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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

A Responsabilidade em Immanuel Kant

Fangunai Bernardo Cussaiavida - 708204499

Curso: Licenciatura em Ensino de Geografia


Disciplina: Ética Social
Ano de Frequência: 3° ano
Turma: C / 7

Docente: Remigio Murriane

Tete, Julho de 2022


Classificação
Categorias Indicadores Padrões
Pontuação Nota do
Subtotal
máxima tutor
 Índice 0.5
 Introdução 0.5
Aspectos
Estrutura  Discussão 0.5
organizacionais
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 2.0
problema)
Introdução
 Descrição dos objectivos 1.0

 Metodologia adequada ao
2.0
objecto do trabalho
 Articulação e domínio do
discurso académico
Conteúdo (expressão escrita 3.0
cuidada, coerência /
Análise e coesão textual)
discussão  Revisão bibliográfica
nacional e internacional
2.0
relevante na área de
estudo
 Exploração dos dados 2.5
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
Formatação 1.0
gerais paragrafo, espaçamento
entre linhas

2.0
Normas APA 6ª
 Rigor e coerência das
Referências edição em
citações/referências
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia

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Folha para recomendações de melhoria

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Índice
1. Introdução................................................................................................................................. 3

1.1. Objectivos ................................................................................................................................. 4

1.1.1. Objectivo geral ...................................................................................................................... 4

1.1.2. Objectivos específicos ........................................................................................................... 4

1.2. Metodologias ............................................................................................................................ 4

2. A Responsabilidade em Immanuel Kant .................................................................................. 5

2.1. A dignidade humana ................................................................................................................. 5

2.2. O imperativo categórico ........................................................................................................... 6

2.3. Responsabilidade Perante Deus ................................................................................................ 7

3. Conclusão ............................................................................................................................... 10

4. Referências bibliográficas ...................................................................................................... 11


1. Introdução

O presente trabalho referente a cadeira de Ética Social, visa debruçar sobre a Responsabilidade em
Immanuel Kant.

A ética kantiana é a ética do dever, autocoerção da razão, que concilia dever e liberdade. O
pensamento do dever derruba a arrogância e o amor próprio, e é tido como princípio supremo de
toda a moralidade.

Kant foi o filósofo que deu uma das maiores contribuições à ética. Na obra “Fundamentação da
Metafísica dos Costumes”, estudou a questão da moral. A moral assenta no cumprimento do dever
moral que corresponde ao agir desinteressado, por puro respeito à lei moral. Então, o que Kant
pretende é determinar o princípio supremo da moralidade.

No seu pensamento, a moralidade de um acto não deve ser julgada por suas conseqüências, mas
apenas por sua motivação ética, demonstrando, de um modo mais constante e intenso, que o
conceito de “dever” é o ponto fulcral da moral deontológica.

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1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo geral
 Compreender a Responsabilidade em Immanuel Kant.

1.1.2. Objectivos específicos


 Apresentar a responsabilidade em Kant:
 Descrever a dignidade humana e a responsabilidade perante Deus em Kant.

1.2. Metodologias

De acordo com Lakatos e Marconi (2003), metodologia científica é um conjunto de abordagens,


técnicas e processos utilizados pela ciência para formular e resolver problemas de aquisição
objectiva do conhecimento, de uma maneira sistemática.

Contudo, no que diz as metodologias neste trabalho privilegiou-se a pesquisa bibliográfica que
correspondem aos documentos que nos permitiram uma confrontação de ideias e posicionamentos
teóricos adoptados por vários estudiosos e teóricos em que se assenta este estudo.

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2. A Responsabilidade em Immanuel Kant

A responsabilidade, segundo Kant, dimana do Dever e apresenta-se como a dimensão relacional


do mesmo. É a formalidade da Obrigação Moral, enquanto que o Dever é a “Materie der
Verbindlichkeit”

2.1. A dignidade humana

Em Kant, o outro é pura utopia, presente na reflexão acerca da possibilidade de universalizar a


ação. Portanto, a ética kantiana desconhece a misericórdia, a solidariedade, o afeto, tratando o
próximo e os distantes, vítimas e mendigos da mesma forma. A noção de respeito pela lei e pela
pessoa é aplicada por Kant quando insere o Imperativo Categórico.

A dignidade humana é inata ao ser humano, é a grande dádiva da sua própria natureza. Traduz,
portanto, o direito que cada ser humano tem de ser visto como um ser que é um fim e nunca um
meio ao serviço dos fins dos outros, o valor absoluto e incondicional da pessoa é que lhe concede
a dignidade. Kant declara, assim, a pessoa humana como fim dizendo que “no reino dos fins, tudo
tem um preço ou uma dignidade.

Daí que, para Kant (s.d), é a autonomia que funda a dignidade da natureza do homem. O homem é
auto legislador, estabelece para si mesmo leis éticas, imperativas que poderão estender-se a todos
os homens. Dessa forma, a pessoa nunca pode ser encarada como um objeto no meio dos outros,
mas sempre como fim absoluto. As coisas têm um preço e o seu valor é relativo à sua capacidade
de satisfazer as nossas necessidades.

De acordo com o pensamento kantiano, não dá para demonstrar o que a consciência ética de um
homem diz, qual é o fundamento da sua acção. Não há como responsabilizar alguém por algo que
ele não planejou fazer. Uma pessoa é responsável quando abarca, nas razões da sua ação, o cálculo
das prováveis conseqüências do seu próprio agir.

Isso leva a acreditar que a ética impõe que qualquer homem deve agir segundo as suas convicções,
mas elas devem estar de acordo, tendo em atenção o que é válido para os demais. Embora a disputa
faça parte da sociedade, é necessário saber distinguir o que é moralmente equitativo para si e para
a sociedade. Uma pessoa é responsável quando inclui, nos motivos da sua ação, a previsão das
possíveis conseqüências do seu próprio agir.

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A consideração sobre o respeito pelo outro, o exercício da tolerância, a responsabilidade moral
perante o outro são temas que requalificam o olhar sobre a promessa, que cada um tem diante dos
desafios da vida social. Por isso, o retorno do olhar para a questão da moralidade cumpre importante
função no campo da reflexão sobre os caminhos que adapta a humanidade a partir de seus novos
desafios.

Essa posição coaduna-se com Kant na medida em que a ação moral só terá sentido quando se
direcionar, em toda sua extensão, ou seja, no seu mais completo significado, como sinônimo de
liberdade. Toda ação para Kant só poderá ser chamada moral se contiver os conteúdos implícitos
nas normas do seu imperativo prático.

Segundo Kant (1995), o homem que age moralmente deverá fazê-lo não porque visa à realização
de qualquer outro benefício, como alcançar o prazer, realizar-se na felicidade, auxiliar a outrem,
mas pelo simples fato de se colocar de acordo com a máxima do imperativo categórico. O agir livre
é o agir moral; o agir moral é o agir de acordo com o dever. Kant põe em relevo o alcance universal
da regra fundamental da moral prática: “Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo
tempo querer que ela se torne lei universal”. Kant deu inicio a uma corrente que está muito presente
na moral pública e como a norma moral tem de tratar o ser humano como um fim e não um meio.

Em Kant, o dever apresenta-se à razão como universal e necessário. Ele põe uma lei moral
impossível porque ele propõe a lei sem sensibilidade mas esta é constitutiva do ser humano. Silveira
refere que em Kant, “disse-se que a ação se deve praticar em conformidade com o imperativo
categórico e que este, como é universal, só pode ter origem a priori; acrescentou-se, depois, que a
origem do imperativo teria que ser apenas a vontade e conclui-se que a sua possibilidade está na
autonomia e na espontaneidade que a liberdade dá aos seres racionais”.

2.2. O imperativo categórico

O imperativo categórico, da concepção kantiana, defende que nós devemos atuar no respeito por
máximas de forma competente e de as aplicar como se fossem leis universais. Ainda que a
perspectiva moral de Kant influencie hoje a cultura ocidental européia; compete questionar se este
conceito de conduta humano é adequado, no sentido em que tem transportado o ser humano a uma
atitude autônoma, que parece desmentir a realização da dignidade humana, num contexto relacional
(Souza, 2003).

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Para Kant, a moral não deve basear-se em imperativos de orientação duvidosa, na medida em que
leva a uma instrumentalização das relações humanas, mas sim na obediência a imperativos
categóricos, segundo os quais, cada vida humana é olhada como um fim em si mesmo e não um
meio, para que outras pessoas desejem atingir os seus objetivos individuais.

Silveira de Brito refere que “quando a vontade não obedece à sua própria lei que lhe diz «faz isto
porque é teu dever», e segue o que lhe é ditado pelo objeto que ela quer alcançar, os imperativos,
que resultam ou da inclinação ou de representação da razão, são hipotéticos e estamos perante
heteronomia da vontade”.

2.3. Responsabilidade Perante Deus

Relativamente a Deus, como é sabido, Kant entende que ainda que seja permitido admitir a
existência de um Ser supremo como causa de todos os efeitos possíveis para que seja fácil à razão
encontrar a unidade dos princípios explicativos que anseia, “chegar ao extremo de dizer que tal ser
existe necessariamente, não é já a modesta expressão de uma hipótese permitida, mas a pretensão
orgulhosa de uma certeza apodíctica”, algo que não é possível, visto nada se poder determinar
teoricamente a respeito da sua existência (Santos, 2012).

Segundo Kant (2008), Deus é o juiz dos homens que fala à nossa consciência moral, Segundo a
sua lei santa, que é por nós reconhecida, julgando-nos de acordo com o rigor da lei. Por essa razão,
Deus, e tal como a doutrina cristã o concebe, não deverá ser representado, nem como clemente, ou
seja, como indulgente em relação à fraqueza dos homens e, por isso, a sua bondade não deverá ser
perspectivada como benevolência incondicionada para com as suas criaturas; nem como despótico,
fazendo apenas uso do seu direito ilimitado em que as suas leis seriam representadas como
arbitrárias.

Ainda que a nossa consciência nos possa julgar puníveis, ou não, como vimos, a nossa felicidade
ou miséria é deixada para Deus. Assim, do ponto de vista moral, o homem é julgado como objecto
supra-sensível por um juiz supra-sensível. Por essa razão, o autor refere-se a Deus como o ser moral
todo-poderoso, devendo o homem “pensar a consciência moral como o princípio subjectivo de uma
responsabilidade dos seus actos diante Deus”, pois, como nota Leonel Ribeiro dos Santos, Deus
surge “na consciência do homem como sendo o Outro do próprio homem na autoconsciência de
si” (Santos, 2012).

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Deus, para além de santo legislador e bom governante, é igualmente o justo juiz. Qual o motivo
para Kant o considerar o justo juiz? Deus é o conhecedor dos corações humanos e, em virtude da
sua omnisciência, consegue penetrar no mais íntimo das disposições de ânimo de cada um de nós,
algo que nós próprios não somos capazes. O ser humano não se conhece tal como ele é, tendo
apenas um conceito de si recebido empiricamente.

Tal como Kant (s/a), nos diz, não temos a capacidade de perscrutar as nossas intenções, “mas
devemos em todo o caso inferi-las só a partir das suas consequências na conduta”. A profundidade
do coração do homem é a ele mesmo inacessível, já que ele não consegue perscrutar o fundamento
das suas máximas.

Assim, pelo facto de não termos acesso ao nosso carácter inteligível, mas apenas ao empírico, a
moralidade das nossas acções, como as dos outros, ou seja, o mérito ou a culpa, fica-nos
completamente oculta, já que as nossas imputações apenas se poderão referir ao carácter empírico.
Por isso, em última análise, ninguém poderá julgar com justiça excepto Deus, tal como
anteriormente referido.

Apesar de Kant se referir a uma responsabilidade dos actos humanos perante Deus, diznos, na
Crítica da razão prática, que a admissão da existência de Deus não deverá ser entendida como
fundamento de toda a obrigação em geral , pois, caso contrário, a autonomia da vontade encontrar-
se-ia em risco.

Silber (1959), a ideia de Deus nada vale em si, mas pode e deve servir, apenas, como estimulação
para a acção virtuosa. “Por mais longe que a razão prática tenha o direito de nos conduzir, não
consideramos as acções obrigatórias por serem mandamentos de Deus; pelo contrário, considerá-
las-emos mandamentos divinos porque nos sentimos interiormente obrigados a eles”, tal como
Kant nos diz, já na sua Crítica da razão pura.

Assim, a lei moral, através do conceito de soberano bem como objecto e fim último da razão pura
prática, conduz-nos à religião, ou seja, ao conhecimento de todos os deveres como mandamentos
divinos, não como sanções, isto é, ordens arbitrárias e por si contingents de uma vontade estranha,
mas como leis essenciais de toda a vontade livre, as quais deverão ser consideradas como
mandamentos do Ser supremo (idem).

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Neste contexto, Kant, na Doutrina da virtude, defende mesmo o que denomina de dever de religião.
Ainda que a ideia de Deus se situe para lá dos limites da nossa experiência, a sua possibilidade
encontra-se nas nossas ideias, sendo produzida por nós e, nessa medida, mais uma vez, temos o
dever de reconhecer todos os nossos deveres como mandamentos divinos.

Por outras palavras, os nossos deveres não são, em rigor, mandamentos divinos, ainda que devam
ser encarados como se, de facto, fossem:

A lei que nos obriga a priori e incondicionalmente por meio da nossa própria razão, pode
também expressar-se como dimanando da vontade de um legislador supremo, isto é, de
um legislador que só tem direitos e nenhum dever (portanto, uma vontade divina); mas
isto supõe apenas a ideia de um ser moral, cuja vontade para todos é lei – sem o pensar,
porém, como autor da lei” (Silber, 1959).

Desta forma – e estamos perante um aspecto central da sua perspectiva - Kant não considera que
este dever de religião seja um dever para com Deus, mas um dever para com nós próprios.

Este aspecto encontrar-se-á relacionado, no nosso ponto de vista, com a distinção que Kant nos
apresenta, n´A religião nos limites da simples razão, entre a religião da petição de favor, em que
basta o simples culto, e a religião moral, vista como a religião da boa conduta de vida.

Mesmo se o ser humano, tendo em conta a fraqueza dos argumentos especulativos no que respeita
a este assunto, supusesse a não existência de Deus, “teria que continuar a reconhecer-se
estritamente ligado às prescrições da moralidade”, e jamais “considerar a lei do dever simplesmente
imaginada, sem validade, privada de coercividade”, uma vez que a doutrina da virtude faz sentido
até mesmo sem o conceito de Deus (Murphy, 1965).

Mas se, pelo contrário, se convencesse daquilo que inicialmente teria colocado em questão,
continuaria a ser indigno se, ao invés de cumprir o seu dever com uma atitude de apreço pelo dever
e de forma rigorosa como assim se exige, agisse por temor e com a intenção de ser recompensado.

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3. Conclusão

Na nossa perspectiva, parece claro que a responsabilidade pelos nossos actos possui lugar na
filosofia moral kantiana. Tal como procurámos demonstrar, poder-se-á afirmar que, na moral
kantiana, onde é a imputação moral que tem lugar, o homem é responsável pelas suas acções a dois
níveis diversos, embora estes, em rigor, se intersectem. Em primeiro lugar, o homem é responsável
perante si próprio, na medida em que pode imputar a si mesmo acções que leva a cabo. É neste
context que as noções de consciência, bem como de imputação, nomeadamente imputação moral,
no nosso entender, alcançam a sua maior relevância.

Em segundo lugar, ainda que possamos considerar que determinada acção nos pode ser, ou não,
moralmente imputada, o homem é também responsável perante Deus, já que é este quem decide a
nossa felicidade ou miséria. “Considerarmo-nos, portanto, no reino da graça, onde nos aguarda
toda a felicidade, a menos que nós próprios nos limitemos na nossa parte de felicidade, ao
tornarmo-nos indignos de ser felizes, é uma ideia da razão, praticamente necessária.

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4. Referências bibliográficas

Kant, I. (1995). Fundamentação metafísica dos costumes. Porto: Porto Editora. (Colecção filosofia.
Textos).

Kant, I. (2008). A paz perpétua e outros opúsculos .“Que significa orientar-se no pensamento?”,
trad. Artur Morão, Lisboa: Edições 70

Kant, I. (s/a). Crítica da razão pura. Trad.. de Artur Morão. Lisboa: Edições 70,.

Lakatos, Eva Maria; Marconi, Marina De Andrade (2003). Fundamentos de metodologia


científica,5. ed. São Paulo: Atlas

Murphy, J. G. (1965). Kant-Studien. “The Highest Good as Content for Kant´s Ethical Formalism
(Beck “versus” Silber)”, 56:1

Santos, L. R. (2012). Regresso a Kant – Ética, estética, filosofia política. Lisboa: Imprensa
Nacional – Casa da Moeda,;

Silber, J. R. (1959). The Philosophical Review. “Kant´s Conception of the Highest Good as
Immanent and Transcendent”, 68, 469-92;

Souza, Ricardo Timm de. (2003). Responsabilidade Social. Uma introdução à ética política para o
Brasil do século XXI. Porto Alegre: Evangraf.

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