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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE VETERINÁRIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

BRUNO RIBEIRO VIEIRA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Relatório de Estágio Supervisionado

NITERÓI

2023
BRUNO RIBEIRO VIEIRA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Relatório de Estágio Supervisionado


apresentado ao Curso de Graduação em
Medicina Veterinária da Universidade Federal
Fluminense, como requisito parcial à obtenção
do título de Médico Veterinário.

Orientador:

André Luís Rios Rodrigues

Niterói
2023
BRUNO RIBEIRO VIEIRA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Relatório de Estágio Supervisionado


apresentado ao Curso de Graduação em
Medicina Veterinária da Universidade Federal
Fluminense, como requisito parcial à obtenção
do título de Médico Veterinário.

Aprovado em ____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________
André Luís Rios Rodrigues

___________________________________________
Luiz Altamiro Garcia Nogueira

__________________________________________
Raquel Varella Serapião

Niterói
2023
AGRADECIMENTOS

Dedico esse relatório, inicialmente, à minha família que me apoiou e me permitiu


concluir a graduação. Contribuindo desde o meu nascimento até a criação como cidadão,
fazendo sempre todo o esforço para não faltar nada minha vida. Meus pais: Carlos e
Daniela, minha irmã Luiza, minhas avós: Andyara e Angela, meus avôs: Márcio e Jorge,
minhas tias: Fernanda e Sandra, meus tios: Márcio e Eduardo e meu primo Alexandre.
Durante a maior parte da faculdade fiz parte da Associação Veterinária Atlética –
AVA, chegando a ser presidente por dois anos. Aprendi muito sobre lidar com pessoas e
fiz importantes amizades.
Desde projetos de extensão, como o Gepeco e o Projeto Sanidade Animal, até
monitoria de disciplinas, como Zootecnia I e Reprodução, passei por incríveis professores
que me ajudaram em diversos momentos da faculdade. Destaco o meu orientador do
estágio supervisionado prof. André, por ter prestado todo o apoio durante o final da
graduação até esse momento. Outros professores me orientaram no decorrer da graduação,
como: Wagner, Roberson, Mário, Felipe, Michel, Carlos, Joanna, Luiz Altamiro e Orlei.
Dedico também a Júlia, minha amiga durante todos os anos de faculdade, me
auxiliando e cobrando para eu me tornar um aluno melhor. Hoje no final da faculdade não
só minha amiga, mas também minha namorada. Deixamos de dividir só a universidade
para dividir a vida.
Finalizar um curso longo, como este, sem o apoio de amigos é uma tarefa árdua,
felizmente pude contar com vários, como: Léo, Flávio, Matheus, Eduarda, Letícia, Lya,
Gustavo, Alícia, Joana, Luísa, Isabela, Victor e Breno. Além de outros que fizeram parte,
de alguma forma, da minha vida nestes anos. Destaco também alguns veteranos que
indicaram a oportunidades essenciais, como: Mirela, Paula e Lucas.
Agradeço a ABS por ter aberto as portas para mim, foi muito gratificante viver a
rotina de uma empresa referência na área, acompanhando profissionais muito qualificados.
A ciência vista como uma vela no escuro.

Carl Sagan
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Fig. 1 Comparativo de escores de condição corporal, e recomendações de suplementação


nutricional. Fonte: Boas Práticas na Reprodução Embriões - Linha Neo ABS Pecplan
(ABS, 2020), p. 13.
Fig. 2 Linha do tempo do manejo reprodutivo na transferência de embrião. Fonte: Boas
Práticas na Reprodução Embriões - Linha Neo ABS Pecplan (ABS, 2020), p. 14.
Fig. 3 Implantes de progesterona de terceiro uso (A) inseridos no aplicador, previamente
higienizados (B). Fonte: arquivo pessoal, p. 15.
Fig. 4 Transportadora de embriões T-CUBE 350® TED, contento embriões frescos. Fonte:
Arquivo pessoal, p. 17.
Fig. 5 Médico Veterinário Neumar Borges Fonseca, técnico da ABS, realizando uma
aspiração folicular. Nesta Imagem é possível visualizar sua mão direita segurando a
guia transvaginal acoplada a um mandril, enquanto a mão esquerda auxilia o
posicionamento do ovário pela via transretal. Fonte: arquivo pessoal, p. 18.
Fig. 6 Imagem ultrassonográfica de um ovário, com foco nos folículos: estruturas
arredondadas e anecoicas. Fonte: arquivo pessoal, p. 19.
Fig. 7 Processo de seleção de oócitos pós aspiração folicular. Despejo do conteúdo no filtro
(A). Lavagem do filtro para recuperação oocitária (B). Meio de lavagem produzido pela
ABS, conteúdo 5 mL (C). Preenchimento do tubo com a mistura de gases (D). Fonte:
arquivo pessoal. p, 20.
Fig. 8 Organização da mesa de TE. Inovulador de embrião (A). Bainhas de TE (B). Anestésico
Lidocaína 2% Bloc® (JA Saúde Animal) (C). Camisinha sanitária (D). Álcool 70° (E).
Transportadora de embrião T-CUBE 350® TED (F). Fonte: arquivo pessoal, p. 21.
Fig. 9 Orientações sobre boas práticas com botijão e descongelamento. Fonte: Boas Práticas
na Reprodução Embriões - Linha Neo ABS Pecplan (ABS, 2020)., p. 23.
Tab. 1 Atividades realizadas na Pecplan ABS de 26 de março a 15 de Junho de 2023 durante o
Estágio Curricular Supervisionado, p. 25.
Tab. 2 Cidades visitadas e número de serviços realizados ao longo do Estágio Curricular
Supervisionado na Pecplan ABS, p. 26.
Fig. 10 Comparativo do número de receptoras aptas (583 vacas), representando 74% e inaptas
(208 vacas), representando 26%. A avaliação de aptidão no dia da transferência de
embrião é relativa à identificação da presença de um corpo lúteo. Estes dados
representam as atividades acompanhadas no Estágio Curricular Supervisionado na
Pecplan ABS, p. 27.
Fig. 11 Comparativo do tipo de embrião utilizado durante as atividades acompanhadas no
Estágio Curricular Supervisionado da Pecplan ABS. Entre as 583 transferências
realizadas, os embriões DT (Direct Transfer) representaram 41%, com 240 embriões
utilizados, seguido pelos Frescos com 31% e 180 transferidos, e por último os
Desvitrificados com 28% e 163 embriões, p. 28.
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

α Alfa
® Marca registrada
% Porcentagem
º Graus
°C Graus Celsius
& E comercial
BE Benzoato de estradiol
BE Blastocisto eclodido
BI Blastocisto inicial
BL Blastocisto
BVD Diarreia Viral Bovina
BX Blastocisto expandido
CE Cipionato de estradiol
CEP Código de Endereço Postal
CL Corpo lúteo
CIV cultivo in vitro
CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
CRM Conselho Regional de Medicina Veterinária
V
D0 Dia zero
D7 Dia sete
D8 Dia oito
D9 Dia nove
DG Diagnóstico de gestação
DT Direct Transfer
ECC Escore de condição corporal
eCG Gonadotrofina coriônica equina
et al. E outros
Fig. Figura
FIV Fertilização in vitro
FSH Hormônio folículo estimulante
G Tamanho Gauge
h Horas
IBR Rinotraqueíte Infecciosa Bovina
LH Hormônio luteinizante
MG Minas Gerais
MIV Maturação in vitro
mL Mililitros
mm Milímetros
MT Mato Grosso
N° Número
OPU Ovum pick up
p. Página
P4 Progesterona
PA Pará
PGF2α Prostaglandina F2 alfa
PIVE Produção in vitro de embriões
SP São Paulo
Tab. Tabela
TE Transferência de embriões
UI Unidade internacional
SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES, p. 3
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS, p. 5

1 INTRODUÇÃO, p. 9

2 DESENVOLVIMENTO, p. 10
2.1 BIOTECNOLOGIAS DA REPRODUÇÃO p. 10
2.1.1 Local, orientação e carga horária, p. 10
2.1.2 Atividades desenvolvidas, p. 10
2.1.2.1 Avaliação Reprodutiva, p. 10
2.1.2.2 Protocolo de Sincronização de Cio, p. 14
2.1.2.3 Aspiração Folicular (OPU), p. 17
2.1.2.4 Seleção de Oócitos, p. 19
2.1.2.5 Produção in vitro de embriões (PIVE), p. 20
2.1.2.6 Transferência de Embriões (TE), p. 21
2.1.2.7 Diagnóstico de Gestação, p. 24
2.1.2.8 Sexagem Fetal, p. 24
2.1.3 Casuística, p. 25

3 CONCLUSÃO, p. 28

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, p. 30

5 APÊNDICE, p. 32
5.1 PLANO DE ESTÁGIO, p. 32
9

1 INTRODUÇÃO
Ao longo da maior parte da minha graduação, meu interesse acerca da reprodução
bovina perdurou. Com isso, decidi dedicar o meu décimo período a essa área. Esse semestre é
composto pelo estágio supervisionado, no qual o aluno escolhe áreas e locais para unir os
conhecimentos adquiridos na faculdade com o campo de atuação. Meu estágio foi no período
de 27 de março a 15 de junho de 2023, sob orientação do professor André Luís Rios
Rodrigues, e supervisão do médico veterinário Pedro Ivo de Figueredo, totalizando a carga
horária de 472 horas.
A área escolhida foi biotecnologias da reprodução o e local foi a Pecplan ABS,
empresa especializada em genética bovina, com sede em Uberaba-MG, onde residi ao longo
deste período. Durante meu estágio atuei no setor de embrião a campo, que conta com a
equipe de aspiração folicular e a de transferência de embrião, além de realizar outros serviços
reprodutivos, como: avaliação reprodutiva; dia inicial do protocolo reprodutivo (D0);
diagnóstico de gestação e sexagem fetal. No decorrer do período, acompanhei diversos
profissionais, e pude ver na prática todas as etapas do serviço veterinário a campo em relação
a produção de embriões.
A escolha do local teve como intuito conhecer a atividade profissional de uma grande
empresa privada, referência no mercado mundial de genética bovina. Essa importante etapa da
graduação, serviu como um valioso aprendizado prático, cultural e social, por ter
acompanhado biotécnicas reprodutivas em diferentes perspectivas, visitei inúmeras
propriedades rurais em diversas cidades e conheci muitas pessoas desse setor.
10

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 BIOTECNOLOGIAS DA REPRODUÇÃO

2.1.1 Local, orientação e carga horária


Exerci as minhas atividades em apenas uma área, Biotecnologia da Reprodução.
Assim como, minha carga horária total foi dedicada a empresa PECPLAN ABS
IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO, inscrita no CNPJ sob o nº 60.431.863/0001-45, com sede
em Rodovia BR-050 KM 196 + 150 metros – Zona rural, Delta- MG, CEP 38.108-000.
Contei com a supervisão do médico veterinário Pedro Ivo de Figueiredo, inscrito sob CRMV-
GO 0807, durante o período de 27 de março de 2023 até 15 de junho de 2023, totalizando 472
horas.

2.1.2 Atividades desenvolvidas


A decisão de realizar o estágio na área de biotecnologias da reprodução deve-se ao
meu interesse e identificação ao longo da graduação. Durante minha formação como médico
veterinário, busquei formas de agregar conhecimento e me informar a respeito da
empregabilidade do profissional na área escolhida. Visto os possíveis e mais diversos papéis,
aquele que decidi acrescentar uma vivência prática neste momento foi a transferência de
embrião. Por se tratar de uma área amplamente explorada, o Brasil teve início na produção de
embriões a partir de 1990 (VIANA, 2012), e ainda há muita possibilidade de crescimento.
A rotina da empresa é exclusivamente com embriões produzidos in vitro, sendo estes
uma tendência no mercado brasileiro, e ultrapassou em números totais a produção de
embriões in vivo no Brasil a partir de 2005 (VIANA, 2012).
A Pecplan ABS é uma empresa multinacional de reprodução e melhoramento genético
bovino. Conta com uma central de produção de sêmen em sua sede Uberaba-MG; touros
contratados em coleta de sêmen; laboratórios para processamento de sêmen e laboratório de
sexagem espermática. Além desses, conta com os setores ligados a produção de embriões,
com cinco laboratórios distribuídos pelo Brasil: Xinguara-PA; Mogi Mirim-SP; Cuiabá-MT;
Sinop-MT e Uberaba-MG, local onde o estágio foi realizado. Nesse departamento, há equipes
laboratoriais e de campo, podendo optar por uma das duas ao se candidatar ao estágio. Devido
ao meu interesse, acompanhei as atividades de campo, nas quais as atribuições são: técnico de
transferência de embrião e técnico de aspiração folicular, ambas biotécnicas serão melhor
relatas ao longo do relatório.
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A produção de embriões (PIVE) engloba todas as etapas acerca da geração de


embriões fora do ambiente uterino do animal. Começando pela Aspiração Folicular ou ovum
pick up (OPU); Maturação in vitro (MIV); Fertilização in vitro (FIV); Cultivo in vitro (CIV) e
Transferência de Embriões (TE) (OLIVEIRA et al., 2014). A empresa ainda realiza o início
do protocolo de sincronização de cio (D0), feito normalmente 17 dias antes da transferência,
além de diagnóstico de gestação (DG) e sexagem fetal.
A escala dos técnicos de campo era estabelecida às quintas-feiras, e no dia seguinte era
lançada a escala dos estagiários, listando os médicos veterinários que acompanhamos a cada
dia da semana. Dentre as atividades, auxiliei equipes de aspiração folicular ou de transferência
de embrião, além de alguns serviços de diagnóstico de gestação e início de protocolo de
sincronização de cio. No decorrer do estágio, tive oportunidade de auxiliar desde serviços de
itinerários mais curtos, até viagens mais longas, conhecendo diversas cidades pelo interior de
Minas Gerais, além de outros estados, como: Mato Grosso; Goiás e São Paulo.

2.1.2.1 Avaliação Reprodutiva


O contratante pode solicitar diferentes atividades da empresa. Começando pela
avaliação reprodutiva, especialmente em receptoras, nas quais pretende-se determinar se estas
estão aptas reprodutivamente. Isto se da principalmente pela presença do corpo lúteo (CL) e
qualidade deste, visto que a qualidade alinhada à concentração plasmática de progesterona
está entre os principais fatores que influenciam a taxa de prenhez de uma transferência
(DISKIN & MORRIS, 2008). Quanto maior o CL, maior é a taxa de prenhez esperada
(VASCONCELOS et al., 2001). No campo não há como medir concentração de progesterona.
A forma prática, adotada pelos técnicos da ABS, é classificar os corpos lúteos de 1 a 3, em
relação a porcentagem de preenchimento do ovário pelo corpo lúteo. Vale ressaltar que esses
parâmetros são pessoais e não há um protocolo descrito pela empresa para classificar de
forma precisa. Estes são anotados para aumentar o número de dados quanto ao estado
reprodutivo das receptoras, para posterior análise, principalmente em caso de resultados ruins,
onde se pretende entender a causa do número aquém do esperado.
Além da avaliação anteriormente citada, faz-se uma varredura ultrassonográfica pelo
útero a fim de encontrar possíveis alterações patológicas que comprometam a gestação,
verificar se houve correta involução uterina pós-parto e até identificar aparelhos reprodutivos
imaturos, como no caso de novilhas. Nesses serviços, o ultrassom utilizado pela empresa é o
Mindray DP2200 ®.
12

Estas observações reprodutivas são importantes para melhorar as taxas de


transferências, no entanto, não se deve deixar de lado avaliações do estado nutricional do
animal, pois fatores nutricionais estão intimamente ligados ao estado reprodutivo. Nutrientes,
seja pelo excesso ou deficiência é o fator limitante mais importante na reprodução animal. A
forma prática que melhor quantifica o estado nutricional em que o animal se encontra é o
escore de condição corporal (ECC), que tem como objetivo pontuar quanto às suas reservas
nutricionais, e representá-las na forma de uma escala em ordem crescente, do mais magro ao
mais obeso, como mostra a (Figura 1). O mais utilizado no gado de leite é a escala de 1 a 5,
enquanto no gado de corte utiliza-se mais de 1 a 9. Em ambos, o escore intermediário é o mais
preconizado e os extremos mais prejudiciais à reprodução (NOGUEIRA, 2015).
O meu período de estágio foi de março a junho, dessa forma pude ver na prática a
diferença climática durante esta temporada. Ao chegar, estávamos no final da estação de
chuva, e ao finalizar, já havia uma seca evidente. Com isso, as pastagens, que antes se
encontravam em melhor estado e quantidade, ao final do meu estágio já era possível observar
os efeitos da ausência de chuva. Inclusive, por ter percorrido diversas cidades e estados,
queimadas em beira de estrada passaram a ser recorrentes. Portanto, os impactos nos rebanhos
podem ser evidenciados a partir desse momento, através da redução de escore corporal e,
consequentemente, queda nos índices reprodutivos. A fim de amenizar estes efeitos,
recomendamos cuidados especiais aos animais submetidos a programas de embrião.
Idealmente separá-los em piquetes com melhores condições de pastagem. Faz-se necessário
correta mineralização, e oferta de sais de qualidade, a fim de suprir exigências de
micronutrientes. Devido ao elevado investimento para produzir bezerros oriundos de embriões
in vitro, espera-se o amparo necessário para maximizar os índices reprodutivos.
Devido a diversidade de locais visitados, tive a oportunidade de acompanhar a rotina
de propriedades distintas. Desde currais pequenos, sem brete de contenção, até fazendas de
referência nacional na produção de leite. Assim como criações de forma extensiva, até o
confinamento de um dos maiores frigoríficos do mundo.
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Figura 1 – Comparativo de escores de condição corporal, e recomendações de suplementação nutricional. Fonte:


Boas Práticas na Reprodução Embriões - Linha Neo ABS Pecplan (ABS, 2020).

Além das avaliações de ciclicidade e nutricionais, o estado sanitário do rebanho é


fundamental para se obter bons resultados (ALFIERI & ALFIERI, 2017). Dessa forma é
essencial que a propriedade faça um controle rigoroso quanto ao calendário vacinal, dando
atenção as vacinas reprodutivas. Com esse objetivo, a ABS indica o uso de vacinas como:
Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR); Diarreia Viral Bovina (BVD); Leptospirose;
Brucelose e Febre Aftosa. Sendo essa última apenas nos estados que ainda praticam
vacinação, visto que alguns no Brasil já são livres sem vacinação. Deve-se também realizar
controle de ectoparasitas e endoparasitas até o dia do início do protocolo (D0), assim como no
caso das vacinas. A empresa indica não realizar nenhuma aplicação de medicamento ou
vacina a partir do início do protocolo até os 60 dias de gestação. A ABS não interfere
diretamente na realização desses manejos anteriores ao D0, faz indicações a fim de auxiliar o
produtor a maximizar seus resultados. No entanto, em alguns casos, auxiliamos na aplicação
de vacinas durante o D0, principalmente em propriedades menores, com menos costume de
realizar tais procedimentos.
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Esses cuidados sanitários são importantes a fim de reduzir surgimento de


enfermidades no rebanho, podendo trazer prejuízos econômicos significativos aos produtores,
já que infecções que causem morte embrionária e fetal representam boa parte dos problemas
reprodutivos nos rebanhos do mundo (ALFIERI & ALFIERI, 2017).

2.1.2.2 Protocolo de Sincronização de Cio


Após realizar estas análises reprodutivas da receptora, decidiu-se a necessidade de
realização ou não do protocolo hormonal de sincronização de cio. Como mostra a figura 2, no
D0 deve-se introduzir o implante vaginal de liberação lenta de progesterona com o uso do
aplicador (Figura 3). O objetivo do uso deste hormônio é suprimir a manifestação de cio e a
ovulação, para que se inicie uma nova onda de forma sincronizada entre os animais
protocolados. Após a retirada do estímulo, a concentração de cios e ovulações ocorre a partir
do segundo dia (VALLE, 1991). Além de sincronizar o cio e a ovulação de fêmeas, este
método estimula também a manifestação de cio em fêmeas em anestro (ROCHE et al., 2000).

Figura 2 – Linha do tempo do manejo reprodutivo na transferência de embrião. Fonte: Boas Práticas na
Reprodução Embriões - Linha Neo ABS Pecplan (ABS, 2020).

Deve-se atentar à boa higienização por ser tratar de um implante que ficará 8 a 9 dias
no trato vaginal da vaca, podendo causar alterações e aumentando a predisposição patológica,
como vaginites. Antes de montar os aplicadores (Figura 3B), estes devem ficar em um balde
de pré-lavagem com água, e posteriormente um balde contendo água e um agente
desinfetante, como o quaternário de amônio (CB-30 TA®, Ourofino). Existem implantes
monodoses e de até 3 usos, com isso, os que forem ser reutilizados, devem passar por lavagem
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após retirada, remoção mecânica de matéria orgânica em água corrente, seguido por 5 minutos
em um balde com água e CB-30 TA®, Ourofino numa proporção 1:1000 e posteriormente
expostos na sombra em cima de toalhas de papel para secagem. Atentando-se a sempre
realizar todos esses processos com luvas de procedimento, para evitar a absorção dos
fármacos pela pele.

Figura 3 - Implantes de progesterona de terceiro uso (A) inseridos no aplicador, previamente higienizados (B).
Fonte: arquivo pessoal.

No D0, realiza-se também a aplicação de benzoato de estradiol (BE), que aliado à


fonte de progesterona, vai gerar a atresia folicular, visto que o estrogênio realiza feedback
negativo ao hormônio folículo estimulante (FSH), impedindo que ele dê sequência ao
crescimento folicular (RAMOS, 2006). Com isso, uma nova onda de crescimento folicular
será iniciada nas vacas protocoladas. Existem vários nomes comerciais para o benzoato de
estradiol, e a dosagem padrão utilizada é de 2 mL por animal. A indicação de qual marca
utilizar depende da preferência do veterinário ou escolhida pela própria fazenda. Deve-se ter
cuidados quanto ao armazenamento do frasco, lugar fresco e sem exposição do sol, além dos
cuidados pessoais. Quanto a manipulação do medicamento, por se tratar de um hormônio
oleoso com absorção pela pele, deve ser manipulado utilizando luvas de procedimento.
A empresa sugere dois tipos de protocolo, 3 e 4 manejos, sendo o primeiro mais
utilizado para gado de corte e o segundo mais indicado para propriedades leiteiras. A
diferença é em relação ao dia de aplicação de Prostaglandina F2 alfa (PGF2α), acontecendo
junto a retirada (D8) no protocolo de 3 manejos, e dois dias antes (D7) no de 4. Essa alteração
deve-se principalmente pela possibilidade da alta concentração de progesterona alterar o
16

padrão pulsátil do hormônio luteinizante (LH), interferindo no crescimento folicular final


(SAVIO et al., 1993). Segundo Mota et al. (2014), a antecipação da PGF2α em 48h à retirada
do implante de progesterona (P4) obteve melhores taxas de prenhez, quando comparado ao
uso no dia da retirada, em vacas girolandas de aptidão leiteira. No entanto, outros estudos
como o realizado por Mingoti et al. (2016), mostraram não haver grande diferença nas taxas
de prenhez em relação aos dois protocolos, em um experimento voltado a raça nelore. De
forma geral, a logística de implementação de um manejo a mais no gado de corte é dificultada
por serem lotes mais numerosos, enquanto o gado de leite, por ser manejado diariamente
devido à ordenha, permite a instalação do quarto dia de protocolo.
Independente do protocolo escolhido, no momento da retirada é necessário o uso de
uma fonte estrogênica, e a mais utilizada nesse momento é o cipionato de estradiol (CE). Há a
possibilidade de usar também o benzoato de estradiol como indutor de ovulação, mas nesse
caso surge a necessidade de um manejo extra, com aplicação deste hormônio 24 horas após a
retirada dos implantes (CREPALDI, 2009). A utilização do CE facilita a logística, podendo
ser aplicado junto aos outros manejos do D8 ou D9. Um dia a mais de atividades, requer um
direcionamento de funcionários e gastos maiores, ainda mais em propriedades de alto volume,
tornando o protocolo de 3 manejos com o CE na retirada do implante em gados de corte mais
eficaz.
Assim como os hormônios estrogênicos e o implante de progesterona, a gonadotrofina
coriônica equina (eCG) vem ganhando bastante notoriedade nos protocolos de sincronização
de cio no Brasil. Trata-se de um hormônio produzido pelos cálices endometriais da égua
gestante. Este possui a função de estimular crescimento e ovulação de folículos, formando
corpos lúteos acessórios, que por sua vez, aumentam a concentração de progesterona e
auxiliando na manutenção da gestação da égua (HAFEZ & HAFEZ, 2004). O uso deste
hormônio é mais eficaz em animais com dificuldade de ciclicidade, ausência de corpos lúteos
e folículos dominantes de tamanhos distintos (MACIEL et al., 2017). Sendo assim,
considerando que boa parte dos rebanhos apresentam animais com baixo escore corporal,
além de situações de anestro pós-parto, a utilização deste hormônio como parte integrante dos
protocolos no território nacional tem mostrado resultados positivos (MACIEL et al., 2017).
Deve-se atentar ao acondicionamento, pois diferentes dos demais, este necessita ser
acondiciona à uma temperatura de 2 a 8°C, como mostra a bula do FOLLIGON® 5000 UI
(MSD). Sua dosagem vai variar em relação à finalidade, seja para superovulação, correção de
anestro ou aumento da fertilidade.
17

Nós iniciávamos os protocolos nas fazendas, avaliando aquelas que estão aptas ao
mesmo, e realizando os manejos previsto no D0. No entanto, os outros dias estabelecidos, seja
D7 e D9 ou D8, eram feitos pela própria fazenda. Para evitar falhas nos manejos onde nós
não participávamos, deixávamos por escrito todos os fármacos a se usar, assim como dia, hora
e dosagem. A volta do transferidor era esperada 9 dias após a retirada do implante, e o tipo de
embrião utilizado variava de acordo com a preferência do produtor. A empresa oferece 3
tipos: embrião a fresco; embrião vitrificado e embrião DT ou Direct Transfer. No caso do a
fresco, as doadoras eram aspiradas no dia seguinte a retirada dos implantes, normalmente na
própria fazenda, mas podendo ser em propriedades parceiras. Embrião vitrificado, semelhante
ao fresco, mas passavam por processo de vitrificação para serem preservados, e
desvitrificados no momento que for usar. Ambos eram levados até o local da transferência
alocados na transportadora de embriões (Figura 4) a uma temperatura de 37°C. Já o DT, feito
por meio de congelamento lento do embrião sete dias pós FIV no laboratório, possuía uma
tecnologia que permite envasar o embrião em palhetas e posteriormente levá-los para serem
armazenados no botijão da fazenda, podendo ser utilizados quando for conveniente,
facilitando a logística.

Figura 4 – Transportadora de embriões T-CUBE 350® TED, contento embriões frescos. Fonte: arquivo pessoal.

2.1.2.3 Aspiração Folicular (OPU)


A obtenção dos oócitos, utilizados para a produção de embriões, se deu por meio da
aspiração folicular (OPU), a principal técnica a nível comercial. No entanto, há também a
possibilidade de conseguir oócitos através da punção de ovários oriundos de abatedouros.
Apesar de não ser a principal forma de capturar oócitos, pode ser interessante no caso de
fêmeas de valor zootécnico que venham a morrer. Essa forma de obtenção, por meio de
18

punção, é feita na empresa apenas a nível de pesquisa. Existem profissionais contratados para
realizar a obtenção de oócitos em abatedouros, e posteriormente destiná-los a testagem de
meios, para adicionar novas tecnologias ao serviço comercial.
A OPU é um dos serviços oferecidos pela empresa, e que tive a oportunidade de
acompanhar durante o estágio. Este serviço foi realizado por meio de um médico veterinário
técnico de campo e um profissional de seleção de oócito. Durante a aspiração folicular no
animal pelo médico veterinário (Figura 5), o selecionador adaptou um laboratório na fazenda
para o recebimento dos oócitos. Na aspiração folicular utilizou-se um aparelho de ultrassom
(DP50®, Mindray), um modelo com uma qualidade de imagem superior aos de utilização
para o restante dos serviços da empresa. Essa tecnologia é necessária para melhorar a acurácia
do profissional ao visualizar os folículos pelo ovários, e assim poder inserir a agulha com
maior precisão. O transdutor utilizado é o microconvexo, inserido na guia transvaginal junto a
um mandril (Figura 5), que conecta o circuito a um tubo aquecido com soro fisiológico,
armazenado no bolso do macacão do técnico. Um cateter 18G foi acoplado a ponta do
mandril, que deve ter suas bordas cortadas para facilitar o encaixe. Esse cateter era substituído
a cada animal, a fim de evitar o desgaste do corte e a contaminação entre as fêmeas. Além
desses equipamentos, uma bomba de vácuo liga ao tubo da aspiração, fazendo o vácuo que
permite a aspiração do conteúdo folicular até o tubo. Em sua parte superior, também há seis
espaços para encaixe de tubos, com a função de mantê-los a uma temperatura de 37°C,
condizente com o ambiente interno do animal. Com a finalidade de manter a higiene e evitar
contaminação cruzada, também utilizava-se uma camisinha sanitária própria para OPU na
guia transvaginal, com gel condutor para melhorar a formação de imagens.
19

Figura 5 – Médico Veterinário Neumar Borges Fonseca, técnico da ABS, realizando uma aspiração folicular.
Nesta Imagem é possível visualizar sua mão direita segurando a guia transvaginal acoplada a um mandril,
enquanto a mão esquerda auxilia o posicionamento do ovário pela via transretal. Fonte: arquivo pessoal.

Após a organização do material a ser utilizado na aspiração folicular, o primeiro passo


era o bloqueio anestésico epidural com lidocaína 2%, que variou de 2 a 5 mL nos serviços
acompanhados, principalmente pela diferença de peso dos animais. Posteriormente, com a
introdução de uma mão acompanhada por luva de palpação no reto da doadora, enquanto a
outra mão segura e introduz a guia transvaginal. Para facilitar o processo, a guia é apoiada no
assoalho pélvico, e o técnico movimenta o mandril acoplado a guia. A mão que vai ao reto
tem a função de localizar e firmar os ovários, enquanto o transdutor pela via transvaginal fará
a imagem ovariana. A imagem ultrassonográfica permite a visualização dos folículos,
estruturas arredondas e anecoicas (Figura 6) que vem ser posicionados de encontro ao cateter.
A pressão da bomba garantirá que seja feita a aspiração do conteúdo, obtendo assim os
oócitos.

Figura 6 – Imagem ultrassonográfica de um ovário, com foco nos folículos: estruturas arredondadas e anecoicas.
Fonte: arquivo pessoal

2.1.2.4 Seleção de Oócitos


O tubo que contém todo o conteúdo da aspiração de uma doadora era recepcionado
pelo selecionador. Estre profissional tem a função de rastrear os oócitos, quantificá-los e
classificá-los. O primeiro passo era despejar todo o conteúdo em um filtro (Figura 7-A),
contendo uma tela de nylon de 100 micra, que permite a passagem de grande parte do
conteúdo excedente, e filtrando o desejável. Em sequência, lava-se o filtro sob uma placa de
20

procura, placa de Petri (90x15mm), com soro fisiológico aquecido, como mostra a (Figura 7-
B). Posteriormente rastreia os oócitos, e lava-os em três gotas de lavagem, previamente
posicionadas em uma nova placa de Petri. O meio utilizado para a lavagem é próprio da
empresa (Figura 7- C), e durante a última gota será feita a contagem e classificação. Por fim,
os oócitos passam para um tubo contendo o mesmo meio, e antes de ser armazenado passará
pela adição de uma mistura de 3 gases (Figura 7- D), 5% Oxigênio; 5% Gás Carbônico e 90%
de Nitrogênio.

Figura 7 – Processo de seleção de oócitos pós aspiração folicular. Despejo do conteúdo no filtro (A). Lavagem
do filtro para recuperação oocitária (B). Meio de lavagem produzido pela ABS, conteúdo 5 mL (C).
Preenchimento do tubo com a mistura de gases (D). Fonte: arquivo pessoal.

2.1.2.5 Produção in vitro de embriões (PIVE)


Após a aspiração e seleção, o material era levado para a central, onde havia o
laboratório de Produção in vitro de embriões (PIVE). Assim que recepcionados, os oócitos
eram processados no laboratório, até o dia de sua transferência. Existem 3 etapas
laboratoriais, as quais não tive a oportunidade de acompanhar, por estar alocado nos serviços
de campo. De forma breve, a primeira etapa é a maturação in vitro (MIV) fase destinada a
própria maturação do oócito, envolvendo mudanças celulares e bioquímicas para preparar o
mesmo a receber o gameta masculino (GOUVEIA, 2011). A próxima fase é a fertilização in
vitro (FIV) onde serão utilizados espermatozoides viáveis para fecundar os oócitos. O
acasalamento é previamente escolhido pelo produtor, podendo ser utilizado doses de sêmen
21

produzidas na central, ou enviadas pela fazenda. O cultivo in vitro (CIV) onde os oócitos
fecundados ficarão em cultivo até os zigotos de 6 a 7 dias se tornarem blastocisto. Os estágios
encontrados nesse momento podem ser Blastocisto inicial (BI); Blastocisto (BL); Blastocisto
expandido (BX) e Blastocisto eclodido (BE) (GOUVEIA, 2011). Para a transferência a fase
preconizada pela empresa é a de BX.
Após produzir os embriões, a empresa possibilita 3 serviços: utilização a fresco destes,
vitrificação para uso posterior ou congelamento lento para produção de embriões DT, que
podem ser armazenados em botijão na própria fazenda. Cada possibilidade de escolha possui
um preço diferente, sendo mais barata a produção de embriões a fresco. Caso estes sejam
escolhidos, devem ser transferidos assim que produzidos, e para isso, a propriedade deve
possuir um rebanho de receptoras sincronizadas, seguindo os protocolos descritos ao longo
deste relatório.

2.1.2.6 Transferência de Embriões (TE)


Outra atividade acompanhada a campo foi a transferência de embriões (TE). Esta deve
ser feita a partir de uma sincronização das receptoras com o tempo de vida do embrião
(HAFEZ & HAFEZ, 2004). O ideal é que o embrião possua a mesma idade do tempo de
ovulação da vaca receptora, no entanto, a empresa utiliza-se de transferências com variação de
um dia também, seja para mais ou menos. A necessidade de transferir com essa diferença de
dias surge em casos de viagens mais longas. O primeiro passo no dia da transferência era a
montagem da mesa, dispondo de todo material a ser utilizado de forma organizada (Figura 8).
Os materiais necessários foram: inovuladores de embrião; anestésico local lidocaína 2%;
seringas; agulhas e prancheta de anotação. No caso dos embriões frescos e desvitrificados, o
transporte e armazenamento foi feito pela transportadora de embriões (T-CUBE 350® TED),
e no caso do embrião DT, o armazenamento foi feito em botijão de nitrogênio.
22

Figura 8 – Organização da mesa de TE. Inovulador de embrião (A). Bainhas de TE (B). Anestésico Lidocaína
2% Bloc® (JA Saúde Animal) (C). Camisinha sanitária (D). Álcool 70° (E). Transportadora de embrião T-
CUBE 350® TED (F). Fonte: arquivo pessoal.

Em seguida, deve ser feita a avaliação das receptoras, fundamental para o sucesso das
taxas de gestação. O objetivo da avaliação foi identificar se houve ovulação, através da
localização do corpo lúteo, e em qual ovário este está localizado. Se não havia a presença, não
era feita a transferência, já que não ocorre o auxílio essencial do corpo lúteo na manutenção
inicial da gestação. Esta avaliação pode ser feita apenas na palpação transretal, e também com
o amparo da ultrassonografia. Na nossa rotina, o uso do aparelho de ultrassom para este fim
era mais comum em vacas de leite. Entretanto, devido a rebanhos de corte serem mais
numerosos, as análises eram feitas de forma mais rápida, apenas à palpação. Com o
estabelecimento da presença, e o lado do CL, a deposição do embrião deve ser feita no lado
ipsilateral ao corpo lúteo (HAFEZ & HAFEZ, 2004).
Para a montagem do inovulador, em caso de embrião fresco ou desvitrificado, deve-se:
retirar o lacre da palheta contendo o embrião, inseri-lo na bainha previamente encamisada, e
em seguida vestir o inovulador. Como o equipamento foi o mesmo para as diversas vacas,
surge a necessidade de utilizar este mecanismo para evitar a transmissão de patógenos,
trocando a proteção à cada receptora. A montagem com o embrião DT foi semelhante, com a
diferença que se deve descongelar anteriormente. Ao identificar a rack que contém o embrião
desejado, deve-se retirar a palheta, deixando-a 5 segundos no ar e posteriormente colocando-a
no descongelador, a uma temperatura de 30°C por 30 segundos. Ao finalizar a descongelação,
ela foi retirada, seca e montada no inovulador. Vale ressaltar que estes foram protocolos
estabelecidos pela empresa (Figura 9) retirada da Cartilha de Boas Práticas na Reprodução
Embrião – ABS NEO de 2020. Além dos cuidados quanto ao descongelamento, as boas
práticas no manejo do botijão são essenciais para preservar o material genético armazenado.
23

Deve-se sempre manter o nível do nitrogênio adequado, para isso, medições com régua
própria devem ser recorrentes. A manipulação dos canecos e racks deve ser feita com
cuidado, evitando a exposição excessiva, o que pode culminar no descongelamento e perda de
qualidade dos embriões.

Figura 9 – Orientações sobre boas práticas com botijão e descongelamento. Fonte: Boas Práticas na Reprodução
Embriões - Linha Neo ABS Pecplan (ABS, 2020).

A transferência de embriões, diferente da inseminação artificial, não é feita durante a


fase estrogênica do animal, e sim, em fase progesterônica. Por se tratar de um procedimento
feito 7 dias após ovulação, já acabaram os efeitos da alta concentração de estrógeno, e neste
momento a progesterona do corpo lúteo está regendo as característica do aparelho reprodutor
da vaca, e com isso, a cérvix se encontra fechada (HAFEZ & HAFEZ, 2004). Desta forma,
torna-se mais difícil a passagem dos anéis cervicais, além de mais perigoso, com risco de
rompimento do útero, visto que ele se encontra em menor tônus. Com objetivo de reduzir a
sensibilidade do local, e ainda tornar o procedimento mais seguro para o técnico e o animal,
realizava-se um bloqueio epidural com lidocaína 2%. Com uma mão segurando o inovulador,
fez-se a introdução pela vagina, enquanto a outra mão, introduzida ao reto, apoiou o aparelho
24

reprodutor, de modo que conduziu o inovulador à passagem dos anéis cervicais. Ao alcançar o
corno uterino ipsilateral, depositou-se o embrião no último terço deste. A fim de diminuir a
incidência de infecções uterinas, ao passar a cérvix, rompe-se a camisinha sanitária, e conduz
o inovulador apenas com bainha como proteção, evitando-se assim a ascendência de possíveis
patógenos ao útero. Ao finalizar o serviço de TE, calculamos a taxa de aproveitamento das
receptoras, número de vacas transferidas dividido pelo número de receptoras protocoladas.
Quanto melhor as condições nutricionais e sanitárias do rebanho, melhores taxas são
esperadas. Durante meu estágio, calculei um aproveitamento total de 74%, levando em
consideração todos os procedimentos de transferência que acompanhei. Resultado dentro do
esperado pela empresa, que possui médias entre 70 e 75%.

2.1.2.7 Diagnóstico de Gestação


O serviço seguinte oferecido pela empresa é o de diagnóstico de gestação (DG), feito a
partir de 21 dias pós transferência, quando o embrião que já tinha 7 dias terá 28 dias. A
gestação bovina é identificada pelo aumento significativo de líquido uterino, associado a
identificação do embrião (FELICIANO, 2013). Em casos de prenhezes negativas, na maioria
das fazendas, já iniciávamos um novo protocolo, com o uso de um implante de progesterona e
uma aplicação de benzoato de estradiol. Os animais entravam em mais um protocolo para
otimizar o período de serviço, momento que vai desde a última parição até se tornarem
gestantes novamente. No entanto, por tratar-se do final de estação, algumas propriedades
decidiam por encerrar os trabalhos nesses animais que não conseguiram tornar-se prenhes,
destinando-os ao descarte.
O DG precoce é passível de erros, por isso deve ser feito com bastante cuidado e
precisão, e em caso de não conclusão, deve-se considerar indefinido e indicar a
reconfirmação. Um diagnóstico falso-negativo, por exemplo, pode causar um abortamento do
embrião, caso seja feito um protocolo utilizando-se PGF2α. Alguns dos cuidados a se tomar é
a observação da presença de líquido no útero, que nem sempre é devido a gestação, podendo
ser causado por uma patologia uterina que cause acúmulo de líquido, como metrites e
endometrites (FELICIANO, 2013). Para diferenciar, identifica-se se a quantidade de líquido
corresponde ao tempo esperado de gestação, além de localizar o embrião e detectar a sua
viabilidade, por meio da presença de batimentos. Outra causa de erro, principalmente quando
realizado abaixo do 30° dia de gestação, deve-se a não realização da varredura completa do
útero. Como nesse momento ainda não há muito líquido, pode passar despercebido e esse
animal seja dado como vazio.
25

2.1.2.8 Sexagem Fetal


Ao 60° dia de gestação, a empresa realiza a sexagem fetal nas propriedades que
contratam esse serviço. A função deste procedimento não é apenas identificar o sexo do
embrião transferido, como também, confirmar a gestação anteriormente realizada com o
embrião de 30 dias. Em fazendas integrantes de um dos projetos da ABS, o pagamento é
efetuado apenas em caso de prenhez confirmada de fêmea. A garantia de vir o sexo de
interesse vem da confiança na tecnologia própria da empresa, a Sexcel. Esta garante
resultados acima de 90% de pureza do sexo escolhido. O uso desta tecnologia é voltado
principalmente para propriedades de leite, cujo interesse é o nascimento de fêmeas. Devido ao
investimento elevado na implementação do uso de embrião na fazenda, espera-se que nasça o
sexo escolhido e possibilite o retorno do dinheiro investido. Existem locais que baseiam sua
renda na venda de touros, por isso a utilização do sêmen sexado de macho também torna-se
útil. A técnica para identificar o sexo do feto à imagem ultrassonográfica pode ser realizado
até o 100° dia, no entanto os melhores resultados são esperados do 60° ao 70° dia
(FELICIANO, 2013). Deve-se identificar os tubérculos genitais, estruturas bilobuladas e
hiperecoicas, idênticas nos dois sexos, diferenciando-se apenas pela posição em que se
encontram. Localizados na região mediana ventrocaudal, o tubérculo migra em direções
opostas nos dois sexos, até se estabelecer no 58° dia. No caso da fêmea, este se encontrará na
região perineal, próximo a cauda. Já nos machos, este migra em direção cranial, próximo ao
cordão umbilical (FELICIANO, 2013).

2.1.3 Casuística
Durante o Estágio Curricular Supervisionado na Pecplan ABS, acompanhei os
serviços prestados pela empresa, sendo eles o início de protocolo (D0); Diagnóstico de
gestação (DG); Transferência de embrião (TE) e Aspiração folicular ou ovum pick up (OPU),
chegando a contabilizar 3.255 animais manejados pela nossa equipe (Tabela 1). A atividade
com maior casuística foi o DG. Devido ao menor tempo por animal, há a possibilidade de
realizar uma quantidade maior em um só dia. No entanto, não possuo dados completos quanto
a porcentagem de todos os diagnóstico que acompanhei. Essa dificuldade veio,
principalmente, devido a estar atarefado durante o acompanhamento do serviço, realizando
anotações, aplicando medicamentos e higienizando aplicadores e implantes. A empresa espera
resultados de prenhez acima de 40% no fresco e vitrificado, e acima de 35% no DT.
26

Tabela 1. Atividades realizadas no Estágio Curricular Supervisionado na Pecplan ABS de 27 de março a 15 de


junho de 2023.
Atividades N° Animais
D0 502
DG 1780
TE 583
OPU 462
TOTAL 3255
D0: início do protocolo, DG: diagnóstico de gestação, TE: transferência de embrião e OPU: ovum pick up
A empresa atua nacionalmente, atendendo propriedades de diversas características e
tamanhos por todo Brasil. Como a minha alocação foi em Uberaba-MG, as cidades visitadas
foram em maior escala as do interior do estado de Minas Gerais. No entanto, outros estados,
como São Paulo; Mato Grosso e Goiás, também foram locais solicitados a prestação de
serviços (Tabela 2). Devido a localização estratégica de Uberaba, sua distância para regiões
de forte mercado pecuário é um fator vantajoso na logística da produção de embriões do
Brasil central. O segundo principal laboratório produtor de embriões da empresa, localizado
em Mogi Mirim-SP, estabelecido pela forte estratégia logística devido à proximidade ao
aeroporto de Campinas-SP.
Ao total, foram 21 cidades visitadas, distribuídas em 4 estados, e com números de
serviços variados (Tabela 2). No estado de Goiás 5 cidades foram atendidas, enquanto em
Minas Gerais houve 12 municípios visitados, já Mato Grosso e São Paulo foram 2 serviço em
cada. A quilometragem total percorrida foi de 15.202 Km durante o meu estágio.

Tabela 2. Cidades visitadas e número de serviços realizados ao longo do Estágio Curricular Supervisionado na
Pecplan ABS de 27 de março a 15 de junho de 2023.
Cidades N° de serviços
Alexânia-GO 2
Buriti Alegre-GO 1
Morrinhos-GO 1
Nazário-GO 2
Nova Roma-GO 2
Abadia dos Dourados-MG 2
Campo Florido-MG 2
Coromandel-MG 2
Delta-MG 2
Gurinhatã-MG 2
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Ituiutaba-MG 2
Lagoa Formosa-MG 2
Prata-MG 3
Santa Juliana-MG 2
Uberaba-MG 8
Uberlândia-MG 1
Unaí-MG 2
Araguaiana-MT 1
Barra do garças - MT 1
Pedregulho-SP 1
Porto Ferreira-SP 1
TOTAL 44

O serviço de transferência de embrião exige que no dia seja feita uma avaliação da
receptora. A fêmea foi considerada apta, pelo protocolo da empresa, quando possuía um corpo
lúteo, preferencialmente viável. No entanto, esse fator nem sempre foi possível observar sem
o auxílio do modo Color Doppler no aparelho de ultrassom, ainda não utilizado pela empresa.
Com isso, o critério de avaliar viabilidade pode variar de técnico para técnico, e o mais
utilizado foi apenas a presença do CL. No total de 790 vacas, o número de receptoras aptas foi
de 583 vacas, representando 74% e inaptas de 208 vacas, representando 26% (Figura 10).

Receptoras aptas (583) Receptoras inaptas (208)

26%

74%

Figura 10 . Comparativo do número de receptoras aptas e inaptas. Pecplan ABS de 27 de março a 15 de junho de
2023.
28

As categorias de embriões frescos, desvitrificados e Direct Transfer (DT) transferidos


nas 583 fêmeas aptas foram apresentados a seguir (Figura 11). Os mais utilizados foram os da
categoria DT, seguidos pelo fresco e vitrificado, com porcentagens próximas entre eles.

Embrião Fresco (180) Embrião Desvitrificado (163) Embrião DT (240)

31%

41%

28%

Figura 11. Comparativo do categorias de embriões transferidos . Pecplan ABS de 27 de março a 15 de junho de
2023.

Durante os serviços de aspiração folicular, nossa equipe aspirou e selecionou oócitos


de 462 doadoras, obtendo as quantidades descritas na Tabela 3. Ao final calculei a média por
vaca durante todo o meu período de estágio, também descrito na Tabela 3.

Tabela 3. Dados obtidos no acompanhamento das aspirações Foliculares durante o Estágio Curricular
Supervisionado na Pecplan ABS
Doadoras Oócitos Totais Oócitos Viáveis Totais/doadoras Viáveis/doadora
462 9.462 7.711 20,5 16,7

Apesar de eu não ter analisado o número de oócitos coletados por raça, foi evidente a
diferença entre elas no dia a dia. Raças zebuínas, ou que cruzamentos em que houvesse
sangue zebu, obtiveram resultado muito superiores, com média acima de 20 oócitos
recuperados por doadora, já nas raças taurinas, média foi próxima a 10 oócitos.

3 CONCLUSÃO
Minha disciplina de estágio supervisionado foi inteiramente realizada na Pecplan
ABS, lugar onde, desde a metade da minha graduação já tinha certeza de que gostaria de
conhecer. Foi muito gratificante poder experimentar um pouco da rotina de uma empresa de
tamanho reconhecimento mundial, onde convivi com 13 médicos veterinários e outros tantos
29

profissionais. Pude aprender diferentes ensinamentos e perspectivas acerca da reprodução


animal, mais especificamente sobre a área de produção de embrião. Trata-se de um meio
inovador, com novidades surgindo a todo momento e estar dentro dele, por quase 3 meses, me
fez perceber a importância deste para a pecuária nacional. Por se tratar de uma empresa
privada, a cobrança era muito diferente do meio acadêmico, que estávamos acostumados.
Precisei estar completamente dedicado e atento às funções em que fui destinado. Cometi
alguns erros, em sua maioria por falta de atenção, mas com estes aprendi e deixei de repeti-
los. Assim como, identifiquei técnicas e conhecimentos que preciso buscar aprimoramento
para progredir como médico veterinário. Acredito ter suprido minhas expectativas pessoais e
profissionais, além de ter sido muito enriquecedor culturalmente, por ter conhecido diversas
cidades e pessoas.
30

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALFIERI, A. A.; ALFIERI. A. F. Doenças infecciosas que impactam a reprodução de


bovinos. Rev. Bras. Reprod. Anim., Belo Horizonte, v.41, n.1, p.133-139, 2017.

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prepubertal calves. Theriogenology, v. 45, n. 6, p. 1163–1176, 1996.

CREPALDI, G. A. Eficácia de diferentes protocolos de indução da ovulação e de intervalos


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GOUVEIA, F. F. A Produção In Vitro de Embriões Bovinos. Brasília, 2011. 35 f.


Monografia. (Graduação em Medicina Veterinária) – Escola de Agronomia e Veterinária,
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31

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protocolo de 3 ou 4 manejos com CIDR® ou Sincrogest® novos e reutilizados. 2016, Anais.
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MOTA, L. H. C. M. et al. Efeito da antecipação do uso da prostaglandina no protocolo de Iatf


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NOGUEIRA, E.; OLIVEIRA, L. O. F. de; NICACIO, A. C.; GOMES, R. da C.; MEDEIROS,


S. R. de. Nutrição de bovinos de corte: fundamentos e aplicações. Brasília, DF: Embrapa. p.
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OLIVEIRA, C. S.; SERAPIAO, R. V.; QUINTAO, C. C. R. Biotécnicas da Reprodução em


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2011: mudanças e tendências futuras. O Embrião, ed. 51, p.6-10, 2012.

5 APÊNDICE

5.1 PLANO DE ESTÁGIO

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE


COORDENAÇÃO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA
VETERINÁRIA DISCIPLINA ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM
MEDICINA VETERINÁRIA

PLANO DE ESTÁGIO COES


Aluno: Bruno Ribeiro Vieira
Matricula: 217018087 Semestre: 2023.1
Orientador: André Luís Rios Rodrigues
1. Biotecnologias da reprodução: Inseminação Artificial, Carga Horária: 472h
Transferência de Embriões, Fertilização in vitro e Transgenia

1. Biotecnologias da reprodução: Inseminação Artificial, Transferência de


Embriões, Fertilização in vitro e Transgenia
Local: PECPLAN ABS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA
Endereço: Rod BR 050 KM 196 + 150 metros – Zona rural

Tel: (34) 3319-5400

Supervisor: Pedro Ivo de Figueiredo Reg. Profissional: CRMV/GO 08076

Período: 27/03/2023 até 15/06/2023

Carga horária diária: 8h Número de dias de estágio: 59 dias

_ _ _ _ _
33

Orientador Estagiário

Disciplina ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

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