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ASSOCIAÇÃO EDUCATIVA DO BRASIL – SOEBRAS

FACULDADES INTEGRADAS DO NORTE DE MINAS – FUNORTE


CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO


EM MEDICINA VETERINÁRIA E RELATO DE CASO: FRATURA DE COLUNA EM
CÃO DE GRANDE PORTE

BRUNA EVELIN FRANÇA SILVA

MONTES CLAROS – MG
NOVEMBRO/2022
BRUNA EVELIN FRANÇA SILVA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO


EM MEDICINA VETERINÁRIA E RELATO DE CASO: FRATURA DE COLUNA EM
CÃO DE GRANDE PORTE

Relatório do Estágio Curricular Supervisionado na


Área de Clínica Médica e Internamento de
Pequenos Animais, apresentado como requisito
para conclusão de graduação e obtenção de título
de Bacharel em Medicina Veterinária.

Organização: Clinica veterinária Quality


Supervisor Técnico: Caio Rabelo
Área de trabalho: Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos
Animais
Professor Coordenador: Daniel Ananias Assis Pires e Alex Portes Gomes
Período de realização do Estágio: 18/08/2022 a 12/11/2022
Número Total de Horas: 504 horas.

MONTES CLAROS – MG
NOVEMBRO/2022
RESUMO

O presente relatório tem como finalidade descrever as experiências vivenciadas ao


longo do estágio supervisionado em medicina veterinária. O estágio iniciou em
18/08/2022 e foi finalizado em 12/11/2022, sendo realizado em uma clínica
veterinária localizada na cidade de Montes Claros - MG tendo o nome fantasia de
Quality. Este local possui atendimento clínico, bloco cirúrgico, alas de internamento
infeccioso e não infeccioso separados. Além da parte de clínica e cirurgia de
pequenos animais, o estabelecimento também conta com um banho e tosa e artigos
pet para venda. O estágio teve como objetivo aprimorar e qualificar os
conhecimentos na área de pequenos animais. Buscando relacionar os ensinamentos
teóricos adquiridos ao logo da graduação com a vivência e rotina diária de uma
clínica veterinária.

Palavras chave: estágio supervisionado; clínica e cirurgia de pequenos animais;


medicina veterinária.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 5
2. DESCRIÇÃO DO LOCAL ........................................................................................ 5
3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ............................................................................ 6
4. RELATO DE CASO ................................................................................................. 7
4.1 Introdução .......................................................................................................... 7
4.2 Relato de caso ................................................................................................... 8
4.3 Discussão ........................................................................................................ 12
4.4 Conclusão ........................................................................................................ 14
5. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 15
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1. INTRODUÇÃO

O presente relatório tem como finalidade descrever as experiências


vivenciadas ao longo do estágio supervisionado em medicina veterinária necessário
para a conclusão do curso. O estágio foi realizado em uma clínica veterinária
conhecida pelo nome Quality, localizada na cidade de Montes Claros - MG . Ela se
localiza na Rua Professor Monteiro Fonseca, número 709, no Bairro Prolongamento
do Todos os Santos.
O estágio iniciou em 18/08/2021 e foi finalizado em 12/11/2021, a carga
horária era de 40 horas semanais (8 horas diárias), totalizando quase 504 horas de
estágio. Devido ao fato da clínica ter funcionamento 24 horas, incluindo sábado,
domingo e feriado, o estágio foi realizado de segunda a sexta independente da data.
Este local possui atendimento clínico, bloco cirúrgico, alas de internamento
infeccioso e não infeccioso separados. possuindo uma equipe de profissionais
qualificados e capacitados para exercer a medicina veterinária com excelência.
Todos os profissionais sempre estiveram à disposição para tirar dúvidas.
Entretanto, se tratando de um local particular, não era permitido questionamentos
quando os tutores estavam presentes no local (consultórios ou internamentos), a fim
de evitar constrangimentos tanto para o estagiário, quanto para o médico veterinário.
O estágio teve como objetivo aprimorar e qualificar os conhecimentos na
área de pequenos animais. Buscando relacionar os ensinamentos teóricos adquiridos
ao logo da graduação com a vivência e rotina diária de uma clínica veterinária. Sendo
fundamental para a preparação e inserção de um novo profissional no mercado de
trabalho.

2. DESCRIÇÃO DO LOCAL

A clínica veterinária possui dois consultórios sala de cirurgia e o


internamento de animais não infeciosos e infecciosos, alem da parte de clínica e
cirurgia de pequenos animais, o estabelecimento possui banho e tosa, artigos pet para
venda (ração, coleira, brinquedos, petiscos, produtos de higiene para os animais, etc)
e uma pequena farmácia pet que comercializa alguns antibióticos, anti-inflamatórios,
vermífugos e vitaminas.
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O funcionamento é 24 horas, todos os dias da semana incluindo feriados.


Começando as 08:00 horas da manhã indo até 19:30 horas da noite, nesse intervalo
de tempo os valores são mais acessíveis, das 19:30 as 7:30 do dia seguinte já é o
plantão onde os casos de emergência costumam chegam e os valores sofrem
alterações.

Figura 1: fachada da clínica veterinária Quality.


Fonte: próprio autor.

3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

O estágio iniciava às 08 horas da manhã e finalizava às 16 horas, Após


chegar no local, o estagiário deveria se apresentar ao veterinário responsável pelo
internamento. A rotina do internamento consistia em administrar as medicações dos
animais internados, canular os animais que precisassem, coletar exames de sangue
e zelar pelo bem estar de todos os animais (oferecer água e ração, trocar e limpar as
baias). No internamento era permitido que o estagiário tivesse total autonomia para
desempenhar as funções necessárias, desde que o mesmo tivesse capacidade para
executar as ações.
A rotina de consulta começava a partir das 08:30 horas, e o estagiário
podia escolher ou não acompanhar as consultas, exceto nos casos onde a presença
do estagiário era indispensável. Por se tratar de uma clínica particular, não era
permitido que fizesse a anamnese, mas podia realizar o exame físico do paciente.
Também era função do estagiário realizar a contenção física dos animais sempre
que necessário.
Na parte de cirurgia e ultrassonografia o estagiário só podia observar, não
atuando diretamente nos processos. Visto que não havia competência técnica o
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suficiente para desempenhar com segurança as atividades necessárias. Mas todos


os procedimentos eram bem explicados pelos médicos veterinários para que
houvesse um ganho de experiência por parte do acadêmico.

4. RELATO DE CASO

FRATURA DE COLUNA EM CÃO DE GRANDE PORTE

Resumo. Fraturas e luxações vertebrais (FLV) toracolombares são uma das afecções
neurológicas observadas com mais frequência na neurologia veterinária. Se trata de
um quadro complicado, pois possui um elevado risco de paralisia permanente,
levando uma grande quantidade de animais à eutanásia, por ter um prognóstico
desfavorável em animais que perderam sua nocicepção.
Tem como tratamento conservativo analgésicos com neuroprotetores e imobilização
de coluna e normalmente possui indicativo cirúrgico para correção de fratura para
proporcionar alivio dor ao animal. Esse trabalho tem como intuito relatar um caso
clinico de um cão SRD de grande porte que foi atropelado, sendo acometido com
fratura de coluna na região toracolombar.

Palavra-chave: Fratura, luxações vertebrais, toracolombares, paralisia permanente,


nocicepção.

4.1 Introdução
Fraturas e luxações vertebrais (FLV) toracolombares são uma das afecções
neurológicas observadas com mais frequência na neurologia veterinária. Se trata de
um quadro complicado, pois possui um elevado risco de paralisia permanente,
levando uma grande quantidade de animais à eutanásia, por ter um prognóstico
desfavorável em animais que perderam sua nocicepção.(DEWEY 2014). Corresponde
a 7% das enfermidades neurológicas em cães (FLUEHMANN et al., 2016).
Acontecem na maior parte das vezes por acidentes automobilísticos. briga
entre animais, quedas, chutes, choques contra objetos parados e também por
neoplasias, infecções vertebrais e osteopatias nutricionais. Afeta com maior
frequência a região toracolombar da coluna vertebral (T3-L3 ) (ARÁUJO et al. 2009,
BALI et al. 2009, WEH & KRAUS 2012).
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Normalmente 40 a 83% de pacientes que possuem FLV apresentam lesões


em outros sistemas (STURGES & LECOUTEUR 2007, WEH & KRAUS 2012). Sendo
assim, se torna necessário a realização de um exame clínico completo para que a
lesão seja identificada antes de seguir com mais investigações. (DEWEY 2014).
O diagnóstico tem como base a anamnese, sinais clínicos e neurológicos
agudos e obtenção de imagens da coluna vertebral e medula espinal (ARÁUJO et al.
2009). Os sinais clínicos variam de sensibilidade excessiva a dor, à paralisia com
presença de perda da nocicepção, que depende muito da gravidade que a lesão
apresenta (FLUEHMANN et al. 2006, WEH & KRAUS 2012, DEWEY 2014). O
tratamento de conservação consiste em administração, analgésicos com
neuroprotetores e imobilização da coluna vertebral (MCKEE 1990, BRUCE et al.
2008). Como tratamento cirúrgico tem como intuito a descompressão da medula
espinal, estabilização da coluna vertebral, alinhar o canal vertebral e remover
possíveis fragmentos ósseos (BRUCE et al. 2008, JEFFERY 2010, CABASSAU 2012,
WEH & KRAUS 2012).
O prognostico desses casos se dá pela avaliação neurológica completa com
estimulo de nocicepção, avaliando assim o grau da lesão de medula presente, caso a
reação aos estímulos for positiva o prognostico passa a ser favorável, se for negativo
o prognostico passa para reservado á desfavorável.
Objetivo deste relato é descrever os acontecimentos ocorridos com um cão
SRD de grande porte que sofreu um atropelamento e foi diagnosticado com fratura na
coluna, região toracolombar. Assim como alertar para os perigos decorrentes desse
tipo de afecção.

4.2 Relato de caso


No dia 8 de setembro de 2022 a clínica veterinária Quality, localizada em
Montes Claros – MG, recebeu um cão SRD, porte grande com o nome de Bob que
havia sofrido um atropelamento na rua de sua casa. Durante a consulta o tutor relatou
que ao chegar com o carro, abriu o portão para entra e o animal foi até a rua para
fazer suas necessidades. Na voltar um carro em alta velocidade o atropelamento e
fugiu sem prestar socorro, o animal foi arremessado alguns metros e quando caiu já
não tinha o movimento das patas traseiras e gritava com muita dor.
No exame físico apresentava taquicardia, midríase, hiperextensão de patas
dianteiras, dificuldade de foco e atenção e falta de movimentos nos membros
9

inferiores. Foi administrado morfina para controle de dor pois a dor pois apresentava
grande desconforto, logo após administração alguns testes neurológicos foram
realizados. De início o teste de propriocepção onde o membro do animal é colocado
em posição não anatômica com intuito de que ele volte esse membro no mesmo
instante para a posição devida, nesse caso o teste teve resultado negativo, foi
realizado também os testes de reflexos espinhais onde são realizados estímulos em
locais específicos com pinçamento, percussão de ligamentos, todos os testes foram
negativos. Também foi realizado o teste de sensação de dor consciente, onde foi
utilizando a ponta dos dedos para beliscamento interdigital com intuito de avaliar a
sensação de dor superficial que também teve resultado negativo. Por último foi feito
pinçamento interdigital para avaliar a dor profunda que também teve resultado
negativo.
Durante a palpação da coluna vertebral foi notada uma grande
protuberância na região toracolombar que provavelmente seria o local fraturado.
Sendo assim a equipe medica encaminhou o animal para exame de raio-x onde a
suspeita foi confirmada, fratura vertebral entre T13 – L1 com redução de espaço
vertebral entre T11 – T12 e T12 – T13.
O tratamento indicado pela equipe foi o cirúrgico, onde a correção de fratura
seria realizada, porém não é feita na cidade de Montes Claros, apenas em Belo
Horizonte, o que tornaria o processo um pouco mais complicado por se tratar de um
cão de porte grande em uma viagem relativamente longa, fora a questão de gastos
no geral. Foi explicado para a proprietária onde a mesma demonstrou interesse em
realizar o procedimento, com isso a equipe medica iniciou uma pesquisa para avaliar
qualidade de clinicas em Belo Horizonte e que também apresentasse um bom
orçamento, para encaminhar o animal, enquanto era resolvida essa questão
juntamente com a proprietária o animal ficou internado na clínica Quality recebendo
os cuidados necessários
Como protocolo terapêutico foram utilizados: Para analgesia a morfina na
dose de 1 mg/kg, TID, para auxiliar na redução de edema foi utilizado Manitol que tem
função diurética na dose de 1g /kg QID, como corticoide foi usada a dexametasona
com intuito anti-inflamatório na dose de 0,5 mg/kg. O animal foi sondado para
realização do esvaziamento de bexiga pois não estava realizando tal tarefa sozinho,
defecava sem necessidade de estimulo e todos os dias era realizado troca da posição
para prevenção de escaras, os testes neurológicos eram sempre refeitos. No segundo
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dia de internação o animal apresentou reflexo de retirada, mas não apresentava dor
profunda, já estava mais estável e atento, se alimentou, reconheceu os donos, sem
presença de midríase e hiperextensão de membros.
No quarto foi realizada a troca da morfina para o tramadol na dose de
4mg/kg pois o animal apresentava maior conforto em relação a dor. No quinto dia o
animal foi encaminhado para a clínica veterinária MEDVET em Belo Horizonte onde
passaria por uma nova consulta para realização da cirurgia de correção na coluna,
durante a avaliação o especialista em ortopedista confirmou a fratura e lesão medular
onde foram descartadas as chances desse animal andar novamente, resultando em
um prognostico reservado a desfavorável. Foi oferecida duas opções, eutanásia tendo
em vista que se tratava de um cão de porte grande podendo afetar sua qualidade de
vida e a cirurgia de correção onde seria oferecido maior conforto de dor. Com isso a
proprietária optou pela cirurgia ciente de que o animal seria um cão especial daí em
diante. Foram solicitados novos exames pré cirúrgicos: Perfil bioquímico +
Hemograma e um novo Raio-x.

Figura 2: projeção latero-lateral da coluna Figura 3: Projeção ventro dorsal da coluna


Fonte: Próprio autor Fonte: Proprio autor

A cirurgia foi realizada no dia 15/09/2022 com anestesia inalatória, onde foi
feita uma incisão de aproximadamente 15 cm na região toracolombar, exposição da
coluna vertebral e o realimento ósseo na região onde havia fratura, logo após foi
utilizado cimento ósseo, parafusos e pinos para correção permanente do local
fraturado, somando um total de 10 parafusos e 2 pinos, localizados em aspecto dorsal
de T12, T13, L1 e L
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Figura 4: Exposiçao de fratura durante cirurgia Figura 5: Fratura já corrigica com utilização de cimento
Fonte: Próprio autor ósseo, pinos e parafusos
Fonte: Próprio autor

O animal passou dois dias internado em observação pós cirúrgica e recebeu


alta no dia 17/09/2022 podendo assim voltar para sua cidade, Montes Claros- MG.
Para casa foi prescrito: gabapentina com intuído de tratar a dor neuropática,
amoxicilina + clavulanatode potássio como antibiótico, meloxicam como anti-
inflamatório, dipirona e tramadol como analgésicos. Também foi indicado repouso por
30 dias em espaço contido e retorno em 15 dias, como seria necessária uma nova
viagem o animal foi avaliado na clínica Quality em Montes Claros. Durante o retorno
o animal apresentou parâmetros vitais dentro da normalidade, defecava sozinho e o
esvaziamento da bexiga era realizado por palpação, bom controle de dor, mas com
presença de seroma na região da incisão, foi indicado compressão com faixa e em 10
dias foi absorvido.
Após os 30 dias ele foi novamente avaliado e já demonstrava boa
adaptação com o arrasto, sem dor e extremamente ativo. A proprietária relata que ele
se alimenta sozinho, mas necessita de auxilio diário para esvaziamento completo de
bexiga.
Hoje a equipe medica possui contato com o caso do animal, ele já se
encontra adaptado em sua cadeirinha de rodas que tem um limite de 1 hora por dia
para ser utilizada, a proprietária realiza fisioterapia diária em casa pois recebeu auxilio
da equipe medica com exercícios básicos de alongamento e estímulos nervosos. O
animal possui uma nova realidade, mas hoje é saudável e se adaptou perfeitamente
12

.
4.3 Discussão
De acordo com Mendes (2012), a principal causa de lesão por trauma à
coluna vertebral é o atropelamento, mas também acontece por conta de quedas e
brigas com outros cães. Impactos externos podem resultar em fratura, e luxação
vertebral. A medula espinhal e raízes nervosas que são ligadas à coluna, são
comprometidas na maior parte dos casos devido à compressões e contusões do
tecido neural (MENDES, 2012; SEVERO, 2011).
As fraturas podem acontecer em qualquer parte da coluna vertebral, mas é
mais comum nos corpos vertebrais, processos transversos e processos espinhosos.
São associados ao trauma vertebral e medular e são agudos, geralmente não
progressivos. Os animais sentem dor podendo também apresentar outras
enfermidades como trauma, choque, escoriações e fraturas. As alterações
neurológicas dependem da localização e da gravidade da lesão medular (NELSON;
COUTO, 2015b).
Estudos relatam que em cães de grande e médio porte o traumatismo
provavelmente se deve ao local do impacto do veículo no corpo, pois a maioria são
atingidos lateralmente. Complementam ainda que a altura média dos para-choques
da maior parte dos veículos é semelhante à altura média da coluna vertebral desses
animais. Também é comum em cães machos, jovens que não são castrados por
possuir comportamento de passeio o reprodutivo, tem tendência a sair para rua e
nesse momento sofrer o acidente.
De acordo com Olby (1999) e Weh & Kraus (2012), cães que tem suspeita
de FLV (fraturas e luxações vertebrais) precisão receber uma imobilização temporária
no transporte enquanto o tratamento adequado é decidido, essa imobilização vai
prevenir a ocorrência de traumatismos adicionais à coluna vertebral e a medula
espinal. De acordo com Weh & Kraus (2012), a lesão medular é dinâmica sendo assim
pode piorar caso a imobilização vertebral seja realizada de forma tardia.
O tempo de espera do animal desde o atropelamento ao diagnóstico de
fratura é de extrema importância pois ele precisa ser encaminhado para um
especialista em tempo hábil.
O diagnóstico deve ser iniciado pela anamnese, sinais clínicos e
neurológicos agudos, é necessário imagens da coluna vertebral e medula espinal
(ARÁUJO et al. 2009). Os sinais clínicos vão variar em dor excessiva à paralisia com
13

presença de perda da nocicepção dependendo da gravidade da lesão (FLUEHMANN


et al. 2006, WEH & KRAUS 2012, DEWEY
O foco durante o exame físico desses animais é a avaliação ortopédica e
neurologia, quando já foi descartada qualquer outro tipo de comprometimento
sistêmico por conta do atropelamento. A avaliação ortopédica se dá pela palpação
nas vertebras com intuito de encontrar algum tipo de anormalidade, contorno anormal
ou hiperestesia. O exame neurológico tem função de identificar a presença de lesão
neurológica pela afecção da coluna vertebral, ajudando definir sua localização
neuroanatômica.
De inicio é importante realizar o teste onde se avalia os receptores
sensoriais para propriocepção. As anormalidades encontradas nestes testes não
fornecem informações da localização precisa da lesão, mas são indicadores sensíveis
que sugerem a presença de distúrbio em algum ponto desta via neurológica
(NELSON;COUTO, 2015a).
Os processos espinhas também são avaliados e com essa avaliação
conseguimos classificar distúrbios neurológicos como sendo de NMS (neurônio motor
superior) ou NMI (neurônio motor inferios).
Em distúrbios NMI os reflexos estarão diminuídos podendo até estar
ausente e em NMS normais á aumentados (NELSON; COUTO, 2015a).
Um outro teste é o teste da sensação de dor consciente que é dividido em
sensação de dor superficial e sensação de dor profunda. Na sensação de dor
superficial utilizamos o beliscamento interdigital com os dedos, o animal precisa
demonstrar percepção do estimulo de dor, movimentar a cabeça em direção ao
membro testado, rosnar ou tentar morder. caso não acontecesse passamos para a
sensação de dor profunda, onde aplicamos uma pinça hemostática ao redor da base
de cada unha buscando também que esse animal reaja com dor, não reagindo temos
o indicativo de lesão na medula.
Pelo fato de que os tratos espinhais possuem fibras sensitivas para dor
profunda bilaterais e de pequeno diâmetro, profundamente localizadas na substância
branca da medula espinhal, conclui-se que apenas lesão espinhal bilateral grave vai
interromper completamente esses tratos, onde a ausência de dor profunda significa
prognóstico moderado a desfavorável (NELSON; COUTO,2015a; DENNY E
BUTTERWORTH, 2006).
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Também é necessário a avaliação da função urinária. Bexiga flácida, com


reflexos bulbocavernoso e perineal diminuídos podendo até mesmo estar ausentes
com tônus anal diminuído indica lesões em NMI (segmentos espinhais S1-S3, nervo
pudendo, nervo pélvico). A dimibuição do controle da micção e motor voluntário e
hiperexcitabilidade reflexado esfíncter uretral, indicam lesões em NMS craniais aos
segmentos sacrais (DENNYE BUTTERWORTH, 2006)
São dois os tipos de tratamento para trauma vertebral, o conservativo e o
cirúrgico. A cirurgia é indicada quando a presença de dor não sessa e o animal possui
um déficit neurológico de moderado a grave. É a quantidade o número de técnicas
cirúrgicas indicadas: hemilaminectomia, a laminectomia ventral e a laminectomia
dorsal (MIKAIL; PEDRO, 2009).
São muitos os casos em que o tratamento conservativo é escolhido,
normalmente quando os sintomas são leves e o animal apresenta idade avançada
podendo possuir outras doenças concomitantes. O tratamento seria repouso, com
movimento restrito pelo tempo determinado pelo veterinário e uso de corticoides ou
anti-inflamatórios não-esteroides e analgésicos buscando redução da dor (MIKAIL;
PEDRO,2009; ROBERTSON; MEAD, 2013).
Ainda, pode ser utilizada a fisioterapia na reabilitação desse animais no pós-
cirúrgico, também usada para fornecer uma manutenção da qualidade de vida e
manter a mobilidade desses animais (ROBERTSON; MEAD, 2013).

4.4 Conclusão

Fraturas e luxações vertebrais se trata de uma das afecções neurológicas


que acontecem com maior frequência na neurologia veterinária e pode causar danos
medulas irreversível onde muito animais são levados para a eutanásia.
Portanto é de extrema importância que os proprietários evitem o acesso à
rua sem coleira ou até mesmo sem a supervisão, tomar cuidado com o tipo de
brincadeiras ofertada. Monitorar o convívio com animais desconhecidos e a qualquer
sinal de desentendimento retirar seu animal do local, assim, evitando que ocorra
brigas. Muita atenção no ambiente em que esse animal vive para que nenhum
acidente domestico possa acontecer.
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5. REFERÊNCIAS

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T.W. (Ed), Cirurgia de Pequenos Animais. 4ª ed. Elsevier, Rio de Janeiro.

FLUEHMANN G., DOHERR M.G. & JAGGY A. 2006. Canine neurological diseases
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MENDES, D. S. Traumatismo da medula espinhal em cães e gatos: estudo


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