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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

2º Trabalho da Ética Social

Ana Paula Tomás Conselho. 708204503

Licenciatura em Ensino de Geografia


Disciplina: Ética Social
Ano de frequência: 3º Ano; Turma A/5
Tutor: Katia Figueiredo

Tete, Julho de 2022

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problema)
 Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
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adequada ao objecto 2.0
do trabalho
 Articulação e
domínio do discurso
académico
Conteúdo 2.0
(expressão escrita
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e
 Revisão bibliográfica
discussão
nacional e
internacionais 2.
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos
2.0
dados
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
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Normas APA 6ª
 Rigor e coerência das
Referências edição em
citações/referências 4.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia

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Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
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Índice

Introdução ........................................................................................................................................ 5

2. Desenvolvimento ...................................................................................................................... 6

2.1. Émile Durkheim e a crítica às perspectivas sociológicas de Comte e Spencer ................ 6

2.1.1. Instituição social e Anomia ....................................................................................... 7

2.2. Sobre os valores éticos, morais, políticos e religiosos da sociedade moçambicana ......... 8

Conclusão ...................................................................................................................................... 10

Referencia Bibliografia.................................................................................................................. 11

iv
Introdução

A sociedade é a consequência do comportamento propositado e consciente. Isso não significa que


os indivíduos tenham firmado contratos por meio dos quais teria sido formada a sociedade. As
acções que deram origem à cooperação social, e que diariamente se renovam, visavam apenas à
cooperação e à ajuda mútua, a fim de atingir objetivos específicos e individuais.

A opção valorativa dos homens em sociedade busca a identidade de seus interesses e


necessidades, com as possibilidades do agir, do pensar e do viver social legalmente
institucionalizados. Esta argumentação introdutória nos conduz a refletir sobre a dimensão
histórica dessas relações.

No presente trabalho pretendemos refletir sobre os valores éticos, morais, religiosos e políticos do
nosso país. A metodologia utilizada apresenta abordagem quantitativa, pois busca a validação das
hipóteses; quanto aos objetivos, exploratória, uma vez que procura explicitar o problema com
maior precisão; além de embasamento bibliográfico.

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2. Desenvolvimento

2.1. Émile Durkheim e a crítica às perspectivas sociológicas de Comte e Spencer

Durkheim criticou a perspectiva comtiana pela sua generalização do termo “sociedade”, proposto
como objecto de estudo para as ciências sociais, que deveriam utilizar como método a observação
dos fatos sociais.

Ao propor a sociedade como um organismo social, Comte a elevou à condição de SER, com uma
natureza e leis próprias, mas não levou em consideração os diferentes tipos de sociedades
existentes, colocando essas diferenças como etapas distintas de uma mesma evolução. Ele
pretendia explicar o movimento social consolidado, colocando os fatos sociais como idênticos em
todos os lugares, variando apenas na sua intensidade.

Durkheim, em contrapartida, sugeriu a observação das várias sociedades, não como pertencentes
a uma evolução que desemboca no mesmo lugar, mas como espécies distintas de um organismo
cujas observações e comparações nos levariam a conhecer tal organismo. Além disso, Comte não
atribuiu ao termo “organismo” seu devido valor, pois não conseguiu explicar de onde veio ou
como se consolidou esse novo ser que ele sugere, já que este não é uma evolução do indivíduo
(continuidade).

Spencer, por sua vez, percebeu e estudou as várias sociedades, classificando-as, procurando leis
gerais da evolução social (as quais todas as sociedades deveriam enfrentar e utilizar),
encontrando na analogia entre ser social e ser vivo (indivíduo) o modo de conhecer o organismo
social, uma vez que a vida social deriva da vida individual e, portanto, guarda semelhanças para
com ela.

A crítica que Durkheim dispensa a Spencer é por ele não ter estudado os fatos sociais para
conhecê-los, mas para deduzir deles leis gerais que pretendem explicar toda a realidade pelas leis
da evolução. Desse modo, sintetizou e generalizou os fatos sociais, submetendo-os a uma mesma
lei geral, quando cada fato social deveria ser estudado particularmente, com o objetivo de
conhecê-lo e de estabelecer regras para aquele tipo determinado de sociedade, sem generalizações
abstratas que de nada servem para o desenvolvimento dessa nova ciência.

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2.1.1. Instituição social e Anomia
A instituição social é um mecanismo de organização da sociedade, é o conjunto de regras e
procedimentos padronizados socialmente, reconhecidos, aceitos e sancionados pela sociedade,
cuja importância estratégica é manter a organização do grupo e satisfazer as necessidades dos
indivíduos que dele participam.

As instituições são, portanto, conservadoras por essência, quer seja família, escola, governo,
religião, polícia ou qualquer outra, elas agem contra as mudanças, pela manutenção da ordem
vigente. Durkheim registra, em sua obra, o quanto acredita que essas instituições são valorosas e
parte em sua defesa, o que o deixou com uma certa reputação de conservador, que durante muitos
anos causou antipatia a sua obra.

Mas Durkheim não pode ser meramente tachado de conservador, sua defesa das instituições se
baseia num ponto fundamental, o ser humano necessita se sentir seguro, protegido e respaldado.
Uma sociedade sem regras claras ("em estado de anomia"), sem valores, sem limites leva o ser
humano ao desespero. Preocupado com esse desespero, Durkheim se dedicou ao estudo da
criminalidade, do suicídio e da religião.

Uma rápida observação do contexto histórico do século XIX nos permite perceber que as
instituições sociais se encontravam enfraquecidas, havia muito questionamento, valores
tradicionais eram rompidos e novos surgiam, muita gente vivia em condições miseráveis,
desempregados, doentes e marginalizados.

Ora, numa sociedade integrada, essa gente não podia ser ignorada, de uma forma ou de outra,
toda a sociedade estava ou iria sofrer as consequências. Aos problemas que ele observou,
considerou como patologia social, e chamou aquela sociedade doente de "Anomana". A anomia
era a grande inimiga da sociedade, algo que devia ser vencido, e a sociologia era o meio para
isso. O papel do sociólogo seria, portanto, estudar, entender e ajudar a sociedade.

Em seus estudos Durkheim concluiu que os fatos sociais atingem toda a sociedade, o que só é
possível se admitirmos que a sociedade é um todo integrado. Se tudo na sociedade está
interligado, qualquer alteração afeta toda a sociedade, o que quer dizer que se algo não vai bem
em algum setor da sociedade, toda ela sentirá o efeito. Partindo deste raciocínio, desenvolve dois
dos seus principais conceitos: Instituição social e Anomia.
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2.2. Sobre os valores éticos, morais, políticos e religiosos da sociedade moçambicana

Atualmente no nosso país a ética e a moral estão sendo relegadas por certas classes sociais e
políticas, muitos valores estão sendo quebrados em prol do individualismo, ou seja, “cada um por
si” e com isso ética e moral vêm perdendo o sentido.

A reversão do projeto de modernidade socialista, substituído pelo capitalismo neoliberal, tão


violento quanto o processo de implantação do socialismo, levou ao vazio de sentido, como
decorrência da crise de referências ético-normativas.

Os valores do ethos no passado, mesmo que impostos, continham alguns aspectos positivos – a
solidariedade, o espírito de mútua ajuda. Esses aspectos guardam uma identidade com os valores
das formas de vida bantu. Porém, o conteúdo do ethos socialista não se solidificou na vida das
maiorias sociais moçambicanas. O não enraizamento dos valores propostos pela modernidade,
num contexto de ruptura com passado, pode ser um dos factores que explica a permeabilidade
dos aspectos mais negativos da nova modernidade no país: oportunismo, corrupção generalizada,
não solidariedade, para citar alguns – contrariando os ideários proclamados pela modernidade
socialista.
Casos de corrupção, de grandes dimensões e requintes, envolvendo altos dirigentes do Estado são
reportados tanto pela imprensa local quanto pelos organismos internacionais. Além da
delapidação do património público, um facto que decorre desde a época da modernidade
socialista como exemplifica Mazula (2005, p. 65) até a actual discussão sobre as dívidas ocultas
que levaram o país a uma crise financeira sem precedentes a partir de 2016, a honestidade,
afirmada como valor no processo de formação do Homem Novo, faz parte do vocabulário
axiológico de uma minoria. Difunde-se, com a práxis, em quase todo o quotidiano das grandes
cidades de Moçambique, a ideia de que a honestidade atira o justo para a pobreza e a miséria,
enquanto a riqueza persegue naturalmente o injusto.

No lugar da solidariedade e da justiça, valores afirmados na sociedade tradicional e na formação


do Homem Novo, o dólar aparece como valor supremo e o fim último justificando os meios. Na
corrida em busca do dólar, a honestidade empurra o justo para a pobreza, porque “[…] a
corrupção, a injustiça, as impunidades avançam céleres, com mais sucesso do que a justiça e a
honestidade” (Mazula, 2005, p. 67).

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O Homem Novo que se pretendia formar tornou-se num Homem sem rosto, sem ideários e
referências éticas sólidas: vive o aqui, ao jogo das circunstâncias, no vale tudo, sem critérios de
discernimento entre o certo e o errado. É, não poucas vezes, oportunista e arrogante.

O mundo vivenciado por boa parte de moçambicanos, principalmente da juventude de


Moçambique não pode ser caracterizada apenas como um deficit moral: trata-se de um mundo
marcado por uma crise ética, expressa na ausência de referências éticas válidas, senão a ética
circunstancial e das convicções, em que desapareceram do horizonte as razões e os fins humanos
do viver. As raízes dessa crise, mais do que como crise ética contemporânea, também devem ser
vistas como consequência das duas modernidades moçambicanas.

Em face desse vazio, cada um e cada uma busca se orientar pelas novas referências éticas
apresentadas pela nova modernidade: a capitalista neoliberal. Falando da juventude, acusada de
possuir o deficit moral, é preciso sublinhar que ela não é culpada, pois nasceu num mundo sem
referências reclamadas pelos implementadores das duas modernidades e não lhe foi passado o
testemunho. A juventude não possui, portanto, as referências éticas tanto tradicionais quanto as
socialistas, pelo que não constitui uma verdade acusá-la de possuir deficit moral. Ela vive a moral
da sua época, num mundo situado no abismo entre o passado e o futuro, se quisermos usar as
categorias arendtianas.

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Conclusão

O fato social, segundo Durkheim, consiste em maneiras de agir, de pensar e de sentir que
exercem determinada força sobre os indivíduos, obrigando-os a se adaptar às regras da sociedade
onde vivem. No entanto, nem tudo o que uma pessoa faz pode ser considerado um fato social,
pois, para ser identificado como tal, tem de atender a três características: generalidade,
exterioridade e coercitividade.

Ao refletir sobre esse tema percebi a importância dele em nosso dia a dia e que este deveria estar
presente em todos os segmentos da sociedade, seja na política, na família e nos meios de
comunicação, eles precisam continuar sendo os norteadores de todas as ações que atinge as
pessoas.

O mundo vivenciado por boa parte de moçambicanos é caracterizada como de um deficit moral,
pois, é marcado por uma crise ética, expressa na ausência de referências éticas válidas, senão a
ética circunstancial e das convicções, em que desapareceram do horizonte as razões e os fins
humanos do viver.

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Referencia Bibliografia

1. DURKHEIM, É (1999). Da divisão do trabalho social. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

2. DURKHEIM, É (2007). As Regras do Método Sociológico, São Paulo, Martins Fontes,


2007.

3. LIMA VAZ, H. C. de (1990). Ética e Civilização. Síntese Nova Fase, Belo Horizonte,
CES, n. 49, p. 5-14, 1990.

4. MAZULA, B. (1995). Educação, Cultura e Ideologia em Moçambique. Porto:


Afrontamentos, 1995.

5. NGOENHA, S. E. (1994). O Retorno do Bom Selvagem: uma perspectiva filosófico-


africana do problema ecológico. Porto: Salesianas.

6. NGOENHA, S.E. (2004). Tempos da Filosofia: filosofia e democracia em Moçambique.


Maputo: Livraria Universitária, 2004.

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