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ASSISTÊNCIA

DE
ENFERMAGEM
EM SAÚDE
MENTAL
PSQUIATRIA OU
SAÚDE MENTAL?

• Saúde mental: se justifica, por


ser uma área de conhecimento
que, mais do que diagnosticar e
tratar, liga-se à prevenção e
promoção da saúde.

• Preocupando-se em reabilitar e
reinserir o paciente/cliente em
seu contexto social.
EVOLUÇÃO DA
SAÚDE MENTAL
• Na antiguidade, os primeiros médicos eram
sacerdotes que tratavam doenças mentais
através de métodos mágico-religiosos.

• Então a população acreditava numa cura


envolvendo o misticismo, a magia e estava
intrinsicamente ligada a religiosidade.
EVOLUÇÃO DA
SAÚDE MENTAL

• Por volta de 500 a.C. indicava-se sono,


atividades como diversão, boas ações ou
meditação para as pessoas afetadas, porém
com explicações sobrenaturais.

• Acreditava-se que a meditação ou processo


de transceder, levariam os considerados
"loucos" a encontrar a sanidade ou lucidez.
EVOLUÇÃO DA
SAÚDE MENTAL
• Na era clássica, Hipócrates (460 a 370 a.C)
considerava o cérebro como sendo a sede da
vida, e seu funcionamento normal exigia um
equilíbrio entre os homens.

• Portanto, grandes excessos de frieza e ânimo


causavam uma forma de demência.
EVOLUÇÃO DA SAÚDE MENTAL

• O filósofo Platão (427 a.C a 347 a.C.), dividia a


alma em três partes: racional, apetitiva
(desejos e ganância) e espiritual afetiva.

• A loucura ocorria quando a alma apetitiva


perdia a influência sobre a alma racional ou
quando havia uma perturbação divina da
alma.(GOLDBERGE, 1994).
EVOLUÇÃO DA
SAÚDE MENTAL

• Já Aristóteles (384 a.C. a 322 a.C.), discípulo


de Platão acreditava que a doença mental
ocorria quando a alma era sujeitada a
mudanças na temperatura e emoções.

• Ele foi o primeiro a descrever os afetos de


desejo, raiva, medo, coragem, inveja, alegria,
ódio e pesar (OPPENHEIM, 1991).
EVOLUÇÃO DA
SAÚDE MENTAL

• O maior médico romano foi Galeno (130 a 200 a.C.), que consolidou e aprimorou o pensamento
médico e psicológico.

• Ele conceitualizou que os humores existiam em formas normais e anormais e que quatro
qualidades (quente, frio, seco e úmido) são essenciais para a formação dos temperamentos
humanos.
EVOLUÇÃO DA SAÚDE
MENTAL

• A Idade Média (séc. XIV e XV) foi representada


pelo leproso, encarnando o mal e
representando o castigo divino,

• A lepra se espalhava causando pavor e


sentenciando seus portadores à exclusão.
EVOLUÇÃO DA SAÚDE
MENTAL

Alguns séculos depois, a exclusão social


passa a ser ocupada pela figura do louco
(FOCAULT, 1972).

A associação entre a lepra, ou Hanseníase


como é conhecida hoje em dia, se dá pela
forma de exclusão e sentenciamento.
EVOLUÇÃO DA SAÚDE
MENTAL

• A igreja antigamente tinha importante


papel na sociedade, e as atitudes
cristãs para com os insanos flutuavam
entre a rejeição e a tolerância.

• Uma vez que abrigavam demônios, os


insanos eram encarcerados em torres
para loucos e eram periodicamente
expulsos das cidades.
EVOLUÇÃO DA SAÚDE MENTAL

• Durante a maior parte do século, os


insanos detentos em asilos mentais
públicos eram frequentemente
considerados como tendo doenças
incuráveis e eram sujeitos a
contenções físicas, espancamento e
medo constante.
EVOLUÇÃO DA
SAÚDE MENTAL

• Ao final do século este duro


tratamento foi trocado por
reformas que aboliram a maioria
das contenções,

• Criaram um regime de asilos no


qual o paciente mental era
respeitado como pessoa.
EVOLUÇÃO DA SAÚDE
MENTAL

• O primeiro asilo europeu cristão que


cuidava inteiramente de pacientes
mentais foi construído em Valência na
Espanha, em 1409, sendo seguido por
outros asilos na Espanha.

• Aqui começou-se a ter um


preocupação maior com pacientes de
saúde mental, mas ainda bem aquém
do necessário.
EVOLUÇÃO DA
SAÚDE MENTAL

• Em 1486 durante o Renascimento, o medo


da bruxaria foi estimulado pela publicação
do Malles M. - "O martelo das bruxas".

• Henry Kramer e James Sprenger, foram dois


teólogos que haviam sido designados pelo
Papa para atuarem como inquisidores da
Igreja contra a bruxaria.

• Caça às bruxas
EVOLUÇÃO DA
SAÚDE MENTAL

• Malleu descrevia principalmente as


bruxas como mulheres que
mostravam sintomas psicóticos ou
histéricos e delírios sexuais, mas
também sugeria que qualquer aflição
em um homem ou uma mulher
poderia ser um sinal de bruxaria.

• Quando na verdade, se tratavam de


pacientes psiquiatricos necessitando
de cuidados e controle de sinais e
sintomas.
EVOLUÇÃO DA
SAÚDE MENTAL

• Em 1656, em um decreto da monarquia


francesa criou-se uma nova organização
administrativa hospitalar para a cidade de
Paris;

• Que consistia de asilos e outras


instituições para os insanos, cada qual com
diretores que recebiam poderes para deter
pessoas por períodos indefinidos.
Internação obrigatória
EVOLUÇÃO DA SAÚDE
MENTAL

• Trancafiaram grupos de pessoas


insanas, juntamente com
indigentes, órfãos, prostitutas,
homossexuais, pessoas idosas e
doentes crônicos.

• Como um depósito de pessoas que


não encaixavam nos padrões
considerados "normais" da
sociedade.
EVOLUÇÃO DA
SAÚDE MENTAL

• Na Inglaterra, após 1660, pessoas


insanas eram mantidas em casa,
ou deixadas a vagar pelas ruas.

• Apenas algumas pessoas eram


enviadas para asilos privados ou
novos asilos públicos, onde
abrigavam doentes mentais nas
grandes cidades (THOMPSON,
1987).
EVOLUÇÃO DA
SAÚDE MENTAL
• Philippe Pinel, médico frânces, foi
um pioneiro na luta pela liberação
dos doentes mentais e um dos
responsáveis pela classificação das
doenças mentais.

• Ele integrou a corrente que


constituiu o saber psiquiátrico por
meio da observação e análise
sistemática dos fenômenos
perceptíveis da doença.
EVOLUÇÃO DA
SAÚDE MENTAL
• Pinel propagou que a base do
transtorno mental seria uma lesão
no Sistema Nervoso Central e tal
afirmação mudou a atitude da
sociedade em relação aos doentes
passando a considerá-los como
indivíduos doentes que
necessitavam de tratamento
médico.
EVOLUÇÃO DA
SAÚDE MENTAL
• Pinel foi o primeiro a distinguir os
vários tipos de psicoses e a descrever
as alucinações.

• Sua obra “Classificação filosófica das


doenças ou método aplicado à
medicina”, publicada em 1798,
continha descrições precisas e
sistematizadas de várias doenças
mentais e foi traduzida para quase
todas as línguas européias.
EVOLUÇÃO DA
SAÚDE MENTAL
• Pinel foi o primeiro a distinguir os
vários tipos de psicoses e a descrever
as alucinações.

• Sua obra “Classificação filosófica das


doenças ou método aplicado à
medicina”, publicada em 1798,
continha descrições precisas e
sistematizadas de várias doenças
mentais e foi traduzida para quase
todas as línguas européias.
EVOLUÇÃO DA
SAÚDE MENTAL

• Nessa época, por ocasião da Guerra da


Criméia, surgiu Florence Nightingale que
percebeu a importância do cuidado mais
humano ao doente e a necessidade de
educação e preparo das pessoas que
cuidavam dos doentes.

• Além da preocupação com cuidado do


paciente, Florence destinava atenções a
saúde mental dos profissionais que
naquela ocasião viviam momento de
guerra, estando expostos a todo tipo de
imagens e sentimentos.
EVOLUÇÃO DA SAÚDE
MENTAL

• O século XIX bem merece o título de o


"século dos manicômios".

• Em nenhum outro a terapêutica da loucura


foi tão vinculada à internação, pois em
nenhum outro século o número de
internações atingiu proporções tão
grandiosas nas populações (SCULL, 1983).
EVOLUÇÃO DA
SAÚDE MENTAL

• Cerca de duas décadas depois,


surge na França um movimento
que prega a necessidade de
retirar dos manicômios -
frequentemente chamados
asilos - o maior número possível
de pacientes, pois era preciso
internar apenas os pacientes
perigosos.
EVOLUÇÃO DA SAÚDE
MENTAL

• Os fundamentais princípios do movimento


eram:

• Uma idéia de que o contato com a vida


normal poderia trazer a cura para muitos
doentes.

• A urgente necessidade de reduzir a


população aos manicômios.
EVOLUÇÃO DA
SAÚDE MENTAL
• Mas havia uma terceira
razão para o movimento:
o crescente número de
internações e o custo
dos manicômios para os
cofres públicos.
EVOLUÇÃO DA
SAÚDE MENTAL

• O século XX foi a época de grandes


descobertas no âmbito das doenças
mentais e, por isso denominado “Período
de Ouro da Psiquiatria”.

• Nos primeiros 20 anos deste século,


estudiosos da área começaram a perceber
que certos tratamentos médicos poderiam
ser usados para algumas desordens
mentais.
EVOLUÇÃO DA
SAÚDE MENTAL

• Nas décadas de 20 e 30 surgiram


como decorrências das grandes
descobertas terapêuticas da
medicina em geral, vários
tratamentos orgânicos como:
sonoterapia, eletrochoqueterapi
a e a psicocirurgias.

(KALMEN; DAVIS, 1974).


Eletroconvulsoterapia
– eletrochoque

• Na década de 1930, foi inventada


a eletroconvulsoterapia (ECT), induzindo
crises convulsivas a partir de descargas
elétricas.

• Infelizmente, pela falta do uso de


anestésicos e relaxantes musculares
adequados, além do desconhecimento
sobre os parâmetros relacionados à
descarga elétrica, fizeram com que
pacientes sofressem com fraturas,
deslocamento de membros e efeitos
colaterais cognitivos mais importantes.
Eletroconvulsoterapia
– eletrochoque

• A partir de 1978, a Associação Americana


de Psiquiatria publicou o primeiro artigo
tentando estabelecer um consenso para os
aspectos técnicos e clínicos relacionados ao
procedimento.

• Sete anos após, o Instituto Nacional de Saúde


e a Conferência Nacional de Saúde Mental
americanos elaboraram novo consenso
reforçando o uso do ECT e estimulando
pesquisas e critérios para a prática.

• Com isso, estudos posteriores concluíram que


essa prática seria, de fato, eficaz.
Eletroconvulsoterapia
– eletrochoque

Indicações -

• Transtorno depressivo maior


• Transtorno afetivo bipolar
• Esquizofrenia
• Entre outros transtornos
EVOLUÇÃO DA
SAÚDE MENTAL
• No final da década de 40 e início
dos anos 50, muitos pacientes
obsessivo - compulsivos intratáveis
foram submetidos à lobotomias
Lobotomia
• Também chamada de "psicocirurgia", era uma
técnica neurocirúrgica que tinha intenção
de eliminar determinadas doenças mentais ou
modificar "comportamentos inadequados".

• Nunca houve um consenso técnico sobre a


intervenção, menos ainda uma certeza sobre sua
real eficácia no tratamento das doenças mentais.
Lobotomia
• A lobotomia significa a retirada de um pedaço do cérebro,
geralmente o lobo pré-frontal, que é a área cerebral que mais se
destaca no cérebro humano.

• Extremamente invasiva e perigosa em seus primórdios, a


porcentagem de óbitos em decorrência da cirurgia era alta.

• Além das complicações que poderiam advir desta prática, como


hemorragias cranianas, inflamação das meninges, infecções, ou
sequelas como hemiplegia e paraplegia, caso áreas motoras do
cérebro fossem atingidas durante a cirurgia, o que era comum.
Lobotomia
• De acordo com um estudo publicado em 2005 no
jornal Brain, atualmente a cirurgia é feita de modo
preciso e visa apenas a parte do tecido cerebral
que causa os sintomas problemáticos nas pessoas.

• Uma dessas cirurgias cerebrais é conhecida como


cingulotomia, que é usada para tratar pessoas
com transtorno obsessivo-compulsivo grave.
EVOLUÇÃO DA
SAÚDE MENTAL

• No final da II Guerra Mundial,


vários movimentos de
contestação do saber e práticas
psíquicas se faziam notar no
cenário mundial.

• Se destacam a Psiquiatria do
Setor na França, as comunidades
Terapêuticas na Inglaterra e a
Psiquiatria Preventiva nos EUA.
EVOLUÇÃO DA
SAÚDE MENTAL

• Eram movimentos de “reforma”


da assistência psiquiátrica no
sentido de apontarem para um
rearranjo técnico - cientifico e
administrativo da Psiquiatria,
sem a radicalidade da
desinstitucionalização, proposta
pelo movimento italiano.
EVOLUÇÃO DA SAÚDE MENTAL

• Em 1962, Franco Basaglia


(psiquiatra Italiano) e
Antônio Slavich em Gorizia
– Itália, num hospital
fechado de 700 leitos,
deram início ao movimento
de introdução dos
princípios da Comunidade
Terapêutica.
EVOLUÇÃO DA
SAÚDE MENTAL

• Por sua vez os anos 70, foram


marcados pelos movimentos na
América Latina para direcionar
propostas de reformulação e
reorganização da política de
saúde mental buscando
humanizar o tratamento aos
pacientes.
EVOLUÇÃO DA SAÚDE
MENTAL

• No entanto, as instituições
psiquiátricas não passavam de
empresas de saúde, revestidas
de um saber psiquiátrico,
usando o paciente com a
finalidade de lucro em nome da
ordem social (BERNARDO,
1992).
História da Assistência
Psiquiátrica no Brasil
Filme: No coração da loucura
• https://www.youtube.com/watch?v=bOrymJuwVvI
História da Assistência
Psiquiátrica no Brasil

• No Brasil colônia, o louco ficava


recluso em sua própria casa,
permanecendo, assim,
silenciada a questão da saúde
mental e acabaram por se
unirem posteriormente, a uma
grande massa de inaptos,
desempregados, negros
alforriados, mulatos e
criminosos, que eram
confinados aos porões das
Santas Casas.
História da Assistência
Psiquiátrica no Brasil

• Vários são os relatos de maus-


tratos, espancamentos e
punições, sendo poucas as
alternativas de assistência
propriamente ditas.
História da Assistência
Psiquiátrica no Brasil

• O primeiro "hospício" foi


criado em 1852 no Rio
de Janeiro por D. Pedro
II, levando seu nome.
História da Assistência
Psiquiátrica no Brasil

• Hoje, Instituto Municipal Nise da


Silveira.

• Nise da Silveira (Maceió, 15 de fevereiro


de 1905 — Rio de Janeiro, 30 de
outubro de 1999) foi uma renomada
médica psiquiatra brasileira.
História da Assistência
Psiquiátrica no Brasil

• Nise da Silveira enxergou a riqueza de


seres humanos que estavam “no meio
do caminho”.

• No meio do caminho entre o existir e a


dignidade. No meio do caminho entre a
loucura e a exclusão total. Entre o
aceitável e o abominável.
História da Assistência
Psiquiátrica no Brasil

• Essa mulher se rebelou contra a psiquiatria que


aplicava violentos choques para “ajustar”
pessoas e propôs um tratamento humanizado,
que usava a arte para reabilitar os pacientes.

• Em 1944, Nise passou a trabalhar no Hospital


Pedro II, antigo Centro Psiquiátrico Nacional, no
Rio de Janeiro.

• Ela se recusou a seguir o tratamento da época,


que incluía choque elétrico, cardiazólico e
insulínico, camisa de força e isolamento.
História da Assistência
Psiquiátrica no Brasil

• Nise percebeu que as artes plásticas eram o


canal de comunicação com os pacientes
esquizofrênicos graves, que até então não se
comunicavam verbalmente.

• As obras produzidas por eles davam "voz" aos


conflitos internos que viviam.

• Além do efeito terapêutico, as artes plásticas


possibilitaram que os pacientes (ou clientes,
como Nise gostava de chamá-los) se tornassem
verdadeiros artistas.
História da Assistência Psiquiátrica no Brasil

• Com certa rapidez, outras Santas Casas,


asilos e manicômios foram sendo criados
em todos os Estados do Brasil.

• A década de 1950 foi marcada pela


superlotação de asilos e hospitais
psiquiátricos, que se espalhavam pelo
país.
História da Assistência
Psiquiátrica no Brasil

• A maioria dos hospitais públicos


estava em precárias condições
de manutenção administrativa e,
principalmente, sem
perspectivas assistenciais
humanas.

• Começou-se a contratação de
leitos psiquiátricos privados pelo
Estado.
História da
Assistência
Psiquiátrica no
Brasil

• Ocorreu a partir daí: tempo


exagerado de permanência
nos hospitais, atendimento
desumano, uso abusivo e
quase exclusivo de
psicofármacos como
alternativa de tratamento,
investimento na hotelaria
dos hospitais.
História da Assistência
Psiquiátrica no Brasil

• Ocorreram movimentos na
América Latina e no Brasil, para
direcionar propostas de
reformulação e reorganização
da política de saúde mental
buscando humanizar o
tratamento aos pacientes.
História da
Assistência
Psiquiátrica no • No final dos nos 1970 e início de
Brasil 1980, período marcado pelo final
da ditadura, houve a falência do
“milagre econômico”, suspensão da
censura e reorganização da
sociedade, através do
ressurgimento dos sindicatos,
partidos políticos e retorno ao
Estado de Direito.
História da
Assistência
Psiquiátrica no • Esse período é considerado
como o primeiro momento
Brasil da Reforma Psiquiátrica
Brasileira, denominado
“trajetória alternativa”
desse processo
(AMARANTE, 1995).
História da Assistência
Psiquiátrica no Brasil
• Um grupo que impulsionou as
discussões acerca da
desinstitucionalização foi o
Movimento dos Trabalhadores em
Saúde Mental, iniciado na década de
1970, com a intenção de lutar contra
a privatização da saúde, dadas as
particularidades e deformações do
sistema psiquiátrico brasileiro.
História da Assistência
Psiquiátrica no Brasil
• Reforçando a ideia de desmontar
os dispositivos institucionais de
cronificação, tais como falta de
individualidade, tratamento
impessoal, abuso de
psicofármacos, distanciamento da
realidade social e familiar, entre
outros (DELGADO, 1987).
História da Assistência
Psiquiátrica no Brasil
• Em 1987, ocorreu no Rio de
Janeiro a I Conferência Nacional
de Saúde Mental, seguindo os
pressupostos da 8ª. Conferência
Nacional de Saúde, ocorrida em
Brasília em 1986.
História da Assistência
Psiquiátrica no Brasil
• O documento final, propunha então a
reformulação do modelo assistencial
em saúde mental e consequente
reorganização dos serviços,
privilegiando o atendimento extra-
hospitalar e as equipes
multiprofissionais.

• Iniciava-se a discussão dos direitos de


cidadania e da legislação em relação ao
doente mental (BRASIL, 1987).
História da
Assistência
Psiquiátrica no
Brasil
• O borbulhar de propostas,
debates e encontros sobre o
atendimento ao doente
mental contribuiu para a
aprovação no Congresso
Nacional do projeto de lei no
2.675/89, conhecido como
"lei antimanicomial" ou
projeto Paulo Delgado.
História da Assistência
Psiquiátrica no Brasil

• O projeto Paulo Delgado dispunha


sobre a extinção progressiva dos
manicômios e sua substituição por
outros recursos assistenciais e
regulamenta a internação
psiquiátrica compulsória
(CONGRESSO NACIONAL, 1989).
História da Assistência
Psiquiátrica no Brasil

• A redação final do projeto de


lei é aprovada no Senado em
janeiro de 1999,
regulamentada como Lei
Federal em 2001 (BRASIL,
2001).
História da Assistência
Psiquiátrica no Brasil
• Em 1990, a Organização Pan-
Americana de Saúde (OPAS) e a
Organização Mundial da Saúde
(OMS) divulgaram um documento
intitulado “A reestruturação da
atenção psiquiátrica na América
Latina: uma nova política para os
serviços de Saúde Mental”, que
ficou conhecido como a
Declaração de Caracas.
História da Assistência
Psiquiátrica no Brasil

• Em dezembro de 1992, realizou-se em Brasília a II


Conferência Nacional de Saúde Mental, contando
com a participação efetiva de usuários, familiares,
conselhos de saúde, prestadores de serviços,
governos e entidades da sociedade civil brasileira.
História da
Assistência
Psiquiátrica no
Brasil

• Um dos muitos pontos


ressaltados naquela
Conferência foi à
participação dos usuários
nos grupos, debates,
plenárias e tribunas livres
(BRASIL, 1994).
III Conferência
Nacional de Saúde
Mental/2001
O tema:

"Cuidar, sim. Excluir, não -


"Efetivando a Reforma
Psiquiátrica, com Acesso,
Qualidade, Humanização e
Controle Social".
III Conferência
Nacional de Saúde
Mental/2001

• O tema principal será discutido a partir


do eixo temático: "Reorientação do
• modelo assistencial", tendo como
subtemas:
• I. Recursos Humanos
• II. Financiamento
• III. Controle Social
• IV. Direitos, Acessibilidade e Cidadania
IV CONFERÊNCIA
NACIONAL DE
SAÚDE MENTAL –
Julho 2010

• Tema central:
• “Saúde Mental direito e
compromisso de todos: consolidar
avanços e enfrentar desafios”.
• Eixo 1: Saúde Mental e Políticas de
Estado: pactuar caminhos
intersetoriais
(Eixo da Política e da Pactuação)

• Eixo 2: Consolidar a Rede de


Atenção Psicossocial e fortalecer os
movimentos sociais (Eixo do
Cuidado)

• Eixo 3: Direitos Humanos e


Cidadania como desafio ético e
intersetorial
(Eixo da Intersetorialidade)
Política de Saúde
Mental
• A Política de Saúde Mental no Brasil promove a
redução programada de leitos psiquiátricos de
longa permanência, incentivando que as
internações psiquiátricas, quando necessárias, se
deem no âmbito dos hospitais gerais e que sejam
de curta duração.

81
Política de Saúde
Mental
• Entre os equipamentos substitutivos
ao modelo manicomial estão os
Centros de Atenção Psicossocial
(Caps), os Serviços Residenciais
Terapêuticos (SRT), os Centros de
Convivência (Cecos), as Enfermarias
de Saúde Mental em hospitais
gerais, as oficinas de geração de
renda, entre outros.
Política de As Unidades Básicas de Saúde cumprem também
Saúde Mental uma importante função na composição dessa rede
comunitária de assistência em saúde mental.
Política de Nascidas com a redemocratização, a reforma sanitária e a reforma
psiquiátrica são parte de um Brasil que escolheu garantir a todos os seus
Saúde Mental cidadãos o direito à saúde.

Não é por acaso que, tanto no campo da Atenção Básica quanto da Saúde
Mental, saúde e cidadania são indissociáveis.
RESIDÊNCIAS
TERAPÊUTICAS

• A desinstitucionalização tem como objetivo a reinserção social dos


pacientes. Para tanto foram criados Serviços Terapêuticos
Substitutivos, em especial, as Residências Terapêuticas (BRASIL,
2005).
RESIDÊNCIAS
TERAPÊUTICAS

• Essas residências, integradas no


espaço urbano, são destinadas às
pessoas que estiveram em regime de
internação superior a dois anos e/ou
usuários de outros serviços de apoio
à saúde mental que perderem seus
vínculos sociais e familiares.
RESIDÊNCIAS
TERAPÊUTICAS
• Conforme instruções do Ministério
da Saúde, as residências não devem
ser vistas como mais um “serviço” de
saúde, mas como uma casa para os
moradores.

• Cada moradia deve ser considerada


única, buscando se aproximar dos
gostos e hábitos de seus moradores.
RESIDÊNCIAS
TERAPÊUTIC
AS

• O que diferencia uma residência da


outra, é a autonomia de seus
moradores, por isso, há residência de
cuidado intensivo com a presença de
cuidadores 24 horas; de cuidado
parcial com cuidadores apenas
durante o dia; e de alto grau de
autonomia com nenhum, ou quase
nenhum, tipo de cuidador. (VIDAL et
al., 2008)
RESIDÊNCIAS
TERAPÊUTICAS
• O Ministério da Saúde, pela
portaria n° 106/2000 introduziu o
Serviço de Residência Terapêutica
no âmbito do SUS. A implantação
da residência terapêutica exige
laços entre gestor, comunidade,
usuários, profissionais de saúde,
rede social de apoio e o trabalho
clínico com os moradores.
RESIDÊNCIAS
TERAPÊUTIC
AS

• A Residência Terapêutica deve estar


vinculada ao CAPS ou outro
dispositivo ambulatorial
especializado em saúde mental.

• Portanto, o suporte interdisciplinar


deve considerar a singularidade de
cada morador, e não apenas os
projetos e ações baseados no
coletivo (BRASIL, 2004).
Centro de Atenção
Psicossocial - CAPS

• No CAPS- Centro de Atenção Psicossocial, sua


função é prestar atendimento às pessoas com
grave sofrimento psíquico, diminuindo e evitando
internações psiquiátricas, e articular-se com a rede
de serviços da comunidade favorecendo a
reinserção delas a este espaço.

• Uma evolução positiva em assistência à saúde


mental depois da reforma psiquiátrica.
Centro de Atenção
Psicossocial - CAPS

• No CAPS, o usuário, de acordo com o projeto


terapêutico pode passar o dia, parte do dia na
unidade ou ouvir só uma consulta;

• Diferente de um Hospital Psiquiátrico, que fica


internado recebendo tratamento clínico, pois no
CAPS há equipe multiprofissional, oferecendo
diversas atividades terapêuticas, visitas
domiciliares, atividades de orientação e inclusão
das famílias e atividades comunitárias.
Centro de Atenção
Psicossocial - CAPS

• Os CAPS evitam a quebra nos laços familiares e sociais, fator


muito comum em internações de longa duração, os
hospitais Psiquiátricos.

• Ao passo que as pessoas vão tendo informações, apoio


sobre como procurar ajuda em casos de sofrimento
psíquico, gradativamente diminuirá as internações em
Hospitais Psiquiátricos,

• E um novo olhar vai se implantando sem preconceitos e


medo de acolher as pessoas com doenças mentais, sem
excluí-las de seu meio familiar e social.
• Os CAPS podem ser de tipo I, II, III, álcool e drogas (CAPSad) e
infantojuvenil (CAPSi). Para sua implantação deve-se primeiro
observar o critério populacional, cujos parâmetros são definidos da
seguinte forma (Ref.:Portaria GM nº. 336, de 19/02/02): Municípios
até 20.000 habitantes – rede básica com ações de saúde mental; 
Municípios entre 20.000 e 70.000 habitantes – CAPS I e rede básica
com ações de saúde mental; Municípios entre 70.000 e 200.000
habitantes – CAPS II, CAPS ad e rede básica com ações de saúde
mental; Municípios com mais de 200.000 habitantes – CAPS II, CAPS
III, CAPSad, CAPSi e rede básica com ações de saúde mental e
capacitação do SAMU.
• Schneider JF, Camatt a MW, Nasi C. O trabalho em um Centro de Atenção
Psicossocial: uma análise em Alfred Schutz. Rev Gaúcha Enferm.
2007;28(4):520-6
REFERÊNCIAS • Mello R, Furegato ARF. Representações de usuários, familia-res e profi
ssionais acerca de um Centro de Atenção Psicos-social. Esc Anna Nery Rev
Enferm. 2008;12(3):457-64

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