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BRASÍLIA - DF
AGOSTO/2021
ANDRINE DE MARI CENCI
BRASÍLIA - DF
AGOSTO/2021
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO REALIZADO NA ESTAÇÃO DE PESQUISA
DA CORTEVA AGRISCIENCE™.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
MICHELLE SOUZA VILELA, Dra. Universidade de Brasília
Professora da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária – UnB
(ORIENTADORA)
_________________________________________________
KAIAN A. CORAZZA KAEFER, Msc. Corteva AgriscienceTM
Pesquisador Associado na Corteva AgriscienceTM
(SUPERVISOR DE ESTÁGIO)
_________________________________________________
ROSA MARIA DE DEUS DE SOUSA, Dra. Faculdades Integradas Upis
Professora da Faculdade Integrada União Pioneira de Integração Social - Upis
(EXAMINADORA)
BRASÍLIA - DF
Agosto/2021
FICHA CATALOGRÁFICA
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CESSÃO DE DIREITOS
É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta monografia e para emprestar ou
vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva-se a outros direitos de
publicação e nenhuma parte desta monografia pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor.
RESUMO
The present work presents as activities accompanied and developed, during a Supervised
Internship held at the Corteva AgriscienceTM Research Station, located in Passo Fundo/RS. The
objective of the internship was to follow the activities of a maize breeding program, thus being
able to improve the theoretical knowledge acquire during the undergraduate in Agronomy at
the University of Brasília. The activities developed during the internship period included
phenotypic assessments, harvest nursery trials, processing of materials produced, preparation
of trials for the winter nursery, seed inventory and germplasm sharing. All activities carried out
were monitored by professionals in the area and contributed significantly, complementing
academic training Experiences and teamwork are essential for personal and professional
development. So, it was possible to observe the importance of conducting a supervised
internship, as those who participate in these activities become more prepared, more critical and
sensible professionals to face the job market and the future as Agronomist Engineers.
INTRODUÇÃO
O milho (Zea mays L.) é uma gramínea pertencente à família Poaceae, possivelmente
tendo como centro de origem o Continente Americano. É explorado desde os primórdios da
agricultura, com evidências de domesticação datadas há mais de 10.000 anos (PETERNIANI e
CAMPOS, 2005). Devido a vasta variedade de raças e cultivares, a espécie Zea mays L. é
considerada politípica, pois há presença de características que permitem o seu cultivo em
praticamente todos os continentes (FORNASIERI FILHO, 2007) e nas mais variadas condições
de clima e época de cultivo.
O principal componente do milho comum é o endosperma, que apresenta elevado teor
de amido, classificando a cultura como cereal. Por esse motivo, sua principal utilização é como
fonte de energia, principalmente para produção de ração de animais monogástricos, entretanto,
pode ser empregado também como matéria prima para o desenvolvimento de diferentes
produtos, tendo mais de 3.500 formas de uso direta e indireta, portanto, é considerado
indispensável para a humanidade (MÔRO e FRITSCHE-NETO, 2017).
Segundo os dados da CONAB, na safra 20019/20 o Brasil cultivou de 18.444,32 mil
hectares de milho, com produtividade média de 5.415 kg/ha e produção estimada em 102.503,0
mil toneladas (CONAB, 2020). No ranking mundial, o Brasil encontra-se em 3º lugar, estando
atrás dos Estados Unidos (347.047,57 mil toneladas) e da China (260.957,66 mil toneladas)
(FAOSTAT, 2019).
Os elevados níveis de tecnologia aplicados a cultura do milho têm contribuído
gradativamente para a melhoria das características da espécie e aumento nos números de
produtividade. Entre os fatores contribuintes, o melhoramento genético é o que mais agrega
para as características de produção, principalmente com o desenvolvimento de novas cultivares
cada vez mais específicas e adaptadas às regiões de cultivo, proporcionando maior
expressividade genética dos materiais (BUSANELLO, 2012).
Desde os primórdios dos programas de melhoramento de milho, a principal
característica buscada pelos melhoristas sempre foi a produtividade de grãos. Com o decorrer
do desenvolvimento e evolução da agricultura econômica, houve a necessidade de exploração
de outros caracteres de interesse, a fim de atender a demanda do mercado. O porte, ciclos
adequados, redução do acamamento e quebra de colmo, resistência às principais doenças e
pragas, bom empalhamento de espiga, stay green (MORÔ, 2018) dentre outras, podem ser
citadas como características relevantes.
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Passo Fundo originou-se no século XIX, a partir do ano de 1827. Foi nesse período que
Manoel José das Neves, o Cabo Neves, recebeu terras do governo provincial, para implantar na
região uma fazenda voltada à criação de gado. Importante trilha dos tropeiros, alimentou
negócios e atraiu novos residentes. A cidade emancipou-se em 1857 e já em 1898 estendia seus
horizontes a partir da ligação ferroviária com Santa Maria. Nos próximos 12 anos, Passo Fundo
também se conectaria com São Paulo pela via dos trilhos. Graças aos trens, o século XX
encontraria o município em processo acelerado de urbanização e atividade econômica (PMPF,
2021).
O município de Passo Fundo está localizado no noroeste do estado do Rio Grande do
Sul (Figura 1) e nas últimas décadas tem se firmado como a sexta economia do estado. É
carinhosamente conhecido como a Capital do Planalto Médio, por ser polo universitário,
referência em atendimento à saúde e por destacar-se no comércio, indústria, prestação de
serviços e no agronegócio. É também a Capital da Literatura, título conquistado pela realização
das Jornadas Nacionais de Literatura (PMPF, 2021).
Segundo dados do IBGE, Passo Fundo possui aproximadamente de 200 mil habitantes
e densidade demográfica de 235,92 habitantes/km². Sua extensão territorial é de 784,407 km².
O PIB per capita é de R$ 45.327,11 e 54,5% das receitas são oriundas de fontes externas.
O Censo Agropecuário de 2017 indica 59.340 hectares cultivados, distribuídos em 909
estabelecimentos agropecuários, dos quais 347 produziram 17.555 toneladas de milho grão, em
uma área colhida de 2.309 hectares (IBGE). O município destaca-se principalmente na
produção de soja (39.171 hectares) e durante o inverno, na produção de trigo (1.850 hectares).
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Passo Fundo está localizado na latitude 28º 15' 46'', longitude: 52º 24' 24'' e está a 687m
acima do nível do mar. O clima do município na classificação de Köeppen é do tipo Cfal:
temperado com característica subtropical úmido, com pluviosidade bem distribuída ao longo
do ano. A temperatura média anual e é de 17,5ºC e a umidade relativa do ar de 72%.
Os solos são derivados de derrame basáltico, profundos e bem drenados, pertencendo
ao grupo Latossolo Vermelho argiloso. O relevo é ondulado e suave ondulado, formado por
elevações com longos pendentes que criam depressões fechadas – coxilhas. O solo é facilmente
corrigível com adubos e fertilizantes.
A vegetação predominante é de campos abertos com matas nativas do tipo Floresta
Subtropical com araucárias (Araucaria angustifolia) (PMPF, 2021).
localiza-se em Wilmington, estado de Delaware, nos Estados Unidos (EUA). A Corteva está
presente em mais de 130 países, englobando 150 centros de pesquisa e desenvolvimento,
empregando mais de 22.000 funcionários, desenvolvendo soluções para mais de dez culturas e
comercializando aproximadamente 65 ingredientes ativos diferentes. É a única empresa de
agrociência 100% dedicada à agricultura (CORTEVA, 2021).
No Brasil, a empresa dedica-se a três principais segmentos: a) sementes e biotecnologia
– milho, soja, sorgo e algodão; b) proteção de cultivos: herbicidas, fungicidas, inseticidas e
tratamento de sementes – soja, milho, trigo, arroz, hortifruti, cana-de-açúcar, citros, café, sorgo,
algodão, florestas e pastagens; c) digital e novos negócios: Granular Insights. A Corteva
AgriscienceTM do Brasil (incluindo o Paraguai) gera mais de 2.000 empregos e possui 10
centros de pesquisa e desenvolvimento, incluindo a estação de pesquisa de Passo Fundo/RS
(CORTEVA, 2021). A Corteva, tem como propósito “enriquecer a vida daqueles que produzem
e daqueles que consomem, garantindo o progresso das próximas gerações”.
2.2.3.1. BE
Denominado de “BE”, o programa dos hiper precoces teve início em 2012 e abrange
materiais com 113-118 CRM (Comparative Relative Maturity), com plantio compreendido do
final de julho a setembro.
2.2.3.2. BP
O programa “BP”, foi o programa pioneiro no site. Fazem parte de BP, materiais super
precoces com CRM 119-127 dias e plantio de agosto a setembro.
2.2.3.3. BS
Por fim, o programa de BS teve início em Passo Fundo, mas foi transferido para
Guarapuava/PR. Atualmente, sua manutenção ainda se localiza na estação de Passo Fundo. Os
materiais pertencentes a este programa são precoces, possuindo CRM de 128 a 133 dias e seu
plantio é indicado entre os meses de agosto e outubro.
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Fruto do trabalho de pesquisa do time de Passo Fundo, fazem parte do atual portfólio da
Pioneer os seguintes cultivares para a safra de verão no Sul do Brasil (Tabela 1):
Tabela 1. Cultivares de Milho Híbrido Pioneer®, lançados pela estação de pesquisa Corteva Passo Fundo.
CULTIVAR CICLO ÉPOCA FINALIDADE TECNOLOGIA
P1225VYHR Hiper precoce Verão Grão Leptra® / Roundup Ready™
P2501 Super precoce Verão Grão/Silagem Convencional
P3016VYHR Precoce Verão Grão/Silagem Leptra® / Roundup Ready™
P2719VYH Precoce Verão Grão/Silagem Leptra®
Fonte: Pioneer®, 2021.
Tabela 2. Cultivares de Milho Híbrido Brevant®, lançados pela estação de pesquisa Corteva Passo Fundo.
CULTIVAR CICLO ÉPOCA FINALIDADE TECNOLOGIA
B2418VYHR Super precoce Verão Sul Grão Leptra®
Verão Centro e PowerCore®
B2401PWU Super precoce Grão/Silagem
Sul e Safrinha Ultra
Verão Centro e PowerCore®
B2433PWU Super precoce Grão/Silagem
Sul e Safrinha Ultra
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TECNOLOGIAS
no controle das principais lagartas que atacam a cultura do milho (lagarta-do-cartucho, lagarta-
elasmo, lagarta-do-trigo, broca-da-cana-de-açúcar, lagarta-eridania, lagarta-da-espiga e lagarta-
rosca). Os híbridos de milho que possuem essa tecnologia inserida, também se apresentam
tolerantes ao uso de herbicidas formulados com glufosinato de amônio (VYH). Alguns híbridos
possuem também a versão resistente ao glifosato (VYHR) (PIONEER, 2021; MORAIS e
BORÉM, 2017; SOARES et al., 2018).
A tecnologia é composta por: Agrisure Viptera® (Syngenta Group Company),
YieldGard® (Monsanto Company), Herculex® I (Dow AgroSciences e Pioneer Hi-Bred),
LibertyLink® (BASF) e versão contendo tecnologia Roundup Ready™ (Monsanto Company).
A CULTURA DO MILHO
caule, folhas e suas estruturas reprodutivas, pendão e espiga (PINHO et al., 2017). As plantas
normais de milho desenvolvem-se seguindo um mesmo padrão, diferindo apenas em alguns
aspectos, como intervalo de tempo entre estádios de desenvolvimento e o número totais de
folhas desenvolvidas, e por isso é importante que se conheça a fenologia da cultura (RITCHIE
et al., 2007; PINTO et al., 2017).
O sistema de identificação proposto por Ritchie et al. (1993), divide a escala fenológica
em estádios vegetativos (V) e reprodutivos (R), conforme mostra a Tabela 3. Os estádios são
subdivididos numericamente, sendo os estádios vegetativos designados como V1, V2, V3, V4
até V(n), em que (n) representa o número de folhas totalmente expandidas/desenvolvidas antes
do pendoamento (VT). O primeiro estádio vegetativo, ou seja, o estádio de emergência é
representado através de VE e o pendoamento, último estádio vegetativo, por VT
(MAGALHÃES e DURÃES, 2006).
Môro (2018) ainda relata que inúmeros estudos e pesquisas, a partir do século XX, foram
essenciais para o desenvolvimento dos programas de melhoramento genético. Pesquisas
pioneiras, como a comprovação do sexo das plantas de milho, o estabelecimento do método
pedigree por Vilmorin em 1840 (que assumiu importância indiscutível para o desenvolvimento
de novas cultivares), os trabalhos de Shull e East, nos anos 1900, acerca dos conceitos de
endogamia, heterose, hibridação e por consequência o método de obtenção de híbridos simples,
a proposta de utilização de híbridos duplos, por Jones (1918), entre outros.
Atualmente, inúmeros programas de melhoramento genético de milho são
desenvolvidos no Brasil e no mundo, em universidades, institutos de pesquisa, empresas
públicas e privadas (principalmente multinacionais). Os programas são segmentados em dois
principais objetivos: obtenção de linhagens e desenvolvimento de híbridos.
Os híbridos de milho são produzidos pelo cruzamento entre genótipos homozigotos, que
além de produzir genótipos superiores, resultam na exploração máxima da heterose (BORÉM,
et al., 2017).
Entre os objetivos mais comuns nos programas de melhoramento de plantas, de forma
geral, estão o desenvolvimento de cultivares adaptados às regiões geográficas, maior tolerância
às principais doenças e pragas, melhor qualidade nutricional, precocidade de plantas etc.
(BORÉM, et al., 2017).
mecanismos são responsáveis por prevenir a autogamia ou favorecer a alogamia. Espécies que
apresentam dioicia, por exemplo, em que alguns indivíduos produzem apenas flores masculinas
e outros apenas femininas, reproduzem-se exclusivamente por alogamia. Já mecanismos como
a monoicia, sistemas químicos de autoincompatibilidade, protandria, protoginia (sistemas
temporais que alteram a maturação do pólen e/ou do estigma) e obstrução mecânica da
autopolinização, favorecem a fecundação cruzada (KARASAWA, 2009; BORÉM, et al., 2017).
As populações de espécies alógamas são então caracterizadas por apresentarem grande
heterogeneidade, ou seja, cada indivíduo da população é altamente heterozigótico e diferente
dos demais. Outra característica importante é a significativa perda de vigor por endogamia
(BORÉM, et al., 2017).
sistema produtivo com poucos insumos (BORÉM et al., 2017). Ao considerar a população,
Souza (2018) descreve que os materiais são geneticamente estáveis e com os devidos cuidados
em sua multiplicação, é possível reutilizar as sementes por várias gerações, em sucessivas
safras, sem que o potencial produtivo seja perdido.
c) Cultivar Transgênico – são as cultivares geneticamente modificadas, que
receberam gene(s) exógeno via transformação gênica (BORÉM et al., 2017). Apresentam
grandes vantagens em relação às versões convencionais, pois os genes neles inseridos
proporcionam maior estabilidade produtiva, reduzem custos de produção, facilitam o manejo e
devido a redução do uso de produtos fitossanitários para controle de pragas e plantas daninhas,
causam menor impacto ambiental (FRITSCHE NETO e MÔRO, 2017).
2.6.3. Hibridação
Allard (1999) define híbrido como a primeira geração do cruzamento entre linhagens
completamente endogâmicas, variedades de polinização aberta, clones ou qualquer outro tipo
de população divergente. A hibridação consiste então, na fusão de gametas geneticamente
diferentes, resultando indivíduos híbridos heterozigóticos (BORÉM et al., 2017).
Beal (1880) foi o primeiro a obter resultados com a hibridização de milho, porém, foram
os trabalhos de Shull e East, sobre endogamia e heterose nos cruzamentos entre linhagens, que
trouxeram mais impacto sobre a utilização de milhos híbridos. Shull (1908) propôs o uso
comercial de híbridos simples, mas o mercado não foi conquistado de imediato. Em 1918,
Donaldo F. Jones finalmente viabilizou o uso de milho híbrido, sugerindo o cruzamento entre
dois híbridos simples, obtendo híbridos duplos (BORÉM, et al., 2017; SOUZA, 2017).
Em 1923, no estado de Iowa, a família de George Kurtzweil, instalou o primeiro campo
de produção de sementes híbridas, dando origem à primeira empresa de sementes, a Cooper
Cross. Um fato curioso, é que o primeiro despendoamento para produção de sementes de milho
híbrido, foi realizado por Ruth Kurtzweil, irmã do proprietário (BISON, 2001).
No ano de 1925, sete anos após a publicação dos trabalhos de Jones (1918), surgia em
Johnston, Iowa, EUA, a Pioneer Hi-Bred Corn Company, que tornaria-se mais tarde a maior
empresa de desenvolvimento e produção de sementes de híbridos no mundo.
O Brasil foi o segundo país a adotar o cultivo de milho híbrido, através dos trabalhos
iniciados no Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e na Universidade Federal de Viçosa
(UFV). A história registra e credita os primórdios do milho híbrido no País a Antônio Secundino
de São José, que juntamente com Gladstone Drummond, em 1938, produziram o primeiro
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híbrido semiduro do Brasil (cruzamento entre linhagens duras do grupo Cateto e linhagens
moles do grupo Amarelão), alcançando 50% a mais de produtividade do que as variedades de
polinização aberta existentes na época. Surge então, a Agroceres Ltda., primeira empresa a
produzir milho híbrido no Brasil (PATERNIANI e CAMPOS, 1999; BORÉM, et al., 2017;
SOUZA, 2017).
2.6.4.1. Duplo-Haploides
O método descendente de uma única semente, comumente conhecido como SSD (Single
Seed Descent) é crédito de Charles Brim (1966). Conforme relatado pela literatura, o método
consiste em avançar gerações segregantes até que o nível de homozigose desejado seja atingido,
tomando uma única semente de cada progênie para originar a geração subsequente (BRIM,
1966).
A principal característica do método é a separação da fase de obtenção de linhagens
homozigóticas e da fase de seleção. Em outras palavras, a seleção de genótipos só tem início
após obtenção de linhagens com elevada taxa de homozigose. Ainda, como apenas uma semente
por planta é utilizada para construir a geração seguinte, elimina-se a seleção natural, e os
indivíduos podem ser conduzidos em casas de vegetação ou em ambientes manipulados para as
condições exigidas pela cultura. Geralmente, os melhoristas impõem modificações ao método,
a fim de adequá-lo aos seus objetivos (BORÉM et al., 2017).
OBJETIVO
GERAL
ESPECÍFICO
Atualmente, os grupos heteróticos para milho dentado foram subdivididos em: grupo
heterótico Iowa Stiff Stalk Synthetic (BSSS) e não BSSS (Non Stiff Stalk). O BSSS que
primariamente era composto apenas por Reid´s Yellow Dent, é o grupo mais utilizado para o
desenvolvimento de linhagens parentais fêmeas enquanto, o grupo Lancaster Sure Crop é o
mais comum para originar as linhagens parentais masculinas (CARENA e BARI, 2018).
AVALIAÇÕES EM PRÉ-COLHEITA
Entre as avaliações de pré-colheita, uma delas têm por objetivo avaliar o tamanho da
espiga e a incidência e severidade de podridão de espiga em condições de pré-colheita. As
avaliações acontecem nos ensaios de observação, nas gerações F3 e F4.
Abordando a avaliação de tamanho de espiga, dentre as características de interesse no
melhoramento, buscam-se espigas de tamanho considerável, dentro de um padrão estabelecido,
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sintomas são grãos de coloração marrom apresentando baixo peso e crescimento micelial
branco, denso e compacto entre as fileiras de grãos (em condições de alta umidade) (Figuras 3
e 4). Espigas mal empalhadas, com palha frouxa ou não decumbentes são mais suscetíveis à
podridão branca. A alta precipitação no período de maturação também favorece o aparecimento
da doença (PINTO, 2005; PINTO, 2006; COTA et al., 2017).
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Conforme descrevem Pinto (2005, 2006, 2007), as podridões de espiga podem ocasionar
danos severos aos grãos, desde a perda de coloração e qualidade, podendo causar sérios
problemas de saúde em humanos e animais. A desvalorização do produto e perdas de
produtividade são fatores que também merecem atenção. Por isso, durante o processo de
melhoramento genético, buscam-se materiais que sejam mais resistentes ou tolerantes à
fitopatógenos.
Cabe ressaltar que para a severidade de doença, é importante atribuir uma nota que seja
representativa de todos os materiais que estão na linha. Ou seja, o avaliador necessita ter um
olhar criterioso para uma perspectiva geral do material. É importante também, observar se
houve ataque de insetos, principalmente lagartas, pois estes podem ser veículo de entrada para
os fitopatógenos.
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PREPARO DE ENSAIOS
O preparo dos ensaios de verão assemelha-se muito com a montagem dos ensaios de
inverno. O que difere entre eles é que no ensaio de verão os materiais de plantio são transferidos
para “clamshells” e estas, transferidas e organizadas nas magazines que serão acopladas a
plantadeira.
O processo de impressão de pacotes de plantio, distribuição, contagem, tratamento e
organização nas caixas de papelão seguem os mesmos procedimentos descritos no preparo de
ensaios do winter nursery. Os pacotes de plantio contêm as informações do material (SIID,
GEname), sua localização física na câmara fria, a quantidade de sementes a serem contadas e
as informações do experimento a qual pertencem (local, nomenclatura do experimento e
ordenação). A distribuição dos materiais nas caixas de papelão é ordenada por: experimento →
SIID.
Posterior a organização dos materiais dentro do experimento, utiliza-se o carrossel para
a impressão das clamshells, ou seja, ocorre a identificação das “caixinhas” de plantio. Na parte
superior das clamshells são impressas o local do ensaio e o inventory e na lateral, há impressão
de um QRcode, do inventory e da localização nas magazines (nº magazine, coluna e linha).
Ocorre então a transferência dos pacotes de plantio para as clamshells, através da
associação do SIID do pacote de plantio com o container ID da caixinha de plantio, com o
auxílio de scanner. As clamshells são organizadas então nas magazines de papelão e
verificadas, a fim de confirmar a ordenação. Em hipótese alguma as clamshells podem estar em
posição errada. Feita a conferência, por fim, as caixinhas de plantio são transferidas para as
magazines metálicas que serão acopladas na plantadeira.
são separados por grupos e todos recebem uma localização, a fim de facilitar sua busca quando
necessário.
Durante o processo de inventário, todos os materiais passam por uma lista de
conferência e são então designados para armazenamento (save) – materiais que seguem no
programa – ou para descarte (discard) – materiais que não atendam mais os objetivos ou não
apresentem as características desejadas dentro daquele determinado programa. Os materiais
descartados são oferecidos para as demais estações de pesquisa do Brasil, e caso apresentem-
se interessante para os outros programas, o material é então transferido para a estação
solicitante.
Os materiais salvos são reorganizados nas devidas localizações e passam pelo processo
de pesagem. O registro dessas informações no sistema é de extrema importância para
organização e tomada de decisões.
A conferência de quantidades é fundamental tanto para o preparo dos ensaios quanto
para a possibilidade de compartilhamento de germoplasma. Além da transferência de materiais
descartados (quando estes são solicitados por apresentarem-se interessantes para outros
programas), há a possibilidade de compartilhamento de materiais ativos no banco de
germoplasma entre os centros de pesquisa da Corteva. A decisão do compartilhamento e a
quantidade a ser compartilhada cabe ao melhorista dono do programa. O compartilhamento de
material genético é muito comum entre as estações do Brasil e com estações do exterior
(principalmente com os países em que as características edafoclimáticas assemelham-se com as
do nosso País), como por exemplo, o México, Argentina, África do Sul, Estados Unidos, entre
outros.
Além da organização das localizações, organização por setores – Lines, IEs, All Bulks,
All Pops, DHs, Codes, Portarias, Pré-Comerciais, Comerciais – todos os materiais devem ser
etiquetados contendo principalmente o seu número de inventory, e no caso dos materiais OGMs
(organismos geneticamente modificados) e/ou sementes que receberam tratamento, devem ser
sinalizados com tarjas: azuis para materiais OGM e laranja para tratamento.
Para o armazenamento, além de expurgadas, as sementes devem estar limpas e precisam
ser mantidas na câmara após seu uso, não prolongando sua exposição ao ambiente para evitar a
contaminação por pragas e perda de vigor.
Da mesma forma que muitos materiais são compartilhados e enviados para outros
centros de pesquisa da Corteva, a estação de Passo Fundo também solicita materiais das outras
estações. Quando recebidos, os materiais passam por conferência no sistema, sendo expurgados
e por fim destinados a seu local dentro da câmara fria.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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