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Tomé-Açu
2022
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
CAMPUS TOMÉ-AÇU
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM LINGUAGEM,
CULTURA E FORMAÇÃO DOCENTE
Tomé-Açu
2022
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Bibliotecas da Universidade Federal Rural da Amazônia
Gerada automaticamente mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
BANCA EXAMINADORA
A educação formal tem como premissa ser para todos, exigindo, portanto, a adoção
de um viés inclusivo do ensino, pautado no respeito a diversidade de todos os alunos
inclusive do público alvo da educação especial. O interesse pela pesquisa surgiu a
partir da problemática de quais metodologias têm sido utilizadas no processo de
ensino de pessoas com o transtorno do espectro autista na rede municipal de Tomé-
Açu, tendo por objetivo geral investigar as metodologias utilizadas no processo de
ensino-aprendizagem de pessoas com o Transtorno do Espectro Autista na rede
municipal de Tomé-Açu e por objetivos específicos Levantar quais metodologias tem
sido utilizada no processo de ensino de pessoas com o Transtorno do Espectro
Autista; Apontar as metodologias mais utilizadas no ensino de pessoas com o
Transtorno do Espectro Autista; Apontar a correlação entre as estratégias de ensino
utilizadas na sala regular e as estratégias de ensino utilizadas na sala de recurso
multifuncional. O presente estudo caracteriza-se como pesquisa qualitativa, de cunho
descritivo e do tipo pesquisa de campo. O instrumento de coleta dos dados utilizado
foi a entrevista semiestruturada e o método de análise foi o hermenêutico dialético.
Com base na pesquisa, observou-se que os professores estão enfrentando
dificuldades metodológicas no processo de ensino aprendizagem dos alunos com o
TEA no atual momento da pandemia do novo Coronavírus e estão utilizando como
principais metodologias os cadernos de atividades e os jogos pedagógicos. Espera-
se que as reflexões deste estudo contribuam para novas pesquisas e ações no cenário
educacional das pessoas com o TEA das Escolas públicas e privadas.
Formal education is premised on being for everyone, therefore requiring the adoption
of an inclusive approach to teaching, based on respect for the diversity of all students,
including the target audience of special education. The interest in the research arose
from the problem of which methodologies have been used in the teaching process of
people with autism spectrum disorder in the municipal network of Tomé-Açu, with the
general objective of investigating the methodologies used in the teaching-learning
process of people with Autism Spectrum Disorder in the municipal network of Tomé-
Açu and for specific objectives To raise which methodologies have been used in the
teaching process of people with Autism Spectrum Disorder; Point out the most used
methodologies in teaching people with Autism Spectrum Disorder; Point out the
correlation between the teaching strategies used in the regular classroom and the
teaching strategies used in the multifunctional resource room. The present study is
characterized as qualitative research, of a descriptive nature and of the field research
type. The data collection instrument used was the semi-structured interview and the
method of analysis was the dialectical hermeneutic. Based on the research, it was
observed that teachers are facing methodological difficulties in the teaching-learning
process of students with TEA at the current moment of the new Coronavirus pandemic
and are using activity notebooks and pedagogical games as main methodologies. It is
hoped that the reflections of this study will contribute to new research and actions in
the educational scenario of people with ASD in public and private schools.
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9
2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 11
2.1 Aspectos Legais da Educação Especial .................................................. 11
2. 2 O Transtorno do Espectro Autista – TEA................................................ 17
2.3 Aspectos metodológicos na aprendizagem ............................................ 20
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA ................................. 24
5. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 41
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 43
ANEXO .................................................................................................................... 46
9
1 INTRODUÇÃO
graduação ofertado por uma universidade pública e estudar sobre Educação Especial
Inclusiva e a partir das leituras e explicações dos professores, pude compreender
sobre a relevância de pesquisas, políticas públicas e metodologias voltadas para as
pessoas com deficiência - PCD, especificamente as pessoas com o TEA, público alvo
deste trabalho de pesquisa. Inclusive por ter dois sobrinhos com essa deficiência, que
durante a pandemia observou-se quão grande são as dificuldades desses alunos em
ter acesso a um ensino de qualidade que atenda suas necessidades e condições
didático-pedagógica de aprender o currículo ensinado nas escolas.
A ideia de fazer uma reflexão sobre as metodologias de ensino utilizadas para
atender alunos com o TEA, surgiu a partir de um desabafo de uma mãe que diante
das adversidades das aulas remotas, não estava conseguindo que o aluno
participasse das aulas online e nem da realização das atividades da mesma forma
como o outro filho sem o TEA participa. Isso porque os alunos não possuem
desenvolvimento escolar padronizado, de comportamento homogêneo, tendo cada
um suas singularidades, habilidades e diferenças. Especificamente os alunos com
TEA que possuem características diferenciadas, conforme o grau do autismo,
necessitando de acompanhamento no processo de ensino-aprendizagem que têm
direito.
Assim como os demais alunos estão na escola para conviver, desenvolver e
aprender, os alunos autistas também precisam e devem estar incluídos em classes
comuns onde práticas didático-pedagógicas contribuam para que possam se
desenvolver socialmente, criar vínculos com outras crianças, estabelecendo relações
e condições que os dê oportunidades e possibilidades de preparar-se para viver com
autonomia tanto na escola como também fora dela, na sociedade.
O intuito desta pesquisa é contribuir com as literaturas que abordam as
metodologias adequadas ao ensino da pessoa com TEA, tendo em vista que as
literaturas em pauta precisam ser fortalecidas, ampliadas e divulgadas para que
professores possam ter embasamentos teóricos para desenvolver práticas educativas
que contribuam no desenvolvimento pedagógico, comportamental e social da criança
autista.
O aporte teórico desta pesquisa está baseado em Brasil (2001), Lourenço e
Leite (2015), Mantoan (2003), Minayo (2010), Mantoan e Santos 2010, Araújo, Vieira
e Pacheco 2019, Brasil 2012, Castro 2013, Costa 2012 e Brasil 2018. O trabalho está
11
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Aspectos Legais da Educação Especial
as demais” (MANTOAN E SANTOS, 2010, p 10). Este decreto foi um marco importante
na educação especial por promover a reinterpretação e assegurar a eliminação das
barreiras que dificultam o acesso das pessoas com deficiência à educação.
Em 2001, por meu da Resolução CNE/CEB nº 2, é instituída “as diretrizes
nacionais para a educação especial na educação básica” (ARAÚJO; VIEIRA E
PACHECO, 2019, p, 47), garantindo a matrícula de todos os alunos com deficiência e
assegurando-lhes educação de qualidade.
Outro documento que impactou a educação das pessoas com deficiência foi a
Convenção Internacional da ONU em 2006 que “estabeleceu que a educação
inclusiva fosse garantida em todos os níveis de ensino” (MANTOAN E SANTOS, 2010,
p. 25). Reforçando o que já temos em nossa constituição de 1988.
De acordo com as autoras, além da Constituição Federal, outras Leis como a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDEB 9.394/96 assegura o direito
a educação às pessoas com deficiência preferencialmente na rede regular de ensino,
e o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, Lei 8.069/90 asseguram a matrícula
da PcD nas escolas comuns.
Conforme Araújo, Vieira e Pacheco (2019), em 2007 o Plano de
Desenvolvimento da Educação – PDE, desenvolve a política de acessibilidade e
infraestrutura das escolas e implanta a sala de recursos multifuncionais, além de
incentivar a capacitação de professores para trabalharem no atendimento educacional
especializado – AEE. Ainda no mesmo ano o governo brasileiro firmou perante a
Organização das Nações Unidas – ONU, através do Protocolo Facultativo à
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, o compromisso de
promover ações em defesa dos valores e dignidade das pessoas com deficiência,
assim como combater à discriminação e quais quer forma de preconceito gerada por
sua condição. De acordo com o documento, pessoas com deficiência são:
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo
de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação
com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas (BRASIL,
2007, p, 16).
De acordo com Brasil (2007), para garantir os direitos das pessoas com
deficiência, faz-se necessário investimento em tecnologias assistivas que possibilite o
desenvolvimento da autonomia e gere igualdade de oportunidades a fim de assegurar
os direitos garantidos em lei nos espaços de convívio social ou não.
14
Essas barreiras, para quem não é PcD, passa na maioria das vezes
interceptáveis, chegando até mesmo parecer que a PcD não se adaptou ao ambiente.
Quando deveria ser o contrário, o ambiente que deveria ser adaptado para receber o
PcD e garantir a acessibilidade e comodidade dessas pessoas, que na maioria dos
casos, por desinformação ou por falta de escolarização, desconhecem seus direitos.
Além de caracterizar as barreiras, a lei também mostra no Artigo 9º os direitos
das pessoas com deficiências.
Art. 9º A pessoa com deficiência tem direito a receber atendimento prioritário,
sobretudo com a finalidade de:
I - proteção e socorro em quaisquer circunstâncias
II - atendimento em todas as instituições e serviços de atendimento ao
público;
VI - recebimento de restituição de imposto de renda;
VII - tramitação processual e procedimentos judiciais e administrativos em
que for parte ou interessada, em todos os atos e diligências (BRASIL, 2015,
p. 14).
De acordo com a ONU, num estudo feito no ano de 2017, 10% da população
mundial é constituída por pessoas com algum tipo de deficiência. Desse percentual,
conforme as autoras, 80% vivem em países em desenvolvimento em condições
deploráveis, as margens da linha da pobreza, sem acesso aos direitos básicos, como
saúde, educação e moradia ou até mesmo condições psicológicas de cuidar si. O que
dificulta o ingresso dessas pessoas nas escolas, uma vez que nesse ambiente,
geralmente não há o profissional de apoio escolar para o discente. Observa-se que o
que está na lei, nem sempre é cumprido.
Não obstante a vasta proteção legal em níveis internacional e local, as
políticas pensadas para esse grupo específico ainda não contemplam o
quantitativo de pessoas que delas deveriam ser beneficiárias e muitos desses
sujeitos têm seus direitos violados, pois ainda não tem acesso à educação, à
assistência social, aos serviços de saúde e demais serviços. (ARAÚJO;
VIEIRA E PACHECO, 2019, p, 24).
No que tange aos direitos das pessoas com deficiência, espera-se que o Estado
cumpra com seu papel de garantir o acesso as políticas de assistências sociais, nas
16
De acordo com as autoras, para que se possa cumprir de fato o que está na
lei educacional, faz-se necessário uma transformação organizacional pedagógica não
só no âmbito das escolas, como também em todo o Sistema de Ensino que envolve
desde políticas públicas para a formação de professores, como infraestrutura para
atender as necessidades do corpo docente e discente e de todos aqueles que utilizam
e precisam do espaço escolar no seu dia-a-dia.
Conforme as autoras, busca-se alcançar uma escola democrática, inclusiva,
com ensino de qualidade que atenda a todos de acordo com suas necessidades e
especificidades.
Mantoan (2003, p. 12), diz que:
A escola se entupiu do formalismo da racionalidade e cindiu-se em
modalidades de ensino, tipos de serviço, grades curriculares, burocracia.
Uma ruptura de base em sua estrutura organizacional, como propõe a
inclusão, é uma saída para que a escola possa fluir, novamente, espalhando
sua ação formadora por todos os que dela participam (MANTOAN, 2003, p,
12).
PSR2 – A professora repassa o caderno com as PSRM2 [...] figuras e imagens, jogos, roda para
atividades que ela transforma da maneira eles brincarem para ficarem juntos, eles gostam
apropriada para ele. de objetos de encaixe, né? Coisas que eles
possam montar, que eles tiram, que eles
colocam. Pra isso a gente usa muito quebra-
cabeça, com letras, com números.
PSR3 – A gente trabalha o caderno de atividades PSRM3 – A criança vem, é feita uma pesquisa,
e procura adaptar o currículo para os nossos depois a gente organiza as atividades de acordo
alunos trabalhando as vogais, trabalhando, como com as necessidades dela, é feita a avaliação do
é que eu posso dizer, os jogos, então dentro dos desenvolvimento, em que nível de aprendizagem
assuntos que nós trabalhamos com os demais ela está, daí a gente parte.
alunos nós procuramos adaptar da melhor
maneira.
Fonte: Costa, (2021)
Após este breve estudo da literatura sobre educação especial esta última nos
parece a estratégia mais coerente a ser adotada pelo professor da Sala Regular. Para
Castro (2013), ao direcionar a educação à criança com o transtorno do espectro
autista, deve-se selecionar os objetivos de acordo com o nível de desenvolvimento da
criança “e verificar se não estão acima de suas condições cognitivas.
Castro (2013, p. 29) argumenta ainda que quando o aluno autista participa de
forma intensa das aulas, seu desempenho tende a melhorar, mas para isso é
importante que a escola oportunize estratégias que ajudem a criança autista “no
desenvolvimento dos conteúdos” para que possa interagir “com as atividades
escolares” seja no espaço da sala de aula ou no ambiente familiar.
Na fala do PSRM1 observou-se que as estratégias utilizadas são recursos
visuais como fotografias, desenhos e letras para se comunicar. Conforme Castro
(2013, p 33) “o processo da escrita apoiada pelo professor iniciada por desenhos,
inicialmente muito simples e progressivamente mais complexos até chegar em letras
e depois palavras” colabora com desenvolvimento cognitivo, auxiliando na linguagem
escrita. Para a autora, a utilização desses desenhos deve iniciar, na medida do
possível, por “programa de computação, depois o quadro negro e finalmente papel”.
Na entrevista o PSRM2 cita diferentes estratégias para auxiliar no
desenvolvimento das crianças com TEA, como por exemplo, quebra-cabeça
envolvendo letras. De acordo com Castro (2013, p, 37) “atividade de leitura” ajuda a
criança autista a despertar a “capacidade de pensar, criar, imaginar e memorizar”,
promovendo assim uma aprendizagem significativa onde o estimulo através de
materiais concretos pode beneficiar não só o cognitivo, como também a coordenação
motora.
O PSRM3 foi feliz em declarar que antes de elaborar as atividades é feita uma
avaliação com o aluno a fim de verificar as suas necessidades e daí partir para a
elaboração do planejamento, usando assim as estratégias adequadas para o seu
desenvolvimento. Segundo Costa (2012, p 70) “a avaliação é um momento de extrema
importância na medida em que não se pode avançar para a intervenção sem antes se
ter feito uma correta avaliação da criança”.
De acordo com as Diretrizes para a educação especial (2001, p, 24):
A avaliação na Educação Especial deverá levar em consideração todas as
variáveis: as que incidem na aprendizagem com cunho individual; as que
incidem no ensino, como as condições da escola e da prática docente; as que
inspiram diretrizes gerais da educação, bem como as relações que se
estabelecem entre todas elas (BRASIL, 2001, p, 24).
29
Vale ressaltar aqui que as respostas dos professores da sala regular com as
dos professores da sala de recurso multifuncional foram diversas quanto as
estratégias adotadas, onde estes citam com unanimidade o uso de diferentes
estratégias como jogos, desenhos, figuras, objetos, dentre outro, para auxiliar na
escolarização dos alunos com TEA, porém os PSRM não citam em momento algum o
uso de cadernos de atividades.
Ao serem indagados a respeito dos recursos didáticos mais utilizados no ensino
de pessoas com o Transtorno do Espectro Autista, os professores entrevistados
deram as seguintes respostas:
PSR2 - [...] jogos e recorte e colagem. Eu falo PSRM2 - [...] jogos de quebra-cabeça, jogos de
muito nos jogos porque eles gostam bastante de montar que eles gostam, de encaixe, [...] tanto
assistir e reproduzir o que ele ta assistindo confeccionados pelo professor como jogos que
através de desenhos. Os jogos não só vieram, [...] do governo federal, [...] utiliza
matemático, mas quebra cabeça que faz com também o computador que chama a atenção
que ele utiliza a memória cognitiva e percepção. deles. Brinquedos de coisas coloridas que eles
gostam [...] eles vão dando norte do que eles
gostam, do que eles não gostam, por exemplo
gostam de pintar. As atividades eu vou sempre
adaptar, eu vou utilizar algo para ele pintar,
outros gostam só de colar. Então a gente vai
utilizar algo que se possa colar, né?
PSR3 - o material utilizado hoje, o recurso PSRM3 - [...] os nossos recursos, os humanos, a
didático utilizado hoje na escola para atender parte didática que a gente constrói aqui, ou a
nossos alunos com necessidades especiais é o gente compra pronto os jogos, as brincadeiras e
material impresso e os jogos que são enviados os profissionais das outras áreas.
para eles, dentro do que cada disciplina observa
para cada aluno [...]
PSR3 - A gente organiza de acordo com cada PSRM3 - [...] a gente organiza de acordo com a
disciplina, cada disciplina tem a sua forma de necessidade da criança, como eu te falei, eu não
trabalhar. [...] na língua portuguesa nós trabalha estimulo a deficiência, eu estimulo a necessidade
muito o ditado em palavras através de recortes, da criança. Se ela é autista, ela tem dificuldade
de quebra-cabeça, e as vogais [...] e em relação de concentração, eu vou estimular a área da
ao material didático em si mesmo é a questão do concentração dela aqui na sala do AEE para que
material impresso e dos jogos. quando ele chegue na sala regular ele possa ter
o retorno do que está ocorrendo lá.
professor não está tendo contato presencial com o aluno, o que dificulta uma avaliação
mais detalhada das reais necessidades de aprendizagem de cada um.
Indagados sobre se o ensino tem adotado meios de intervenção na área da
comunicação e da interação e quais, os professores responderam da seguinte
maneira:
PSR2 - Como eu não tenho a interação com esse PSRM2 - Quando eles apresentam dificuldades,
meu aluno constantemente como a professora eles são indicados pra esses especialistas, ou
do AEE, mas ela me repassa toda avaliação do seja pra fonoaudióloga para ela trabalhar a parte
trabalho dela, como é que ele se encontra da linguagem, né? Na parte da interação, agora
também. Esses meios de comunicação, a com essa pandemia, ficou um pouco difícil, mas
intervenção através de vídeos de conversas da a gente tenta inserir eles em tudo que uma
família com professora. criança normal faz.
PSR3 - Sim, um exemplo disso aqui na escola, PSRM3 - Com certeza. Por que? O autista ele
nós tínhamos um intérprete para todos os alunos traz em si naturalmente essas dificuldades, então
que precisavam, sala de Leitura é um espaço aqui a gente faz trabalhos em grupos uma vez na
onde nossos alunos, tantos nossos alunos ditos semana. Hoje não porque em decorrência da
normais como nossos alunos com necessidades pandemia nós estamos sem atividades
especiais frequentam que é o caso de alunos presenciais [...]. Então o que a gente faz à
com necessidades especiais que na maioria das distância? A gente manda um jogo para que ele
vezes eles buscam recursos para que eles possa sentar com a família, manda uma
possam fazer em casa como atividades, como atividade para estimular a memória, o raciocínio
brincadeiras e o próprio uso de livros adaptados. lógico, é assim que eu estou trabalhando com
eles, [..] jogos para trabalhar a questão da
consciência fonológica.
PSR2 - Essas intervenções eu acredito que seja PSRM2 - O recurso que a gente usa mais na
através da criação da formação. Os jogos, parte da cognição, a gente usa as pranchas [...],
através de produção. [...] os jogos matemáticos. o computador [...] Aí a gente utiliza as figuras e
imagens através de pranchas também.
PSR3 - O que a gente tem é a questão das PSRM3 - Geralmente aqui a gente trabalha com
atividades quando a gente recebe muitas das a parte lúdico, mas sempre puxando para as
vezes, essas atividades demoram a vim e nós áreas cognitivas, puxando os jogos, com as
não sabemos se foi o próprio aluno que faz essa atividades extraclasses, com os próprios
atividade, softwares que vem do MEC, quando ele
disponibiliza.
cognitiva do aluno e um cita o caderno de atividades como único meio para trabalhar
a parte cognitiva, uma vez que não está tendo contato com o aluno neste momento
de pandemia. Ainda que não tenham citado nenhum método, baseado em estudos,
os professores buscam criar possibilidades para o aluno com TEA desenvolver a
cognição.
Segundo Costa (2012), a convivência de crianças com TEA com aquelas sem
o transtorno ajuda no desenvolvimento das competências intelectuais, contribuindo
para o desenvolvimento da área cognitiva.
Observou-se que dois dos três professores de Sala de Recurso Multifuncional
citam os jogos como meio de intervenção na área cognitiva. De acordo com Costa
(2012), o lúdico mostra-se como uma ferramenta que auxilia no desempenho
sociocognitivo da criança com TEA. Para Costa (2012, p 93), o uso de “computador e
de software” tem contribuído de maneira significativa para o desenvolvimento, por
trabalhar a coordenação óculo-manual, da capacidade de discriminação visual e
auditiva e de competências manipulativas da criança;
Dos seis professores entrevistados no quadro 5 acima, quatro utilizam os jogos
e brincadeiras para incentivar o cognitivo do aluno.
Questionados sobre de que forma o ensino tem adotado meios de intervenção
na área comportamental e quais, os professores deram as seguintes respostas:
PSR2 - Eu acredito que conversa com a família PSRM2 - sobre o que pode, o que não pode por
perguntando como a criança se encontra, como exemplo a gente mostra imagem, a gente chama
ela tá se comportando na casa. Além do sempre atenção do que pode, o que não pode
comportamento como é que tá a convivência [,,,].
com a família, se ele sente alguma diferença, as
mudanças.
PSR3 - O contato que nós temos é através das PSRM3 - Aqui o que é que eu faço, geralmente
atividades impressas que muitas das vezes é até eu tento trazer para eles os jogos de tabuleiros
difícil de fazer uma avaliação justa coerente com algumas atividades, alguns jogos de interação
os nossos alunos com necessidades especiais. para brincar com eles, mas nós não temos esse
Então é até difícil de afirmar se está acontecendo espaço.
´e quais.
36
É sabido que apesar dos pais estarem ajudando os alunos com as atividades
escolares em casa, é papel da escola criar estratégias para orientar o processo de
ensino para que de fato ocorra aprendizado.
Nas respostas dos professores da sala de recurso multifuncional, observou-se
que as estratégias utilizadas no desenvolvimento da área comportamental baseiam-
se em conversas com o discente sobre o que pode ou não fazer no ambiente escolar,
jogos para trabalhar a interação, acompanhamento com profissionais da área da
saúde como psicólogo e terapeuta e tratamentos baseados nos princípios da análise
aplicada.
37
PSR2 - [...] tem ocorrido como todos nós PSRM2 - A primeira coisa que tem que se fazer
sabemos de forma remota, sem ser uma forma é trabalhar a interação, [...] a gente nunca isola a
presencial [...] o nosso trabalho tem sido feito criança [...] conforme vai passando o tempo a
através de caderno, entregue para as mães, mas gente vai aprendendo de que forma ele aprende.
essas atividades elas são da professora do AEE, A gente acompanha, eles é eles que nos
ela transforma da maneira mais apropriada para ensinam a desenvolver o que que eles sabem,
que o aluno que tem esse transtorno, ele possa eles que nos dão um norte, um caminho para
tá melhorando aprendendo [...] compreendendo seguir com eles, [...]
os assuntos.
PSR3 - Aqui na escola a gente tem trabalhado, PSRM3 - Aqui na escola a gente segue o
neste momento de pandemia, com cadernos de parâmetro colocado de forma nacional que o
atividades [...] onde vai as atividades de cada MEC estabelece e também todas as normativas
disciplina, dentro da disciplina de língua que vem pela Secretaria de Educação do
portuguesa, nós temos trabalhado com nossos município [...] A gente organiza uma conversa
alunos o processo de linguagem, o processo de inicial com a família, onde a gente faz toda uma
escrita tendo em vista que dentro da disciplina é pesquisa de vida da criança, em seguida a gente
a maior dificuldade de nossos alunos. senta com a criança e faz a avaliação de
observação para ver a questão comportamental,
quais são as necessidades dela.
PSR2 - Eu acredito que com certeza é nas PSRM2 - a gente procura sempre tá interagindo
normas da BNCC que é a nossa lei, né isso? e pesquisar muito, e tentar várias formas, se a
Porque com certeza o nosso ensino pede para gente não conseguiu de um jeito a gente tenta
que nós possamos seguir as normas da BNCC. outras formas porque tem muitas atividades na
internet, aí tem muitas coisas para ser utilizado.
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PSR3 - Com base do que é repassado para a PSRM3 - Tudo o que a gente faz é amarrado
gente da coordenação da sala do AEE de acordo dentro do projeto político da Escola e para a
com a evolução de cada aluno, a coordenação educação especial isso não é diferente,
repassa para gente esses dados de evolução
dos alunos e a partir daí o que cada aluno vai
evoluindo a gente vai trabalhando para adaptar
essas atividades.
Fonte: Costa, (2021)
O PSR1 cita como princípios/normas as atividades desenvolvidas por meio de
cadernos de atividades, vídeos e leitura deleite; o PSR2 afirma que os recursos
didáticos utilizados no ensino de pessoas com TEA são organizados com base nos
princípios estabelecidos pela Base Nacional Comum Curricular - BNCC.
Conforme Brasil (2018, p, 17), os planejamentos do trabalho anual das
Instituições escolares” precisam ser planejados com foco na equidade, buscando
propiciar igualdade de condições para os alunos com necessidades diferentes de
aprendizado.
De acordo com Brasil (2018, p, 15 e 16):
De forma particular, um planejamento com foco na equidade também exige
um claro compromisso de reverter a situação de exclusão histórica que
marginaliza grupos – como os povos indígenas Análise da sala de recurso
originários e as populações das comunidades remanescentes de quilombos
e demais afrodescendentes – e as pessoas que não puderam estudar ou
completar sua escolaridade na idade própria.
Igualmente, requer o compromisso com os alunos com deficiência,
reconhecendo a necessidade de práticas pedagógicas inclusivas e de
diferenciação curricular, conforme estabelecido na Lei Brasileira de Inclusão
da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015).
5. CONCLUSÃO
Com base nos resultados desta pesquisa obtidos por meio de entrevistas com
professores de Educação Infantil e Ensino Fundamental (Anos Iniciais e Finais) a
respeito das metodologias utilizadas no processo de ensino de alunos com o
Transtorno do Espectro Autista na rede municipal de Tomé-Açu, pôde-se concluir que
no cenário atual de pandemia do Novo Coronavírus, os professores estão enfrentando
dificuldades metodológicas para atender as necessidades de aprendizagem dos
alunos com TEA.
Neste sentido, os resultados nos levam a constatar que muito já tem sido feito,
porém há um caminho político a percorrer no sentido de minorar entraves como a não
formação docente, a falta de estrutura física adequada entre outros, a fim de garantir
que sejam efetivamente desenvolvidas metodologias de ensino capazes de auxiliar
na rotina escolar dos alunos com TEA. Métodos que contribuam significativamente
para o aprendizado do aluno autista matriculado na Educação Infantil e no Ensino
Fundamental no município de Tomé-Açu.
43
REFERÊNCIAS
DECLARAÇÃO mundial sobre educação para todos e plano de ação para satisfazer
as necessidades básicas de aprendizagem. UNESCO, 1990. Disponível em:
https://abres.org.br/wp-
content/uploads/2019/11/declaracao_mundial_sobre_educacao_para_todos_de_mar
co_de_1990.pdf. Acesso em: mai. 2021.
GAIATO, Mayra; TEIXEIRA, Gustavo. O reizinho autista: guia para lidar com
comportamentos difíceis. São Paulo: Nversos, 2018. 190 p. Disponível em:
https://www.skoob.com.br/livro/pdf/o-reizinho-autista/livro:840690/edicao:845814.
Acesso em: 4 set. 2021.
44
Gil, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. - São Paulo:
Atlas, 2008.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 6º ed. São Paulo: Atlas,
2017.
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p. 233-238, jun. 2017. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1679-
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MELLO, Ana Maria S. Ros de. Autismo: Guia Prático. São Paulo, SP:
ANEXO
ROTEIRO DE ENTREVISTA