
rápidos
ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA CONSCIÊNCIA

● Obnubilação ou turvação da consciência: rebaixamento da consc. em


grau leve e moderado; pac. pode estar claramente sonolento ou
parecer desperto; há lentidão da compreensão e dificuldade de
concentração; demonstra perplexidade.
● Sopor: Marcante turvação da consc.; pac. é despertado apenas c/
estímulo enérgico e doloroso; é incapaz de qualquer reação
espontânea.
● Coma: Grau mais profundo de rebaixamento da consc., pois há
ausência de qq indício de consc. Grau I: semicoma; Grau II: coma
superficial; Grau III: coma profundo; Grau IV: coma dépassé.
SÍNDROMES PSICOPATOLÓGICAS

• rebaixamento leve a moderado da consc.;


Delirium • desorientação termporoespacial;
(distúrbios • dificuldade de concentração;
cerebrais •

perplexidade;
ansiedade em graus variados;
agudos e • agitação ou lentificação psicomotora;
transtornos • discurso ilógico ou confuso e/ou
• alucinações, quase sempre visuais;
psicorgânicos): • oscila ao longo do dia .
SÍNDROMES PSICOPATOLÓGICAS

Estado onírico • estado semelhante ao sonho muito vívido;


(psicoses • atividade alucinatória visual intensa com
caráter cênico e fantástico;
tóxicas, • Há intensa carga emocional, com
abstinência, angústia, terror ou pavor;
• há amnésia consecutiva;
quadros • excitação psicomotora;
febris tóxico- • incoerência do pensamento;
• perplexidade.
infecciosos)
ALTERAÇÕES QUALITATIVAS DA CONSCIÊNCIA

● Estados crepusculares (causas orgânicas): estreitamento transitório


da consc. (certa obnubilação); surge e desaparece de forma abrupta
e tem duração variável; atos explosivos violentos, descontrole
emocional; pode haver amnésia lacunar; Frequente nos casos de
epilepsia, intoxicação por drogas, traumatismo craniano, quadros
dissociativos histéricos agudos e choques emocionais;

● Estado segundo (causas psicogenéticas e choques emocionais): atos


incongruentes, extravagantes e inconvenientes; quase nunca são
graves ou perigosos;
ALTERAÇÕES QUALITATIVAS DA CONSCIÊNCIA

● Dissociação da consciência (quadros ansiosos e histéricos): estado


semelhante ao sonho (estado onírico), geralmente desencadeado
por acontecimentos psicologicamente significativos, gerando gde
ansiedade; o indivíduo “desliga” da realidade p/ parar de sofrer;

● Transe: assemelha-se ao sonhar acordado, porém c/ atividade


motora automática (involuntária) e repetitiva; ocorre em contextos
religiosos e culturais.
ALTERAÇÕES QUALITATIVAS DA CONSCIÊNCIA

● Estado hipnótico: consciência reduzida e estreitada e de atenção


concentrada, induzido por outra pessoa; podem ser induzidos
fenômenos como anestesia, paralisias, rigidez muscular.

● Experiência de quase-morte: são experiências muito rápidas em que


pacientes muito graves referem ter vivenciado experiência de
quase-morte, com sensação de paz, de estar fora do corpo, luz
intensa, contato com entidade mística.
SE LIGA AI!!

● Qq. alteração no nível de consciência reflete no funcionamento


global do psiquismo, por isso deve ser avaliado em primeiro lugar;

● Sempre observar a atitude do paciente (desperto, sonolento);

● Observar se o paciente está perplexo, c/ dificuldade de integrar os


estímulos do ambiente;

● A orientação, sobretudo, a temporoespacial é o melhor meio de se


avaliar o nível de consciência.
Consciência
Atenção
Orientação

Funções Psíquicas Sensopercepção


Afetividade
Vontade
Psicomotricidade
Pensamento
Juízo de realidade
Linguagem
Valoração do eu
Personalidade
Inteligência
ANORMALIDADES DA ATENÇÃO

● Hipoprosexia: (do grego, hypo+prosexis+ia reter pouco) é um termo


médico para a dificuldade em manter a concentração.
● Aproxia: total abolição da capacidade de atenção, por + fortes e
variados que sejam os estímulos.
● Hiperprosexia: atenção, mantendo-se concentrado sem fatigar-se.
● Distração: superconcentração ativa da atenção sobre determinados
conteúdos ou objetos, com a inibição de tudo o mais
● Distraibilidade: é um estado patológico, c/ dificuldade ou
incapacidade p/ fixar-se em qq. coisa que implique em esforço
produtivo.
TRANSTORNOS MENTAIS

● Transtornos do humor / quadros depressivos: geral da atenção,


hipoprosexia;
● Quadros maníacos: atenção salta de um estímulo p/ outro;
● TOC: há vigilância excessiva e desregulada;
● Esquizofrenia: dificuldade de anular adequadamente estímulos
sensoriais irrelevantes enquanto realizam tarefas, lentificação no
tempo de reação em consequência da distraibilidade;
● TDAH: prejuízo relacionado à filtragem de estímulos irrelevantes à
tarefa, com relutância em controlar seus comportamentos e
impulsos.
DICAS!!

● Perguntar ao paciente e à pessoa que o acompanha:

☺Tem dificuldade p/ se concentrar ?


☺ Distrai-se c/ facilidade ?
☺ Não escuta qdo falam ?
☺ Tem problemas p/ finalizar tarefas ?
☺ Perde coisas necessárias p/ a realização das tarefas ?

● A avaliação simples e prática é pedir ao pac. que olhe os objetos que


estão na sala e que logo em seguida cite o que viu.
Consciência
Atenção
Orientação

Funções Psíquicas Sensopercepção


Afetividade
Vontade
Psicomotricidade
Pensamento
Juízo de realidade
Linguagem
Valoração do eu
Personalidade
Inteligência
ORIENTAÇÃO
IMPORTANTE P/ AVALIAR O NÍVEL DE CONSCIÊNCIA!!

AUTOPSÍQUICA AUTOPSÍQUICA

Relação à si Relação ao mundo –


mesmo (3º) – quanto ao tempo
revela se o sujeito (1º) e quanto ao
sabe quem ele é. tempo (2º)
ALTERAÇÕES DA ORIENTAÇÃO

● Redução do nível de consciência (torporosa ou confusa): Há alteração da


atenção, concentração, da capacidade de percepção e retenção dos
estímulos ambientais – Forma mais comum de desorientação!;

● Déficit de memória: típico em quadros demenciais;

● Desorientação apática ou abúlica: indivíduo torna-se desorientado


devido à alteração do humor e da volição;

● Desorientação delirante: convicção plena que estão habitando o lugar


e/ou tempo de seus delírios;
ALTERAÇÕES DA ORIENTAÇÃO

● Por déficit intelectual: grave ou moderado;

● Por dissociação: desorientação histérica, c/ alteração da identidade


pessoal, desdobramento da personalidade;

● Por desagregação: Atividade mental gravemente desorganizada,


desagregação profunda do pensamento;

● Qto a própria idade: discrepância de 5 anos ou mais


● – indicativo de déficit cognitivo na esquizofrenia.
Consciência
Atenção
Orientação

Funções Psíquicas Sensopercepção


Afetividade
Vontade
Psicomotricidade
Pensamento
Juízo de realidade
Linguagem
Valoração do eu
Personalidade
Inteligência
ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS

Hiperestesia: aumento da intensidade e duração das percepções (sons,


ruídos). Ocorre nas intoxicações por substâncias, epilepsia, enxaqueca,
esquizofrenia)

Hiperpatia: queimação dolorosa, produzida por um leve estímulo na pele -


quadros neurológicos;

Hipoestesia: o mundo circundante é percebido como mais escuro – quadros


depressivos.
ALTERAÇÕES QUALITATIVAS
Ilusões: Se caracteriza pela percepção deformada, alterada, de um objeto real e
presente. Ocorre em estados de rebaixamento de consciência, fadiga grave,
estados afetivos alterados. São + comuns as visuais.

Alucinação: Percepção de um objeto, sem que este esteja presente (voz, ruído,
imagem);

Alucinose: Qdo o paciente percebe a alucinação como estranha à sua pessoa.


O paciente reconhece o caráter patológico do fenômeno. Frequente em
quadros psicorgânicos e em intoxicações por alucinógenos.

Pseudo-alucinação: Não apresenta uma imagem perceptiva real. “Parece uma voz (ou
imagem)...” ou que “... É como se fosse uma voz (ou imagem), mas não é bem uma voz”.
Frequente em psicoses orgânicas, estados afetivos, na fadiga, rebaixamento consciência
e intoxicações.
ALUCINAÇÕES

● Auditivas:
● Simples: qdo se ouve apenas ruídos. Complexa: qdo se escuta vozes,
s/ estímulo real. Quase sempre de conteúdo depreciativo e/ou
perseguição; Muito frequente na esquizofrenia. Tb pode ocorrer nos
transtornos de humor, no alcoolismo crônico, nos transtornos de
personalidade (histriônico, borderline) e transtornos dissociativos;

● Musicais:
● Audição de tons musicais, ritmos, harmonias, s/ o
estímulo auditivo externo;
ALUCINAÇÕES

● Visuais:
● Visões nítidas, s/ o estímulo visual. Figuras ou imagem de pessoas,
de partes do corpo, de entidades, de objetos inanimados, animais ou
crianças. Frequente na esquizofrenia e em quadros orgânicos;

● Táteis:
● Sente espetadas, choques ou insetos ou pequenos animais correndo
sobre sua pele. Frequente na esquizofrenia, nos quadros histéricos,
no delirium tremens e na psicoses tóxicas;
ALUCINAÇÕES

● Olfativas ou gustativas: Raras. “Sentir” o odor de coisas podres, de


cadáver, de fezes, de pano queimado. Vêm acompanhadas de forte
impacto emocional. Nas gustativas, os pac. sentem na boca, o sabor de
ácido, de sangue, de urina;

● Cenestésicas: Sensações incomuns e claramente anormais em


diferentes partes do corpo, como sentir o cérebro encolhendo ou o
fígado despedaçando;

● Cinestésicas: Sensações alteradas de movimento do corpo, como sentir o


corpo afundando, as pernas encolhendo ou um braço se elevando.
Frequentes na esquizofrenia e nas depressões graves.
Consciência
Atenção
Orientação

Funções Psíquicas Sensopercepção


Afetividade
Vontade
Psicomotricidade
Pensamento
Juízo de realidade
Linguagem
Valoração do eu
Personalidade
Inteligência
ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA AFETIVIDADE

● Distimia: Termo que designa a alteração básica do humor, tanto no


sentido da inibição como no sentido da exaltação; Pode ser
hipotímica (melancólica) ou hipertímica (maníaca);

● Disforia: Distimia acompanhada de uma tonalidade afetiva


desagradável, mal-humoradas, com forte componente de irritação,
amargura, desgosto ou agressividade;
ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA AFETIVIDADE

● Puerilidade: alteração do humor que se caracteriza pelo aspecto


infantil, simplório, regredido. O indivíduo ri ou chora por motivos
banais, sua vida afetiva é superficial, sem afetos profundos,
consistentes e duradouros. Frequente na esquizofrenia, nos déficits
intelectuais, nos quadros histéricos;

● Estado de êxtase: Frequentemente associado à experiências


religiosas ou místicas;

● Irritabilidade patológica: Qq estímulo é sentido como perturbador, e


o indivíduo reage prontamente de forma disfórica.
ALTERAÇÕES DAS EMOÇÕES E SENTIMENTOS

● Apatia: Os pac. queixam-se de não poderem sentir nem alegria, nem


tristeza, nem raiva, nem nada. Está ligado ao afeto, o paciente relata
espontaneamente sem referir sofrimento. Próprio dos quadros
depressivos e em alguns casos de transtornos mentais;

● Embotamento afetivo: Perda profunda e todo tipo de vivência


afetiva. É um fenômeno observável (mímica, postura, atitude).
Frequente na esquizofrenia;

● Sentimento de falta de sentimento: O paciente refere sofrimento.


Típico em depressivos graves;
ALTERAÇÕES DAS EMOÇÕES E SENTIMENTOS

● Anedonia: É a incapacidade total ou parcial de obter e sentir prazer


com determinadas atividade e experiências da vida. É central nas
depressões, podendo ocorrer na esquizofrenia e nos transtornos de
personalidade;

● Indiferença afetiva: Trata-se de certa frieza incompreensível diante


dos sintomas que o pac. apresenta, que parece indicar que, no
fundo, o pac. sabe que seus sintomas são psicogênicos e
potencialmente reversíveis (certo exibicionismo, teatralidade) –
histeria, depressão;
ALTERAÇÕES DAS EMOÇÕES E SENTIMENTOS

● Labilidade afetiva: Mudanças súbitas e imotivadas de humor,


sentimentos ou emoções. Presentes em quadros depressivos ou
maníacos, estados graves de ansiedade, esquizofrenia e quadros
psicorgânicos;

● Ambivalência afetiva: Sentimentos opostos a um mesmo estímulo


ou objeto, de modo simultâneo. Indicativo de cisão radical do Eu, de
desarmonia profunda das vivências psíquicas;
ALTERAÇÕES DAS EMOÇÕES E SENTIMENTOS

● Neotimia: (esquizoforia) Um tipo de experiência afetiva,


radicalmente nova, ameaçadora e estranha, dos pacientes
esquizofrênicos, no período que antecede o surgimento da
revelação delirante;

● Fobia: São medos específicos psicopatologicamente


desproporcionais e incompatíveis com as possibilidades de perigo
real oferecidas pelos desencadeantes, chamados de objetos ou
situações fobígenas. Há intensa crise de ansiedade. Ex.: Fobia
simples, fobia social, agorafobia (aglomeração), claustrofobia
(ambientes pequenos);
ALTERAÇÕES DAS EMOÇÕES E SENTIMENTOS

● Pânico: Reação de intenso medo, de pavor, relacionada geralmente


ao perigo imaginário de morte iminente, descontrole ou
desintegração. Crises agudas e intensas de ansiedade,
acompanhadas por medo intenso de morrer ou perder o controle. O
paciente relata frequentemente que tinha a nítida sensação de que
iria morrer, perder o controle ou ter um ataque do coração.
Consciência
Atenção
Orientação

Funções Psíquicas Sensopercepção


Afetividade
Vontade
Psicomotricidade
Pensamento
Juízo de realidade
Linguagem
Valoração do eu
Personalidade
Inteligência
ATO VOLITIVO OU ATO DE VONTADE

Expressões típicas do
“eu quero” ou “eu não
quero”!!
ATOS IMPULSIVOS E ATOS COMPULSIVOS

● Ato impulsivo: Ações psicomotora automáticas, sem reflexão,


ponderação ou decisão prévia, de tipo instantâneo e explosivo.
Associado à incapacidade de tolerância à frustração. É
egossintônico;

● Ato compulsivo: É reconhecido pelo indivíduo como indesejável e


inadequado, assim como pela tentativa de refreá-lo ou adiá-lo. É
egodistônico. Também associado à idéias obsessivas.
Consciência
Atenção
Orientação

Funções Psíquicas Sensopercepção


Afetividade
Vontade
Psicomotricidade
Pensamento
Juízo de realidade
Linguagem
Valoração do eu
Personalidade
Inteligência
ALTERAÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE

● Agitação psicomotora: Mais comum. Aceleração e exaltação de toda


atividade motora do indivíduo, em geral secundária a
taquipsiquismo acentuado. Associado à hostilidade e
heteroagressividade. Frequente em quadros maníacos,
esquizofrenia aguda, quadros psicorgânicos, em deficiências
mentais e síndromes demenciais;

● Lentificação psicomotora: Profunda lentificação psicomotora, com


ausência de respostas motoras adequadas, s/ que haja paralisias ou
déficit motor;
ALTERAÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE

● Estereotipias motoras: Perda do controle voluntário sobre a esfera


motora. O pac. repete o mesmo gesto com as mãos dezenas ou
centenas de vezes em um mesmo dia. Frequente na esquizofrenia e
na deficiência mental;

● Maneirismo: É um tipo de estereotipia motora caracterizada por


movimentos bizarros e repetitivos (mímicas, gestos, linguagem).
Posturas e movimentos estranhos, exagerados, afetados ou bizarros,
de forma involuntária. Acentuam-se com a ansiedade.
ALTERAÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE

● Conversão: Surgimento abrupto de sintomas físicos (paralisias,


anestesias, cegueira), de origem psicogênica. Ocorre geralmente em
situações estressantes, de ameaça ou conflito intrapsíquico ou
interpessoal significativos para o indivíduo. A conversão expressa a
representação simbólica de um conflito psíquico em termos de
manifestações motoras. Frequente na histeria e no transtorno de
personalidade histriônica.
ALTERAÇÕES DA MARCHA

● Paciente Histérico: A marcha é irregular, mutável, bizarra, raramente


revela um padrão preciso e estável. Tem-se a impressão de que o
paciente está prestes a cair, mas raramente ele cai, a não ser na
presença de outros. Camptocormia: tronco p/ frente; Hemiplegia
histérica: arrasta o pé “paralisado”; Abasia: impossibilidade ou
dificuldade p/ a marcha; Astasia: impossibilidade de ficar em pé.

● Pacientes esquizofrênicos: Marcadamente bizarra, com


maneirismos. Qdo tb deprimidos apresentam marcha lentificada e
difícil.
OUTRAS ALTERAÇÕES E APRAXIAS

● Hiperventilação Psicogênica: Aceleração da respiração. Ocorre em


situações estressantes e associadas à ansiedade.

● Apragmatismo (ou hipopragmatismo): Dificuldade ou incapacidade


de realizar condutas volitivas e psicomotoras minimamente
complexas (higiene pessoal, limpar o quarto, atividades produtivas
diversas). Não há lesão neurológica, corresponde a alteração das
esferas volitivas e afetivas (hipobulia, apatia). É frequente em
psicóticos crônicos, representando um desafio à reabilitação.
OUTRAS ALTERAÇÕES E APRAXIAS

● Apraxia: Impossibilidade ou a dificuldade de realizar atos


intencionais, gestos complexos, voluntários, conscientes, sem que
haja paralisias e sem que faltem tb o entendimento da ordem p/
fazê-lo ou a decisão de fazê-lo. Decorre sempre de lesões neurais.
Consciência
Atenção
Orientação

Funções Psíquicas Sensopercepção


Afetividade
Vontade
Psicomotricidade
Pensamento
Juízo de realidade
Linguagem
Valoração do eu
Personalidade
Inteligência
ALTERAÇÃO DOS ELEMENTOS DO PENSAMENTO

● Desintegração dos conceitos: Ocorre qdo os conceitos sofrem um


processo de perda de seu significado original, uma mesma palavra
passa a ter significados cada vez mais diverso. Ex: ateu = “a teu
comando” (comando de Deus);

● Condensação dos conceitos: Qdo 2 ou + conceitos são fundidos, o


pacientes involuntariamente condensa duas ou + idéias em um
único conceito, que se expressa por 1 nova palavra (neologismos).
TIPOS ALTERADOS DE PENSAMENTO

● Pensamento mágico: Segue os designios dos desejos, das fantasias e


dos temores, conscientes ou inconscientes, adequando a realidade
ao pensamento. É mais comum em crianças, mas tb pode ocorrer na
esquizofrenia, em quadros histriônicos, borderline, narcisista e em
obsessivos-compulsivos (pensamentos mágicos + rituais
compulsivos);

● Pensamento concreto ou concretismo: Incapacidade de entender ou


utilizar metáforas, o pensamento é muito concreto. Pode ocorrer na
D.M., nas demências e na esquizofrenia grave.
TIPOS ALTERADOS DE PENSAMENTO

● Pensamento vago: O paciente expõe um pensamento muito


ambíguo, c/ falta de clareza e precisão. Pode ser um sinal inicial de
esquizofrenia e de quadros demenciais e transtornos de
personalidade.

● Pensamento prolixo: O paciente não consegue chegar a qq


conclusão sobre o tema, dá longas voltas ao redor do tema. Pode
ocorrer nos quadros iniciais da esquizofrenia, nas D.M. e em
neuróticos graves (T.O.C.)
TIPOS ALTERADOS DE PENSAMENTO

● Pensamento deficitário (ou oligofrênico): Há estrutura pobre e


rudimentar, tende ao raciocínio concreto, porém a memorização de
determinados conteúdos ou temas pode ser muito extensa e numerosa,
porém é mecânica e rígida (Savant – um tipo de D.M.).

● Pensamento desagregado: Radicalmente incoerente, há uma mistura


aleatória de palavras (“salada de palavras”), que nada comunica ao
interlocutor. Ocorre nas formas graves e avançadas da esquizofrenia.

● Pensamento obsessivo: Conteúdo absurdo, mas que se impõe à


consciência. Há angústia e luta constante.
DIMENSÕES DO PENSAR

• Modo como o pensamento flui;


Curso • Sua velocidade, ritmo ao longo do tempo.

• Estrutura básica, sua “arquitetura”;


Forma • Preenchida pelos + diversos conteúdos e
interesses do indivíduo.

• O que dá substância ao pensamento;


Conteúdo • Os temas predominantes, o assunto em
si.
CONTEÚDO DO PENSAMENTO

Persecutórios

Depressivos Religiosos Sexuais

De poder, riqueza, prestígio ou grandeza De ruína ou


culpa

Conteúdos hipocondríacos
Consciência

Funções Psíquicas Atenção


Orientação
Sensopercepção
Afetividade
Vontade
Psicomotricidade
Pensamento
Juízo de realidade
Linguagem
Valoração do eu
Personalidade
Inteligência
Juízos
As alterações do
patologicamente
juízo de realidade
falsos, são
são alterações do
chamados de
pensamento!!
delírios.

Não é tanto a
O delírio é um falsidade do
erro do ajuizar conteúdo q faz
(julgar) que tem uma crença ser
origem na um delírio, mas
doença mental. sobretudo a sua
justificativa.
DELÍRIO SEGUNDO SEU CONTEÚDO

● Persecutório: O pac. acredita ser vítima de um complô e está sendo


perseguido por pessoas conhecidas ou desconhecidas. É o tema mais
frequente dos delírios!

● Referência: O pac. afirma ser frequentemente alvo de referências


depreciativas, caluniosas. As vezes, ouve o seu nome e que o xingam ou,
simplesmente, deduz que falam a seu respeito. Está associado à
perseguição.

● Influência ou controle: O pac. vivencia o fato de estar sendo controlado,


comandado ou influenciado por força, pessoa ou entidade externa.
DELÍRIO SEGUNDO SEU CONTEÚDO

● Erótico: O pac. afirma que uma pessoa, geralmente de destaque


social ou de grande importância, está totalmente apaixonada por ele
e irá abandonar tudo para que possam se casar.

● Depressivo: São aqueles delírios com temática triste, como ruína,


miséria, culpa, auto-acusação, doenças e até mesmo
desaparecimento de partes do corpo e hipocondríacos. Associados à
estados depressivos profundos e em alguns casos de esquizofrenia.
DELÍRIO SEGUNDO SEU CONTEÚDO

● Grandeza: O pac. acredita ser extremamente especial, dotado de


capacidade e poderes. A auto- estima pode estar extremamente
aumentada. Ocorre na esquizofrenia e em quadros maníacos.

● Místico ou Religioso: O pac. sente que tem poderes místicos, ser um


novo messias, Deus, um santo ou um demônio.

● Ciúmes/Infidelidade: O pac. percebe-se traído pelo cônjuge de forma


vil e cruel. É presente no alcoolismo crônico e no transtorno
delirante crônico. É frequente violência física e/ou homicídio.
Consciência

Funções Psíquicas Atenção


Orientação
Sensopercepção
Afetividade
Vontade
Psicomotricidade
Pensamento
Juízo de realidade
Linguagem
Valoração do eu
Personalidade
Inteligência
FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Comunicação

Expressão da
Suporte ao
arte e do
pensamento
lúdico (poesia,
(lógica)
dramatização)

Instrumento de
Afirmação do
Expressão da
EU
vida subjetiva
ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM

● (SECUNDÁRIAS A LESÃO NEURAL)


● Afasia: perda da linguagem falada e escrita,
por incapacidade motora (do órgão fonador);
● Parafasias: Qdo o indivíduo de forma determinadas palavras
(cadeira por “cameila”, livro por “libro”);
● Agrafia: Perda da capacidade já adquirida de efetuar a escrita.
● Alexia: Perda da capacidade já adquirida de efetuar a leitura; dislexia:
disfunção leve da alexia.
● Disartria: incapacidade de articular corretamente as palavras, por
paralisias musculares da fonação.
ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM

● (SECUNDÁRIAS A TRANST. PSIQ.)


● Logorréia: Produção aumentada e acelerada (taquifasia) da
linguagem verbal, associado ao taquipsiquismo, podendo haver
perda da lógica do discurso;
● Bradifasia: Oposto da taquifasia, qdo as palavras saguem-se umas às
outras de forma lenta e difícil;

● Mutismo: Ausência de resposta verbal por parte do doente, qdo fica


no leito s/ responder ao entrevistador;
ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM

● (SECUNDÁRIAS A TRANST. PSIQ.)


● Ecolalia: É a repetição da última ou das últimas palavras que o
entrevistador (ou alguém no ambiente) falou ou dirigiu ao paciente:
“Qual o seu nome?” e o paciente responde: “Nome, nome, nome”.

● Palilalia: Repetição automática da última ou das últimas


● palavras que ele próprio emitiu em seu discurso;

● Logoclonia: Repetição das últimas sílabas que o paciente


pronunciou: “Moro em Jundiaí, aí, aí, aí”;
ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM

● (SECUNDÁRIAS A TRANST. PSIQ.)


● Cropolalia: É a emissão involuntária de palavras obscenas, vulgares
ou relativas a excremento;
● Verbigeração: Repetição, de forma monótona e sem sentido, de
palavras, sílabas ou trechos de frases;
● Mussitação: Produção repetitiva de uma voz muito baixa,
murmurada, sem significado significativo;
● Para-respostas: O paciente “responde” como se estivesse
respondendo de fato a pergunta, mas o conteúdo de sua fala é
completamente disparatado em relação ao conteúdo da pergunta.
Consciência

Funções Psíquicas Atenção


Orientação
Sensopercepção
Afetividade
Vontade
Psicomotricidade
Pensamento
Juízo de realidade
Linguagem
Valoração do eu
Personalidade
Inteligência
ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO EU

● No início do desenvolvimento psíquico da criança, não há, entre o


Eu e o mundo exterior, discriminação e delimitação claras.
● O eu do bebê estaria como que “fundido” com o de sua mãe.
ALTERAÇÃO DA CONSCIÊNCIA DA EXISTÊNCIA

● Consiste na suspensão da sensação normal do próprio Eu, corporal e


psíquico, na carência da consciência do mundo perceptivo, na perda
da consciência do sentimento do Eu. Os doentes relatam que se
sentem modificados, estranhos a si mesmos.
ALTERAÇÃO DA CONSCIÊNCIA DE EXECUÇÃO

● Quando o doente, ao pensar ou desejar algo, sente porém que de


fato foi um outro que pensou ou desejou tais pensamentos ou
desejos e os impôs de alguma maneira. O doente não só se sente
mais senhor de seus pensamento, como passa a viver sob a violência
e o julgo de um poder desconhecido.
CONSCIÊNCIA DE NÃO UNIDADE DO EU

● O indivíduo sente-se radicalmente dividido, sente-se anjo e demônio


ao mesmo tempo, ou homem e mulher simultaneamente –
ambivalência.
CONSCIÊNCIA DE IDENTIDADE DO EU NO TEMPO

● Alguns pacientes relatam que atualmente, em comparação à sua


vida anterior (em especial antes do início da psicose), não são a
mesma pessoa. Alguns chegam a usar a terceira pessoa para se
referirem ao seu Eu do passado.
CONSCIÊNCIA DE IDENTIDADE DO EU EM RELAÇÃO AO
MUNDO
● É a perda da sensação de oposição e fronteira entre o Eu e o mundo.
Os pacientes identificam-se completamente com os objetivos do
mundo externo. O indivíduo sente que seu Eu se expande para o
mundo exterior e não mais se diferencia deste.
DESPERSONALIZAÇÃO E DESREALIZAÇÃO

● É o sentimento de perda ou de transformação do Eu. É uma vivência


profunda de estranhamento e infamiliaridade consigo mesmo. O
doente sente-se estranho a si mesmo, vive marcante transformação,
com sentimentos angustiantes, com a sensação que vai
enlouquecer, perder o controle (crises de ansiedade, pânico, psicoses
tóxicas, esquizofrenia e depressão).
ALTERAÇÃO DO EU CORPORAL (ESQUEMA CORPORAL)

● É a representação que cada indivíduo faz de seu próprio corpo, o


que corresponde à totalidade da organização psicológica do
indivíduo. Trata-se da forma como o indivíduo se relaciona e cuida
de seu corpo
ALTERAÇÃO DO EU CORPORAL (ESQUEMA CORPORAL) EM
ALGUNS TRANSTORNOS MENTAIS
● Deprimido: vive seu corpo como algo pesado, lento, difícil, fonte
● de sofrimento e não de prazer;
● Paciente maníaco: sente-se forte, ágil, não conseguindo parar e
repousar por período mais longo;
● Esquizofrenia: o paciente tem a sensação de que alguém, algo ou
uma força externa desconhecida age sobre seu corpo, manipulando-
o ou controlando-o;
● Histéricos: Tendem a erotizar intensamente o corpo todo,
● todavia, não é incomum haver frigidez e anestesia genital;
ALTERAÇÃO DO EU CORPORAL (ESQUEMA CORPORAL) EM
ALGUNS TRANSTORNOS MENTAIS
● Quadro obsessivo-compulsivo: vive seu corpo como sendo algo sujo
ou contaminado, tendo de esforçar-se constantemente para limpá-
lo, purificá-lo ou protegê-lo da contaminação;
● Hipocondríaco: o corpo é o lugar de todo o seu sofrimento;
● Dismorfofobia: o paciente se percebe distorcidamente, como
horrível e digno de enorme vergonha, partes de seu corpo (nariz,
orelham face, seios, mãos, etc);
● Pacientes amputados: Podem apresentar o fenômeno de “membro
fantasma”, quando continuam sentindo seus membros mesmo após
a amputação (dor, coceira, aumento).
Consciência
Atenção
Orientação

Funções Psíquicas Sensopercepção


Afetividade
Vontade
Psicomotricidade
Pensamento
Juízo de realidade
Linguagem
Valoração do eu
Personalidade
Inteligência
Consciência
Atenção
Orientação

Funções Psíquicas Sensopercepção


Afetividade
Vontade
Psicomotricidade
Pensamento
Juízo de realidade
Linguagem
Valoração do eu
Personalidade
Inteligência
A EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A PSICOPATOLOGIA
● Estes documentos impactaram significativamente a educação
inclusiva:

● No Brasil

● Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 1.069, de 13 de julho de


1990): Garante a oferta de atendimento educacional especializado na
rede regular de ensino àqueles detentores de deficiência.

● Plano Nacional de Educação (Lei 10.172, de 9 de janeiro de 2001):


Reafirmou a necessidade da garantia de vagas em estabelecimentos
de ensino regular para alunos com necessidades especiais.
A EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A PSICOPATOLOGIA
● Estes documentos impactaram significativamente a educação
inclusiva:

● No Brasil

● Plano Nacional de Educação e Direitos Humanos (2006): Elaborado


pelo Ministério da Educação, aborda temas relacionados a pessoas
com deficiência e aos currículos escolares.
● Plano de Desenvolvimento de Educação (2007): Aborda questões
pautadas na infraestrutura das escolas para atender alunos com
deficiência.
A EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A PSICOPATOLOGIA
● Estes documentos impactaram significativamente a educação
inclusiva:

● Na Europa

● Conferência Mundial da Educação Especial de Salamanca (1994):


Todo aluno passou a ter direito à educação, com garantia de um nível
adequado de aprendizagem.

IDENTIFICANDO AS PRINCIPAIS PSICOPATOLOGIAS DA
APRENDIZAGEM

Os déficits psíquicos, geralmente, se


apresentam nos seguintes campos

Aspecto Comuni- Emocio- Compor-


Social
motor cação nal tamental
IDENTIFICANDO AS PRINCIPAIS PSICOPATOLOGIAS DA
APRENDIZAGEM

● Os déficits psíquicos apresentados devem ser tratados por


profissionais especializados, para que o aluno não tenha problemas
de desenvolvimento dentro da escola e em outras esferas de sua
vida.
● As seguintes características podem estar ligadas a alguma
psicopatologia:
expressão de sentimentos
agitação déficits acadêmicos teimosia
de maneira inadequada

dificuldade de
ansiedade falta de apetite agressividade
interação/relacionamento

problemas com sono e


angústia mentiras Medos
vigília
Ao identificar sintomas característicos da psicopatologia, dois
aspectos básicos devem ser considerados:

Características dos sintomas:


• São as estruturas básicas dos sinais e sintomas. Estão
relacionadas às caraterísticas do grupo.
Conteúdo:
• É a consistência da alteração estrutural dos sinais e
sintomas. Está relacionado às características do indivíduo
baseado na sua vivência pessoal.
Outras características importantes a serem observadas:

Postura;

Expressão
corporal;
Atitudes
psicológicas.
● Uma grande aliada neste desafio de identificar psicopatologias é a
família, trazendo informações adicionais sobre a interação e o
desenvolvimento do aluno no ambiente domiciliar, o que pode
enriquecer as estratégias utilizadas para lidar com a criança ou o
adolescente no ambiente escolar.

● A anamnese tem um papel primordial e extremamente necessário! É


através dela que o profissional irá coletar dados importantes os quais
irão colaborar para o bom desenvolvimento do trabalho.
PRINCIPAIS PSICOPATOLOGIAS DETECTADAS NOS ALUNOS
NO CONTEXTO ESCOLAR

● A infância e a adolescência são fases do desenvolvimento que implicam


mudanças físicas, psicológicas, cognitivas e socioculturais, tendo como
finalidade a aquisição da autonomia e identidade. Isso significa que um
indivíduo “saudável” é aquele capaz de:

• Resolver seus problemas harmoniosamente


• Tomar decisões quando necessário
• Conduzir conflitos interpessoais, de expressão e
comunicação
• Lidar com frustrações e emoções
● O desenvolvimento dessas
competências auxilia em condutas
“saudáveis” que visam a capacidade
de escolhas e manutenções positivas
para a saúde e o bem-estar. Por isso, o
campo da psicopatologia é
fundamentado na observação e
sistematização de fenômenos
psíquicos do ser humano, e auxilia,
incansavelmente, profissionais que
atuam com elementos da saúde.
Para o diagnóstico do Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), é sempre necessário
contextualizar os sintomas na história de vida da criança. Considere os itens a seguir sobre os
sintomas do TDAH:
I - Os sintomas de desatenção e/ou hiperatividadel impulsividade não precisam ocorrer em vários
ambientes da vida da criança e manter-se constantes ao longo do período avaliado. Sintomas que
ocorrem apenas em casa ou somente na escola devem alertar o psicólogo para a possibilidade de
TDAH.
lI - Sintomas de hiperatividade ou impulsividade sem prejuízo na vida da criança podem traduzir
muito mais estilos de funcionamento ou temperamento do que um transtorno psiquiátrico.
IIl - Para o diagnóstico de TDAH, é necessária uma avaliação cuidadosa de cada sintoma, e não
somente a listagem de sintomas. Por exemplo, uma criança pode ter dificuldade de seguir instruções
por um comportamento de oposição e desafio aos pais e professores, caracterizando muito mais um
sintoma de transtorno opositor desafiante do que de TDAH.
Está correto o que se afirma em:

● A) I e lI, apenas.
● B) I e III, apenas.
● C) lI e IlI, apenas.
● D) I, lI e IlI.
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE
(TDAH)
● Iniciando o estudo de algumas
psicopatologias, temos o TDAH:

● O TDAH é caracterizado por


persistentes características de
desatenção e/ou hiperatividade que
interferem no funcionamento e
desenvolvimento do indivíduo, com
níveis que variam de leve a grave.
Geralmente se manifesta em meninos
com idade de até 7 anos. São alunos
que tem facilidade em se distrair e
dificuldade em se concentrar.
O que é o TDAH?


O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um
transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na
infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua
vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e
impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit
de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de
AD/HD.
Quais são os sintomas de TDAH?


O TDAH se caracteriza por uma combinação de dois tipos de
sintomas:
● 1) Desatenção
● 2) Hiperatividade-impulsividade
● O TDAH na infância em geral se associa a dificuldades na escola e no
relacionamento com demais crianças, pais e professores. As crianças
são tidas como “avoadas”, “vivendo no mundo da lua” e geralmente
“estabanadas” e com “bicho carpinteiro” ou “ligados por um motor”
(isto é, não param quietas por muito tempo). Os meninos tendem a
ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas,
mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes com TDAH
podem apresentar mais problemas de comportamento, como por
exemplo, dificuldades com regras e limites.
● Em adultos, ocorrem problemas de desatenção para coisas do
cotidiano e do trabalho, bem como com a memória (são muito
esquecidos). São inquietos (parece que só relaxam dormindo), vivem
mudando de uma coisa para outra e também são impulsivos
(“colocam os carros na frente dos bois”). Eles têm dificuldade em
avaliar seu próprio comportamento e quanto isto afeta os demais à
sua volta. São freqüentemente considerados “egoístas”. Eles têm
uma grande freqüência de outros problemas associados, tais como o
uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão.
Quais são as causas do TDAH?

● A) Hereditariedade:
● B) Substâncias ingeridas na gravidez:
● C) Sofrimento fetal:
● D) Exposição a chumbo:
● E) Problemas Familiares:
Possíveis impactos no desenvolvimento do aluno no
ambiente escolar

• dificuldade na integração da
linguagem
• problemas de leitura, escrita e
coordenação
• dificuldade na execução de tarefas
de matemática
• menor capacidade de
aprendizagem geral
TRANSTORNO ESPECÍFICO DE APRENDIZAGEM
● O TEA, geralmente, é interpretado como preguiça, desleixo e falta de vontade
de aprender, mas, na verdade, é uma dificuldade na aprendizagem e no uso
das atividades acadêmicas, com alteração em um ou mais dos processos
cognitivos básicos que envolvem o entendimento e/ou uso da linguagem
oral ou escrita.
● Pode se manifestar pela falta de habilidade de se expressar ou de
compreender a leitura/ escrita, dificuldade em dominar a ortografia ou de
realizar cálculos matemáticos.
● No TEA, estão envolvidas:
Dislexia
Dificuldade de aprendizagem no reconhecimento preciso ou fluente de
palavras.
Discalculia
Dificuldade no processamento de informações numéricas.

De acordo com o Individual with Disabilities Education Act (IDEA,
EUA, 2004), o Transtorno Específico de Aprendizagem (TEA) se define
por “uma alteração em um ou mais dos processos cognitivos básicos
envolvidos no entendimento e / ou no uso da linguagem oral ou
escrita, que pode se manifestar numa falta de habilidade para se
expressar ou para compreender a fala, para ler, escrever, dominar a
ortografia ou realizar cálculos matemáticos”.

Estima-se que 6 % da população mundial em idade escolar tenha um
TEA. Esses transtornos persistentes manifestam-se muito cedo na
vida e não são decorrentes da falta de oportunidade de aprender,
mas naturalmente podem piorar se as condições de ensino forem
ruins. O TEA também não decorre de deficiência intelectual nem de
doenças adquiridas.
SINTOMAS CARACTERÍSTICOS

Cada indivíduo é único. As pessoas com Transtornos Específicos de
Aprendizagem também se caracterizam por sua singularidade. Elas
têm talentos, motivação e capacidade de aprendizagem que são
particulares, próprias de cada um deles.

A identificação de indivíduos com TEA é feita por uma equipe


multidisciplinar, devido às particularidades de cada caso, o que
impossibilita o diagnóstico pela apresentação de um sintoma
isolado. Com essa advertência, seguem algumas das manifestações
comumente indicativas de transtorno:

• É inteligente, mas não apresenta bom desempenho acadêmico.

• Tem dificuldade para manter a atenção, parece sempre


desconcentrado, fora do ar.

• Frequentemente é rotulado de preguiçoso, burro, imaturo ou


problemático.

• Perde-se com frequência e não tem noção da passagem do tempo.


● • Tem melhor desempenho em testes orais do que escritos.

• Aprende melhor pela experiência prática, pela demonstração, pela observação


e com apoio visual. Pensa mais com imagens e emoções do que com sons
e palavras.

• Sente-se inferiorizado, burro, sem auto-estima; tenta esconder suas dificuldades


com subterfúgios; frustra-se com facilidade.

• Confunde letras, palavras, números, sequências e explicações verbais.



• Frequentemente tem talento para a arte, o teatro, a música e o esporte
e é bastante criativo.

• Pode contar em voz alta, mas tem dificuldade para contar objetos, para estimar
medidas, para resolver problemas matemáticos, para lidar com dinheiro
e para ver horas no relógio.

• Tem excelente memória para eventos biográficos de longo prazo, mas memória
muito ruim para sequências ou informações que não foram experimentadas.

• Seus erros e sintomas pioram dramaticamente na presença de confusão


no ambiente e quando é apressado ou submetido a stress emocional.

Extraído de Davis (2000).


Dislexia

A dislexia tem origem neurobiológica e caráter permanente. Caracteriza-se pela
falta de fluência da leitura e pela pouca habilidade de decodificação e pelo pouco
domínio ortografia. Indivíduos com dislexia podem apresentar:

• leitura lenta e hesitante, trocas de sequências, acréscimos, inversões e omissões


de letras;

• falha na compreensão e interpretação do material lido;

● • fuga de situações que envolvam leitura;

• escrita espelhada e ou lenta, com repetição de letras, sílabas ou palavras;

• escrita rasurada, com trocas visuais, auditivas e espaciais, além de omissões,


inversões e acréscimos.
Discalculia
● A discalculia tem origem neurobiológica e caráter permanente. Caracteriza-se pela
dificuldade para o entendimento e pelo bloqueio ao acesso rápido a conceitos e
fatos numéricos básicos. Indivíduos com discalculia podem apresentar:

• dificuldade para entender conceitos numéricos simples (tais como o local/o valor)
e para fazer uso das quatro operações;

• falta de conhecimento intuitivo sobre números (valor e relação entre os números),


dificuldade de lidar com dinheiro e de dizer as horas no relógio, imprecisa
percepção de tempo de espaço;

• problemas para aprender, evocar e ou usar fatos e procedimentos numéricos


(ex.: tabuada, divisões complexas); • mecanicismo e ausência de confiança
ao emitir respostas, mesmo as respostas estejam c
Em geral, a abordagem do TEA pela escola deve ser:

preventiva,

individualizada,

multissensorial

sequencial.
TRANSTORNO DEOPOSIÇÃO DESAFIANTE (TOD)

● O TOD é classificado pela presença de um padrão de


humor raivoso e irritável, condutas desafiantes ou
índole vingativa. Comportamento geralmente
associado a criança, adolescente ou jovem que tem
vários problemas no lar e, em alguns casos, não
recebe a atenção necessária para conter seu
comportamento.

● A característica principal deste transtorno é a


conduta persistente e repetitiva de comportamentos
que infringem os direitos ou normas sociais do
próprio indivíduo e de outrem.
• perda da calma com frequência
É importante observar se • frequentemente sensível e facilmente incomodado
o aluno apresenta as • raivoso e ressentido
seguintes características • questionador das figuras de autoridade
por mais de seis meses • desafiador acintoso e contrário à obediência
de forma persistente e repetitiva: • incomodado com outras pessoas
• maldoso ou vingativo mais de uma vez em tempos recente

Importante salientar que neste caso a


família vai precisar de atendimento
psicológico e orientação familiar, pois,
caso contrário, o profissional
psicopedagogo, professor ou qualquer
outro não conseguirá obter resultados
favoráveis e positivos com esta criança.
Outros sintomas de transtorno desafiador de oposição são:
Discutir com adultos;

Perder a calma com facilidade;

Desafiar regras e instruções;

Importunar outras pessoas;

Provocar adultos e outras crianças;

Reagir a repreensões ou regras com agressividade ou manha exagerada;

Não saber expressar emoções intensas sem gritar;

Responder à frustração com choro, birra ou agressividade;

Transferir a culpa de seus atos para terceiros;

Brigar com amiguinhos na escola;

Ficar ressentido com facilidade;

Ser cruel ou vingativo ocasionalmente;

Sentir-se culpado e chorar após ter uma atitude ruim.


Influência do ambiente familiar no TOD

● A qualidade do ambiente dentro de casa possui grande influência na


conduta das crianças com transtorno desafiador de oposição.
Embora as causas exatas do TOD sejam desconhecidas, a
reincidência de casos em lares cujos adultos não possuem paciência
é expressiva.
● Acredita-se que quanto mais desagradável o ambiente familiar for
para a criança, mais chances ela possui de desenvolver essa
condição. Se os adultos, os indivíduos que ditam regras e exemplos
de comportamento para os pequenos, agem com impaciência e
agressividade, é provável que a criança faça isso também.
Critérios para o diagnóstico

● O transtorno desafiador de oposição é diagnosticado com base na


análise dos comportamentos e dos sintomas. Além da permanência
de seis meses dos mesmos, eles devem ser suficientemente graves
para interferir no funcionamento das crianças.
● seu aproveitamento na escola, em casa, com as amizades e com
seus interesses particulares deve ter reduzido consideravelmente
desde o aparecimento dos sintomas.
● Primeiramente, o psicólogo ou o médico investiga a conduta da
criança à procura de sintomas de depressão, ansiedade ou TDAH.
● Isso porque muitos sintomas dessas condições psicológicas são
similares aos de TOD.
● Por exemplo, a irritabilidade é muito presente em crianças
opositoras. Como é um sintoma comum da depressão, o psicólogo
precisa analisar com cuidado o histórico comportamental da criança
para chegar à um diagnóstico exato.
● Ano: 2018 Banca: AOCP Órgão: Prefeitura de Belém - PA Prova: AOCP - 2018
- Prefeitura de Belém - PA - Terapeuta ocupacional
● Criança de 09 anos recebe tratamento terapêutico ocupacional em virtude de
comportamento observado nos espaços de convivência nos últimos oito
meses, estando sempre argumentativo, agressivo e irritável, bem como com
índole negativa e, por vezes, vingativa. Com base nessas informações, o
terapeuta pressupõe que o quadro diagnóstico da criança seja
● A) esquizofrenia.
● B) fobia social.
● C) transtorno de pânico.
● D) transtorno opositor desafiador.
● E) hipotireoidismo.
TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL

● TDI é popularmente conhecido como Deficiência Intelectual (DI).


● Manifesta-se por meio de alterações intelectuais, cognitivas e
adaptativas, limitando o indivíduo nas suas atividades diárias.
● Na escola, o aluno com TDI pode apresentar déficit nas funções
intelectuais que envolvem raciocínio, resolução de problemas,
planejamento e organização de ideias, pensamentos abstratos e
alterações na coordenação ou função motora.
O aluno com psicopatologia pode apresenta especificidades
que devem ser pedagogicamente atendidas. Ao compreender as
desigualdades psicopatológicas, devemos pensar em formas de
compreender o indivíduo sem ressaltar suas diferenças.
● O Transtorno do Desenvolvimento Intelectual ou Deficiência
Intelectual já foi conhecida por outras denominações, entre elas,
idiotia e retardo mental. O DSM V – Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais – V, estabelece a denominação “Transtorno”,
alinhando essa alteração às denominações adotadas no Manual.
O Transtorno do Desenvolvimento Intelectual tem como
características essenciais:

CRITÉRIO A
• Limitações nas habilidades mentais gerais.

CRITÉRIO B
• Dificuldade no funcionamento adaptativo em comparação com
indivíduos pareados por idade, gênero e condição sóciocultural.
CRITÉRIO C
• Início no período de desenvolvimento, antes dos dezoito anos.
● As habilidades mentais gerais estão ligadas à inteligência, que
envolve raciocínio, resolução de problemas, planejamento,
pensamento abstrato, compreensão de ideias complexas,
julgamento, aprendizado acadêmico e aprendizado a partir da
experiência.
FUNCIONAMENTO ADAPTATIVO

● O funcionamento adaptativo refere-se ao modo como uma pessoa lida com tarefas
cotidianas nos domínios:
● conceitual(habilidades ligadas à linguagem, leitura, escrita, matemática, raciocínio,
conhecimento, memória);
● social (habilidades ligadas à consciência das experiências alheias, empatia,
habilidades com amizades, julgamento social e autorregulação)
● e prático (aprendizagem e autogestão em situações da vida, como cuidados
pessoais, responsabilidades profissionais, controle do dinheiro, recreação, controle
do próprio comportamento e organização em tarefas escolares e profissionais).
● E quanto atende às expectativas de independência pessoal e responsabilidade
social considerando sua idade e contextos sociocultural e comunitário.
● As limitações no comportamento adaptativo levam à necessidade de apoio na
escola, no trabalho ou para a vida independente.
● Pessoas com Transtorno do Desenvolvimento Intelectual podem ter
dificuldades no controle de seus comportamentos e emoções, nos
relacionamentos interpessoais e em manter a motivação no processo
de aprendizagem. Essas dificuldades podem ser superadas por meio
da estimulação sistemática do desenvolvimento, adequações em
situações pessoais, escolares, profissionais e sociais, além de
oportunidades de inclusão social.
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)
Transtorno do Espectro Autista (TEA) envolve diversos déficits, cujas origens são
genéticas, demarcados por perturbações do desenvolvimento neurológico.

Esses déficits aparecem em múltiplos contextos e se manifestam em fatores


sociais e de comunicação, como:
• dificuldade na reciprocidade socioemocional
• problemas com o uso da comunicação não verbal para interagir socialmente
As• alterações
déficits node
ajuste do comportamento
comportamento para interação
e dificuldades social na comunicação e
significativas
interação social podem causar as seguintes dificuldades escolares, de
aprendizagem e no desenvolvimento pessoal:
• déficits no domínio da linguagem e no uso da imaginação para lidar com
brincadeiras/jogos simbólicos;
• dificuldade de interação
• comportamentos inapropriados
• ausência do domínio da linguagem
Tecnologia assistiva e os alunos com transtorno do espectro
autista
● o isolamento social,
● a falta de interação do indivíduo com o mundo exterior,
● a resistência a mudanças,
● a presença de movimentos estereotipados/repetitivos,
● alguns distúrbios na linguagem/fala,
● a inversão pronominal o não uso do pronome “eu”,
● a repetição ecolálica/falas repetitivas,
O que é o Método TEACCH?

● “fechada em uma redoma de vidro”


● O TEACCH se baseia na adaptação do ambiente para facilitar a
compreensão da criança em relação a seu local de trabalho e ao que
se espera dela.
● TEACCH visa o desenvolvimento da independência do aluno de
forma que ele precise do professor para o aprendizado de atividades
novas, mas possibilitando-lhe ocupar grande parte de seu tempo de
forma independente.
O que é o Método PECS?

● PECS começa ensinando uma pessoa a dar uma figura de um item


desejado para um "parceiro de comunicação", que imediatamente
aceita a troca como um pedido. O sistema passa a ensinar a
discriminação de figuras e como juntá-las formando sentenças. Nas
fases mais avançadas, os indivíduos aprendem a responder
perguntas e fazer comentários.
As seis fases do PECS

FASE I
Como se comunicar
Os alunos aprendem a trocar uma única figura para itens ou
atividades que eles realmente querem.

FASE II
Distância e Persistência
Ainda usando uma única figura, os alunos aprendem a
generalizar esta nova habilidade e usá-la em lugares
diferentes, com pessoas diferentes e usando distâncias
variadas. Eles aprendem a serem comunicadores
persistentes.

FASE III
Discriminação de figuras
Os alunos aprendem a escolher entre duas ou mais figuras
para pedir seus itens favoritos. Estes são colocados em uma
pasta de comunicação com tiras de Velcro ® onde as figuras
são armazenadas e facilmente removidas para a
comunicação.
FASE IV
Estrutura de sentença
Os alunos aprendem a construir frases simples em uma tira
de sentença usando um ícone "Eu quero" seguido por uma
figura do item que está sendo solicitado.

Atributos e Expansão de vocabulário


Os alunos aprendem a expandir suas sentenças, adicionando
adjetivos, verbos e preposições.

FASE V
Respondendo a perguntas
Os alunos aprendem a usar PECS para responder à
pergunta: "O que você quer?".

FASE VI
Comentando
Agora os alunos aprendem a comentar em resposta a
perguntas como: "O que você vê?", "O que você ouve?" e "O
que é isso?". Eles aprendem a compor sentenças começando
com "Eu vejo", "Eu ouço", "Eu sinto", "É um", etc
O que é o Método ABA?

● Applied Behavior Analysis


● compreensão do comportamento
● processo abrangente e estruturado de ensino-aprendizagem ou
reaprendizagem.
● O trabalho com crianças autistas tem por objetivo integrar a criança
à comunidade da qual ela faz parte
● intervenção é planejada e executada cuidadosamente, abrangendo
as atividades das crianças em todos os ambientes frequentados por
ela: escola, casa, lazer, etc.
● acompanha-se o trabalho do psiquiatra (quando existente)
● Paralelamente ao trabalho terapêutico, os pais e profissionais que
lidam com as crianças devem receber treinamento em análise do
comportamento
Métodos de ABA são utilizados para apoiar as pessoas com
autismo em pelo menos seis maneiras:
● Para aumentar comportamentos (por exemplo, procedimentos de
reforço aumentar o comportamento on-tarefa, ou interações sociais);
● Para ensinar novas habilidades (por exemplo, os procedimentos de
instrução e reforço sistemáticos ensinar habilidades funcionais de
vida, habilidades de comunicação e habilidades sociais);
● Para manter comportamentos (por exemplo, o ensino de
procedimentos de autocontrole e auto-monitoramento para manter
e generalizar as habilidades sociais relacionadas com o trabalho);
● Generalizar ou transferir o comportamento de uma situação ou
resposta a outra (por exemplo, de completar as tarefas em sala de
recursos para um desempenho tão bom na sala de aula regular);
● Para restringir ou condições estreitas sob o qual ocorrem
comportamentos interferem (por exemplo, modificar o ambiente de
aprendizagem); e
● Para reduzir comportamentos de interferência (por exemplo, auto-
lesão ou estereotipias).
Ano: 2014 Banca: PR-4 UFRJ Órgão: UFRJ Prova: PR-4 UFRJ - 2014 - UFRJ -
Psicólogo - Clínico
O autismo é um transtorno caracterizado por prejuízos sociais, comportamentais
e de comunicação. Sobre o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é correto
afirmar:
A) Inserção social, comunicação e comportamentos, interesse e atividades restritos e
repetitivos são domínios que compõem a tríade diagnóstica do TEA.
B) Para que haja o TEA é necessária a presença de deficiência mental e disfunções
executivas.
C) A função executiva da fluência verbal no TEA consiste na habilidade de alternar
diferentes pensamentos ou ações, de acordo com as mudanças do ambiente.
D) As funções executivas no TEA são consideradas processos simples, dispensáveis,
entretanto presentes na organização do comportamento em um ambiente em
constante mudança.
E) TEA é uma condição homogênea, com desenvolvimento linear e desempenho
constante em termos de funcionamento executivo.
● Ano: 2020 Banca: Itame Órgão: Prefeitura de Edéia - GO Prova: Itame - 2020 -
Prefeitura de Edéia - GO - Fonoaudiólogo
● Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) — é uma condição de saúde
caracterizada por déficit em importantes áreas do desenvolvimento, não
havendo apenas só um tipo de autismo, mas muitos subtipos, que se
manifestam de uma maneira única em cada pessoa. Desta forma, marque a
alternativa que descreve a(s) importante(s) área(s) do desenvolvimento que
é/são afetada(s) no autismo:
A) afeta a comunicação, socialização e comportamento
● B) afeta apenas o comportamento
● C) afeta apenas a socialização e comunicação
● D) afeta apenas o comunicação e comportamento
Onde me encontrar
@prof.gleydsonrs
gleydsonrocha@hotmail.com

Você também pode gostar