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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Os princípios, técnicas e métodos em Geografia Humana com enfoque no Diagnóstico Rural

Neque Domingos Serrote - 708204526

Curso: Licenciatura em Ensino de Geografia


Disciplina: Técnicas e Metodologias em
Geografia Humana
Ano de Frequência: 4° ano
Turma/Sala: 3
Docente: Dr. Álvaro Bernardo Nhandane

Tete, Abril, 20223


Classificação

Categorias Indicadores Padrões Nota


Pontuação
do Subtotal
máxima
tutor
 Índice 0.5
 Introdução 0.5
Aspectos
Estrutura  Discussão 0.5
organizacionais
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 2.0
problema)
Introdução  Descrição dos
1.0
objectivos
 Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
 Articulação e domínio
do discurso académico
Conteúdo (expressão escrita 3.0
cuidada, coerência /
Análise e coesão textual)
discussão  Revisão bibliográfica
nacional e internacional
2.0
relevante na área de
estudo
 Exploração dos dados 2.5
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
Formatação 1.0
gerais paragrafo, espaçamento
entre linhas
Normas APA 6ª
 Rigor e coerência das
Referências edição em
citações/referências 2.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia
Folha para recomendações de melhoria

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Índice
1. Intodução .................................................................................................................................. 3

1.1. Objectivos ................................................................................................................................. 4

1.1.1. Objectivo Geral...................................................................................................................... 4

1.1.2. Objectivos Específicos .......................................................................................................... 4

1.2. Metodologias ............................................................................................................................ 4

2. Os Princípios geográficos......................................................................................................... 5

3. Técnicas e métodos em Geografia humana .............................................................................. 7

3.1. Método e Metodologia: Definições e caracterizações .............................................................. 7

3.1.1. Métodos geográficos quantitativos ........................................................................................ 7

i. Geoestatística ........................................................................................................................ 7

3.1.2. Métodos geográficos qualitativos .......................................................................................... 8

i. Etnogeografia........................................................................................................................ 8

3.2. Algumas Técnicas em Geografia humana ................................................................................ 8

3.3. Método funcionalista e sistémico ............................................................................................. 8

i. O espaço geográfico visto como um sistema / geossistema ................................................. 8

3.4. Diagnóstico Rural Participativo................................................................................................ 9

3.4.1. Resumo Histórico do DRP .................................................................................................. 10

3.4.2. Propósitos do DRP............................................................................................................... 11

3.4.3. Vantagens do Diagnóstico Rural Participativo .................................................................... 11

3.4.4. Algumas técnicas usadas no DRP ....................................................................................... 12

4. Conclusão ............................................................................................................................... 13

5. Referências bibliográficas ...................................................................................................... 14


1. Intodução

O presente trabalho visa debruçar sobre os princípios , técnicas e métodos em Geografia Humana
com enfoque no diagnóstico rural.

Método é uma maneira de obter os resultados, utilizando-se de uma teoria para fundamentar,
citando, por exemplo, método dialéctico, positivista, fenomenológico, hermenêutico, entre outros.
Dessa forma, o método deve estar associado à teoria havendo uma coerência teórico-metodológica,
ou seja, o uso adequado de certos autores e conceitos com o referido método de análise.

De entre as técnicas de pesquisa em Geografia Humana temos o Diagnóstico Rural Participativo


como uma das que tem se utilizado nos últimos dias, a qual nos permite obter tanto dados
qualitativos como os dados quantitativos, permitindo esclarecer certas questões ligadas a
fenómenos que estejam a ocorrer em determinado local.

É uma técnica que pode ajudar o pesquisador porque para além de estar em contacto com o terreno
ele próprio participa em certas actividades ligadas a sua amostra assim como as populações alvos
da pesquisa têm a oportunidade de decidir sobre o que pretendem do seu desenvolvimento ou o que
se passa com a sua própria vida do dia-a-dia.

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1.1. Objectivos

O presente trabalho será norteado por 1 objectivo geral e 3 específicos que sustentam o principal.

1.1.1. Objectivo Geral


 Compreender os princípios, técnicas e métodos em Geografia Humana.

1.1.2. Objectivos Específicos


 Definir os princípios, técnicas e métodos;
 Apresentar o princípios, técnicas e métodos Geografia Humana;
 Descrever o Diagnóstico Rural Participativo.

1.2. Metodologias

De acordo com Lakatos & Marconi (2003), metodologia científica é um conjunto de abordagens,
técnicas e processos utilizados pela ciência para formular e resolver problemas de aquisição
objectiva do conhecimento, de uma maneira sistemática.

Portanto, a metodologia empregada para o desenvolvimento desse trabalho foi pesquisas


bibliográficas, com levantamentos de textos, que tratavam sobre o tema abordado disponível em
artigos e sites.

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2. Os Princípios geográficos

Para que o estudo da geografia não se resuma apenas a um conjunto de conhecimentos aleatórios
sobre a superfície terrestre, devemos utilizar os princípios geográficos.

Os princípios são enunciados que podem ser entendidos como fundamentos nunca últimos nem
primeiros, mas que se vinculam com os campos do conhecimento e são por eles assumidos de modo
específico em acordo com a “lógica” desse campo.

Os pesquisadores espanhóis argumentam que os princípios têm um sentido não apenas científico,
mas também didático, porque são sustentados epistemologicamente e inerentes aos processos de
mediação no ensinar e no aprender na escola. Para eles, os princípios “ajudam, portanto, a estruturar
com rigor científico os temas, a alinhavar os programas, ao mesmo tempo em que oferecem maior
clareza e compreensão aos alunos(as)” (García Ruiz; Jiménez; Rodríguez, 2009, p. 38).

O primeiro princípio é o da extensão criado pelo geografo alemão Ratzel, na qual consiste em
delimitar o espaço a ser usado, ou seja, que todo fenômeno ocorre em um espaço delimitado (García
Ruiz; Jiménez; Rodríguez, 2009).

Podemos observar este princípio na prática em sala de aula, por exemplo quando ocorre o estudo
de algum país, continente, região, cidade, na qual fala-se primeiramente dos aspectos de extensão
territorial, população, aspectos físicos e políticos, associando também algumas vezes, estes, aos
aspectos históricos.

O segundo princípio é o da analogia foi criado pelo geógrafo Carl Ritter em parceria com Vidal de
La Blache autor do paradigma do possibilíssimo geográfico. Este princípio consiste em fazer
comparações espaciais, levando em consideração diferenças e semelhanças (García Ruiz; Jiménez;
Rodríguez, 2009).

Um exemplo de como podemos associar este conceito na prática em sala de aula seria comparar o
clima semiárido do nordeste brasileiro com o da África, a similaridade seria as temperaturas
elevadas e escassez de chuva, e diferenças seria a amplitude térmica, que é baixa no nordeste, mas
elevada no norte da África.

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Este princípio é muito útil para trazer o conceito da geografia para a realidade mais próxima do
aluno. Comparar o determinado fenômeno espacial em um nível aproximado pode facilitar a
compreensão.

O terceiro princípio é da causalidade, foi criado por Alexander von Humbold, na qual foi poeta,
biólogo, geografo, acostumado a viajar bastante, e em uma dessas viagens observou a distribuição
dos seres vivos associado a questões ambientais (García Ruiz; Jiménez; Rodríguez, 2009).

Os fenômenos espaciais tem uma causa. Como exemplo de aplicabilidade deste princípio na
geografia escolar, poderíamos citar os furacões, utilizando a dinâmica dos climas pois eles ocorrem
em determinadas partes da terra e outras não.

Jean Bruens formulou os dois últimos princípios, conexidade e atividade, no final do século XIX
início do século XX.

No princípio da conexidade os fatos não acontecem sozinhos, sempre há uma ligação. Ela necessita
de outras disciplinas para se completar e além disso estão sempre se transformando e alterando
(García Ruiz; Jiménez; Rodríguez, 2009).

Exemplo de como realizar este princípio nas aulas de geografia, seria explicando por exemplo que
em um determinado local, ocorreu uma enchente próximo a um rio, o que se pode proporcionar a
refletir é de que quando tem aumento das precipitações nos rios, a tendência é que com o aumento
do rio vai extrapolar as margens e se tiver casas, ou construções nestas margens ocorrerá de ser
arrastado ou danificado pela correnteza.

Assim realiza-se a delimitação do fenômeno em um determinado local mas a enchentes não


ocorrem somente neste local. Com isso, é possível repensar quais os diferentes regimes de chuva,
as diferentes causas.

As similaridades que ocorrem nesta situação comparando se ela ocorrer em outros lugares, seria os
impactos que ocorrem nas habitações das pessoas. A causa é um fenômeno natural o processo de
precipitação mas que tem consequências na sociedade e está conectado a questões ambientais, a
questões históricas de ocupação deste espaço (idem).

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3. Técnicas e métodos em Geografia humana

3.1. Método e Metodologia: Definições e caracterizações

Método: é um instrumento organizado que procura atingir resultados estando ligados directamente
ligado a teoria que o fundamenta, conforme o Japiassu & Mercondes (1990), é um conjunto de
procedimentos racionais, baseados em regras, que visam atingir objectivos determinados.

O método é o “caminho pelo qual se chegou a determinado resultado” (Lalande, 1999, p.678).

Buscando caracterizar o método, Bachelard (1983), diz que “O método é verdadeiramente uma
astúcia de aquisição, um estratagema novo, útil na fronteira do saber” onde o método científico é
“aquele que procura o perigo (...) e a dúvida está na frente, e não atrás”, dessa maneira “não é o
objecto que designa o rigor, mas o método” (p.122).

Portanto, o método é uma maneira de obter os resultados, utilizando-se de uma teoria para
fundamentar, citando, por exemplo, método dialéctico, positivista, fenomenológico, hermenêutico,
entre outros.

Dessa forma, o método deve estar associado à teoria havendo uma coerência teórico metodológica,
ou seja, o uso adequado de certos autores e conceitos com o referido método de análise.

Metodologia: São os procedimentos utilizados pelo pesquisador, material e métodos, numa


determinada investigação, sendo as etapas a seguir num determinado processo.

Segundo Lalande (1999),”é subdivisão da lógica, que tem por objecto o estudo a posteriori dos
métodos, e mais especialmente, vulgarmente o dos métodos científicos” (p.680).

3.1.1. Métodos geográficos quantitativos


i. Geoestatística

A Geoestatística trata de análise quantitativa, especificamente a aplicação da etodologia estatística


à exploração de fenómenos geográficos. Geoestatística é utilizada extensivamente em uma
variedade de campos incluindo: hidrologia, geologia, exploração de petróleo, análises climáticas,
planeamento urbano, logística e epidemiologia.

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3.1.2. Métodos geográficos qualitativos
i. Etnogeografia

Métodos geográficos qualitativos, ou técnicas de pesquisa etnográficas são utilizados pelos


geógrafos. Na geografia cultural há uma tradição do emprego de técnicas de pesquisa qualitativa,
também utilizada na antropologia e na sociologia. Observações participativas e entrevistas em
campo fornecem aos geógrafos humanos dados qualitativos (Wilson, s/d, p.30).

3.2. Algumas Técnicas em Geografia humana

As técnicas de análise em pesquisa servem para colectar, extrair e elucidar informações de


determinados objectos, pode se dizer que existem dois eixos principais nas pesquisas em Geografia
as qualitativas e as quantitativas. As pesquisas só podem ser qualitativas ou quantitativas ou
também um conjunto dessas duas pesquisas (Wilson, s/d, p.30).

Nesse contexto existem várias técnicas que o pesquisador pode utilizar em suas investigações, as
entrevistas são técnicas adequadas para colectar dados para as pesquisas qualitativas na Geografia
humana.

3.3. Método funcionalista e sistémico


i. O espaço geográfico visto como um sistema / geossistema

Através da influência das ciências biológicas e naturais, o Funcionalismo vem alcançar uma
positividade prática e metodológica na Geografia (Bray, 1980). A relação entre organismo das
ciências naturais e a organização do espaço da Geografia é fundamental para entender o Método
funcionalista. Sobre este assunto Bray (1980), ressalta:

O uso do termo “função” na Geografia surgiu inicialmente com a preocupação de


assimilar a superfície terrestre ou o espaço geográfico a um organismo, isto é, a
transferência da condição biológica da palavra “função” para a geografia (Bray, 1980, p.
35).

Na obra Princípios de Geografia Humana La Blache faz a relação dos diferentes géneros de vida,
nas quais habitam de forma harmónica e Coerente, com a natureza, em uma organização sistémica
onde cada Género ou modo de vida têm uma “função” (Bray, 1980).

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Com relação à ideia de elemento e função, o método sistémico vem de encontro ao pensamento
harmónico do espaço geográfico. A Teoria Geral de Sistemas dá sustentação a essa metodologia,
segundo Vicente & Perez Filho (2003):

Enquadram-se nesse tipo de sistema a totalidade das relações que compõem a realidade
como um todo, desde uma célula, passando por bacias Hidrográficas, as cidades, a
economia, a sociedade, etc, numa relação simbiótica no tempo e no espaço, sendo
diversas as concepções teóricas e conceitos desenvolvidos a partir da ideia de sistemas
abertos, dando base à abordagem sistémica, principalmente a partir de meados do século
XX (Vicente & Perez Filho, 2003, p. 331).

A abordagem sistémica têm sua utilização mais frequente na Geografia Física, porém há estudos
em Geografia Humana com essa base teórico - metodológico, mas sua aplicação é muito mais
difícil, pois envolve as relações sociais e as dinâmicas da sociedade, nas quais não estão em um
sistema harmónico e hierarquizado.

3.4. Diagnóstico Rural Participativo

O Diagnóstico Rural Participativo (DRP) é um conjunto de técnicas e ferramentas que permite que
as comunidades façam o seu próprio diagnóstico e a partir daí comecem a autogerir o seu
planeamento e desenvolvimento (Wilson, s/d, p.54).

Desta maneira, os participantes poderão compartilhar experiências e analisar os seus


conhecimentos, a fim de melhorar as suas habilidades de planeamento e acção. Embora
originariamente tenham sido concebidas para zonas rurais, muitas das técnicas do DRP podem ser
utilizadas igualmente em comunidades urbanas.

O objectivo principal do DRP é apoiar a autodeterminação da comunidade pela participação e,


assim, fomentar um desenvolvimento sustentável.

O DRP pretende desenvolver processos de pesquisa a partir das condições e possibilidades dos
participantes, baseando-se nos seus próprios conceitos e critérios de explicação. Em vez de
confrontar as pessoas com uma lista de perguntas previamente formuladas, a ideias é que os
próprios participantes analisem a sua situação e valorizem diferentes opções para melhorá-la.

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A intervenção das pessoas que compõem a equipe que intermédia o DRP deve ser mínima; de
forma ideal se reduz a colocar à disposição as ferramentas para a autoanálise dos/as participantes.
Não se pretende unicamente colher dados dos participantes, mas, sim, que estes iniciem um
processo de auto-reflexão sobre os seus próprios problemas e as possibilidades para solucioná-los
(idem).

3.4.1. Resumo Histórico do DRP

Os enfoques de desenvolvimento rural nas décadas de 60 e 70 se baseavam na transferência de


tecnologias e na ausência de participação das/os supostas/os beneficiárias/os, tanto na elaboração
como na execução dos projectos (Wilson, s/d, p.55).

No final da década de 70, o fracasso da "transferência tecnológica" causou uma mudança radical
de estratégias: o conhecimento das condições locais, dos grupos beneficiários e de suas tradições
se transformou no enfoque principal da identificação e planeamento de projectos de
desenvolvimento rural. Utilizando métodos tradicionais de pesquisa, como questionários e análises
de dados regionais, foram geradas enormes quantidades de dados que acabaram não tendo como
ser geridos e se transformaram em "cemitérios de dados".

Nos anos 80, a estratégia mudou de novo: o levantamento de informação foi reduzido ao necessário,
levando em consideração as opiniões e o ponto de vista dos grupos beneficiários. Os instrumentos
clássicos de pesquisa deram lugar a novos conceitos, mais participativos, muitos deles baseados
nas teorias e metodologias da educação popular. Esta foi a hora do nascimento do "Diagnóstico
Rural Rápido" (DRR).

O DRR propõe, principalmente, um levantamento de dados participativo e menos trabalhoso que


um levantamento tradicional. Além disso, procura uma maior participação do chamado
beneficiário, para se aproximar mais das suas necessidades e realidade. Em geral o DRR é utilizado
para se obterem os dados necessários para um projecto novo ou para analisar o desenvolvimento
de um projecto. Sendo possível adaptá-lo a partir desta análise (idem).

Mas, mesmo com estas mudanças, as medidas tomadas pelos projectos acabaram sendo pouco
sustentáveis. Como consequência, o processo de identificação participativa se estendeu à execução
participativa de projectos.

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Então se deu voz e voto aos grupos em todos os passos de um projecto, criando, assim, o
Diagnóstico Rural Participativo (DRP).

O Diagnóstico Rápido Rural não foi o único fundamento para o desenvolvimento do DRP, além
disso, “a educação popular”, inspirada no livro "A pedagogia do oprimido", de Paulo Freire (1968),
foi outro movimento iniciado nos anos 60, que teve grande importância para os conceitos.

Os conceitos de desenvolvimento das décadas de 60 a 80, descritos anteriormente, reflectem a


discussão "teórico-intelectual" da época; no entanto isto quer dizer que, independentemente das
tendências respectivas, existiam projectos participativos nos anos 60, como hoje existem projectos
com escassa participação dos supostos beneficiários (idem).

3.4.2. Propósitos do DRP

Além do objectivo de impulsionar a auto-análise e autodeterminação de grupos comunitários, o


propósito do DRP é a obtenção directa de informação primária ou de "campo" na comunidade.

Esta é conseguida por meio de grupos representativos de seus membros, até chegar a um
autodiagnóstico sobre o estado dos seus recursos naturais, sua situação económica e social e outros
aspectos importantes para a comunidade (Wilson, s/d, p.56).

3.4.3. Vantagens do Diagnóstico Rural Participativo

 Põe em contacto directo os que planejam, os Agentes de Ater com as pessoas da


comunidade e vice-versa; todos participam durante todo o processo do diagnóstico.
 Facilita o intercâmbio de informação e a verificação desta por todos os grupos da
comunidade.
 O DRP, como metodologia, aponta a multidisciplinaridade. Ideal para estabelecer nexos
entre sectores, tais como: floresta, agricultura, saúde, educação e outros.
 As ferramentas do DRP prestam muito bem para identificar aspectos específicos de género.
 Facilita a participação tanto de homens como de mulheres e dos diferentes grupos da
 comunidade.

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3.4.4. Algumas técnicas usadas no DRP

 Fezes o Tu Mesmo: Os agentes externos no lugar de formular perguntas ao chegar na


comunidade, podem participar nas actividades do dia-a-dia como recolher lenha, ou água,
construir casas ou trabalhar no campo.
 Análise local das fontes secundárias - a comunidade pode analisar dados e informação de
materiais levados pelo agente externo, com informes ou fotografias aéreas, com o fim por
exemplo de identificar tipos de solos, conservação da mesma tendência da terra.
 Realização de mapas e maquetas: A população os pode fazer, sobre o papel ou no solo,
com diversos materiais (giz, paus, sementes ou pedras), reflectindo múltiplos aspectos
como a distribuição espacial da aldeia os recursos hídricos os bosques a composição da
população sua situação sanitária a distribuição de minas anti-pessoais etc.
 Linhas de Tempo e análises de tendências e mudanças: são alistamentos cronológicos
de eventos e mudanças ocorridas, e das suas causas. Por exemplo análise histórica da
presença na zona de diversas ONGs e seu impacto, o das mudanças havidas no sistema
agrícola.
 Calendários Estacionais: representação por estações e mês a mês com materiais como
sementes e similares, de aspectos como a distribuição dos dias de chuva, a presença de
enfermidades, os ciclos de colheita, os trabalhos das mulheres os endividamentos ou a
migração.
 Análise do uso do tempo diário: Estudo do tempo dedicado a diferentes actividades, muito
utilizado para constatar as diferentes distribuições de trabalho entre homens e mulheres e
também segundo a dureza do trabalho.
 Ranking de riqueza o bem-estar: consiste numa lista hierarquizada para identificar os
diferentes níveis sociais de famílias ou pessoas dentro de uma comunidade, baseando se em
indicadores y critérios definidos pela própria população segundo sua própria interpretação
da riqueza.
 Análises de diferenças: identificação de diferenças entre os diversos grupos sociais
(segundo riqueza ou pobreza, ocupação, género, idade), incluindo seus problemas e
preferências (Wilson, s/d, p.58).

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4. Conclusão

Feito o trabalho, podemos concluir que o estudo de técnicas e métodos em geografia humana
constitui a base que vai municiar o Estudante a ter instrumentos de base para a pesquisa científica
e auxiliar se destes para contribuir com inteligência na busca de soluções científicas para os
diferentes problemas da sociedade humana.

A Técnica de DRP, que acabamos de estudar constitui uma das ferramentas no campo da
investigação e pesquisa de fenómenos geográficos para além de que este é mais um instrumento
que o pesquisador pode usar para por um lado desenvolver a sua pesquisa em contacto com o
objecto de estudo e por outro permitir a participação directa das populações envolvidas no
desenvolvimento local.

Além do objectivo de impulsionar a auto-análise e autodeterminação de grupos comunitários, o


propósito do DRP é a obtenção directa de informação primária ou de "campo" na comunidade.

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5. Referências bibliográficas

Bachelard, G. (1983). Epistemologia. 2.ed.Tradução Nathanael C. Caixeiro. Rio de Janeiro: Zahar


Editores.

Bray, S. C. (1980). Considerações sobre o método de interpretação funcionalista na Geografia.


Boletim de Geografia Teorética (Rio Claro). v.10,n.20, p.33-43.

García, R. A. L.; Jiménez, J. A.; Rodríguez, E. (2009). Bases teóricas do modelo de princípios
científico-didáticos para o ensino de Geografia e História. Revista Paradigma, v. XXX, n. 1, jun.

Japiassú, H. & Marcondes, D. (1990). Dicionário básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

Lakatos, Eva Maria; Marconi, Marina De Andrade (2003). Fundamentos de metodologia


científica,5. ed. São Paulo: Atlas

Lalande, A. (1999). Vocabulário técnico e crítico da filosofia. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes.

Vicente, L. E. & Perez Filho, A. (2003). Abordagem sistêmica e Geografia. Geografia (Rio Claro)
vol. 28, n.3, p. 323-344, set-dez.

Wilson, Félix (s/d). Técnicas e Metodologias em Geografia Humana. Manual de Curso de


Licenciatura em Ensino de Geografia. G0156 Módulo II, Universidade Católica de Moçambique
Centro de Ensino a Distância (CED). Beira

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