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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI


E DAS MISSÕES
CÂMPUS DE ERECHIM
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

TAMIRES DURANTI GASS

ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO


TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ERECHIM - RS
2023
1

TAMIRES DURANTI GASS

ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO


TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Área de Realização: Clínica médica e cirúrgica de grandes animais

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial à
obtenção do grau de Bacharel em
Medicina Veterinária, Departamento de
Ciências Agrárias da Universidade
Regional Integrada do Alto Uruguai e
das Missões – Câmpus de Erechim.

Orientador(a): Rodrigo de Oliveira


Grando

ERECHIM - RS
2023
2

TAMIRES DURANTI GASS

ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO


TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Área de Realização: Clínica médica e cirúrgica de grandes animais

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial à
obtenção do grau de Bacharel em
Medicina Veterinária, Departamento de
Ciências Agrárias da Universidade
Regional Integrada do Alto Uruguai e
das Missões – Câmpus de Erechim.

________, ____ de ______ de ________.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________
Prof. Nome do Orientador
Instituição a que pertence

_____________________________
Prof. Nome do professor avaliador
Instituição a que pertence

_____________________________
Prof. Nome do professor avaliador
Instituição a que pertence
3

Dedico este trabalho a meus pais Ildo e


Elda, minha irmã Anaize, tio Dirceu, meu
orientador de estágio e toda equipe que
acompanhou neste momento.
4

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, por me proporcionar este


momento que é a realização do meu sonho.
Aos meus pais por todo esforço e dedicação tanto financeiro como
profissional para que eu pudesse cursar a faculdade e pelo apoio que sempre tivera
comigo.
Ao meu tio que esmo não estando mais de corpo presente mas que foi meu
maior incentivador para minha graduação e que sempre se fez necessário em
toda minha vida escolar.
Aos orientadores de estágio e deste presente trabalho, por sempre estarem
me auxiliando em todos momentos, sanando minhas dúvidas.
Aos professores que durante esses cinco anos foram meus exemplos de
profissionalismo e amizade, e que transmitiram o máximo seus conhecimentos para
nós alunos com objetivo de nos capacitar profissionalmente.
5

O único lugar onde o sucesso vem antes


do trabalho é no dicionário.
(Albert Einstein)
6

RESUMO

Atualmente o Brasil é um país que vem se desenvolvendo cada vez mais na


pecuária leiteira e corte, contudo os registros de doenças continuam, entre elas as
mais preocupantes nesses setores de criação são a brucelose e tuberculose, ambas
zoonoses (transmissíveis ao ser humano). Objetivo deste presente trabalho é relatar
o procedimento na realização da prevenção da doença sendo ela com vacinação e
testes. A vacina de brucelose possui dois tipos sendo elas a B19 e RB51, ambas
com boa eficiência, no entanto a B19 é utilizada em animais com idades entre 3 a 8
meses enquanto a BR51 pode possuir mais idade. Sobre o teste da tuberculose,
sobre a tuberculinização, ela possui dois tipos a PPD e PPD aviária ambas podem
ser feitas juntas ou realizando somente a bovina, isso varia de acordo com o tipo de
teste é realizado. Conclui-se que a que as vacinas e testes auxiliam no controle e
erradicação da doença principalmente na compra e venda de animais, garantindo
assim um controle zoonótico e garantindo uma boa qualidade de vida do ser humano
e dos animais.

Palavras-chave: Brucelose; Tuberculose; Tuberculinização.


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ABSTRACT

Currently, Brazil is a country that has been developing more and more in dairy
farming and cutting, however the records of diseases continue, among them the most
worrying in these sectors of creation are brucellosis and tuberculosis, both zoonoses
(transmissible to humans). The objective of this present work is to report the
procedure in carrying out the prevention of the disease, with vaccination and tests.
The brucellosis vaccine has two types, B19 and RB51, both with good efficiency,
however B19 is used in animals aged 3 to 8 months while BR51 may be older. About
the tuberculosis test, about tuberculinization, it has two types, PPD and avian PPD,
both can be done together or performing only the bovine test, this varies according to
the type of test performed. It is concluded that vaccines and tests help in the control
and eradication of the disease, mainly in the purchase and sale of animals, thus
guaranteeing a zoonotic control and guaranteeing a good quality of life for humans
and animals.

Keywords: Brucellosis; Tuberculosis; Tuberculinization.


8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização Agropecuária, Clínica Veterinária e Pet Shop 14


Zannoni LTDA ME
Figura 2: Imagem de uma cachorra com piometra, imagem do útero 20
Figura 3: Cachorra no pós operatório da cirurgia de piometra 20
Figura 4: Imagem da ultrassom antes da realização da cesárea 21
Figura 5: Imagem após a cesárea de cachorra da raça Dachshund com 22
seus 3 filhotes
Figura 6: Bezerro de uma das vacas que apresentou problema de distocia 25
de parto, o mesmo veio a óbito poucos minutos após
Figura 7: Palpação retal em recorrência pós parto 26
Figura 8: Aplicação de soro em vaca 27
Figura 9: Materiais limpos utilizados para vacinação 31
Figura 10: Identificação do animal 31
Figura 11: Marcação ‘’V’’ do lado esquerdo 32
Figura 12: Assepsia do local da vacinação 33
Figura 13: Aplicação da vacina RB51 33
Figura 14: Atestado de Vacinação contra Brucelose não indutora de 34
Formação de Anticorpos Aglutinantes, Amostra RB51 preenchido com as
informações citadas acima;
Figura 15: Tricotomia 38
Figura 16: Medida da prega cutânea 39
Figura 17- aplicação da tuberculina PPD bovina 40
Figura 18- Tabela de dados do produtor e animais testados 41
9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Relação de atendimentos totais realizados nas espécies felina 18


e canina, no período de 11 de janeiro á 27 de abril de 2023, na
Agropecuária, clínica e pet shop Zannoni
Tabela 2: Relação de atendimentos cirúrgicos realizados nas espécies 19
felina e canina, no período de 11 de janeiro á 27 de abril de 2023, na
Agropecuária, clínica e pet shop Zannoni
Tabela 3: Relação de atendimentos realizados nas espécies felina e 23
canina, no período de 11 de janeiro á 27 de abril de 2023, na
Agropecuária, clínica e pet shop Zannoni
Tabela 4: Relação de exames laboratoriais realizados nas espécies 23
felina e canina, no período de 11 de janeiro á 27 de abril de 2023, na
Agropecuária, clínica e pet shop Zannoni
Tabela 5: Relação de atendimentos realizados nas espécies bovinas, 24
equinas e ovinas, no período de 11 de janeiro á 27 de abril de 2023, na
Agropecuária, clínica e pet shop Zannoni
Tabela 6: Relação de procedimentos realizados nas espécies bovinas, 24
equinas, no período de 11 de janeiro á 27 de abril de 2023, na
Agropecuária, clínica e pet shop Zannoni
Tabela 7: Relação de testes e vacinas de medidas de medicina 25
veterinária preventiva , equinas e ovinas, no período de 11 de janeiro á
27 de abril de 2023, na Agropecuária, clínica e pet shop Zannoni
Tabela 8: Atividades relacionadas a área reprodutiva realizadas nas 28
espécies bovinas, no período de 11 de janeiro á 27 de abril de 2023, na
Agropecuária, clínica e pet shop Zannoni
Tabela 9: Interpretação do teste cervical simples em bovinos 40
10

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

PPD Derivado Protéico Purificado


PNCEBT Programa Nacional de Controle e Erradicação da brucelose e
Tuberculose
ECOSMV Estágio curricular obrigatório supervisionado em Medicina Veterinária
mL microlitros
IATF Inseminação Artificial em Tempo Fixo

ATT Antígeno Acidificado Tamponado;

TAL Teste de Anel em Leite;

SAT Teste de Soroaglutinação em Tubos;

FC Fixação de Complemento;

I-ELISA Teste de Elisa Indireto;

C-ELISA Teste de Elisa Competitivo;

FPA Teste de Polarização de Fluorescência;

BAAR Bacilos álcool Ácido Resistentes;

PIB Produto Interno Bruto;

2-MA Teste de 2 Mercaptoetanol;


11

LISTA DE SÍMBOLOS

µ Micro

Beta
® Registrado
12

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO……………………………………………………………………... 13
1.1 Estrutura Física Do Local De Estágio………………………………............ 13
1.2 Descrição Da Rotina De 14
Estágio………………………………………..........
2 DESENVOLVIMENTO…………………………………………………………….. 18
2.1 Atividades Desenvolvidas………………………………………………......... 18
2.2 Relatos De Caso/Técnicas/Experimento…….……………………............. 28
2.2.1 Brucelose ......................................………………………………………...... 28
2.2.2 Relato De Caso…………………...………………………………………....... 30
2.2.3 Revisão Bibliográfica E Discussão ...……………………………………. 34
2.3 Tuberculose................................. ...………………………………………..... 36
2.3.1 Relato De Caso......................... ...………………………………………...... 38
2.3.2 Referencial................................ ...………………………………………...... 41
3 CONCLUSÃO………………………………………………………………………. 43
REFERÊNCIAS………………………………………………………………………. 45
13

1 INTRODUÇÃO

O Estágio Curricular Obrigatório Supervisionado em Medicina Veterinária


(ECO (SMV) tem como objetivo proporcionar ao acadêmico maior contato
profissional com a área em que se pretende atuar, proporcionando maior vivência,
prática profissional e novos conhecimentos, também é o momento de colocar em
prática todos os conhecimentos aprendidos em sala de aula.
O estágio foi realizado na Agropecuária, Clinica e Pet Shop Zannoni, sob
orientação do(a) Professor Rodrigo de Oliveira Grando e supervisão do Médico
Veterinário Eduardo Zannoni, no período de 11 de janeiro a 27 de abril de 2023,
totalizando 420 horas. Localizada na rua Bento Gonçalves nº 1314, centro na cidade
de Campinas do Sul, no estado do Rio Grande do Sul.

1.1 Estrutura Física Do Local De Estágio

A empresa aonde foi realizada o estágio foi inaugurada no dia 20 de


dezembro de 2001 com o nome de Agropecuária Zannoni, na época estava
localizada na Rua Andradas, nº 650, no centro de Campinas do Sul, Rio Grande do
Sul. A loja trabalhava com venda de rações, produtos agropecuários, linha de
ferragens, também realizando alguns atendimentos e procedimentos tais como,
inseminação, desmocha, castrações, vacinas de brucelose, todos por um técnico
responsável.
Em virtude da alta demanda e da vontade de ampliar as atividades
veterinárias, no ano de 2011 a loja se estabeleceu em novo endereço, onde se
encontra até os dias de hoje, na Rua: Bento Gonçalves, nº 1314, no centro de
Campinas do Sul, Rio Grande do Sul.
Em 2017, o então Médico Veterinário Eduardo Zannoni ficou o responsável
técnico pelo local, no ano seguinte a loja se ampliou com a nova estrutura da clínica
veterinária, contando com consultório, sala de internação, bloco cirúrgico,
laboratório, sendo assim agora chamada de Agropecuária, Clínica Veterinária E Pet
Shop Zannoni LTDA ME, como demostra a figura 1.
14

Figura 1: Localização Agropecuária, Clínica Veterinária e Pet Shop Zannoni LTDA


ME.

Fonte: Fonte: GASS, Duranti Tamires, fevereiro de 2023.

Atualmente também os profissionais Eduardo veem se atualizando e se


especializando cada vez mais para melhor atendimento com os animais prova disso
também os atendimentos na parte clínica de grandes animais (bovinos, ovinos,
suínos e equinos), realizando também atendimentos reprodutivos assim como IATF.
Atualmente a loja conta com um Médico Veterinário, um Técnico Agrícola a campo.

1.2 Descrição Da Rotina De Estágio

No decorrer dos 70 dias de estágio foram realizados acompanhamentos nas


áreas de clínica e cirúrgica de pequenos e grandes animais, na parte de grandes
animais a campo realizei no auxilio da anamnese dos animais, conferindo a
temperatura, FR, FC, TPC, mucosas, e históricos desses animais, idade,
alimentação e a principal queixa sendo ela a falta de apetite, dificuldade em
locomoção, problemas como dificuldade fisiológica sendo elas também, dificuldade
em urinar, defecar, na digestão, após eram realizados os tratamentos sejam eles de
15

uso continuo como casos de animais com problemas cardíacos, ou também com uso
de medicamentos controlados durante um tempo mínimo, e acompanhamento dos
mesmos com revisões médicas, no qual era avaliado se o animal apresentava um
quadro de melhora, se o mesmo estava fazendo uso correto dos medicamentos e se
os mesmos não houve nenhuma reação adversa, caso contrário seria preciso fazer
a troca de um medicamento por outro do princípio de ação parecido.
Em campo acompanhei animais com problemas reprodutivos grande parte
deles em vacas leiteiras como parto distócito, problemas no período pós parto no
qual tem dificuldade de se limpar, ou seja expelir placenta, já nos casos que isso não
foi possível de forma natural obteve-se que utilizar medicamentos antibióticos,
mucolítico e antisséptico para infusão eficiente a base de gentamicina base,
cloridrato de bromexina, cloreto de benzalcônio, colocado diretamente dentro do
útero , já no controle de vermífugação que foi a base de ivermectina na
concentração de 1,0g para tratamento e controle de parasitas internos e externos
sendo eles vermes gastrointestinais, vermes pulmonares, fascíolas do fígado, berne
bovino, miíases piolhos, ácaros e carrapatos, auxiliei na preparação do
medicamento na dosagem de 10mg para cada kg de peso vivo, a aplicação foi feita
via subcutânea, logo em seguida foi registrado a data da aplicação e data do reforço.
Em relação as cirurgias realizadas, tanto em pequenos e grandes animais,
auxiliei fazendo a assepsia do local, no caso de campo, foi utilizado, álcool 70%,
iodo, gase, campo cirúrgico estéril, a esterilização dos materiais cirúrgicos foi
realizada na clínica cm equipamento especial para esterilizar na temperatura de
121ºC por 15 minutos antes do procedimento, anestésico utilizado para uma cesárea
foi o anestésico local a base de lidocaína ( cloridrato) 2,0 g e epinefrina
(bitartarato)2,0 g para um animal de 500kg foi utilizado a dosagem de 6 mg/ kg de
peso vivo,no pós operatório foi utilizado antibiótico á base de benzilpenisilina
procaína e potássica, sulfato de estreptomicina e um ampola diluente a base de
diclofenaco de sódio, e também foi feito um soro á base de cálcio, magnésio,
fósforo, tiamina, sorbitol e metionina, juntamente com um estimulante cardíaco e
respiratório, diurético , auxiliando no aumento da força muscular que usado junto
com cálcio proporciona maior rapidez na aplicação e segurança contra problemas
cardíacos, é feito Intra- venosa.
16

Nos casos de vacinação de brucelose, realizei a vacinação seguindo todos os


procedimentos dentro da normativas exigidas nas quais seriam uso de óculos e lua
para manuseio na mistura do pó e diluente da vacina, realizando a assepsia do local
com algodão e álcool 70%, uso de seringas adequadas e fazendo o descarte a cada
propriedade mantendo a vacina em temperatura adequada (entre 2ºC e 8º C),
colocação de brincos, e a marcação de fogo no qual era aquecida numa chama, no
final de cada vacinação foi registrado no Atestado de Vacinação contra Brucelose
não indutora de formação de Anticorpos Aglutinantes Amostra RB51, a idade (3 a 8
meses), o brinco de identificação e idade dessas bezerras, uma via foi entregue para
o produtor, uma ficou com o veterinário e uma terceira via para a inspetoria
veterinária.
Sobre a tuberculose, pelo fato de ainda não poder realizar o teste auxiliei
preenchendo a ficha com os dados do produtor, número dos animais, idade, sexo,
raça e a espessura da dobra da pele com cutímetro, após 72 horas retornamos ao
local e em seguida foi registrado novamente a espessura da dobra da pele, a
mesma foi registrada na ficha e verificando se o animal estava negativo, positivo ou
inconclusivo para a doença , no entanto todos animais reagiram de forma negativa
para doença. Em relação na coleta de sangue para exame de brucelose auxiliei o
veterinário na contenção e também realizando a identificação dos tubos com
amostra de sangue com a numeração do animal.
Nos momentos em que não havia chamado a campo, permaneci na loja
auxiliando no atendimento no balcão, fazendo agendamentos de consultas,
castrações (as castrações geralmente eram marcadas todas em uma data específica
do mês), ajudei na venda de medicamentos tanto para grandes como pequenos
animais, seja eles vermífugos, remédios no combate de pulgas, shampoos, rações
de gatos e cachorros, mix para passarinhos, realizava também entregas e buscas de
animais para o pet shop, limpeza da loja principalmente do setor de clínica, a
limpeza era feita com desinfetantes próprios para estes ambientes.
Nas consultas auxiliei fazendo a contenção dos animais em cães era utilizado
focinheiras em casos de bravos e em gatos o uso de clipnosis, na chegada era
solicitado os dados do tutor e do animal, logo após o animal era pesado, nos casos
em que foi solicitado exames complementares, era feita a tricotomia do local com
máquina, assepsia com álcool 70%, puncionar a veia, soltar o garrote, retirada da
17

agulha da veia, a coleta de sangue era realizada com auxílio de seringas e agulhas
convencionais, após era retirado a agulha da seringa e inserido no tubo no qual
deveria ficar inclinado evitando que crie bolhas de ar ou provoque hemólise, feito
isso os tubos foram identificados com nome e idade do animal e data da coleta, e já
encaminhados para o setor do laboratório onde os mesmos eram realizados, os
bioquímicos eram centrifugados para separação do soro no qual coletado e
preparado com cada qual o seu reagente.
Para realização de procedimentos cirúrgicos, registrei todos os dados do
animal e tutor nos termos de autorização de cirurgia e de anestesia, após isso o
animal era pesado para realização da dosagem do anestésico no qual variava
dependendo do procedimento, no casos de cesárea era utilizado o anestésico a
base de tiletamina, zolazepan, na dosagem de 0,2 -0,3 mL/ kg/ IM e acesso com
soro fisiológico na veia.
Os materiais cirúrgicos a clinica conta com 3 (três) kits, um para estar em uso
nos procedimentos já esterilizado, o segundo já em autoclave e um para a limpeza e
preparação de limpeza, sendo assim para maior segurança nos procedimentos. Já
no bloco, foi utilizado campo cirúrgico estável, realizei a assepsia pela ordem correta
iniciando pelo álcool-iodo-álcool, a paramentação foi com pijama cirúrgico sapatos
ambos higienizados, lua cirúrgica, touca e máscaras, pós cirurgia eram descartados
exceto o pijama que iria para a limpeza.
O pós cirúrgico independente do procedimento auxiliei na colocação da roupa
cirúrgica evitando também o animal a lamber e abrir o local da incisão, após
encaminhei o animal para a sala de internação/ observação no qual estava
aquecida e coberta na gaiola para o manter aquecido devido a temperatura do corpo
baixar sobre o efeito do anestésico, quando o animal acordou realizei a medicação
de antibiótico na base de benzilpenicilinas procafina e benzatina á
dihidroestreptomicina, anti-inflamatório injetável a base de meloxicam devido ao seu
menor efeito colateral e sem complicação gástrica, logo após separei os
medicamentos para uso em casa, no qual o medico veterinário fez a receita de
antibióticos, anti-inflamatórios e as orientações para banho após no mínimo 10 dias
após o procedimento e a retiradas dos pontos aproximadamente 15 a 20 dias
dependendo do procedimento realizado.
18

Em relação a cães positivados com parvovirose os animais eram isolados em


uma sala especial para assim não disseminar a doença para os demais animais, o
tratamento consiste conforme o ciclo em que a doença está manifestada, o
tratamento mais utilizado foi soro IV, uso de penicilina, uso de eletrolítico diluído em
água para repor os eletrólitos, na hidratação proporcionando cálcio, magnésio,
fosforo e potássio. Durante esse tempo de internação dos animais realizei a limpeza
do local, nas gaiolas era retirado tapete higiênico e substituído por limpo, já após a
alta desses animais as gaiolas eram limpas com água, álcool e desinfetante, o
mesmo utilizado em hospitais, assim a limpeza se dava para os potes de comida e
água, mas que se mantinham somente no local da sala de isolamento, assim como
os utensílios eram descartados logo após uso.

2 DESENVOLVIMENTO

Nos próximos pontos a serem apresentados a seguir, constará de forma ais


explicita todos procedimentos acompanhados no decorrer do estágio, relatando
também sobre a realização do procedimento de vacinação e testes de brucelose e
tuberculose, ambas de grande importância tanto para evitar altos prejuízos aos
produtores caso animal esteja positivo, e também evitando assim uma expansão da
doença.

2.1 Atividades Desenvolvidas

Durante o tempo de estágio realizado, foram acompanhados vários


atendimentos clínicos, procedimentos cirúrgicos e elaboração de exames
laboratoriais. Na tabela 1 é possível ver a relação de atendimentos entre felinos e
caninos.

Tabela 1– Relação de atendimentos totais realizados nas espécies felina e canina, no período
de 11 de janeiro á 27 de abril de 2023, na Agropecuária, clinica e pet shop Zannoni.
Procedimentos Canino Canino Felino Felino Total
femea macho femea Macho

Atendimentos clínicos 84 89 60 34 276


Exames laboratoriais 97 56 41 36 230
Procedimentos cirúrgicos 21 5 14 8 48
19

Totais 202 150 115 78 554


Fonte: GASS, Duranti Tamires (2023)
Na clínica cirúrgica de pequenos animais realizou-se um total de 36
castrações, dentro destes dados 5 foram realizadas após o procedimento de
cesariana no qual vieram por aceitação dos tutores, e a cesárea se procedeu pelo
fato de as fêmeas estarem já num tempo avançado de gestação e não conseguiram
que os filhotes viessem de forma natural, assim para evitar futuros riscos á saúde
das mesmas foi realizado a castração também.
Também dentro dos procedimentos cirúrgicos foi realizado o flap de terceira
pálpebra, pois não era preciso a realização da enucleação, assim ainda preservando
o olho do animal. Na tabela 2 é possível ver os procedimentos cirúrgicos realizados
na clínica, dentre eles o de rompimento de peritônio de uma felina, o mesmo foi
confirmado pelo exame de ultrassom e logo em seguida para o procedimento
cirúrgicos, não se sabe ao certo como se deu o rompimento se de uma briga, de um
tombo de local alto de um possível pancada forte com algum objeto, procedimento
realizado e o animal já está bem.

Tabela 2– Relação de atendimentos cirúrgicos realizados nas espécies felina e


canina, no período de 11 de janeiro á 27 de abril de 2023, na Agropecuária, clinica e
pet shop Zannoni .
Procedimentos Canino Canino Felino Felino Total
Fêmea Macho Fêmea Macho

Castrações 11 5 13 7 36
Piometra 5 0 0 0 5
Cesárea 5 0 0 0 5
Flap De Terceira Pálpebra 0 0 0 1 1
Laparotomia Exploratória 0 0 1 0 1
Totais 21 5 14 8 48
Fonte: GASS, Duranti Tamires (2023)

Sabemos que dentre vários benefícios da castração é evitar uma piometra, ou


seja infecção do útero, sendo prejudicial à saúde do animal, porém ainda mesmo
com tantas campanhas de castração e sobre malefícios do uso de injeções de
hormônios, ainda há bastante casos em que não são realizadas castrações pelo
gasto financeiro também, então acabam chegando casos como este da imagem a
20

seguir onde o útero estava com tamanho dobrado se levar em relação ao tamanho
do animal. Na figura 2 é visível o tamanho anormal do útero de uma cadela com
piometra.

Figura 2: Imagem de uma cachorra com piometra, imagem do útero;

Fonte: GASS,Duranti Tamires, 2023.

Para uma boa e eficaz melhora do animal, precisa-se um pós operatório bom, e
cuidado pois o animal acabou muitas vezes passando por anestesia, por incisões
suturas nos quais ainda causam desconforto e dor, e requer muito cuidado do tutor
em casa e uso de medicamentos, e em alguns casos uso de faixas curativos e roupa
círurgicas. A figura 3 mostra a foto de uma cachorra no pós-operatório da cirurgia de
piometra, na mesma estão presentes o médico veterinário (cirurgião) e a assistente.

Figura 3: Cachorra no pós-operatório da cirurgia de piometra


21

Fonte: GASS,Duranti Tamires, 2023.


A cesárea é realizada muitas vezes já em casos de a fêmea ter passado do
tempo de prazo de sua gestação e não obteve seus filhotes de fora natural, ou em
casos que ao mesmos acabaram vindo a óbito ainda dentro do animal, nesses casos
a cesárea é de extrema importância para preservar a vida da fêmea e também na
tentativa de salvar os filhotes. Através da realização da ultrassom encontrada na
figura 4 é possível muitas vezes avaliar a posição dos filhotes e a situação que se
encontram (se possui algum morto, pois o normal que se espera é que os filhotes
estejam vivos), e também é utilizada no início da gestação para avaliar o número de
filhotes.

Figura 4: Imagem do ultrassom antes da realização da cesárea;


22

Fonte: GASS,Duranti Tamires, 2023.

Sempre que realizado a cesárea é dada preferência que se consiga retirar


todos com vidas como apresenta na figura 5, importante sempre lembrar que
dependendo do protocolo anestésico alguns geram efeito de leve cedação nos
filhotes, como neste caso foi utilizado cetaina e quetamina e zolazepan, onde
quetamina deixava os fetos ‘’levemente cedados’’, logo após a retirada dos mesmos
era feita limpeza deles e massagem para passar o efeito do anestésico, quando o
efeito passou eles foram colocados junto da fêmea no qual a mesma já estava
acordada para realizarem a primeira sucção do leite, ambos ficaram mantidos
aquecidos o período todo da internação.
Figura 5: Imagem após a cesárea de cachorra da raça Dachshund com seus 3
filhotes;
23

Fonte: GASS, Duranti Tamires, 2023.

Na clínica também foram realizados vários atendimentos clínicos,


principalmente protocolos vacinais, dentre eles, a vacina que mais foi realizada foi a
de viroses em cães no qual a mesma contra com um protocolo de 3 doses inicias
com intervalos de 28 dias, parvovirose uma da principais e mais agravante doenças
que acomete caninos principalmente filhotes, com registro mais altos na época do
verão, a procura da vacinação para a doença foi grande, assim como giárdia por se
tratar de ser uma zoonose no qual pode ser transmitida do animal para o ser
humano, no caso da raiva não se obteve nenhum registro na região da doença no
atual momento entretanto também é uma vacina exigida principalmente por agências
de viagens e turismo.
Em relação as vacinas e testes de FIV e FELV se deu através de uma
campanha realizada na loja, pelo fato de um surgimento alto de casos positivados, o
intuito disso foi para alertar os tutores sobre o problema e também a proteger seus
pets. Contudo, na tabela 3 é possível analisar a relação ao número de cada
vacinação e teste realizado.
24

Tabela 3: Relação de atendimentos realizados nas espécies felina e canina, entre 11


de janeiro á 27 de abril de 2023, na Agropecuária, clínica e pet shop Zannoni .
Procedimentos Canino Canino Felino Felino Total
Fêmea Macho Fêmea Macho

Vacina Parvovirose 31 37 0 0 68
Vacina Felv 0 0 32 19 51
Vacina Raiva 22 23 8 9 62
Teste De Felv 0 0 20 15 35
Vacina Giárdia 18 13 0 0 31
Testes Parvovirose 10 12 0 0 22
Teste Giárdia 3 4 0 0 7
Totais 84 89 60 34 276
Fonte: GASS, Duranti Tamires (2023)

Hemograma e bioquímico são exames laboratoriais utilizados como


complementares e para confirmação de doenças, para saber a condição de saúde
que o animal se encontra, principalmente no pré-operatório evitando alguns
possíveis problemas como o óbito desse animal. Grande parte dos bioquímicos
(tabela 4) são utilizados para confirmação de problemas hepáticos, renais, entre
outros.

Tabela 4 – Relação de exames laboratoriais realizados nas espécies felina e


canina, entre 11 de janeiro á 27 de abril de 2023, na Agropecuária, clínica e pet shop
Zannoni.
Procedimentos Canino Canino Felino Felino Total
Femea Macho Femea Macho

Ast 18 10 7 4 39
Alt 18 10 7 4 39
Hemograma 18 10 7 4 39
Ureia 18 10 7 4 39
Creatina 14 11 6 4 35
Fosfatase 8 3 4 9 24
Urinalise 3 2 3 7 15
25

Totais 97 56 41 36 230
Fonte: GASS; Duranti Tamires, (2023)

No decorrer do estágio, principalmente a campo com animais de grande


porte, obteve-se um registro total (tabela 5) de atendimentos clínicos tanto equinos,
bovinos e ovinos, procedimentos cirúrgicos, problemas reprodutivos e também
Inseminações Artificiais em bovinos.

Tabela 5 – Relação de atendimentos realizados nas espécies bovinas, equinas e


ovinas, entre 11 de janeiro á 27 de abril de 2023, na Agropecuária, clínica e pet shop
Zannoni.
Atendimentos Bovino Equino Ovino Total

Clínicos 223 1 10 234


Cirúrgicos 36 0 0 36
Ia 163 0 0 163
Totais 422 1 10 433
Fonte: GASS, Duranti Tamires (2023)

Na clínica cirúrgica de grandes animais, veem se capacitando mais com o


avanço dos tempos, se tornando mais viável o procedimento comparado
antigamente, como demostra a tabela 6, porém há casos em que se precise intervir
como cesárea o que requer o dobro de cuidados comparado a pequenos animais
pois a exposição de bactérias é maior por muitas vezes não ter uma estrutura
adequada. E um dos procedimentos mais comuns que neste setor de grandes
animais são as castrações.

Tabela 6 – Relação de procedimentos realizados nas espécies bovinas, equinas,


entre 11 de janeiro á 27 de abril de 2023, na Agropecuária, clinica e pet shop
Zannoni.
Procedimentos Cirúrgicos BOVINO EQUINO TOTAL

Castrações 33 0 33
Cesária 3 0 3

Totais 36 0 36
26

Fonte: GASS, Duranti Tamires (2023)

Para um bom desempenho animal, e lucratividade na propriedade devemos


saber que a questão de manejo e sanitária são de extrema importância dentro delas
estão os protocolos vacinais, principalmente em relação a brucelose por ser
obrigatória e também a respeito dos vermífugos, com relação a testes também é de
extrema importância que se faça evitando a disseminação da doença caso o animal
esteja com a doença, evitando transmissão para outra propriedade e também na que
o animal estava. Na tabela 7 é possível ver detalhadamente sobre os dados da
quantia de vacinação e atendimentos que foram realizados neste período.

Tabela 7 – Relação de testes e vacinas de medidas de medicina veterinária


preventiva, equinas e ovinas, entre 11 de janeiro á 27 de abril de 2023, na
Agropecuária, clinica e pet shop Zannoni.
Medidas preventivas Bovino Ovino Total

Verminose 72 10 82
Vacina brucelose 61 0 61
Teste tuberculose 32 0 32
Vacina carbúnculo 23 0 23
Vacinas leptospirose 23 0 23
Totais 211 10 221
Fonte: GASS, Duranti Tamires (2023)

Na figura 6 é possível ver o bezerro que veio a óbito por parto distócito O
parto distócito ainda veem sendo um dos chamados mais frequentes nas clinicas de
bovinos.

Figura 6: Bezerro de uma das vacas que apresentou problema de distocia de parto,
o mesmo veio a óbito poucos minutos após;
27

Fonte: GASS, Duranti Tamires,2023.


Há vários fatores que se dá o parto distócito, podendo ele ser problema
reprodutivo, nutricional, ou muitas vezes até pelo tamanho do feto, resultando uma
dificuldade da vaca na hora de parir e em alguns casos, encaminhando - se para
cirurgia para retirada, levando em conta que muitas vezes animal já está em óbito ou
acabar a ir poucos instantes após nascimento, como na foto a seguir.
É de extrema importância que a vaca realize a limpeza (expulsão dos
envoltórios fetais) dentro das 12 horas pós o parto, porém muitas vezes isso não
acontece de acordo com a sua fisiologia, isso se dá a vários fatores, porém nesses
casos é feita a apalpação (figura 7) para analisar a situação e fazer a limpeza,
muitas vezes fazendo utilização de medicamento para melhoramento deste animal.

Figura 7: Palpação retal em recorrência pós parto;


28

Fonte: GASS,Duranti Tamires, 2023.

Apesar de os registros de hipocalcemia em vacas pós partos são mais altos


em épocas mais frias do ano, isso não interfere que possa acontecer nas épocas
mais quentes, vários fatores podem levar a isso principalmente nutricional, nesses
casos é feito tratamento com soro como mostrado na ( figura 8) na veia e com
diluição de um estimulante cardíaco a base de benzoato de sódio, cafeína,
hexametilenotetramina e sulfato de esparteína juntos aumentando a força muscular
proporcionando maior rapidez na aplicação e mais segurança contra problemas
cardíacos.

Figura 8: Aplicação de soro em vaca.


29

Fonte: GASS, Duranti Tamires, 2023.

Apesar da evolução na parte da reprodução ainda tem propriedades que se


utiliza monta natural, porém em relação as IA (como mostra a tabela 8), podemos
ver a demanda de procura por semem sexado, dado pelo seus bons resultados em
desenvolvimento dos animais e também pela aparência porém por conta disso o
custo acaba sendo um pouco mais elevado que o sêmen mais comum, foi visto uma
boa pedida deste tipo em propriedades leiteiras. A demanda de linha de corte
também obteve uma boa procura mais ainda é um número não muito favorável pela
30

demanda de a cobertura ser natural em muitos casos e mesmo assim sendo


imparcial na certeza do sexo, já que se espera machos.

Tabela 8 – Atividades relacionadas a área reprodutiva realizadas nas espécies bovinas, no


período de 11 de janeiro á 27 de abril de 2023, na Agropecuária, clinica e pet shop Zannoni.
Reprodutivos Bovino Total

Ia 163 163
Parto Distócito 5 5
Totais 168 168
Fonte: GASS, Duranti Tamires (2023)

2.2 Relatos De Caso/Técnicas/Experimento

Os resultados e as metodologias que fazem parte deste relatório estão


apresentados sob a forma de dois relatos, os quais abordam controle sanitário e
prevenção de brucelose e tuberculose bovina nas propriedades rurais.

2.2.1 Brucelose

É de importante conhecimento que hoje a bovinocultura de leite tem uma


grande importância mundial, levando em conta que ela vem aumentando assim
como as infraestruturas para o manejo das mesma tendo em vista estruturas que
venham a ter menor mão de obra, e maior conforto e também mais quantidade de
leite produzido, em meados de 2013 a produção leiteira foi de 769 milhões de
toneladas, contando com aproximadamente 150 milhões de lares evolvidos na
produção, diante disto o Brasil é o 5º maior produtor de leite mundial, ficando
somente atrás de países como Índia, Estados Unidos da América, China e Paquistão
(FÃO, 2016 apud JUNG; JÚNIOR, 2016).
Importante ressaltar que para uma boa produção animal depende de uma boa
manutenção sanitária dos rebanhos sendo eles as condições gerais e no manejo
realizado dentro das propriedades com assistência veterinária, garantindo assim
mais ganhos financeiros e produtividade (ROCHA e GOMES, 1999).
A prevenção e o controle de enfermidades que acometem os rebanhos são
primordiais na produção animal. No entanto algumas enfermidades que podem ser
31

transmissíveis ao ser humano (no caso das zoonoses), são de extrema importância
e requer todo cuidado seja em qualquer cadeia produtiva (ACHA e SZYFRES,
2003).
Em relação as zoonoses, podemos citar a brucelose que é causada
principalmente pela Brucella abortus, responsável por orquites, perda de libido,
aborto e infertilidade e nos humanos pode causar febre e lesões articulares.
Segundo Favero, Spirito e Zappa (2008) a brucelose acomete principalmente
bovinos, mas também pode acometer cães, suínos e outros. A transmissão se dá
por contato direto entre os animais ou pela ingestão de alimentos ou água
contaminados, contato com fetos abortados ou descargas vaginais ou pela
reprodução utilizando sêmen infectado.
O gênero Brucella são parasitas obrigatórios que necessitam de um animal
hospedeiro para sua manutenção e multiplicação. De acordo com Paulin (2003)
além dos problemas causados à saúde pública, a brucelose também gera prejuízos
econômicos tornando-se o produto vulnerável às barreiras sanitárias,
comprometendo a sua competitividade no comércio internacional.
A Brucelose do gênero é conhecida como sua principal característica o
aborto, este que ocorre entre o 5 º e 7º mês de gestação, os animais nascem
fracos ou até muitos casos mortos, nos casos crônicos pode comprometer a
glândula mamária. No caso dos touros infectados, a doença tem como principal
localização nos testículos, vesículas seminais e próstata por isso na hora da
cobertura pode ser feita a transmissão para a fêmea. Geralmente a doença
manifesta-se com orquite, epididimite, diminuição de libido e infertilidade
(RADOSTITS et al., 2002).
A principal via de infecção de Brucella spp. no organismo é a oral, além do
trato respiratório, pele, conjuntivas e trato genital (ACHA, SZYFRES, 2001). A
transmissão dos animais infectados de dá através do parto ou aborto, principalmente
em fêmeas que já houveram um primeiro aborto, sendo assim consideradas
portadoras crônicas da doença, fazendo a eliminação seja ela pelo parto, aborto,
colostro ou leite (PACHECO, 2007; MIYASHIRO et al, 2007).
O diagnóstico direto da brucelose é feito pelo isolamento e identificação da
bactéria. Entretanto, quando houver situações onde este tipo de exame não é
possível de ser realizado, o diagnóstico deve ser baseado em métodos sorológicos.
32

Essa doença acomete bovinos (B. abortus), suínos (B. suis), ovinos (B. mellitensis),
e cães (B. canis), e todas estas espécies de bactérias podem ser patogênicas para o
homem, caracterizando dessa forma, o aspecto zoonótico da enfermidade. Segundo
Martirosya (2011) de todas as espécies do gênero Brucella, quatro delas podem se
transmitir dos animais ao homem, sendo raríssima a transmissão entre pessoas.
A B. melitensis, acomete mais espécies de caprinos e ovinos, considerada a
mais patogênica para o homem, e até então essa espécie bacteriana nunca foi
reconhecida no Brasil. A B. suis, acometida primariamente nos suínos, está presente
no Brasil, mas com uma prevalência muito baixa. A B. canis é a que apresenta
menor patogenicidade para o homem em relação as demais e está bastante
difundida no Brasil, especialmente nas grandes cidades.
A B. neotomae (rato do deserto), ainda não foi encontrada no Brasil, não são
patogênicas para o homem. Vale ressaltar que quanto às espécies marinhas, há
poucos registros de infecções humanas, na maioria dos casos ocasionada por
acidentes em laboratórios (BRASIL, 2006).

2.2.2 Relato de caso

No período de janeiro a abril, em aproximadamente 10 propriedades


localizadas no Munícipio de Campinas do Sul, estado do Rio Grande do Sul, foram
realizadas as vacinas da brucelose no total de 61 fêmeas bovinas com idades entre
3 a 8 meses.
A vacinação se deu pela seguinte forma: as terneiras receberam um brinco
cada uma com um número de identificação, após isso foi realizada a marcação com
ferro candente com a letra ‘’V’’ no lado esquerdo da cara, e logo após foi feita a
desinfecção do local com álcool 70% e algodão, foi aplicado a vacina sendo ela
administrada subcutânea na região do pescoço na dosagem de 2ml, vacina utilizada
foi RB51.
O procedimento todo foi usado agulhas estéreis e o uso de luvas descartáveis
para melhor higienização e cuidado. Na figura 9 mostra os materiais utilizados para
a realização da vacinação.
Figura 9: Materiais limpos utilizados para vacinação;
33

Fonte: GASS, Duranti Tamires (2023).

A identificação das bezerras (figura 10) se deu pela colocação de brinco,


essa identificação auxilia também no melhor manejo desses animais como em casos
de tratamentos com medicação, quando realização do exame de brucelose e
futuramente no teste de tuberculose facilitando para o trabalho do veterinário e no
dia a dia do produtor.

Figura 10: Identificação do animal

Fonte: GASS, Duranti Gass,2023.


A marcação é uma forma de confirmar que esse animal foi vacinado para a
doença, porém cada vacina possui um tipo de marcação a vacina RB51 possui a
34

letra ‘’V’’ devido ao seu significado ser ‘’vacinada’’ (como mostrado na figura 11). No
entanto o correto é aquecer o ferro até que sua cor fique avermelhada para assim
fazer uma melhor marcação, cicatrização e também ais tarde ainda ser possível
visualiza-lá.

Figura 11: Marcação ‘’V’’ do lado esquerdo.

Fonte: GASS,Duranti Tamires, 2023.

Logo após a marcação foi feito a assepsia do local (figura 12) onde seria a
aplicação da vacina, ela é de extrema importância por ser manuseado utensílio
ponte agudo evitando assim uma possível contaminação.

Figura 12: Assepsia do local da vacinação


35

Fonte: Gass,Duranti Tamires, 2023.

Na figura 13 a vacina é feita subcutânea na região e frente a paleta por ser


uma região de fácil aplicação e absorção também da vacina. Foi utilizada a RB51 no
lugar da B19 pelo fato de ser utilizada com bezerras com ais de 8 meses, pois nas
propriedades muitas vezes há um certo espaço de tempo entre uma bezerra e outra
na realização da vacina então optou-se por essa e também pelo custo mais
acessível para o produtor e também para o veterinário para o deslocamento e uso
de materiais.

Figura 13: Aplicação da vacina RB51

Fonte: GASS,Duranti Tamires, 2023.


36

Logo no final de cada etapa em cada animal era anotado a idade e número de
identificação que cada animal recebeu, também foi anotado a raça de cada animal, o
dado do proprietário, dados da vacina (data de fabricação, lote, laboratório) e por fim
data, assinatura e carimbo do veterinário (FIGURA 14). Após todo esse processo os
documentos foram entregues uma via para o produtor, uma para o veterinário e uma
na inspetoria.

Figura14: Atestado de Vacinação contra Brucelose não indutora de Formação de


Anticorpos Aglutinantes, Amostra RB51 preenchido com as informações citadas
acima;

Fonte: GASS, Duranti Tamires; 2023.

2.2.3 Revisão Bibliográfica e Discussão

No Brasil, as medidas são regulamentadas pelo Programa Nacional de


Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT), programa
foi proposto com o objetivo de diminuir a prevalência e a incidência de brucelose e
tuberculose, visando a erradicação (BRASIL, 2016).
De acordo com o PNCEBT (Manual, 2006), são aceitos hoje como testes
sorológicos oficiais, o teste do Antígeno Acidificado Tamponado (AAT) e o teste do
Anel em Leite (TAL) considerados como testes de triagem. Os soros com resultado
positivo no AAT, devem ser submetidos aos testes confirmatórios do 2-
Mercaptoetanol (2ME) e/ou Fixação do Complemento (FC).
Os animais reagentes ao ATT poderão ser submetidos a um teste
confirmatório, o 2-ME. Mais específico, é executado por laboratórios credenciados
37

ou laboratórios oficiais credenciados (BRASIL, 2016). O 2-ME apresenta boa


especificidade e sensibilidade, motivo pelo qual é um teste confirmatório de eleição
(GREVE et al., 2007).
Mathias (2007) afirma que o Teste de Polarização de Fluorescência (FPA), é
uma técnica incluída na última atualização da legislação, pois ela tem apresentado
um excelente desempenho, no entanto ainda é pouco difundido em países
subdesenvolvidos, em função do alto custo e da dependência de importação de
equipamentos e reagentes para sua realização (MATHIAS et al., 2007). O TAL pode
ser utilizado por veterinários habilitados ou pelo serviço veterinário oficial apenas
para monitoramento da condição sanitária em propriedades, ou segundo critérios
definidos pelo serviço veterinário oficial (BRASIL, 2016).
Para utilização do transporte internacional o Teste de Fixação de
Complemento (FC) veem sendo utilizado em vários países que já erradicaram a
doença ou estão neste processo, é um teste realizado somente em laboratório
credenciado seja para diagnóstico de casos inconclusivos ao teste 2-MF ou como
teste confirmatório e animais reagentes no teste de triagem (BRASIL, 2016).
As medidas de prevenção e controle para a brucelose bovina baseiam-se na
vacinação das bezerras e na eliminação dos portadores (BRASIL, 2016). Alguns
alicerces são fundamentais nos programas de controle sanitário realizando o
monitoramento e realização de vacina, controle de trânsito, e também as boas
práticas de manejo. (BAPTISTA et al., 2012).
A vacinação é obrigatória para todas as fêmeas bovinas e bubalinas, entre
três e oito meses de idade, com amostra vacinal do tipo B19. Estudo realizado por
Leal Filho et al., (2016) no Mato Grosso do Sul, e por Casseb et al. (2015), no
estado do Pará, demonstraram uma diminuição da soroprevalência da brucelose,
atribuída ao programa de vacinação, corroborando Barbosa et al., (2016) que
afirmaram ser a vacinação a melhor forma de se evitar a brucelose.
No caso da vacina nos bovinos, a tipo B19 poderá ser substituída pela vacina
RB51, uma vacina não indutora de formação de anticorpos aglutinantes. Pelo fato da
B19 ser apenas aplicadas entre a idade de 3 a 8 meses a RB51 se torna obrigatória
em fêmeas a partir de 8 meses, acima de tudo vale ressaltar que independente do
tipo de vacina a mesa deve ser realizada por u Médico Veterinário (BRASIL, 2016).
Pesquisas desenvolvidas por Miranda et al., (2016) demonstraram que o consumo
38

de leite de vacas vacinadas com amostra RB51, independentemente de vacinação


prévia com B19, representa baixo risco à saúde pública.
Brasil (2007) relata que no contexto do PNCEBT, além da vacinação, os
criadores podem aderir a um programa voluntário de manutenção de rebanhos livres
ou monitorados, dependendo do tipo de exploração (leite ou carne). Por outro lado,
profissionais envolvidos com estes rebanhos, devem passar por atualizações
técnicas, mediante comparecimento a cursos em entidades reconhecidas, quando
tornam-se habilitados a atuarem dentro das normas padronizadas pelo programa.
Existem algumas medidas a de cuidados em relação a brucelose, algumas
delas se destacam na seleção de animais de reposição, importante que se faça o
isolamento destes animais por pelo menos 30 dias (durante a execução dos testes
sorológicos); evitar o contato com rebanhos de status desconhecido ou com
brucelose; realizar estudo aprofundado das causas de abortos ou nascimentos
prematuros (isolar os animais até concluir o diagnóstico); destino apropriado de
placentas e fetos abortados (queima ou enterramento) e investigação, em
cooperação com áreas da saúde, de possíveis casos humanos. (BRASIL, 2016).
A marcação de fogo sobre as vacinas está relacionada da seguinte forma: a
B19 é feita marcação com a letra ‘’V’’ e o ultimo algarismo do ano, exemplo (ano
2023, marcação ‘’V3’’. Já no caso da RB51 somente a letra ‘’V’’. essa diferença se
da pela normativa do PNCEBT.

2.3 TUBERCULOSE

Segundo Tessele (2014) e Gomes (2019), nos dias atuais o Brasil se destaca
no setor da pecuária mundial, tendo 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país todo
sendo deste 30 % do agronegócio. A maior concentração de bovinocultura está
concentrada na região oeste a mesma assegurando um total de 7,5 milhões de
empregos, só no ano de 2016 o país teve 218,23 milhões de cabeças de gado.
A tuberculose bovina é uma doença infectocontagiosa, zoonótica, importante
economicamente e também pelo risco gerado a saúde pública, sem contar o os
prejuízos gerados pelo aumento da taxa de mortalidade, condenação de carcaça,
diminuição da produção e exportação da espécie (DOS SANTOS ALBERTI, 2019).
A tuberculose possui uma ampla cadeia de hospedeiros, no qual afeta
animais de companhia, silvestres e de zoológicos, de exploração animal e também
39

até o homem, causada pela Mycobacterium bovis, a doença também é considerada


de evolução crônica causando até lesões granulomatosas (O’REILLY; DABORN,
1995).
Além disso, a presença da enfermidade nos rebanhos torna os produtos
vulneráveis às barreiras sanitárias impostas pelo mercado internacional (MICHEL et
al., 2009). Supõe-se que os prejuízos à pecuária mundial atribuídos a esta doença
estejam em torno de U$ 3 bilhões/ano (LAGE et al., 1998).
Abrahão (2005) ainda relata que devido à capacidade zoonótica da doença,
sua importância no âmbito econômico e da saúde pública, há risco iminente à saúde
humana, seja na forma de doença ocupacional, ou através do consumo de produtos
de origem animal contaminados com o bacilo, especialmente leite e carne, bem
como seus derivados, consumidos in natura, provenientes especialmente do
comércio clandestino.
O Brasil é considerado um país endêmico para tuberculose bovina, sendo as
propriedades com sistema de confinamento as mais afetadas, principalmente devido
ao maior contato entre os animais (ALZAMORA FILHO et al., 2014; SILVA et al.
2011). No ano de 2001 o MAPA criou o Programa Nacional de Controle e
Erradicação da Brucelose e Tuberculose Bovina (PNCEBT), no qual através disso a
doença passou a tornar-se notificação obrigatória em todo o país (MAPA, 2017).
O PNCEBT (2006) avaliou que a fonte de infecção para os rebanhos é o
bovino ou bubalino infectado e que sua principal forma de introdução da tuberculose
no rebanho é a aquisição de animais infectados. A principal porta de entrada do M.
bovis é a via respiratória, a transmissão em aproximadamente 90% dos casos,
ocorre pela inalação de aerossóis contaminados com o microorganismo.
O trato digestivo também é uma porta de entrada da tuberculose bovina,
principalmente em bezerros alimentados com leite proveniente de vacas com mastite
tuberculosa e animais que ingerem água ou forragens contaminadas. A maioria dos
bovinos são assintomáticos, no entanto em casos agressivos da doença alguns
animais podem apresentar sintomatologia clínica como diminuição de produção do
leite e do apetite, dispneia, caquexia, anorexia, secreção nasal, entre sinais
respiratórios (MOREIRA; ROQUETTE; BARBOSA, 2017).
Segundo PNCEBT (2006) o diagnóstico da tuberculose bovina pode ser
efetuado por métodos diretos e indiretos. Os diretos envolvem a detecção e
40

identificação do agente etiológico no material biológico. Os indiretos pesquisam uma


resposta imunológica do hospedeiro ao agente etiológico. A reação tuberculínica, a
bacteriologia e a histopatologia são os métodos mais utilizados para o diagnóstico
da tuberculose bovina e bubalina.
Até o presente momento, o tratamento da TB é proibido por lei Os bovinos
diagnosticados serão separados, marcados com ferro no lado direito da face com
um “P” dentro de um círculo com aproximadamente 8 centímetros de diâmetro e
levados ao abate sanitário com no máximo 30 dias após o resultado reagente
(MOREIRA; ROQUETTE; BARBOSA, 2017).

2.3.1 Relato de caso

No período de janeiro a abril, em aproximadamente 7 propriedades


localizadas no Munícipio de Campinas do Sul, estado do Rio Grande do Sul, foram
realizados os testes de tuberculose no total de 30 fêmeas bovinas e 2 machos com
idades até 24 meses.

Figura 15: Tricotomia


41

Fonte: GASS,Duranti Tamires, 2023.


De início foi registrado na tabela os dados do proprietário sendo eles, nome
completo, endereço, CPF, número de registro estadual e número totais de animais a
serem testados. Em seguida foi colocado na tabela o número de identificação do
animal, o veterinário realizou a tricotomia com auxílio de lâmina de barbear simples
na região do pescoço como é possível ver na figura 15 a seguir.
Em seguida foi feita a medida da espessura da prega cutânea (em mm) com
o cutímetro,(figura 16), após isso foi feita a inoculação intradérmica de tuberculina
(PPD bovino) na região cervical, na junção do terço médio e inferior do pescoço,
atrás da espinha escápula, a 20 cm da cernelha.

Figura 16: Medida da prega cutânea;


42

Fonte: GASS,Duranti Tamires, 2023.

A dosagem da tuberculina inoculada foi de 0,1ml. Os dados das medidas foram


colocados na tabela. Na figura 17 é possível verificar a aplicação da tuberculina.

Figura 17: Aplicação da tuberculina PPD bovina;


43

Fonte: GASS,Duranti Tamires, 2023.

Após 72 horas foi realizada a leitura, começando pela identificação do animal


e fazendo o cálculo da medida anterior da inoculação e após. O cálculo se deu da
]seguinte forma: a medida da dobra da pele após 72 horas da inoculação subtraindo
a medida da pele no dia da inoculação, para todos animais testados obteve-se o
resultado de 0 a 1,9 mm os animais e relação a região inoculada encontravam- se
sem sensibilidade, sem consistência e sem outras quaisquer alterações, concluindo
assim a interpretação de forma negativa para tuberculose bovina como mostra a
tabela 9 .

Tabela 9 Interpretação do teste cervical simples em bovinos

ΔB(mm) Sensibilidade Consistência Outras alterações interpretação

0 a 1,9 --------- -------- -------- negativo


2,0 a 3,9 pouca dor endurecida delimitada inconclusivo
2,0 a 3,9 muita dor macia exsudato, necrose positivo
≥ 4,0 --------- -------- --------- positivo
44

Finalizado todos dados coletados e registrados mesmos foram entregues ao


produto, uma com o veterinário e uma entregue na inspetoria veterinária como na
figura 18.

Figura 18: Tabela de dados do produtor e animais testados.

Fonte: GASS, Duranti Tamires; 2023.

2.3.2 Referencial

Frequentemente o método mais utilizado é a tuberculinização no qual fornece


uma resposta celular através de hipersensibilidade desencadeada de uma injeção
de tuberculinas, ou seja, extrato bruto no qual se obtém através da microbactéria
(POLLOCK et al., 2006).
No Brasil, a prova tuberculínica é realizada com o PPD bovino, produzido por
a partir da amostra AN5 de M. bovis, contendo 1ml de proteína por mL (32.500 UI).
De acordo com PNCEBT (2006; página 61), o teste confirmatório para ambos os
testes anteriores é o Teste Cervical Comparativo (TCC), também recomendado
como teste de rotina para estabelecimentos de criação com ocorrência de reações
inespecíficas, estabelecimentos certificados como livres e para estabelecimentos de
criação de bubalinos. Neste mesmo teste utiliza-se a TPD aviário, produzido a partir
45

da amostra D4 de M. avium, contendo 0,5 mg de proteína por mL (25.000 UL). O


PPD bovino apresenta-se sob a forma liquida e incolor, enquanto o PPD aviário, sob
a forma liquida e coração vermelho claro.
Quando os testes forem inconclusivos e o método foi TCS o animal que foi
reagente ou inconclusivo poderá ser sacrificado dentro de um prazo máximo de 30
dias ou é submetido ao TCC com intervalo de 60 a 90 dias após o teste anterior. Se
o teste foi TCC e o resultado for inconclusivo o animal é sacrificado ou submetido a
um novo teste com um prazo de 60 dias entre um teste e outro, já no caso desse
segundo teste também for inconclusivo o animal é avaliado como positivo, sendo
realizada a marcação com a letra ‘’P’’ (positivo) do lado direito da face, isolado e
sacrificado dentro de 30 dias (BRASIL, 2006).
Nos casos de animais positivos, os mesmos são retirados e isolados dos
demais animais, feita a marcação de ferro do lado direito da face com letra ‘’P’’ e o
sacrifico do animal no prazo de 30 dias, esse deve ser realizado em estabelecimento
oficial de inspeção sanitária ou se realizado na propriedade com acompanhamento
do mesmo, a carne não deve ser consumida nem pelo homem e nem por qualquer
espécie de animal (BRASIL, 2006).
O PNCEBT, criado em 2001 e reisado em 2006 é um programa que foi criado
com o objetivo de diminuir a prevalência de casos de tuberculose bovina, indicando
a realização de testes intradérmicos nos animais suspeitos e nos positivos
realizando o abate e controle de transporte dos mesmos (BRASIL, 2017).
Ima (2018) ressalta que o único profissional capacitado para realização do
teste intradérmico são os médicos veterinários, sendo que este deve estar habilitado
através de cursos autorizados pelo MAPA. Após a identificação do bovino positivo, é
de total responsabilidade do médico veterinário realizar a notificação na Unidade
Veterinária Local que será enviada para o MAPA, sendo esta obrigatória no território
brasileiro. Ademais, é de extrema importância instruir o proprietário sobre isolamento
do animal, a realização da marcação com ferro quente dos animais no lado direito da
cabeça com um “P” pelo profissional e abate em sequência (IMA, 2018).
Nos frigoríficos os médicos veterinários são os únicos profissionais
capacitados para realizar a inspeção sanitária desde que estejam regularizados para
tal, são feitas qualquer lesão granulomatosa e as condenações seja total ou parcial
quem decide é o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de
46

Origem Animal (RIISPOA), condenação parcial significa lesões discretas e fácil


remoção e a condenação total é quando o animal possui algum sinal clinico
normalmente sendo febre e apatia no qual é avaliando no exame ant mortem estas
associadas a lesões generalizadas ou graves (BRASIL, 2017).
Campos (2004) relata que nos matadouros frigoríficos, o veterinário
responsável pela inspeção sanitária deve realizá-la ante mortem e post mortem. A
inspeção ante mortem é capaz de visualizar afecções vistas nos animais vivos com
sintomas, em que estes são separados do restante dos animais, com esse fim se
evita a entrada do animal infectocontagioso na sala de abate para não atingir a
saúde pública e contaminar as instalações e equipamentos ali presentes. Já a
inspeção post mortem é feita na manipulação do animal, depois do abate, realizando
análises e exames nas vísceras e gânglios para garantir a qualidade do produto.
Exames realizados na ‘’ linhas de inspeção’’ na sala de matança, ela é
determinada pelas normas técnicas de bovinos e inspeção de carnes através da
Padronização de Técnicas, Instalações e Equipamentos do MAPA (NASCIMENTO,
2017).
Em casos de animais positivados, a carne pode ter aproveitamento
condicional exceto quando for abatido no estabelecimento de criação, sendo assim
inapropriada para consumo humano ou de animal de qualquer espécie segundo o
Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal (BRASIL, 2006).
Sobre os leites e seus derivados, a legislação brasileira permite a fabricação
de queijos com leite cru desde que os rebanhos estejam com um bom status
sanitário que os mesmos estejam testados para brucelose e tuberculose num
período mínimo para maturação destes produtos seja feita em 60 dias, caso
contrário pode haver influência nas transformações bioquímicas dos queijos, onde
M. bovis fica inativado gerando infeções (BRASIL, 2013; CEZAR et al., 2016;
STARIKOFF et al., 2016).

3 CONCLUSÃO

Conclui-se que para qualquer forma de controle e erradicação de doenças


principalmente as se tratando das zoonoses requer uma boa atenção e cuidados,
seja na hora da compra, na venda no abate, no consumo, para evitar a
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contaminação da doença e evitando assim a transmissão da mesma. Atualmente, se


tem conhecimento do programa de controle e erradicação de doenças de
transmissão de animais para o ser humanos, assim como brucelose e tuberculose,
criado pelo MAPA com o objetivo de auxiliar no controle seja através de vacinas,
testes, exames.
Algumas barreiras ajudam também no controle, como a realização do GTA
(Guia de Transporte Animal), o qual só é possível se o animal esteja com toda parte
sanitária e dia, com testes e exames para doenças realizados, e este devem ser
feitos antes do GTA, para evitar disseminação da doença para o local destinado.
É de extrema importância o abate de animais em locais credenciados e
liberados para a atividade onde a inspeção é feita dentro de todas as exigências
evitando também de uma contaminação pela alimentação. A identificação com os
brincos também é muita ajuda, na identificação dessas doenças, caso algum animal
de positivo e tenha que fazer a eliminação do mesmo, mesmo que este animal
venha a perder o brinco também vale ressaltar que é feita a colocação do mesmo
com a mesma numeração para assim facilitar.
De todos os fatores que agregam um bom desempenho animal e financeiro
ao produtor, a prevenção de doenças é um dos principais, garantindo uma melhor
saúde da população e dos animais, e contribuindo cada vez mais para o bem de
todos.
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4 REFERÊNCIAS

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