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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

A Legalidade e a Eticidade do Aborto em Moçambique"

Manuel Lucas Mondlane

Código:708221385

Curso: Licenciatura em Ensino de Matemática


Disciplina: Fundamentos da Teologia Católica
Ano de Frequência: 2o
Docente: Pe. Gonçalves Melo

Milange, Setembro, 2023

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Classificação
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 Capa 0.5
 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura
organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
 Descrição dos
1.0
Introdução objectivos
 Metodologia
adequada ao
2.0
objecto do
trabalho
 Articulação e
domínio do
discurso
Conteúdo académico 2.0
(expressão escrita
cuidada, coerência
/ coesão textual)
Análise e
 Revisão
discussão
bibliográfica
nacional e
2.0
internacionais
relevantes na área
de estudo
 Exploração dos
2.0
dados
 Contributos
Conclusão 2.0
teóricos práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA 6ª  Rigor e coerência
Referências edição em das
4.0
Bibliográficas citações e citações/referência
bibliografia s bibliográficas

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Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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Índice
1.1. Delimitação e enquadramento do tema.......................................................................6

1.2. Objectivos do trabalho................................................................................................6

1.2.1. Objectivo geral........................................................................................................6

1.2.2. Objectivos Específicos............................................................................................6

1.3. Metodologia do trabalho.............................................................................................6

2. Conceitos básicos............................................................................................................7

2.1. Legalidade...................................................................................................................7

2.2. Eticidade......................................................................................................................7

2.3. Aborto.........................................................................................................................7

3. A Legalidade e a Eticidade do Aborto em Moçambique................................................7

3.1. Vantagens e desvantagens do aborto...........................................................................9

3.2. Classificação do aborto...............................................................................................9

3.3. Causas do aborto.......................................................................................................11

3.4. Factores de risco para o aborto..................................................................................11

4. Conclusão......................................................................................................................12

5. Referências Bibliográficas............................................................................................13

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1. Introdução
O aborto é um tema constantemente debatido, mas, sempre envolvido em diversas
polémicas (já que compreende diversas questões relacionados à religião, a cultura e a
aspectos sociais). Basicamente há três modelos (ou sistemas) de abordagem do aborto:
causal ou de permissões; modelo de solução por prazos; e o modelo de assessoramento.
Destaca-se que nos três modelos1 é possível a restrição do direito a vida biológica (aborto),
já que o direito a vida é um direito fundamental e como tal é relativo. A diferença entre
eles reside na autonomia, maior ou menor, da decisão da genitora em efectuar o aborto. O
trabalho está estruturado de seguinte forma: Introdução, Desenvolvimento, Conclusão e
Bibliografia.

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1.1. Delimitação e enquadramento do tema
O presente estudo enquadra-se no âmbito da formação em licenciatura em Ensino de
Matemática pela UCM - IED. Trata - se de um trabalho de campo da cadeira de
Fundamentos da Teologia Católica.

1.2. Objectivos do trabalho


Constituem-se objectivos para este trabalho os seguintes:

1.2.1. Objectivo geral


 Compreender a Legalidade e a Eticidade do Aborto em Moçambique.

1.2.2. Objectivos Específicos


 Definir o Conceito de Aborto, Legalidade e Eticidade;
 Descrever as Principais Teorias de Desenvolvimento Humano e da Aprendizagem;
 Explicar a importância da Psicologia de desenvolvimento e aprendizagem e
actividade do educador (professor)

1.3. Metodologia do trabalho


Para a realização deste trabalho optou-se pelo método dedutivo. Concernente a abordagem
do problema valorizou-se a abordagem qualitativa, isto é, descrever o fenómeno em estudo
qualitativamente, descreveu-se as opiniões levantadas permitindo melhor compreensão dos
resultados. Trata-se de uma pesquisa descritiva que optou também pela pesquisa
bibliográfica.

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2. Conceitos básicos
2.1. Legalidade
Quando se fala de legalidade se refere à presença de um sistema de leis que deve ser
cumprido e que apresenta a aprovação de determinadas acções, actos ou circunstâncias, em
contrapartida, desaprovam a outras que afectam as normas estabelecidas e vigentes.

2.2. Eticidade
Basicamente, colocam a eticidade como a condição do ser humano de poder vir a ser ético,
e a ética como algo que emerge das emoções e da razão de cada pessoa, tendo-se como
pressuposto a autonomia na escolha do posicionamento no percurso que unido coração à
razão (Coldi, 2003, p. 62).

2.3. Aborto

O aborto é a morte de uma criança no ventre de sua mãe produzida durante qualquer
momento da etapa que vai desde a fecundação (união do óvulo com o espermatozóide) até
o momento prévio ao nascimento (Barroso & Cunha, 1980).

3. A Legalidade e a Eticidade do Aborto em Moçambique


Entende-se por ética a parte da filosofia que estuda os fundamentos da moral, traduzidos
no conjunto de regras de conduta individual (Ferreira, 2009). Trata-se de um fenómeno
social e seu debate exige uma atitude pluralista, procurando unir os indivíduos em torno de
um “projecto” comum, compartilhando de pressuposições e valores, mas mantendo o
respeito à individualidade (Dallari, 2009).

Por sua vez, moral é o conjunto dos princípios e valores de conduta que regem
determinado grupo ou sociedade (Ferreira, 2009). A principal diferença entre moral e ética
é que a primeira está relacionada às regras que cada sociedade convenciona para si; a ética
é a reflexão sobre os costumes, a busca pelos fundamentos do juízo de valor. O
ordenamento jurídico de um país reflecte os valores morais de uma sociedade (Dallari,
2009).

A ética da saúde envolve a vida como bem inalienável; o respeito às determinações


individuais; a procura pelo bem-estar do paciente; a minimização dos riscos inerentes à
prática médica; a defesa do acesso equitativo, universal e integral à saúde; o uso racional
dos recursos disponíveis; protecção das gerações futuras, entre outros. A questão do aborto

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envolve um conflito entre direitos e deveres. Para alguns se trata do direito à vida, para
outros diz respeito ao direito da mulher sobre seu próprio corpo (Dallari, 2009).

Um dos maiores determinantes morais numa sociedade, o argumento religioso exerce


grande influência na nossa sociedade nas decisões sobre o aborto, com repercussão no
carácter punitivo da uma legislação pouco flexível (Rocha & Uchoa, 2013).

A religião pertence à ética da vida privada e não deve ser utilizada como
argumento nas questões ligadas às políticas públicas de saúde. Em um Estado laico,
o médico que declara objecção de consciência por um dogma religioso deve ser
respeitado em seu sofrimento moral, porém esse respeito não significa a garantia da
omissão de seus deveres profissionais em qualquer caso ou quando diante de um
risco iminente de morte. Há de se levar em conta outros factores, tais como local de
atendimento, se público ou privado, probabilidade de acesso a outro serviço, a
distância entre a residência da mulher e o outro serviço (Diniz, 2013, p. 72).
Os questionamentos éticos e legais sobre o aborto no Brasil envolvem uma ampla teia
argumentativa, com posições pró e contra o aborto. Por exemplo, nos casos de aborto por
má formação fetal e incompatível com a vida fora do útero diz-se ser uma eugenia,
“doutrina de pretensões científicas que propugnava a melhoria da espécie humana através
da selecção artificial de indivíduos considerados mais adequados” (Barros, 2003). Para a
posição favorável, este argumento não leva em conta os transtornos para os pais e para o
recém-nascido. Porque a sobrevivência é de algumas horas, haveria um custo maior de
sofrimento para tão pouca vida.

A reflexão dos dilemas éticos e jurídicos a respeito do aborto ajuda, portanto, na


reorientação dos profissionais de saúde quanto à conduta nesta hora. Fornece subsídios
para a prestação adequada às mulheres que necessitam deste tipo de atendimento e na
medida do possível longe de julgamentos pessoais, sem lançar mão da alegação de
objecção de consciência como forma de omissão ou encobrir preconceitos, receios e medos
por desconhecimento dos preceitos ético e legal (Diniz, 2013).

Em Moçambique, há três situações que permitem o aborto legal:

 gravidez resultante de estupro;


 risco de morte materna decorrente da gestação;
 casos de anencefalia, má formação fetal do sistema nervoso e incompatível com a
vida extrauterina.

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3.1. Vantagens e desvantagens do aborto

Vantagens Desvantagens

Redução dos riscos de sequelas inerentes à Efeitos colaterais até a expulsão do conteúdo do
dilatação do colo uterino. útero.

Necessidade eventual de complementação


Eliminação do risco anestésico.
cirúrgica.

3.2. Impacto do aborto nas camadas adolescentes e jovens moçambicanas


O aborto torna-se, então, a única saída para estas adolescentes e, neste desafio, elas
arriscam suas próprias vidas, quando decidem interromper a gravidez utilizando-se de
quaisquer recursos que tenham à mão (Diniz, 2013). Esta decisão muitas vezes é vivida de
forma solitária e clandestina, ou sobre pressão dos parceiros ou familiares. O sentimento de
abandono não significa necessariamente que sejam deixadas sozinhas, mas sim porque o
parceiro e familiares são os primeiros a propor o aborto, sem maiores indagações. Por ser
proibido, o aborto leva a pressões psicológicas e sociais muito grandes, sendo carregado de
medo, culpa, censura, vergonha, e estas adolescentes ainda enfrentam o desprezo, a
humilhação e o julgamento dos profissionais de saúde.
Independentemente de ser ou não desejada, a gravidez precoce pode elevar o risco de
morte da mãe e do bebé, acarretando ainda riscos de prematuridade, anemia, aborto
espontâneo, eclampsia, depressão pós-parto, entre outros.

3.3. Classificação do aborto

Dallari (2009), oaborto pode apresentar diferentes formas clínicas e, assim, pode ser
classificado de diferentes maneiras. A sua classificação é feita de acordo com os sinais e
sintomas apresentados e complementados com a realização de exames, como veremos a
seguir:

1. Ameaça de abortamento: sangramento discreto com ausência de dor ou dor


discreta, apresenta colo do útero fechado e não apresenta alteração no exame de
ultrassonografia. É recomendado o repouso, abstinência sexual, realização de

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ultrassonografias regulares para acompanhar a evolução da gestação e, se
necessário, uso de medicação indicada pelo médico.
2. Abortamento inevitável: o aborto é considerado como inevitável quando o
produto da concepção perde a vitalidade, o que pode ser evidenciado em exames de
ultrassonografia. Nesse caso, diferentemente da ameaça de abortamento, há um
sangramento e dor mais intensos, e o orifício do colo uterino encontra-se
entreaberto. O médico determinará a conduta a ser tomada.
3. Abortamento completo: nesse caso, ocorre a eliminação total do produto da
concepção. Apresenta sangramento discreto ou ausente, ausência de dor, colo do
útero fechado e o exame de ultrassonografia revela o útero vazio, podendo ser
visualizado apenas alguns coágulos. O médico determinará a conduta a ser tomada.
4. Abortamento incompleto: nesse caso, ocorre a eliminação parcial do produto da
concepção. Apresenta como sinais dores e sangramentos mais intensos, o colo do
útero encontra-se entreaberto e o exame de ultrassonografia mostra restos ovulares.
O médico determinará a conduta a ser tomada.
5. Abortamento infectado: o aborto infectado é caracterizado pela presença de restos
do produto da concepção no útero e a ocorrência de infecção. É observado, nesses
casos, um sangramento irregular, dor, febre, a presença de secreção purulenta, útero
amolecido. Se não tratada de forma rápida, a infecção pode se espalhar e evoluir
para septicemia. Esse tipo de aborto é comum em quem faz aborto de forma ilegal,
devido, principalmente, às condições adversas das clínicas clandestinas. Esse tipo
de aborto apresenta uma alta taxa de mortalidade materna.
6. Abortamento retido: nesse caso, há a morte do produto da concepção, entretanto,
o material fica retido por mais de trinta dias no organismo da mãe. Não apresenta
sangramento ou dor, mas os sintomas da gravidez diminuem e a ultrassonografia
revela ausência de batimento cardíaco fetal (BCF) ou ausência do embrião no saco
gestacional, que estando íntegro (ovo anembrionado ou ovo cego), em dois exames
intercalados num intervalo de 15 dias. O médico determinará a conduta a ser
tomada.
7. Abortamento habitual: é considerado como abortamento habitual, os casos em
que a mulher apresenta três abortos espontâneos consecutivos. Nesses casos, é
necessário que o casal busque acompanhamento médico para determinar as causas
desses abortos.

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3.4. Causas do aborto

Existem diversos factores responsáveis por causarem aborto, entretanto, na maioria das
vezes, a causa de um aborto é indeterminada. Para se tentar descobrir a causa de um
aborto, é necessário exame laboratorial com o material do aborto.

Entre os factores que causam aborto, têm-se principalmente as anomalias


cromossômicas decorrentes de problemas nos gâmetas, na fertilização ou no processo de
divisão celular embrionária. Esses problemas podem estar relacionados a factores
hereditários, mas na maioria dos casos, ocorre ao acaso.

Outros factores importantes também causadores de aborto são infecções,


como toxoplasmose e sífilis; alterações uterinas, como o útero septado (malformação onde
ocorre a presença de um septo que pode dividir toda a cavidade uterina e até mesmo o
canal cervical); factores imunológicos, como a síndrome do anticorpo antifosfolipídico
(caracterizada por trombose arterial e venosa, além de complicações e morte fetal);
e endócrinos, como alterações na produção de harmónios da tireoide (Rocha, Uchoa,
2013).

3.5. Factores de risco para o aborto


Alguns fatores são considerados como fatores de risco para o aborto. A seguir, listamos
alguns deles:

 Idade avançada da mãe – Com o avanço da idade materna, aumentam-se também


as chances de aborto. Aos 45 anos, por exemplo, as chances de a mulher ter um
aborto pode chegar a 80%;

 Consumo de drogas lícitas (álcool e tabaco) e ilícitas;


 Antecedentes de abortos espontâneos – o risco de um novo aborto aumenta após
a ocorrência de dois abortos espontâneos;
 Excesso ou baixo peso;
 Uso de determinados medicamentos - é importante informar ao médico quais são
os medicamentos utilizados antes mesmo de engravidar.

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4. Conclusão
A falta de conhecimento dos marcos regulatório pode levar a uma conduta inadequada na
assistência ao aborto legal, principalmente quando fruto de estupro. As habilidades ético-
humanistas podem influenciar positivamente a atitude do médico, a fim de garantir o
direito da mulher ao aborto seguro nos casos previstos em lei.
O mau uso e abuso da objecção de consciência é fruto do desconhecimento dos marcos
regulatórios e da carência de habilidades éticas e humanísticas. Quando confrontados nas
situações de aborto legal ou já em andamento, os médicos tendem a agir de modo
preconceituoso ou com um atendimento apenas técnico, de maneira fria e distante. Tratar o
ser humano de forma digna é condição inerente ao atendimento médico, uma formação
humanística com reflexões sobre a questão do aborto, pode fazer com que o médico
compreenda que além do agravo a ser tratado, há diante dele uma mulher com dúvidas,
angústias e medos. Como a objecção de consciência depende da vontade ética de cada
sujeito, o currículo das escolas médicas deve abarcar conteúdos da ética filosófica, da ética
médica e da ética aplicada à saúde, a bioética.

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5. Referências Bibliográficas
Barros, A. (2003). Limites à condenação do aborto selectivo: a deficiência em contextos de
países periféricos. Physi; 13(2):273-286.

Barroso, C. L. M. & Cunha, M. C. (1980). O que é aborto? Săo Paulo: Cortez.

Dallari, S. G. (2009). Aborto – Um problema Ético da Saúde Pública. Revista Bioética;


2(1): 1-4.

Diniz, D. (2013). Estado laico, objecção de consciência e políticas de saúde. Cad. Saúde
Pública, 29(9): 1704-1706.

Ferreira, A. B. H. (2009). Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 4.ed. Curitiba:


Positivo.

Galli B, Drezett J., Cavagna, M. (2012). Aborto e objecção de consciência. Cienc. Cult.
64(2): 32-35.

Rocha, B. N., Uchoa, S. A. C. (2013). Avaliação da atenção humanizada ao abortamento:


um estudo de avaliabilidade. Physis. 109-127.

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