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Psicopatologia I
Prof. Weber Rosa
História da loucura -
Antiguidade
Concepções
• Loucura, alienação, doença mental, psicopatologia
• Variam conforme:
• Época
• Lugar
• Política
• História
• Interesses e vieses de cada momento
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Concepções
lógica,
mente, alma,
conhecimento,
psique
estudo
Psicopatologia
É percebida nas pessoas desde a Antiguidade.
Psicopatologia
Acreditavam que a loucura vinha da:
• ousadia do homem de tentar ser o dono ou ter o controle do seu
destino
• possessão por espíritos ou divindades
• por perda da alma (Idade Média)
• dádiva ou graça dos deuses por ser uma forma de comunicação direta
com os deuses e com as verdades divinas
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Psicopatologia
Se o problema é espiritual, qual seria o remédio para isso?
O que se fazia com a pessoa louca?
Que impacto social o louco produzia?
Psicopatologia
Na Grécia da Antiguidade, foi dentre os filósofos pós-Socráticos que se
fez uma compreensão diferente:
Hipócrates
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Psicopatologia
• O desequilíbrio desses humores poderia levar à morte, ou, por uma
tendência natural do organismo, à restauração do equilíbrio.
• A medicina seria a arte de favorecer o retorno ao equilíbrio.
• A doença mental faria parte dessas rupturas do equilíbrio do
organismo. A epilepsia, por exemplo, perdeu seu status de doença
sagrada para se transformar no resultado da invasão da cabeça por
fluxo nasal de pituíta (secreção mucosa do encéfalo).
• O frenesi, marcado pela excitação e pelo comprometimento da
inteligência, resultaria da obstrução das membranas do cérebro e
consequente refluxo da bílis amarela.
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Psicopatologia
Hipócrates
• A causa da loucura estaria em “traumas cerebrais” ou por “doenças
hereditárias”.
• Os doentes deviam receber tratamento para remissão de sintomas.
• Estas alterações humorais eram responsáveis por causar alterações
no cérebro o que ocasionava as respostas desajustadas das pessoas
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Idade Média
• A loucura advinha de algum pecado grave, que fazia perder a alma
• Portanto, Deus amaldiçoava esses pecadores com a loucura, uma vez
que por seu livre arbítrio, escolheram pecar.
• Então, a loucura fazia a pessoa viver o purgatório ainda nesta vida
terrena.
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Idade Média
Exemplo de como a loucura era
compreendida na Idade Média:
Malleus maleficarum
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Idade Média
O que se fazer com os loucos?
• Expiação pelos pecados
• Encarceramento
• Exílio (a nau dos degenerados)
• Estigmatização e afastamento social
• Institucionalização (asilos, leprosários, etc)
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Iluminismo
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Renascimento / Iluminismo
• O médico inglês Sydenham (1624-1689) estabeleceu a primeira
versão moderna de doença e condenou, de forma definitiva, a
medicina hipocrática à obsolescência.
• Para ele, a doença corresponderia a um agrupamento típico de sinais
correlacionados entre si, a síndrome, que evolui de forma
característica e previsível e que se mantém mais ou menos idêntica
de um paciente para outro.
• Seu conceito de doença era completamente independente das
questões fisiológicas, etiológicas e anatomopatológicas. Ele se
apoiava exclusivamente na coesão dos sinais clínicos (concepção
sintomatológica).
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Século XVIII
• A partir do século XVIII, com a evolução das ciências, o conceito de
doença sofreu avanços em decorrência de perspectivas que
analisavam:
• Para Morgani, uma doença seria definida pela coerência entre seus sinais
clínicos e alterações nos órgãos internos observadas nas necrópsias.
• Para Bichat, decorrem de alterações a nível dos tecidos celulares.
• Para Virchow, a nível das células e não dos tecidos.
• Para Pasteur e Koch, que pesquisaram o papel dos microrganismos na gênese
das doenças, agentes infecciosos diferentes produziam patologias distintas,
criou-se uma mentalidade etiológica: para cada doença existiria apenas uma
causa (modelo etiológico)
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Com Pinel, nasceu uma psiquiatria que pela primeira vez pretendia
tratar o louco como um ser humano
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Psiquiatria moderna
Do século XVIII para o século XIX os médicos não conseguiam explicar a
loucura na sua nosologia classificatória. Compreendiam a nosologia da
loucura sem aplicação da ciência.
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Psiquiatria moderna
• Karl Jaspers, em 1913, publicou Psicopatologia Geral.
• Destacou o caráter empírico em dados que podiam ser observados por um
professional da saúde.
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Juliano Moreira, o
psiquiatra negro que
revolucionou o
tratamento das doenças
mentais no Brasil
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O movimento antimanicomial
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O movimento antimanicomial
• A imprensa começou a divulgar reportagens denunciando os maus-tratos aos
internos e as condições em que viviam, mobilizando a opinião pública sobre a
situação de Barbacena (MG).
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O movimento antimanicomial
• Em 1987: primeira Conferência Nacional de saúde mental, que apresentou
temáticas sobre tratamentos psiquiátricos mais humanizados
• Reforma em relação ao modelo hospitalocêntrico para ao modelo de inserção do
paciente psiquiátrico na sociedade.
• Com a Constituição Federal (1988), somados com o advento do Sistema Único de
Saúde (SUS) nos anos 90, passou a ser direito de todos a participação na gestão
do SUS, dessa forma, foi possível a criação de garantias legais para manter as
reivindicações a respeito da reforma psiquiátrica.
• Em 1992, a segunda Conferência Nacional de Saúde mental utilizou
o evento para compor a reforma psiquiátrica junto com a reforma sanitária, que
ocorria após a implementação do SUS.
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O movimento antimanicomial
• A partir dessa 2a conferência, são criados os primeiros NAPS, chamados de
núcleos de apoio psicossociais e depois os Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS), os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs) e as Unidades Psiquiátricas
em Hospitais Gerais (UPHG).
• Com os programas da Saúde da Família consolidados, foi possível cobrir áreas e
mapear melhor as necessidades de atenção específica de saúde mental, esse
binômio (Reforma Psiquiátrica e Sistema Único de Saúde) foi uma parceria bem-
sucedida para possibilitar a reforma em escala nacional.
• A Reforma Psiquiátrica Brasileira foi um movimento social e político que
aconteceu em concomitância com a saúde pública.
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Diferentes psicopatologias
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Diferentes psicopatologias
• A psicopatologia destaca-se pela multiplicidade de visões e
abordagens teóricas.
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Diferentes psicopatologias
• Psicopatologia descritiva = investigação e compreensão da
psicopatologia por meio da descrição das formas de alteração
psíquicas, as estruturas dos sintomas.
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Diferentes psicopatologias
• Psicopatologia médica = foco no corpo humano, ou seja, no ser
biológico.
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Diferentes psicopatologias
• Psicopatologia comportamental e cognitivista = compreende o ser
humano pelo modo que se comporta perante o mundo. Esses
conjuntos de comportamentos podem ser observáveis e são
regulados por estímulos específicos e suas respostas.
• Psicopatologia Psicanalítica = visão do homem dominado pelo
desejo, forças e conflitos inconscientes. Os sintomas e síndromes
seriam formas de o sujeito expressar seus conflitos inconscientes e
desejos que não conseguem realizar. O sintoma é visto como um
acordo entre os desejos inconscientes, as normas culturais e as
possibilidades de satisfação. O resultado desse conflito é que seria o
sintoma psicopatológico.
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Diferentes psicopatologias
• Psicopatologia categórica = compreende as psicopatologias como
doenças mentais específicas que tem fronteiras bem demarcadas, ou
seja, são completamente individualizadas.
• Psicopatologia dimensional = tem sido o modelo mais adequado
para o uso clínico em investigações em psicopatologia. Nessa
perspectiva, existem dimensões que vão desde psicopatologias mais
graves a um nível sintomatológico considerado saudável. O que vai
dizer se algo é saudável ou patológico são os níveis dos sintomas.
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Diferentes psicopatologias
• Psicopatologia biológica = enfatiza aspectos do cérebro,
neuroquímicos ou neurofisiológicos das doenças e dos sintomas
mentais.
• Psicopatologia sociocultural = compreende os transtornos mentais
como comportamentos desviantes que surgem devido a fatores
socioculturais, como por exemplo, discriminação, pobreza, migração,
estresse ocupacional dentre outros fatores.
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Diferentes psicopatologias
• Psicopatologia operacional = pragmática as definições de transtornos
mentais e sintomas são realizadas de forma arbitrária em função da sua
utilidade pragmática, clínica ou para pesquisas. Não busca compreensão
da natureza da doença e não considera fundamentos filosóficos. Trata-se
dos modelos oficiais para diagnóstico das psicopatologias e relatadas nos
manuais psiquiátricos como Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM-V) e Classificação Estatística Internacional de
Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-11).
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O normal x o patológico
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Saudável x Patológico
• O limiar entre o que é considerado o
saudável e o patológico é uma questão
complexa e que gera grandes discussões na
área, principalmente pela dificuldade na
demarcação das fronteiras entre saudável e
patológico.
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Saudável x Patológico
O saudável / normal pode ser visto como a ausência de doença?
• Normalidade ideal = como a normalidade não seria algo alcançável
pelo homem, se estabelece o normal com base no que é considerado
mais saudável a partir dos critérios socioculturais e ideológicos.
• Normalidade estatística = compreendida como o que é mais
frequente observado na população geral.
• Normalidade como bem-estar = conceito de saúde indicado pela
Organização Mundial da Saúde (OMS, 1948) que definiu o conceito
de saúde como completo bem-estar físico, mental e social e não
apenas o sujeito não ter um diagnóstico de uma doença.
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Saudável x Patológico
• Normalidade funcional = compreende a normalidade com base no
quão funcional o sujeito consegue ser dentro da sociedade que está
inserido.
• Normalidade como processo = entende que a normalidade não é
algo estático e sim dinâmico.
• Normalidade subjetiva = foco dado na percepção que o próprio
indivíduo tem sobre seu estado de saúde e as suas questões.
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Classificação Psicanalítica
NEUROSE PERVERSÃO PSICOSE
Sofrimento psicológico é Sofrimento psicológico é Sofrimento psicológico é
tão grande que produz um tão grande que produz um tão grande que produz um
trauma (fratura) no ego, trauma (fratura) no ego, trauma (fratura) no ego,
mas não comprometeu a com comprometimento da com comprometimento da
personalidade. sexualidade, que então personalidade, com por
fica, deformada, desviada exemplo, perda da
(ou pervertida) de sua realidade.
finalidade natural: prazer
pleno e procriação
Atualmente não se usa mais essa nosologia porque é mais útil descrever os transtornos
a partir de critérios objetivos que avaliam os sintomas e não a sua etiologia.
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Alguns critérios precisam ser preenchidos para que algo seja considerado como
doença: ter uma causa reconhecida, ter a manifestação por meio de um
conjunto de sintomas específicos e provocar alterações no organismo que
podem ser observadas ou verificadas por meio de exames (e.g. hemograma,
raio X, tomografia, ultrassonografia).
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Referências
• CECCARELLI, P. (2005). Sofrimento psíquico na perspectiva da psicopatologia
fundamental. Psicologia em Estudo, 10(3), 471-477.
• CLÁUDIO,J. C. M; Ribeiro, R. L. HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA E DA SAÚDE MENTAL.
Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020.
• DALGALARRONDO, Paulo. Cap. 3 - Os principais campos e tipos de psicopatologia.
In: Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Artmed Editorial : São
Paulo, 2019
• MORAES, F. C. F. D. S., & MACEDO, M. M. K. (2018). A noção de psicopatologia:
desdobramentos em um campo de heterogeneidades. Ágora: Estudos em Teoria
Psicanalítica, 21(1), 83-93.
• SILVEIRA, Fernando de Almeida e SIMANKE, Richard Theisen. A psicologia em
História da Loucura de Michel Foucault. Fractal: Revista de Psicologia [online].
2009, v. 21, n. 1.
• SILVEIRA, L. C., & BRAGA, V. A. B. (2005). Acerca do conceito de loucura e seus
reflexos na assistência de saúde mental. Revista latino-americana de
enfermagem, 13(4), 591-595
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