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Profa. Juliana Leonel


Prof. Armando Chibante
Prof. Rafael Modenesi
Contribuição: Profa. Ms. Cyndi Morão
▪ Do grego
▪ psychê = “alma”
▪ pato= sofrimento
▪ logia = conhecimento

▪ saber sobre o sofrimento da alma →


doença da “alma”;
▪ Ramo da ciência que trata da natureza
essencial da doença mental;
▪ Conjunto de conhecimentos referentes ao
adoecimento mental do ser humano;

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▪ Referências positivas e negativas sobre a
loucura
▪ Ideia romântica – genialidade artística e/ou
intelectual

▪ Figura do louco como descontrolado e


perigoso

▪ Michel Foucault (1926-1984) – modos de


compreender e lidar com a loucura não
foram os mesmos ao longo da história
▪ Loucura não é um fenômeno natural, nem uma
“doença”

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▪ Que mudanças fizeram com que a “loucura”

passasse a ser compreendida como “doença


mental”, “alienação mental” ou “patologia”?

▪ Foucault: o entendimento sobre a loucura

se transformou no decorrer do tempo,


tendo forte influência não apenas da
ciência, mas sobretudo das relações
entre saberes e poderes, das crenças, dos
costumes, dos rituais e do regime político
de cada época.

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▪ Na concepção mágico-animista ou demonológica

própria das antigas civilizações (Índia, China,


Mesopotâmia, Egito), a maior parte das enfermidades,
e especialmente os transtornos psíquicos, se atribuem
à possessão de maus espíritos ou a influências da
feitiçaria ou da bruxaria.

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▪ Em IV a.C., médicos babilônios atribuíam a loucura às possessões

demoníacas e os tratamentos eram feitos a partir de práticas


astrológicas e oraculares, além do sacrifício de animais;

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▪ Os egípcios construíram templos
onde realizavam curas e
funcionavam como escolas médicas;

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▪ Os hebreus tinham a crença que o

Deus único é quem atribuía


doenças e as curava – os médicos
eram sacerdotes que apelavam a
deus pela cura do paciente;

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▪ Os persas eram dualistas
▪ acreditavam na luta entre o deus da
bondade e justiça x espírito do mal
e das trevas
▪ assim as doenças eram causadas
quando o mal predominava, a cura
vinha por meio de exorcismo;

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▪ Histeria (do francês hystérie e este, do grego

ὑστέρα, "útero"). O termo tem origem no termo


médico grego hysterikos, que se referia a uma
suposta condição médica peculiar a mulheres,
causada por perturbações no útero. O termo
histeria foi utilizado por Hipócrates, que pensava
que a causa da histeria fosse um movimento
irregular de sangue do útero para o cérebro.

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▪ Era Clássica (1000 a.C.) poemas de Homero
apresentavam descrições de pessoas com insanidade
mental;

▪ os loucos eram valorizados pela sociedade,


considerados como escolhidos pelo Divino, os gregos
antigos acreditavam que as crises de agitação
estavam relacionadas às forças sobrenaturais.

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▪ Pessoas que cometiam ofensas aos deuses recebiam

como castigo a loucura e os templos eram os locais


para cura dos doentes

▪ os templos eram construídos em locais afastados das

cidades e o “tratamento” eram banhos e passeios


pelos jardins

▪ os sonhos também eram considerados como curador;

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▪ Galeno criou teoria dos 4 elementos

e 4 humores (sangue, fleuma, bílis


amarela e bílis negra;

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Teoria Humoral

• Dependendo da predominância de um ou outro humor, tinha-se o indivíduo sanguíneo

(otimista), fleumático (sereno), colérico (explosivo) e melancólico (pessimista)

• Primeiras descrições de delírios tóxicos e depressão, chamada de melancolia causada

pelo acúmulo de bílis negra;

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▪ Período medieval: com a queda do
império romano, o Cristianismo
assume o papel da cura. No lugar dos
deuses entram os santos;

▪ Os loucos andavam livremente pela


sociedade, sendo muitas vezes
considerados sagrados. Porém, essa
situação vai se transformar após o
final da Idade Média.
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▪ Até o século XIII e XIV, as doenças

do corpo eram tratadas pelos


médicos e as doenças mentais pelos
sábios → crença na feitiçaria;

▪ Origem demoníaca das doenças

mentais;

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▪ Padres realizavam exorcismos para expulsar maus
espíritos – encarceramento, açoites e inanição
▪ Primeiras instituições para isolar o “louco” – asilos
ou leprosários
▪ Os inofensivos, viviam soltos, ao mais perigosos,
eram presos.
▪ Idade Média é fundamental para se compreender a
marginalização da pessoa em sofrimento psíquico

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No Renascimento, entre os séculos XIV e
XVI, a loucura era vista como um saber
esotérico sobre a natureza da vida. Os
loucos 'conhecidos' eram tolerados, mas os
loucos 'estranhos', com comportamentos
desviantes e bizarros, incluindo os
bêbados e os devassos, eram confinados
em navios numa espécie de exílio
ritualístico. 23
▪ Renascimento (a partir de 1400): estudo da anatomia → doença
mental como perturbação das substâncias internas do corpo

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▪ Entre os séculos XVI e XVII, é marcado pela presença

do filósofo René Descartes (1956-1650) como maior


representante da cisão entre razão e desrazão

▪ Loucura não faz parte da razão e nos conduz ao erro

▪ Separação do que é racional e verdadeiro do que era

equivocado e falso

▪ Silencia a loucura do discurso racional e interna-a no

aspecto institucional

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▪ 1656 - fundado por decreto o Hospital
Geral de Paris, inaugurando a grande
internação dos pobres.
▪ O Hospital Geral tinha como objetivo
recolher e “hospedar” os pobres de
Paris, suprimindo a mendicância e a
ociosidade.
▪ Pessoas de qualquer sexo ou idade,
doentes ou em recuperação, curáveis
ou não eram forçados a trabalhar
como forma de “purificação”.

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▪ Essas casas de internamento se
espalharam rapidamente por toda a
Europa, especialmente na França,
Alemanha e Inglaterra,
▪ A grande internação é o momento
onde a loucura é relacionada com a
incapacidade para o trabalho e de
integrar-se no grupo, passando a se
inserir no contexto dos problemas
da cidade.

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▪ Alguns filósofos e psiquiatras
reformistas começaram a ver o
confinamento do louco como uma
maldade, deixando de ver a loucura
como um crime, passando a ver ela
como uma doença.
▪ Neste momento surge a ideia da
existência de um ser normal,
anterior à doença, e passa-se a ver o
louco como um doente, fora da
normalidade
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▪ No final do século XVIII e durante o século XIX, surgem os asilos

com valor terapêutico, a loucura passa a ser entendida por


'alienação mental’,

▪ Na França, Philippe Pinel liberta os loucos de Bicêtre, em 1794, e

defende sua reeducação através do controle social e moral.

▪ Philippe Pinel (1745-1826) sistematizou as doenças psiquiátricas

→ transtorno mental tinha como base o sistema nervoso central


(lesão, hereditária, experiências de vida) → Psiquiatria Moderna

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▪ Libertou os loucos dos asilos

▪ Criação de manicômios – “isolar para tratar”

▪ Tratamento moral

▪ 1º tratamentos medicamentosos

▪ Lobotomia, ECT, camisa de força, solitária, contenções,


agressões físicas, afogamentos

▪ o asilo era o melhor meio de garantir a segurança pessoal


dos loucos e sua família, ao libertá-los de influências
externas. Lugar de vigilância e de trabalho como principal
meio de cura. É o trabalho que dignifica o homem e
transforma o alienado num ser útil e dócil.
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▪ A loucura, que até então era exaltada como
marca do divino, constitui-se em um modo de
exclusão, devido às mudanças ocorridas em
decorrência do crescimento das cidades, com
o poder das relações políticas e com o
desenvolvimento da industrialização.
▪ Nesse período, foram criados, em território
europeu, estabelecimentos para internação,
destinados a receber os loucos.
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▪ O louco era visto como um animal,

desprovido de sua racionalidade, de sua


fragilidade humana e de sensibilidade à
dor física. Como a animalidade, a
loucura era sinal de humilhação e
sofrimento.

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▪ “A loucura passa de uma indiferenciação, entre os séculos XV e XVI, onde
não havia uma distinção entre loucura e saber, a loucura era uma forma de
saber, que manifesta a realidade de outro mundo: o louco é um estranho,
entregue a peregrinos e navegantes. Um período de segregação, entre os
séculos XVII e XVIII, onde a loucura passa a ser associada ao sonho e ao
erro, excluído da razão, iniciando seu enclausuramento com a pobreza, as
doenças venéreas e a incapacidade para o trabalho. Por fim, se torna um
objeto de saber médico, entre o final do século XVIII e início do século XIX,
passa a ser entendida como “doença mental”, que necessita de tratamento,
sendo um objeto do conhecimento a ser dominado e controlado.“

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Era contemporânea - Discriminar uma doença mental
de outra e diferenciá-las dos males físicos

▪ Kraepelin- sistematização psiquiátrica;

▪ Charcot – histeria; hipnose como tratamento;

▪ Bleuler cria o termo esquizofrenia – psicoses


conhecidas como demência precoce;
▪ Freud – aluno de Charcot aprende a usar a hipnose
→ limitações → associação livre + interpretação dos
sonhos + energia sexual → Psicanálise
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1950 – psicofármacos

Clorpromazina –
antipsicótico
Lítio - antimaníaco

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▪ Século XX – Após II Guerra Mundial, retorno do crescimento econômico, época de

movimentos civis e de intolerância para com as diferenças e as minorias, que a


comunidade profissional, por diferentes vias, chega à conclusão que o hospital
psiquiátrico deveria ser transformado.

▪ Mediante vários movimentos constituídos e desenvolvidos em diversos lugares do

mundo foi que se atingiu o ponto máximo no questionamento sem precedentes da


ordem social contemporânea, influenciando decisivamente a ruptura do paradigma
psiquiátrico construído ao longo dos anos. 41
▪ Nesse contexto surgiu a antipsiquiatria e a luta
antimanicomial
▪ Antipsiquiatria - a negação dos transtornos mentais
(seus portadores seriam apenas pessoas diferentes,
que não se enquadrariam no mercado de trabalho,
considerados doentes mentais para que a sociedade
capitalista legitimasse um controle policialesco sobre
estes indivíduos, através da medicina, psiquiatria)
▪ Luta antimanicomial - defesa do fechamento de todos
hospitais especializados no tratamento de doentes
mentais (denominado por este movimento de
“manicômios”) 42
▪ Guardada uma defasagem temporal,
movimentos semelhantes também ocorreram
no Brasil

▪ O primeiro momento de preocupação efetiva


com o doente mental no Brasil foi em 1841
(período da transferência da corte portuguesa
para o Brasil), quando se autorizou, por decreto,
a construção do hospício.

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▪ https://www.youtube.com/watch?v=4aWvGbGjvLA

▪ No século XX, o Estado Brasileiro optou por delegar


grande parte do atendimento hospitalar ao doente
mental à iniciativa privada, cabendo a ele, Estado,
pagar e fiscalizar. Não fiscalizou e, a semelhança do
ocorrido no resto do mundo, boa parte destes serviços
superlotaram e deterioraram.

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▪ Em 1989, ao que parece fortemente
influenciado pela Lei 180/1978
de Franco Basaglia na Itália, o
deputado federal Paulo
Delgado lançou um projeto de lei
(PL-3657/1989) propondo o
fechamento de todos os hospitais
psiquiátricos do país – demorou 12
anos até essa lei ser promulgada
(Lei 10.216/2001)

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▪ Com a alteração da legislação –
Reforma Psiquiátrica

▪ A Reforma Psiquiátrica é entendida


como processo social complexo, que
envolve a mudança na assistência de
acordo com os novos pressupostos
técnicos e éticos, a incorporação
cultural desses valores e a
convalidação jurídico-legal desta
nova ordem.

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▪ No campo da assistência, a Portaria nº 224, de 29 de janeiro de

1992 do Ministério da Saúde estabelece as diretrizes para o


atendimento nos serviços de saúde mental, normatizando vários
serviços substitutivos como: atendimento ambulatorial com
serviços de saúde mental (unidade básica, centro de saúde e
ambulatório), Centros e Núcleos de atenção psicossocial
(CAPS/NAPS), Hospital-Dia (HD), Serviço de urgência
psiquiátrica em hospital-geral, leito psiquiátrico em hospital-
geral, além de definir padrões mínimos para o atendimento nos
hospitais psiquiátricos, até que sejam totalmente superados.
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REFERÊNCIAS

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Dalgalarrondo, P. Psicopatologia e Semiologia dos
Transtornos Mentais. Artmed.

O Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais


5.ª edição ou DSM-5. Artmed.

Whitbourne,S.K.& Halgin, R.P. Psicopatologia: perspectivas


clínicas dos transtornos psicológicos. Artmed,2015.

Hutz, C.S., Bandeira,D.R., Trentini,C.M.., Kurg,J.S.orgs.


Psicodiagnóstico. Artmed,2016.

Anotações pessoais.

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