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TURMA: F, 1º GRUPO
Relação das Sociedades Africanas com as Sociedades Coloniais: Estudo de Caso das
Colónias Moçambicanas e Angolanas
Nampula, Julho
2021
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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTANCIA
Relação das Sociedades Africanas com as Sociedades Coloniais: Estudo de Caso das
Colónias Moçambicanas e Angolanas
Nampula, Julho
2021
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Índice
Introdução.............................................................................................................................. 3
1. Relação das Sociedades Africanas com as Sociedades Coloniais: estudo de Caso das ......... 4
Conclusão ............................................................................................................................ 13
Bibliografia .......................................................................................................................... 14
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Introdução
O presente trabalho apresenta o seguinte tema: Relação das Sociedades Africanas com as
Sociedades Coloniais: Estudo de Caso das Colónias Moçambicanas e Angolanas. No decorrer
do trabalho faz-se o enquadramento físico geográfico de Moçambique e angola
respectivamente, panorama das duas sociedades coloniais, suas características, os
instrumentos empregues pelo colonialismo português no domínio colonial, e o impacto social
e cultural do contacto entre os africanos e colonos.
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1. Relação das Sociedades Africanas com as Sociedades Coloniais: estudo de Caso das
Colónias Moçambicanas e Angolanas
A República de Moçambique fica situada no Hemisfério Meridional entre os paralelos 10º 27'
Sul e 26º 52' Sul. Ela pertence também ao Hemisfério Oriental entre os meridianos de 30º 12'
Este e 40º 51' Este. O seu território enquadra-se no fuso horário +2, possuindo assim duas
horas de avanço relativamente ao Tempo Médio Universal, tal como uma parte dos países da
Europa Setentrional e Oriental (Muchangos, 1999).
Moçambique faz fronteira com seis países vizinhos, a saber: a Norte a Tanzânia, a Noroeste o
Malawi e a Zâmbia, a Oeste o Zimbabwe e Suazilândia, a Sudoeste a África do sul e
Suazilândia e a sul novamente a África de Sul. A Este fica o oceano indico. Canal de
Moçambique. (Barca e Santos, s/d: 5).
1.2.1. Moçambique
Desta forma, só em 1930 é que, de facto, Portugal passou a ter o controlo efectivo de
Moçambique.
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A par da guerra de ocupação, uma significativa parcela do território moçambicano estava
concessionada a empresas de capital estrangeiro não-português. Tratou-se de empresas como
a Companhia do Niassa, que dispondo de funções económicas, administrativas, detinha
igualmente poderes militares sobre determinadas áreas de sua actuação, no norte do país. Na
região central do país, concretamente em Manica e Sofala, o governo colonial havia
concessionado a gestão do território à Companhia de Moçambique (Rocha et al,1999). Ou
seja, antes de 1930, o Estado colonial português detinha domínio limitado do território
moçambicano, dada a presença de domínios controlados por reinos ou impérios locais, assim
como por dividir sua soberania com grandes empresas de capital estrangeiro.
1.2.2. Angola
Pelo ímpeto expansionista, Portugal, a partir do século XIV desenvolveu muitas acções para
ampliar seus domínios políticos e económicos, sendo o continente africano um dos espaços
catalisadores para a aquisição de riquezas materiais e humanas.
Ao longo do século XV, Portugal aportará no continente africano pelo litoral atlântico,
estabelecendo-se em diversas regiões, como é o caso da região angolana, localizado na Região
Sul do continente africano. O território angolano dominado pelos portugueses é banhado pelos
rios Zaire, Cuanza, Congo, entre outros, onde coexistiam muitos reinos organizados como o
reino do Congo, do Ndongo, de Matamba, entre outros. (Maestri, 1988, p, 73).
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2. Caracterização das Sociedades Moçambicana e Angola
Assim como a categoria dos indígenas não era homogénea, como ficou indicado pela
diversidade de grupos étnicos, o mesmo acontecia com a categoria dos cidadãos. Os colonos
portugueses e assimilados, ambos portadores da nacionalidade portuguesa, não gozavam do
mesmo grau de cidadania, na medida em que, os primeiros eram, nos termos de Adriano
Moreira (1956, p.324), “cidadãos originários” enquanto os últimos nada mais eram senão
indivíduos que procuravam se igualar àqueles.
Das três categorias sociais supracitadas, apesar de desfrutar do mesmo regime jurídico de
cidadania que a dos assimilados, tinha uma posição social especial na sociedade colonial. Sua
proveniência ou ascendência portuguesa, a sua língua, religião, raça, hábitos e costumes, eram
considerados como sendo marcadores de civilidade. É neste sentido que os colonos
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portugueses foram “eleitos”, pelo Estado colonial, como aqueles que garantiriam a sua
efectiva instalação em Moçambique, assim como seriam os agentes que levariam aos
indígenas moçambicanos, os hábitos e costumes que os caracterizavam enquanto originários
de Portugal. É em função desse ideal de supremacia dos colonos portugueses sobre os demais
integrantes da sociedade moçambicana, e especialmente sobre os indígenas, que se
caracterizou o Estado colonial desde as décadas de 1930 a 1974.
Ao realizar uma análise das comunidades étnicas que compõem o continente africano, anterior
ao período da dominação colonial europeia, deparamo-nos com uma dificuldade evidente: a
raridade de fontes escritas. Isso ocorre pelo facto de essas comunidades não terem
desenvolvido sistemas grafais, sendo necessária uma análise acerca de suas tradições orais e,
mais especificamente, dos relatos e textos escritos deixados pelos europeus, em sua maioria
religiosos, que registaram suas impressões sobre o que encontraram na África. (vansina, 1967)
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velhos – ou, em alguns casos, os pretensamente mais velhos – o uso dos meios de produção
(terra) e o acesso às mulheres. (Pantoja, 2000, p. 23)
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De outro lado, os que negavam a existência de qualquer prática escravista no período anterior
ao domínio colonial, sendo esse sistema responsável por toda a dinâmica escravista em
território africano.
Entre as relações sociais existentes nas comunidades aldeãs bantus estavam práticas servis
não escravistas. Ou seja, incompletas. Categorizam-se como práticas porque não havia uma
uniformidade nessas instituições, diferentemente, por exemplo, do modo de produção
escravista colonial, com forte uniformidade e fins económicos.
As pessoas eram transformadas em cativos basicamente devido a algum crime, dívida, venda,
captura, etc. Após isso, podiam ser mortos cerimonialmente, como em alguns casos, ou
incorporados à comunidade doméstica ou de linhagem, em situação de subordinação ao
patriarca. Alguns autores identificam incorrectamente essas práticas como escravidão
colonial, ou como escravidão doméstica. O que é incorrecto, pois esta última não constituía
igualmente escravidão plena.
Os primeiros contactos dos portugueses com o território que futuramente seria a colónia de
Moçambique foi em 1498 com Vasco da Gama. Isso aconteceu devido à busca por rotas para
as Índias mais seguras que as terrestres pelo Oriente Próximo. Entrepostos de abastecimento e
a dominação de uma faixa litorânea estreita foi o que estes recém-chegados conseguiram às
custas de conflitos com os povos autóctones e árabes que já haviam estabelecido certo
domínio sobre rotas comerciais na África Oriental alguns séculos antes.
Com essa primeira informação histórica, Mandlane desmente o discurso oficial do governo
português que justificava a dominação colonial afirmando sua dominação naquele território a
mais de 450 anos. Este argumento fora utilizado primeiramente para reivindicar a posse
portuguesa frente a outras potências colonialistas e posteriormente para postergar a
subjugação dos povos colonizados aos interesses da metrópole. No entanto, Mondlane
demonstra que essa presença era ínfima até finais do século XIX.
Com isso, Mondlane demonstra também que a imposição colonial não se deu de forma
pacífica, muito pelo contrário, ela se deu por meio de guerras ditas de “pacificação” e “justas”
sofrendo muitas resistências dos povos africanos e também dos árabes que dominavam rotas
comerciais na região oriental da África.
Esse processo tornou todas as sociedades autóctones subordinadas aos interesses externos,
alterando profundamente as suas estruturas sociais. Mesmo onde chefes africanos foram
mantidos em posto de comando administrativos, o seu poder era limitado e hierarquicamente
inferior a algum administrador branco, dessa maneira, esses chefes foram transformados em
representantes do poder colonial em suas comunidades.
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3.2. Forma de Domínio Colonial em Angola
Unido aos interesses portugueses, e ao dos demais países, e inserida na dinâmica das grandes
navegações, constata-se como um dos instrumentos a participação directa da Igreja católica
nessa dinâmica de exploração. Isso porque, afligida pelo processo das Reformas protestantes,
necessitava buscar novos fiéis, substituindo as grandes perdas em países como Alemanha,
Suíça, Inglaterra e França. Nessa conjuntura, ocorreu relação de colaboração entre as
potências europeias e a Igreja Católica Apostólica Romana, a partir dos interesses de cada
parte.
Em segundo lugar, está uma burguesia mercantil, que, na ausência de investimentos efectivos
do Estado, que não vislumbrava inicialmente resultados positivos nessas acções, abriu espaço
para que a iniciativa privada o fizesse Salienta-se, também, como factor favorável, a posição
geográfica portuguesa, banhada pelo mar Mediterrâneo e pelo oceano Atlântico,
verdadeiramente debruçado sobre a África, o que a colocava numa situação de contacto
directo com as possibilidades de navegação pelas vias marítimas.
Continuo com Aimé Césaire (2011) para refletir sobre a dimensão cultural da estrutura do
colonialismo. Esse autor considera que a situação de colonizado é um denominador comum
entre os negros, sejam da África Negra, norte americanos, das Antilhas ou malgaxes. Nesse
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sentido, discutir a situação colonial é fundamentalmente necessário para compreender o que
condiciona o desenvolvimento das culturas negras, ou seja, a situação colonial é o
condicionamento concreto que determina o (sub)desenvolvimento dessas culturas (Césaire,
2011).
Nesse sentido, Césaire, afirma que em todos os lugares onde a colonização europeia alcançou
foi imposta uma economia fundada no dinheiro que provocou a desestruturação social e
económica das comunidades atingidas.
Vale notarmos, que os princípios de colonização nos servem apenas de exemplos para mostrar
que a situação colonial que caracterizou a África em especial Moçambique e Angola não era
homogénea e que as experiências de contacto social entre colonos europeus e indígenas
variavam de acordo com o contexto e os agentes colonizadores envolvidos.
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Conclusão
Com esse trabalho buscamos apresentar como uma concepção racionalizada sobre as
sociedades moçambicanas e angolanas no período colonial evidenciando suas relações
culturais e de socialização.
Durante séculos, os povos que viviam na região actualmente conhecida como Angola e
Moçambique, denominados bantus, tiveram, como forma de organização familiar
predominante, o sistema patrilinear e matrilinear, inseridos numa organização de linhagens.
Como meio de subsistência, destacava-se a agricultura, com participação protagonista e
predominantemente feminina. Esses povos dominavam a metalurgia e tinham como práticas,
formas de escravidão semelhantes ao escravismo antigo.
Como resultado dessa dinâmica colonial, houve uma desorganização do sistema familiar
centrado na matrilinearidade e patrilinearidade, uma significativa diminuição populacional,
resultado do tráfico de escravos e a polarização de rivalidades políticas entre as diversas
etnias existentes naqueles territórios, que facilitassem o domínio português.
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Bibliografia
Cahen, Michel. (1993). Mozambique, Histoire Géopolitique d’un Pays Sans Nation. Centre
D’etude D’afrique Noire.
Césarie, Aimé. (2011). Cultura e Colonialismo. In: SANCHES, Manuela Ribeiro (org).
Malhas que os impérios tecem: textos anticoloniais, contextos pós-coloniais. Lisboa: Edições
70.
Maestri, Mário. (1988). História da África Negra Pré-Colonial. Porto Alegre: Mercado
Aberto.
Mamdani, Mahmood. (1996). Citizens and Subject: contemporary Africa and the legacy of
late colonialism. Princeton: Princeton University Press.
Menezes, Solival. (2000). Mamma Angola: sociedade e economia de um país nascente. São
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Mondlane, Eduardo. (1995). Lutar por Moçambique. Maputo: Colecção Nosso Chão.
Pantoja, Selma Alves. (2000). Nzinga Mbandi: mulher, guerra e escravidão. Brasília:
Thesaurus.
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