Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Nampula, Outubro
2021
1
Nampula, Outubro
2021
2
Índice
Introdução...................................................................................................................................3
1. A Raiz.....................................................................................................................................4
1.1.3. Endoderme........................................................................................................................6
1.2.2. Periderme..........................................................................................................................8
1.2.3. Felogénio...........................................................................................................................8
2. A Caule...................................................................................................................................9
2.1.1. Epiderme...........................................................................................................................9
2.1.2. Córtex..............................................................................................................................10
2.1.3. Medula............................................................................................................................10
Conclusão..................................................................................................................................14
Bibliografia...............................................................................................................................15
3
Introdução
É de fundamental importância, referir que durante o trabalho faz-se uma abordagem sintética
sobre o conceito de raiz e caule, suas características, estruturas primárias e secundárias. Este
ensaio tem como objectivo principal compreender a escultura primária e secundária da raiz e
do caule. De forma específica pretende-se: (i) definir os conceitos básicos de raiz e caule; (ii)
descrever a estrutura primária da raiz e do caule; e (iii) fazer uma síntese em torno da temática
proposta.
1. A Raiz
De acordo com Cutler e Botha (2011), “a raiz é o órgão da planta responsável pela sua fixação
no solo e pela absorção da água e sais minerais”. Deste modo, faz-se necessário o
reconhecimento da arquitectura interna desse órgão.
Para Raven; Evert & Eichchorn (2006), “a raiz é o órgão especializado para a fixação da
planta no solo e para a absorção de água e sais minerais em solução, podendo ainda
desempenhar as funções de reserva de substâncias e de aeração em plantas aquáticas, entre
outras”. A raiz é caracterizada como um órgão cilíndrico, aclorofilado que se distingue do
caule por não se apresentar dividida em nós e entrenós e por não formar folhas ou gemas.
Nas raízes jovens, a epiderme especializa-se para a função de absorção e para isto, desenvolve
numerosos pêlos radiciais ou absorventes, que são expansões tubulares das células
epidérmicas. Os pêlos radiciais têm origem como pequenas papilas, que se formam em células
especiais da protoderme, denominadas tricoblastos. A zona pilífera, geralmente, está restrita a
uma faixa de poucos milímetros, não muito próxima do ápice da raiz e nas regiões mais
velhas esses pêlos vão morrendo e sendo eliminados, enquanto novos pêlos radiciais vão
sendo produzidos nas regiões mais jovens, mantendo assim a mesma extensão de zona pilífira.
Segundo Dickison (2000), “o córtex da raiz é a região entre a epiderme e o cilindro vascular, e
tem origem a partir do meristema fundamental”. Esta região é formada por células
parenquimáticas, isodiamétricas de paredes delgadas, com numerosos espaços intercelulares.
Nas plantas aquáticas ou naquelas que crescem em solos pantanosos pode haver a formação
de um aerênquima na região cortical, para facilitar a aeração interna do órgão.
Parafraseando Ferri e Menezes (1992), “o córtex da raiz pode ser homogéneo ou conter
diversos tipos de células”. O grau de diferenciação aparentemente está relacionado com a
longevidade do córtex. Em plantas com crescimento em espessura e que o córtex é composto
apenas por células parenquimáticas e é logo perdido. As raízes desenvolvem, geralmente,
abaixo da epiderme uma camada especializada, a exoderme, que pode ser uni ou
pluriestratificada.
1.1.3. Endoderme
Em quase todas as raízes está presente uma endoderme caracterizada por uma estria de
Caspary nas suas células. Estas estrias são formadas durante a ontogénese da célula e fazem
parte da parede primária: são de natureza química muito discutida. Tem sido descrita com
espessamento de lignina, suberina ou ambos. Essas estrias, usualmente, aparecem nas paredes
anticlinais (radiais transversais) das células endotérmicas e a membrana plasmática encontra-
se ligada a essa estria (Cutler e Botha, 2011).
Nas regiões mais velhas destas raízes, acima da região de absorção, as paredes
das células endotérmicas vão sendo recobertas por uma lamela de suberina ou
endodermina e num terceiro estágio, são recobertas uma espessa camada de
celulose lignificada. Esse espessamento secundário pode se dar de modo
uniforme em todas as paredes da célula ou ser irregular, mais fino, ou mesmo
ausente, nas paredes tangenciais externas, o que leva as células endotérmicas a
adquirirem o aspecto de U, quando vistas em corte transversal. Nestas raízes,
as células da endoderme em frente aos elementos do protoxilema, não
desenvolvem esses espessamentos secundários, continuando apenas com as
estrias de Caspary, e são denominadas “células de passagem”. Estas células
continuam a permitir a passagem de água e sais através da membrana
plasmática, mesmo nestas regiões mais velhas das raízes, o que já não acontece
mais, nas células endotérmicas que sofreram os espessamentos adicionais de
parede (Apezzato-da-Glória e Carmello-Guerreiro, 2006).
As raízes das plantas parasitas, geralmente, não apresentam endoderme, uma vez que a
selecção do material a ser transportado nestas plantas, já foi feita pela endoderme da planta
hospedeira.
Algumas raízes apresentam uma ou mais camadas de células logo abaixo da epiderme ou do
velame, diferentes das demais células da região cortical, formando uma exoderme.
Frequentemente, a exoderme apresenta estrias de Caspary como a endoderme, mas
comummente, as suas células apresentam uma camada de suberina recobrindo a parede
celular (Cutler e Botha, 2011).
7
O cilindro vascular da raiz diferencia-se a partir do procâmbio e é formado por uma ou mais
camadas de tecido não vascular, o periciclo mais os tecidos vasculares. O periciclo, camada
(s) externa (s) do cilindro vascular, localiza-se logo abaixo da endoderme geralmente é
unisseriado. Nas raízes jovens é constituído de parênquima e a as paredes de suas células são
celulósicas e delgadas. Nas angiospermas e gimnospermas, o periciclo está relacionado com
actividades meristemáticas. As raízes laterais são formadas a partir do periciclo que por esta
razão também é denominado de camada rizogênica.
O câmbio vascular (ou apenas câmbio) inicia-se a partir de divisões de células do procâmbio
que permanecem indiferenciadas entre o floema e o xilema primários. Assim, no início, o
câmbio é formado de faixas, cujo número depende do tipo de raiz; duas faixas nas raízes
diarcas; três nas triarca; etc..
1.2.2. Periderme
Na raiz a periderme tem origem profunda, também a partir das células do periciclo, que não
foram envolvidas na formação do câmbio vascular começam a se dividir, para dar início à
formação da periderme.
1.2.3. Felogénio
O felogénio (meristema secundário), tem origem das células externas do periciclo e por
divisões periclinais de suas células, produz súber (felema ou cortiça) em direcção à periferia e
feloderme (ou parênquima), em direcção ao centro. A formação da primeira periderme
provoca a separação da região cortical (inclusive a endoderme) e da epiderme do restante da
raiz.
9
2. A Caule
Assim como a raiz, o caule apresenta os três sistemas de tecidos: o dérmico, o fundamental e
o vascular, bem como o crescimento primário e secundário. Porém, esses dois órgãos
diferenciam-se pelo facto do caule apresentar uma organização mais complexa, uma vez que
dele partem vários apêndices laterais, como: ramos, folhas, flores, frutos, espinhos. Parte da
estrutura do caule secundário foi discutida no item sobre xilema secundário (Esau, 1974).
As variações observadas na estrutura primária do caule das diferentes espécies e nos grandes
grupos vegetais está relacionada principalmente, com a distribuição relativa do tecido
fundamental e dos tecidos vasculares. Nas coníferas e dicotiledóneas, o sistema vascular,
geralmente, aparece como um cilindro oco, delimitando uma região interna a medula, e uma
região externa, o córtex. Nas monocotiledóneas, o arranjo mais comum é os feixes vasculares
apresentarem uma distribuição caótica por todo o caule.
2.1.1. Epiderme
Nas regiões jovens do vegetal a epiderme do caule possui estómatos, mas em menor número
que o observado nas folhas, podendo ainda apresentar tricomas tectores e glandulares. A
epiderme é um tecido vivo e pode, eventualmente, apresentar actividade mitótica, uma
característica importante, tendo em vista as pressões às quais o caule vai sendo submetido
durante o seu crescimento primário e/ou secundário. Assim a epiderme responde a essas
pressões, com divisões anticlinais de suas células, o que leva à distensão tangencial do tecido,
principalmente, naquelas espécies que formam periderme apenas tardiamente (Nabors, 2012).
10
2.1.2. Córtex
No entanto, no caule, a delimitação entre o córtex e o cilindro vascular não é tão facilmente
visualizada, uma vez que nem sempre, a endoderme caulinar apresenta-se morfologicamente
diferenciada. Nos caules jovens de algumas espécies herbáceas, como por exemplo, em
Ricinus sp (mamona), as células da camada cortical interna podem acumular amido em
abundância, sendo então reconhecidas como bainha amilífera (Cutler e Botha, 2011).
2.1.3. Medula
O periciclo é a região externa do cilindro vascular, e pode ser constituído de uma ou mais
camadas de parênquima. No caule, o periciclo nem sempre é facilmente visualizado, como na
raiz, no entanto, ele sempre está presente logo abaixo da endoderme. Os tecidos vasculares do
caule, ao contrário do observado nas raízes, formam unidades denominadas feixes vasculares.
O sistema vascular, geralmente, aparece como um cilindro oco entre o córtex e a medula,
podendo no entanto, assumir padrões mais complexos. Em algumas espécies, os feixes
vasculares aparecem bem próximos um dos outros e o cilindro vascular aparece contínuo mas,
frequentemente, é constituído de feixes separados uns dos outros pelo parênquima
interfascicular, os denominados raios medulares (Apezzato-da-Glória e Carmello-Guerreiro,
2006).
A posição ocupada pelo xilema e pelo floema nos feixes vasculares também é bastante
variada, mas o tipo mais comum de feixe é o denominado colateral, com floema voltado para
a periferia do órgão e o xilema para o centro. Em muitas famílias de dicotiledóneas, como por
exemplo entre as Cucurbitaceae (Cucurbita pepo - abóbora), o floema aparece tanto
externamente, como internamente ao xilema, esses feixes contendo floema dos dois lados do
xilema são denominados bicolaterais.
Os feixes onde um dos tecidos vasculares envolve o outro completamente são denominados
concêntricos. Quando o floema envolve o xilema, o feixe é dito anficrival, este tipo é comum
entre as pteridófitas; sendo considerado um tipo bastante primitivo. Quando o xilema que
aparece envolvendo o floema, o feixe é denominado anfivasal. Os feixes anfivasais são
comuns entre as monocotiledôneas. Este último, é considerado um tipo derivado de feixe
vascular. Entre algumas espécies de Eriocaulaceae (monocotiledônea) podemos encontrar
ainda, os chamados feixes vasculares biconcêntricos com dois anéis de xilema aparecem
separados pelo floema (Apezzato-da-Glória e Carmello-Guerreiro, 2006).
O caule e as folhas são estruturas contínuas. Assim, para se entender melhor o sistema
vascular do caule, torna-se necessário estudá-lo levando-se em conta, sua conexão com o
sistema vascular das folhas, que acontece na região dos nós, onde um ou mais feixes
caulinares divergem para a(s) folha(s). O feixe vascular que se estende da base da folha, até
unir-se a outro feixe no caule é denominado traço foliar. Assim, um traço foliar pode ser
12
definido como a porção caulinar do suprimento vascular da folha. A porção foliar deste feixe,
inicia-se somente na base do pecíolo e estende-se para o interior da lâmina foliar, onde
ramifica-se intensamente. Os feixes vasculares vistos no córtex do caule, geralmente, são
traços foliares. Na axila das folhas desenvolvem-se as gemas laterais, que darão origem aos
ramos caulinares. O feixe vascular que faz conexão entre o eixo principal e a gema do ramo,
chama-se traço de ramo (Fanh, 1990).
Como na raiz, a estrutura secundária do caule é formada pela actividade do câmbio vascular,
que dá forma os tecidos vasculares secundários, e do felogénio que dá origem ao revestimento
secundário - periderme.
Dickison (2000), nos seus estudos sobre anatomia integrada das plantas, refere que:
(i) O tecido vascular primário forma um cilindro vascular quase contínuo nos entrenós, com o
parênquima interfascicular formando faixas muito estreitas. Assim, com a formação do
13
câmbio e dos tecidos vasculares secundários, estes também aparecem, como um cilindro
contínuo, com raios parenquimáticos pouco desenvolvidos.
(ii) Nas Coníferas e em Ricinus sp (mamona), o tecido vascular primário forma um sistema de
feixes bem separados pelo parênquima interfascicular. Mas após a formação do câmbio
vascular e o desenvolvimento dos tecidos vasculares secundários, estes também aparecem
como um cilindro contínuo, com uma maior produção de células de condução e de
sustentação, do que de raios parenquimáticos.
(iv) Algumas dicotiledóneas podem apresentar ainda, crescimento secundário reduzido, com o
câmbio limitando-se apenas aos feixes vasculares, como acontece entre as espécies da família
cucurbitácea (Cucurbita pepo – abóbora), por exemplo (Dickison, 2000).
Conclusão
Chegados nesta recta final, conclui-se que o estudo da botânica e da anatomia vegetal é de
fundamental importância, pois, permite relacionar as diversas estruturas internas da planta
com suas funções e assim verificar possíveis tendências adaptativas da planta aos diversos
ambientes e entender a funcionalidade dos mecanismos fisiológicos da planta. Outra aplicação
importante da anatomia vegetal á a sua utilização na verificação de possíveis semelhanças
entre grupos com certo grau de parentesco e auxiliar o posicionamento taxionómico desses
indivíduos.
O caule, tal como a raiz ostenta também de três sistemas de tecidos: o dérmico, o fundamental
e o vascular, assim como o crescimento primário e secundário. Todavia, esses dois órgãos
distinguem-se pelo facto do caule mostrar uma estrutura mais complexa, uma vez que dele
partem múltiplos apêndices laterais, como os ramos, flores, frutos, espinhos e folhas.
15
Bibliografia
Bona, C; Boeger, M. R. & Santos, G. O. (2004). Guia Ilustrado de Anatomia Vegetal. Editora
Holos. Ribeirão Preto-SP.
Cutler; D. F.; Botha; T.; Stevenson, D. W. M. (2011). Anatomia Vegetal. (1ª ed). Artmed.
Porto Alegre.
Esau, K. (1974). Anatomia das Plantas com Semente. Ed. Edgard Blucher Ltda. São Paulo.
Raven, P.H ; Evert, R.F. & Eichhorn, S.E. (2007). Biologia Vegetal. (7ª ed). Editora
Guanabara/Koogan Rio de Janeiro.