Você está na página 1de 7

Os 

bantus ou bantos constituem um grupo etnolinguístico localizado principalmente


na África subsariana e que engloba cerca de 400 subgrupos étnicos diferentes. A
unidade desse grupo, contudo, aparece de maneira mais clara no âmbito linguístico, uma
vez que essas centenas de grupos e subgrupos têm, como língua materna, uma língua
da família banta.

Historia

Os bantus são provavelmente originários dos Camarões e do sudeste da Nigéria. Por


volta de 2 000 a.C., começaram a expandir seu território na floresta equatorial da África
central. Mais tarde, por volta do ano 1000, ocorreu uma segunda fase de expansão mais
rápida, para o leste, e finalmente uma terceira fase, em direção ao sul do continente,
quando os bantos se miscigenaram. Os bantos se misturaram então aos
grupos autóctones e constituíram novas sociedades.

Expansao bantu

As teorias da explosão demográfica e do espírito de conquista, deve -se notar que a


introdução da agricultura fez -se gradualmente e não substituiu senão paulatinamente,
na África Subequatorial, uma economia origi-nalmente fundada na caça e na coleta.
Phillipson, 1975, 198: Na realidade, estes dois tipos de economia se completavam, à
imagem do que ocorre atualmente em algumas regiões da África, de modo que não
se deve considerar os primórdios da agricultura como um ponto de inflexão capital.
Tratou -se de um processo evolutivo que não foi capaz de imediatamente conduzir a
uma revolução demográfica, a exigir dos bantos uma migração maciça em busca de
espaço vital. O trabalho do ferro não revolucionou a agricultura senão
progressivamente, porque este metal não foi produzido, em um primeiro
momento, senão em fraca quantidade na África banta. A tecnologia do ferro em
nada revolucionou a agricultura ao longo do primeiro período da idade do ferro. Até
o início do século passado, foi sobretudo pelo fogo que os desmatamentos de florestas
ou savanas ocorreram e o bastão pontudo sobreviveu na África até os nossos dias. Com
muito maior ênfase no início da idade do ferro! Indubitavelmente, a tecnologia do
ferro melhorou a panóplia das armas das quais dispunham os bantos nesta época, a
lança e a flecha de cabeça metálica constituindo as mais conhecidas dentre estas novas
armas;
Duas teorias existem para explicar as razões da expansão dos bantos a partir dos seus
territórios de origem. Uma sugere o abandono de uma economia pre-cária, de caça e
colheita, em proveito de uma economia fundada na agricultura, tenha desencadeado
uma explosão demográfica, a qual, por sua vez, teria sido seguida de migrações de
populações em busca de um espaço vital. O arqueólogo Merrick Posnansky escrevia,
aproximadamente em 1962, que as migrações de povos bantos partidos da África
Ocidental em direção à África Central eram obra de populações agrícolas e que o
movimento desenvolveu -se depois que as técnicas agrícolas (cultura da banana e do
inhame), introduzidas pelos indo-nésios entre -400 e +200, foram transmitidas
para as populações florestais da África Central18. Outra teoria, a da conquista,
estabelece uma ligação entre a expansão dos bantos e os primórdios da idade do ferro:
o trabalho deste metal teria facilitado a produção agrícola, graças ao aperfeiçoamento
das ferramentas, e permitido aos bantos estabelecerem o seu domínio sobre os povos das
regiões nas quais eles se instalaram.

O principal defensor desta teoria, C. C. Wrigley citando Phillipson, 1977: afirma


que os bantos eram uma minoria dominante, especialistas da caça ao javali,
constantemente ganhando novos adeptos [...] graças ao seu fabuloso prestígio como
provedores de carne, lançando sem cessar novos grupos de aventureiros em todas as
direções, até o ponto em que a totalidade do subcontinente austral conheceu o
uso do ferro e pôs -se a falar o banto.

Considerando a natureza das migrações na segunda parte do milênio pas-sado, os


incessantes movimentos dos bantos, ao longo do I milênio da era cristã na África
Subequatorial, podem explicar -se por razões diferentes e, provavel-mente, mais
graves. As fomes, a busca de condições mais favoráveis de existência, de terras
cultiváveis e pastos, por exemplo, as epidemias, as guerras e o simples espírito de
aventura podem igualmente ter motivado os primeiros desloca-mentos dos povos
bantos; entretanto, até o momento apenas pouca atenção foi dedicada a todas estas
razões.

A expansão dos bantos não tomou a forma de um êxodo, de uma região à outra. Foram
sem dúvida deslocamentos de pequenos grupos de uma localidade a um vilarejo
vizinho, com eventuais retornos ao ponto de partida, processo repe-tido muito
frequentemente até o dia em que as gerações sucessivas finalmente atingiram os quatro
cantos da África Subequatorial, talvez em um intervalo de um milênio ou mais. Não se
deve imaginar que as migrações dos bantos tenham sido uma progressão linear,
unidirecional, um perpétuo movimento adiante.

Ademais, aquando deste primeiro estádio, houve a expansão dos ancestrais de outras
línguas faladas pelos bantos ocidentais, sobretudo da língua matriz do bloco da floresta
central, em direção às terras do além -Oubangui e do além -rio Zaire. Como existe nesta
região um vasto pântano, o segundo do mundo em tamanho, que bloquearia qualquer
progressão direta, este avanço deve ter ocorrido ou pelo Norte, no Norte de
Dongou, ou pelo Sul, ao Sul da foz do Sangha. A divisão geográfica das línguas
pertencentes a este bloco permite supor que esta passagem tenha ocorrido pelo Sul:
talvez a língua ancestral tenha sido falada entre o rio Alima e a floresta, na margem
direita do Zaire/Congo. Posteriormente, estas línguas expandiram -se em toda a floresta,
veiculadas por pescadores que nela penetraram através de todos os rios que ali se
dispõem em leque, assim como por nômades em movimento de vilarejo a vilarejo.Esta
região, situada entre o Alima e a floresta, possuía florestas e savanas, como
aquela onde situamos a comunidade protobanta. Porém, as línguas se difundiram
em meios fortemente diferentes e esta expansão, certamente, não ocorreu sem
interrupções eventuais ou, ao menos, diminuição de ritmo. Com efeito, deve ter
havido gradualmente uma adaptação às savanas, onde faltava água, e igualmente
aos planaltos bateke. No Leste, havia água em demasia e uma aclimatação à vida dos
pântanos provavelmente ocorreu na ocasião, ou talvez bem depois. Finalmente, a
maioria das línguas foi falada por pessoas que, desde então, preferiam viver na
floresta, ou como agricultores ou como pescadores. Entretanto, algumas línguas
alcançaram o Baixo Kassai, um habitat no qual a vida aquática era muito rica, porém
onde a floresta reduzia -se a galerias flores-tais. Tratava -se de uma variante do
ambiente de savana e da floresta. Outros, enfim, neste segundo estádio, propagaram
-se para o Sul e Sudeste pelas bordas da floresta, aqui estendida de Norte a Sul, e,
posteriormente, no Baixo Zaire, em um novo mosaico de florestas e savanas.

O eminente historiador Roland Oliver, partindo do princípio que as teses de


Greenberg e de Guthrie são complementares, elaborou uma brilhante teoria dividindo
em quatro fases a expansão dos bantos, a partir dos seus territórios de origem na África
Ocidental até a África do Sul, a saber: uma rapidíssima migração, ao longo dos cursos
d’água do Congo (Zaire), de pequenos grupos de populações falantes de línguas “pré-
bantas”, das regiões arborizadas do centro de Camarões e Oubangui, até regiões de
mesmas características, no Sul da floresta equatorial do Zaire; um progressivo reforço
da implantação destas populações imigradas e a sua expansão através da região
arborizada estendida de um litoral a outro e abraçando o centro da África, desde a foz
do Congo (Zaire) até o Zaire, na costa ocidental até o rio Rovuma, na Tanzânia, na costa
oriental; a rápida penetração dos bantos na região mais úmida situada no Norte e
no Sul da sua precedente zona de expansão lateral; e a ocupação do restante da atual
África banta, processo que começou no curso do primeiro milênio antes da era cristã e
que não acabaria senão aproximadamente em meados do segundo milênio da era cristã.

Mecanismos de resolução de hiatos

Aqui são descritas as estratégias com vista à resolução de hiatos nas línguas bantu
nomeadamente, semivocalização, elisão e coalescência ou fusão. Tratando-se de uma
realidade fonológica, em termos de estrutura da sílaba, algumas línguas bantu não
aceitam a sequência -VV-, razão pela qual elas recorrem a várias estratégias e/ou
processos fonológicos para a resolução de hiatos. Nesta ordem de ideias, autores como
Ngunga (2000), Hyman, (2003), Kadenge (2010), Langa (2013), Macalane (2013), entre
outros, destacam estes processos de que as línguas dispõem com vista à resolução de
hiatos.

Semivocalização

É um processo em que um segmento vocálico perde o traço [+sil].

Exemplo:

/mùànà/ [mànà] Criança

/pi+àka / [piǟka] Anos

/pi+àlà/ [pÍàlà] Dedos

/kw+enda/ [kúendà] Ir

/py+adidi/ [pÍàdidi] Boa coisa

/Mw+acerwa/ [Mùacerwa] Amanheceram bem


Em mwànà, a vogal do prefixo nominal perde o traço [+sil]. Como se pode ver, na
língua sena, a perda deste traço fonológico implica o desaparecimento da mora que
suporta a vogal.

Elisão

A sequência de duas vogais -VV- pode resultar na elisão de uma delas.

/tiri+ipano/ [ti+ripano] Estamos Aqui.

/tiri kwenda/ [tiri+i kwenda] Nós vamos.

Coalescência

Para Harford (1997), coalescência ou fusão é um fenómeno em que duas vogais que se
encontram adjacentes -VV- mudam seus traços fonológicos, sobretudo primárias em
contextos de derivação, resultando numa outra secundária.

Hiato é o encontro de duas vogais que pertencem a sílabas diferentes.

Hiato é quando duas vogais estão junta porém em sílabas vizinha.

O hiato diferencia se de um ditongo e de um tritongo pelo fato de ser constituído por


duas vogais e, consequentemente, ser pronunciado em dois esforços de voz.

No entanto, no discurso rápido, na linguagem informal ou em certos dialectos alguns


hiatos são transformados em ditongos. Ex.:

A passagem de um hiato para ditongo chama-se sinérese. O processo inverso chama-


se diérese. Quando a passagem de um hiato para ditongo é feita entre duas palavras
diferentes, chama-se sinalefa, recurso frequentemente usado na poesia.
Referências bibliográficas

CHILDS, G. T. An Introduction to African languages. Amsterdam and Philadelphia:


John Benjamins B. V. 2003.

GUTHRIE, M. The Classification of the Bantu Languages. London & New York:
Oxford University Press: 1948.

HARFORD, C. When two vowels go walking: vowel coalescence in Shona. In:


Zambezia. xxiv, p. 69-85. 1997.

NGUNGA, A. Phonology and morphology of the ciyao verb. Califórnia: CSLI. 2000.

Referencias bibliograficas

 http://educacao.uol.com.br/portugues/ditongos-tritongos-e-hiatos-encontros-
vocalicos.jhtm UOL Educação - Hiato
D. W. PHILLIPSON, 1977a, pp. 102 -230, mais particularmente pp. 210 -230

Você também pode gostar