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PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
MOSSORÓ
2018
JULIANA RAFAEL DE QUEIROZ
MOSSORÓ
2018
JULIANA RAFAEL DE QUEIROZ
A Deus, por ter me sustentado até aqui, permitido que eu seguisse forte para a
realização desse sonho.
A minha filha Letícia, que mesmo tão pequena sempre foi minha fonte de forças
nos momentos mais difíceis, de onde eu sempre tirei todo o significado e ânimo para
continuar.
Ao meu esposo João Werley, por toda a compreensão e apoio nos momentos
mais difíceis dessa jornada.
Aos meus pais, Itêonio Queiroz e Socorro Rafael , que mesmo longe sempre se
fizeram tão presentes em todos os momentos.
Aos meus irmãos, Igor Rafael e Italo Sorac, por todo o apoio e cuidado comigo
desde o início até hoje.
A minha professora e orientadora, Maria Rociene Abrantes, que me deu toda
assistência e orientação necessária, com paciência e sabedoria, para a confecção desse
trabalho.
As minhas amigas de faculdade Lorena Nogueira, Iandra,Rebouças, Viviane
Medeiros, Thayane Cunha e Aline Rosendo, que sempre estiveram comigo nos
momentos de alegria e tristeza. Que mesmo ao terminarem o curso continuaram comigo
me ajudando e dando forças.
Aos médicos veterinários do hospital veterinário da instituição por terem
compartilhado seus conhecimentos. Em especial á Kayana Marques que muito me
ensinou durante o estágio.
Ao professor Eraldo Calado, por toda a compreensão e apoio no período de
minha gestação e licença.
RESUMO
ºC Graus Celsius
% Porcentagem
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................12
2. OBJETIVOS..............................................................................................................14
2.1. Objetivos geral........................................................................................14
2.2. Objetivo específico.................................................................................14
3. REVISÃO LITERÁRIA...........................................................................................15
3.1 Etiologia .....................................................................................................15
3.2 Fisiopatologia e epidemiologia...........................................................16
3.3 Transmissão .............................................................................................16
3.4 Sinais clínicos............................................................................................17
3.5 Diagnóstico................................................................................................19
3.6 Tratamento..................................................................................20
3.6.1Autohemoterapia..................................................................................21
3.7 Prognóstico...........................................................................................................22
4. METODOLOGIA .....................................................................................................23
4.1 Local do estágio.......................................................................................23
4.2 Rotina do hospital...................................................................................25
4.3 Rotina do estágio.....................................................................................25
5. RELATO DE CASO..................................................................................................27
6. RESULTADOS E DUSCUSSÃO.............................................................................35
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................39
REFERÊNCIAS.............................................................................................................40
1. INTRODUÇÃO
12
Dessa forma, o objetivo do estudo foi avaliar o uso da auto-hemoterapia no
tratamento da papilomatose oral canina atendido no Hospital Veterinário Dix-Huit
Rosado Maia-HOVET, na Universidade Federal Rural do Semi-Árido -UFERSA,
Mossoró/RN.
13
2. OBJETIVOS
14
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Etiologia
15
3.2 Fisiopatologia e epidemiologia
Uma vez que os PVs entra em contato com um epitélio mucocutâneo, ocorre a
infecção de células basais, resultando na produção de pequenas cópias de DNA circular
de PV dentro da célula (SCHILLER; DAY; KINES, 2010).
Como os PVs completam seu ciclo de vida promovendo a proliferação de células
epiteliais, a histologia de uma lesão induzida pelo PV irá revelar espessamento do
epitélio. Se o PV induzir proliferação marcante de células epiteliais, isso pode causar o
enrolamento do epitélio espessado e um papiloma. Os Papilomavírus que promovem
apenas moderadamente a replicação epitelial contêm um espessamento epidérmico mais
moderado que geralmente aparece como uma placa elevada. A presença de replicação
viral dentro de uma lesão pode ser visível histologicamente como alterações celulares
induzidas por PV que poderiam incluir células aumentadas com um núcleo encolhido
cercado por um halo citoplasmático claro, células com quantidades aumentadas de
citoplasma fibrilar cinza ou azul, células com inclusões intracitoplasmáticas ou células
com núcleos vesiculares aumentados. Inclusões intra-nucleares podem ser visíveis,
embora possam ser transitórias e difíceis de diferenciar dos nucléolos. A aglomeração
de grânulos de queratina e hialina na camada de células granulares também está
frequentemente presente dentro de lesões induzidas por PV (MUNDAY et al., 2017).
Os papilomas orais causados pelo PVs oral canino são comuns em cães jovens.
A epidemiologia da infecção pelo PV ainda é pouco compreendida (LANGE et al.,
2011). Wall e Calvert (2006), referem que não há predileção por sexo, raça e
sazonalidade na ocorrência da doença, podendo ocorrer em qualquer animal em
condições favoráveis ao vírus.
A morbidade é alta em canis, hospitais veterinários, clínicas ou ambientes
similares com alto fluxo e rotatividade de animais, podendo acometer ninhadas inteiras.
Todavia, a mortalidade é baixa, exceto nos casos com complicações secundárias que
comprometam o estado geral do animal (CORRÊA; CORRÊA, 1992).
3.3 Transmissão
16
eletrônica, a evidência de uma etiologia do PV foi sugerida em 1969 e o primeira PV
canina foi totalmente sequenciado em 1994 (MUNDAY et al., 2017).
Há relatos de surtos de papilomatose oral canina, sugerindo que a doença pode
ser adquirida através do contato com cães afetados. No entanto, uma vez que os cães são
comumente infectados de forma inaparente pelo vírus, evitar cães com papilomas pode
não ser suficiente para prevenir a doença (LANGE et al., 2011).
De acordo com Calvert (2006), a papilomatose canina pode ser transmitida por
contato direto ou indireto com secreções ou sangue provenientes dos papilomas
presentes em animais contaminados. A inoculação do Papilomavírus oral canino através
de solução de continuidade presente na epiderme ou no epitélio mucoso do animal
favoreça a infecção, mas esta pode ocorrer também em decorrência de transmissão
iatrogênica, utilizando-se instrumentos contaminados; fômites.
Os cães, após terem sido acometidos por infecções naturais ou experimentais se
tornam imunes à papilomatose canina desencadeada pelo vírus. Parece que a imunidade
humoral tem importância na prevenção da infecção, mas que esta não é efetiva na
regressão das lesões. Após a regressão completa das verrugas, o animal se torna
resistente à uma reinfecção pelo mesmo tipo viral anteriormente instalado durante um
período, através de uma imunidade mediada por anticorpos neutralizantes produzidos
contra as proteínas (ZEE, 2003).
17
grande número de partículas virais. Tais infecções causam hiperplasia epitelial marcada
que é visível clinicamente como um papiloma (verrugas) (MUNDAY, 2014).
Na maioria dos cães e gatos, a infecção por PVs é inaparente (THOMSON;
DUNOWSKA; MUNDAY, 2015). Essas infecções geralmente não resultam em
hiperplasia epitelial clinicamente visível, porque o sistema imunológico é capaz de
impedir que o PV altere de maneira marcante a regulação normal das células epiteliais
(EGAWA; DOORBAR, 2017). No entanto, se mudanças no hospedeiro permitirem
maior expressão da proteína desse vírus, a hiperplasia epitelial resultante pode produzir
uma lesão. Atualmente, os fatores do hospedeiro que determinam se a infecção por PV
causará ou não uma lesão hiperplásica visível é pouco compreendida. Entretanto, a
imunossupressão parece predispor ao desenvolvimento de algumas lesões induzidas por
PVs e o aumento da frequência de placas pigmentadas em certas raças de cães sugere
que, fatores genéticos também podem influenciar se uma infecção por PV permanece
assintomática ou resulta em doença clínica (NARAMA et al., 2005; LUFF et al., 2016).
O desenvolvimento da papilomatose oral resulta no desenvolvimento de
anticorpos que previnem novas infecções pelo PV. No entanto, é provável que alguns
cães permaneçam aparentemente infectados após a resolução dos papilomas iniciais
(DOORBAR et al., 2012). A maioria dos cães não apresenta sinais sistêmicos da
doença, embora haja relatos de doença extensa que interfere na alimentação ou na
respiração. A histopatologia revela uma massa exofítica composta por epitélio dobrado
e espessado, frequentemente com numerosas alterações celulares induzidas por PV
(MUNDAY et al., 2017).
Uma vez que a maioria das replicaçãoes virais ocorrem nas camadas epiteliais
externas na ausência de lise celular, as infecções por PVs frequentemente provocam
apenas uma fraca resposta imunitária do hospedeiro (DOORBAR, 2006). O
desenvolvimento de uma resposta mediada por células resulta na resolução de infecções
estabelecidas (EGAWA; DOORBAR, 2017). Uma vez que existe uma variação
individual significativa no tempo que o corpo leva para montar uma resposta mediada
por células, há também uma variação no tempo necessário para resolver um papiloma
clinicamente visível, além do atraso em animais imunossuprimidos (MUNDAY et al.,
2017).
Nos animais com doenças imunossupressivas ou debilitantes (erliquiose,
cinomose, parvovirose) torna-se favorável a replicação e a manifestação clínica do
Papillomavirus. Geralmente animais que sofreram infecção e regressão total dos
18
papilomas se tornam resistentes a reinfecção. No entanto, podem ocorrer casos de
recidiva dos papilomas devido ao não estabelecimento da resposta imune adequada ou
por deficiências a imunidade do animal (WALL; CALVERT, 2006).
3.5 Diagnóstico
19
método de baixa especificidade e sensibilidade, e exige a presença de grande
concentração de proteínas virais. Os métodos sorológicos ainda estão em estudo.
A impossibilidade de cultivo dos papilomavírus em sistemas in vitro tem
direcionado o desenvolvimento de técnicas de diagnóstico baseadas na identificação do
DNA viral. As principais incluem a hibridização de ácido nucléico e a reação em cadeia
da polimerase. O PCR tem sido amplamente utilizado para o diagnóstico e a
caracterização molecular dos papilomavírus com bons níveis de sensibilidade e
especificidade, e os segmentos dos genes L1 são os mais utilizados para a amplificação
tanto com objetivo de diagnóstico, quanto para a caracterização molecular de novas
espécies e tipos virais. Os diferentes métodos de hibridização foram desenvolvidos para
a detecção do DNA do papilomavírus em fragmentos de tecidos e em esfregaços,
incluindo a técnica de Southern blot, um método muito valioso com intuito de pesquisa.
A técnica Dot blot, a hibridização in situ e a hibridização in situ com filtro, todas
consideradas variações do método de hibridização. Em geral, todas essas técnicas
possuem o limiar de detecção do DNA variável e esses métodos apresentam baixa
sensibilidade e especificidade (FLORES, 2006).
3.6 Tratamento
20
ou persistentes após os demais tratamentos não invasivos (MEGID et al., 2001;
FERNANDES et al., 2009).
Como forma de tratamento há no mercado algumas formulações que podem ser
utilizadas e há tratamentos homeopáticos. Sobre os homeopáticos, Fernandes et al.
(2009), relataram o fármaco Thuya 30CH (0,5ml/animal, por via oral, a cada 12 horas,
durante 15 dias seguidos ou mais) e, em seguida, Nitric acid 30CH (na mesma dosagem,
via oral, a cada 12 horas, por três dias consecutivos). De acordo com Monteiro e Coelho
(2008), a ação da tintura alcoólica da Thuya parece estar relacionada à presença de um
óleo volátil em sua composição que é imunoestimulante e purificador sanguíneo. Estes
autores também citaram que a tintura-mãe da planta Thuya occidentalis pode ser
utilizada de forma tópica nos papilomas.
Biricik et al. (2008), ainda relataram a utilização do antimicrobiano taurolidina
em cães jovens com papilomatose oral, por via intravenosa, na dose de 45mg/kg
associado com solução Ringer, a cada três dias, com resultados promissores após a
quinta aplicação do produto e sem a ocorrência de efeitos adversos. Segundo esses
autores, a taurolidina possui propriedade imunomoduladora, minimizando o
crescimento e propagação dos papilomas e que até o presente momento, não há outros
relatos na literatura sobre o uso desse fármaco em tal afecção oral.
Oferecer alimentação de boa qualidade ao paciente e mantê-lo em ambiente com
poucos fatores estressantes também favorecem a eficácia do tratamento da doença, além
de evitar casos de recorrências (HARTMANN et al., 2002; FERNANDES et al., 2009).
3.6.1 Auto-hemoterapia
21
A auto-hemoterapia promove a ativação do SMF através do aumento da taxa de
macrófagos de 5% para 22% mantendo esta taxa por 5 dias, logo em seguida a taxa
começa a declinar, voltando ao seu valor basal no sétimo dia, sendo indicado a repetição
a cada 7 dias (MOURA; 2011). O sangue venoso extraído é rico em CO² (gás
carbônico) e em contato com a seringa (corpo estranho), provoca modificações físico-
químicas na estrutura da hemácia, por isso quando injetado no organismo atua como
uma proteína estranha. As proteínas por sua vez, tem efeito um estimulante sobre o
sistema simpático e parassimpático, desencadeando reações vasomotoras e teciduais em
todo organismo, assim como a ação do SMF estimulado pela auto-hemoterapia
(TEIXEIRA, 1940). Satin e Brito (2004), relatam que os produtos da degradação
eritrocitária estimulam eritropoiese ao ativar o sistema imune, permitindo a manutenção
da homeostasia.
3.7 Prognóstico
22
4. METODOLOGIA
23
Figura 2: Consultório do Hospital Veterinário Dix-Huit Rosado Maia – UFERSA,
Mossoró-RN, 2018.
24
Figura 4: Farmácia do Hospital Veterinário Dix-Huit Rosado Maia – UFERSA,
Mossoró-RN, 2018.
25
O setor de clínica médica de pequenos animais conta com dois médicos
veterinários efetivos, cinco médicos veterinários residentes e estagiários em diferentes
semestres do curso de medicina veterinária, podendo haver discentes da instituição ou
de outras instituições.
26
5. RELATO DE CASO
27
verificado os papilomas na cavidade oral, hiporexia, normodipsia e normoquesia.
Verificou-se a presença de papilomas na cavidade oral do animal, de forma que estavam
dificultando a ingestão de água e comida pelo mesmo
Visando avaliar o animal de uma forma mais específica foram solicitados
exames complementares, como o hemograma completo (eritograma, leucograma e
hematoscopia) (Tabela 1).
Tabela 1: Resultado do hemograma de um cão atendido no Hospital Veterinário Dix-
Huit Rosado Maia, UFERSA, Mossoró/RN, 2018.
HEMOGRAMA COMPLETO
ERITOGRAMA VALORES VALORES DE DE REF.
EM CÃES
Hemácias 4,02 milhões/mm 6 – 7 milhões/mm
Hemoglobina 8,6 g/dl 14 – 17 g/dl
Hematócrito 26 % 40 – 47 %
VCM 66 fL 65 – 78 fL
CHCM 32 % 30 – 35 %
LEUCOGRAMA
Leucócitos 27.500./mm 9 – 15 mil/mm
Neutrófilos % (Ref. %) ABSOLUTO (Ref.)
Segmentados 85 (55 – 70) 23375 (4950-10500)/mm
Bastonetes 0 (0 – 1) 0 (0-150)/mm
Metamielócitos 0 (0) 0 (0)/mm
Mielócitos 0 (0) 0 (0)/mm
Eosinófilos 1 (1 – 6) 275 (150-900)/mm
Basófilos 0 (0 – 1) 0 (0-150)/mm
Linfócito 5 (20 – 40) 1375 (1800-6000)/mm
Monócitos 9(2 – 8) 2475 (180-1200)/mm
Plasmócito 0 (0) 0 (0)/mm
HEMATOSCOPIA
Plaquetas 402 mil/mm (Ref. 180 – 500 mil/mm)
Morfologia: Anisiocitose e hipocromia leves
Plaquetas gigantes
Presença de Anaplasma platys e Hepatozoon sp.
Fonte: Laboratório de patologia do Hospital Veterinário Dix-Huit Rosado Maia/UFERSA,
2018.
28
possível ver o demódex na lâmina após a fixação através de análise microscópica.
Também foi realizado no animal punções de medula e linfononos.
Diante dos sintomas, testes diagnósticos e das alterações avaliadas durante o
exame clínico, o animal foi diagnosticado com Demodicose, Cinomose e Papilomas
Bucais. Perante este fato, foram prescritos os seguintes medicamentos para o controle e
cura das patologias: Infervac® 1ml IM a cada sete dias, totalizando 4 aplicações
(indicado para melhorar a imunidade do animal a fim de corrigir também a
papilomatose), Ivermectan Pet®3mg na dose de 0,5mg/kg durante 60 dias (indicado
para o tratamento de sarna demodécica), mupirocina duas vezes por dia durante 15 dias
(indicado para o tratamento tópico de infecções dermatológicas), Simparic ® 10mg 1
dose a cada 30 dias, 3 doses no total, (indicado para o tratamento de sarna demodécica)
e banhos com Amitraz 4ml/L a cada 7 dias).
No dia 30/05/2018, o cão retornou e após a análise do hemograma pôde-se
verificar que o animal apresentava Anaplasma Platys e Hepatozoon sp. Durante o
atendimento foi realizado a aplicação de Atropina 0,7ml SC e Diazen® 0,2ml SC
recomendados para ser repetidos após 14 dias ambos (Antiparasitário; indicado para o
tratamento de anaplasmose).
Após 35 dias de tratamento, no dia 05/07/2018, o animal retornou para uma nova
avaliação e verificou-se uma melhora com o tratamento. Neste período já havia
terminado as aplicações do Infervac®, mupirocina e Simparic ®. Em relação à pele, já
havia grande melhora do quadro de Demodicose, as lesões estavam quase que
totalmente curadas, não havia mais prurido e já havia presença de pelo na maioria do
corpo. Quanto à cinomose, não havia mais nenhum tipo de sintoma de doença viral. Já
em relação aos papilomas, estes aumentaram significantemente em tamanho e
quantidade, não havendo nenhuma melhora com o tratamento (Figura 6).
29
Fonte: Acervo pessoal (2018).
Diante do quadro clínico do animal, foi sugerido uma nova terapia para os
papilomas. Desta vez, foi prescrito a manipulação de Thuya Occcidentalis 30CH,
administrado 5 gotas por via oral a cada 24 horas durante 30 dias, e Thuya Avícola
administrado de forma tópica diretamente na base dos papilomas a cada 12h durante 15
dias. Além destes, também foi recomendado o tratamento através da auto-hemoterapia.
Após a autorização da proprietária por meio de um termo, ficou definido que em 5 dias
o animal retornaria para avaliação e assim avaliar o quadro clínico do animal, em
ausência de melhora pelo tratamento tópico e oral seria iniciado a auto-hemoterapia em
um protocolo de 4 aplicações inicialmente (podendo ser mais), com intervalos de 7 dias
cada.
Após 5 dias, no dia 10/07/2018, o animal retornou e constatou-se que não houve
melhora do animal e com o Hemograma favorável (Tabela 2), foi realizada a primeira
sessão de auto-hemoterapia (Figura 7).
30
Tabela 2: Resultado do hemograma de um cão atendido no Hospital Veterinário Dix-
Huit Rosado Maia, UFERSA, Mossoró/RN, 2018.
HEMOGRAMA COMPLETO
ERITOGRAMA VALORES VALORES DE DE REF.
EM CÃES
Hemácias 4,02 milhões/mm 6 – 7 milhões/mm
Hemoglobina 10,6 g/dl 14 – 17 g/dl
Hematócrito 34 % 40 – 47 %
VCM 63 fL 65 – 78 fL
CHCM 31 % 30 – 35 %
LEUCOGRAMA
Leucócitos 12.100./mm 9 – 15 mil/mm
Neutrófilos % (Ref. %) ABSOLUTO (Ref.)
Segmentados 76 (55 – 70) 9196 (4950-10500)/mm
Bastonetes 0 (0 – 1) 0 (0-150)/mm
Metamielócitos 0 (0) 0 (0)/mm
Mielócitos 0 (0) 0 (0)/mm
Eosinófilos 5 (1 – 6) 605 (150-900)/mm
Basófilos 0 (0 – 1) 0 (0-150)/mm
Linfócito 11 (20 – 40) 1331 (1800-6000)/mm
Monócitos 8(2 – 8) 968 (180-1200)/mm
Plasmócito 0 (0) 0 (0)/mm
HEMATOSCOPIA
Plaquetas 402 mil/mm (Ref. 180 – 500 mil/mm)
BIOQUÍMICAS SERICAS
TGP/ALT 34 UI/L (Ref. 21 – 73 UI/L)
Proteínas totais 7,1 g/Dl (Ref. 5.8 – 7,9 g/dL)
Creatinina 1 mg/dL (Ref. 0,5 – 1,5 mg/dL)
Fonte: Laboratório de patologia do Hospital Veterinário Dix-Huit Rosado
Maia/UFERSA, 2018.
31
Figura 7: Procedimento de auto-hemoterapia em cão no Hospital Veterinário Dix-Huit
Rosado Maia - UFERSA, Mossoró-RN, 2018.
10/07/2018 X X X X X X X X X
16/07/2018 X X X X X X X X X
24/07/2018 X X X X R.C X X X R.C
31/07/2018 X X X X X X X X X
X - Presença de papilomas naquela região no dia avaliado
R.C - Remoção cirúrgica.
32
Foi montado um cronograma terapêutico de auto-hemoterapia específico para o
animal, levando em consideração sua idade, peso, raça e condições de saúde no
momento do tratamento. Após avaliação clínica e análise do hemograma ficou definido
o seguinte cronograma terapêutico descrito na tabela 4.
33
Após a primeira sessoão, verificou-se a necessidade de realizar a retirada
cirúrgica de papilomas da cavidade oral no animal, pois o mesmo estava com
dificuldades de se alimentar e ingerir água devido ao tamanho e crescimento dos
papilomas (Figura 8).
34
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
35
Durante o exame clínico foi verificado a presença dos papilomas em toda a
cavidade oral do animal. Lesões na cavidade oral são a principal forma de apresentação
clínica da papilomatose nos cães e Segundo Chambers (1990), esta patologia ocorre
preferencialmente na boca acometendo lábios, língua, palato, mucosa da faringe e
esôfago.
Além dos sintomas de demodicose e cinomose apresentados pelo animal, o
mesmo ainda tinha ptialismo, halitose, infecções bacterianas secundárias, acompanhada
por secreção purulenta na região dos papilomas, que são complicações clínicas
observadas na doença em cães e relatados por Calvert (1998).
Os papilomas geralmente se apresentam com aspecto de verrugas e com a
consistência dura. A coloração pode variar da tonalidade branco acinzentada a negra,
com superfícies ásperas e friáveis que se destacam facilmente gerando as hemorragias.
As lesões variam de pequenos nódulos circunscritos – menores que 0,5 cm de diâmetro
– até grandes massas desuniformes, popularmente denominadas “couve-flor” ou
“verrugas” (CALVERT, 1998), como observado no cão do relato. (Figura 9).
Segundo Santos et al. (2011), nos casos que necessitam de tratamento, indica-se
a identificação e correção da causa primária de imunossupressão no animal, associada a
36
exérese cirúrgica dos papilomas, assim como eletrocirurgia, crioterapia com nitrogênio
líquido, administração de fármacos antivirais e homeopáticos, realização de auto-
hemoterapia, aplicação de vacina autógena, medicamentos imunomoduladores. Após o
tratamento realizado para cinomose e demodicose, esperava-se que a imunidade do
animal voltasse ao normal e o próprio sistema imunológico começasse a reagir contra os
papilomas, o que não foi verificado.
Através da análise dos hemogramas um achado importante foi a persistência da
linfopenia mesmo após os tratamentos. A linfopenia é considerada uma característica
marcante da infecção do Vírus da Cinomose Canina (VCC), mas pode estar ausente em
alguns casos por não ser um achado específico. Mangia (2011), observou uma
linfopenia persistente em tratamentos de animais com cinomose. Também pode ser
justificada pela atrofia e necrose do tecido linfoide, causada pelo vírus.
Geralmente cães que sofreram infecção e regressão total dos papilomas se
tornam resistentes a reinfecção. No entanto, podem ocorrer casos de recidiva dos
papilomas devido ao não estabelecimento da resposta imune adequada ou por
deficiências da imunidade do animal susceptível (WALL; CALVERT, 2006).
Como não houve a resposta imunológica esperada pelo animal e a quantidade de
papilomas aumentou significativamente, foi iniciado o tratamento homeopático citado
por Fernandes et al. (2009), com o fármaco Thuya 30CH e com a Thuya Avícola,
conforme prescrição já relatado anteriormente. De acordo com Monteiro e Coelho
(2008), a ação da tintura alcoólica da Thuya parece estar relacionada à presença de um
óleo volátil em sua composição que é imunoestimulante e purificador sanguíneo. Estes
autores também citaram que a tintura-mãe da planta Thuya occidentalis deve ser
utilizada de forma tópica nos papilomas.
Associado ao uso das Thuyas, foi realizado a auto-hemoterapia, que consiste na
retirada de sangue venoso do animal acometido por papilomatose (aproximadamente 2
mililitros de sangue sem anticoagulante) e aplicado nele mesmo imediatamente, por via
intramuscular. Esse procedimento foi relatado por Silva (2011), com a finalidade de
estimular o sistema imunológico pela ativação do sistema mononuclear fagocitário, o
que pode aumentar o número de anticorpos circulantes, com custo relativamente baixo.
Essa técnica também pode ser chamada de terapia do soro, imunoterapia, auto-
hemotransfusão ou transfusão de sangue autólogo (SHAKMAN, 2007). Todos os
cuidados necessários foram tomados na autoterapia, pois essa prática pode causar
reações adversas imediatas ou tardias, de gravidade imprevisível, ressaltando-se que o
37
risco e a gravidade destas reações aumentam quando o procedimento é realizado por
pessoas não habilitadas ou pelo próprio paciente (LEITE, 2008). O método é seguro,
porém não isento de complicações. Deve ser praticado e indicado através de
profissionais da saúde habilitados e em local adequado, sendo este caso realizado no
Hospital Veterinário da Universidade Federal Rural do Semi-árido em Mossoró,
realizado por profissional qualificado.
Sabemos que terapia através da injeção do sangue autólogo, praticada e
supervisionada por profissionais não pode ser proibida, nem se constituir em ato
criminoso ou antiético (OLIVEIRA JR, 2007). Ressalta-se ainda que os procedimentos
da imunoterapias específica e inespecífica podem ser aplicados a todos os tipos de
patologias, pelo fato de que na maioria das doenças infecciosas, parasitárias,
neoplásicas, degenerativas e auto-imunes o sistema imune está sempre envolvido no
desenvolvimento de todo o processo - início, evolução, controle e cura(VERONESI,
1976).
Ao final das quatro aplicações de auto-hemoterapia, o animal continuava com os
papilomas orais. Mesmo após a retirada cirúrgica, estes voltaram a desenvolver-se.
Comprovando-se a ineficácia da terapia para este animal em questão, um novo
protocolo terapêutico foi feito com o objetivo de promover a remissão dos papilomas.
A papilomatose é uma doença viral que se estabelece principalmente quando o
animal tem uma queda na imunidade, e geralmente regride quando a imunidade se
reestabelece. Podendo ainda persistir ou recidivar em cães imunossuprimidos. Portanto,
podemos atribuir a persistência dos papilomas do animal citado neste relato à presença
de uma doença imunossupressiva (cinomose) aliado à falta de imunização precoce
(vacinas), e ainda á possibilidade de possíveis fatores de resistência ao tratamento
inerentes ao mesmo.
Há na escassa literatura relatos positivos ao uso de homeopáticos e auto-
hemoterapia no tratamento de Papilomatose oral canina. Pois essas técnicas são
comprovadamente capazes de estimular o sistema imunológico dos animas e torná-lo
capaz de combater e acabar com esta patologia.
38
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
39
REFERÊNCIAS
CESARINO M, ÁVILLA DF, FERNANDES CC, SILVA CB, SCHERER DL, DIAS
TA, MENDONÇA CS, CASTRO JR. Efeito da autohemoterapia associada com
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