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(PARTE I DE LIVRO)
Perguntas orientadoras da leitura prévia:
1 - Em termos de "representações sociais", qual a mudança identificada por
Foucault em relação à Loucura na passagem da Renascença para a Idade
Clássica?
Durante a Renascença, a loucura era vista de forma ambivalente. Por um lado, havia
uma valorização do louco como uma figura próxima à divindade ou ao gênio artístico,
representando uma forma de transcendência e inspiração. Por outro lado, também
existia uma concepção negativa do louco como alguém possuído pelo demônio ou como
um desviante social.
No entanto, Foucault argumenta que, na passagem para a Idade Clássica, houve uma
mudança significativa na maneira como a sociedade percebia e lidava com a loucura. A
loucura deixou de ser vista como uma forma de transcendência e passou a ser
considerada uma ameaça à ordem social e à razão.
Nesse período, foram estabelecidos os primeiros hospitais e asilos para loucos, que
representavam espaços de confinamento e controle. A loucura foi gradualmente isolada
e marginalizada da sociedade, sendo vista como algo a ser excluído e contido.
Portanto, a mudança identificada por Foucault na passagem da Renascença para a Idade
Clássica em termos de "representações sociais" da loucura foi a transformação do status
do louco, de uma figura ambivalente e ambígua para uma figura excluída e
marginalizada, cuja presença era considerada ameaçadora para a ordem social e para a
razão estabelecida.
No entanto, quando chegou a Idade Clássica, houve uma grande mudança. A sociedade
passou a ver a loucura como algo perigoso e ameaçador. Os loucos foram
considerados diferentes e excluídos da sociedade. Surgiram hospitais e asilos especiais
para colocá-los longe das outras pessoas.
Essa mudança foi importante porque mostrou que a sociedade começou a tratar a
loucura como algo que precisava ser controlado e escondido. Os loucos foram isolados
e não mais vistos como pessoas especiais ou inspiradoras.
Em resumo, a passagem da Renascença para a Idade Clássica trouxe uma mudança
nas ideias da sociedade sobre a loucura. Ela deixou de ser vista como algo especial
para ser considerada perigosa e excluída da vida normal.
2 - Quais os significados (políticos, sociais, religiosos, econômicos, morais) da
"Grande Internação" ocorrida na Europa nos séculos XVII e XVIII, segundo
Foucault?
A "Grande Internação" ocorrida na Europa nos séculos XVII e XVIII teve diversos
significados nos âmbitos político, social, religioso, econômico e moral. Aqui estão
alguns desses significados:
Político: A "Grande Internação" refletiu uma necessidade de controle social por parte do
Estado. As instituições de internação foram estabelecidas como parte de uma estratégia
de governo para lidar com os desviantes sociais, incluindo os loucos. O controle e o
confinamento dos indivíduos considerados loucos visavam manter a ordem e a
estabilidade social.
Social: A internação de pessoas com problemas mentais foi uma forma de excluir e
marginalizar aqueles que eram considerados diferentes ou fora das normas estabelecidas
pela sociedade. Os loucos foram afastados do convívio social e confinados em
instituições segregadas, o que reforçou a ideia de normalidade e rejeitou qualquer forma
de desvio.
Moral: A internação dos loucos refletiu uma mudança nas concepções morais da
sociedade. A loucura passou a ser vista como um problema moral que exigia
intervenção e controle. A internação visava corrigir e disciplinar os indivíduos
considerados loucos, transformando-os em cidadãos moralmente aceitáveis.
Em suma, a "Grande Internação" nos séculos XVII e XVIII teve implicações políticas,
sociais, religiosas, econômicas e morais. Ela representou uma estratégia de controle
social, uma forma de marginalização dos diferentes, uma resposta a crenças religiosas,
uma oportunidade econômica e um meio de impor normas morais na sociedade.
Político: Foi uma forma do governo exercer controle sobre a sociedade, mantendo a
ordem e a estabilidade ao isolar pessoas consideradas diferentes ou perturbadoras.
Religioso: Houve uma crença de que a loucura estava ligada a forças malignas, então
a internação era vista como uma maneira de se proteger do diabo e restaurar a
moralidade.
Econômico: As instituições de internação se tornaram um negócio lucrativo, com
muitas pessoas envolvidas em seu funcionamento e ganhando dinheiro com o
tratamento e confinamento dos loucos.