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Tecido Eptelial I

Curso de Farmácia

Prof. Ricardo de Mattos Santa Rita


Conteúdo
I. Introdução
i. Principais características
ii. Tipos de Epitélios
II. Epitélio de revestimento
i. Classificação
III. Lâminas basais
i. Polaridade
ii. Inervação
iii. Vascularização
IV. Epitelios glandulares
i. Classificação
V. Resumo
VI. Referências
Introdução
As principais funções dos epitélios são revestimento e secreção. Revestimento de
superfícies internas ou externas de órgãos ou do corpo como um todo (p. ex., na pele) é uma
função extremamente relevante dos epitélios. Essa função está quase sempre associada a
outras importantes atividades dos epitélios de revestimento, tais como:
i. proteção;
ii. absorção de íons e de moléculas (p.ex., nos rins e intestinos);
iii. percepção de estímulos (p. ex., o neuroepitélio olfatório e o gustativo).
Uma vez que as células epiteliais revestem todas as superfícies externas e internas, tudo
o que entra ou deixa o corpo deve atravessar um folheto epitelial. Além do revestimento, outra
importante atividade do tecido epitelial é a secreção, seja por células de epitélios de
revestimento seja por células epiteliais que se reúnem para constituir estruturas especializadas
em secreção que são as glândulas.
Algumas células epiteliais, como as células mioepiteliais, são capazes de contração.
Principais características
i. Os epitélios são constituídos por células poliédricas, isto é, células que têm muitas faces;
ii. Essas células são justapostas, e, entre elas, há pouca substância extracelular;
iii. As células epiteliais aderem firmemente umas às outras por meio de junções
intercelulares. Essa característica torna possível que essas células se organizem como
folhetos que revestem a superfície externa e as cavidades do corpo ou que se organizem
em unidades secretoras;
iv. A forma das células varia muito, desde células colunares altas até células pavimentosas–
achatadas como ladrilhos, com todas as formas intermediárias entre essas duas;
v. A forma dos núcleos geralmente acompanha a forma das células; assim, células cuboides
costumam ter núcleos esféricos e células pavimentosas têm núcleos achatados. Nos
núcleos alongados, o maior eixo do núcleo é sempre paralelo ao eixo principal da célula;
vi. Praticamente todos os epitélios estão apoiados sobre tecido conjuntivo. No caso dos
epitélios que revestem as cavidades de órgãos ocos (principalmente no aparelho
digestivo, respiratório e urinário), esta camada de tecido conjuntivo recebe o nome de
lâmina própria.
Tipos de epitélios
Os epitélios são divididos em dois grupos principais, de acordo com sua
estrutura, arranjo de suas células e função principal:
• epitélios de revestimento;
• epitélios glandulares.
Essa divisão é um pouco arbitrária e tem finalidades didáticas, pois há
epitélios de revestimento nos quais todas as células secretam (p. ex., o epitélio que
reveste a cavidade do estômago), ou em que há algumas células glandulares
espalhadas entre as células de revestimento (p. ex., as células caliciformes
produtoras de muco no epitélio dos intestinos e da traqueia)
Epitélios de revestimento
Nos epitélios de revestimento as células se dispõem em folhetos que cobrem a
superfície externa do corpo ou que revestem as cavidades internas, as grandes cavidades do
corpo, o lúmen dos vasos sanguíneos, o lúmen de todos os órgãos ocos, tubos de diversos
calibres.

Classificação
Esses epitélios são classificados de acordo com:
i. o número de camadas de células que constituem esses folhetos epiteliais;
ii. as características morfológicas das suas células (camada externa).
• Nos epitélios simples o folheto epitelial é constituído por uma só camada de células;
• nos epitélios estratificados por mais de uma camada;
• O epitélio do tipo pseudoestratificado é colocado em uma categoria especial
Classificação
Classificação
Classificação
Folhetos germinativo

Ectoderma Mesoderma Endoderma

Epitélio Mesotélio Endotélio

Epiderme Mucosa bucal e nasal Córnea Fígado Revestimento do sistema Pâncreas


digestório e respiratório
Glândulas da pele Glândulas mamárias

Mesotélio que reveste


as serosas Túbulos
Urinários

Revestimento do sistema Endotélio do sistema


reprodutor masculino e circulatório
feminino
Classificação
Classificação
Classificação
Classificação
Classificação
Classificação
Classificação
Classificação
O epitélio de transição reveste a bexiga urinária, o ureter e a porção inicial da uretra. É um
epitélio estratificado em que a forma das células da camada mais superficial varia com o estado de
distensão ou relaxamento do órgão. Quando a bexiga está vazia, as células mais externas do epitélio
são frequentemente globosas e de superfície convexa (Figura 4.20 A), também chamadas de células em
abóbada. Quando a bexiga está cheia o número de camadas parece diminuir, o epitélio se torna mais
delgado e muitas células superficiais tornam-se achatadas (Figura 4.20 B).
Principais características
Lâminas basais e membranas basais
Entre as células epiteliais e o tecido conjuntivo subjacente há uma delgada lâmina de
moléculas chamada lâmina basal. Esta estrutura só é visível ao microscópio eletrônico, aparecendo
como uma camada elétron-densa que mede 20 a 100 nm de espessura, formada por uma delicada rede
de delgadas fibrilas (lâmina densa).
As lâminas basais podem ainda apresentar camadas elétronlucentes em um ou em ambos os
lados da lâmina densa, chamadas de lâminas lúcidas. Os componentes principais das lâminas basais
são:
i. colágeno tipo IV;
ii. as glicoproteínas laminina e entactina e proteoglicanos (p. ex., perlecan, um proteoglicano de
sulfato de heparana).
iii. Lâmina Basal: rede de delgadas fibrilas (lâmina densa) e lâminas lúcidas
A lâmina basal se prende ao tecido conjuntivo por meio de fibrilas de ancoragem constituídas
por colágeno tipo VII. As lâminas basais entre as camadas de células epiteliais muito próximas entre
si, como nos alvéolos pulmonares e nos glomérulos renais, são mais espessas, pois resultam da fusão
das lâminas basais de cada uma das camadas de células epiteliais.
Funções: estrutural, filtração de moléculas, polaridade das células, regular a proliferação e
diferenciação celular, influi no metabolismo celular, serve como caminho e suporte para migração
das células, etc.
Lâminas basais e membranas basais
Lâminas basais existem não só em tecidos epiteliais, mas também onde outros tipos de células
entram em contato com tecido conjuntivo. Ao redor de células musculares, células adiposas e células
de Schwann a lâmina basal forma uma barreira que limita ou controla a troca de macromoléculas
entre essas células e o tecido conjuntivo. Os componentes das lâminas basais são secretados pelas
células epiteliais, musculares, adiposas e de Schwann. Em alguns casos, fibras reticulares
(produzidas por células do tecido conjuntivo) estão intimamente associadas à lâmina basal,
constituindo a lâmina reticular .
Lâminas basais e membranas basais
Membrana basal: formada pela fusão de duas lâminas basais ou de uma lâmina basal e uma lâmina
reticular.

.
Polaridade
Em muitas células epiteliais a distribuição de organelas na porção do citoplasma apoiada
na lâmina basal (polo basal da célula) é diferente das organelas encontradas no citoplasma da porção
livre da célula (polo apical); a esta diferente distribuição, que é constante nos vários tipos de
epitélios, dá-se o nome de polaridade das células epiteliais. Isso significa que diferentes partes dessas
células podem ter diferentes funções.
A membrana plasmática das células epiteliais pode ter composição molecular diferente
em seus diferentes polos.

Inervação
A maioria dos tecidos epiteliais é ricamente inervada por terminações nervosas provenientes
de plexos nervosos originários da lâmina própria. Todos conhecem a grande sensibilidade da córnea,
o epitélio que cobre a superfície anterior do olho. Essa sensibilidade se deve ao grande número de
fibras nervosas sensoriais que se ramificam entre células epiteliais da córnea.
Além da inervação sensorial, o funcionamento de muitas células epiteliais secretoras depende de
inervação que estimula ou inibe sua atividade.
Vascularização
Com raras exceções, os vasos sanguíneos não penetram nos epitélios e, portanto, todos os
nutrientes das células epiteliais devem vir dos capilares sanguíneos existentes no tecido conjuntivo
subjacente. Esses nutrientes se difundem pela lâmina basal e entram nas células epiteliais através da
sua superfície basal e lateral (superfície basolateral), frequentemente por processos dependentes de
energia. Receptores para mensageiros químicos (p. ex., hormônios, neurotransmissores) que
influenciam a atividade das células epiteliais estão localizados na superfície basolateral.
Em células secretoras, frequentemente há organelas de síntese na porção basal, grãos de
secreção na porção apical e complexo de Golgi entre essas duas regiões. Um bom exemplo desse tipo
de polaridade é o das células dos ácinos serosos.
Em células epiteliais que têm intensa atividade de absorção, a membrana apical pode ter
proteínas integrais de membrana que são enzimas, como dissacaridases e peptidases, que completam
a digestão de moléculas a serem absorvidas.
A diferença molecular entre as várias porções da membrana é provavelmente mantida por
junções estreitas que impedem que proteínas integrais da membrana de uma região passem para outra
região.
Polaridade
Em muitas células epiteliais a distribuição de organelas na porção do citoplasma apoiada nalâmina
basal (polo basal da célula) é diferente das organelas encontradas no citoplasma da porção
livre da célula (polo apical); a esta diferente distribuição, que é constante nos vários tipos de
epitélios, dá-se o nome de polaridade das células epiteliais. Isso significa que diferentes partes
dessas células podem ter diferentes funções. A membrana plasmática das células epiteliais pode ter
composição molecular diferente em seus diferentes polos
Epitélios glandulares

Os epitélios glandulares são constituídos por células especializadas na atividade de


secreção. As células epiteliais glandulares podem sintetizar, armazenar e eliminar proteínas (p.
ex., o pâncreas), lipídios (p. ex., a adrenal e as glândulas sebáceas) ou complexos de
carboidrato e proteínas (p. ex., as glândulas salivares). As glândulas mamárias secretam todos
os três tipos de substâncias. Menos comuns são as células de glândulas que têm baixa
atividade sintética (p. ex., as glândulas sudoríparas), cuja secreção é constituída
principalmente por substâncias transportadas do sangue ao lúmen da glândula.
As moléculas a serem secretadas são em geral temporariamente armazenadas nas
células em pequenas vesículas envolvidas por uma membrana, chamadas de grânulos de
secreção.
Classificação
Os epitélios que constituem as glândulas do corpo podem ser classificados de acordo com
vários critérios:
i. Há glândulas unicelulares e multicelulares. Um exemplo de glândula unicelular é a célula
caliciforme, encontrada no revestimento do intestino delgado ou do trato respiratório. O termo
“glândula”, porém, é normalmente mais usado para designar agregados multicelulares, maiores e
mais complexos de células epiteliais glandulares;
ii. As glândulas (unicelulares e multicelulares) são também classificadas quanto o destino de suas
secreções.
• As glândulas exócrinas - Do grego Exo, fora e Krinéin, segregar, separar. Estas glâdulas
lançam suas secreções para o exterior do corpo e mantêm sua conexão com o epitélio do qual se
originaram. Essa conexão toma a forma de ductos tubulares constituídos por células epiteliais e,
através desses ductos, as secreções são eliminadas, alcançando a superfície do corpo ou uma
cavidade;
• As glândulas endócrinas - Do grego Endo, dentro e Krinéin, segregar, separar. Essas
glândulas, não têm ductos, e suas secreções são lançadas no sangue e transportadas para o seu
local de ação pela circulação sanguínea. A conexão com o epitélio é obliterada e reabsorvida
durante o desenvolvimento embrionário e fetal.
Classificação
Classificação
iii. De acordo com as duas porções (em glândulas exócrinas ): ductos excretores que transportam a
secreção eliminada pelas células, e a porção secretora constituída pelas células responsáveis pelo
processo secretório.
• Ductos excretores- As glândulas simples têm somente um ducto não ramificado, enquanto as
glândulas compostas têm ductos ramificados;
• Porção secretora - A organização celular da porção secretora representa um segundo critério
para a classificação das glândulas exócrinas. Dependendo da forma de sua porção secretora, as
glândulas simples podem ser tubulares (cuja porção secretora tem o formato de um tubo),
tubulares enoveladas, tubulares ramificadas ou acinosas (cuja porção secretora é esférica ou
arredondada). As glândulas compostas podem ser tubulares, acinosas ou mistas
tubuloacinosas.
Alguns órgãos têm funções tanto endócrinas como exócrinas (mistas), e um só tipo de célula
pode funcionar de ambas as maneiras – por exemplo, no fígado, no qual células que secretam bile
através de um sistema de ductos também secretam produtos na circulação sanguínea. Em outros
órgãos, algumas células são especializadas em secreção exócrina e outras em secreção endócrina; no
pâncreas, por exemplo, as células acinosas secretam enzimas digestivas na cavidade intestinal,
enquanto as células das ilhotas de Langerhans secretam insulina e glucagon no sangue.
Classificação
Classificação
Classificação
iv. De acordo com o modo pelo qual os produtos de secreção deixam a célula, as glândulas podem
ser classificadas em merócrinas, holócrinas ou apócrinas.
• Nas glândulas merócrinas (p. ex., o pâncreas) a secreção acumulada em grãos de secreção é liberada pela
célula por meio de exocitose, sem perda de outro material celular;
• Nas glândulas holócrinas (p. ex., as glândulas sebáceas) o produto de secreção é eliminado juntamente
com toda a célula, processo que envolve a destruição das células repletas de secreção;
• Nas glândulas apócrinas, um tipo intermediário, encontrada na glândula mamária, em que o produto de
secreção é descarregado junto com pequenas porções do citoplasma apical.
Classificação
Ácinos serosos e túbulos mucosos

Dois tipos de glândulas multicelulares muito comuns e muito importantes são o ácino seroso e o
túbulo mucoso.
i. Os ácinos serosos são pequenas porções secretoras formadas por células colunares ou piramidais.
Apresentam um lúmen bastante reduzido, o qual se continua por um ducto excretor. Os núcleos
das células acinosas são arredondados e se situam na porção basal da célula. A região basal das
células acinosas contém muito RNA e se cora bem pela hematoxilina, enquanto a região apical é
ocupada por grãos de secreção e, por essa razão, cora-se em rosa pela eosina. Mais adiante, será
analisado o processo de secreção dessas célula.
ii. Os túbulos mucosos, como o nome indica, são estruturas alongadas, tubulares, às vezes únicas, às
vezes ramificadas. Apresentam um lúmen dilatado que se continua com um ducto excretor. Suas
células são largas, geralmente piramidais. Seus núcleos geralmente têm cromatina condensada e
se coram fortemente pela hematoxilina. Esses núcleos costumam ficar “deitados” contra a base da
célula. Ao contrário das células acinosas, seu citoplasma é pouco corado, em azul-claro. Algumas
glândulas (p. ex., a glândula salivar submandibular) são formadas tanto por ácinos serosos como
por túbulos mucosos.
Classificação
Resumo
Resumo
Referências
Alberts B, Jonhson A, Lewis J, Raff M, Roberts K, Walter P. Biologia Molecular da
Célula 2017. 6º Ed. Artmed LTDA 1463 p.
L.C.Junqueira e José Carneiro. Histologia básica - 12. ed. - Rio de Janeiro : Guanabara
Koogan, 2013.
Kierszenbaum, Abraham L. Histologia e biologia celular : uma introdução à patologia -
Rio de Janeiro : Elsevier, 2012.

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