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03/03/2022

Psicopatologia I
Prof. Weber Rosa

História da loucura -
Antiguidade

Concepções
• Loucura, alienação, doença mental, psicopatologia
• Variam conforme:
• Época
• Lugar
• Política
• História
• Interesses e vieses de cada momento

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03/03/2022

Concepções

lógica,
mente, alma,
conhecimento,
psique
estudo

dor, sofrimento, excesso, passagem,


passividade, assujeitamento

Psicopatologia
É percebida nas pessoas desde a Antiguidade.

Nas tragédias gregas já há sinais de pessoas com funcionamento


psíquico desajustado.

Os filósofos já dedicavam seu tempo à observação de fenômenos


comportamentais que se apresentavam diferentes do padrão
comportamental da época.

Psicopatologia
Acreditavam que a loucura vinha da:
• ousadia do homem de tentar ser o dono ou ter o controle do seu
destino
• possessão por espíritos ou divindades
• por perda da alma (Idade Média)
• dádiva ou graça dos deuses por ser uma forma de comunicação direta
com os deuses e com as verdades divinas

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Psicopatologia
Se o problema é espiritual, qual seria o remédio para isso?
O que se fazia com a pessoa louca?
Que impacto social o louco produzia?

Psicopatologia
Na Grécia da Antiguidade, foi dentre os filósofos pós-Socráticos que se
fez uma compreensão diferente:

• Hipócrates (460 a 370 aC): o pai da medicina ocidental


• Doenças não tinham nada a ver com espíritos e deuses.
• Relacionavam-se com fatores climáticos, raciais, dietéticos e do meio
onde as pessoas viviam, que perturbavam o equilíbrio dos humores
do corpo:

Hipócrates

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Psicopatologia
• O desequilíbrio desses humores poderia levar à morte, ou, por uma
tendência natural do organismo, à restauração do equilíbrio.
• A medicina seria a arte de favorecer o retorno ao equilíbrio.
• A doença mental faria parte dessas rupturas do equilíbrio do
organismo. A epilepsia, por exemplo, perdeu seu status de doença
sagrada para se transformar no resultado da invasão da cabeça por
fluxo nasal de pituíta (secreção mucosa do encéfalo).
• O frenesi, marcado pela excitação e pelo comprometimento da
inteligência, resultaria da obstrução das membranas do cérebro e
consequente refluxo da bílis amarela.

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Psicopatologia
Hipócrates
• A causa da loucura estaria em “traumas cerebrais” ou por “doenças
hereditárias”.
• Os doentes deviam receber tratamento para remissão de sintomas.
• Estas alterações humorais eram responsáveis por causar alterações
no cérebro o que ocasionava as respostas desajustadas das pessoas

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História da loucura – Idade


Média

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Idade Média
• A loucura advinha de algum pecado grave, que fazia perder a alma
• Portanto, Deus amaldiçoava esses pecadores com a loucura, uma vez
que por seu livre arbítrio, escolheram pecar.
• Então, a loucura fazia a pessoa viver o purgatório ainda nesta vida
terrena.

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Idade Média
Exemplo de como a loucura era
compreendida na Idade Média:

“As bruxas [...] com a ajuda dos


demônios confundem a mente
dos homens e os empurram à
loucura, a um ódio insano e a
desmesurados desejos.”

Malleus maleficarum

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Idade Média
O que se fazer com os loucos?
• Expiação pelos pecados
• Encarceramento
• Exílio (a nau dos degenerados)
• Estigmatização e afastamento social
• Institucionalização (asilos, leprosários, etc)

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Iluminismo

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Renascimento / Iluminismo
• O médico inglês Sydenham (1624-1689) estabeleceu a primeira
versão moderna de doença e condenou, de forma definitiva, a
medicina hipocrática à obsolescência.
• Para ele, a doença corresponderia a um agrupamento típico de sinais
correlacionados entre si, a síndrome, que evolui de forma
característica e previsível e que se mantém mais ou menos idêntica
de um paciente para outro.
• Seu conceito de doença era completamente independente das
questões fisiológicas, etiológicas e anatomopatológicas. Ele se
apoiava exclusivamente na coesão dos sinais clínicos (concepção
sintomatológica).

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Século XVIII
• A partir do século XVIII, com a evolução das ciências, o conceito de
doença sofreu avanços em decorrência de perspectivas que
analisavam:
• Para Morgani, uma doença seria definida pela coerência entre seus sinais
clínicos e alterações nos órgãos internos observadas nas necrópsias.
• Para Bichat, decorrem de alterações a nível dos tecidos celulares.
• Para Virchow, a nível das células e não dos tecidos.
• Para Pasteur e Koch, que pesquisaram o papel dos microrganismos na gênese
das doenças, agentes infecciosos diferentes produziam patologias distintas,
criou-se uma mentalidade etiológica: para cada doença existiria apenas uma
causa (modelo etiológico)

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Constituição do conhecimento psiquiátrico


OS ALIENISTAS
Na tradição liberal francesa, Philippe Pinel (1745-1826): constituiu a
clínica médica como uma observação e análise sistemática dos
fenômenos perceptíveis das doenças. Propôs um sistema classificatório
de todas as doenças.
No Tratado sobre a alienação mental, de 1802, adotou o termo
“alienação mental”; dividiu a alienação mental em quatro espécies:
melancolia, mania, demência e idiotismo. Daí o termo “alienado”.

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Constituição do conhecimento psiquiátrico


OS ALIENISTAS
Pinel, foi pioneiro no tratamento dos portadores de sofrimento mental
no ano de 1786.

Pinel foi psiquiatra no asilo de Bicêtre e Salpêtrière, hospitais que


viriam a ser parte do hospital geral.

Com Pinel, nasceu uma psiquiatria que pela primeira vez pretendia
tratar o louco como um ser humano

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Constituição do conhecimento psiquiátrico


OS ALIENISTAS
Pinel opôs-se frontalmente às teorias que explicavam a loucura como
lesão material do cérebro (em um sentido mais amplo, ele opunha-se
ao movimento anatomopatológico inaugurado por Bichat). Como para
Pinel a loucura não comprometia o cérebro, mas apenas o
funcionamento da mente, a curabilidade da loucura era o corolário
natural da sua concepção nosológica.

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Constituição do conhecimento psiquiátrico


OS ALIENISTAS
Jean-Etienne Esquirol (1772-1840) aprofundou as ideias de Pinel. Entre suas
principais contribuições:
• do ponto de vista semiológico, diferenciou alucinações de ilusões;
• do ponto de vista clínico, diferenciou o retardo mental (congênito) da
demência (adquirida);
Esquirol tentou distinguir a mania, caracterizada pelo delírio total, das
monomanias, que envolveriam diversos tipos de delírios parciais,
comprometendo seletivamente algumas funções psíquicas. Por exemplo, o
que chamamos de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) seria, para
Esquirol, uma monomania comprometendo o pensamento ou a vontade.

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Constituição do conhecimento psiquiátrico


OS ALIENISTAS
O médico francês Paul Briquet (1796-1881) descrições e análises
apuradas sobre o transtorno de sintomas somáticos e sobre a histeria.
O conhecimento sobre a histeria foi continuou sendo desenvolvida
pelos estudos de neurologistas, como Jean-Martin Charcot (1825-
1893) e Sigmund Freud (1856-1939).
Descrições pioneiras de ataque de pânico foram feitas pelo
otorrinolaringologista húngaro Maurice Krishaber (1836-1883) e pelo
médico militar norte-americano Jacob Mendes Da Costa (1833-1900).

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Constituição do conhecimento psiquiátrico


OS ALIENISTAS
Os primeiros relatos e análises das consequências psicológicas dos
eventos traumáticos são atribuídos ao cirurgião anglo-dinamarquês
John Eric Erichsen (1818-1896) e ao neurologista inglês John Russel
Reynolds (1828-1896).

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Kraeplin e a demência precoce


• Emil Kraepelin (1856-1926) criou a visão de conjunto que ainda hoje
embasa nossa concepção de psicose.
• Kraepelin reagrupar e redividir as psicoses endógenas sem lesões
cerebrais aparentes.
• Renomeou a insanidade maníaco-depressiva, descrita por Falret com
o nome de loucura circular (mas já conhecida das descrições feitas
por Areateus da Capadócia, no século I E.C.) e caracterizada pela
alternância de fases de exaltação e euforia com fases depressivas.

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Kraeplin e a demência precoce


• À insanidade maníaco-depressiva, Kraepelin contrapôs a demência
precoce.
• A demência precoce poderia se manifestar sob três formas distintas
• a hebefrenia (descrita por Ewald Hecker em 1871),
• a catatonia (ou loucura da tensão muscular, descrita por Karl Ludwig
Kahlbaum em 1874) e
• a demência paranoide (descrita pelo próprio Kraepelin).

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Kraeplin e a demência precoce


• Hoje sabemos que a demência precoce, não é demência e nem
precoce.

• É o que atualmente chamamos de ESQUIZOFRENIA, a partir dos


trabalho de Eugen Bleuler, na Suíça, no hospital psiquiátrico
Burghölzli.

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Constituição do conhecimento psiquiátrico


TRATAMENTO DAS DOENÇAS MENTAIS
• Não havia medicamentos.
• Tratamento moral.
• “Repouso”
Em casos difíceis:
• Camisa de força
• Amarração ao leito
• Solitária
• Privação sensorial

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Constituição do conhecimento psiquiátrico


TRATAMENTO DAS DOENÇAS MENTAIS
Em casos mais difíceis:
• Sabia-se que choque térmico ajudava em surtos
• Banhos frios (gelados) forçados
• Sabia-se que loucos com epilepsia voltam “mansos” das convulsões
• Epilepsia provocada
• Remédios
• Insulinoterapia
• Eletrochoque
• Lobotomia

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Psiquiatria moderna
Do século XVIII para o século XIX os médicos não conseguiam explicar a
loucura na sua nosologia classificatória. Compreendiam a nosologia da
loucura sem aplicação da ciência.

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Psiquiatria moderna
• Karl Jaspers, em 1913, publicou Psicopatologia Geral.
• Destacou o caráter empírico em dados que podiam ser observados por um
professional da saúde.

• No século XX, com o movimento para uma busca coletiva de criar


uma sociedade mais livre, igualitária e mais solidária, houve a
descoberta dos psicotrópicos, emergência da psicanálise e adoção da
saúde pública nas instituições da psiquiatria.

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História da Psiquiatria no Brasil

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HISTÓRICO DA REFORMA PSIQUIÁTRICA NO


BRASIL: CRÍTICA AO MODELO
HOSPITALOCÊNTRICO

• No Brasil: não difere tanto em relação a evolução europeia


• Em meados dos anos de 1800, os asilos e manicômios brasileiros
foram criados com as mesmas tendências europeias.
• O médico brasileiro Juliano Moreira fez aqui, o ponto de virada.

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Juliano Moreira, o
psiquiatra negro que
revolucionou o
tratamento das doenças
mentais no Brasil

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Nascido em 6 de janeiro 1872, entrou para os anais da


história da ciência = criador/idealizador da a disciplina
psiquiátrica no Brasil.
Juliano Moreira = médico, tropicalista, dermatologista,
alienista, psicólogo, naturalista e historiador da medicina
brasileiro.

Entrou na faculdade de medicina aos 14 anos e foi aluno do


professor Raymundo Nina Rodrigues, que acreditava que as
doenças mentais eram fruto da mestiçagem e do clima
tropical brasileiro.

Juliano rebateu essa tese.

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Foi alienista e médico-adjunto do Asylo São João de Deos,


criado em 1874, vinculado à Santa Casa da Misericórdia da
Bahia, de 1893 a 1903;
-
O hospital foi posteriormente denominado Hospício São
João de Deus (1922), Hospital São João de Deus (1925) e
Hospital Juliano Moreira (1936).

Ainda, nos dias atuais, é referência na Bahia em tratamento


psiquiátrico.

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Moreira é considerado o introdutor de inúmeros estudos


clínicos no Brasil, impulsionou a criação de laboratórios em
hospitais e clínicas e foi precursor da psicanálise, numa
época em que ainda não se discutia Freud no Brasil.

Foi responsável por transformações no modelo de


atendimento psiquiátrico, com enfoque mais humano,
retirando as grades das janelas das enfermarias; abolindo
os coletes e as camisas de força.

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Criou o Pavilhão Seabra, onde os pacientes realizavam


atividades que auxiliavam em sua recuperação e lhes
traziam alguma renda. - - Criou a enfermaria infantil.

Apostou na música nos corredores do hospital como terapia


e implantou oficinas artísticas antecipando-se à,
posteriormente criada, terapia ocupacional.

Apresentou ao físico Albert Einstein, em visita ao Brasil em


1925, as oficinas terapêuticas para os alienados.

Entre os anos de 1903 a 1930, no Rio de Janeiro, ele dirigiu


o Hospício Nacional de Alienados. Nesse hospício, embora
não fosse professor da Faculdade de Medicina do Rio,
recebia internos para o ensino de psiquiatria.

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Morreu em 2 de maio de 1933, em consequência da


tuberculose, na cidade de Petrópolis.
Juliano Moreira é o patrono da cadeira 57 da Academia
Nacional de Medicina.

Em 2001, a Congregação da Faculdade de Medicina da


Universidade Federal da Bahia aprovou a criação do Prêmio
Juliano Moreira, que contempla, a cada semestre, o
graduando em medicina que apresente as mais expressivas
atividades de extensão ao longo do curso.

Para preservar sua memória, foi criado o Memorial Juliano


Moreira, como um setor do hospital psiquiátrico que leva
seu nome em Salvador.

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Francisco Franco da Rocha (Amparo, 23 de agosto de 1864-1933),


médico psiquiatra, foi o pioneiro no uso de técnicas modernas no
tratamento de doenças mentais no Brasil.

Fundador do Asilo de Alienados do Juqueri, que em 1928 passou a


se denominar Hospital e Colônias de Juqueri e, mais tarde,
Hospital Psiquiátrico do Juqueri, localizado no atual município de
Franco da Rocha.

Franco da Rocha contribuiu com ideias de terapia ocupacional


para os doentes mentais, porém houve tempo em que essas ideias
foram distorcidas e o trabalho dos internos
era utilizado com produção não remunerada.

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Chegou a ter mais de 14 mil internados.

O Juqueri perdeu o controle e o propósito na década de 1920,


semelhante a outros asilos, com a adoção de práticas bárbaras,
devido à falta de gestão e fiscalização desses espaços de
confinamento.

As práticas manicomiais eram das mesmas correntes cruéis que


ocorreram em Barbacena (MG), no Hospital Colônia.

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O movimento antimanicomial

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O movimento antimanicomial
• A imprensa começou a divulgar reportagens denunciando os maus-tratos aos
internos e as condições em que viviam, mobilizando a opinião pública sobre a
situação de Barbacena (MG).

• Em meio a diferentes denúncias, em 1975, o Brasil começou a luta


antimanicomial.

• Vários movimentos seguiram por parte de profissionais de saúde, pacientes e


familiares na busca por reformar o modelo de internação vigente na época.

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O movimento antimanicomial
• Em 1987: primeira Conferência Nacional de saúde mental, que apresentou
temáticas sobre tratamentos psiquiátricos mais humanizados
• Reforma em relação ao modelo hospitalocêntrico para ao modelo de inserção do
paciente psiquiátrico na sociedade.
• Com a Constituição Federal (1988), somados com o advento do Sistema Único de
Saúde (SUS) nos anos 90, passou a ser direito de todos a participação na gestão
do SUS, dessa forma, foi possível a criação de garantias legais para manter as
reivindicações a respeito da reforma psiquiátrica.
• Em 1992, a segunda Conferência Nacional de Saúde mental utilizou
o evento para compor a reforma psiquiátrica junto com a reforma sanitária, que
ocorria após a implementação do SUS.

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O movimento antimanicomial
• A partir dessa 2a conferência, são criados os primeiros NAPS, chamados de
núcleos de apoio psicossociais e depois os Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS), os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs) e as Unidades Psiquiátricas
em Hospitais Gerais (UPHG).
• Com os programas da Saúde da Família consolidados, foi possível cobrir áreas e
mapear melhor as necessidades de atenção específica de saúde mental, esse
binômio (Reforma Psiquiátrica e Sistema Único de Saúde) foi uma parceria bem-
sucedida para possibilitar a reforma em escala nacional.
• A Reforma Psiquiátrica Brasileira foi um movimento social e político que
aconteceu em concomitância com a saúde pública.

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Diferentes psicopatologias

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Diferentes psicopatologias
• A psicopatologia destaca-se pela multiplicidade de visões e
abordagens teóricas.

• Em razão dessa multiplicidade, há diferentes formas de compreender


a psicopatologia.

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Diferentes psicopatologias
• Psicopatologia descritiva = investigação e compreensão da
psicopatologia por meio da descrição das formas de alteração
psíquicas, as estruturas dos sintomas.

• Psicopatologia dinâmica = foco no conteúdo das vivências do


sujeito, o movimento interno dos seus afetos, seus desejos e
temores. Mantém o foco na experiência individual do sujeito. Não
tem o foco apenas no patológico, mas também na vivência saudável.

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Diferentes psicopatologias
• Psicopatologia médica = foco no corpo humano, ou seja, no ser
biológico.

• Psicopatologia existencial = compreende o paciente como um ser


singular. Sua construção como ser acontece por meio das
experiências que são individuais e cada pessoa responderá do seu
modo.

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Diferentes psicopatologias
• Psicopatologia comportamental e cognitivista = compreende o ser
humano pelo modo que se comporta perante o mundo. Esses
conjuntos de comportamentos podem ser observáveis e são
regulados por estímulos específicos e suas respostas.
• Psicopatologia Psicanalítica = visão do homem dominado pelo
desejo, forças e conflitos inconscientes. Os sintomas e síndromes
seriam formas de o sujeito expressar seus conflitos inconscientes e
desejos que não conseguem realizar. O sintoma é visto como um
acordo entre os desejos inconscientes, as normas culturais e as
possibilidades de satisfação. O resultado desse conflito é que seria o
sintoma psicopatológico.

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Diferentes psicopatologias
• Psicopatologia categórica = compreende as psicopatologias como
doenças mentais específicas que tem fronteiras bem demarcadas, ou
seja, são completamente individualizadas.
• Psicopatologia dimensional = tem sido o modelo mais adequado
para o uso clínico em investigações em psicopatologia. Nessa
perspectiva, existem dimensões que vão desde psicopatologias mais
graves a um nível sintomatológico considerado saudável. O que vai
dizer se algo é saudável ou patológico são os níveis dos sintomas.

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Diferentes psicopatologias
• Psicopatologia biológica = enfatiza aspectos do cérebro,
neuroquímicos ou neurofisiológicos das doenças e dos sintomas
mentais.
• Psicopatologia sociocultural = compreende os transtornos mentais
como comportamentos desviantes que surgem devido a fatores
socioculturais, como por exemplo, discriminação, pobreza, migração,
estresse ocupacional dentre outros fatores.

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Diferentes psicopatologias
• Psicopatologia operacional = pragmática as definições de transtornos
mentais e sintomas são realizadas de forma arbitrária em função da sua
utilidade pragmática, clínica ou para pesquisas. Não busca compreensão
da natureza da doença e não considera fundamentos filosóficos. Trata-se
dos modelos oficiais para diagnóstico das psicopatologias e relatadas nos
manuais psiquiátricos como Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM-V) e Classificação Estatística Internacional de
Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-11).

• Psicopatologia fundamental = foca a pesquisa psicopatológica sobre os


fundamentos históricos e conceituais de cada transtorno. É incluído
aspectos literários, artísticos e outras áreas das humanidades. Dá ênfase à
noção de doença como páthos que significa sofrimento por meio do
excesso da paixão.

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O normal x o patológico

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Saudável x Patológico
• O limiar entre o que é considerado o
saudável e o patológico é uma questão
complexa e que gera grandes discussões na
área, principalmente pela dificuldade na
demarcação das fronteiras entre saudável e
patológico.

• Alguns critérios são adotados para auxiliar


profissionais na compreensão do que seria
um funcionamento saudável (normal) ou
patológico:

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Saudável x Patológico
O saudável / normal pode ser visto como a ausência de doença?
• Normalidade ideal = como a normalidade não seria algo alcançável
pelo homem, se estabelece o normal com base no que é considerado
mais saudável a partir dos critérios socioculturais e ideológicos.
• Normalidade estatística = compreendida como o que é mais
frequente observado na população geral.
• Normalidade como bem-estar = conceito de saúde indicado pela
Organização Mundial da Saúde (OMS, 1948) que definiu o conceito
de saúde como completo bem-estar físico, mental e social e não
apenas o sujeito não ter um diagnóstico de uma doença.

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Saudável x Patológico
• Normalidade funcional = compreende a normalidade com base no
quão funcional o sujeito consegue ser dentro da sociedade que está
inserido.
• Normalidade como processo = entende que a normalidade não é
algo estático e sim dinâmico.
• Normalidade subjetiva = foco dado na percepção que o próprio
indivíduo tem sobre seu estado de saúde e as suas questões.

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Classificação dos transtornos


mentais

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Classificação Psicanalítica
NEUROSE PERVERSÃO PSICOSE
Sofrimento psicológico é Sofrimento psicológico é Sofrimento psicológico é
tão grande que produz um tão grande que produz um tão grande que produz um
trauma (fratura) no ego, trauma (fratura) no ego, trauma (fratura) no ego,
mas não comprometeu a com comprometimento da com comprometimento da
personalidade. sexualidade, que então personalidade, com por
fica, deformada, desviada exemplo, perda da
(ou pervertida) de sua realidade.
finalidade natural: prazer
pleno e procriação

Atualmente não se usa mais essa nosologia porque é mais útil descrever os transtornos
a partir de critérios objetivos que avaliam os sintomas e não a sua etiologia.

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Semiologia, Sinais, Sintomas, Nosologia,


Nosografia e Etiologia
Semiologia é o estudos dos signos. Quando aplicamos o conceito da
semiologia dentro da psicopatologia o sentido é mais restrito e significa os
estudos dos sinais e sintomas dos transtornos mentais.
• Sinais = OBSERVÁVEIS
• Sintomas = SUBJETIVO / DESCRITOS PELO PACIENTE
• Nosologia = é uma ordenação ou classificação das doenças, neste caso, dos
transtornos mentais. É uma taxonomia que visa auxiliar profissionais para
o diagnóstico (e.g. DSM-V).
• Nosografia = ordena as enfermidades em um aspecto meramente
descritivo (e.g., são sintomas de depressão o humor deprimido, anedonia
etc.)
• Etiologia = estudo das causas de determinada psicopatologia. A origem
dos transtornos mentais é multifatorial: biológico, psicológico e social.

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Semiologia, Sinais, Sintomas, Nosologia,


Nosografia e Etiologia
• Etiologia = estudo das causas de determinada psicopatologia. A
origem dos transtornos mentais é multifatorial: biológico, psicológico
e social.
• BIOLÓGICO:
• Condição decorrente da existência de doenças, por exemplo, AIDS
• Condição decorrente de alterações metabólicas, por exemplo, demência decorrente de
falta de eletrólitos.
• Condição decorrente de uso de substâncias lícitas ou ilíticas
• PSICOLÓGICO
• Doenças psicossomáticas
• Crenças disfuncionais
• Aprendizagem e contingências
• Psicodinâmica

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Semiologia, Sinais, Sintomas, Nosologia,


Nosografia e Etiologia
• Etiologia = estudo das causas de determinada psicopatologia. A
origem dos transtornos mentais é multifatorial: biológico, psicológico
e social.
• SOCIAL
• Problemas escolares
• Problemas profissionais
• Problemas relacionados à preparação militar
• Problemas de moradia
• Problemas relacionados à moradia institucional
• Problemas econômicos e de segurança alimentar
• Problemas relacionados ao contexto social (morar sozinho, dificuldade de aculturação,
rejeição social, discriminação)
• Problemas relacionados a problemas legais (processos, prisão, pensão, etc)

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Doenças, síndromes, transtornos


• Doença = segundo definição da Organização Mundial da Saúde, seria
não alcançar seus critérios de saúde, ou seja, seria a ausência da
saúde.

Alguns critérios precisam ser preenchidos para que algo seja considerado como
doença: ter uma causa reconhecida, ter a manifestação por meio de um
conjunto de sintomas específicos e provocar alterações no organismo que
podem ser observadas ou verificadas por meio de exames (e.g. hemograma,
raio X, tomografia, ultrassonografia).

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Doenças, síndromes, transtornos


• Síndrome = compreendida como um conjunto, uma reunião de sintomas e
sinais que podem estar associados a mais de uma causa.
A sintomatologia da síndrome é inespecífica.

• Transtorno = alteração que pode ou não estar associada com a presença


de uma doença, mas que causam prejuízos e sofrimentos para os
pacientes.

O termo transtorno é utilizado porque raramente o paciente preenche todos


os critérios diagnósticos, ou seja, apresenta todos os sintomas relacionados
a uma patologia. Além disso, estas condições são crônicas, existe tratamento
que minimizam os sintomas e os impactos na vida do paciente, porém, não
existe cura e, eventualmente, o paciente pode vir a sofrer com a presença
dos sintomas em outros momentos da vida.

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Sistemas de classificação e diagnóstico


CID: Classificação Internacional DSM: Diagnostic and statistical
das Doenças manual of mental disorders
• Organização Mundial da Saúde • Associação Americana de
Psiquiatria

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Sistemas de classificação e diagnóstico


• CID
A classificação Internacional de Doenças e Problemas relacionados à
Saúde (CID) é um manual classificatório com uma ampla gama de
doenças, transtornos e síndromes, incluindo os transtornos mentais.
Assim como o DSM, essa classificação toma como base no modelo
categórico, ou seja, trabalha com a ausência e presença de sintomas
para pautar o diagnóstico dos transtornos mentais.
É o sistema mais utilizado atualmente, inclusive adotado como
padrão nos serviços de saúde pública, no Brasil. Tem como objetivo
uma padronização da busca por diagnóstico

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Sistemas de classificação e diagnóstico


• DSM-V
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) é
uma classificação de transtornos mentais e critérios associados aos
transtornos que foi elaborada para facilitar o estabelecimento de
diagnósticos.
• O DSM tem algumas versões publicadas nos últimos 60 anos, sendo
uma referência para a prática clínica no campo da saúde mental.
O DSM tem como objetivo servir como um guia prático, funcional e
flexível para auxiliar o diagnóstico preciso e tratamento de
transtornos mentais.

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Sistemas de classificação e diagnóstico


• HiTOP
The Hierarchical Taxonomy of Psychopathology (HiTOP) é um modelo
alternativo para compreensão dos transtornos mentais proposto por um
consórcio de pesquisadores renomados no campo da saúde mental.
Este modelo é proposto devido às críticas que são feitas pela perspectiva
categoria adotada nos manuais, como o Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais-DSM-V e a Classificação Internacional de Doenças
e Problemas Relacionados à Saúde (CID).
Importante ressaltar que este modelo taxonômico não é oficial para
diagnóstico, porém tem sido alvo de diversos estudos e propostas de
instrumentos com base no HiTOP com aceitação da comunidade científica.

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Referências
• CECCARELLI, P. (2005). Sofrimento psíquico na perspectiva da psicopatologia
fundamental. Psicologia em Estudo, 10(3), 471-477.
• CLÁUDIO,J. C. M; Ribeiro, R. L. HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA E DA SAÚDE MENTAL.
Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020.
• DALGALARRONDO, Paulo. Cap. 3 - Os principais campos e tipos de psicopatologia.
In: Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Artmed Editorial : São
Paulo, 2019
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