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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI


E DAS MISSÕES
CÂMPUS DE ERECHIM
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

TAMIRES DURANTI GASS

ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO


TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ERECHIM - RS
2023
1

TAMIRES DURANTI GASS

ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO


TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Área de Realização: Clínica Médica e Cirúrgica
de Pequenos e Grandes Animais

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial à
obtenção do grau de Bacharel em
Medicina Veterinária, Departamento de
Ciências Agrárias da Universidade
Regional Integrada do Alto Uruguai e
das Missões – Campus de Erechim.

Orientador: Rodrigo de Oliveira Grando

ERECHIM - RS
2023
2

TAMIRES DURANTI GASS

ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO


TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Área de Realização: Clínica Médica e Cirúrgica de
Pequenos e Grandes Animais

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial à
obtenção do grau de Bacharel em
Medicina Veterinária, Departamento de
Ciências Agrárias da Universidade
Regional Integrada do Alto Uruguai e
das Missões – Campus de Erechim.

Erechim, 15 de junho de 2023.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________
Prof. Mestre Rodrigo de Oliveira Grando
URI Campus Erechim

_____________________________
Prof. Doutor Guilherme Lopes Dornelles
URI Campus Erechim

_____________________________
Prof. Mestre Natalie Renata Zorzi
URI Campus Erechim
3

Dedico este trabalho a meus pais Ildo e


Elda, minha irmã Anaize, tio Dirceu, meu
orientador de estágio e toda equipe que
acompanhou neste momento.
4

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, por me proporcionar este


momento que é a realização do meu sonho.
Aos meus pais por todo esforço e dedicação tanto financeiro como
profissional para que eu pudesse cursar a faculdade e pelo apoio que sempre
tiveram comigo.
Ao meu tio que esmo não estando mais de corpo presente mas que foi meu
maior incentivador para minha graduação e que sempre se fez necessário em toda
minha vida escolar.
Aos orientadores de estágio e deste presente trabalho, por sempre estarem
me auxiliando em todos momentos, sanando minhas dúvidas.
Aos professores que durante esses cinco anos foram meus exemplos de
profissionalismo e amizade, e que transmitiram o máximo seus conhecimentos para
nós alunos com objetivo de nos capacitar profissionalmente.
5

O único lugar onde o sucesso vem antes


do trabalho é no dicionário.
(Albert Einstein)
6

RESUMO

O presente trabalho relata sobre o estágio na área de grandes e pequenos animais,


no desenvolvimento deste relatório consta com acompanhamento na rotina diária na
área de pequenos e grandes animais, na realização de cirurgias, medidas
preventivas, algumas atividades desenvolvidas no local de estágio como no setor de
vendas de rações, medicamentos, cuidados com animais no setor de internação.
Dando em foco aos dois relatos de caso no que se refere a área de grandes animais
levando em conta a Medicina Veterinária preventiva na realização das vacinas de
brucelose e testes de tuberculose e o intuito de demonstrar a importância no auxílio
de controle e erradicação de doenças zoonóticas no rebanho leiteiro e corte no
Brasil garantindo assim um bom desempenho destes animais e garantindo uma boa
qualidade em relação a saúde pública.

Palavras-chave: Brucelose; Tuberculose; Controle;


7

ABSTRACT

The present work reports on the internship in the area of large and small animals, in
the development of this report it includes monitoring the daily routine in the area of
small and large animals, in performing surgeries, preventive measures, some
activities developed in the internship site as in the sales sector of feed, medicines,
animal care in the hospitalization sector. Focusing on the two case reports regarding
the area of large animals, taking into account preventive Veterinary Medicine in
carrying out brucellosis vaccines and tuberculosis tests and in order to demonstrate
the importance of helping to control and eradicate zoonotic diseases in the dairy herd
and beef in Brazil, thus ensuring a good performance of these animals and ensuring
a good quality in relation to public health.

Keywords: Brucellosis; Tuberculosis; Control;


8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização Agropecuária, Clínica Veterinária e Pet Shop 14


Zannoni LTDA ME
Figura 2: Consultório médico 14
Figura 3: Bloco cirúrgico 15
Figura 4: Sala de internação. 15
Figura 5: Laboratório 16
Figura 6: Sala de isolamento 16
Figura 7: Imagem de uma cachorra com piometra, imagem do útero 21
Figura 8: Imagem do ultrassom antes da realização da cesárea. 22
Figura 9: Imagem após a cesárea de cachorra da raça Dachshund com 23
seus 3 filhotes
Figura 10: Bezerro de uma das vacas que apresentou problema de 28
distocia de parto
Figura 11: Palpação retal em recorrência pós-parto 29
Figura 12: Materiais limpos utilizados para vacinação 30
Figura 13: Identificação do animal com brinco 33
Figura 14: Marcação a fogo com a letra ‘’V’’ do lado esquerdo da cara 34
Figura 15: Assepsia do local da vacinação com álcool 70% e algodão 35
Figura 16: Aplicação da vacina de brucelose não Indutora de Formação de 35
Anticorpos Aglutinantes, Amostra RB51
Figura 17: Atestado de Vacinação contra Brucelose não indutora de 36
Formação de Anticorpos Aglutinantes, Amostra RB51 preenchido com
todos os dados precisos
Figura 18- Tabela de dados do produtor e animais testados e relação de 42
interpretação de resultados;
9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Relação de atendimentos totais realizados nas espécies felina 19


e canina, no período de 11 de janeiro a 27 de abril de 2023, na
Agropecuária, clínica e pet shop Zannoni.

Tabela 2: Relação de atendimentos cirúrgicos realizados nas espécies 20


felina e canina, no período de 11 de janeiro a 27 de abril de 2023, na
Agropecuária, clínica e pet shop Zannoni.

Tabela 3: Relação de atendimentos realizados nas espécies felina e 24


canina, no período de 11 de janeiro a 27 de abril de 2023, na
Agropecuária, clínica e pet shop Zannoni.

Tabela 4: Relação de exames laboratoriais realizados nas espécies felina 25


e canina, no período de 11 de janeiro a 27 de abril de 2023, na
Agropecuária, clínica e pet shop Zannoni.

Tabela 5: Relação de atendimentos realizados nas espécies bovinas, 26


equinas e ovinas, no período de 11 de janeiro a 27 de abril de 2023, na
Agropecuária, clínica e pet shop Zannoni.

Tabela 6: Relação de procedimentos realizados nas espécies bovinas, 26


equinas, no período de 11 de janeiro a 27 de abril de 2023, na
Agropecuária, clínica e pet shop Zannoni.

Tabela 7: Relação de testes e vacinas de medidas de medicina 27


veterinária preventiva, equinas e ovinas, no período de 11 de janeiro a 27
de abril de 2023, na Agropecuária, clínica e pet shop Zannoni.

Tabela 8: Atividades relacionadas a área reprodutiva realizadas nas 30


espécies bovinas, no período de 11 de janeiro a 27 de abril de 2023, na
Agropecuária, clínica e pet shop Zannoni.

Tabela 9: Interpretação do teste cervical simples em bovinos 42


10

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ATT Antígeno Acidificado Tamponado;


BAAR Bacilos Álcool Ácido Resistentes;

C- ELISA Teste de Elisa Competitivo;


ECOSMV Estágio curricular obrigatório supervisionado em Medicina Veterinária
FC Fixação de Complemento;
FPA Teste de Polarização de Fluorescência;

GTA Guia de Transporte Animal;

IATF Inseminação Artificial de Tempo Fixo;

I-ELISA Teste de Elisa Indireto;

IVZ Inspetoria Veterinária Zoonótica;

2-ME Mercaptoetanol;

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;

mL Microlitros;

OHV Ovariosalpingohisterectomia;

PIB Produto Interno Bruto;

PNCEBT Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e


Tuberculose;

PPD Derivado Proteico Purificado;

RIISPOA Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem


Animal;
SAT Teste de soroaglutinação em Tubos;

TAL Teste de Anel em Leite;

TB Tuberculose;

TCC Teste Cervical Comparativo;

TCS Teste Cervical Simples;


11

LISTA DE SÍMBOLOS

® Registrado
12

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO……………………………………………………………………... 13
1.1 Estrutura Física Do Local De Estágio………………………………............ 13
1.2 Descrição Da Rotina De 17
Estágio………………………………………..........
2 DESENVOLVIMENTO…………………………………………………………….. 19
2.1 Atividades Desenvolvidas………………………………………………......... 19
2.2 Relatos De Caso/Técnicas/Experimento…….……………………............. 30
2.2.1 Brucelose ......................................………………………………………...... 30
2.2.2 Relato De Caso…………………...………………………………………....... 32
2.2.3 Revisão Bibliográfica E Discussão ...……………………………………. 37
2.3 Tuberculose................................. ...………………………………………..... 39
2.3.1 Relato De Caso......................... ...………………………………………...... 41
2.3.2 Referencial................................ ...………………………………………...... 43
3 CONCLUSÃO………………………………………………………………………. 45
REFERÊNCIAS………………………………………………………………………. 46
13

1 INTRODUÇÃO

O Estágio Curricular Obrigatório Supervisionado em Medicina Veterinária


(ECOSMV), tem como objetivo, proporcionar ao acadêmico maior contato
profissional, vivência, prática profissional e novos conhecimentos na área em que se
pretende atuar, também é o momento de colocar em prática todos os conhecimentos
aprendidos em sala de aula.
É um ciclo obrigatório de treinamento especial e tem por
finalidade articular a formação ministrada no Curso, com a prática
profissional, de modo a qualificar o aluno para o desempenho
competente e ético das tarefas específicas de sua profissão.
O estágio foi realizado na Agropecuária, Clínica e Pet Shop Zannoni, sob
orientação do Professor Rodrigo de Oliveira Grando e supervisão do Médico
Veterinário Eduardo Zannoni, no período de 11 de janeiro a 27 de abril de 2023,
totalizando 420 horas. A Empresa, aonde foi realizado o estágio, está localizada na
rua Bento Gonçalves nº 1314, centro na cidade de Campinas do Sul, no estado do
Rio Grande do Sul.

1.1 Estrutura Física Do Local De Estágio

A empresa foi inaugurada no dia 20 de dezembro de 2001 com o nome de


Agropecuária Zannoni, na época estava localizada na Rua Andradas, nº 650, no
centro de Campinas do Sul, Rio Grande do Sul. A loja trabalhava com venda de
rações, produtos agropecuários, linha de ferragens, também realizava alguns
atendimentos e procedimentos como: inseminação, desmocha, castrações, vacinas
de brucelose, todos por um técnico responsável.
Em virtude da alta demanda e da vontade de ampliar as atividades
veterinárias, no ano de 2011, a loja se estabeleceu em novo endereço, onde se
encontra até os dias de hoje, na Rua: Bento Gonçalves, nº 1314, no centro de
Campinas do Sul, Rio Grande do Sul assim como mostrada na figura 1.
14

Figura 1: Localização Agropecuária, Clínica Veterinária e Pet Shop Zannoni LTDA


ME.

Fonte: GASS, Duranti Tamires, (2023).

Em 2017, o então Médico Veterinário Eduardo Zannoni ficou o responsável


técnico pelo local. No ano seguinte, a loja se ampliou com a nova estrutura da clínica
veterinária, contando com consultório (figura 2) no qual realiza consultas, vacinas,
testes de giárdia, felv, parvovirose.

Figura 2: Consultório médico.

Fonte: GASS, Duranti Tamires, (2023).


15

A figura 3 demostra o bloco cirúrgico, a sala aonde é realizada todos os


procedimentos cirúrgicos.
Figura 3: Bloco cirúrgico.

Fonte: GASS, Duranti Tamires, (2023).

A figura 4 demostra a sala de internação onde esses animais ficam para


receber medicação ou na observação e até mesmo pós procedimento cirúrgicos.
16

Figura 4: Sala de internação.

Fonte: GASS, Duranti Tamires, (2023).


A figura 5 demostra o laboratório para realização de exames de hemograma e
bioquímicos.

Figura 5: Laboratório.

Fonte: GASS, Duranti Tamires, (2023).

A figura 6 demostra como é a sala de isolamento para casos de animais


diagnosticados com doenças transmissíveis (exemplo giárdia, cinomose e
parvovirose), conta com uma estrutura equipada com ventilação.

Figura 6: Sala de isolamento


17

Fonte: GASS, Duranti Tamires, (2023).


Atualmente a loja passa a ser Agropecuária, Clínica Veterinária E Pet Shop
Zannoni LTDA ME. Os profissionais estão em busca de capacitação profissional
para um melhor atendimento com os animais, na parte clínica de grandes animais
(bovinos, ovinos, suínos e equinos), realizando também atendimentos reprodutivos
assim como IATF. Nos dias de hoje, a loja conta com um Médico Veterinário e um
Técnico Agrícola a campo.

1.2 Descrição Da Rotina De Estágio

No decorrer dos 70 dias de estágio, foram realizados acompanhamentos nas


áreas de clínica e cirúrgica de pequenos e grandes animais. A rotina se iniciava as 8
horas e finalizava as 11 horas na parte da manhã, e das 13:30 as 16:30 pela parte
da tarde, de início chegava na Agropecuária, se já havia chamado a campo nos
dirigíamos a campo, e nos momentos em que não havia chamado, auxiliava
contribuindo no atendimento como na realização de agendamentos de consultas,
castrações (as castrações, geralmente, eram marcadas todas em uma data
específica do mês por ser uma campanha do dia de castrações),
Também foi possível ajudar na venda de medicamentos tanto para grandes
como pequenos animais, como: vermífugos, remédios no combate de
ectoparasiticida, shampoos, rações (cães, gatos, pássaros, aves de corte e postura,
18

coelho, bovinos, suínos, equinos, e codornas), também entregas e buscas de


animais para o pet shop, limpeza da loja principalmente do setor de clínica, a
limpeza era feita com desinfetantes próprios para estes ambientes, realizava vacinas
preventivas em cães e gatos, venda de petiscos.
Em relação a cães positivados com parvovirose os animais eram isolados em
uma sala especial para assim não disseminar a doença para os demais animais, o
tratamento consiste conforme o ciclo em que a doença está manifestada, o
tratamento mais utilizado foi soro fisiológico IV (intravenoso), uso de ampicilina na
dosagem de 25 mg/kg, uso de eletrolítico diluído em água para repor os eletrólitos,
na hidratação proporcionando cálcio, magnésio, fosforo e potássio, o mesmo era
dissolvido um pacote de 10 gramas para 2 litros de água.
Durante esse tempo de internação dos animais, era preciso fazer a limpeza
do local, nas gaiolas, era retirado tapete higiênico e substituído por limpo, já após a
alta desses animais as gaiolas eram limpas com água, álcool e desinfetante, o
mesmo utilizado em hospitais, assim a limpeza se dava para os potes de comida e
água, mas que se mantinham somente no local da sala de isolamento, assim como
os utensílios eram descartados logo após uso.
Nos dias de castrações realizava a preparação dos documentos (autorização
de consulta, de anestesia), pesagem e identificação destes animais nas gaiolas,
separação de remédios, orientações do pós operatório, prescrição de receitas. Nas
cirurgias os cálculos de anestésicos e medicamentos pós operatório era realizado
pelo veterinário, enquanto o estagiário realizava a aplicação.
Na parte de grandes animais a campo, foi possível ter experiência no auxílio
da anamnese dos animais, conferindo a temperatura, frequência respiratória,
frequência cardíaca, tempo de preenchimento capilar, mucosas, e históricos desses
animais, idade, alimentação e a principal queixa sendo ela a falta de apetite,
dificuldade em locomoção, problemas como dificuldade fisiológica, dificuldade em
urinar, defecar e na digestão.
Em relação as cirurgias realizadas, tanto em pequenos e grandes animais,
pode-se ter uma experiência diferente, pois, foi possível auxiliar fazendo a assepsia
do local, no caso de campo, foi utilizado álcool 70%, iodo, gases, campo cirúrgico
estéril, a esterilização dos materiais cirúrgicos foi realizada na clínica com máquina
de autoclave na temperatura de 121ºC por 15 minutos antes do procedimento, o
19

anestésico utilizado para uma cesárea foi o anestésico local a base de lidocaína
(cloridrato) 2,0 g e epinefrina (bitartarato) 2,0 g.
A clínica conta com 3 kits de materiais cirúrgicos, geralmente os três ficam já
esterilizados, porém se o kit 1 estiver sendo utilizado a campo e o kit 2 foi utilizado
para uma cirurgia de pequenos e está no autoclave, possui o kit 3 para ser utilizado
que já está pronto para uso, dessa forma sempre tendo kit cirúrgicos limpos
disponíveis três kits para caso de uso um nos procedimentos já esterilizado. Já no
bloco, foi utilizado campo cirúrgico estável,
Também foi realizado a assepsia pela ordem correta iniciando pelo álcool-
iodo-álcool, a paramentação foi com pijama cirúrgico sapatos ambos higienizados,
luva cirúrgica, touca e máscaras, pós cirurgia eram descartados exceto o pijama que
iria para a limpeza na máquina de lavar e lavado separadamente e depois iria para o
autoclave, os pijamas sempre havia mais que um para reserva e este sempre
limpo, a antissepsia da equipe era realizada com água, escovinha e sabonete
antisséptico. Nos casos de cirurgia a luva era a cirúrgica e nos demais atendimentos
ou atividades realizadas era luva látex com pó.
O estágio foi de extrema importância para aprimorar os conhecimentos
adquiridos ao longo dos cinco anos da faculdade, em ambas áreas foi possível
conhecer um pouco mais de perto a realidade de cada rotina tanto campo como
consultório, com toda certeza auxiliou melhor na capacitação na área profissional.

2 DESENVOLVIMENTO

Nos próximos pontos a serem apresentados a seguir, constará de forma mais


explicita todos procedimentos acompanhados no decorrer do estágio, relatando
também sobre a realização do procedimento de vacinação e testes de brucelose e
tuberculose, ambas de grande importância para evitar altos prejuízos aos produtores
caso animal esteja positivo, e também evitando assim uma expansão da doença.

2.1 Atividades Desenvolvidas

Durante o tempo de estágio realizado, foram acompanhados vários


atendimentos clínicos, procedimentos cirúrgicos e elaboração de exames
20

laboratoriais. Na tabela 1, é possível ver a relação de atendimentos entre felinos e


caninos.

Tabela 1– Relação de atendimentos totais realizados nas espécies felina e canina, no período
de 11 de janeiro a 27 de abril de 2023, na Agropecuária, clínica e pet shop Zannoni.
Procedimentos Caninos Felinos Total

Atendimentos clínicos 173 94 267


Exames laboratoriais 153 77 230
Procedimentos cirúrgicos 26 22 48
Totais 352 193 545
Fonte: GASS, Duranti Tamires (2023)

Na clínica cirúrgica de pequenos animais realizou-se um total de 36


castrações, dentro destes dados 5 foram realizadas após o procedimento de
cesariana no qual vieram por aceitação dos tutores, e a cesárea se procedeu pelo
fato de as fêmeas estarem já num tempo avançado de gestação e não conseguiram
que os filhotes viessem de forma natural, assim para evitar futuros riscos à saúde
das mesmas foi realizado a castração também.
Para realização de procedimentos cirúrgicos, foi registrado todos os dados do
animal e tutor nos termos de autorização de cirurgia e de anestesia, após isso, o
animal era pesado para realização da dosagem do anestésico no qual variava
dependendo do procedimento, nos casos de cesárea era utilizado o anestésico a
base de tiletamina, zolazepan, na dosagem de 0,0002 -0,0003 Mg/kg/ IM e acesso
com soro fisiológico na veia.
Também ainda em relação dos procedimentos cirúrgicos foi também realizado
somente a técnica do flap de terceira pálpebra, pois devido a condição avaliada do
olho não era preciso a realização da enucleação, assim ainda preservando o olho do
animal. Na tabela 2, é possível ver alguns procedimentos cirúrgicos que foram
realizados na clínica, dentre eles uma laparotomia exploratória de um felino fêmea, o
mesmo foi confirmado pelo exame de ultrassom e logo em seguida para o
procedimento cirúrgicos, não se sabe ao certo como se deu o rompimento se de
uma briga, de uma queda de local alto, ou de uma possível pancada forte com
algum objeto, procedimento realizado e o animal já está bem.
21

Tabela 2– Relação de atendimentos cirúrgicos realizados nas espécies felina e


canina, no período de 11 de janeiro a 27 de abril de 2023, na Agropecuária, clínica e
pet shop Zannoni.
Procedimentos Caninos Felino Total
Cirúrgicos s

OHV 11 13 24

Orquiectomia 5 7 12
Piometra 5 0 5
Cesárea 5 0 5
Flap De Terceira Pálpebra 0 1 1
Laparotomia Exploratória 0 1 1
Totais 26 22 48
Fonte: GASS, Duranti Tamires (2023)

Os benefícios da castração é evitar uma piometra, ou seja, infecção do útero,


sendo prejudicial à saúde do animal, porém ainda mesmo com tantas campanhas de
castração e sobre malefícios do uso de injeções de hormônios, ainda há bastante
casos em que não são realizadas castrações pelo gasto financeiro, então acabam
chegando casos como este da figura 7, onde o útero estava com tamanho dobrado
se levar em relação ao tamanho do animal.
22

Figura 7: Imagem de uma cachorra com piometra, imagem do útero;

Fonte: GASS, Duranti Tamires, 2023.

Quando finalizado a cirúrgica foi realizado a medicação de antibiótico na


base de benzilpenicilinas procafina e benzatina a dihidroestreptomicina, anti-
inflamatório injetável a base de meloxicam devido ao seu menor efeito colateral e
sem complicação gástrica, também foi separado os medicamentos para uso em
casa, aonde o médico veterinário fez a receita de antibióticos a base de cefadroxila,
anti-inflamatórios a base de meloxicam, e, as orientações para banho após no
mínimo 10 dias após o procedimento e a retiradas dos pontos aproximadamente 15
a 20 dias dependendo do procedimento realizado.
Para o animal ter uma boa melhora é preciso de muitos cuidados no pós-
operatório, pois, o animal passou por um protocolo anestésico, por incisões e
suturas que causam desconforto e dor, independente do procedimento, foi realizado
a colocação da roupa cirúrgica principalmente em fêmeas nos casos de piometra,
OHV (ovariosalpingohisterectomia onde consiste na castração com retirada de útero
e ovários), cesáreas), evitando que o animal possa lamber e abrir o local da incisão,
encaminhado o animal para a sala de internação/observação no qual estava
23

aquecida e coberta na gaiola para o animal se manter aquecido devido a


temperatura do corpo baixar sobre o efeito do anestésico.
A cesárea é realizada, muitas vezes, já em casos de a fêmea ter passado do
tempo de prazo de sua gestação e não obteve seus filhotes de fora natural, ou em
casos que aos mesmos acabaram vindo a óbito ainda dentro do animal, nesses
casos a cesárea é de extrema importância para preservar a vida da fêmea e também
na tentativa de salvar os filhotes. Através da realização do ultrassom (figura 8) é
possível muitas vezes avaliar a posição dos filhotes e a situação que se encontram
(se possui algum morto, pois o normal que se espera é que os filhotes estejam
vivos), e também é utilizada no início da gestação para avaliar o número de filhotes.

Figura 8: Imagem do ultrassom antes da realização da cesárea;

Fonte: GASS, Duranti Tamires, 2023.


Sempre que realizado a cesárea é dada preferência que se consiga retirar
todos com vidas como apresenta na figura 9, importante sempre lembrar que
dependendo do protocolo anestésico alguns geram efeito de leve sedação nos
filhotes, como neste caso foi utilizado cetamina e xilazina e zolazepan, onde
cetamina deixava os fetos ‘’levemente sedados’’.
24

Logo após a retirada dos mesmos era feita limpeza deles e massagem para
estimular o sistema cardio respiratório, quando o efeito passou eles foram colocados
junto da fêmea que já estava acordada para realizarem a primeira sucção do leite,
ambos ficaram mantidos aquecidos o período todo da internação.

Figura 9: Imagem após a cesárea de cachorra da raça Dachshund com seus 3


filhotes.

Fonte: GASS, Duranti Tamires, 2023.

Foram realizados vários atendimentos clínicos como: protocolos vacinais, e a


vacina mais realizada foi a de viroses em cães e o protocolo é de 3 doses inicias
com intervalos de 28 dias, parvovirose uma da principais e mais agravante doenças
que acomete caninos principalmente filhotes, com registro mais altos na época do
verão, a procura da vacinação para a doença foi grande, assim como giárdia por se
tratar de ser uma zoonose no qual pode ser transmitida do animal para o ser
humano, no caso da raiva não se obteve nenhum registro na região da doença no
25

atual momento, entretanto, também é uma vacina exigida principalmente por


agências de viagens e turismo.
Em relação as vacinas e testes de FIV e FELV se deu através de uma
campanha realizada na loja, pelo fato de um surgimento alto de casos positivados, o
intuito disso foi para alertar os tutores sobre o problema e também a proteger seus
pets. Na tabela 3 é possível analisar o número de cada vacinação e teste realizado.

Tabela 3: Relação de atendimentos realizados nas espécies felina e canina, entre 11


de janeiro a 27 de abril de 2023, na Agropecuária, clínica e pet shop Zannoni.
Procedimentos Caninos Felinos Total

Vacina Parvovirose 68 0 68
Vacina Raiva 45 17 62
Vacina Felv 0 51 51
Teste De Felv 0 35 35
Vacina Giárdia 31 0 31
Testes Parvovirose 22 0 22
Teste Giárdia 7 0 7
Totais 173 103 276
Fonte: GASS, Duranti Tamires (2023)

Hemograma e bioquímico, são exames laboratoriais utilizados como


complementares e para confirmação de doenças, para saber a condição de saúde
que o animal se encontra, principalmente no pré-operatório evitando alguns
possíveis problemas como o óbito desse animal. Grande parte dos bioquímicos
(tabela 4) são utilizados para confirmação de problemas hepáticos, renais, entre
outros.
Nas coletas de sangue sobre a contenção, em cães era utilizado focinheiras
em casos de agressivos e em gatos o uso de clipnosis, na chegada era solicitado os
dados do tutor e do animal, logo após o animal era pesado, nos casos em que foi
solicitado exames complementares, era feita a tricotomia do local com máquina,
assepsia com álcool 70%, puncionar a veia (cefálica), soltar o garrote, retirada da
agulha da veia.
26

A coleta de sangue era realizada com auxílio de seringas de 3mL e agulhas


convencionais 7mm, após era retirado a agulha da seringa e inserido no tubo
primeiro o roxo para hemograma e depois o vermelho de bioquímico no qual deveria
ficar inclinado evitando que crie bolhas de ar ou provoque hemólise, feito isso os
tubos foram identificados com nome e idade do animal e data da coleta, o volume de
sangue coletado variava de acordo com raça e peso do animal.
Os tubos já eram encaminhados para o setor do laboratório onde os mesmos
eram realizados logo em seguida, os bioquímicos eram centrifugados para
separação do soro no qual coletado e preparado com cada qual o seu reagente,
enquanto hemograma já era realizado o exame diretamente na máquina e após os
tubos de sangues eram descartados em caixas de descartes apropriadas.

Tabela 4 – Relação de exames laboratoriais realizados nas espécies felina e canina,


entre 11 de janeiro a 27 de abril de 2023, na Agropecuária, clínica e pet shop
Zannoni.
Procedimentos Caninos Felinos Total

AST 28 11 39
ALT 28 11 39
Hemograma 28 11 39
Ureia 28 11 39
Creatina 25 15 35
Fosfatase 11 13 24
Urinalise 7 10 15
Totais 155 82 230
Fonte: GASS; Duranti Tamires, (2023)

No decorrer do estágio a campo com animais de grande porte, obteve-se um


registro total (tabela 5) de atendimentos clínicos tanto equinos, bovinos e ovinos,
procedimentos cirúrgicos, problemas reprodutivos e também Inseminações Artificiais
em bovinos.

Tabela 5 – Relação de atendimentos realizados nas espécies bovinas, equinas e


ovinas, de 11 de janeiro a 27 de abril de 2023, na Agropecuária, clínica e pet shop
Zannoni.
Atendimentos Bovino Ovino Total
27

Medidas Preventivas 211 10 221


Procedimentos 168 0 168
Reprodutivos
Totais 415 10 425
Fonte: GASS, Duranti Tamires (2023)

Atualmente a clínica cirúrgica de grandes animais, busca aperfeiçoamento


tecnológico, tornando mais viável o procedimento comparado com antigamente,
como demostra a tabela 6, porém, há casos como cesárea que requer o dobro de
cuidados comparado a pequenos animais, pois, a exposição de bactérias é maior,
por muitas vezes não ter uma estrutura adequada. Um dos procedimentos mais
comuns no setor de grandes animais são as castrações.
Na realização de cesárea de uma vaca de 500kg foi utilizado anestésico local
à base de lidocaína e epinefrina na dosagem de 6 mg/ kg de peso vivo, no pós
operatório foi utilizado antibiótico à base de benzilpenisilina procaína e potássica,
sulfato de estreptomicina e um ampola diluente a base de diclofenaco de sódio, e
também foi feito um soro de 500mL à base de cálcio, magnésio, fósforo, tiamina,
sorbitol e metionina, juntamente com um estimulante cardíaco e respiratório,
diurético, auxiliando no aumento da força muscular usado junto com cálcio que
proporciona maior rapidez na aplicação e segurança contra problemas cardíacos,
esse procedimento é feito Intra - venosa.

Tabela 6 – Relação de procedimentos cirúrgicos realizados nas espécies bovinas,


equinas, de 11 de janeiro a 27 de abril de 2023, na Agropecuária, clínica e pet shop
Zannoni.
Procedimentos Cirúrgicos BOVINO EQUINO TOTAL

Castrações 33 0 33
Cesária 3 0 3
Totais 36 0 36
Fonte: GASS, Duranti Tamires (2023)

Para um bom desempenho animal e lucratividade na propriedade devemos


saber que a questão de manejo e sanitária são importantes, pois, seguem os
protocolos vacinais, em relação a brucelose que é obrigatória. A respeito dos
vermífugos e testes é importante fazer, evitando a disseminação da doença caso o
28

animal esteja doente, evitando transmissão em outra propriedade e no local.


No controle de vermífugação que foi feita com Ivomec® injetável a base de
ivermectina, na concentração de 1,0g para tratamento e controle de parasitas
internos e externos como: vermes gastrointestinais, vermes pulmonares, fascíolas
do fígado, berne bovino, miíases, piolhos, ácaros e carrapatos, sendo assim, foi
possível auxiliar na preparação do medicamento na dosagem de 10mg para cada kg
de peso vivo, a aplicação foi feita via subcutânea, logo em seguida, foi registrado a
data da aplicação e data de reforço do medicamento.
Nos casos de vacinação de brucelose, foi realizado a vacinação seguindo
todos os procedimentos dentro das normativas exigidas: uso de óculos e luva para
manuseio na mistura do pó e diluente da vacina, realizando a assepsia do local com
algodão e álcool 70%, uso de seringas adequadas e fazendo o descarte a cada
propriedade mantendo a vacina em temperatura adequada (entre 2ºC e 8º C).
Em relação a coleta de sangue para exame de brucelose auxiliei o veterinário
na contenção e também realizando a identificação dos tubos vermelhos com
amostra de sangue com a numeração do animal. Na tabela 7 é possível ver a
quantia de vacinação e testes realizados na prevenção de doenças em bovinos e
ovinos.

Tabela 7 – Relação de testes e vacinas de medidas de medicina veterinária


preventiva, em bovinos e ovinos, entre 11 de janeiro a 27 de abril de 2023, na
Agropecuária, clínica e pet shop Zannoni.
Medidas preventivas Bovino Ovino Total

Verminose 72 10 82
Vacina brucelose 61 0 61
Teste tuberculose 32 0 32
Vacina carbúnculo 23 0 23
Vacinas leptospirose 23 0 23
Totais 211 10 221
Fonte: GASS, Duranti Tamires (2023)

Na figura 10 é possível ver o bezerro que veio a óbito por parto distócico. O
parto distócico ainda veem sendo um dos chamados mais frequentes nas clinicas de
bovinos.
29

Figura 10: Bezerro de uma das vacas que apresentou problema de distocia de parto.

Fonte: GASS, Duranti Tamires,2023.

Há vários fatores que se dá o parto distócico, podendo ele ser problema


reprodutivo, nutricional, ou muitas vezes até pelo tamanho do feto, resultando uma
dificuldade da vaca na hora de parir e em alguns casos, encaminhando - se para
cirurgia para retirada, levando em conta que muitas vezes animal já está em óbito ou
acabar a ir poucos instantes após nascimento, como na foto a seguir.
É de extrema importância que a vaca realize a limpeza (expulsão dos
envoltórios fetais) dentro das 12 horas pós o parto, porém muitas vezes isso não
acontece de acordo com a sua fisiologia, isso se dá a vários fatores, e nesses casos
é feita a apalpação (figura 11) para analisar a situação e fazer a limpeza, fazendo
utilização de medicamento para melhoramento deste animal com medicamentos de
antibióticos, mucolítico e antisséptico para infusão eficiente a base de gentamicina
30

base, cloridrato de bromexina, cloreto de benzalcônio, aplicado diretamente dentro


do útero.

Figura 11: Palpação retal em recorrência pós-parto;

Fonte: GASS, Duranti Tamires, 2023.

Apesar de os registros de hipocalcemia em vacas pós partos são mais altos


em épocas mais frias do ano, isso não interfere que possa acontecer nas épocas
mais quentes, vários fatores podem levar a isso principalmente nutricional, nesses
casos é feito tratamento com soro na veia e com diluição de um estimulante
cardíaco a base de benzoato de sódio, cafeína, hexametilenotetramina e sulfato de
esparteína juntos aumentando a força muscular proporcionando maior rapidez na
aplicação e mais segurança contra problemas cardíacos.
31

Apesar da evolução na parte da reprodução, ainda tem propriedades que se


utiliza monta natural, porém em relação as IA (como mostra a tabela 8), podemos
ver a demanda de procura por sêmen sexado, dado pelos seus bons resultados em
desenvolvimento dos animais e também pela aparência, porém, por conta disso o
custo acaba sendo um pouco mais elevado que o sêmen comum, foi visto uma boa
pedida deste tipo em propriedades leiteiras. A demanda de linha de corte também
obteve uma boa procura mais ainda é um número não muito favorável pela demanda
de a cobertura ser natural em muitos casos e mesmo assim sendo imparcial na
certeza do sexo, já que se espera machos.

Tabela 8 – Procedimentos reprodutivos realizados nas espécies bovinas, no período de 11 de


janeiro a 27 de abril de 2023, na Agropecuária, clínica e pet shop Zannoni.
Reprodutivos Bovino Total

Ia 163 163
Parto Distócito 5 5
Totais 168 168
Fonte: GASS, Duranti Tamires (2023)

2.2 Relatos De Caso/Técnicas/Experimento

Os resultados e as metodologias que fazem parte deste relatório estão


apresentados sob a forma de dois relatos, os quais abordam controle sanitário e
prevenção de brucelose e tuberculose bovina nas propriedades rurais.

2.2.1 Brucelose

É de importante conhecimento que hoje a bovinocultura de leite tem uma


grande importância mundial, os agricultores estão inovando em infraestruturas para
o manejo para se ter menor mão de obra e maior conforto, bem como mais
quantidade de leite produzido. Em meados de 2013 a produção leiteira foi de 769
milhões de toneladas, contando com aproximadamente 150 milhões de lares
evolvidos na produção, diante disto o Brasil é o 5º maior produtor de leite mundial,
ficando somente atrás de países como Índia, Estados Unidos da América, China e
Paquistão (JUNG; JÚNIOR, 2016).
32

A prevenção e o controle de enfermidades que acometem os rebanhos são


primordiais na produção animal. No entanto algumas enfermidades que podem ser
transmissíveis ao ser humano (no caso das zoonoses), são de extrema importância
e requer todo cuidado seja em qualquer cadeia produtiva (ACHA e SZYFRES,
2003).
Em relação as zoonoses, podemos citar a brucelose que é causada
principalmente pela Brucella abortus, responsável por orquites, perda de libido,
aborto e infertilidade e nos humanos pode causar febre e lesões articulares.
Segundo Favero, Spirito e Zappa (2008) a brucelose acomete principalmente
bovinos, mas também pode acometer cães, suínos e outros. A transmissão se dá
por contato direto entre os animais ou pela ingestão de alimentos ou água
contaminados, contato com fetos abortados ou descargas vaginais ou pela
reprodução utilizando sêmen infectado.
O gênero Brucella são parasitas obrigatórios que necessitam de um animal
hospedeiro para sua manutenção e multiplicação. De acordo com Paulin (2003)
além dos problemas causados à saúde pública, a brucelose também gera prejuízos
econômicos tornando-se o produto vulnerável às barreiras sanitárias,
comprometendo a sua competitividade no comércio internacional.
A Brucelose do gênero é conhecida como sua principal característica o
aborto, este que ocorre entre o 5 º e 7º mês de gestação, os animais nascem
fracos ou até muitos casos mortos, nos casos crônicos pode comprometer a
glândula mamária. No caso dos touros infectados, a doença tem como principal
localização nos testículos, vesículas seminais e próstata por isso na hora da
cobertura pode ser feita a transmissão para a fêmea. Geralmente a doença
manifesta-se com orquite, epididimite, diminuição de libido e infertilidade
(RADOSTITS et al., 2002).
A principal via de infecção de Brucella spp. no organismo é a oral, além do
trato respiratório, pele, conjuntivas e trato genital (ACHA, SZYFRES, 2001). A
transmissão dos animais infectados de dá através do parto ou aborto, principalmente
em fêmeas que já houveram um primeiro aborto, sendo assim consideradas
portadoras crônicas da doença, fazendo a eliminação seja ela pelo parto, aborto,
colostro ou leite (PACHECO, 2007).
33

O diagnóstico direto da brucelose é feito pelo isolamento e identificação da


bactéria. Entretanto, quando houver situações onde este tipo de exame não é
possível de ser realizado, o diagnóstico deve ser baseado em métodos sorológicos.
Essa doença acomete bovinos (B. abortus), suínos (B. suis), ovinos (B. mellitensis),
e cães (B. canis), e todas estas espécies de bactérias podem ser patogênicas para o
homem, caracterizando dessa forma, o aspecto zoonótico da enfermidade. Segundo
Pacheco (2007) de todas as espécies do gênero Brucella, quatro delas podem se
transmitir dos animais ao homem, sendo raríssima a transmissão entre pessoas
(BRASIL,2006).
A B. melitensis, acomete mais espécies de caprinos e ovinos, considerada a
mais patogênica para o homem, e até então essa espécie bacteriana nunca foi
reconhecida no Brasil. A B. suis, acometida primariamente nos suínos, está presente
no Brasil, mas com uma prevalência muito baixa. A B. canis é a que apresenta
menor patogenicidade para o homem em relação às demais e está bastante
difundida no Brasil, especialmente nas grandes cidades (BRASIL,2006).
A B. neotomae (rato do deserto), ainda não foi encontrada no Brasil, não são
patogênicas para o homem. Vale ressaltar que quanto às espécies marinhas, há
poucos registros de infecções humanas, na maioria dos casos ocasionada por
acidentes em laboratórios (BRASIL, 2006).

2.2.2 Relato de caso

No período de janeiro a abril, em aproximadamente 10 propriedades


localizadas no Munícipio de Campinas do Sul, estado do Rio Grande do Sul, foram
realizadas as vacinas da brucelose no total de 61 fêmeas bovinas com idades entre
3 a 8 meses.
A vacinação se deu pela seguinte forma: as terneiras receberam um brinco
cada uma com um número de identificação, após isso foi realizada a marcação com
ferro candente com a letra ‘’V’’ no lado esquerdo da cara, e logo após foi feita a
desinfecção do local com álcool 70% e algodão, foi aplicado a vacina sendo ela
administrada subcutânea na região do pescoço na dosagem de 2ml, vacina utilizada
foi RB51.
34

Em todo o procedimento foi usado agulhas estéreis, luvas descartáveis para


melhor higienização e cuidado. A figura 12 mostra os materiais utilizados para a
realização da vacinação.

Figura 12: Materiais limpos utilizados para vacinação;

Fonte: GASS, Duranti Tamires (2023).

A identificação das bezerras (figura 13) se deu pela colocação de brinco,


essa identificação auxilia também no melhor manejo desses animais como em casos
de tratamentos com medicação, quando realização do exame de brucelose e
futuramente no teste de tuberculose facilitando para o trabalho do veterinário e no
dia a dia do produtor.
35

Figura 13: Identificação do animal

Fonte: GASS, Duranti Gass,2023.

A marcação é uma forma de confirmar que esse animal foi vacinado para a
doença, porém cada vacina possui um tipo de marcação a vacina RB51 possui a
letra ‘’V’’ devido ao seu significado ser ‘’vacinada’’ (como mostrado na figura 14). No
36

entanto o correto é aquecer o ferro até que sua cor fique avermelhada para assim
fazer uma melhor marcação, cicatrização e também mais tarde ainda ser possível
visualizá-la.

Figura 14: Marcação ‘’V’’ do lado esquerdo.

Fonte: GASS, Duranti Tamires, 2023.

Logo após a marcação foi feito a assepsia do local (figura 15) onde seria a
aplicação da vacina, ela é de extrema importância por ser manuseado utensílio
ponte agudo evitando assim uma possível contaminação.

Figura 15: Assepsia do local da vacinação


37

Fonte: Gass, Duranti Tamires, 2023.


Na figura 16 a vacina é feita subcutânea na região e frente a paleta por ser
uma região de fácil aplicação e absorção também da vacina. Foi utilizada a RB51 no
lugar da B19 pelo fato de ser utilizada com bezerras com ais de 8 meses, pois nas
propriedades muitas vezes há um certo espaço de tempo entre uma bezerra e outra
na realização da vacina, então optou-se por essa e também pelo custo mais
acessível para o produtor e também para o veterinário para o deslocamento e uso
de materiais.

Figura 16: Aplicação da vacina RB51


38

Fonte: GASS, Duranti Tamires, 2023.

No final de cada etapa realizada em cada animal era anotado: idade, número
de identificação, a raça de cada animal, o dado do proprietário, dados da vacina
(data de fabricação, lote, laboratório) e por fim data, assinatura e carimbo do
veterinário (FIGURA 17). Após todo esse processo os documentos foram entregues
uma via para o produtor, uma para o veterinário e uma na Inspetoria Veterinária e
Zootécnica (IVZ).

Figura17: Atestado de Vacinação contra Brucelose não indutora de Formação de


Anticorpos Aglutinantes, Amostra RB51 preenchido com as informações citadas
acima.
39

Fonte: GASS, Duranti Tamires; 2023.

2.2.3 Revisão Bibliográfica e Discussão

No Brasil, as medidas são regulamentadas pelo Programa Nacional de


Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT), programa
foi proposto com o objetivo de diminuir a prevalência e a incidência de brucelose e
tuberculose, visando a erradicação (BRASIL, 2016).
De acordo com o PNCEBT (Manual, 2006), são aceitos hoje como testes
sorológicos oficiais, o teste do Antígeno Acidificado Tamponado (AAT) e o teste do
Anel em Leite (TAL) considerados como testes de triagem. Os soros com resultado
positivo no AAT, devem ser submetidos aos testes confirmatórios do 2-
Mercaptoetanol (2ME) e/ou Fixação do Complemento (FC).
Os animais reagentes ao ATT poderão ser submetidos a um teste
confirmatório, o 2-ME. Mais específico, é executado por laboratórios credenciados
40

ou laboratórios oficiais credenciados (BRASIL, 2016). O 2-ME apresenta boa


especificidade e sensibilidade, motivo pelo qual é um teste confirmatório de eleição
(GREVE et al., 2017).
Mathias (2007) afirma que o Teste de Polarização de Fluorescência (FPA), é
uma técnica incluída na última atualização da legislação, pois ela tem apresentado
um excelente desempenho, no entanto ainda é pouco difundido em países
subdesenvolvidos, em função do alto custo e da dependência de importação de
equipamentos e reagentes para sua realização (BAPTISTA et al., 2012).
O Teste de Anel em Leite (TAL) pode ser utilizado por veterinários habilitados
ou pelo serviço veterinário oficial apenas para monitoramento da condição sanitária
em propriedades, ou segundo critérios definidos pelo serviço veterinário oficial
(BRASIL, 2016).
Para utilização do transporte internacional o Teste de Fixação de
Complemento (FC) veem sendo utilizado em vários países que já erradicaram a
doença ou estão neste processo, é um teste realizado somente em laboratório
credenciado seja para diagnóstico de casos inconclusivos ao teste 2-MF ou como
teste confirmatório e animais reagentes no teste de triagem (BRASIL, 2016).
As medidas de prevenção e controle para a brucelose bovina baseiam-se na
vacinação das bezerras e na eliminação dos portadores (BRASIL, 2016). Alguns
alicerces são fundamentais nos programas de controle sanitário realizando o
monitoramento e realização de vacina, controle de trânsito, e também as boas
práticas de manejo. (BAPTISTA et al., 2012).
A vacinação é obrigatória para todas as fêmeas bovinas e bubalinas, entre
três e oito meses de idade, com amostra vacinal do tipo B19, em estudos científicos
no Mato Grosso do Sul, no estado do Pará, demonstraram uma diminuição da
soroprevalência da brucelose, atribuída ao programa de vacinação, corroborando
que afirmaram ser a vacinação a melhor forma de se evitar a brucelose (BAPTISTA
et al., 2012).
No caso da vacina nos bovinos, a tipo B19 poderá ser substituída pela vacina
RB51, uma vacina não indutora de formação de anticorpos aglutinantes. Pelo fato da
B19 ser apenas aplicadas entre a idade de 3 a 8 meses a RB51 se torna obrigatória
em fêmeas a partir de 8 meses, acima de tudo vale ressaltar que independente do
tipo de vacina a mesa deve ser realizada por um Médico Veterinário (BRASIL, 2016).
41

Pesquisas desenvolvidas demonstraram que o consumo de leite de vacas


vacinadas com amostra RB51, independentemente de vacinação prévia com B19,
representa baixo risco à saúde pública (BAPTISTA et al., 2012).
Brasil (2007) relata que no contexto do PNCEBT, além da vacinação, os
criadores podem aderir a um programa voluntário de manutenção de rebanhos livres
ou monitorados, dependendo do tipo de exploração (leite ou carne). Por outro lado,
profissionais envolvidos com estes rebanhos, devem passar por atualizações
técnicas, mediante comparecimento a cursos em entidades reconhecidas, quando
tornam-se habilitados a atuarem dentro das normas padronizadas pelo programa.
Existem algumas medidas a de cuidados em relação a brucelose, algumas
delas se destacam na seleção de animais de reposição, importante que se faça o
isolamento destes animais por pelo menos 30 dias (durante a execução dos testes
sorológicos); evitar o contato com rebanhos de status desconhecido ou com
brucelose; realizar estudo aprofundado das causas de abortos ou nascimentos
prematuros (isolar os animais até concluir o diagnóstico); destino apropriado de
placentas e fetos abortados (queima ou enterramento) e investigação, em
cooperação com áreas da saúde, de possíveis casos humanos, (BRASIL, 2016).
A marcação de fogo sobre as vacinas está relacionada da seguinte forma: a
B19 é feita marcação com a letra ‘’V’’ e o ultimo algarismo do ano, exemplo (ano
2023, marcação ‘’V3’’. Já no caso da RB51 somente a letra ‘’V’’. Essa diferença se
dá pela normativa do PNCEBT.

2.3 TUBERCULOSE

Segundo Tessele (2014) nos dias atuais o Brasil se destaca no setor da


pecuária mundial, tendo 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país todo sendo deste
30 % do agronegócio. A maior concentração de bovinocultura está concentrada na
região oeste a mesma assegurando um total de 7,5 milhões de empregos, só no ano
de 2016 o país teve 218,23 milhões de cabeças de gado.
A tuberculose bovina é uma doença infectocontagiosa, zoonótica, importante
economicamente e também pelo risco gerado a saúde pública, sem contar o os
prejuízos gerados pelo aumento da taxa de mortalidade, condenação de carcaça,
diminuição da produção e exportação da espécie (DOS SANTOS ALBERTI, 2019).
42

A tuberculose possui uma ampla cadeia de hospedeiros, no qual afeta


animais de companhia, silvestres e de zoológicos, de exploração animal e também
até o homem, causada pela Mycobacterium bovis, a doença também é considerada
de evolução crônica causando até lesões granulomatosas (O’REILLY; DABORN,
1995).
Além disso, a presença da enfermidade nos rebanhos torna os produtos
vulneráveis às barreiras sanitárias impostas pelo mercado internacional (DOS
SANTOS ALBERTI, 2019). Supõe-se que os prejuízos à pecuária mundial atribuídos
a esta doença estejam em torno de U$ 3 bilhões/ano (LAGE et al., 1998).
Abrahão (2005) ainda relata que devido à capacidade zoonótica da doença,
sua importância no âmbito econômico e da saúde pública, há risco iminente à saúde
humana, seja na forma de doença ocupacional, ou através do consumo de produtos
de origem animal contaminados com o bacilo, especialmente leite e carne, bem
como seus derivados, consumidos in natura, provenientes especialmente do
comércio clandestino.
O Brasil é considerado um país endêmico para tuberculose bovina, sendo as
propriedades com sistema de confinamento as mais afetadas, principalmente devido
ao maior contato entre os animais (ALZAMORA FILHO et al., 2014; SILVA et al.
2011). No ano de 2001 o MAPA criou o Programa Nacional de Controle e
Erradicação da Brucelose e Tuberculose Bovina (PNCEBT), no qual através disso a
doença passou a tornar-se notificação obrigatória em todo o país (MAPA, 2017).
O PNCEBT (2006) avaliou que a fonte de infecção para os rebanhos é o
bovino ou bubalino infectado e que sua principal forma de introdução da tuberculose
no rebanho é a aquisição de animais infectados. A principal porta de entrada do M.
bovis é a via respiratória, a transmissão em aproximadamente 90% dos casos,
ocorre pela inalação de aerossóis contaminados com o microorganismo.
O trato digestivo também é uma porta de entrada da tuberculose bovina,
principalmente em bezerros alimentados com leite proveniente de vacas com mastite
tuberculosa e animais que ingerem água ou forragens contaminadas. A maioria dos
bovinos são assintomáticos, no entanto em casos agressivos da doença alguns
animais podem apresentar sintomatologia clínica como diminuição de produção do
leite e do apetite, dispneia, caquexia, anorexia, secreção nasal, entre sinais
respiratórios (MOREIRA; ROQUETTE; BARBOSA, 2017).
43

Segundo PNCEBT (2006) o diagnóstico da tuberculose bovina pode ser


efetuado por métodos diretos e indiretos. Os diretos envolvem a detecção e
identificação do agente etiológico no material biológico. Os indiretos pesquisam uma
resposta imunológica do hospedeiro ao agente etiológico. A reação tuberculínica, a
bacteriologia e a histopatologia são os métodos mais utilizados para o diagnóstico
da tuberculose bovina e bubalina.
Até o presente momento, o tratamento da TB é proibido por lei Os bovinos
diagnosticados serão separados, marcados com ferro no lado direito da face com
um “P” dentro de um círculo com aproximadamente 8 centímetros de diâmetro e
levados ao abate sanitário com no máximo 30 dias após o resultado reagente
(MOREIRA; ROQUETTE; BARBOSA, 2017).

2.3.1 Relato de caso

No período de janeiro a abril, em aproximadamente 7 propriedades


localizadas no Munícipio de Campinas do Sul, estado do Rio Grande do Sul, foram
realizados os testes de tuberculose no total de 30 fêmeas bovinas e 2 machos com
idades até 24 meses.
De início foi registrado na tabela os dados do proprietário: nome completo,
endereço, CPF, número de registro estadual e número totais de animais a serem
testados. Em seguida foi colocado na tabela o número de identificação do animal, o
veterinário realizou a tricotomia com auxílio de lâmina de barbear simples na região
do pescoço.
Em seguida foi feita a medida da espessura da prega cutânea (em mm) com
o cutímetro, após isso foi feita a inoculação intradérmica de tuberculina (PPD bovino)
na região cervical, na junção do terço médio e inferior do pescoço, atrás da espinha
escápula, a 20 cm da cernelha.
A dosagem da tuberculina inoculada foi de 0,1ml. Os dados das medidas
foram colocados na tabela. Após 72 horas foi realizada a leitura, começando pela
identificação do animal e fazendo o cálculo da medida anterior da inoculação e após.
O cálculo se deu da seguinte forma: a medida da dobra da pele após 72 horas da
inoculação subtraindo a medida da pele no dia da inoculação, para todos animais
testados obteve-se o resultado de 0 a 1,9 mm os animais e relação a região
44

inoculada encontravam- se sem sensibilidade, sem consistência e sem outras


quaisquer alterações, concluindo assim a interpretação de forma negativa para
tuberculose bovina como mostra a tabela 9.

Tabela 9; Interpretação do teste cervical simples em bovinos

ΔB(mm) Sensibilidade Consistência Outras alterações interpretação

0 a 1,9 --------- -------- -------- negativo


2,0 a 3,9 pouca dor endurecida delimitada inconclusivo
2,0 a 3,9 muita dor macia exsudato, necrose positivo
≥ 4,0 --------- -------- --------- positivo
Finalizado todos dados coletados e registrados mesmos foram entregues ao
produto, uma com o veterinário e uma entregue na inspetoria veterinária como na
figura 18.

Figura 18: Tabela de dados do produtor e animais testados.

Fonte: GASS, Duranti Tamires; 2023.


2.3.2 Referencial
45

Frequentemente o método mais utilizado é a tuberculinização no qual fornece


uma resposta celular através de hipersensibilidade desencadeada de uma injeção
de tuberculinas, ou seja, extrato bruto no qual se obtém através da microbactéria
(POLLOCK et al., 2006).
No Brasil, a prova tuberculínica é realizada com o PPD bovino, produzido por
a partir da amostra AN5 de M. bovis, contendo 1ml de proteína por mL (32.500 UI).
De acordo com PNCEBT (2006; página 61), o teste confirmatório para ambos os
testes anteriores é o Teste Cervical Comparativo (TCC), também recomendado
como teste de rotina para estabelecimentos de criação com ocorrência de reações
inespecíficas, estabelecimentos certificados como livres e para estabelecimentos de
criação de bubalinos. Neste mesmo teste utiliza-se a TPD aviário, produzido a partir
da amostra D4 de M. avium, contendo 0,5 mg de proteína por mL (25.000 UL). O
PPD bovino apresenta-se sob a forma liquida e incolor, enquanto o PPD aviário, sob
a forma liquida e coração vermelho claro.
Quando os testes forem inconclusivos e o método foi Teste Cervical Simples
(TCS) o animal que foi reagente ou inconclusivo poderá ser sacrificado dentro de um
prazo máximo de 30 dias ou é submetido ao TCC com intervalo de 60 a 90 dias
após o teste anterior. Se o teste foi TCC e o resultado for inconclusivo o animal é
sacrificado ou submetido a um novo teste com um prazo de 60 dias entre um teste e
outro, já no caso desse segundo teste também for inconclusivo o animal é avaliado
como positivo, sendo realizada a marcação com a letra ‘’P’’ (positivo) do lado direito
da face, isolado e sacrificado dentro de 30 dias (BRASIL, 2006).
Nos casos de animais positivos, os mesmos são retirados e isolados dos
demais animais, feita a marcação de ferro do lado direito da face com letra ‘’P’’ e o
sacrifico do animal no prazo de 30 dias, esse deve ser realizado em estabelecimento
oficial de inspeção sanitária ou se realizado na propriedade com acompanhamento
do mesmo, a carne não deve ser consumida nem pelo homem e nem por qualquer
espécie de animal (BRASIL, 2006).
O PNCEBT, criado em 2001 e reisado em 2006 é um programa que foi criado
com o objetivo de diminuir a prevalência de casos de tuberculose bovina, indicando
a realização de testes intradérmicos nos animais suspeitos e nos positivos
realizando o abate e controle de transporte dos mesmos (BRASIL, 2017).
46

Brasil (2017) ressalta que o único profissional capacitado para realização do


teste intradérmico são os médicos veterinários, sendo que este deve estar habilitado
através de cursos autorizados pelo MAPA. Após a identificação do bovino positivo, é
de total responsabilidade do médico veterinário realizar a notificação na Unidade
Veterinária Local que será enviada para o MAPA, sendo esta obrigatória no território
brasileiro. Ademais, é de extrema importância instruir o proprietário sobre isolamento
do animal, a realização da marcação com ferro quente dos animais no lado direito da
cabeça com um “P” pelo profissional e abate em sequência.
Nos frigoríficos os médicos veterinários são os únicos profissionais
capacitados para realizar a inspeção sanitária desde que estejam regularizados para
tal, são feitas qualquer lesão granulomatosa e as condenações seja total ou parcial
quem decide é o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de
Origem Animal (RIISPOA), condenação parcial significa lesões discretas e fácil
remoção e a condenação total é quando o animal possui algum sinal clinico
normalmente sendo febre e apatia no qual é avaliando no exame ant mortem estas
associadas a lesões generalizadas ou graves (BRASIL, 2017).
Campos (2004) relata que nos matadouros frigoríficos, o veterinário
responsável pela inspeção sanitária deve realizá-la ante mortem e post mortem. A
inspeção ante mortem é capaz de visualizar afecções vistas nos animais vivos com
sintomas, em que estes são separados do restante dos animais, com esse fim se
evita a entrada do animal infectocontagioso na sala de abate para não atingir a
saúde pública e contaminar as instalações e equipamentos ali presentes. Já a
inspeção post mortem é feita na manipulação do animal, depois do abate, realizando
análises e exames nas vísceras e gânglios para garantir a qualidade do produto.
Exames realizados na ‘’ linhas de inspeção’’ na sala de matança, ela é
determinada pelas normas técnicas de bovinos e inspeção de carnes através da
Padronização de Técnicas, Instalações e Equipamentos do MAPA (BRASIL, 2017).
Em casos de animais positivados, a carne pode ter aproveitamento
condicional exceto quando for abatido no estabelecimento de criação, sendo assim
inapropriada para consumo humano ou de animal de qualquer espécie segundo o
Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal (BRASIL, 2006).
Sobre os leites e seus derivados, a legislação brasileira permite a fabricação
de queijos com leite cru desde que os rebanhos estejam com um bom status
47

sanitário que os mesmos estejam testados para brucelose e tuberculose num


período mínimo para maturação destes produtos seja feita em 60 dias, caso
contrário pode haver influência nas transformações bioquímicas dos queijos, onde
M. bovis fica inativado gerando infeções (BRASIL, 2017).

3 CONCLUSÃO

Conclui-se que para qualquer forma de controle e erradicação de doenças


principalmente se tratando das zoonoses, requer uma boa atenção e cuidados, seja
na hora da compra, na venda no abate, no consumo, para evitar a contaminação da
doença e evitando assim a transmissão da mesma. Atualmente, se tem
conhecimento do programa de controle e erradicação de doenças de transmissão de
animais para o ser humanos, assim como brucelose e tuberculose, criado pelo
MAPA com o objetivo de auxiliar no controle através de vacinas, testes, exames.
Algumas barreiras ajudam também no controle, como a realização do GTA
(Guia de Transporte Animal), o qual só é possível se o animal esteja com toda parte
sanitária em dia, com testes e exames para doenças realizados, e estes devem ser
feitos antes do GTA, para evitar disseminação da doença para o local destinado.
É de extrema importância o abate de animais em locais credenciados e
liberados para a atividade onde a inspeção é feita dentro de todas as exigências
evitando também de uma contaminação pela alimentação. A identificação com os
brincos também é muita ajuda, na identificação dessas doenças, caso algum animal
de positivo e tenha que fazer a eliminação do mesmo, mesmo que este animal
venha a perder o brinco também vale ressaltar que é feita a colocação do mesmo
com a mesma numeração para assim facilitar.
De todos os fatores que agregam um bom desempenho animal e financeiro
ao produtor, a prevenção de doenças é um dos principais, garantindo uma melhor
saúde da população e dos animais, e contribuindo cada vez mais para o bem-estar
de todos.

4 REFERÊNCIAS
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