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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema:
Cultura e os Projectos dos Estados Democráticos

Docente: António Sopa

Nome: João Cirilo Amone


Código: 708191475

Curso: Licenciatura em Ensino de História


Disciplina: História das Sociedades IV
Ano de Frequência: 4° Ano

Tete, Maio, 2022

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gerais
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Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia

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Índice
Introdução ........................................................................................................................................ 5

Objectivo Geral................................................................................................................................ 6

Objectivos Especificos..................................................................................................................... 6

Metodologia ..................................................................................................................................... 6

A Cultura e os Projectos de Construção dos Estados Democráticos ............................................... 7

Etimologia de Cultura ...................................................................................................................... 7

Definição de cultura......................................................................................................................... 7

Conceito de Democracia .................................................................................................................. 7

Relação entre Cultura e Democracia ............................................................................................... 8

Tipos de Democracias...................................................................................................................... 9

A Democracia em África ................................................................................................................. 9

Reflexão Sobre a Democracia em Moçambique ........................................................................... 11

Eleições em Moçambique .............................................................................................................. 12

O Papel da Sociedade Civil no Processo Democrático em Moçambique ..................................... 12

A Constitucionalização da Democracia em Moçambique ............................................................. 13

A Constituição de 1975 e a Democracia Popular .......................................................................... 13

A Constituição de 1990 e a Democracia Multipartidária .............................................................. 13

A Constituição de 2004 e o Princípio Democrático ...................................................................... 14

Os Desafios da Democracia em Moçambique ............................................................................... 14

Constrangimento na Implementação da Democracia .................................................................... 14

Conclusão ...................................................................................................................................... 16

Referencia Bibliografica ................................................................................................................ 17

iv
Introdução

O presente trabalho pertence a cadeira de História das Sociedades IV e possui como tema a
cultura e os projectos de construção dos Estados democráticos. A abordagem deste tema
focaliza-se nos seguintes Aspectos: a construção dos Estados democráticos; relações entre
cultura e democracia no geral; relações entre cultura e a democracia em Moçambique; tipos de
democracia; a democracia em África; a democracia em Moçambique e a reflexão sobre a
democracia em Moçambique.
Explica de forma clara e objectiva o processo da democratização do nosso pais desde a tomada
de poder pelo saudoso presidente Alberto Joaquim Chissano, altura das assinaturas do acordo
geral da paz entre a Renamo e a Frelimo e altura do surgimento e oficialização de vários outros
partidos políticos em Moçambique independente.

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Objectivo Geral

 Conhecer o processo de construção dos Estados democráticos.

Objectivos Específicos

 Explicar as relações entre cultura e democracia no geral;


 Mencionar os tipos de democracia;
 Refletir sobre a democracia em Moçambique.

Metodologia

Para a realização do presente trabalho adoptamos como práticas metodológicas a revisão


bibliográfica, que consistiu na leitura e interpretação dos diversos manuais, resumos e discussões
de textos. O método virtual inerente a cadeira de História das Sociedades IV também contribuiu
bastante para a elaboração do presente trabalho, através dos sites da internet colhemos as
informações sobre os temas em estudo.

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A Cultura e os Projectos de Construção dos Estados Democráticos

Etimologia de Cultura

Cultura vem do latim cultura que quer dizer cultivar o solo, cuidar. É um conceito empregue
primeiramente por antropólogo Edward Burnett Tylor para designar o todo complexo e
metabiológico criado pelo homem; são práticas e acções sociais que seguem um padrão
determinado no espaço.

Definição de cultura

De acordo com o dicionário de Língua Portuguesa (2004), cultura “é um sistema complexo de


códigos e padrões partilhados por uma sociedade ou um grupo social e que se manifesta nas
normas, crenças, valores, criações e instituições que fazem parte da vida individual e colectiva
dessa sociedade ou grupo” (p. 458).

Tylor (1871), refere que “cultura é um conjunto complexo que inclui conhecimentos, crenças,
arte moral, leis e costumes e quaisquer outras capacidades ou hábitos adquiridos pelo indivíduo
como membro da sociedade”.

Sociedade é a reunião de pessoas unidas pela mesma origem e pelas mesmas leis; é a ralação
entre pessoas; agremiação; associação, casa onde se reúnem os membros de uma agremiação;
convivência (Dicionário L. Portuguesa 1995, p. 1320).

Cultura é o conjunto de manifestações artísticas, sociais, linguísticas e comportamentais de um


povo ou civilização. Dai que se afirma que pertencem a cultura de um povo as seguintes
actividades: música, teatro, rituais religiosos, língua falada e escrita, mitos, hábitos alimentares,
dança, arquitetura, pensamentos, formas de organização social, etc. o ser humano difere dos
animais irracionais pela capacidade de produção da cultura.

Conceito de Democracia

Democracia vem da palavra grega que significa “poder do povo” (demos = povo; cratia =
poder). Nas democracias, é o povo que detém o poder soberano sobre o poder legislativo e o
executivo.

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De acordo com BASTOS (1999), democracia “é considerada como sendo o poder político
exercido pela comunidade, através da delegação do seu exercício a um conjunto de órgãos com
participação efectiva ou a representação da pluralidade dos governados” (p.174).

Democracia é um termo familiar à muitos, mas em alguns casos este termo tem sido mal
entendido ou mal usado ao longo da história. Como exemplo, temos os regimes totalitários e
ditaduras militares na Europa e África que tomaram o poder, sob o signo ou emblema de
democratas.

KI-ZERBO (2006), diz que “as principais referências da democracia são a participação máxima
das diferentes categorias da população, a limitação e a partilha do poder bem como a
solidariedade” (p. 65).

Relação entre Cultura e Democracia

Nos dias que correm, a cultura é tão transversal como as transformações sócio-políticas que
ocorrem. É por isso mesmo, que a cultura se afigura como uma das melhores armas para moldar
os maus hábitos que possam ocorrer entre os homens face as diferentes formas de manifest ar a
democracia. Neste sentido, através da educação, que também é uma das componentes da cultura,

podemos moldar gerações futuras, inculcando novos valores e hábitos com vista a podermos
fazer face aos grandes desafios culturais que a democracia impõe as sociedades.

A construção das relações sociais dá a cultura a dimensão da historicidade. Como


processo, a cultura é um movimento permanente de auto-sublimação e, por isso, ela não
se deixa superar pelo tempo; torna-se historicamente a única revolução permanente. Daí,
a outra característica é a abertura, na medida em que supera o tempo e a manipulação das
forças políticas e das ideologias. A cultura de paz é um movimento permanente que não
termina (MAZULA, 1995, p. 45).

É a diversidade cultural que faz e explica que não haja formas de democracias uniformes para
todos os povos, e que o modelo da democracia bem-sucedida no país pode não sê-lo noutro país.

A cultura está associada a mudanças, tanto ao nível dos processos como da dimensão dos actores
sociais e das suas acções, sustentadas por projectos. Facilmente se esquece a diferença entre a
acção dos actores sociais e a difusão cultural e, ainda se apresenta a primeira como alternativa.

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Tipos de Democracias

Democracia Directa- refere-se ao sistema onde os cidadãos decidem directamente cada assunto
por votação. O exemplo mais marcante das primeiras democracias directas é a de Atenas (e de
outras cidades gregas), nas quais o povo se reunia nas praças e ali tomava decisões políticas. É
pouco comum ou é menos usada hoje em dia, contudo pode ser observada nalguns cantos Suíços.

Democracia Representativa- os cidadãos elegem os seus representantes, em intervalos


regulares, para formularem políticas ou decidirem a vida política da comunidade. È um dos
modelos mais usados em muitos Estados hoje.

Democracia Se mi-Directa- aqui existem os órgãos representativos de soberania popular, mas


condicionam a validade de certas decisões ou deliberações a manifestação, expressa ou tácita, do
povo, constituído pela generalidade dos cidadãos eleitores. O povo intervém aqui através do
referendo.

Democracia Popular- foi seguida no bloco da Ex-URSS e nos países satélites. É uma
democracia que suprime a liberdade individual, a título de facilitar a perfeita realização da
vontade do povo. Aqui não há multipartidarismo, mas sim o partido único; não há liberdade de
expressão nem de associação.

Democracia Cristã- trata-se de um pluralismo horizontal (oposição ao monopólio e


concentração) e pluralismo vertical (tolerância e respeito pelas diversas tendências). Esta
democracia teve alguns êxitos na Alemanha, Itália, França e Bélgica e ficou pela história.

A Democracia em África

Alguns eurocentristas argumentaram que a liberdade era um costume desconhecido dos povos
tropicais, acentuando que o ocidente tem de ser modesto ao exportar um sistema de governo que
somente é adequado para este. Mas, estas visões eurocentristas que negam a prática e a
experiência democrática são rejeitadas por muitos estudiosos africanos, justificando que o ideal
de democracia não é estranho e nem supérfluo para a África.

O estado africano tradicional era uma instância da gestão do bem comum e das decisões tomadas
em nome de toda cidade, de todo reino, mas foi destruído pela colonização e, no melhor dos

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casos, substituído por novos tipos e regimes democráticos aos quais os africanos não estavam
habituados e nem podiam reconhecer-se nem se moldar como acontece nos países europeus.

KI-ZERBO (2006), refere que:

“A participação máxima das diferentes categorias da população, a limitação e a partilha


do poder bem como a solidariedade existia, sob variadas formas consoante os países e
consoante as estruturas criadas pelos povos africanos, quer fossem reinos, impérios,
sistema patrimonial e clínico ou democracias de tipo aldeã. A democracia de base existia
ao abrigo de estruturas aldeãs com a representação das diferentes famílias” (p. 163).

A todos os níveis, o africano era acima de tudo um ser social. Existia o debate permanente
africano que se realizava debaixo das árvores - a assembleia - onde cada um tinha não só, a
liberdade de se expressar, mas também a obrigação de se exprimir.

Neste contexto, vários estudiosos africanos afirmam que os Estados africanos pré-coloniais eram
favoráveis á democracia e não ignoravam o mecanismo de controlo do poder. Cita-se o caso do
povo Ashanti do Ghana que, uma vez indicado o rei prestava um juramento de não ser
autocrático nem déspota.

O monopartidarísmo, no caso dos países francófonos, durou aproximadamente até a queda do


muro de Berlim. Foi nesse momento que foi introduzida a condicionalidade de uma democracia
formal. Hoje, os estados decompõem-se porque os programas de ajustamento estrutural foram
impostos com a ideia fixa de que o Estado era a forma menos boa para gerir assuntos públicos.
Vários estudiosos africanos afirmam que os Estados africanos pré-coloniais eram favoráveis á
democracia e não ignoravam o mecanismo de controlo do poder. Cita-se o caso do povo Ashanti
do Ghana que, uma vez indicado o rei prestava um juramento de não ser a utocrático nem
déspota.

Durante a última década, a maioria dos Estados africanos orientou-se para processos de
democratização, apoiados por políticas de desinvestimentos e de descentralização. No plano
regional e sub-regional, foram feitos esforços de integração que nem sempre tiveram o
acompanhamento da componente política desejada. Contudo, esta realidade não constitui crise de
governação nem défice de cultura política em África, mas período de assimilação de uma nova
realidade democrática.

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Ki-Zerbo (2006), refere que “o verdadeiro problema consiste na maneira de conceber o político
em África” (p. 63).

Reflexão Sobre a Democracia em Moçambique

Conforme sustenta Mazula (2000), “sociedade Moçambicana é sociologicamente plural e


culturalmente diversificada, em suma, é uma sociedade heterogênea” (p. 135).

A democracia não é compatível com a homogeneização da sociedade. Homogeneidade é a


tendência para o mesmo, para a equivalência, para o repetitivo. A homogeneidade imprime uma
igualdade formal. Do homogêneo na qual, geralmente os partidos políticos e o próprio Estado
assenta as sua posições, realizam as suas campanhas, tentam homogeneizar a sociedade
apagando as diferenças e as particularidades.

O modelo Europeu Ocidental do Estado e a observância dos princípios democráticos é sem


sombra de dúvidas a referência mais universal da organização da sociedade humana
contemporânea. A tentativa de adaptar e utilizar esse modelo mais que aceitável é amplamente
recomendável. Contudo, o elemento identitário tem de se fazer presente para não nos
transformarmos em meros objectos da história; Temos de partir de nós próprios para chegarmos
a nós próprios, dizia KI–ZERBO.
O Estado de Direito e a democracia não podem continuar a valer só na medida em que forem
aptos a proporcionar o poder, divorciando-se do combate à pobreza e a promoção do
desenvolvimento sustentável.
Durante as últimas três décadas, o país conheceu dois processos de grande impacto político que
afectaramdirectamente a vida quotidiana da maioria dos cidadãos.

Em primeiro lugar, a independência que mobilizou, à partir de 1974, a maioria da população


moçambicana a aderir nas primeiras experiências de “participação popular” na vida política,
nomeadamente através dos Grupos Dinamizadores (GDs). Por outro lado, a libertação da palavra
foi valorizada e alimentada pelo discurso oficial do poder popular” e da “aliança operário-
camponesa que consagrava a ideia da competência política das massas.

O segundo momento igualmente forte, do ponto de vista sócio-político e com um impacto directo
na vida quotidiana dos cidadãos, foi o processo de pacificação que levou ao fim a guerra de
desestabilização que durava há cerca de dezasseis anos.

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Hoje em dia, a democratização em Moçambique tem suscitado debates e discussões. Assim, têm
surgido muitas questões sobre como será que o modelo democrático ocidental se adequa a
realidade moçambicana e se a democracia em Moçambique é um sucesso. A estas e outras
questões, há necessidade de reflexão profunda sobre o assunto. Para tal partir-se-á de uma análise
sumária sobre o modelo democrático ocidental e sua concretização em Moçambique.

A democracia multipartidária em Moçambique nasceu com a independência nacional, não é um


produto de nenhuma luta envolvendo canhões e blindados acompanhado de todas as barbaridades
que assistimos durante os 16 anos de desestabilização. A constituição de 1990 veio apenas
formalizar um acto que vinha sendo exercido.

Eleições em Moçambique

As eleições em Moçambique têm constituído os momentos mais altos do exercício do poder


democrático das populações ao elegerem os seus representantes nos diferentes níveis de
governação. Têm sido, também, os momentos em que se avalia o nível de progresso da nossa
jovem democracia, não só internamente, mas através das diferentes organizações internacionais
bem como os países doadores. Desde o acordo geral de paz em 1992, realizaram-se as muitas
eleições democráticas nos anos1994, 1998, 1999, 2003, 2004, 2008…. Até aos nossos dias
realizam-se eleições democráticas.

O Papel da Sociedade Civil no Processo Democrático em Moçambique

Segundo Nhantumbo (2008), Sociedade Civil “trata-se de todas relações sociais, instituições e
organizações voluntariamente constituídas que não são reduzíveis a mera compreensão
administrativa do Estado” (p. 9).

É importante referir que a Sociedade Civil em Moçambique aparece como resultado da


Independência Nacional, depois da qual desenvolveu actividades ligados aos processos sócio-
económicos e não só. Daí que, as diversas Organizações da Sociedade Civil, ao longo dos
diferentes momentos, desempenharam e desempenham um papel insubstimável no processo
democrático em Moçambique. Devido a isso, torna-se importante observar as razões da
necessidade do envolvimento da sociedade civil no reforço do processo democrático para melhor
entender a génese e o estado da sociedade civil moçambicana. Entre outras as principais razões
são:

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 O envolvimento da sociedade civil e engajamento cívico reforçam a qualidade da
governação democrática ao providenciar evidência para os decisores das preferências do
cidadão em relação às políticas;
 Eles são necessários para a legitimação das decisões e políticas;
 O conhecimento e as habilidades da cidadania são desenvolvidos pela participação na
sociedade civil;
 Organizações da sociedade civil e cidadãos civicamente engajados podem providenciar
bens e serviços que nem o Estado que nem o mercado pode substituir;
 Limita e controla o poder do Estado através de monitoria do que o governo faz e expondo
os actos maus e erros, e faz chegar a informação disponível para o público, etc;

A Constitucionalização da Democracia em Moçambique

A Constituição de 1975 e a Democracia Popular

Nos momentos que se seguiram à independência o Estado moçambicano optou por uma linha de
orientação socialista. Assim, Moçambique tenta implementar uma concepção socialista do poder
e do Estado de Direito.

Neste contexto a Constituição da Republica Popular de Moçambique dispunha no artigo 2 o


seguinte:

“A República Popular de Moçambique é um Estado de democracia popular em que todas as


camadas patrióticas se engajam na construção de uma nova sociedade, livre de exploração de
homem pelo homem”. Este modelo foi adoptado do modelo da ex-URSS.

A Constituição de 1990 e a Democracia Multipartidária

Dizem os estudiosos que, o modelo da democracia popular baseado no estado de partido único
pela constituição de 1975, foi substituído por um novo conceito de democracia rep resentativa do
tipo ocidental. De facto, a constituição de 1990 veio introduzir o estado de direito democrático,

que se funda na separação de poderes, pluralismo político, liberdade de expressão e respeito


pelos direitos fundamentais.

Diplomas legais que acompanharam o processo de democratização em Moçambique:

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 Lei das associações (lei 8/91 de 18 de Julho) vem materializar o exercício do direito de
livre associação;
 Lei dos partidos políticos vem a consagrar o processo de constituição e criatividade dos
partidos políticos;
 A primeira lei eleitoral estabeleceu o poder eleitoral, forma-se sucedendo várias leis até a
actual lei eleitoral.

A Constituição de 2004 e o Princípio Democrático

A CRM de 2004 vem reafirmar, desenvolver e aprofundar os princípios fundame ntais do Estado
moçambicano, consagrar o carácter soberano do estado de direito democrático, baseado no
pluralismo de expressão, organização partidária, respeito pelos direitos e liberdades
fundamentais dos cidadãos.

Os Desafios da Democracia em Moçambique

A democracia ela própria é um desafio, porque começa a ser antes um processo de construção
interna. A própria sociedade moçambicana é chamada a ser capaz de fazer a democracia e ser
democrática, tendo em conta a sua cultura e a experiência de outros povos. A reconstrução
nacional é um processo que envolve os diversos actores sociais e agentes económicas. Ela faz-se
por um diálogo entre o social, o político, o económico, o intelectual e a cultura. Refere-se ao
diálogo comunicativo que não se reduz ao ouvir a ideia dos outros, mas ao fazê- lo participar na
construção do plano de acções, na tomada de decisões e na realização consequênte do acordado.

Dentro da estratégia do governo na redução da pobreza, há ainda a salientar o aspecto de


incentivo ao turismo cultural histórico na qual a Timbila e Nhau desempenham um papel
preponderante. Em 1993 foi realizada a conferência nacional sobre a cultura onde se definiu a
valorização e os aspectos importantes relacionadas com as línguas moçambicanas.

Constrangimento na Implementação da Democracia

Desde a implantação da democracia multipartidária que se traduziu na realização dos diversos


pleitos eleitorais, verificaram-se vários constrangimentos que se foram traduzindo em conflitos
de curta duração em uns momentos e da longa noutros. Na essência, estiveram na origem desses
conflitos as seguintes razões:

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 Falta de confiança entre os partidos políticos e os orgãos eleitorais, concretamente a CNE
e o STAE;
 Fraca educação cívica para o eleitorado das zonas rurais o que origina reduzido afluxo
dos eleitores na mesa de voto;
 Ausência de cultura democrática por parte de determinados partidos políticos;
 Fraco impacto das Organizações da Sociedade Civil no seio da população;
 Intolerância por parte dos intervenientes políticos a nível nacional;
Para que esta situação seja invertida é necessário que alguns dos constrangimentos, já
mencionados, sejam resolvidos com base na tolerância, confiança e participação dos cidadãos,
das organizações da sociedade civil e dos actores políticos activos e passivos na decisão
democrática, A perfeição da democracia vai depender dos moçambicanos em que o elemento
identitário tem de se fazer presente para não nos transformarmos em meros objectos da história;
Temos de partir de nós próprios para chegarmos a nós próprios, dizia Ki-Zerbo.

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Conclusão

Tendo terminado este trabalho chegou-se a conclusão de que os conceitos de democratização da


cultura e de democracia cultural não estão de costas voltadas, constituem antes vertentes
complementares que devem integrar as políticas culturais locais.

Cultura é um sistema complexo de códigos e padrões partilhados por uma sociedade ou um


grupo social e que se manifesta nas normas, crenças, valores, criações e instituições que fazem
parte da vida individual e colectiva dessa sociedade ou grupo.

Democracia é o governo na qual o poder e a responsabilidade cívica são exercidos por todos os
cidadãos, directamente ou através dos seus representantes livremente eleitos. A democracia
como uma prática política ou forma de governar era conhecida na África pré-colonial.

No tangente aos tipos de democracia, destacam-se: democracia directa, democracia


representativa, democraciasemi-directa, democracia popular e democracia cristã.

O estado africano tradicional era uma instância da gestão do bem comum e das decisões tomadas
em nome de toda cidade, de todo reino, mas foi destruído pela colonização e, no melhor dos
casos, substituído por novos tipos e regimes democráticos aos quais os africanos não estavam
habituados e nem podiam reconhecer-se nem moldar-se como acontece nos países europeus.

A sociedade Moçambicana é sociologicamente plural e culturalmente diversificada, em suma, é


uma sociedade heterogênea. A democracia não é compatível com a homogeneização da
sociedade. Homogeneidade é a tendência para o mesmo, para a equivalência, para o repetitivo. A
homogeneidade imprime uma igualdade formal.

A democracia multipartidária em Moçambique nasceu com a independência nacional, não é um


produto de nenhuma luta envolvendo canhões e blindados acompanhado de todas as barbaridades
que assistimos durante os 16 anos de desestabilização. A constituição de 1990 veio apenas
formalizar um acto que vinha sendo exercido.

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Referencia Bibliografica

 BASTO, F. (1999). Ciência Política: Guia de Estudo. UEM. Maputo, Moçambique;


 DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, Empresa Literária Fluminense, Lisboa, S/d;
 DICIONÁRIO UNIVERSAL DA LÍNGUA PORTUGUESA. (1995). Texto Editora. Liboa,
Portugal;
 KI -ZERBO, J. (2006). Para quando a África? 1ª edição Campos das letras Editora;
 Mazula, B. (1995). Moçambique. Eleições, Democracia e Desenvolvimento. 1ª
edição.Maputo, Moçambique;
 Nhantumbo, N. (2008). África Moçambique. Sem coerência não há boa governação.
CIEDIMA Editora, Maputo, Moçambique;
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