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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Ética e Moral nas Profissões Organizacionais e Educação

(Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia)

Nome da Estudante: Código: Turma:


Esperança Olinda de Alves Ntupe 08183202 B

Nampula, Julho de 2021


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Ética e Moral nas Profissões Organizacionais e Educação

(Licenciatura Em Ensino de Biologia)

Nome da Estudante:
Esperança Olinda de Alves Ntupe

Trabalho de carácter avaliativo da cadeira de


Ética Profissional, a ser submetido ao
Departamento de Ciências da Terra e Ambiente,
Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia,
4º Ano.

Nampula, Julho de 2021


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Índice

Introdução...................................................................................................................................3

1. Origem Etimológica das Acepções “Moral e Ética”...............................................................4

1.2. Características Principais da Moral Ético............................................................................4

2. Juízo Moral e Obrigação Moral..............................................................................................6

3. Importância das Normas Morais para um Profissional...........................................................7

4. Valor dos Códigos Éticos........................................................................................................9

5. Deontologia Profissional e Atributos da Profissão no sentido Restrito..................................9

6. Características das Profissões da Educação no Passado e Presente......................................10

7. Regras Relevantes ao Jogo Profissional Estabelecida no EGFAE.......................................12

8. Profissão Educacional como Valor Excepcional..................................................................13

Conclusão..................................................................................................................................15

Bibliografia...............................................................................................................................16

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Introdução

O presente trabalho traz uma vasta temática sobre a ética profissional buscando discutir
aspectos como a moral e ética, deontologia profissional, profissões no contexto educacional
assim como o valor excepcional do professor. Salientar que a ética trata do comportamento do
homem, da relação entre sua vontade e a obrigação de seguir uma norma, do que é o bem e de onde vem o mal,

do que é certo e errado, da liberdade e da necessidade de respeitar o próximo.

Valores são os princípios que regulamentam a acção humana, isto é, um conjunto de sentidos e
significados que é atribuído aos fenómenos, aos objectos, às pessoas e aos acontecimentos
presentes na vida do homem. Essa discussão traz à tona os impactos do entendimento da ética e da
moral na vida quotidiana do professor, principalmente na relação com seus alunos, bem como o
papel da família e da escola na formação dos valores morais.

É de salientar que para a sua efectivação, foi possível com base a consulta bibliográfica de
obras e pensamentos de alguns autores que ressaltam sobre as temáticas em questão. Porém,
este trabalho encontra-se estruturado em introdução, desenvolvimento, conclusão e a
respectiva bibliografia. Em fim, esta tarefa de carácter avaliativa e científica na se traduz num
dogmatismo, visto que está aberto para que se faça a apreciação, expondo correcções, críticas
e sugestões com vista a sua melhoria.

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1. Origem Etimológica das Acepções “Moral e Ética”

No contexto filosófico, ética e moral possuem diferentes significados. A ética está associada
ao estudo fundamentado dos valores morais que orientam o comportamento humano em
sociedade, enquanto a moral são os costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas por
cada sociedade (Abbagnano, 2003).

Os termos possuem origem etimológica distinta. A palavra “ética” vem do Grego “ethos” que
significa “modo de ser” ou “carácter”. Já a palavra “moral” tem origem no termo latino
“morales” que significa “relativo aos costumes” (https://www.significados.com.br/etica-e-
moral/ .

Nesse decurso, Abbagnano, (2003), refere que:

Ética é um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento


humano ao tentar explicar as regras morais de forma racional, fundamentada,
científica e teórica. É uma reflexão sobre a moral. Moral é o conjunto de regras
aplicadas no quotidiano e usadas continuamente por cada cidadão. Essas regras
orientam cada indivíduo, norteando as suas acções e os seus julgamentos sobre o que
é moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau.

No sentido prático, a finalidade da ética e da moral é muito semelhante. São ambas


responsáveis por construir as bases que vão guiar a conduta do homem, determinando o seu
carácter, altruísmo e virtudes, e por ensinar a melhor forma de agir e de se comportar em
sociedade.

1.2. Características Principais da Moral Ético

Basicamente, ética é o comportamento individual e reflectido de uma pessoa com base em um


código de ética ou de conduta que deve ter aplicabilidade geral. A moral muda
constantemente, pois os hábitos sociais são renovados periodicamente e de acordo com o local
em que são observados.

Vasquez (1998), ao citar Moral como um:

Sistema de normas, princípios e valores segundo o qual são regulamentadas as


relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal maneira que
estas normas, dotadas de um carácter histórico e social, sejam acatadas livres e
conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma maneira mecânica, externa
ou impessoal”. (VASQUEZ, 1998).

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De acordo com Vasquez (1998), “as principais características da ética e da moral são: a
imutabilidade e a validade universal”.

Imutabilidade: a mesma de séculos atrás está vigente hoje.

Validade universal: no sentido de delimitar a directriz do agir humano para todos os que
vivem no mundo. Não há uma ética conforme cada época, cultura ou civilização. Ela é uma
só, válida para todos eternamente, de forma imutável e definitiva, por mais que possam surgir
novas perspectivas a respeito de sua aplicação prática.

Moral e ética são conceitos geralmente empregados como sinónimos, ambos referindo-se a
regras e condutas entendidas como obrigatórias. A existência de duas palavras deve-se ao
facto de as termos importado de origens etimológicas distintas: ética veio do grego ethos,
significando comportamento, modo de ser: moral tem origem no latim morales, e refere-se a
conduta e aos costumes.

Entretanto, convencionou-se diferenciar ética de moral atribuindo à moral um carácter mais


prático e rígido. Por outro lado, à ética caberia estudar a aplicação das normas. Ou seja,
configura-se moral como aquilo pertencente às regras estabelecido em forma de leis ou
incorporado como costumes na sociedade através da história e cultura, ao passo que a ética
constituiria a forma pela qual nos relacionamos com essas regras a partir dos vínculos
estabelecidos com a sociedade em geral. Assim, a moral estaria posta. A ética, pensada e
filosofada.

Para Si1vano (2008):

Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade, e


estas normas são adquiridas pela educação pela tradição e pelo quotidiano. Durkheim
explicava Moral como a ciência dos costumes sendo algo anterior a própria sociedade. A
Moral tem carácter obrigatório. Já a palavra Ética. Morta (1984) define como um conjunto
de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na
sociedade em que vive, garantindo, outrossim, o bem-estar sociais, ou seja, ética é a forma
que o homem deve se comportar no seu meio social.

Pode-se perceber portanto que a ética é teórica e reflexiva, enquanto a moral, é


eminentemente prática onde uma complementaria a outra.

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2. Juízo Moral e Obrigação Moral

De acordo com Cortina e Martinez (2001), “juízo é uma faculdade da alma que permite
diferenciar entre o bem e o mal. Quando dizemos que alguém está agindo de forma correcta,
estamos fazendo um juízo moral, independente do código moral no qual nos baseamos”.

Se em uma sociedade imaginária as mulheres fossem ensinadas a rasparem os cabelos, seria


um juízo moral dizer que uma mulher de cabelos longos se comportaria de forma incorrecta.
O oposto também válido: em uma sociedade em que as mulheres fossem recomendadas a
nunca cortar os cabelos, ao dizer de uma mulher com cabelos curtos se comporta de forma
incorrecta, fazemos um juízo moral.

Mas, o que há em comum entre esses dois juízos morais tão distintos? No aspecto formal
ambos se referem a acções que supõem a liberdade do ser humano em escolher sua forma de
agir no mundo e, portanto, está disposto a se responsabilizar por aquilo que faz e que entende
qual é a responsabilidade que está envolvida em seu ato. No aspecto de conteúdo, o que traço
em comum entre os juízos morais é que eles se referem àquilo que os seres humanos desejam
ou necessitam (Cortina e Martinez, 2001).

Para melhor perspectivar os estádios de juízo moral, Kohlberg agrupou-os em três níveis
morais: pré-convencional, convencional e pós-convencional. Mais do que atribuir cada um
destes níveis a uma idade determinada, Colby & Kohlberg (1987, p. 16) sugeriam que se
interpretassem em termos de esquema dos diferentes tipos de relação entre as pessoas e a
sociedade (suas regras e expectativas).

Assim, o nível, pré-convencional, corresponderia a uma perspectiva em que os sujeitos


consideram as regras e as expectativas sócias como algo que lhes é exterior. No nível
convencional, o sujeito identifica-se com as regras e normas sociais. Adopta a perspectiva de
membro da sociedade, respeita a lei e a ordem. Finalmente, no nível pós-convencional, os
sujeitos procuram definir os valores e os princípios morais por si mesmos e
independentemente da sociedade ou grupo. É esta perspectiva sócio-moral que permite definir
e agrupar as características dos três níveis de desenvolvimento moral.

O fundamento ou a fundação da obrigação moral é a base da obrigação, ou seja, é


aquilo em que a obrigação está apoiada, é a razão da existência de tal obrigação. Essa
razão precisa ser uma razão boa e suficiente para sustentar ou impor a obrigação. No
exame dessa questão, não se pode esquecer que, a obrigação moral diz respeito à
acção moral. Que acção moral é acção voluntária. Que, propriamente falando, a

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obrigação diz respeito só às intenções. Que, mais estritamente ainda, a obrigação diz
respeito apenas à intenção última‖ (Finney, 1994, p 44.

No cristianismo o que importa é a busca de um determinado fim, a dedicação àquele fim que é
intrinsecamente valioso, a saber, o bem de todo o universo. Fazendo isso, ou melhor, nutrindo
essa intenção, é que, segundo essa ética, os agentes morais cumprem seu dever ou sua
obrigação moral. A obrigação moral, nessa óptica, é cumprida quando se tem em vista um
determinado fim: o bem do ser universal. Dito de outro modo, é com vistas as consequências
das acções que o agente moral deve agir.

A obrigação moral só existe sob a condição da posse de uma agência moral. Sendo solicitado
a fazer alguma coisa é necessário que o agente seja capaz de fazer o que lhe é requerido, do
contrário não pode haver nenhuma obrigação. Sem uma agência moral, sem a capacidade de
agir moralmente, as acções do agente precisariam ser atribuídas às leis da natureza. Além da
posse da agência moral, existem outras condições que também precisam ser cumpridas para
que um dever possa ser atribuído a um agente. Uma delas é o desenvolvimento na mente da
ideia de certo e errado e da própria ideia de dever. Mesmo porque, o conceito de dever é em
si já o conceito de uma intimação (coerção) do arbítrio livre pela lei‖ (Kant, MS, 6:379). Mas,
essas ideias, diferentemente do que entendia Kant, não são ideias simples ou primitivas da
razão, mas elas são ideias compostas por outras ideias.

3. Importância das Normas Morais para um Profissional

As normas morais são regras de convivência social ou guias de acção, porque nos dizem o que
devemos ou não fazer e como o fazer. As normas morais obedecem sempre a três princípios.
Primeiro que tudo é sempre caracterizado por uma auto-obrigação, ou seja, vale por si mesma
independentemente do exterior, é essencial do ponto de vista de cada um. Também é
universal, porque válida para toda a humanidade, ninguém está fora dela e todos são
abrangidos por ela (Vasquez, 1998).

A sociedade contemporânea valoriza comportamentos que praticamente excluem qualquer


possibilidade de cultivo de relações éticas. É fácil verificar que o desejo obsessivo na
obtenção, possessão e consumo da maior quantidade possível de bens materiais é o valor
central na nova ordem estabelecida no mundo e que o prestígio social é concedido para quem
consegue esses bens. O sucesso material passou a ser sinónimo de sucesso social e o êxito
pessoal deve ser adquirido a qualquer custo. Prevalece o desprezo ao tradicional, o culto à

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massificação e mediocridade que não ameaçam e que permitem a manipulação fácil das
pessoas.

A existência de tratados morais e éticos favorece o profissionalismo, pois, conforme Machado


(2009), “a actuação profissional pode então ser norteada por um repertório de valores
socialmente acordados, apoiados em princípios fundamentais que ultrapassam em muito a
busca do lucro ou de um mero benefício pessoal do agente ao realizar um determinado
trabalho, o que favorece tomadas de decisões éticas”.

Segundo Lopes Sá (2014), normalmente entende-se que o comportamento humano tem


ambiente diferenciado e específico, lugar este onde a conduta se processa, esse aspecto é
explorado no ambiente profissional e nas outras diferentes formas de convívio em que o
indivíduo se relaciona”. Nesse sentido Lisboa (1997) determina que as normas morais e éticas
também denominadas de ética moral profissional é ainda denominada de deontologia e aborda
os princípios conceituais básicos do direito e do dever.

Essas ambiências citadas por Lopes de Sá (2014) são diversificadas e, dessa forma, não
devem ser excluídas, justifica-se, nesse momento, acrescer capacidades especiais, portanto
existe uma consciência ética genérica presente no ser de cada pessoa, mas considera-se ainda
a conveniência de grupos ou parceiros de mercado de trabalho. Pode-se, no entanto, avaliar a
dimensão dessa ambiência, eles continuam vivos em função de factos e casos pré-concebidos,
geram efeitos especiais e internos a eles, qualificam o trabalho possuem dimensões peculiares
e acontecem em seu tempo e espaço próprio.

Nas empresas, as normas morais são de fundamental relevância na definição de políticas


internas. Para Maximiano (2004):

Quando se trata no plano da administração e políticas internas, os diferentes


entendimentos sobre a ética enfocam especialmente as relações da empresa com seus
empregados. Maximiano (2004, p. 418) evidência 4 pontos que merecem destaque.
São eles: a) Quais são as obrigações da empresa com seus funcionários? b) Que tipos
de compromissos a empresa pode exigir de seus funcionários? c) Qual o conflito sobre
a força de trabalho das decisões sobre redução de produção ou diminuição de
operações? d) Que participação os funcionários devem ter nas decisões que afectam a
empresa?
Diariamente os dirigentes das empresas tomam decisões que sofrem como consequência
influências das questões morais e éticas normalmente envolvidas nesse processo. Pode-se se
exemplificar essa interferência quando lida-se com motivação, plano de carreira,
comportamento profissional, tratamento de líderes, entre outros (Maximiano, 2004).
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4. Valor dos Códigos Éticos

Um código de ética ou código deontológico é um documento que reúne as normas, critérios e


valores que sintetizam o bom exercício de uma actividade profissional, especialmente no que
diz respeito à ética. São mecanismos de auto-regulação que, em conjunto com estatutos,
cadernos de estilo, acordos e outros instrumentos, estabelecem os limites do que é aceitável
no exercício de uma determinada profissão (Maximiano, 2004).

O mesmo autor define por dois tipos de código, conduta ou ética, e pode se apresentar de
forma implícita ou explícita. Normalmente, encontramos código de ética profissional
conhecido como normas e conduta previamente definidos de acordo com sua profissão, a
exemplo da colação de grau quando um representante escolhido pelos formandos faz o
juramento do código da sua formação. Exemplos de códigos de éticas são encontrados na
classe médica, na formação em propaganda, políticos, militares, de grupos sociais
diferenciados, de conceitos conhecidos como filosófico ou doutrinário, podendo chegar até
mesmo no indivíduo (Carrion, 2014).

Quando se trata de código de conduta explícito está-se tratando dos códigos


devidamente formalizados como fazem, por exemplo, os engenheiros no seu
juramento quando da colação de grau, enquanto que os implícitos são aqueles que o
motorista se sente na obrigação de piscar farol alto nas pistas informando ao motorista
que vem em sentido contrário que tem policial fiscalizando a pista naquele momento
(Carrion (2014),

Observa-se, também, que o código de ética está presente no sistema de valores que orientam a
sociedade, indivíduos, famílias, empresas, bem como seus administradores. Dessa forma, as
decisões tomadas pelos grupos acima mencionados consideram os valores nele descrito, sejam
explícitos ou implícitos, aqueles aceitos pela sociedade, pela cultura organizacional das
organizações. Isto posta, a ética conduz a forma acertada de conduzir o processo e a maneira
de gerá-la, em consonância com as percepções vigorantes na sociedade em foco ou em grupos
específicos.

5. Deontologia Profissional e Atributos da Profissão no sentido Restrito

É o conjunto de regras éticas e jurídicas pelas quais um determinado profissional deve pautar
o seu comportamento. A deontologia de rima determinada profissão inclui, assim, as regras
éticas e jurídicas no caso dos profissionais existe uma preocupação do legislador em
regulamento destes profissionais através da lei (Lopes de Sá, 2014).

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O conceito profissão inicia e fundamenta o presente trabalho e sem o definir dificilmente se
justificaria a sua realização. Este é o ponto de partida para uma discussão que pretende ser
ampla e interligar diversos conceitos convergindo na Ética Profissional.

Cabral (s.d.) sugere o seguinte: “O termo «profissão» no português moderno abrange toda e
qualquer actividade, identificando ocupações não remuneradas, locais de trabalho, ramos de
serviço e sectores de organização político-económica.”. Sendo que, toda a profissão se reveste
de uma dimensão social, de utilidade comunitária, que suplanta a concreta dimensão
individual ou o mero interesse particular. Acrescenta-se ainda que:

Considera-se como profissão de um indivíduo, o ofício ou a modalidade de trabalho,


remunerado ou não, a que corresponde um determinado título ou designação
profissional, constituído por um conjunto de tarefas que concorrem para a mesma
finalidade e que pressupõem conhecimentos semelhantes, que este efectua ou
efectuava, se se tratar de um desempregado à procura de novo emprego.” (Glossário
Estatístico, s.d.)

Monteiro (2008, p. 39) analisando o conceito de profissão, em sentido restrito, refere que:

“ No seu conceito restrito, profissão designa o trabalho, ocupação ou actividade


habitual de alguém, fonte principal dos seus meios de subsistência, de grande
relevância e responsabilidade sociais, que consiste num saber-fazer-bem de natureza
científico-técnica e reflexiva, adquirido através de uma formação superior mais ou
menos longa, exercido de modo dependente ou independente”

Em sentido restrito, a profissão é um ofício que desfruta de condições de exercício


prestigiosas a todos os níveis na sociedade. O modelo das profissões liberais foi e contínua a
ser o exemplo mais clássico. Esta distinção baseia-se mais numa divisão acentuada entre
trabalho manual e trabalho intelectual que é posta em causa por certas formas de divisão do
trabalho caracterizadas pelos critérios de responsabilidade e condenação a todos os níveis do
processo de produção (Teulings, 1973: 307 e ss; Reimão, 2002:1397).

6. Características das Profissões da Educação no Passado e Presente

A educação em qualquer sentido, informal e formal, pressupõe o acto de educar. Para Aranha
(1996), o acto pedagógico pode ser definido como “uma actividade sistemática de interacção
entre seres sociais, tanto no nível intrapessoal como na interacção com o meio, uma acção
exercida sobre o sujeito ou grupos de sujeitos visando provocar mudanças tão eficazes que os
tornem elementos activos da própria acção exercida.

Embora a escola tenha se transformado na responsável pela formação integral do educando e


detentora de praticamente todos os processos que estão ligados ao ato educativo e seus
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agentes, nos conta Aranha (1996) que na “Antiguidade e Idade Média, a escola exerceu
influência partilhada com a família, onde a escola está restrita mais à instrução que à
formação integral do aluno. Portanto, a escola não se constituía um mecanismo de acção
educacional preponderante”.

Da mesma forma, afirma Aranha (1996, p. 72): “a instituição escolar não existiu sempre, e sua
natureza e importância variaram no tempo, dependendo das necessidades socioeconómicas
dos grupos em que esteve inserida”.

Com o advento da Revolução Industrial iniciada no século XVIII, altera alguns aspectos da
exigência da escola burguesa, entre elas a formação académica predominantemente
humanística, se contrapõe a necessidade de formação técnica especializada, bem como os
estudos de ciências. O século XX foi marcado por transformações cruciais em todos os
segmentos: social, político, económico e cultural, além de ser introduzido na sociedade da
informação. O século XXI é herdeiro das mudanças iniciadas no século XX e ampliada nesse
início de século, o que caracteriza uma sociedade em transição e se depara com as mudanças
em todos os sectores cada vez mais aceleradas e móveis.

No presente vivenciamos a sociedade da informação que muda as relações entre os


seres humanos, volatilizando e tornando-as mais efémeras, na mesma velocidade com
que as informações chegam e vão embora sem às vezes serem absorvidas,
interpretadas e assimiladas cedendo lugar a outra gama de informações e novidades
que nos deixam atordoados e muitas vezes paralisados. Essas mudanças impressas e
impostas de forma rápida, desde o surgimento do computador e da internet, vem
criando novas e variadas formas de comunicação com alto uso de imagens, sons e
mídias. Essa e tantas outras mudanças que a sociedade actual vivencia adentraram a
escola e mudaram sua face mais tradicional exigindo novas posturas, tanto no que se
refere aos conteúdos da aprendizagem, a relação entre seus agentes, professor, aluno e
principalmente sobre qual seria o seu papel dentro desse contexto de mudanças de
paradigmas (Aranha, 1996).

Portanto, Canário (2006) faz um balanço da educação no século XX e conclui que é

Quase inevitável um balanço da educação escolar, na medida em que a instituição


escolar foi, progressivamente tornando-se o único ponto de referência de toda a acção
educativa. A partir daí, o século XX é marcado por três factores principais: por um
lado, a hegemonia da forma escolar; por outro lado, a naturalização e a persistência da
configuração organizacional do estabelecimento de ensino; por último, as mutações
sofridas pela instituição escolar, que passou, sucessivamente, de uma modelo de
certezas para um modelo de promessas e, finalmente, um terceiro, marcado pela
incerteza (Canário, 2006, p. 13).

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O que procuramos tecer acerca da sociedade, suas mudanças sociais, políticas, económicas e
culturais, e justificando o momento em que a escola nasce e daí se desenvolve até tomar a
dimensão que possui hoje como única responsável pela acção educativa do ser humano.
Brandão (1981) nos ajuda a enfatizar o facto de a educação, e portanto a escola, é uma
exigência social de formação de tipos concretos de pessoas na e para a sociedade.

Afirma Brandão (1981, p. 71): “o que ocorre é que ela inevitavelmente uma prática social
que, por meio da inculcação de tipos de saber, reproduz tipos de sujeitos sociais”. Sendo uma
prática social ela não escapa aos desígnios dos interesses políticos e económicos e se tece
dentro da teia das relações de poder entre os humanos.

7. Regras Relevantes ao Jogo Profissional Estabelecida no EGFAE

De acordo com o Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado, nos termos das
disposições conjugadas do artigo 3, Decreto-Lei n.º 62/2009 de 8 de Setembro, as sanções
disciplinares dos funcionários consistem no seguinte:

1. Repreensão pública crítica feita ao infractor pelo respectivo superior hierárquico, na


presença dos funcionários ou agentes do Estado do serviço onde o infractor esteja
afectado;

2. Multa, desconto de uma importância correspondente ao vencimento do funcionário ou


agente do Estado pelo mínimo de 5 e máximo de 90 dias, graduada conforme a
gravidade da infracção, que reverte para os cofres do Estado. O desconto em cada mês
é efectuado nos vencimentos do infractor, não podendo exceder um terço do seu
vencimento;

3. Despromoção, descida para a classe inferior no primeiro escalão da faixa salarial pelo
período de 6 meses a 2 anos;

4. Demissão, afastamento do infractor do aparelho do Estado, podendo ser readmitido


decorridos 4 anos sobre a data do despacho punitivo, desde que, cumulativamente, se
prove que através do seu comportamento se encontra reabilitado, a reintegração seja
do interesse do Estado, haja vaga no quadro de pessoal e cabimento orçamental;

5. Expulsão, afastamento definitivo do infractor do aparelho Estado, com perda de todos


os direitos adquiridos no exercício das suas funções.

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8. Profissão Educacional como Valor Excepcional

O professor é o profissional responsável em grande parte, pela formação dos inúmeros outros
profissionais que atuam em nossa sociedade. O trabalho do professor não é solitário e se
realiza, de forma privilegiada em relação a outras profissões, na promoção de aproximações
entre aspectos objectivos e subjectivos da cultura.

Sua atitude no exercício quotidiano da docência traduz para si, e consequentemente para os
sujeitos de sua acção, uma estratégia na promoção de significado das coisas para as pessoas.
O conceito de atitude e, ainda, a relação entre atitudes e valores, são centrais na compreensão
de aspectos psicossociais. A atitude se caracteriza como um processo de consciência
individual que determina a actividade real ou possível do indivíduo no mundo social. Para
além dos aspectos emocionais e de comportamento, a atitude expressa um processo no qual o
indivíduo capta cognitivamente uma situação e depois decide como deve agir.

Atitude é um conceito fundamental na Teoria das Representações Sociais. Seja na abordagem


dimensional desencadeada por Moscovici (2003), na abordagem dinâmica conduzida por
Jodelet (2001) em conjunto e na continuidade aos estudos de Moscovici ou, ainda, na
abordagem estrutural desencadeada pelos estudos de Abric (1998), o conceito de
representações sociais é formulado com base nas interacções sociais e nas explicações
elaboradas pelos sujeitos acerca dos objectos sociais. As representações sociais constituem-se,
ao mesmo tempo, como produto e processo de uma actividade de apropriação da realidade.

A conexão das atitudes com a estrutura social é feita por meio dos valores. São eles que atuam
como dados de conteúdo empírico acessível aos membros de um grupo social e cujos
significados são e podem ser objectos de decisão sobre o agir. Segundo Ros (2006, p.25), os
valores são concebidos em relação a actividades e representam um antecedente da tradição
actual da psicologia social, que estuda os valores associando-os a metas.

De acordo com a minha visão e realidade por mim vivida, suponho que o verdadeiro valor
excepcional do professor é de servir de elo de ligação entre a escola e o aluno,
proporcionando o desenvolvimento das atitudes no processo de aprendizagem. O papel do
professor aqui é fundamental que ao se tratar da formação da cidadania do indivíduo, em
especial do aluno, considerar como requisito principal a participação efectiva na construção
do projecto pedagógico da escola.

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O professor tem seu valor na responsabilidade da formação moral, de valores do aluno, deve
estar empenhado em apresentar um conhecimento crítico do que está sendo desenvolvido no
trabalho em grupo, de forma que venha somar na prática pedagógica. O valor do professor
não se limita apenas no ambiente escolar, por exemplo: se um aluno venha a desistir a escola
independente das razões que conduziram, o professor deve procurar perceber através do
próprio aluno e dos seus pais ou encarregados de educação, configurando-o como espelho da
sociedade.

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Conclusão

Depois de varias leituras e pesquisas feitas em torno dos aspectos discutidos neste trabalho
chegou-se a compreender que a ética ou a filosofia moral tem como objectivo explicar o
fenómeno moral, dar conta racionalmente da dimensão moral humana. A ética é
indirectamente normativa. A moral é um saber que oferece orientações para acções em casos
concretos, enquanto a ética é normativa em sentido indirecto, pois não tem uma incidência
directa na vida quotidiana, quer apenas esclarecer reflexivamente o campo da moral.

O desenvolvimento moral do homem é condição essencial no processo de socialização.


Assim, a educação moral deve acontecer em todos os espaços em que as pessoas estão em
relação e, em decorrência dessa convivência, possam experimentar as vantagens da
cooperação, da solidariedade, da igualdade, da justiça.

Essa tentativa de síntese do sistema escolar e das mudanças pelas quais ele vem sofrendo
desde sua origem, leva-nos a pensar as questões da educação de forma muito ampla, que
perpassa obrigatoriamente pelas figuras do professor e do aluno como principais sujeitos
desse processo, o que se torna, por isso, um impedimento para uma análise mais geral, sendo
necessário recortar elementos de análise e discussão, a fim de poder olhar mais
cuidadosamente para uma das dimensões do processo educativo. Assim, a função social do
professor é um ambiente bem complexo de se analisar, visto que ela esta relacionada a
situações como atitudes, valores e éticas, estes itens de grande importância para o
desenvolvimento além do professor, mas para escolas e alunos, pois a sociedade em que se
vive, é cada vez mais diversificada, exigindo do professor flexibilidade de métodos de ensino,
e das escolas modelos pedagógicos mais dinâmicos, para satisfazer a necessidade dos alunos
diversificados a fim de construir uma sociedade com conhecimento.

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Bibliografia

Abbagnano, N. (2003). Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes.

Aranha, Maria L. de Arruda. (1996). Filosofia da Educação. 2. Ed., São Paulo: Moderna.

Brandão, Carlos Rodrigues. (1981). O Que é Educação. 2. Ed. São Paulo: Brasiliense.

Canário, Rui. (2006). A Escola Tem Futuro?. Porto Alegre: Artmed.

Carrion, V. (2014). Comentário à Consolidação das Leis do Trabalho – Legislação


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