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Baseada nos PowerPoints das aulas teóricas, apontamentos e livro “Histologia Básica” de Junqueira & Carneiro.
Alexa Cuznetova
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Faculdade de Medicina Veterinária Histologia I
Índice
1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS TECIDOS ................................................................................ 1
2. TECIDO EPITELIAL .................................................................................................................. 2
2.1. EPITÉLIOS DE REVESTIMENTO .................................................................................................... 3
2.2. LÂMINA BASAL E DISPOSITIVOS JUNCIONAIS ............................................................................. 8
2.3. DIFERENCIAÇÕES DA SUPERFÍCIE APICAL DAS CÉLULAS SUPERFICIAIS DOS EPITÉLIOS DE
REVESTIMENTO .....................................................................................................................................14
2.4. EPITÉLIOS GLANDULARES ........................................................................................................16
3. TECIDO CONJUNTIVO ........................................................................................................... 24
3.1. MATRIZ EXTRACELULAR ...........................................................................................................25
3.2. CÉLULAS DO TECIDO CONJUNTIVO............................................................................................31
3.3. VARIEDADES DE TECIDO CONJUNTIVO ......................................................................................35
3.4. TECIDO ADIPOSO ......................................................................................................................37
3.5. TECIDO CARTILAGÍNEO .............................................................................................................41
3.6. TECIDO ÓSSEO..........................................................................................................................46
3.7. SANGUE ....................................................................................................................................58
4. TECIDO NERVOSO ................................................................................................................ 75
4.1. NEURÓGLIA ..............................................................................................................................82
4.2. FIBRAS NERVOSAS ...................................................................................................................87
5. TECIDO MUSCULAR .............................................................................................................. 93
5.1. TECIDO MUSCULAR ESQUELÉTICO ............................................................................................94
5.2. TECIDO MUSCULAR CARDÍACO E TECIDO MUSCULAR LISO ...................................................... 104
6. SISTEMA IMUNITÁRIO E ÓRGÃOS LINFÁTICOS .................................................................... 109
6.1. TECIDOS E ÓRGÃOS LINFÓIDES............................................................................................... 115
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Muitas moléculas da matriz são reconhecidas e ligam-se a recetores encontrados na superfície das células. Os
recetores são moléculas que cruzam a membrana da célula e ligam-se a moléculas encontradas no citoplasma.
Pode-se considerar que as células e a matriz celular são componentes do corpo que têm continuidade física,
funcionam conjuntamente, e respondem de modo coordenado às exigências do organismo.
Esta classificação dos tecidos leva em conta principalmente critérios da estrutura, das funções e da origem
embriológica desses tecidos.
O Tecido epitelial é formado por células que revestem superfícies e que secretam moléculas, tendo pouca matriz
extracelular.
O Tecido conjuntivo é caracterizado por uma grande quantidade de matriz extracelular, que é produzida pelas
suas próprias células.
O Tecido muscular é formado por células alongadas dotadas da capacidade de encurtar o seu comprimento
(contrações).
O Tecido nervoso é composto por células com longos prolongamentos, emitidos pelo corpo celular, que têm as
funções especializadas de receber, gerar e transmitir impulsos nervosos.
Os tecidos não existem no organismo como componentes isolados, mas sim como componentes associados uns
dos outros, formando os diferentes órgãos do corpo. Os órgãos são formados por uma associação muito precisa
de vários tecidos, associação essa que resulta no funcionamento adequado de cada órgão, dos sistemas
formados por vários órgãos e do organismo como um todo.
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Também têm grande importância funcional as células livres nos fluídos do corpo, tais como o sangue e a linfa.
2. TECIDO EPITELIAL
O Tecido epitelial pode ter a sua origem embriológica em qualquer um dos três folhetos germinativos do embrião:
• Ectoderme – origina a epiderme e o epitélio da córnea;
• Mesoderme – origina o endotélio e o mesotélio;
• Endoderme – origina o epitélio gastro-intestinal e o epitélio da traqueia, brônquios e pulmão.
NOTA: os folhetos germinativos evoluem por diferenciação e especialização das suas células.
Os epitélios são constituídos por células poliédricas (células com muitas faces) justapostas e com pouca matriz
extracelular interposta. As células epiteliais geralmente aderem firmemente umas às outras por meio de junções
intercelulares.
As células epiteliais exibem geralmente polaridade morfológica e funcional. A polaridade existe quando a
distribuição de organelos no polo basal é diferente dos organelos encontrados no polo apical, o que significa que
diferentes partes das células podem ter funções diferentes.
Praticamente todos os epitélios estão apoiados sobre tecido conjuntivo. No caso dos epitélios que revestem as
cavidades de órgãos ocos (ex.: sistema digestivo, respiratório), essa camada de tecido conjuntivo chama-se
lâmina própria.
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Þ Domínio basal
• Na porção basal da célula, voltada para a membrana basal.
Þ Domínio lateral
• Onde a célula se comunica com as células adjacentes;
• Possui junções intercelulares.
As superfícies laterais normalmente continuam-se com a superfície que forma a base das células, dando origem
então a domínios basolaterais.
A superfície basal das células epiteliais está ancorada à membrana basal subjacente.
Þ Epitélios glandulares
• Estão primariamente envolvidos na secreção;
• Formam muitas vezes estruturas denominadas glândulas.
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O epitélio pseudo-estratificado e o epitélio de transição são outros dois tipos de epitélio de revestimento.
• Epitélio pseudo-estratificado – epitélio simples com os núcleos das células colocados em várias alturas,
o que dá uma impressão errada de mais de uma camada de células;
• Epitélio de transição – epitélio estratificado no qual a forma das células da camada mais superficial varia
com o estado de distensão ou relaxamento do órgão.
A presença de especializações ao nível da superfície apical é outro critério para a classificação dos epitélios de
revestimento.
• Epitélio ciliado;
• Epitélio estratificado pavimentoso queratinizado.
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Þ Epitélio pseudo-estratificado
• Todas as células repousam na membrana basal, mas tendo alturas diferentes nem todas chegam à
superfície;
• Núcleos dispostos a diferentes níveis;
• Funções de proteção, secreção, transporte por cílios de partículas aderidas ao muco nas passagens
respiratórias;
• Epitélio pseudo-estratificado colunar ciliado: vias respiratórias desde as cavidades nasais aos
brônquios;
• Epitélio pseudo-estratificado colunar com estereocílios: epidídimo.
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Þ Epitélio de transição
• Epitélio estratificado;
• Reveste as vias urinárias (bexiga, ureter, bacinete), ou seja, o urotélio;
• Funções de proteção e distensibiliade;
• Exibe grande plasticidade, variando o número de camadas em função do grau de distensão do
órgão;
• Células superficiais de forma achatada ou globulosa, conforme o órgão está mais ou menos
distendido;
• Constitui uma barreira à penetração de substâncias tóxicas na parede da bexiga.
NOTAS:
• Para classificar o epitélio quanto à forma temos de ter em atenção apenas as células da camada mais
superficial (no caso dos epitélios estratificados);
• Quanto mais estratificado for o epitélio, melhor desempenha a função de proteção;
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• O epitélio é simples em zonas em que é necessária espessura mínima para não dificultar, por exemplo,
as trocas gasosas.
A membrana basal é uma camada condensada de matriz extracelular que separa o tecido epitelial do tecido
conjuntivo de sustentação. Esta:
• Fornece suporte estrutural aos epitélios;
• Liga os epitélios aos tecidos de sustentação;
• Constitui uma barreira seletiva ao trânsito de moléculas entre o epitélio e o tecido conjuntivo;
• Influencia a atividade, o crescimento e a diferenciação epitelial;
• É acelular.
Þ Lâmina fibrorreticular
• Subjacente à lâmina basal;
• Produzida pelo tecido conjuntivo.
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A lâmina basal não existe apenas nas células epiteliais, mas também em células musculares, adipócitos e células
de Schwann dos nervos periféricos, onde se forma uma barreira que limita ou controla a troca de macromoléculas
entre essas células e o tecido conjuntivo.
NOTA: nas células não epiteliais a lâmina basal pode ser denominada de lâmina externa.
Os componentes da lâmina basal formam uma espécie de tapete molecular entre a base do epitélio e o tecido
conjuntivo:
• Colagénio tipo IV – forma uma rede semelhante a uma tela de galinheiro. Fornece um suporte estrutural;
• Laminina – liga-se a recetores (integrinas – proteínas transmembranares) da região basal das células
epiteliais. Também se liga ao colagénio tipo IV, tornando a rede mais apertada;
• Nidogénio (entactina) – liga a laminina à rede de colagénio;
• Proteoglicanos (perlecano) – promovem conexões entre os outros componentes da lâmina basal.
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As fibrilas de ancoragem (colagénio tipo VII) ancoram a lâmina basal ao tecido conjuntivo. Este tipo de colagénio
é produzido pelo tecido conjuntivo e faz parte da lâmina fibrorreticular.
As superfícies justapostas das células epiteliais são unidas por junções. De acordo com as funções que
desempenham, as Junções Intercelulares são classificadas em:
• Impermeáveis (junções ocludentes / tight junctions);
• Aderentes (junções de adesão; desmossomas; hemidesmossomas);
• Comunicantes (junções de hiato / gap junctions).
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Os macula adherens têm forma de disco (portanto, nunca formam zónulas) e são constituídas por duas placas
densas, cada uma situada na porção citoplasmática adjacente às membranas celulares de células vizinhas:
• A placa densa é composta por várias proteínas (desmoplaquinas, placoglobinas);
• O espaço intercelular é composto por proteínas transmembranares da família das caderinas
(desmogleínas e desmocolinas) que ligam as células adjacentes;
• As placas densas associam-se a filamentos citoplasmáticos de queratina. Por estas serem de queratina
a adesão é bastante forte.
O complexo juncional é o conjunto formado pela junção ocludente, zonulae adherens e o desmossoma. Estes
complexos ocorrem nos epitélios de absorção, ricos em microvilosidades.
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Microvilosidades são extensões citoplasmáticas digitiformes (em forma de dedo). São particularmente
abundantes nos epitélios especializados na absorção (ex.: epitélio de revestimento do intestino delgado e dos
túbulos proximais dos rins).
Medem cerca de 1 µm de comprimento e 0,08 µm de diâmetro. Podem aumentar a área de superfície de
absorção da célula em cerca de 20 a 30 vezes.
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Estereocílios são microvilosidades longas e, por vezes, ramificadas. São imóveis e possuem a capacidade de
aumentar a área de superfície da célula, facilitando o movimento das moléculas para dentro e para fora das
células.
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Þ Glândulas Endócrinas
• A conexão com o epitélio é obliterada e reabsorvida durante o desenvolvimento;
• Não têm ductos, sendo a sua secreção lançada para o sangue e transportada para o seu local
de ação pela circulação sanguínea;
• São diferenciados 2 tipos de glândulas endócrinas:
§ Cordonais – formam cordões anastomosados, entremeados por capilares sanguíneos
(ex.: suprarrenal, adenohipófise);
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Exemplo de localizações:
• Glândula tubulosa simples – glândulas de Lieberkuhn (intestino);
• Glândula tubulosa simples enovelada – glândulas sudoríporas;
• Glândula tubulosa simples ramificada – glândulas gástricas;
• Glândula acinosa simples – glândulas da uretra masculina:
• Glândula acinosa simples ramificada – glândulas sebáceas;
• Glândula acinosa composta – pâncreas;
• Glândula tubulosa composta – glândulas de Brunner (duodeno);
• Glândula tubulo-acinosa composta – glândula salivar submandibular.
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O produto de excreção das células serosas é aquoso e rico em precursores de enzimas (pró-enzimas). Estas
ocorrem nas unidades secretoras do pâncreas exócrino, parótida, glândulas lacrimais e glândulas salivares
mistas.
As células serosas têm forma de pirâmide de vértice truncado, núcleos arredondados e polaridade bem definida.
• A região basal exibe intensa basofilia,
que resulta do grande acumulo neste
local de retículo endoplasmático
rugoso sobre a forma de conjuntos
paralelos de cisternas associadas a
abundantes ribossomas. É o local onde
se encontra o núcleo.
• A região supranuclear possui um
complexo de Golgi bem desenvolvido e
muitas vesículas arredondadas,
envolidas por membranas e com
conteúdo rico em proteínas, chamadas
vesículas ou grânulas de secreção. É
eosinófila.
NOTA: o RER é muito desenvolvido em células que sintetizam proteínas em grande quantidade (ex.: células
serosas). Fica corado de azul pela Hematoxilina pois possui RNA (um ácido), atraindo corantes básicos (a
Hematoxilina).
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Os grânulos de secreção preenchem a região apical das células e o núcleo fica normalmente situado na região
basal, que é rica em RER. O complexo de Golgi, localizado logo acima do núcleo, é muito desenvolvido, indicativo
do seu importante papel nesta célula.
Dados obtidos por autorradiografia indicam que as proteínas são sintetizadas na base da célula, onde está a
maior parte do RER.
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As unidades secretoras mistas são constituídas por uma mistura de ambos os tipos de células – serosas e
mucosas.
Predominam as células mucosas, estando as células serosas na periferia. Estas emitem prolongamentos entre
as células mucosas para também terem acesso ao lúmen. As células serosas apresentam uma configuração de
crescentes lunares, os crescentes de Giannuzzi.
Nas glândulas holócrinas, o produto de excreção é eliminado juntamente com toda a célula, processo que
envolve a destruição das células repletas de secreção. A membrana plasmática da célula desfaz-se e são
libertados os lípidos.
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Nas glândulas merócrinas, a secreção é acumulada em vesículas de secreção, cuja membrana se funde com a
membrana plasmática da célula na porção apical e liberta a secreção. Funciona como o processo de exocitose.
Não há perda de outro material celular.
Nas glândulas apócrinas o produto de secreção é descarregado junto com pequenas porções do citoplasma
apical. A membrana plasmática recupera/regenera.
Ultraestrutura de uma célula epitelial com elevada capacidade de absorção de solutos (ex.: tubo contornado
proximal do rim):
• Numerosas microvilosidades na superfície apical (bordadura em escova) – aumento da superfície de
absorção;
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Mecanismo:
1. Superficie apical das células dos tubos proximais muito
permeável a Na+, que entra livremente na célula;
NOTA: graças às junções estreitas, devido à sua relativa impermeabilidade a iões, água e moléculas grandes,
é impedido o retorno, pelo espaço entre as paredes laterais das células, de grande parte dos materiais
transportados pelo epitélio.
À semelhança das glândulas exócrinas unicelulares, existem glândulas endócrinas unicelulares – ex.: sistema
endócrino difuso (ex.: células enteroendócrinas).
3. TECIDO CONJUNTIVO
O tecido conjuntivo tem origem na mesoderme, no mesênquima embrionário. É constituído por células e por
matriz extracelular que, por sua vez, contém fibras e substância fundamental. Assim, pode-se afirmar que o
tecido conjuntivo possui diversos tipos de células e matriz extracelular abundante.
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A diferença entre osso, cartilagem e tecido conjuntivo propriamente dito consiste na composição da MEC.
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Fazem parte dos componentes da matriz extracelular os colagénios, o sistema elástico, proteínas multifuncionais
(glicoproteínas multiadesivas), glicosaminoglicanos e proteoglicanos.
3.1.1. COLAGÉNIO
Os colagénios são:
• Proteínas extracelulares fibrosas;
• Muito abundantes – tipo de proteína mais abundante no organismo;
• Produzidos por diversos tipos de células;
• Renovação muito lenta;
• Funções estruturais;
• Mais de 2 dezenas de diferentes tipos.
(Compartimento Intracelular)
1. Formação do mRNA de cada tipo
de cadeia a
2. Síntese das cadeias a do
procolagénio com os péptidos de
registo; corte do péptido sinal
3. Hidratação e glicosilação de
algunas aminoácidos
4. Formação da molécula de
procolagénio (tripla hélice)
5. Alinhamento dos péptidos (de
registo)
6. Transporte do procolagénio
solúvel para o complexo de Golgi
7. Empacotamento do procolagénio
solúvel em vesículas de secreção
8. Vesículas de secreção contendo o
procolagénio solúvel são
transportadas para a superfície da
célula (dependente de
microtúbulos), desde o Retículo
Endoplasmático
(Compartimento Extracelular)
9. Descarga das moléculas de
procolagénio no espaço
extracelular
10. A enzima procolagénio peptidase
quebra a maioria dos péptidos de
registo (clivagem), dando origem
às moléculas de colagénio ou tropocolagénio
11. Polimerização das moléculas de colagénio (tropocolagénio) sob a forma de fibrilas
12. Estabilização das fibrilas por ligações covalentes intra e intermoleculares promovidas pela enzima lisil-
oxidase.
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NOTA: saem vesículas de transporte do RER contendo moléculas de procolagénio. Estas vesículas, ao
chegarem ao complexo de Golgi sofrem modificação (em vesículas de secreção) e são enviadas para a superfície
da célula. Procolagénio é o precursor do colagénio.
A hidroxilação permite a formação de pontes de hidrogénio, que auxiliam no emparelhamento de cadeias.
As terminações das cadeias a (péptidos de registo) não são helicoidais e vão ser clivadas por procolagénio
peptidase, dando origem as moléculas de colagénio. Estas últimas começam a agregar-se formando fibrilas de
colagénio.
A clivagem só ocorre no espaço extracelular pois a célula não pode conter no seu interior fibrilas, levando estas
à lise celular.
A estrutura fibrilar é reforçada pela formação de ligações covalentes entre as moléculas de colagénio. Este
processo é catalisado pela ação da enzima lisil-oxidase (enzima que oxida a lisina), que também atua no espaço
extracelular.
A enzima lisil-oxidase é de extrema importância na manutenção da
estabilidade da matriz extracelular, pois se esta não estivesse presente não
haveria formação de ligações covalentes e o colagénio perderia as suas
propriedades. Alguns exemplos de distúrbios clínicos que resultam de
defeitos na síntese de colagénio são:
• Astenia cutânea
• Escorbuto – falta de vitamina C (cofator para a prolina
hidroxilase)
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2. Ocorre deposição irregular da proteína elastina entre as microfibrilas oxitalânicas, formando as fibras
elaunínicas.
3. A elastina continua a acumular-se gradualmente até ocupar todo o centro do feixe de microfibrilas, as
quais permanecem livres apenas na região periférica. Estas são as fibras elásticas, ricas em proteína
elastina, distendem-se facilmente quando tracionadas.
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As interações que as glicoproteínas multiadesivas estabelecem com as células são mediadas por recetores da
superfície celular – as integrinas.
A fibronectina desempenha funções fisiológicas
múltiplas e tem participação importante em diversos
processos patológicos. Participa também, de modo
importante, no desenvolvimento dos tecidos
embrionários. Por outro lado, também aumentam a
capacidade de células tumorais cancerígenas
invadirem outros tecidos.
A inativação da fibronectina nos primeiros estágios de
desenvolvimento de embriões de camundongos
provocou a morte desses embriões.
A maioria dos GAGs estão ligados a um componente proteico, formando macromoléculas denominadas
proteoglicanos.
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A degradação dos proteoglicanos é feita através de vários tipos de células e depende de várias enzimas
lisossómicas denominadas genericamente por glicosidases.
Quanto ativos na síntese de componentes da matriz extracelular chamam-se fibroblastos e quando inativos
chamam-se fibrócitos.
Fibroblastos Fibrócitos
Citoplasma abundante, com muitos prolongamentos Prolongamentos citoplasmáticos pouco visíveis
RER e Complexo de Golgi muito desenvolvido Pouca quantidade de RER e Complexo de Golgi
menos desenvolvido
Núcleo ovoide ou de forma alongada, fracamente Núcleo pequeno (menor que dos fibroblastos), mais
corado, com cromatina fina e nucléolo proeminente escuro e mais alongado
Citoplasma basófilo Menores e mais delgados que os fibroblastos e
tendem a um aspeto fusiforme
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No leito das feridas derivam de fibroblastos pré-existentes, por diferenciação (normalmente). São boas na
recuperação de tecidos lesados, mas se estiverem ativas por mais tempo do que o necessário podem causar
lesões fibróticas (excesso de produção de colagénio).
3.2.2. MACRÓFAGOS
Os macrófagos são células especializadas na fagocitose. Têm
características morfológicas muito variáveis, que dependem do
seu estado de atividade funcional e do tecido que habitam.
Possui dois estados funcionais: inativo (em repouso) e ativo (em fagocitose).
Quando estimulados (por injeção de substâncias estranhas ou por infeções), os macrófagos passam por
modificações morfológicas e metabólicas, sendo chamados de macrófagos ativos. Essas células adquirem novas
características, ativando o seu metabolismo e aumentado a sua capacidade de matar, fagocitar e digerir
partículas estranhas por meio da ativação das suas enzimas lisossómicas.
O macrófago é rico em enzimas hidrolíticas contidas em lisossomas e a sua identificação morfológica consiste
na presença de pseudópodes e reações citoquímicas para enzimas lisossomais, fagocitose de partículas.
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Os macrófagos participam nos processos de defesa imunológica (resistência mediada por células) contra infeção
por bactérias, protozoários, fungos e metazoários (ex.: parasitoses por vermes). Atuam também na defesa
imunológica contra tumores, na produção extra-hepática da bile, no metabolismo de gordura e ferro e na
destruição de hemácias envelhecidas. Atuam como elementos de defesa, fagocitando restos celulares,
fragmentos de fibras da matriz extracelular, células neoplásicas (cancerígenas), bactérias e elementos inertes
que penetram o organismo; são capazes de produzir uma impressionante variedade de substâncias que
participam nas funções de defesa e reparo dos tecidos.
Os macrófagos derivam de monócitos circulantes que têm origem na medula óssea. Da corrente sanguínea os
monócitos passam para os tecidos onde se diferenciam em macrófagos.
Os macrófagos residentes nos diversos tecidos constituem, juntamente com os seus precursores, o sistema
fagocítico mononuclear – macrófagos do organismo + monócitos circulantes + precursores de monócitos.
Þ Macrófagos M2
• Promovem a resolução da inflamação e contribuem para a reconstrução da matriz extracelular;
• Promovem o crescimento tumoral.
3.2.3. MASTÓCITOS
Os mastócitos são células do sistema imunitário. Encontram-se em tecidos vascularizados, em particular os que
formam interfaces com o meio externo (ex.: pele, trato gastro-intestinal, respiratório e urinário).
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A superfície dos mastócitos contém recetores específicos para a Imunoglobulina E (IgE), produzida pelos
plasmócitos. A ligação antigénio/alérgeno a moléculas de IgE expostas na superfície dos mastócitos
desencadeia a ativação das células e a sua desgranulação – reação de hipersensibilidade imediata.
3.2.4. PLASMÓCITOS
Os plasmócitos são abundantes em áreas suscetíveis à penetração de antigénios no corpo. São pouco
numerosos no tecido conjuntivo normal, exceto nos locais sujeitos à penetração de bactérias e proteínas
estranhas, como a mucosa intestinal. São abundantes nas
inflamações crónicas, em que predominam plasmócitos,
linfócitos e macrófagos.
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Os leucócitos do tecido conjuntivo vêm do sangue por migração através da parede dos capilares e vénulas, por
um processo chamado diapedese. Este processo aumenta muito durante as invasões locais de microrganismos,
uma vez que os leucócitos são células especializadas na defesa contra microrganismos agressores.
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Cada tipo de tecido conjuntivo reflete o componente predominante (células, fibras ou substância fundamental)
ou a organização estrutural do tecido.
Os tendões apresentam o exemplo típico de tecido conjuntivo denso modelado. São formados por feixes densos
e paralelos de colagénio separados por pouca quantidade de substância fundamental. As células do tendão
podem ser morfologicamente classificadas como fibrócitos, uma vez que têm núcleos alongados paralelos às
fibras de colagénio e citoplasma delgado com poucos prolongamentos, os quais frequentemente envolvem feixes
de colagénio.
Þ Tecido Elástico
• Feixes paralelos de fibras elásticas espessas;
• O espaço entre as fibras é ocupado por fibras delgadas de colagénio e fibrócitos;
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• Cor amarela;
• Localização: ligamentos da nuca dos herbívoros.
Þ Tecido Reticular
• Fibras reticulares (colagénio tipo III) em associação com células
reticulares (fibroblastos);
• Próprio (mas não exclusivo!) dos órgãos hematopoiéticos;
• Forma uma rede de sustentação das células libres daqueles
órgãos;
• Difícil de reconhecer nas preparações vulgares.
As células adiposas, por serem muito grandes, ocupam grande parte do volume do tecido
adiposo; porém, não são as que existem é maior número.
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Morfologia:
• Células grandes (até 150 µm de diâmetro) e arredondadas;
• Grande gota lipídica no citoplasma;
• Citoplasma reduzido a fina faixa periférica e com o núcleo achatado
deslocado para a periferia;
• Células envolvidas por uma lâmina externa (lâmina basal);
• Vascularização abundante;
• Inervação escassa;
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NOTA: durante a puberdade, o crescimento do tecido adiposo ocorre por hiperplasia, o que faz com que os
adipócitos persistam para a vida toda no organismo – nunca desaparecem, no máximo reduzem de tamanho.
Þ Lipogénese – formação de triglicerídeos a partir dos ácidos gordos e glicerol (ou seja, formação de nova
gordura)
• Lipoproteína Lipase (LPL) – sem esta proteína os ácidos gordos não entram no adipócito.
§ Sintetizada nos adipócitos e secretada para a superfície das células endoteliais dos
capilares do tecido adiposo;
§ Atua sobre as lipoproteínas plasmáticas hidrolisando os triglicerídeos em glicerol e
ácidos gordos – difusão para o interior dos adipócitos.
• A insulina estimula e lipogénese;
Em suma:
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Gordura castanha vs gordura branca – na gordura castanha ocorre a termogénese (oxidação de ácidos gordos)
e na gordura branca o armazenamento/libertação de energia.
Mesmo nos adultos há gordura castanha, principalmente à volta do pescoço. O principal ativado desta é o frio e
é mais eficiente em pessoas magras do que em pessoas com excesso de peso.
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• Exibem características funcionais dos adipócitos multiloculares (termogénese) – são mais competentes
no gasto de energia.
A cartilagem hialina é o tipo mais comum. Quando vista a fresco apresenta uma coloração branco-azulada e é
translúcida. Na vida pós-natal pode-se encontrar:
• Nas placas epifisárias dos ossos em crescimento;
• Nas cartilagens costais;
• Nas superfícies articulares dos ossos;
• Nas peças esqueléticas do nariz e da laringe;
• Nos anéis da traqueia e dos brônquios.
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2. Proteoglicanos e Glicosaminoglicanos
O agrecano é o proteoglicano mais importante na cartilagem hialina – tem a capacidade de formar grandes
agregados com moléculas de ácido hialurónico.
Legenda:
• Palhetas vermelhas – glicosaminoglicanos;
• Palhetas verdes – eixo proteico;
• Palheta azul – ácido hialurónico;
• Conjunto de palhetas vermelhas + palheta verde –
agrecano
Os agrecanos não se encontram livres na matriz da cartilagem hialina, estão ligados a uma molécula muito
comprida – ácido hialurónico. Este ácido também é um glicosaminoglicano, tal como as palhetas vermelhas da
figura, mas é muito comprido, pode ter milhares de resíduos glucídicos e serve de elo de ligação entre as várias
moléculas de agrecano, formando um grande agregado de moléculas – agregado de agrecanos. Na matriz da
cartilagem hialina temos múltiplos agregados iguais a estes.
NOTA: a união entre um agrecano e a molécula de ácido hialurónico não é covalente – é uma atração
eletrostática. Uma molécula de agrecano tem cerca de 160
glicosaminoglicanos.
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A cartilagem hialina é suscetível à calcificação (deposição de cristais de fosfato de cálcio na matriz cartilagínea),
ossificação endocondral e envelhecimento. Possui, também, baixa capacidade regenerativa, pois tem:
• Falta de suprimento sanguíneo;
• Ausência de células progenitoras condrogénicas;
• Baixa densidade de células;
• Atividade mitótica reduzida.
A cartilagem elástica é semelhante à cartilagem hialina mas inclui, além das fibrilas de colagénio (principalmente
do tipo II), uma abundante rede de fibras elásticas contínuas com as do pericôndrio. Esta rede de fibras elásticas
confere maior flexibilidade do que a cartilagem hialina.
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Encontra-se em:
• Discos intervertebrais;
• Sínfise púbica;
• Inserções de alguns tendões no osso;
• Meniscos.
Discos intervertebrais estão situados entre as superfícies articulares dos corpos das vértebras e são constituídos
por um anel de fibrocartilagem (anel fibroso) que circunda um gel semifluido central rico em proteoglicanos
(núcleo pulposo).
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O tecido ósseo é uma variedade de tecido conjuntivo em que a matriz extracelular se encontra mineralizada. É
o componente estrutural dos ossos e tem como funções:
• Suporte e proteção de tecidos moles e órgãos;
• Local de inserção para os músculos;
• Reserva mobilizável de cálcio e fosfato (papel na regulação dos níveis plasmáticos destes iões);
• Alojam a medula óssea, em alguns casos.
Também são capazes de absorver toxinas e metais pesados, minimizando os seus efeitos adversos noutros
tecidos.
É constituído por:
Þ Matriz extracelular
• Componente orgânico (aproximadamente 30%) – colagénio, mucopolissacarídeos, proteínas
não colagénicas;
• Componente inorgânico (aproximadamente
70%) – cálcio, fósforo.
Þ Células
• Células osteoprogenitoras;
• Osteoblastos;
• Osteócitos;
• Osteoclastos.
A associação de cristais de hidroxiapatite é responsável pela rigidez e pela resistência mecânica do osso. Após
a remoção do cálcio, os ossos mantêm a sua forma intacta e tornam-se tão flexíveis quanto os tendões. Por
outro lado, a destruição da parte orgânica, que é principalmente colagénio,
pode ser realizada por incineração e também deixa o osso com a sua forma
intacta, porém tão quebradiço que dificilmente pode ser manipulado sem
se partir.
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A diáfise, nos ossos longos, é quase totalmente formada por osso compacto, com pequena quantidade de osso
esponjoso na sua superfície interna, delimitando o canal medular.
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Os osteoblastos são responsáveis pela síntese e secreção do componente orgânico da matriz extracelular do
tecido ósseo em formação (colagénio tipo I, proteoglicanos e glicoproteínas).
Após a sintetizar matriz extracelular, o osteoblasto é aprisionado pela matriz orgânica recém-sintetizada e passa
a ser chamado de osteócito. A matriz, então, deposita-se ao redor do corpo da célula e dos seus prolongamentos
e passa por deposição de cálcio, formando as lacunas que contêm os osteócitos e os canalículos.
Os osteoblastos em fase de síntese mostram características ultraestruturais das células produtoras de proteínas
(ricas em reticulo endoplasmático rugoso).
A matriz óssea recém formada, adjacente aos osteoblastos ativos e ainda não calcificada, recebe o nome de
osteóide.
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A matriz óssea imediatamente subjacente ao bordo enrugado constitui o local onde ocorre a reabsorção óssea.
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NOTA: o pH ácido fornece o ambiente ideal para a ação das enzimas hidrolíticas lisossomais.
Assim a matriz é removida e capturada pelo citoplasma dos osteoclastos onde possivelmente a digestão
continua, sendo os seus produtor transferidos para o exterior do osteoclasto.
Þ Zona clara
• Local de adesão dos osteoclastos à superfície
óssea;
• Veda a câmara de reabsorção;
• Pobre em organelos, mas contém muitos
filamentos de actina.
Þ Região basolateral
Þ Região secretora
• Intervém na exocitose do material digerido.
Os osteoclastos provêm de uma linhagem homotopoiética – provêm de células mãe residentes na medula óssea
(que também dão origem aos monócitos e aos macrófagos) que se fundem ao chegar ao tecido ósseo, dando
origem a osteoclastos multinucleados. São assim membros do sistema fagocítico mononuclear.
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Tanto na ossificação intramembranosa como na ossificação endocondral, o primeiro tecido ósseo formado é do
tipo primário (imaturo), o qual, pouco a pouco, é substituído por tecido secundário ou lamelar (maduro). Portanto,
durante o crescimento dos ossos, podem ser vistas lado a lado áreas de tecido ósseo imaturo, áreas de
reabsorção e áreas de tecido ósseo maduro. Uma combinação de formação e remoção de tecido ósseo persiste
durante o crescimento do osso e também no adulto, embora em ritmo muito mais lento.
Aprisionamento de osteoblastos em
lacunas à medida que o osteoide se vai
formando - osteócito
NOTA: nem todos os osteoblastos são aprisionados e tornam-se osteócitos. Muitos apoptam.
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A ossificação endocondral tem lugar a partir de um molde cartilagíneo. Tem início sobre uma peça de cartilagem
hialina, cujo formato é semelhante ao do osso que se vai formar, porém de tamanho menor. Esse tipo de
ossificação é o principal responsável pela formação dos ossos curtos e longos.
Entrada de:
• Células estaminais mesenquimatosas –
células osteoprogenitoras
• Células estaminais homotopoiéticas –
células do sangue (medula óssea)
A cartilagem de conjugação (disco epifisário) situa-se entre o tecido ósseo das epífises e o da diáfise.
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O crescimento dos ossos consiste na formação de tecido ósseo novo, associada à simultânea reabsorção parcial
de tecido formado anteriormente. Por esse mecanismo, os ossos conseguem manter a sua forma enquanto
crescem.
Os ossos são estruturas plásticas, dinâmicas que, durante toda a vida, estão em permanente remodelação. A
remodelação óssea é um processo pelo qual é eliminada uma área de tecido ósseo que será substituída por
outra.
O tecido ósseo funciona como uma reserva de cálcio. A concentração de cálcio no sangue (calcemia) deve ser
mantida constante – para isso, há um intercâmbio constante de cálcio entre o osso e o plasma.
• A paratormona (da paratiroide), PTH, aumenta os níveis sanguíneos de cálcio;
• A calcitonina diminui os níveis sanguíneos de cálcio.
A paratormona estimula a reabsorção óssea. Esta hormona, ao atuar sobre os osteoblastos, faz com que estes
produzam moléculas de sinalização que induzem a osteoclastogénese. Desta forma, os osteoclastos irão
reabsorver a matriz óssea.
3.7. SANGUE
O sangue está contido num compartimento fechado, o sistema circulatório, que o mantém em movimento regular
e unidirecional devido essecialmente às contrações rítmicas do coração. É constituído por:
• Plasma sanguíneo (matriz extracelular);
• Células sanguíneas:
§ Eritrócitos (glóbulos vermelhos, hemácias);
§ Leucócitos (glóbulos brancos);
§ Plaquetas sanguíneas.
O sangue coletado por punção venosa, tratado por anticoagulantes (heparina, por exemplo) e em seguida
centrifugado separa-se em várias camadas, que refletem a sua heterogeneidade. O resultado obtido por essa
sedimentação, realizada em tubos de vidro de dimensões padronizadas, chama-se hemaócrito.
• Plasma – porção mais superficial, translúcida e amarelada;
• Células – sedimentam em 2 camadas facilmente distinguíveis:
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§ Camada inferior (35 a 50% do volume total do sangue) – tem uma cor
avermelhada e é formada pelos eritrócitos;
§ Camada (imediatamente) superior (1% do volume do sangue) – tem uma cor
acinzentada e contém os leucócitos, que são menos densos que os eritrócitos.
• Plaquetas – camada que repousa sobre os leucócitos, muito delgada e indistinguíveis
a olho nú.
NOTA: chama-se “Buffy Coat” à porção do sangue anticoagulado que contém a maioria dos
glóbulos brancos e das plaquetas (na figura corresponde à porção identificada por
“leucócitos”).
Ligações:
• O ião eosinato liga-se ao citoplasma dos eritrócitos e às granulações específicas dos granulócitos
eosinófilos – ficam cor de rosa;
• O azur B (cor azul) liga-se às granulações específicas dos granulócitos basófilos – ficam com cor violeta
muito escura (por metacromasia);
• Azur de metileno liga-se ao citoplasma dos linfócitos – fica azul.
Nos fenómenos de azurofilia e neutrofilia, a molécula biológica a ser corada chama-se macromolécula aniónica.
• ADN;
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1º passo: ligação do ADN (-) ou GAGs (-) ao azur B (+) – ligação eletrovalente;
2º passo: ligação do azur B à eosina – ligação covalente
• ADN (-) (+) azur B – eosina;
• GAGs (-) (+) azur B – eosina.
A composição química do plasma sanguíneo é diferente da composição da matriz extracelular dos outros tecidos
conjuntivos – ausência de proteoglicanos, colagénio, elastina e fibronectina. Possui:
• 90% de água;
• 10% de macromoléculas e micromoléculas em suspensão na água
§ 7% de proteínas plasmáticas;
§ 0,9% de sais inorgânicos;
§ Ácidos aminados, vitaminas, hormonas e glicose.
3.7.1. ERITRÓCITOS
Os eritrócitos ou hemácias de mamíferos são anucleadas, contêm grande
quantidade de hemoglobina e em considerações normais não saem do sistema
circulatório – permanecem sempre no interior dos vasos. A sua forma é
bicôncava, são flexíveis e são acidófilos.
Por serem ricos em hemoglobina, uma proteína básica, os eritrócitos são acidófilos, corando-se pela eosina.
A forma bicôncava é mantida por proteínas estruturais do citoesqueleto e ligadas à membrana da hemácia, como
por exemplo a espectrina. A bomba de sódio também contribui para a manutenção da sua forma bicôncava.
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Os eritrócitos usam energia derivada da glicose. Cerca de 90% da glicose é degradada pela via anaeróbia até
ao estado de lactato e os restantes 10% são utilizadas pela via pentose-fosfato.
Devido a variações nas cadeias polipeptídicas, distinguem-se vários tipos de hemoglobina, dos quais 3 são
considerados normais:
• Hb A1 (97%) - a2b2;
• Hb A2 (2%) - a2d2;
• Hb F (1%) - a2g2; característica do feto (hemoglobina fetal); representa 100% da hemoglobina do feto e
cerca de 80% da hemoglobina do recém nascido. A sua taxa diminui progressivamente até o oitavo mês
de idade, quando alcança 1%, percentagem semelhante à encontrada no adulto.
A Hb F é rica em oxigénio, tendo um papel importante na vida fetal pois o feto não tem acesso ao ar e obtém
oxigénio do sangue materno através da placenta.
Durante a maturação na medula óssea, o eritrócito perde o núcleo e os outros organelos, não podendo renovar
as suas moléculas. Ao fim de 120 dias (em média), as enzimas já estão em nível crítico, o rendimento dos ciclos
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As anemias são caracterizadas pela baixa concentração de hemoglobina no sangue ou pela presença de
hemoglobina não funcional, o que resulta em oxigenação reduzida para os tecidos. Muitas vezes, a anemia é
consequência de uma diminuição na quantidade de eritrócitos; no entanto, essa quantidade pode ser normal,
mas cada eritrócito conter pouca hemoglobina. Nesse caso, os eritrócitos são fracamente corados e, por isso,
esse tipo de anemia é denominado por anemia hipocrómica.
1) 2)
3) 4)
NOTA: os eritrócitos dos camelídeos não têm núcleo, possuem forma oval e são biconvexos.
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Os eritrócitos de répteis:
• Semelhantes aos das aves;
• Ovalado;
• Citoplasma acidófilo;
• Núcleo ovalado ou arredondado e basófilo.
3.7.2. LEUCÓCITOS
Os leucócitos são incolores, de forma esférica quando em suspensão no sangue e têm a função de proteger o
organismo contra infeções. São produzidos na medula óssea (tal como os eritrócitos) ou em tecidos linfoides e
permanecem temporariamente no sangue.
Diversos tipos de leucócitos utilizam o sangue como meio de transporte para alcançar o seu destino final – os
tecidos. São classificados em 2 grupos: os granulócitos e os agranulócitos.
• Granulócitos – núcleo de forma irregular e mostram no
citoplasma grânulos específicos. De acordo com a
afinidade tintorial dos grânulos específicos, distinguem-se
3 tipos de granulócitos:
• Neutrófilos;
• Eosinófilos;
• Basófilos.
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Calcula-se que, no adulto típico, bilhões de granulócitos morrem diariamente no tecido conjuntivo. Os restos
celulares são removidos rapidamente pelos macrófagos sem desencadear resposta inflamatória. Todavia,
quando os tecidos são invadidos por microrganismos, os leucócitos são atraídos por quimiotaxia, isto é, por
sustâncias originadas de tecidos, do plasma sanguíneo, de outros leucócitos e dos microrganismos que
provocam nos leucócitos uma resposta migratória, dirigindo-se estas células para os locais onde existe maior
concentração de agentes quimiotáticos.
Em circulação têm forma esférica; em suporte sólido apresentam emissão de pseudópodes, no esfregaço de
sangue aparecem achatadas. A sua concentração no sangue é de 6 x 103 a 10 x 103 por µL.
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Sequência da síntese das granulações azurófilas e específicas nos precursores dos granulócitos neutrófilos:
Através de microscópia fotónica conseguimos concluir que no citoplasma as granulações específicas constituem
80 a 90% das granulações citoplasmáticas e as granulações azurófilas constituem apenas 10 a 20%.
Enquanto estão no sangue circulante, os neutrófilos são esféricos e não fagocitam, tornando-se ameboides e
fagocitários quando encontram um substrato sólido sobre o qual possam emitir pseudópodes. O microrganismo
invasor é rodeado por pseudópodes, que se fundem em torno dele. Assim, o microrganismo ocupa finalmente
um vacúolo (fagossoma) delimitado por uma membrana derivada da superfície do neutrófilo. Logo depois disso,
os grânulos específicos situados nas proximidades fundem as suas membranas com as dos fogossomas e
esvaziam o seu conteúdo no interior deles. Em seguida, os grânulos azurofilos descarregam as suas enzimas
no fagossoma, onde ocorre a morte e a digestão dos microrganismos. Bombas de protões localizadas na
membrana do fagossoma acidificam o interior desse vacúolo. O pH acido pode matar bactérias e constitui
ambiente adequado à atividade das hidrólases dos grânulos azurófilos.
• As granulações azurófilas são lisossomas primários (fosfotase ácida, outras hidrólases como a
mieloperoxidase);
• As granulações específicas não são lisossomais (fosfatase alcalina, colagenase, lisozima e lactoferrina).
A lisosima e a lactoferrina são componentes dos grânulos específicos dos neutrófilos e são importantes na fusão
dos granulócitos específicos com o fagossoma:
• Lisosima – ataca os peptidoglicanos da parede celular de bactérias gram-positivas;
• Lactoferrina – proteína que capta o ferro. Como esse mineral é importante para a nutrição bacteriana, a
sua remoção prejudica o metabolismo das bactérias.
Quando ocorre a fusão das granulações azurófilas com o fagossoma ocorre a formação de H2O2 e de O2-, que
são os principais responsáveis pela morte das bactérias fagocitadas.
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• NET (neutrophil extracellular traps) – após a ativação do neutrófilo, ativa-se a NADPH oxidase e ocorre
a NETose:
• Desintegração do invólucro nuclear e
das membranas das granulações
azurófilas e específicas;
• Libertação da cromatina
descondensada no citoplasma;
• Associação de proteínas de grânulos
com o ADN;
• Rutura da membrana celular;
• Libertação das redes de ADN
associadas a proteínas
antimicrobianas;
• As redes capturam e destroem
bactérias, protozoários e fungos.
Nas aves, as granulações específicas são acidófilas e em forma de bastonete (A). O heterófilo dos répteis é
semelhante ao das aves (B).
A) B)
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A) B)
C) D)
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Os eosinófilos fagocitam e digerem complexos de antigénio-anticorpo que aparecem em casos de alergia (como
a asma brônquica, por exemplo). São atraídos para as áreas de inflamação alérgica pela histamina, produzida
principalmente por basófilos e mastócitos. Quando chegam lá, promovem a desgranulação nessas células e
liberam mediadores inflamatórios. Têm um papel modulador na resposta inflamatória. Participam na defesa
contra parasitas, como por exemplo o Schistosoma mansoni e Trypanosoma cruzi.
NOTA: ao contrário dos granulócitos neutrófilos, o granulócito eosinófilo não é especializado na fagocitose de
bactérias.
Os seus grânulos medem 0,15 a 0,5 µm de diâmetro e, como os grânulos dos mastócitos, são metacromáticos.
Contêm:
• Histamina;
• Fatores quimiotáticos para eosinófilos e neutrófilos;
• Heparina, que é responsável pela metacromasia do grânulo.
A membrana plasmática dos basófilos, como a dos mastócitos, também apresenta recetores para a
imunoglobulina E (IgE). Os basófilos libertam os seus grânulos para o meio extracelular sob a ação dos mesmos
estímulos que promovem a expulsão dos grânulos dos mastócitos.
Apesar das semelhanças, os basófilos e os mastócitos não são aspetos diferentes do mesmo tipo celular, pois
originam-se na medula óssea de precursores diferentes.
Embora os basófilos sejam os leucócitos menos abundantes na circulação, o seu número aumenta rapidamente
na medula óssea em resposta a sinais inflamatórios, sendo mobilizados para o sangue, o baço, o pulmão e o
fígado. O aumento persistente do número de basófilos no sangue, no entanto, é raro e denomina-se basofilia,
que pode ocorrer devido a uma doença hematológica, como a leucemia mieloide crónica. Pode tmbém estar
associado a hipotiroidismo ou doença renal.
3.7.2.4. LINFÓCITOS
Os linfócitos são responsáveis pela defesa imunológica do organismo. Essas células reconhecem moléculas
estranhas existentes em diferentes agentes infeciosos, combatendo-as por meio de resposta humoral (produção
de imunoglobulinas) e resposta citotóxica mediada por células.
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Os linfócitos constituem uma família de células esféricas, com diâmetro variável entre 6 a 8 µm; com essas
dimensões, são conhecidos como linfócitos pequenos. No sangue circulante há ainda uma pequena
percentagem de linfócitos maiores, que podem alcançar 18 µm de diâmetro.
Embora os linfócitos tenham morfologia semelhante, dependendo das moléculas localizadas na sua superfície
podem ser separados em 2 tipos principais:
• Linfócitos T – originados no timo;
• Linfócitos B – originados na bolsa de Fabricius.
Ao contrário dos outros leucócitos (que não retornam ao sangue depois de migrarem para os tecidos), os
linfócitos migram de volta para o sangue a partir dos tecidos, recirculando continuamente.
3.7.2.5. MONÓCITOS
Os monócitos são os maiores leucócitos circulantes, com diâmetro entre 15 a 22 µm. Têm o núcleo ovoide, em
forma de rim ou de ferradura, geralmente excêntrico.
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3.7.2.6. PLAQUETAS
As plaquetas são corpúsculos anucleados em forma de disco, medindo cerca de 2 a 4 µm de diâmetro. São
derivadas de células gigantes e poliploides da medula óssea, os megacariócitos.
As plaquetas promovem a coagulação do sangue e auxiliam a reparação da parede dos vasos sanguíneos,
evitando a perda de sangue. A concentração de plaquetas no sangue é cerca de 200 000 a 400 000 por µL de
sangue. Esses corpúsculos tendem a permanecer no sangue por aproximadamente 10 dias.
As plaquetas têm um sistema de canais, o sistema canalicular aberto, que se comunica com invaginações da
membrana plasmática da plaqueta. Assim, o interior da plaqueta comunica livremente com a sua superfície,
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disposição que tem importância funcional por facilitar a libertação de moléculas ativas que são armazenadas nas
plaquetas.
Na periferia das plaquetas, fazendo parte do hialómero, observa-se o feixe marginal de microtúbulos que
contribui para manter a forma ovoide desses corpúsculos. O hialómero contém também microfilamentos de
actina e moléculas de miosina, responsáveis pela contração das plaquetas. Estes corpúsculos contêm uma
camada situada por fora da membrana, medindo 15 a 20 nm, rica
em glicoproteínas e glicosaminoglicanos, responsável pela
adesividade das plaquetas e que pode absorver compostos
diversos.
Quando a parede de um vaso é lesionada, inicia-se um processo denominado homeostasia, que visa impedir a
perda de sangue. A homeostasia é um fenómeno complexo que envolve a musculatura lisa do vaso lesionado,
as plaquetas e diversos fatores do plasma sanguíneo que promovem a coagulação do sangue. A contração do
musculo liso é estimulada pela seretonina libertada pelas plaquetas. A participação das plaquetas na coagulação
do sangue dá origem às seguintes etapas:
• Agregação primária – descontinuidades do endotélio produzidas por lesão vascular são seguidas pela
absorção de proteínas do plasma sobre o colagénio adjacente. As plaquetas também aderem ao
colagénio, formando um tampão plaquetário;
• Agregação secundária – as plaquetas do tampão libertam ADP, que é um potente indutor da agregação
plaquetária, fazendo aumentar o número de plaquetas do tampão;
• Coagulação do sangue – durante a agregação das plaquetas, fatores do plasma sanguíneo, dos vasos
lesionados e das plaquetas promovem a interação sequencial (em cascata) de cerca de 16 proteínas
plasmáticas, dando origem a um polímero, a fibrina, e formando uma rede fibrosa tridimensional, que
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aprisiona eritrócitos, leucócitos e plaquetas. Forma-se, assim, o coágulo sanguíneo, mais consistente e
firme do que o tampão plaquetário;
• Retração do coágulo – inicialmente o coágulo provoca grande saliência para o interior do vaso, mas logo
se contrai, graças à ação da actina, da miosina e do ATP das plaquetas;
• Remoção do coágulo – protegida pelo coágulo, a parede do vaso restaura-se através da formação de
tecido novo. Então, o coágulo é removido principalmente pela enzima plasmina, formada pela ativação
da proenzima plasmática plasminogénio pelos ativadores do plasminogénio produzidos pelo endotélio.
Enzimas libertadas pelos lisossomas das plaquetas também contribuem para a remoção do coágulo.
3.7.3. HEMATOPOIESE
A hematopoiese é o processo continuo e regulado de produção de células do sangue, que envolve renovação,
proliferação, diferenciação e maturação celular. As células do sangue têm vida curta e são constantemente
renovadas pela proliferação mitótica de células localizadas nos órgãos hematopoiéticos.
Os órgãos nos quais o desenvolvimento linfoide ocorre são classificados como primários (medula óssea e timo)
e secundários. Todas as células são derivadas primariamente da medula óssea; os linfócitos B diferenciam-se
na medula, enquanto os linfócitos T provêm de células que migram da medula para o timo e ali se diferenciam.
Em órgãos linfoides secundários, como o baço, linfonodos e agregados linfoides em diferentes órgãos, os
linfócitos T e B proliferam intensamente, em geral estimulados por antigénios.
As células estaminais homotopoiéticas situam-se na medula óssea, são auto-renováveis e dão origem às células
sanguíneas.
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• Teoria dualista
• Hemocitoblasto – linhagem mieloide (granulócitos, monócitos e plaquetas)
• Linfoblasto – linhagem linfoide (linfócitos)
• Célula mesenquimatosa – eritrócitos
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• Teoria trialista
• Série mieloide – granulócitos, eritrócitos e plaquetas sanguíneas
• Série linfoide – linfócitos
• Serie histióide – monócitos
A medula óssea amarela funciona como reserva nutritiva e reserva de tecido hematopoiético.
4. TECIDO NERVOSO
O tecido nervoso apresenta 2 componentes principais:
• Neurónios – células com prolongamentos;
• Células da glia – sustentam os neurónios e participam em funções importantes para a sua atividade.
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Para conseguir observar melhor o tecido nervoso ao microscópio usam-se corantes especiais:
• Cloreto de ouro + hematoxilina;
• Bicromato de potássio + nitrato de prata.
A teoria reticular de Golgi diz que o tecido nervoso não é constituído por elementos celulares independentes,
sendo a rede nervosa contínua.
Santiago Ramón Y Cajal (1852-1934) afirmava que a hipótese da rede nervosa contínua era falsa e que esta era
contígua – doutrina do neurónio. A célula nervosa representa uma individualidade embriológica, anatómica e
fisiológica. Assim, os neurónios não são substituíveis quando morrem.
Características do neurónio:
• Distribuição heterogénea;
• Forma e dimensões muito diferentes e variadas;
• Célula permanente;
• Propriedades fisiológicas: excitabilidade e conductibilidade.
As dendrites são prolongamentos cujo diâmetro diminui à medida que se afastam do corpo celular. São
ramificadas e numerosas e constituem o principal local para receber os estímulos do meio ambiente, de células
epiteliais sensoriais ou de outros neurónios.
O corpo celular é o centro trófico da célula, onde se encontram organelos, e também é capaz de receber
estímulos.
O axónio é um prolongamento único, de diâmetro constante na sua maior parte de percurso e ramificado na sua
terminação. É especializado na condução de impulsos que transmitem informações do neurónio para outras
células (nervosas, musculares, glandulares).
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De acordo com a sua morfologia, os neurónios podem ser classificados nos seguintes tipos:
• Neurónios multipolares – forma mais comum,
apresentam vários dendritos e um axónio (ex.:
motoneurónios da medula espinhal);
• Neurónios bipolares – tem um dendrito que se
estende em direção oposta ao axónio e um axónio
(ex.: retina, mucosa olfativa);
• Neurónios pseudo-unipolares – apresentam junto
ao corpo celular um prolongamento único que logo
se divide em dois, dirigindo-se um ramo para a
periferia e outro para o sistema nervoso central
(ex.: neurónios sensitivos dos gânglios
raquidianos);
Quanto à ultraestrutura:
• Rico em reticulo endoplasmático rugoso que
forma agregados de cisternas paralelas, entre
as quais existem numerosos polirribossomas
livres – estes conjuntos de cisternas e
ribossomas são vistos ao microscópio ótico
como manchas basófilas espalhadas pelo
citoplasma, os corpos de Nissl;
• Vários dictiossomas golgianos;
• Abundantes mitocôndrias;
• Lisossomas (lipofuscina) – contém lípidos e
acumula-se ao longo da idade;
• Citoesqueleto:
§ Microtúbulos;
§ Neurofilamentos;
§ Microfilamentos.
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A elaborada arquitetura de uma árvore dendrítica reflete a complexidade das suas conexões sinápticas com
outros neurónios.
O axónio:
• É um prolongamento único;
• Em geral é mais longo e mais fino do que os dendritos da mesma célula, o
comprimento varia de acordo com a localização;
• O seu calibre é constante;
• Emerge de uma dilatação afilada do pericário, o cone de implantação (5);
• Segmento inicial (SI) – entre o ápice do cone de implantação e o início da bainha
de mielina (zona de disparo). É muito importante para a geração do impulso
nervoso;
• Pode emitir colaterais (11), que surgem sempre em ângulo reto e próximo da
terminação do axónio;
• Axolema – membrana plasmática do axónio;
• Axoplasma – citoplasma do axónio;
• Muitos axónios são revestidos por uma bainha de mielina (9) (nem todos são
mielinizados – os mais finos não são; apenas a partir de uma determinada
espessura é que são mielinizados);
• Porção terminal constituída por um penacho de ramificações amielínicas, telodendro (12);
• Botão ou bulbo terminal (13) – dilatação fusiforme na extremidade de cada ramo terminal (contacto
sináptico).
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Os sistemas de transporte axonal podem ser distinguidos de acordo com o sentido em que ocorre o transporte:
• Sentido anterógrado
• Do pericário para o terminal axonal;
• Promovido pelas proteínas motoras cinesinas;
• Transporte de vesículas, mitocôndrias, proteínas de citoesqueleto e proteínas citosólicas.
• Sentido retrógrado
• Do terminal axonal para o pericário;
• Mediado pelas dineínas;
• Transporte de materiais (organelos) para degradação ou reciclagem e moléculas do meio
extracelular (fatores neurotróficos, vírus, neurotoxinas).
Nas sinapses elétricas, há uma transferência direta de corrente iónica de uma célula para outra.
• Mais comuns nos vertebrados;
• Transmissão ocorre entre junções comunicantes;
• Sem intervenção de mediadores químicos;
• Possibilidade de condução bidirecional;
• Alta velocidade (porém, menos possibilidade de controlo);
• Existem em vários locais do SNC.
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Os neurotransmissores geralmente são sintetizados no corpo celular do neurónio e transportados até os botões
sinápticos, onde são armazenados em pequena vesiculas chamadas de vesículas sinápticas. A maioria dos
neurotransmissores são aminas, aminoácidos ou pequenos péptidos (neuropéptidos).
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Os principais componentes de uma sinapse química e sequencia de eventos que conduzem à transmissão de
sinalização para outra célula:
Após a exocitose do seu conteúdo, as vesículas sinápticas sofrem endocitose e reciclagem. As novas vesículas
são depois recarregadas com neurotransmissores.
Neurotransmissores:
• Moléculas pequenas – sintetizadas no axoplasma do botão terminal e empacotadas em vesículas
sinápticas;
• Neuropéptidos – sintetizados no RER do corpo celular e transportados em vesículas até ao terminal
axonal (fluxo axonal); ex.: encefalinas, endorfinas.
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• Sinapses inibitórias
• A libertação do neurotransmissor (ex.: GABA) abre
canais de Cl-;
• O fluxo de iões causa hiperpolarização da célula pós-
sináptica.
4.1. NEURÓGLIA
Calcula-se que no sistema nervoso central haja 10 células da glia para cada
neurónio; no entanto, devido ao seu menor tamanho, elas ocupam
aproximadamente metade do volume do tecido.
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A maior parte destes contêm fibras com a GFAP no citoplasma, que forma boa parte do esqueleto dos atrócitos,
sendo considerada um marcador de astrócitos (por apenas nestes existir esta proteína). No entanto, alguns
astrócitos não exibem a GFAP (não existe nenhuma razão aparente para este facto), que é mais expremível
quando há lesões.
Þ Astrócitos fibrosos
• Localizam-se preferencialmente na substância branca do SNC;
• Têm prolongamentos em menor número, longos e menos
ramificados.
NOTA: esta classificação é baseada exclusivamente na morfologia dos astrócitos, não nos diz nada acerca das
suas funções.
Os pés vasculares comunicam com a parede dos capilares formando como que uma bainha com uma dilatação.
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Os atrócitos são alvos terapêuticos potenciais em doenças do sistema nervoso: doenças neurodegenerativas
(ex.: alzheimer) e depressão.
NOTA: a glucose só passa para o SNC devido à existência de proteínas na parede dos capilares que a captam
e levam para o cérebro.
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Quanto à sua morfologia pode-se dizer, então, que em repouso são muito
ramificadas (aspecto espinhoso) e o seu núcleo é denso e alongado.
Neurogénese é nome dado ao processo de formação de novos neurónios a partir de células estaminais neurais.
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A capacidade do sistema nervoso do homem em gerar novos neurónios ao longo da vida foi sempre uma questão
à qual os cientistas procuravam responder. Ao longo dos anos, diferentes conclusões foram tiradas de vários
estudos, sendo a última formulada em 2019, afirmando que a neurogénese no hipocampo em idade adulta é
possível e está relacionada com a memorização e a aprendizagem (por exemplo, o exercício físico estimula a
neurogénese, estimulando a aprendizagem).
O sistema nervoso está contido e protegido na caixa craniana e no canal vertebral, envolvido por membranas de
tecido conjuntivo chamadas de meninges. Estas são formadas por três camadas, que, do exterior para o interior,
são as seguintes:
Þ Dura-máter
• A camada fibrosa externa;
• Constituída por tecido conjuntivo denso aderido ao periósteo dos ossos da caixa craniana;
• A porção que envolve a medula espinal é separada do periósteo das vértebras, formando-se
entre os dois o espaço epidural, que contém veias de parede muito delgada, tecido conjuntivo
laxo e tecido adiposo.
• A superfície interna da dura-máter do cérebro e a superfície externa da dura-máter do canal
vertebral são revestidas pelo epitélio simples pavimentoso de origem mesenquimatosa.
Þ Aracnóide
• Conectada à pia-máter por trabéculas conjuntivas;
• As cavidades entre as trabéculas conjuntivas formam o espaço subaracnoide, que contém o
líquido cefalorraquidiano;
• O espaço subaracnoide, cheio de líquido, constitui um colchão hidráulico que protege o SNC
contra traumatismos;
• Formada por tecido conjuntivo sem vasos sanguíneos;
• Revestida pelo epitélio simples pavimentoso de origem mesenquimatosa, tal como a dura-máter.
Þ Pia-máter
• Muito vascularizada;
• Aderente ao tecido nervoso, mas não está em contacto direto com células ou fibras nervosas.
NOTA: em todo o SNC, a superfície da dura-máter em contacto com a aracnóide constitui um local de fácil
clivagem onde, muitas vezes, em situações patológicas, pode acumular-se sangue externamente à aracnóide,
constituindo o chamado espaço subdural, que não existe em condições normais.
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Muitos axónios são revestidos por uma bainha de mielina. A mielina tem
origem na membrana plasmática da célula mielinizante e dispõe-se em
camadas concêntricas à volta do axónio.
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A maior parte da mielina é constituída por membranas plasmáticas justapostas, coladas umas às outras; no
entanto, uma pequena quantidade de citoplasma pode ficar aprisionado no meio da mielina, aparecendo corado
de rosa.
Conduziu-se uma experiência em que a proteína NRG 1 foi suprimida nos axónios dos ratinhos. Nos ratinhos
em que a proteína foi suprimida a bainha de mielina formada era mais fina; nos que houve sobreexpressão da
neurorregulina (NRG 1) a bainha de mielina era bem mais espessa. Com isto está hoje comprovado que o que
determina a espessura da bainha de mielina são estas mesmas proteínas expostas na superfície do axónio e a
quantidade destas.
As interações entre a mielina e o axónio são fundamentais para manter a estabilidade, a função e a viabilidade
de ambos. Muita da morbilidade que resulta das doenças desmielinizantes está relacionada com a perda
secundária de axónios. A mielina tem um efeito protetor e um se um axónio for desmielinizado e não ocorrer
remielinização este tem tendência a morrer.
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A mielinização adaptiva consiste em alterações da mielina em resposta à experiência, o que prova que a mielina
é essencial na aprendizagem de novas tarefas motoras. No caso do homem, a mielinização das fibras nervosas
ocorre durante a infância e progride ao longo dos anos, até ser atingida a idade adulta. O facto de a mielina ser
mais espessa ou não depende também das atividades que realizamos – por exemplo, observou-se que os
pianistas possuem axónios mais mielinizados na região responsável pelo movimento das mãos. Assim, quanto
mais usada for uma via neuronal maior é a estimulação para a produção de mielina nessa região.
NOTA: não é possível distinguir ao microscópio os nervos aferentes dos nervos eferentes.
Resumindo: os nervos eferentes (motores) saem do SNC (mais precisamente da substância cinzenta da medula
espinhal) e juntam-se com um nervo periférico; os nervos aferentes (sensorial) não estão no SNC – estão
imediatamente fora, numa dilatação da raíz chamada gânglio nervoso – e dividem-se em 2 ramos, um que vai
para a periferia e outro que vai para dentro do SNC.
Os nervos cranianos compreendem 12 pares, não possuem raízes dorsais e ventrais aparentes e apresentam
troncos sensitivos, motores e mistos.
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Þ Perineuro
• Envolve os feixes de fibras nervosas.
Þ Endoneuro
• Tecido conjuntivo laxo rico em fibras
reticulares;
• Envolve cada fibra.
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No SNA é quase que somente um sistema motor/efetor, isto é, conduz informação do SNC para os órgãos
efetores (músculos lisos, musculo cardíaco e glândulas).
Enquanto os pericários dos neurónios das fibras efetoras do sistema nervoso somático localizam-se no SNC e
as suas terminações axonais atingem diretamente os efetores, o SNA é formado por cadeias de dois neurónios.
O primeiro, de cadeia autónoma, está localizado no SNC, de onde o seu axónio sai para estabelecer conexão
sináptica com o segundo neurónio da cadeia,
encontrado num gânglio do SNA (externamente ao
SNC). As fibras que emergem deste segundo neurónio
alcançam os órgãos efetores.
NOTA: o termo “autónomo” pode dar a impressão de que esta parte do sistema nervoso funciona de modo
completamente independente, o que não é verdade; afinal, as funções do SNA sofrem constantemente a
influência da atividade consciente do SNC.
O SNA é formado por duas divisões, distintas pela sua anatomia e pelas suas funções: a divisão simpática,
também chamada de sistema simpático, e a divisão parassimpática, também chamada de sistema
parassimpático.
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Como os neurónios dos mamíferos geralmente não se dividem, a destruição de um neurónio pode representar
uma perda permanente. Atualmente, há evidencias da existência de células-tronco de neurónios. Os
prolongamentos das células nervosas podem, dentro de certos limites, regenerar-se devido à atividade sintética
dos respetivos pericários; por isso, os nervos têm capacidade regenerativa.
Quando uma célula nervosa é destruída, as que a ela se ligam nada sofrem, exceto quando um neurónio recebe
impulsos exclusivamente de outro. Nesse caso, o neurónio que fica completamente privado de impulsos
nervosos pela destruição de outro sofre a chamada degeneração transneuronal.
Ao contrário dos elementos nervosos, as células da glia, do SNC, e as células de Schwann e células satélites
dos gânglios, do SNP, são dotadas de grande capacidade de proliferação. Os espaços deixados pelas células e
as fibras nervosas do SNC destruído por acidente ou doença são preenchidos por células da neuróglia.
Num nervo lesionado por axotomia (rompimento do axónio), deve distinguir-se a parte da fibra que, pela lesão,
desligou-se do seu pericário (segmento distal) e a parte que continua unida a ele (segmento proximal). O
segmento proximal, por manter contacto com o seu centro trófico (o pericário), frequentemente é regenerado,
enquanto o segmento distal degenera totalmente e acaba sendo reabsorvido.
Próximo ao ferimento, uma pequena extensão da fibra lesionada, porem ligada ao pericário (segmento proximal),
degenera, mas o seu crescimento se inicia logo que os restos alterados são removidos por macrófagos.
No segmento distal, tanto o axónio, agora separado do seu centro trófico, como a bainha de mielina, degeneram
totalmente, sendo fagocitados por macrófagos. Enquanto se processam estas alterações, as células de Schwann
proliferam, formando colunas celulares compacta, as quais servirão de guia para os axónios que crescerão
durante a fase de regeneração.
O segmento proximal do axónio cresce e se ramifica, formando vários filamentos que progridem em direção às
colunas das células de Schwann. Todavia, somente as fibras que penetram nessas colunas têm possibilidade
de alcançar um órgão efetor. Quanto à parte distal do nervo é perdida, como ocorre na amputação de um
membro, as fibras nervosas crescem a esmo, formando uma dilatação na extremidade do nervo que pode ser
muito dolorosa, chamada de neuroma de amputação.
A eficiência funcional da regeneração depende de as fibras ocuparem as colunas de células de Schwann
destinadas aos locais corretos. Num nervo misto, por exemplo, se as fibras sensoriais regeneradas ocuparem
colunas destinadas às placas motoras de um músculo estriado, a função do músculo não será restabelecida. A
possibilidade de recuperação funcional é aumentada pelo facto de cada fibra em regeneração dar origem a vários
prolongamentos e cada coluna receber prolongamentos de várias fibras.
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Legenda:
A- Fibra nervosa motora normal. Note a
posição do núcleo do neurónio e a
distribuição da substância de Nissl.
B- Quando a fibra sofre lesão, o núcleo do
neurónio desloca-se para a periferia, a
quantidade da substância de Nissl diminui
(cromatólise) e o volume do pericário
aumenta. A parte distal da fibra degenera,
havendo fragmentação da mielina, que é
fagocitada por macrófagos.
C- Devido à falta de uso, a fibra muscular
estriada atrofia. A proliferação de células
de Schwann dá origem a um cilindro, que
pode ser penetrado pelos axónios em
crescimento. Estes crescem a uma
velocidade de 0,5 a 3mm por dia.
D- No caso de um axónio penetrar o cilindro de células de Schwann, a regeneração será bem sucedida e
a fibra muscular voltará ao seu diâmetro normal.
E- Quando o axónio não encontra um cilindro de células de Schwann, o seu crescimento é desorganizado,
formando muitas vezes um aglomerado doloroso, o neuroma de amputação.
NOTA: no SNC não há células de Schwann, pelo que os neurónios morrem permanentemente.
5. TECIDO MUSCULAR
Em termos morfofuncionais, os tecidos musculares
classificam-se como estriados ou lisos. Os músculos estriados
podem ainda ser divididos em duas variedades:
• Músculo estriado esquelético;
• Músculo estriado cardíaco.
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O músculo estriado esquelético é o mais abundante no corpo dos vertebrados. Organiza-se em estruturas que
constituem os músculos e é responsável pelo movimento do esqueleto e órgãos (ex.: língua).
As células musculares esqueléticas não se dividem, são consideradas células em estado G0 do seu ciclo celular.
Mesmo assim, o músculo esquelético tem uma pequena capacidade de regeneração a partir das células satélite:
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NOTA: as células musculares não estão ligadas umas às outras – estão separadas por tecido conjuntivo.
Þ Perimísio
• Tecido conjuntivo que envolve cada feixe de células
musculares;
• Contém vasos e nervos.
Þ Endomísio
• Rede delicada de tecido conjuntivo laxo (fibras
reticulares) que envolve cada célula muscular
individualmente;
• Contém capilares sanguíneos e fibras nervosas
de pequeno calibre.
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As bandas I são divididas transversalmente por uma linha denominada linha Z. Duas linhas Z consecutivas
delimitam o sarcómero.
O sarcómero é a unidade contráctil elementar da célula muscular esquelética e cada sarcómero apresenta as
metades de duas bandas I e uma banda A central.
Os sarcómeros de uma miofibrila dispõem-se “em registro”, isto é, as diversas faixas de uma miofibrila estão
alinhadas com as faixas correspondentes das miofibrilas adjacentes. Por esse motivo, quando se observa uma
fibra muscular seccionada em corte longitudinal, as bandas aparentam percorrer a fibra em toda a sua espessura.
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Os filamentos finos (b), a nível molecular, são constituídos por duas cadeias polipeptídicas de uma proteína
chamada actina F. Estas duas cadeias resultam da polimerização das bolinhas vermelhas – cada bolinha
vermelha, na imagem, representa um monómero globoso de actina (moléculas de actina G) – que se juntam
umas às outras e formam esta estrutura filamentosa comprida que é a actina F. É de notar que estas duas
cadeias estão enroladas em forma de hélice.
Porém, os filamentos finos não são constituídos exclusivamente por actina F. Existem mais proteínas,
nomeadamente, as duas principais que ocorrem associadas à actina F:
• Tropomiosina (proteína a verde) – é também formada por duas cadeias polipeptídicas iguais enroladas
em hélice;
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• Troponina (proteína a azul) – constituída por 3 subunidades: TnC, TnI e TnT. A TnT liga-se fortemente
à tropomiosina; a TnC tem grande afinidade para os iões Ca2+, ligando-se a estes quando a
concentração destes iões aumenta dentro do citoplasma da célula; e a TnI cobre o sítio ativo da actina,
no qual ocorre a interação da actina com a miosina. Aparece associada à tropomiosina em intervalos
regulares, pois cada molécula de tropomiosina possui um local específico em que se prende um
complexo (três subunidades) de troponina.
Os filamentos grossos (a) são formados por moléculas de miosina de tipo II. O que se vê na imagem que está
ampliada do filamento grosso é apenas uma molécula de miosina – um filamento grosso pode ter 200 a 300
moléculas destas. Cada molécula de miosina II é constituída por duas cadeias pesadas iguais (e dois pares de
cadeias leves não representadas na imagem!). Cada cadeia pesada (que são cadeias polipeptídicas) possui:
• Uma porção alongada em helice-a (cauda);
• Uma zona globular (cabeça) com atividade ATPase e sítio de ligação à actina.
Nas moléculas de miosina existem 2 cabeças com locais de ligação distintos – uma zona da cabeça permite que
a miosina se ligue à actina, e uma outra zona permite degradar o ATP e obter energia (fundamental para a
contração do músculo).
Na figura (a) está representada uma porção do filamento espesso com as várias moléculas de miosina. É
possível observar que:
• As cabeças projetam-se para fora da estrutura e estão viradas para extremidades opostas (de um lado
estão viradas para a esquerda e de outro para a direita);
• Na parte central do filamento não existem cabeças. Estas só existem nas duas extremidades do
filamento de miosina e estão organizadas em 6 filas uniformemente espaçadas.
Nesta imagem está representado um sarcómero do ponto de vista molecular com dois filamentos espessos.
Estes filamentos estão também ligados à linha Z através de uma proteína muito grande chamada titina, muito
semelhante a uma mola pois tanto pode esticar como encolher à medida que os filamentos vão deslizando uns
sobre os outros. Desta forma, esta proteína permite a ancoragem dos filamentos de miosina à linha Z.
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A cada lado do túbulo T, há uma expansão do retículo sarcoplasmático, a cisterna terminal. A cada par de
cisternas terminais e um túbulo T dá-se a designação de tríade.
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A contração no músculo esquelético deve-se ao deslizar dos filamentos finos em relação aos espessos.
• O comprimento dos filamentos
mantém-se intacto durante a
contração;
• Os filamentos de actina deslizam
para o interior do sarcómero;
• Encurtamento do sarcómero resulta
no encurtamento das fibras
musculares.
O deslizamento dos filamentos resulta da ação das cabeças globulares da miosina. As cabeças de miosina
constituem pontes transversais que se ligam aos filamentos de actina, tendo cada cabeça um local ativo que
catalisa a hidrólise de ATP e um local de ligação à actina. A energia necessária para o movimento das pontes
transversais advém da hidrólise do ATP.
A regulação da contração do músculo esquelético ocorre por intermédio das proteínas tropomiosina e troponina.
A tropomiosina é uma proteína filamentosa que se estende ao longo do filamento de actina. A troponina é
constituída por três polipeptídeos:
• Troponina C, que se liga ao Ca2+;
• Troponina T, que se liga à tropomiosina;
• Troponina I, que se une à actina e inibe a sua interação com a miosina.
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Para uma melhor compreensão dos acontecimentos durante a contração muscular devemos aprofundar um
pouco o conhecimento sobre este mecanismo:
Durante a contração, os filamentos interagem e, devido à atividade da miosina, (que se comporta como
proteína motora) as cabeças das moléculas de miosina tracionam os filamentos de actina para o centro do
sarcómero. Estes penetram mais profundamente nos sarcómeros, arrastando consigo os discos Z, nos quais
estão ancorados – é o chamado modelo de filamentos deslizantes. Durante o ciclo de contração, os dois tipos
de filamento conservam os seus comprimentos originais; no entanto, trechos cada vez maiores se sobrepõem,
diminuindo, em consequência, o tamanho dos sarcómeros das miofibrilas de cada célula.
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No músculo em repouso, a miosina não se pode associar à actina, devido à repressão do local de ligação pelo
complexo troponina-tropomiosina fixado sobre o filamento de actina. Em contrapartida, quando há aumento da
concentração de iões Ca2+ no citosol, estes combinam-se com a unidade TnC da troponina. Essa combinação
modifica a configuração espacial das três subunidades de troponina e desloca a molécula de tropomiosina em
direção ao sulco da hélice de actina. Em consequência, tornam-se expostos os locais de ligação da actina com
a miosina, ocorrendo interação das cabeças de miosina com a actina. A combinação dos iões Ca2+ com a
subunidade TnC corresponde à fase em que o complexo miosina-ATP é ativado. Como resultado da ponte
entre a cabeça da miosina e a subunidade de actina, o ATP liberta difosfato de adenosina (ADP), fosfato
inorgânico (Pi) e energia. Ocorre uma deformação da cabeça e da parte do bastão das moléculas de miosina,
aumentando a curvatura da cabeça. Como a actina está combinada com a miosina, o movimento das cabeças
de miosina traciona o filamento de actina, promovendo o seu deslizamento sobre o filamento de miosina. A
contração muscular consiste em inúmeros ciclos de deslizamentos da actina sobre a miosina, e cada um
diminui em alguns nanómetros a distância entre os discos Z so sarcómero e, portanto, o seu comprimento.
Embora o filamento grosso tenha um elevado número de cabeças de miosina, em cada momento da contração
apenas determinado número de cabeças está alinhado com os locais de combinação com a actina. À medida
que as cabeças de miosina movimentam a actina, novos locais para formação de pontes actina-miosina
aparecem.
O sarcolema, na porção que entra em contacto com o botão terminal, apresenta-se pregueado (pregas
juncionais).
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Os discos intercalares associam as células mecânica e eletricamente, permitindo que atuem de modo
coordenado. Ao microscopio ótico apresentam-se como traços transversais ou com um aspecto em escada
(traços escalariformes de Eberth).
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• Desmossomas
• Ocorrem nas partes transversais e longitudinais dos discos;
• Reforçam a fáscia de adesão, ligando mecanicamente as células cardíacas;
• Proporcionam fixação para filamentos intermédios do citosqueleto.
• Nas fibras musculares cardíacas existe também reticulo endoplasmático liso – reticulo sarcoplasmático
–, mas não tão amplo e tão desenvolvido como no esquelético, sendo a rede mais fina.
• Nas fibras musculares esqueléticas cada túbulo T é ladeado por duas cisternas terminais (dilatações do
reticulo sarcoplasmático), enquanto nas fibras musculares cardíacas cada túbulo T entra em contacto
com apenas uma cisterna terminal, do lado esquerdo ou do lado direito, nunca estando alinhadas. Desta
forma, se o conjunto do túbulo T com as duas cisternas terminais chamava-se tríade, no músculo
cardíaco o conjunto existente do túbulo T com uma cisterna terminal chama-se díade.
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• No músculo cardíaco as mitocôndrias são mais abundantes e apresentam mais cristas que no músculo
esquelético. Ocupam quase 40% dos cardiomiócitos, o que corresponde às grandes necessidades
energéticas deste músculo.
As células musculares cardíacas têm também função endócrina – apresentam grânulos secretores recobertos
por membrana, particularmente abundantes nas células musculares do átrio esquerdo, mas também existem no
átrio direito e nos ventrículos.
• Péptido natriurético atrial
• Armazenado em grânulos de secreção
citoplasmáticos (mais numerosos nos
cardiomiócitos do átrio direito);
• Promove a natriurese (excreção de
sódio) e a diurese (excreção de urina)
§ Regulação da pressão
sanguínea;
§ Equilíbrio hidroeletrolítico.
NOTA: juntamente com este ião sódio vai sair água, por osmose, pelo rim.
O tecido muscular liso é formado pela associação de células longas e fusiformes, mais espessas no centro e
afiladas nas extremidades, com núcleo elíptico e central.
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Cada fibra muscular lisa é envolvida por uma lâmina externa rodeada por uma
delicada bainha de tecido conjuntivo (fibras de colagénio tipo III ou fibras
reticulares). Estas fibras prendem as células musculares lisas umas às outras, de
tal maneira que a contração simultânea de apenas algumas ou de muitas células
reflete-se na contração do músculo inteiro.
A ultrastrutura das fibras musculares lisas é diferente da das fibras esqueléticas e cardíacas.
• Os filamentos finos e espessos não se organizam em miofibrilas (não apresentam, portanto, sarcómeros)
– dispõem-se longitudinalmente e obliquamente;
• O reticulo sarcoplasmático é pouco desenvolvido;
• Ausência de túbulos T.
Na imagem ao lado estão representadas duas células musculares lisas com 3 tipos
de filamentos cada uma.
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Legenda:
O músculo liso exibe contração lenta e prolongada. Assim, gasta menos energia do que o músculo esquelético
e mantém a contração por longos períodos de tempo. A contração é geralmente regulada pelo sistema nervoso
autónomo e pode ser iniciada por estímulos mecânicos e hormonais.
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Ao contrário da resposta específica, a resposta inata não possui o mecanismo de memória imunológica, de modo
que, a cada contacto com o mesmo antigénio, a reposta processa-se como se fosse o primeiro contacto com
ele.
De modo geral, a entrada de um microrganismo no organismo induz inicialmente uma resposta do tipo inato, que
é rápida e controla parcialmente a proliferação do agente infecioso enquanto se estabelece a resposta específica,
mais eficiente e capaz de eliminar o microrganismo.
NOTA: antigénios são moléculas estranhas ao organismo que provocam uma resposta imunitária e se localizam
na superfície de microrganismos ou de células íntegras ou em fragmentos de quaisquer desses microrganismos
e de células; anticorpos são glicoproteínas que se ligam aos determinantes antigénicos (têm a capacidade de
reconhecimento) e são produzidas por linfócitos B e pelos plasmócitos (resultantes da diferenciação de linfócitos
B), estando presentes na membrana celular de linfócitos B (onde agem como recetores de antigénios).
No controlo temos um ratinho normal, ao qual foram adicionados antigénios e que possui uma resposta imunitária
adaptativa normal, e um ratinho irradiado (de forma anular o efeito do sistema imunitário), ao qual também foram
adicionados antigénios mas, ao contrário do primeiro ratinho, não possui respostas imunitárias adaptativas.
Realizou-se então uma experiência em que se deu a um ratinho irradiado, injetado com antigénios, linfócitos de
um ratinho normal e a outro ratinho (também irradiado e injetado com antigénios) outros tipos de células de um
ratinho normal. Como resultado, o primeiro ratinho apresentou uma resposta imunitária adaptativa (restaurada)
e o segundo ratinho não possuía qualquer resposta imunitária adaptativa.
Destes resultados, concluímos que os linfócitos têm um papel
muito importante na imunidade específica (adaptativa).
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na sua superfície moléculas estranhas – células transplantadas, células malignas (cancerosas) e células
infetadas por vírus ou por outros microrganismos. As células infetadas contêm na membrana os mesmos
determinantes antigénicos e são reconhecidas pelos linfócitos T citotóxicos ativados que, em consequência, as
destroem. A destruição da célula infetada é um meio de eliminar vírus e outros microrganismos antes que eles
estejam prontos para infetar outras células.
Na realidade, com poucas exceções, as respostas imunitárias a algum agente infecioso, molécula ou célula
estranha levam à estimulação tanto da resposta celular como da humoral, e esta é essencialmente dependente
da ação de linfócitos T auxiliares.
Legenda:
1. Aglutinação – os anticorpos prendem-se aos antigénios, formando
agregados e assim reduzindo a quantidade de antigénios livres;
2. Opsonização – quando a ligação de anticorpos aos microrganismos
facilita a fagocitose;
3. Neutralização – consiste na ligação de anticorpos aos microrganismos,
bloqueando a sua adesão às células (um evento necessário para a
penetração do microrganismo nas células), e na inativação de toxinas;
4. Citotoxicidade mediada por células – ligação de anticorpos com antigénios da superfície de parasitas
multicelulares e na ativação de células do sistema imunitário (macrófagos e eosinófilos), induzindo estas
células a secretarem moléculas que atacam a superfície do parasita (geralmente um verme);
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Resumindo, as duas principais classes de resposta imunitária específica são mediadas por dois tipos diferentes
de linfócitos:
Þ Imunidade humoral:
• Linfócitos B
§ 10-50% dos linfócitos do sangue;
§ Local de diferenciação:
o Primatas e Roedores: medula óssea;
o Coelho, Ruminantes e Porco: tecido linfoide do intestino;
o Aves: bolsa de Fabricius.
Þ Imunidade celular:
• Linfócitos T
§ 40-80% dos linfócitos do sangue;
§ Desenvolvem-se no timo.
Os órgãos linfáticos secundários contêm ambos os tipos de linfócitos (B e T) e são estruturas onde se inicia
normalmente a resposta imunitária:
• Linfonodos;
• Baço;
• Tecido linfoide associado às mucosas dos tratos digestivo, respiratório e urinário (MALT).
Os dois tipos de linfócitos são, no estado de repouso, morfologicamente semelhantes – é através dos recetores
de superfície que é possível identificar e distinguir os linfócitos T e B.
Os linfócitos que ainda não entraram em contacto com o antigénio para o qual são específicos
são denominados linfócitos naïve.
Ambos os tipos de linfócitos são ativados por sinais adequados (antigénios) a proliferar e a
diferenciar-se. Alguns permanecem como células de memória de vida longa e a memória
imunológica otimiza a habilidade do sistema imunitário para combater infeções persistentes e
recorrentes.
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Os recetores para os antigénios nos linfócitos B naïve são IgM. Quando ativada
por um antigénio, a população de linfócitos B que o reconhece prolifera,
aumentando o número de células que reconhecem especificamente aquele
antigénio.
Os linfócitos T citotóxicos (ou células CD8+) destroem células alvo específicas. A sua ativação é iniciada por
antigénios ligados a moléculas MHC classe I na superfície das células alvo (ex.: células infetadas).
Os linfócitos T auxiliares (ou células CD4+) modulam a atividade de outros tipos de células implicados na resposta
imunitária. A sua ativação é iniciada por antigénios ligados a moléculas MHC classe I na superfície de células
especializadas – as células apresentadoras de antigénios.
NOTA: as proteínas MHC I são encontradas na superfície de todas as células nucleadas do corpo, enquanto as
proteínas MHC II são encontradas apenas na superfície das células apresentadoras de antigénios.
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As células dendríticas são células apresentadoras de antigénios com um papel crucial na regulação da resposta
imunológica. Têm origem na medula óssea e residem em quase todos os tecidos, especialmente pele e mucosas.
Regulam a diferenciação, maturação e função dos linfócitos T e direcionam a resposta imunológica mediada por
estes mesmos linfócitos. Nos órgãos linfáticos, são numerosas nas áreas ricas em linfócitos T.
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No sistema imunitário, as células dendríticas podem ser utilizadas para ativar vários tipos de resposta contra
células cancerígenas. Nos dois exemplos seguintes, os antigénios foram introduzidos diretamente nas células
dendríticas ou geradas in situ usando RNA tumoral. Assim, as células produzem antigénios tumorais e estimulam
as células T a procurar e destruir as células cancerígenas. É desta forma que funcionam as vacinas contra o
cancro.
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EXCEÇÃO: no timo e na bolsa de Fabricius também existem células reticulares, porém de origem epitelial, não
possuindo a capacidade de produzir fibras reticulares.
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6.1.2. TIMO
O timo localiza-se no mediastino, atrás do esterno, e
estende-se desde a emergência dos grandes vasos do
coração até ao pescoço. É formado por dois lobos,
envolvidos por uma delicada cápsula de tecido
conjuntivo denso. A cápsula origina delgados septos,
que dividem o parênquima em inúmeros pequenos
lóbulos, cuja porção central frequentemente se continua
com a região equivalente de lóbulos adjacentes.
Enquanto que os outros órgãos linfoides são de origem exclusivamente mesodérmica, o timo tem origem
embriológica dupla – mesodérmica e endodérmica. As células reticulares epiteliais no timo têm origem no epitélio
da endoderme que reveste o 3º par de bolsas faríngeas e os seus linfócitos provêm da medula óssea, onde se
formam a partir de células mesenquimatosas. O tecido conjuntivo que forma os septos também tem origem
mesodérmica.
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Os precursores dos linfócitos T migram para o timo, onde proliferam e diferenciam-se em linfócitos T. Os
precursores dos linfócitos T têm uma origem exógena, ou seja, vêm de fora do timo, e chegam a este através da
circulação sanguínea. Entram no timo ao nível da separação entre o córtex e a medula – junção corticomedular
– que possui glândulas que permitem a passagem dos linfócitos do sangue para o timo. Ao entrar no órgão,
estes não se dispõem aleatoriamente – seguem um determinado percurso (esquematizado pelas setas na figura
abaixo):
• Dirigem-se para a superfície do córtex tímico, onde proliferam intensamente e diferenciam-se;
• Descem em direção à medula. Durante este percurso completam a sua diferenciação e adquirem as
características que os identificam como linfócitos T citotóxicos ou linfócitos T auxiliares.
• Quando chegam à medula vão sair do timo pelas vénulas pós-capilares, voltando a entrar na circulação
sanguínea;
• Através do sangue vão colonizar os órgãos linfáticos secundários.
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medular (mTEC), e depois de interagir com estes dois tipos de células eventualmente estarão aptos para sair do
timo e entrar na circulação sanguínea.
As células reticulares epiteliais corticais (cTEC) são responsáveis pela seleção positiva – retém os timócitos úteis
(com TCRs funcionais capazes de reconhecer moléculas de MHC).
As células reticulares epiteliais medulares (mTEC) e as células dendríticas são responsáveis pela seleção
negativa – elimina os timócitos perigosos, ou seja, autorreativos (reagem com alta afinidade contra
autoantigénios).
Como já foi referido a maior parte dos linfócitos é eliminada por apoptose (morte geneticamente terminada) e os
seus fragmentos vão ser digeridos por macrófagos do timo (indistinguíveis ao
microscópio ótico, apenas visível ao microscópio eletrónico).
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Por outro lado, as regiões do tecido linfoide rico em linfócitos B são denominadas
timo-independentes.
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6.1.3. LINFONODOS
Os linfonodos (antigamente chamados de gânglios linfáticos)
são órgãos encapsulados constituídos por tecido linfoide. Estão
situados no trajeto dos vasos linfáticos, tendem a ocorrer em
grupos e variam de aspeto com a idade e com os processos
fisiopatológicos a que estão submetidos.
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Os linfócitos podem permanecer ou não no linfonodo durante algum tempo, mas acabam sempre por sair deste,
penetrando nos seios medulares e saindo pela linfa.
NOTA: os linfócitos podem entrar pelo sangue, mas saem sempre pela linfa. A circulação da linfa formada no
interstício dos tecidos e órgãos que circula pelos linfonodos é unidirecional.
Os linfócitos recirculam continuamente entre o sangue e os tecidos linfoides periféricos. Os linfonodos estão
interpostos nos trajetos dos vasos linfáticos, o que faz com que a linfa, ao percorrer os vasos linfáticos, possa
passar por vários linfonodos. O objetivo desta recirculação continua é a monotorização do ambiente e
patrulhamento contra a invasão de agressores, microrganismos, etc.
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NOTA: não é possível observar bem nas preparações mas os cordões medulares são como caudinhas dos
folículos linfáticos, daí encontrarmos os linfócitos B nos folículos linfáticos da região superficial do córtex e
também nos cordões medulares na zona medular.
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antigénio respetivo, vão proliferar - ocorre produção/multiplicação de linfócitos já diferenciados. No caso dos
linfócitos B, ao encontrarem o antigénio respetivo no linfonodo (por exemplo), para além de proliferarem
diferencia-se uma parte em linfócitos B de memória e outra parte em plasmócitos.
NOTA: é ao nível dos órgãos linfóides secundários que se dá o encontro entre o linfócito e o respetivo antigénio.
Relembramos que a diferença entre os linfócitos B e os plasmócitos é que os linfócitos B produzem um único
tipo de anticorpo que fica à superfície da célula, não são solúveis nem são secretados, enquanto no plasmócito
existe uma maior variedade de anticorpos que não são destinados à membrana
celular mas sim ao líquido extracelular e é secretado (produzem a forma
secretada do anticorpo).
6.1.4. BAÇO
O baço é o órgão isolado com maior acúmulo de tecido linfoide do
organismo (é o maior órgão linfoide) e funciona como um filtro para a
circulação sanguínea.
Ao observar uma preparação de baço conseguimos identificar na sua constituição duas polpas – a polpa branca
e a polpa vermelha. A polpa branca é constituída por folículos linfáticos e a polpa vermelha é formada por seios
venosos revestidos por endotélio. Toda a polpa esplénica (polpa vermelha + polpa branca) contém células e
fibras reticulares, linfócitos em grande quantidade acompanhados de macrófagos, células apresentadoras de
antigénios e algumas outras células em menor propagação.
O baço é revestido por uma cápsula de tecido conjuntivo denso, em torno do qual há um folheto da membrana
peritoneal. A cápsula emite trabéculas de tecido conjuntivo que dividem o parênquima ou polpa esplénica em
compartimentos incompletos e intercomunicantes.
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Há quem, na prática, compare a polpa vermelha a uma esponja ou a um queijo suíço – os buracos correspondem
aos seios venosos e a parte comestível do queijo corresponde aos cordões de Billroth.
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possível se os eritrócitos forem suficientemente elásticos para se deformarem de modo a passar entre estas
fendas.
Em determinadas anemias e doenças (malária, por exemplo) os eritrócitos são parasitados e perdem a sua
capacidade de deformação, ficando mais rígidos, o que impossibilita a sua passagem dos cordões de Billroth
para os seios venosos esplénicos. Assim, um dos sintomas destas doenças é a esplenomegalia (aumento do
volume do baço).
NOTA: quando se faz um corte que incide num nódulo linfático, geralmente
a artéria central aparece numa posição excêntrica; quando o corte incide
apenas na bainha linfática periarterial, a artéria central aparece no centro.
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sangue que estava acumulado para a acumulação sistémica. O sangue armazenado no baço
tem grande quantidade de eritrócitos, proporcionando oxigénio ao tecido muscular.
• O tecido linfoide é reduzido;
• A cápsula e trabéculas numerosas são ricas em fibras musculares lisas;
Þ Baço defensivo
• Existe no Homem e lagomorfos;
• O tecido linfoide é abundante;
• As trabéculas são poucas e os miócitos são lisos;
• Tem baixa capacidade de armazenamento de sangue.
Þ Polpa vermelha
• Remoção de partículas e de eritrócitos (hemocaterese) envelhecidos ou defeituosos;
• Armazenamento de sangue (cavalo, carnívoros e ruminantes);
• Reciclagem do ferro da hemoglobina dos eritrócitos
§ Hematopoiese extramedular (durante a vida embrionária é um tecido hematopoiético)
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