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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS


FACULDADE DE VETERINÁRIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO


EM MEDICINA VETERINÁRIA

ÁREAS DE CLÍNICA MÉDICA, CIRÚRGICA, REPRODUÇÃO,


OBSTETRÍCIA E FOMENTO DE ANIMAIS DE PRODUÇÃO

ANDRÉIA CRISTINA BENDER

PELOTAS, 2008
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ANDRÉIA CRISTINA BENDER

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO


EM MEDICINA VETERINÁRIA

Trabalho acadêmico apresentado à Faculdade de


Veterinária da Universidade Federal de Pelotas,
como requisito parcial à obtenção do título de
Médica Veterinária.

Orientador: Prof. Dr. Márcio Nunes Corrêa

Pelotas, 2008
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AGRADECIMENTOS

A Deus pelo dom da vida.


Aos meus pais, Adilo e Cecília, que não mediram esforços ao longo desta
trajetória e muito antes dela também. Fizeram o possível e às vezes o impossível
para alcançar este sonho, esta conquista dedico a eles.
Ao meu irmão André pela dedicação nos momentos em que precisei.
A todos os amigos, pelos momentos de alegria, pelo apoio nos momentos
difíceis, pela paciência que tiveram comigo, sem eles a vida não teria sentido.
A uma pessoa em especial, Evandro, acompanhaste toda minha trajetória,
obrigada pelo imenso carinho, a tua paciência e dedicação a mim.
Aos médicos veterinários que, compartilharam seus conhecimentos nos
períodos de estágio. Carinho especial aos médicos veterinários Rogério Hanel,
Fábio Hanel e Luciano Thomas por todos os ensinamentos durante o estágio
curricular.
Ao meu orientador Márcio, pelos ensinamentos, pela indicação para estágios
e pelo grande mestre que você é. Obrigada pelo apoio e orientação.
As todas as pessoas especiais que passaram por minha vida e que, de
alguma forma me apoiaram na conquista deste sonho. Cheguei ao fim da jornada,
obrigada a todos.
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RESUMO

O estágio curricular foi realizado na Cooperativa Tritícola de Getúlio Vargas


no período de 28 de julho a 31 de outubro de 2008, onde desenvolveram-se
atividades em clínica médica e cirúrgica, atendimentos obstétricos e reprodutivos,
manejos sanitários e zootécnicos.
Foram realizados 344 atendimentos ao longo do período de estágio, estando
os mesmos distribuídos em 110 procedimentos de manejo sanitário, 67
atendimentos clínicos, 60 procedimentos de controle sanitário, 35 atendimentos
obstétricos, 34 atendimentos reprodutivos, 20 atendimentos cirúrgicos e 18
procedimentos de manejo zootécnico.
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SUMÁRIO

RESUMO .................................................................................................................... 3
1.INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 6
2. MUNICÍPIO DE ESTAÇÃO ..................................................................................... 7
3. COTRIGO ............................................................................................................... 9
4. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ......................................................................... 11
5. ATENDIMENTOS CLÍNICOS ............................................................................... 12
5.1 DOENÇAS METABÓLICAS....................................................................... 12
5.1.1 HIPOCALCEMIA ................................................................................ 12
5.1.2 CETOSE ............................................................................................ 14
5.2 DOENÇAS PARASITÁRIAS ...................................................................... 17
5.2.1 TRISTEZA PARASITÁRIA BOVINA .................................................. 17
5.3 DOENÇAS BACTERIANAS ....................................................................... 18
5.3.1 TÉTANO ............................................................................................ 18
5.3.2 MASTITE CLÍNICA ............................................................................ 20
5.3.3 CARBÚNCULO SINTOMÁTICO ........................................................ 22
5.4 DOENÇAS VÍRICAS ................................................................................. 23
5.4.1 PAPILOMATOSE ............................................................................... 23
6. ATENDIMENTOS OBSTÉTRICOS....................................................................... 26
6.1 PARTO DISTÓCICO ................................................................................ 26
6.2 RETENÇÃO PLACENTÁRIA .................................................................... 28
6.3 PROLAPSO UTERINO ............................................................................. 30
6.4 PARALISIA OBSTÉTRICA MATERNA ..................................................... 31
7. ATENDIMENTOS CIRÚRGICOS ........................................................................ 33
7.1 SUTURA DE TETO .................................................................................. 33
7.2 CESARIANA ............................................................................................. 35
7.3 ORQUIECTOMIA ...................................................................................... 37
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8. ATENDIMENTOS REPRODUTIVOS.................................................................... 39
8.1 DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO ............................................................ 39
8.2 ANESTRO .............................................................................................. 40
9. MANEJO ZOOTÉCNICO ...................................................................................... 42
9.1 MOCHAMENTO ..................................................................................... 42
9.2 REMOÇÃO DE TETOS ACESSÓRIOS .................................................. 43
9.3 CASQUEAMENTO ................................................................................. 44
10. MANEJO SANITÁRIO ........................................................................................ 46
10.1 VACINAÇÃO BRUCELOSE................................................................... 46
10.2 VACINAÇÃO CLOSTRIDIOSES............................................................ 47
11. CONTROLE SANITÁRIO ................................................................................... 49
11.1 DIAGNÓSTICO BRUCELOSE............................................................... 49
11.2 DIAGNÓSTICO TURBERCULOSE ....................................................... 50
12. FOMENTO .......................................................................................................... 52
13. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 53
14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 54
15. ANEXO ............................................................................................................... 57
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1. INTRODUÇÃO

O presente relatório tem por finalidade descrever as diversas atividades


realizadas durante o estágio curricular supervisionado, correspondente ao décimo
semestre do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Pelotas.
Atividades estas, desempenhadas na Cooperativa Tritícola de Getúlio Vargas no
período de 28 de julho a 31 de outubro de 2008.
A realização do estágio deu-se nas áreas de clínica médica, cirúrgica,
obstetrícia e fomento de animais de produção, sob orientação técnica do Médico
Veterinário Rogério Hanel e orientação acadêmica de Prof. Dr. Márcio Nunes
Corrêa.
O objetivo do estágio curricular supervisionado foi de, colocar em ação os
conhecimentos acumulados durante a graduação, adquirir experiência prática,
aprender a agir diante das realidades encontradas diariamente e acima de tudo,
crescer pessoalmente e profissionalmente.
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2. MUNICÍPIO DE ESTAÇÃO

Estação é um município do estado do Rio Grande do Sul, pertencente à


Mesorregião Noroeste Rio-Grandense e à Microrregião Erechim.
Os primeiros colonizadores chegaram no fim de século XIX e o rápido
crescimento da pequena colônia deu-se pela riqueza florestal e pelas terras férteis,
próprias para maquinarias. Os imigrantes em sua maioria, italianos, alemães,
poloneses e cablocos, introduziram a agropecuária diversificada, a viticultura além
de trigo, milho e feijão.
Tanta diversidade de raças e culturas, só ocorreu pela existência da estrada
de ferro. A ferrovia riscou o Estado de sul a norte, permitindo o transporte de
mercadorias de maneira eficaz, segura e financeiramente acessível.
No ano de 1935, Estação foi anexada ao município de Getúlio Vargas,
passando a chamar-se Estação Getúlio Vargas, em homenagem ao presidente da
época. Por abrigar a importante Cooperativa de Produção de Banha Sant’Ana Ltda.-
COOBANHA – e pelas muitas madeireiras, responsáveis pelo grande volume de
dinheiro movimentado, ficou conhecida como Bairro Industrial de Getúlio Vargas.
O intenso movimento de trens remetiam os principais produtos produzidos e
transformados como a banha, madeira, feijão, trigo e milho para diversas
localidades, entre elas Rio Grande, onde de lá o destino era a exportação e
recebiam cereais, frutas, açúcar, materiais de construção, gasolina, eletrodomésticos
além de famílias inteiras, mostrando a importância da ferrovia para a formação de
diversas cidades da região do Alto Uruguai.
Além do comércio em geral, Estação contava com uma arquitetura arrojada
composta por muitos armazéns de cereais. Em 1957 foi fundada a Cooperativa
Tritícola de Getúlio Vargas que recebia, armazenava e comercializava produtos
agrícolas. A cooperativa valeu-se muito das malhas ferroviárias, pois, oportunizavam
o deslocamento de vagões, com até 52 toneladas, as proximidades de seus pátios e
por disporem de vagões próprios para expedir cargas vivas. Com a prosperidade da
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cooperativa, e, conseqüentemente, do Bairro Industrial, registra-se no ano de 1967


os primeiros indícios de que a emancipação era um sonho possível, sendo apenas
uma questão de tempo.
Conscientes do bom momento vivido, aliado ao desinteresse das autoridades,
os movimentos para emancipação dos anos de 1977 e 1985 apresentaram
resultados, positivos o bastante para que fossem levantados dados sobre a
potencialidade da área a ser emancipada. Esses dados faziam referência ao
comércio, agricultura, agropecuária.
A busca por uma maior democracia e a descentralização política-
administrativa era o constante objetivo. Então, em 21 de abril do ano de 1988, pela
Lei nº 8572, estava criado o município de Estação. Ocorrendo a primeira eleição em
15 de novembro do mesmo ano, elegendo Guido Comim e Dorvalino Cecconelo
como representantes do legislativo.
Hoje, Estação conta com 6.743 habitantes, distribuídos em uma extensão
territorial de mais de 100 km. A maior taxa é constatada entre 0 e 19 anos, num
percentual de 17,83%. O forte êxodo rural dos últimos anos teve como resultado a
permanência de apenas 991 pessoas no campo.
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3. COTRIGO

A história da Cooperativa Tritícola de Getúlio Vargas (Cotrigo) tem suas


raízes fundamentadas no empreendedorismo dos imigrantes, que acreditando na
força, vontade, determinação, coragem e objetivo claro de melhores dias no futuro.
A organização que ultrapassou os desafios surgiu em decorrência das
dificuldades existentes na comercialização do trigo, um grande potencial, que estava
sendo marginalizado, deixando os produtores amargando perda, prejuízos e pior, o
desestimulo à produção. Mas com o objetivo claro de estimular os produtores e
recuperar o potencial produtivo de inverno, reativar rendimentos necessários à
manutenção familiar, que um grupo de 125 pessoas, se uniram e, apostando no
sistema Cooperativo, fundaram a Cotrigo em 04 de agosto de 1957, no bairro
Estação, na época município de Getulio Vargas, estado do Rio Grande do Sul.
Os investimentos iniciais foram com armazéns de grãos com capacidade para
7.000 toneladas, para o recebimento de trigo e milho. Em 1966, mais uma conquista
voltada aos interesses sociais, à aquisição do moinho para industrialização do trigo e
do milho. Antecipando a expectativa dos produtores, em 1971 iniciou a ampliação da
capacidade de armazenagem apostando no advento da soja, estruturando-se na
defesa dos produtores, recebendo, beneficiando e comercializando a produção mas,
também, fornecendo sementes, insumos e assistência técnica.
Em 02 de janeiro de 1976, veio o grande saldo: a Cotrigo incorpora a
Cobanha. Surge um novo conceito na historia do cooperativismo, a diversificação.
Mais uma vez, a Cotrigo busca atender as necessidade de mercado e, em
1982 instala uma moderna fábrica de rações com capacidade de 120 toneladas dia,
com produção diversificada para suínos, bovinos, eqüinos e aves em geral.
Ainda, solidária aos anseios da comunidade, em 1982 constrói um amplo
supermercado na sede em Estação, com objetivos definidos, bem como, ampliar o
atendimento à população.
Com o Slogan diversificar para prosperar, em 04 de abril de 1983 adquiriu a
indústria de balas, doces e conservas, com a finalidade específica de desenvolver
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um projeto de fruticultura, integrando o associado na expectativa de diversificar suas


atividades e agregar valores na exploração agrícola. Sempre preocupada para
melhorar a atividade produtiva do quadro social, a Cotrigo busca a integração para o
abatedouro frigorífico de suínos, iniciando em 1989 a construção de um matrizeiro
no município de Estação, com capacidade de alojar 2.200 matrizes para reposição
do plantel das unidades produtoras de leitões e integrados.
Sintonizada com esse novo cenário na atividade de produção de suínos a
cotrigo instala em 1996 três unidades produtoras de leitões, localizadas em Sertão,
Ipiranga do Sul e Jacutinga, com capacidade de alojar 2.400 matrizes e produção de
43.200 leitões para repasse aos associados terminadores.
Um dos lançamentos marcantes da Cotrigo foi a inauguração, em 1997, da indústria
de laticínios com uma capacidade instalada inicial de 150.000 litros de leite por dia,
equipada com a mais moderna tecnologia mundial.
A Cotrigo conta hoje com um quadro de 5.472 associados, abrangendo em
sua área de ação os municípios de Estação, Erebango, Ipiranga do Sul, Sertão,
Getúlio Vargas, Jacutinga, Floriano Peixoto, Porto Alegre e São Paulo. Possui
inúmeras unidades divididas em cereais, frigorífico, moinho de trigo e milho, indústria
de rações, indústria de laticínios, indústria de doces, balas e conservas, UPLs, e
mantém ainda oito supermercados, investindo no reflorestamento, na horticultura e
fruticultura.
No momento a Cotrigo conta com 536 produtores de leite, sendo
predominante as pequenas e médias propriedades, das quais, em sua maioria,
utilizam ordenha mecanizada, resfriador de leite e possuem sala para ordenha.
Quanto ao leite entregue a cooperativa, em torno de 25.709.282 litros/ano, observa-
se uma acentuação da curva de produção nos meses de julho a outubro. A produção
diária recolhida a Cotrigo, encontra-se em 75000 litros.
Durante o período de estágio, a cooperativa passou por uma crise financeira,
sendo firmadas parcerias entre a mesma e a Cooperativa Santa Clara no segmento
de leite e com a empresa Globoaves no segmento de suínos.
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4. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Durante o estágio curricular supervisionado tive a oportunidade de


acompanhar o desenvolvimento de diversas atividades, as quais
qu serão
demonstradas na figura abaixo:
Figura 1: Relação de atendimentos
atendimentos realizados durante o estágio curricular.

ATENDIMENTOS REALIZADOS

350
300
250
200
150
100
50 N° ATENDIMENTOS
0
12

5. ATENDIMENTOS CLÍNICOS

Figura 2: Relação de atendimentos realizados na área de clínica médica.

ATENDIMENTOS CLÍNICOS
70

60

50

40

30

20

10

0
Atend. Suínos

Pneumonia
Granuloma Ocular

Tétano
Metrite
Mastite

Cetose

Pericardite
Trauma Úbere

Papilomatose
Edema Fisiológico Úbere
Hipocalcemia

Sobrecarga Alimentar

Atend. Equinos

Necropsia
Granuloma Vulva
Granuloma Membro
Carbúnculo Sintomático
Tristeza Parasitária

Total


ATENDIMENTOS

5.1 DOENÇAS METABÓLICAS

5.1.1 HIPOCALCEMIA
Caso clínico
Fêmea bovina de quarta cria com parto
parto a 24 horas. Não recebia ração pré-
parto e pastejava juntamente com as demais vacas da propriedade,
propriedade, em uma
pastagem de aveia.
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Sinais clínicos
Fêmea apresentava-se em decúbito esternal em posição de auto-
auscultação. Ao exame clínico observou-se hipotermia (36,2°C), bradicardia e atonia
ruminal.

Diagnóstico
O diagnóstico baseou-se na epidemiologia e sinais clínicos característicos
de hipocalcemia, sendo confirmado por diagnóstico terapêutico.

Tratamento
- Dexametasona (Azium, Lab. Schering-Plough), 10 ml via intravenosa.
- Complexo energético (Polijet, Lab. Fagra), 500 ml via intravenosa.
- Cálcio (Pradocálcio, Lab. Prado), 750 ml via intravenosa.
Logo após o término do tratamento, o animal posicionou-se em estação
apresentando leves tremores musculares e andar cambaleante.
Recomendou-se a ordenha sem esgotamento total da fêmea e aplicação de
cálcio via subcutânea na dose de 50 ml, duas vezes ao dia por 2 dias.

Evolução do quadro
Houve a completa recuperação da fêmea atendida.

Discussão do caso

Segundo Berchielli et al. (2006), a hipocalcemia é um distúrbio metabólico


não febril que ocorre geralmente nas primeiras 12 a 24 horas após o parto e é
caracterizado por uma drástica queda nos níveis sanguíneos de cálcio. Com o início
da lactação, as exigências por cálcio aumentam drasticamente. A concentração de
Ca no colostro é quase duas vezes superior à concentração no leite.
As causas principais desta doença residem em uma alimentação incorreta.
Excessos de cálcio e potássio no período que antecede o parto, relação incorreta
entre cálcio e fósforo na alimentação e alterações dos mecanismos reguladores de
cálcio sangüíneo são causas citadas por Gonzáles et al. (2000). No caso acima
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citado, o fornecimento de uma forragem a base de aveia pode ter sido um dos
fatores para o desenvolvimento do quadro, já que a aveia apresenta grande
quantidade de potássio.
De acordo com Gonzales et al. (2000), a hipocalcemia apresenta etapas:
Primeira etapa (capacidade para incorporar-se). Segunda etapa (prostração,
decúbito esternal). Terceira etapa (fase comatosa, decúbito lateral). No caso
atendido, observamos a paciente na segunda etapa, onde se caracteriza a posição
de auto-auscultação, depressão e sonolência e ausência de movimentos ruminais.
Durante o período deste estágio, também foi atendida uma fêmea na primeira etapa
do distúrbio, onde os animais ainda estão em estação, mas apresentam tremores
musculares, excitação e andar cambaleante, assim como, também foram atendidas
fêmeas em decúbito esternal o que caracteriza a terceira etapa da hipocalcemia.
O tratamento da hipocalcemia é bastante efetivo e a infusão intravenosa de
uma solução com 10 g de Ca na forma de borogluconato de Ca restabelece as
concentrações de Ca sangüíneo por 3 a 4 horas, o que é suficiente para que a vaca
sobreviva, e cerca de 70% a 80% delas se recuperem (BERCHIELLI et al., 2006).
Quando da aplicação de cálcio intravenoso, este foi diluído em uma solução
energética e administrado vagarosamente prevenindo dessa forma, uma parada
cardíaca e conseqüente morte súbita. Além disso, durante a administração realizou-
se o controle da freqüência cardíaca observando-se os efeitos do cálcio a medida
que o mesmo foi sendo aplicado.
Em todos os casos atendidos, foi realizado o esclarecimento do produtor
sobre as causas do distúrbio e feita a recomendação de medidas preventivas, como
o uso de ração pré-parto e retirada das fêmeas de pastagens nas semanas que
antecedem o parto, para evitar a ocorrência de novos casos na propriedade.

5.1.2 CETOSE
Caso clínico
Fêmea bovina, 35 dias pós-parto, quarta cria. Alimentação fornecida
apresentava deficiência em energia.
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Sinais clínicos
Fêmea apresentava andar cambaleante, cegueira, incoordenação motora e
atonia ruminal. Demais sinais vitais apresentavam-se inalterados.

Diagnóstico
Baseou-se nas evidências clínicas e epidemiológicas, sendo confirmado por
diagnóstico terapêutico.

Tratamento
- Glicose 25% (Lab. Prado), 500 ml via intravenosa.
- Cálcio (Pradocálcio, Lab. Prado), 200 ml via intravenosa.
- Dexametasona (Isacort, Lab. Eurofarma), 10 ml via intravenosa.
- Vitamina B12 (Catosal B12, Lab. Bayer), 10 ml, via intravenosa.
- Antitóxico (Mercepton, Lab. Bravet), 100 ml via intravenosa.
- Propilenoglicol (Dairy Dunk, Lab. Vansil), 1Kg via oral, duas vezes ao dia até
o término do conteúdo da embalagem.

Evolução do quadro
Houve completa recuperação do animal após o tratamento adotado.

Discussão
O aumento da oxidação de ácidos graxos é uma das características de
períodos de insuficiente consumo calórico, o que normalmente ocorre durante o final
da gestação e o início da lactação em ruminantes. Apesar de ruminantes
normalmente produzirem um dos corpos cetônicos através da beta-oxidação do
ácido graxo butirato pelo epitélio ruminal, a concentração de corpos cetônicos é
geralmente baixa durante períodos de consumo adequado de nutrientes. Entretanto,
quando o consumo calórico é reduzido e as necessidades energéticas aumentadas,
a concentração de corpos cetônicos aumenta, podendo ocasionar a doença clínica
conhecida como cetose (BERCHIELLI et al., 2006).
A cetose é uma doença relativamente comum em vacas de alta produção
leiteira, sendo as multíparas mais afetadas que as primíparas. Geralmente, a
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enfermidade ocorre entre os dias 8 e 60 do pós-parto, período que o animal enfrenta


um balanço energético negativo (GONZÁLES & CAMPOS, 2003).
Segundo Gonzales et al. (2000), a causa para a ocorrência da cetose é uma
dieta insuficiente em energia especialmente durante as primeiras semanas depois
do parto, sobrealimentação com proteínas e substâncias nitrogenadas, fornecimento
de silagens com conteúdo ácido butírico, deficiência de minerais (Co, P, Mg) e
vitamina B12. A produção de leite é maior que a energia disponível na dieta
(equilíbrio energético negativo), mobilização de gordura corporal e gliconeogênese
hepática, aumento de produção de corpos cetônicos.
De acordo com Berchielli et al. (2006), a cetose é classificada em duas
formas, a clínica e a subclínica. No caso atendido, a fêmea apresentava a forma
clínica da doença, a qual pode apresentar sintomas clínicos tais como hipofagia
marcada, fezes escassas e de consistência firme, clara redução na produção de
leite, perda excessiva de peso e, em casos severos, sintomas neurológicos, como
incoordenação motora, bruxismo, cegueira e constante tentativa de lamber objetos.
O uso de soluções glicosada a 5% ou 50% é o método mais comum para o
tratamento da cetose. Muitas veses, associados ao uso de soluções glicosadas, faz-
se a administração oral de precursores gliconeogênicos, como o propilenoglicol, o
propionato de cálcio ou o glicerol, estes produtos são, em parte, fermentados a
propionato no rúmen e fornecem carbonos para o ciclo de Krebs. A administração de
15 a 30mg dexametasona intravenosa ou de outros glicocorticóides é prática comum
no tratamento da cetose clínica. Esses hormônios reduzem a produção de leite, o
que reduz a demanda energética pela glândula mamária, além disso, eles reduzem
a utilização de glicose por tecidos periféricos, como tecido muscular e o adiposo e
aumentam a gliconeogênese hepática a partir do glicogênio hepático (BERCHIELLI
et al., 2006).
Como medidas preventivas, recomendou-se ao produtor o uso de uma
alimentação adequada aos animais durante o período seco e também no pós-parto.
Evitar o excesso de alimentação para os animais em período seco para que, ao
parto, a condição corporal esteja entre 3,5 e 4 no escore de avaliação.
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5.2 DOENÇAS PARASITÁRIAS

5.2.1 TRISTEZA PARASITÁRIA BOVINA


Caso clínico
Fêmea bovina, afastada do rebanho, com perda de apetite e queda na
produção leiteira.

Sinais clínicos
Perda de apetite, queda na produção, sinais vitais alterados (temperatura
39,2°C, taquicardia, taquipnéia), mucosas com intensa icterícia e apresentava pulso
de jugular.

Diagnóstico Presuntivo
Através da sintomatologia clássica chegou-se ao diagnóstico de tristeza
parasitária.

Tratamento
- Antitóxico (Pradotectum Antitóxico, Lab. Prado), 100 ml via intravenosa.
- Oxitetraciclina (Solutetra Pronto Uso, Lab. Ibasa), 1 ml para cada 20 kg de
peso corporal. Aplicação, via intramuscular, de 24 em 24 horas, durante 4 dias.
- Diminazeno (Ganazeg 7%, Lab. Novartis), 1 ml para cada 20 kg de peso
corporal. Duas aplicações, via intramuscular, com intervalo de 24 horas entre as
aplicações.

Evolução do quadro
Não obtivemos informações sobre a resolução do quadro.

Discussão
Farias (1998) denomina tristeza parasitária bovina (TPB), o complexo de duas
enfermidades causadas por agentes etiológicos distintos, porém com sinais clínicos
e epidemiologias similares: babesiose e anaplasmose.
No Brasil, o carrapato Boophilus microplus transmite para os bovinos dois
protozoários (Babesia bovis e Babesia bigemina) responsáveis pela doença
denominada babesiose, e uma rickettsia (Anaplasma marginale) que causa a
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anaplasmose. Popularmente, tais doenças são conhecidas como tristeza parasitária


bovina, que se manifesta, clinicamente, por febre, anemia, hemoglobinúria (urina cor
de sangue), icterícia (mucosas amareladas), falta de apetite, prostração e pêlo
arrepiado, determinando alta mortalidade em rebanhos sensíveis. A doença pode
cursar de forma superaguda, com morte em poucas horas após o aparecimento dos
sintomas; aguda, em que o processo leva alguns dias; ou crônica, quando os
animais, muitas vezes, recuperam-se espontaneamente (KESSLER; SCHENK,
2000).
A ocorrência de casos isolados ou de surtos de TPB varia segundo a
distribuição geográfica do carrapato vetor. Nas áreas endêmicas ou de estabilidade
enzoótica, os terneiros se infectam nos primeiros dias de vida, quando têm proteção
dos anticorpos colostrais. Ocorrem infecções subclínicas, casos clínicos isolados e
relativamente baixa mortalidade. É o caso das regiões Sudeste e Centro-Oeste do
Brasil. Nas áreas epidêmicas, denominadas, também, como de instabilidade
enzoótica, a maioria do rebanho é suscetível, sendo freqüentes os surtos, com
elevadas morbidade e mortalidade. Praticamente todo o estado do Rio Grande do
Sul tem essa característica. Os surtos ocorrem, geralmente, após reduções
temporárias da infestação por carrapatos (FARIAS, 1998).
No caso acima relatado usamos os princípios ativos mais indicados para o
tratamento. Segundo Farias (1998), o tratamento dos bovinos com TPB é feito com
drogas de efeito babesicida (derivados da diamidina), anaplasmicida (tetraciclinas) e
de dupla ação (imidocarb e associações de diamidina com oxitetraciclina).

5.3 DOENÇAS BACTERIANAS

5.3.1 TÉTANO
Caso clínico
Macho bovino, castrado havia 15 dias. Apresentava-se em posição de
cavalete e com salivação abundante.

Sinais clínicos
Além da posição de cavalete e salivação, bovino apresentava trismo e
enrijecimento muscular.
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Após 24 horas do tratamento com penicilina, animal estava em decúbito


lateral, rigidez muscular total, pescoço estendido, salivação, trismo e posição de
cavalete.

Diagnóstico Presuntivo
Baseado nos aspectos epidemiológicos e clínicos.

Tratamento
- Penicilina (Penjet, Lab. Clarion Biociências), 1ml para cada 10 kg de peso
corporal, via intramuscular.

Evolução do quadro
Após 72 horas do início dos sinais clínicos, não sendo apresentada melhora
do animal, proprietários procederam o sacrifício.

Discussão
De acordo com Raposo (1998), o tétano é uma doença infecciosa, altamente
fatal, causada por uma neurotoxina específica, produzida por Clostridium tetani em
tecidos infectados.
A infecção dos animais e do homem pode ocorrer como resultado da
contaminação de feridas, umbigo, aplicação de ferradura, cirurgia em baias,
aplicação de borracha para castração de ovinos, aplicação de brincos, injeções,
infecções uterinas no pós-parto, infecções de umbigo, brigas de animais de pequeno
porte, ferida causada por armadilhas, feridas profundas e penetrantes. Nestes locais,
formam-se as condições de necrose ideais (baixa tensão de oxigênio e potencial de
oxi-redução), permitindo a multiplicação do C. tetani e, subseqüentemente produção
de toxinas. Clostridium tetani produz 2 exoproteínas, uma hemolisina ou tetanolisina
e uma neurotoxina ou tetanoespasmina. A tetanoespasmina é responsável pelos
sinais clínicos da doença e os anticorpos para a toxina são protetores (GOMES,
2008).
O período de incubação do tétano é variável e depende das dimensões do
ferimento, grau de anaerobiose, número de bactérias inoculadas e título de
antitoxina do hospedeiro. Na maioria dos animais suscetíveis, os sinais clínicos
ocorrem uma a três semanas após a infecção bacteriana (RAPOSO, 1998). No caso
20

atendido, o período de incubação foi em torno de duas semanas, já que, os sinais


clínicos característicos iniciaram por volta de 15 dias após o procedimento de
castração.
Segundo Gomes (2008), o C. tetani é sensível às penicilinas, tetraciclinas e
cloranfenicol, mas resistentes aos aminoglicosídios. Em nosso tratamento utilizamos
a penicilina na tentativa de reverter o quadro, porém não obtivemos boa resposta do
paciente ao tratamento, sendo o mesmo sacrificado pelos proprietários.
Para a prevenção, as feridas devem ser propriamente limpas e desinfetadas.
Cirurgias, especialmente aquelas realizadas em larga escala devem ser realizadas
com precauções de higiene (GOMES, 2008). Segundo Raposo (1998), deve-se ter
especial cuidado com o local onde são colocados os animais após essas operações,
evitando currais, montes de abrigo e outros lugares muito contaminados por
matérias fecais.

5.3.2 MASTITE CLÍNICA


Caso clínico
Fêmea bovina, 30 dias pós-parto. Alteração no leite de um dos quartos.

Sinais clínicos
Apresentava abatimento, diminuição da produção e de um dos quartos
retirava-se apenas um líquido amarelo.

Diagnóstico
Através da sintomatologia evidente em um dos tetos da fêmea e CMT
positivo.

Tratamento
- Cefalexina + neomicina (Rilexine 200, Lab. Virbac), 1 bisnaga (10 ml) de 12
em 12 horas via intramamária, durante 3 dias.
- Cetoprofeno (Biofen 10%, Lab. Biofarm), 1,5 ml para cada 50 kg de peso
corporal, via intramuscular, durante 5 dias.
- Amoxicilina (Vetrimoxin L.A., Lab. Ceva Saúde Animal), 50 ml via
intramuscular em dose única.
21

Evolução do quadro
Não obtivemos informações referentes ao quadro.

Discussão
Mastite é a inflamação da glândula mamária, que se caracteriza por
alterações físicas, químicas e organolépticas do leite e alterações no tecido
glandular. A mastite pode ser clínica (superaguda, aguda, subaguda ou crônica) ou
subclínica. A mastite bovina pode ser causada por agentes químicos ou físicos, mas
a maioria dos casos são causados por bactérias (LADEIRA, 1998). No caso acima
relatado, a fêmea apresentava-se com uma mastite clínica aguda, onde
detectávamos alterações na glândula mamária e no leite de um dos quartos,além
disso observamos leves alterações sistêmicas.
O Str. agalactiae é o agente etiológico que maiores perdas provoca na
produção de leite das vacas afectadas. No entanto, o S. aureus é aquele que causa
infecções mais resistentes e de mais difícil tratamento (TEIXEIRA et al., 2008).
Segundo Teixeira et al. (2008), uma mamite pode genericamente ser dividida
em três fases: fase invasão do agente, fase de infecção e fase de inflamação. A
entrada do microrganismo no canal do teto, que pode ocorrer entre ordenhas ou
durante a mesma ordenha, corresponde à fase de invasão. Em plena fase de
infecção, o agente reproduz-se no canal do teto, na cisterna do teto ou na cisterna
do úbere. O crescimento da bactéria pode continuar, mais ou menos rapidamente,
até atingir os alvéolos galactófaros.
Quando atingida a fase anterior, o organismo inicia uma resposta mais
vigorosa à infecção que se está a desenvolver no úbere. O sistema imunitário
comanda esta resposta com a passagem de leucócitos da corrente sanguínea para
os alvéolos na tentativa de combater e neutralizar as bactérias invasoras. Estes
leucócitos aliados ao tecido danificado, proteínas e bactérias começam a formar
farrapos/grumos por aglomeração entre si. O animal apresenta, nesta altura, sinais
de mamite clínica. Os grumos podem bloquear os ductos de leite, provocando uma
diminuição ou mesmo cessação total da produção leiteira. O úbere encontra-se
inflamado, quente, duro e doloroso. Toda esta cascata de acontecimentos
fisiopatológicos corresponde à fase de inflamação de uma mamite clínica.
22

Existem, ainda, situações em que a bactéria em causa pode ser produtora


de toxinas (ex., E. coli) que entrem em circulação sanguínea e atinjam todo
organismo do animal. Nesta fase, além dos sinais característicos de mamite clínica
local, o animal apresenta sinais de toxemia e debilidade geral, podendo em extremo
caso, terminar com a sua morte.
Como medidas preventivas, recomendamos ao produtor o uso de pré-
dipping para desinfecção dos tetos antes da ordenha, prevenindo dessa forma as
mastites de origem ambiental e uso de pós-dipping para prevenção de mastites de
origem infecciosa. Controle da higiene de ordenha. Uso de bisnagas intramamárias
para vaca seca. Realização de CMT uma vez por semana.

5.3.3 CARBÚNCULO SINTOMÁTICO


Caso clínico
Fêmea bovina, 5 meses de idade. Apresentava-se separada dos demais
animais.

Sinais clínicos
Abatimento. Separada do grupo. Não se alimenta. Andar enrijecido.
Crepitação no quarto traseiro e flanco direito. Aumento de temperatura (39,2°C).
Gemidos quando flanco direito era pressionado, sugerindo alguma lesão neste local.

Diagnóstico Presuntivo
Realizado com base na epidemiologia e sinais clínicos.

Tratamento
- Penicilina (Penjet, Lab. Clarion Biociências), 1 ml para cada 10 kg de peso
corporal, via intramuscular, de 24 em 24 horas, durante 5 dias.
- Diclofenaco sódico (Vetflogin, Lab. Vallée), 1 ml para cada 50 kg de peso
corpóreo, via intramuscular, de 24 em 24 horas durante 3 dias.

Evolução do quadro
Doença levou terneira a óbito.
23

Discussão
O carbúnculo sintomático é um enfermidade causada por Clostridium
Chauvoei. A doença ocorre quando a bactéria, que pode estar em estado latente no
organismo sem causar lesões, multiplica-se nos músculos produzindo toxinas que
causam uma miosite hemorrágica grave. Desconhecem-se os fatores que
determinam que a bactéria deixe seu estado de latência para causar enfermidade,
mas é possível que as condições favoráveis de anaerobiose ocorram em
conseqüência de traumatismos musculares. Ocorre em bovinos de 6 meses a 2
anos de idade. Ocasionalmente pode afetar terneiros de 3-6 meses (RIET-CORREA,
1998). No caso atendido, a provável razão para a ocorrência de carbúnculo
sintomático, foi uma lesão a nível de flanco causada pela cabeçada de outro animal
do rebanho.
Os animais acometidos apresentam-se anoréticos, deprimidos, febris e
mancam, apresentando um inchaço localizado, doloroso que se torna frio e
edematoso com crepitação ao toque. A morte ocorre dentro de 12 a 48 horas. Este
agente parece ter preferência por grandes músculos (quarto traseiro, diafragma e
coração) que, à necropsia apresentam aspecto seco, de coloração vermelho-escura
e esponjosos (GREGORY et al., 2006).
Na fêmea atendida, utilizamos tratamento a base de penicilina, porém não
houve reversão do caso, ocorrendo a morte da paciente. De acordo com Riet-Correa
(1998), os bovinos afetados podem ser tratados com altas doses de penicilina, mas
a maioria morre apesar do tratamento. Em caso de surto, os animais devem ser
vacinados imediatamente e revacinados 15-21 dias após.

5.4 DOENÇAS VÍRICAS

5.4.1 PAPILOMATOSE
Caso clínico
Macho bovino, 18 meses de idade. Apresentava alteração nas mamas.

Sinais clínicos
Mamas completamente encobertas por papilomas (“verrugas”).
24

Diagnóstico
Por meio dos sinais clínicos apresentados (lesões características) confirmado
pelo diagnóstico terapêutico.

Tratamento
- Vacina autógena, 10 ml via subcutânea, 3 doses com intervalo de 7 dias
entre doses.
- Clorobutanol (Verrutrat, Lab. Uzinas Chimicas Brasileiras), 1 ml para 20 kg
de peso corporal, via subcutânea, 3 doses com intervalo de 7 dias entre doses.

Evolução do quadro
Houve completa redução dos papilomas após o tratamento.

Discussão
A papilomatose é uma doença infecto contagiosa, freqüente e que acomete
os rebanhos bovinos, muitas vezes causando prejuízos consideráveis,
principalmente naqueles animais de importância econômica. Conhecida também
como verruga, figueira, epitelioma contagioso, entre outros, é uma enfermidade viral
que se caracteriza pela presença de lesões tumorais na pele, mucosas e em alguns
órgãos (NUNES, 2006).
O agente etiológico da enfermidade é um vírus pertencente a família
Papovaviridae, gênero papillomavírus. De acordo com a estrutura e composição do
DNA são conhecidos 6 tipos diferentes de papilomavírus bovinos (BPV) relacionados
com o aparecimento de tumores com diferentes locais e com estrutura macro e
microscópica distinta (SCHUCH, 1998)
Segundo Schuch (1998), a doença tem distribuição mundial. No Rio Grande
do Sul a enfermidade ocorre em todas as regiões, sendo mais freqüente em
pequenas propriedades leiteiras. A morbidade em um rebanho é geralmente baixa,
entretanto, em animais jovens, podem ocorrer surtos com morbidade alta. A
letalidade é baixa e quando ocorrem mortes são devidas ao enfraquecimento do
animal, pela presença de grande número de papilomas ou pela ocorrência de
miíases, que aparecem quando os papilomas são extirpados por traumatismos. No
caso acima relatado, a preocupação do proprietário do animal ao contatar-nos, era
25

justamente pelo risco da ocorrência de míiases e pelo retardo no crescimento que o


animal apresentava.
De acordo com Nunes (2006), a patologia é extremamente influenciada pela
imunidade do animal e do plantel, bem como o sistema de produção também tem
forte influência, já que o sistema intensivo, a doença é favorecida pelo forte contato
entre os animais. Para a transmissão da forma cutânea, as machucaduras de pele e
a posterior infecção, é por contato direto entre os animais ou por contato indireto,
através das estruturas como cercas, cochos, troncos, ou através de cordas, moscas
e carrapatos.
O tratamento mais utilizado são as vacinas autógenas, obtidas através da
inativação de macerado de papilomas coletado animal afetado. Muitas outras formas
de tratamento são descritas com resultados inconsistentes (extirpação cirúrgica de
alguns ou de todos os papilomas e tratamentos medicamentosos locais ou
sistêmicos com diversos produtos). Os melhores resultados foram obtidos com a
utilização de um ou mais aplicações de clorobutanol, na dose de 50 mg por kg de
peso vivo, em solução alcoólica, via subcutânea (SCHUCH, 1998). Assim como cita
a literatura, usamos o tratamento mais indicado para esses casos, ou seja, o uso de
vacina autógena, produzida no laboratório da COTRIGO e medicamento a base de
clorobutanol.
26

6. ATENDIMENTOS OBSTÉTRICOS

Figura 3: Atendimentos
tendimentos obstétricos realizados durante o estágio.

ATENDIMENTOS OBSTÉTRICOS

35
30
25
20
15
10
5
0 N°° ATENDIMENTOS

6.1 PARTO DISTÓCICO


Caso clínico
Fêmea bovina, primeira cria. Apresentava edema fisiológico de úbere e sinais
de trabalho de parto.

Sinais clínicos
Edema fisiológico de úbere. Sinais de trabalho de parto.

Diagnóstico
27

Através da palpação via genital, observou-se uma distocia fetal, onde feto
estava com apresentação longitudinal anterior, posição superior, com a cabeça
lateral.

Tratamento
- Procedeu-se o ajuste da estática fetal, e devido ao tamanho do feto, tornou-
se necessária uma episiotomia unilateral para então realizarmos a retirada do feto
vivo.
- No local incidido, suturamos com fio absorvível categute n° 5 (Lab.
Suturbras), aplicando ponto simples.
- Complexo energético (Polijet, Lab. Fagra), 500 ml via intravenosa.
- Cálcio (Glucovet, Lab. Allvet), 200 ml via intravenosa.
- Penicilina (Penjet, Lab. Clarion Biociências), 1ml para cada 10 kg de peso
corporal, de 24 em 24 horas, via intramuscular, durante 3 dias.

Evolução do quadro
Houve a completa recuperação da fêmea e a terneira nascida também
sobreviveu.

Discussão
Distocia caracteriza-se pelas dificuldades ou impedimentos que o(s) feto(s)
encontra(m) para ser(em) expulso(s) do útero, em decorrência de problemas de
origem materna, fetal ou de ambos (TONIOLLO & VICENTE, 2003). Segungo
Stainki, a distocia pode variar desde um atraso até a incapacidade de parir e as
conseqüências do parto distócico podem ser a morte do feto, diminuição da
produção em geral, redução da fertilidade, esterilidade e morte da fêmea.
As distocias podem ser de origem materna ou fetal. No caso acima relatado, a
origem da distocia era fetal, relacionada a estática fetal. De acordo com Toniollo e
Vicente (2003) as distocias de origem fetal, são anomalias fetais que podem ocorrer
durante a gestação (mal formações) ou no momento do parto, devido a estática fetal,
impedindo que este se concretize naturalmente. As causas podem ser agrupadas
em hidropisia (anasarca), enfisema, hidrocefalia, gigantismos, monstros, partos
gemelares ou múltiplos, encurtamentos tendíneos (flexão de membros), estática fetal
incorreta e anquilose.
28

No atendimento obstétrico, utilizam-se manobras para reverter a distocia. As


principais manobras efetuadas para a correção da posição anômala são: -
Retropulsão: é o ato de “empurrar” feto insinuado para o útero na tentativa de se
“criar” espaço que permita retificação da estática fetal. – Extensão: é o ato de
estender partes flexionadas quando estão presentes defeitos de postura aplicando-
se forças tangenciais nas extremidades fletidas (membros e cabeça). Esta manobra
poder ser executada manualmente ou com auxílio de correntes, cordas ou ganchos.
– Tração: tracionar o feto pelas suas partes insinuadas (cabeça ou membros)
objetivando suplementar ou em alguns casos substituir as forças de expulsão da
fêmea. – Rotação: girar o feto sobre seu eixo longitudinal com intuito de alterar a
posição do mesmo (dorso-pubiana para dorso-sacral). – Versão: é o ato de alterar a
apresentação transversal dorsal ou ventral, para longitudinal anterior ou posterior
(TONIOLLO & VICENTE, 2003).

6.2 RETENÇÃO PLACENTÁRIA


Caso clínico
Fêmea bovina, terceira cria, 24 horas pós-parto. Apresentava retenção das
membranas fetais.

Sinais clínicos
Retenção das membranas fetais, pequena elevação de temperatura (39.2 °C).
Demais sinais vitais inalterados.

Diagnóstico
Baseado no histórico de parto recente juntamente com a visível retenção das
membranas.

Tratamento
Introdução da mão via retal, com realização de massagem e
concomitantemente, uma leve tração na placenta exposta. Apenas parte da placenta
foi retirada através deste procedimento.
- Prostaglandina (Prostaglandina Tortuga, Lab. Tortuga), 2 ml via
intramuscular. Repetir após 11 dias.
29

- Oxitetraciclina (Terramicina L.A., Lab. Pfizer), 1 ml para cada 10 kg de peso


corporal, dose única.

Evolução do quadro
Não obtivemos informações sobre o quadro.

Discussão
A retenção placentária é a falha na separação das vilosidades da placenta
fetal (cotilédones) com as criptas maternas (carúnculas). O período médio de
eliminação fisiológica está em torno de 12 horas na vaca e 8 horas em pequenos
ruminantes (TONIOLLO & VICENTE, 2003). Na maioria dos casos atendidos durante
este estágio, a placenta estava retida de 24 a 48 horas, para então, o produtor
recorrer a ajuda veterinária.
Como causas da retenção, Stainki cita as causas de origem infecciosa como
brucelose e leptospirose (pré-parto) contaminação via cervical (pós-parto);
nutricional como deficiências de vitaminas (A, D, E) e selênio; hormonal pela indução
do parto com corticóides ou prostaglandinas; inércia uterina por hipocalcemias e
distocias; tóxicas após emprego ou contato com drogas e produtos químicos; origem
hereditária; sexo do feto sendo de maioria incidência em fetos machos e raças,
sendo as leiteiras mais acometidas.
Em função da imaturidade do placentoma da vaca recém-parida, instala-se
imediatamente um edema nas vilosidades coriônicas, com hiperemia, necrose e
placentite. Após 12 horas, todo tecido retido sofre processo de autólise, com
concomitante infecção bacteriana e decomposição gradativa, tornando-se friável, de
cor amarelo-castanha e com odor pútrido. Nos primeiros dias o estado geral do
enfermo não se altera, porém após 48-72 horas surgem manifestações clínicas
graves, tais como inapetência e/ou anorexia, apatia, arqueamento do dorso, parada
da ruminação, febre e diminuição ou parada completa da lactação (GRUNERT et al.,
2005). Ao atendermos a fêmea, esta já manifestava alteração de temperatura em
função da retenção de placenta, e caso não fosse realizado o tratamento, os sinais
clínicos se agravariam.
O tratamento por nós utilizado variou de acordo com o caso atendido.
Segundo Toniollo e Vicente (2003), algumas recomendações devem ser feitas:
delicada tração manual; corte da porção exposta da placenta; oxitócicos nas
30

primeiras 24 horas; infusões uterinas (soluções antissépticas e bacteriostáticas) e


antibioticoterapia parenteral.

6.3 PROLAPSO UTERINO


Caso clínico
Fêmea ovina, primeira cria, parto gemelar. Apresentou prolapso uterino logo
após o parto.

Sinais clínicos
Prolapso uterino total com inversão. Placenta ainda estava aderida ao útero.
Um dos fetos apresentava-se mumificado.

Diagnóstico
Baseado nos sinais evidentes de prolapso uterino.

Tratamento
- Remoção da placenta que ainda estava aderida ao útero.
- Higienização da superfície exposta com uso de água limpa e sabão neutro.
- Cloridrato de lidocaína (Anestédico Bravet, Lab. Bravet), 2 ml via epidural
(entre primeira e segunda vértebras coccígeas).
- N-butil brometo de hioscina + dipirona sódica (Buscopan Composto, Lab.
Boehringer Ingelheim), 10 ml via intramuscular, de 12 em 12 horas por 3 dias.
- Reposicionamento do útero.
- Sutura de Flessa no lábios vulvares.
- Sulfadiazina + trimetropim (Tridiazin, Lab. Vansil), 1 ml para cada 30 kg de
peso corporal, via intramuscular , de 24 em 24 horas, durante 5 dias.

Evolução do quadro
Logo após o procedimento, a fêmea acomodou-se sobre cama de feno e
amamentou o filhote. A retirada dos pontos ocorreu 5 dias após o atendimento.
Houve a completa recuperação da paciente.
31

Discussão
O prolapso uterino ocorre invariavelmente durante o parto ou algumas horas
depois, quando a cérvix está aberta e o útero fora de sua forma original. Prolapso do
corno uterino pós-grávido, normalmente é completo em vacas, e a massa do útero
se desloca totalmente para fora (JUNIOR, 2005).
Entre os fatores que possam determinar o prolapso podemos citar a
predisposição hereditária, idade (animais senis) que provoca flacidez dos ligamentos
e do diafragma pélvico, tração forçada (feto e placenta), fetos enfisematosos, lesões
do canal do parto, piso inclinado (estabulação), hiperestrogenismo e atonia uterina
devido a hipocalcemia, mas com presença de prensa abdominal (TONIOLLO &
VICENTE, 2003).
A sintomatologia observada é exatamente a vista no caso relatado, ou seja, a
exteriorização do útero, cólicas e sinais de dor manifestados pela fêmea. Essa
sintomatologia deixa claro o diagnóstico. O tratamento indicado, segundo a
literatura, é semelhante ao utilizado na fêmea atendida.
Segundo Toniollo e Vicente (2003), o prognóstico estará na dependência do
grau e tempo de ocorrência, sendo reservado a mau, inclusive observação de morte
súbita quando ocorrer ruptura do mesovário e/ou artéria uterina. Neste caso que
atendemos, o prognóstico foi favorável, já que o tratamento deu-se logo após o
prolapso.

6.4 PARALISIA OBSTÉTRICA MATERNA


Caso clínico
Fêmea bovina, primeira cria, parto ocorrido a 12 horas. Feto excessivamente
grande, tração do mesmo realizada pelos proprietários.

Sinais clínicos
Fêmea com incapacidade de colocar-se em estação, dificuldade maior nos
membros posteriores. Manifestações de dor. Lesões na vulva devido a expulsão de
feto grande.

Diagnóstico
Realizado com base na epidemiologia e sinais clínicos.
32

Tratamento
- Cálcio (Pradocálcio, Lab. Prado), 500 ml via intravenosa.
- Complexo vitamínico (Pradovit, Lab. Prado), 50 ml via intravenosa.
- Vitamina B12 (Catosal B12, Lab. Bayer), 10 ml via intramuscular.
-Trifosfato sódico de adenosina (Adenozin, Lab. Fagra), 10 ml via
intramuscular. Repetir após 24 horas.
- Dexametasona (Isacort, Lab. Pearson), 10 ml via intramuscular, de 24 em 24
horas, durante 3 dias.
- Manutenção do animal sobre cama macia e movimentá-lo diariamente.

Evolução do quadro
Não foram obtidas informações sobre a resolução do quadro.

Discussão
Segundo Stainki, a paralisia obstétrica materna ocorre em novilhas que
apresentaram parto difícel, prolongado e principalmente as que sofreram tração
excessiva (parto distócico). Esta paralisia deve-se geralmente a lesão nervosa por
compressão do feto ao passar pelo conduto pélvico, atingindo os nervos ciático e
obturador. Durante o período de estágio, os casos de paralisia atendidos não foram
somente em novilhas, e sim em fêmeas com parto dificultado pelo tamanho do feto.
O prognóstico geralmente é reservado a desfavorável. Para a prevenção
deve-se utilizar precocemente a cesariana ou fetotomia, antes da passagem do feto
pelo canal pélvico.
O tratamento consiste no uso de antiinflamatório, vitaminas (B1- Tiamina, B6-
piridoxina), manter o animal em estação (erguida pela anca) sobre cama macia e
profunda. Promover movimentos (fisioterapia) freqüentes.
33

7. ATENDIMENTOS CIRÚRGICOS

Figura 4: Relação de atendimentos cirúrgicos.

ATENDIMENTOS CIRÚRGICOS
20

10

0
N° ATENDIMENTOS

7.1 SUTURA DE TETO


Caso clínico
Fêmea bovina, quarta cria. Segundo relatos do produtor, a vaca amanheceu
com o teto lacerado.

Sinais clínicos
Laceração externa do teto, não houve lesão do canal do teto.

Diagnóstico
Realizado através da visualização da laceração em um dos tetos.
34

Tratamento
- Realizou-se a sedação da fêmea através da aplicação de acepromazina
(Acepran 1%, Lab. Vetnil), 1 ml para cada 100 kg de peso corporal, via
intramuscular. Aplicação de anestésico local cloridrato de lidocaína 2% (Anestésico
Bravet, Lab. Bravet), 15 ml ao redor da lesão.
- Para reconstrução do teto, utilizamos fio categute número 3, sutura
festonada (ancorada de Ford).
- Penicilina (Shotapen L.A., Lab. Virbac), 1 ml para cada 10kg de peso
corporal, via intramuscular. Repetir após 48 horas.
- Cetoprofeno (Biofen 10%, Lab. Biofarm), 1,5 ml para cada 50 kg de peso
corporal, via intramuscular de 24 em 24 horas durante 5 dias.

Evolução do quadro
Não obtivemos informações sobre a resolução do quadro.

Discussão
As lacerações de teto são comuns no gado leiteiro. Durante o estágio vários
casos foram atendidos, porém em sua maioria, os produtores não souberam relatar
de que forma as vacas laceram o teto.
A provável complicação da laceração do teto é a mastite. Estas lesões são
rapidamente colonizadas por bactérias que vão servir como importante reservatório
para as infecções. Material de preparo do úbere, mãos do ordenhador e a própria
máquina de ordenha pode facilitar a transferência de organismos infecciosos entre
os quartos mamários da mesma vaca, como entre indivíduos. A ênfase nos
procedimentos de higiene torna-se crucial para o controle de novas infecções,
sempre que as lesões estão presentes.
Dependendo da severidade e do tempo ocorrido, as lacerações podem ser
reparadas cirurgicamente. Lacerações recentes e superficiais (ocorridas em um
período de 12 horas), no qual o suprimento vascular não foi significativamente
danificado, podem ser corrigidas cirurgicamente com bom prognóstico. De outra
forma, tais lesões em um período de 48 horas, tornam-se intensamente
contaminadas necessitando de agressivos procedimentos de anti-sepsia e de
debridamento da ferida (STAINKI).
35

Nos casos de laceração de teto atendidos, todos ocorreram no período


máximo de 12 horas após o incidente com o animal. Quando havia lesão do canal do
teto, a ordenha era realizada com o auxílio de uma sonda para facilitar o
esgotamento do quarto mamário e evitar o fibrosamento do canal.

7.2 CESARIANA
Caso clínico
Fêmea bovina, segunda cria. Manifestou sinais de parto sem chegar a termo.

Sinais clínicos
A fêmea manifestava sinais de parto a 24 horas sem chegar a termo,
demonstrava inquietude, sapateio, distenção de abdômen.

Diagnóstico
Através do exame obstétrico, detectou-se torção uterina de grau médio,
confirmada no momento da cirurgia.

Tratamento
- Cesariana
Sedação com acepromazina (Acepran 1%, Lab. Vetnil), 1 ml para cada 100 kg
de peso corporal, via intramuscular. Anestesia epidural com cloridrato de lidocaína
2% (Anestésico Bravet, Lab. Bravet), 10 ml via epidural.
Decúbito lateral. Tricotomia de fossa paralombar esquerda e aplicação de
anestésico local cloridrato de lidocaína 2% (Anestésico Bravet, Lab. Bravet), em
forma de L invertido. Higienização e desinfecção do local a ser incidido.
Incisão de 25 cm para abertura da cavidade peritonial. Manipulação do útero
para exteriorização de uma região para então incidi-lo. Incisão sobre membro do
feto. Retirada do feto por tração, tomando o cuidado de não derramar conteúdo
uterino na cavidade. Feto foi retirado sem vida.
O útero suturado com categute n° 4 (Lab. Suturbras), sutura contínua
invaginante e após recolocado na sua posição anatômica. Planos musculares
também suturados com categute n° 4 (Lab. Suturbras), sutura festonada (ancorada
de Ford). Sutura de pele realizada com nylon (linha de pesca), sutura em U deitado.
36

- Cálcio (Pradocálcio, Lab. Prado), 500 ml via intravenosa.


- Complexo energético (Polijet, Lab, Fagra), 500 ml via intravenosa.
- Ocitocina (Prolacton, Lab. Tortuga), 10 ml via intravenosa. Repetir após 12
horas.
- Dexametasona (Azium, Lab. Schering-Plough), 10 ml via intravenosa.
- Penicilina (Penjet, Lab. Clarion Biociências), 1 ml para cada 10 kg de peso
corporal, via intramuscular, de 24 em 24 horas, durante 5 dias.
- Oxitetraciclina (Terramicina L.A., Lab. Pfizer), 1 ml para cada 10 kg de peso
corporal, via intramuscular, de 24 em 24 horas, durante 5 dias. Iniciar a aplicação
desta após o término das aplicações de penicilina.
- Diclofenaco sódico (Diclofenaco 50, Lab. Ouro Fino), 1 ml para cada 50 kg
de peso corporal, via intramuscular, de 12 em 12 horas, durante 5 dias.
- Emprego de spray de sulfadiazina + alumínio + cipermetrina+ DDVP
(Bactrovet prata AM, Lab. König). Uso externo sobre o local incidido até a completa
cicatrização.

Evolução do quadro
Houve a completa recuperação da fêmea. Os pontos de pele foram retirados
após 15 dias da data da cirurgia.

Discussão
Segundo Toniollo e Vicente (2003), a operação cesariana trata-se de uma
laparohisterotomia com finalidade de retirar um ou mais fetos, vivos ou mortos de
fêmeas uníparas ou multíparas na época do parto, podendo ser conservativa ou
radical (histerectomia).
As indicações, ainda segundo Toniollo e Vicente (2003), são inúmeras,
podendo citar: anomalias pélvicas da fêmea (angústia pélvica); conveniência (com
data de cobertura confirmada e para transferência de embriões); estática fetal
anômala não passível de correção; tamanho exagerado do(s) feto(s); monstros
fetais; histerocele gravídica; hidropisias (vaca); inércia uterina primária e secundária;
lesões do canal do parto; morte fetal com retenção, prolapso vaginal; obstrução da
via fetal mole por tumores ou cordões fibrosos; lacerações e perfurações uterinas
por assistência indevida; tempo prolongado de parto; torções uterinas irreversíveis e
toxemia gravídica.
37

No caso relatado, a necessidade de cesariana deveu-se em função de torção


uterina. Outros dois casos de torção uterina foram constatados durante o presente
estágio, porém em deles o produtor optou pelo sacrifício da fêmea devido aos custos
de uma cesariana. Outras duas operações cesarianas foram realizadas, estas por
sua vez, na espécie ovina, tendo como razão maior, prolapsos vaginais pré-parto.
A cesariana está contra-indicada nos casos de distocias que podem ser
corrigidas mecanicamente; nas atonias uterinas reversíveis por medicamentos e
quando o estado da parturiente não permite o procedimento cirúrgico (ex: quadros
graves de desnutrição, animais moribundos) (STAINKI).
No pós-operatório devem ser tomados alguns cuidados. Fluidoterapia quando
houver necessidade; antibioticoterapia; observar a eliminação de anexos; observar a
presença de lactação; limpeza diária da ferida cirúrgica e retirada dos pontos de pele
de 10 a 15 dias de pós-operatório.

7.3 ORQUIECTOMIA
Descrição do atendimento
Diversas castrações foram realizadas, na espécie suína, mas em sua grande
maioria na espécie bovina.
O procedimento iniciava-se com a contenção do animal. Higienização e
desinfecção do escroto. Anestesia local com cloridrato de lidocaína 2% (Anestésico
Bravet, Lab. Bravet), pele do escroto e intratesticular.
Incisão da pele do escroto, corte da túnica vaginal parietal sendo exteriorizado
cada testículo individualmente. Ligadura do plexo pampiniforme com categute n° 4
(Lab. Suturbras). Remoção do testículo e epidídimo. Higienização da região incidida.
Emprego de spray de sulfadiazina + alumínio + cipermetrina+ DDVP
(Bactrovet prata AM, Lab. König). Uso externo sobre o local incidido, durante 3 dias.
Aplicação de ampicilina anidra + colistina + dexametasona (Agroplus, Lab.
Virbac), 1 ml para cada 10 kg de peso corporal, via intramuscular.
Aplicação de ivermectina (Ivergen Premium, Lab. Biogenisis Bago), 1 ml para
cada 50 kg de peso corporal, via subcutânea.

Discussão
38

Stainki define orquiectomia como a remoção cirúrgica dos testículos. É


indicada por facilitar o manejo, evita coberturas indesejáveis e diminui a
agressividade.
Este mesmo autor cita três técnicas de abordagem:
- Orquiectomia fechada onde secciona-se a pele e a túnica dartos, mas não é
aberta a túnica vaginal. Nesta técnica, uma porção da túnica vaginal parietal e do
músculo cremaster são removidos. Esta técnica não expõe a cavidade abdominal ao
meio externo, mais indicada a animais com testículos pequenos.
- Orquiectomia semi-fechada: secciona-se a pele, a túnica dartos e a túnica
vaginal, expondo o testículo, epidídimo e o ducto deferente, mas não é feita a
dissecação do funículo espermático.
- Orquiectomia aberta: é a mais comum, cada testículo é exteriorizado através
de uma incisão da túnica vaginal parietal, os testículos junto com o epidídimo são
removidos, mas a túnica vaginal parietal e o músculo permanecerão no animal.
Os cuidados no pós-operatório consistem em curativo local diário,
recomendamos a aplicação de spray cicatrizante e repelente diariamente nos
primeiros dias após a cirurgia. Aplicação de antibióticos e antiinflamatórios.
Caminhadas diárias, mas evitar atividade física rigorosa nas primeiras horas após a
cirurgia para prevenir hemorragias.
39

8. ATENDIMENTOS REPRODUTIVOS
REPR

Figura 5: Relação de atendimentos reprodutivos.

ATENDIMENTOS REPRODUTIVOS

35
30
25
20
15 N° ATENDIMENTOS
10
5
0
Diagnóstico Anestro Total
Gestação

8.1 DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO


Descrição do atendimento
Durante o período de estágio, vários diagnósticos de gestação foram
realizados. O diagnóstico realizava-se
realizava se através da palpação retal sendo observadas
as características clínicas de cada estágio.
As gestações apresentavam
apresentavam-se em diferentes
entes fases, desde 60 dias até 7
meses de prenhez,, assim como,
como detectou-se também fêmeas não prenhes nos
rebanhos atendidos.
40

Discussão
De acordo com Pimentel (1998), o diagnóstico de gestação, nos diferentes
estágios, pode ser diagnosticada por palpação retal, observando as seguintes
características clínicas:
- 28 dias: geralmente só é viável em novilhas; caracteriza-se por apresentar
um espessamento de vesícula embrionária no corno uterino gestante.
- 32 dias: realiza-se o beliscamento (deslizamento do corio-alantóide sobre a
parede do útero) demonstrando a presença de paredes duplas. Esse procedimento
deve ser realizado no corno oposto ao do corpo lúteo, onde se encontra o embrião,
para que este não seja lesionado. Nesse período a placenta já se expandiu pelos
dois cornos.
- 45 dias: a assimetria é evidente e denomina-se pequena bolsa.
- 90 dias: o útero pode ser contornado em toda sua extensão com a mão e
chama-se grande bolsa.
- 120 dias: o útero toma forma de balão e não se consegue passar a mão por
debaixo dele, encontra-se distendido e tenso.
- 5 meses: a cérvice está pesada e afunilada para baixo e essa fase é
denominada fase de descida.
- 6 meses: o feto atinge a base do abdômen.
- 7 meses: o feto começa a voltar a cavidade pélvica, palpa-se a cabeça do
feto, denomina-se fase de subida.
- 8 meses: o feto começa a se posicionar para o parto.

8.2 ANESTRO
Caso clínico
Fêmea bovina, terceira cria, apresentando anestro.

Sinais clínicos
Anestro a 8 meses.
41

Diagnóstico
Realizou-se a palpação via retal, e observamos o aumento do ovário direito,
caracterizando a presença de cisto ovariano. Juntamente com a característica de
anestro, chegamos ao diagnóstico de cisto luteínico.

Tratamento
- Prostaglandina (Prostaglandina Tortuga, Lab. Tortuga), 2 ml via
intramuscular, repetir após 12 horas.

Evolução do quadro
Houve a manifestação de cio após o tratamento.

Discussão
O cisto luteinizado pode resultar da secreção insuficiente de LH para que haja
ovulação. Neste caso ocorre apenas luteinização da parede folicular por dissolução
da parede (membrana basal), permitindo que ocorra uma vascularização da
granulosa, com conseqüente perda de sua capacidade esteroidogênica, sem que
tenha havido ovulação e liberação de ovócito. Esse tipo de cisto cursa com anestro e
pode ser tratado com prostaglandina (PIMENTEL, 1998).
42

9. MANEJO ZOOTÉCNICO

Figura 6: Relação de procedimentos em manejo zootécnico.

MANEJO ZOOTÉCNICO

20

10

0
N° ATENDIMENTOS

9.1 MOCHAMENTO
Descrição do atendimento
O procedimento de mochamento ou descorna foi realizado em terneiras nos
primeiros meses de vida, onde, após uma boa contenção, removia-se
removia se os pêlos
pêl na
volta do botão córneo, posteriormente
osteriormente ocorria a remoção do botão córneo com o uso
de bisturi ou
u faca e em seguida aplicava-se
aplicava ferro quente com função de
cauterização.
Emprego de spray de sulfadiazina + alumínio + cipermetrina+ DDVP
(Bactrovet prata AM, Lab. König). Uso externo sobre a ferida,
ferida, durante 3 dias.
43

Discussão
Para Stainki o mochamento é a extirpação cirúrgica (exérese) ou a destruição
(química ou térmica) do botão córneo. De acordo com Neto (2000), os chifres devem
sempre ser removidos, para deixar os animais mais mansos e diminuir as brigas e
ferimentos.
Segundo Stainki, as técnicas consistem em:
- Recém nascido – até 15 dias (apresentando botão córneo móvel):
mochamento químico: aplica-se ao redor do botão córneo (0,5 cm) uma substância
oleosa (vaselina ou óleo mineral) e sobre o botão córneo aplicam-se substâncias
cáusticas, como nitrato de prata ou a soda cáustica, friccionando-se sobre o mesmo.
- Com mais de 15 dias (com botão córneo estando fixo): deve ser retirado
cirurgicamente e, logo após, procede-se a cauterização do ferimento.
O animal deve ser contido firmemente, os pêlos da região dos chifres devem
ser cortados com uma tesoura. Pressiona-se o ferro quente (em brasa) sobre o
botão do chifre, assegurando que houve a queima do mesmo (NETO, 2000).
Todos os procedimentos de mochamento foram realizados com o uso de ferro
quente, e logo após aplicamos spray cicatrizante e repelente para prevenir miíases e
acelerar a cicatrização.

9.2 REMOÇÃO DE TETOS ACESSÓRIOS


Descrição do atendimento
A verificação da presença ou ausência de tetos acessórios ocorria juntamente
ao momento do mochamento. Nos casos em que a terneira apresentava tetos
acessórios, o mesmo era removido com bisturi sendo o corte feito rente ao úbere e
em seguida aplicava-se o ferro quente para a cauterização.
Aplicação de spray de sulfadiazina + alumínio + cipermetrina+ DDVP
(Bactrovet prata AM, Lab. König). Uso externo sobre o local cauterizado.

Discussão
De acordo com Neto (2000), os tetos acessórios ou quinto teto não são
produtivos e atrapalham a higiene do úbere no momento da ordenha. Todos os
animais jovens devem ser revisados e a remoção deve ser feita o mais cedo
possível.
44

Além do bisturi, utilizado durante o estágio para este procedimento, pode-se


utilizar uma tesoura afiada e desinfetada para cortar o teto acessório, desde que o
corte seja rente ao úbere.

9.3 CASQUEAMENTO
Descrição do atendimento
O casqueamento foi realizado em fêmea bovina que apresentava os cascos
dos membros anteriores com crescimento excessivo. O crescimento de casco no
membro anterior esquerdo provocou uma leve claudicação no animal. Após a
retirada do excesso, a recuperação foi completa após poucos dias da realização do
procedimento.
Para o casqueamento, suspendeu-se o membro afetado e com o uso de uma
torquez removemos o excedente de casco. Em ambos os cascos afetados, o
procedimento foi o mesmo.

Discussão
Muitas vezes o desempenho do rebanho está aquém do esperado. Busca-se
então todo tipo de explicação, menos um dos mais simples, os problemas nos
cascos. Este tipo de problema causa prejuízo ao criador, pois afeta a vida produtiva
e reprodutiva dos animais. As unhas dos bovinos necessitam de um manejo
periódico. Este manejo é o casqueamento. As unhas crescem cerca de 0,6 cm ao
mês.
No entanto, as variadas condições climáticas e o manejo podem interferir na
consistência da composição das unhas. Surge então, com muita frequência, a má-
conformação de casco o casqueamento é um processo simples e que pode resolver
a maioria dos problemas. Basta que seja empregada a técnica correta. Outros
problemas, no entanto, são mais complexos, exigindo, às vezes, até intervenção
cirúrgica. A falta de um casqueamento regular pode gerar sérios problemas. Vários
fatores podem afetar a saúde dos cascos. O tipo de exploração, por exemplo, se é
intensiva ou extensivo; o clima, se é seco ou úmido; as instalações empregadas
para os animais e até a alimentação. Todos estes fatores agem com maior ou menor
intensidade, dependendo de cada condição específica. O que importa é que todos
45

os bovinos estão sujeitos a terem problemas de casco. Deste modo a melhor


solução para evitar problemas é a prevenção.
Além do aspecto econômico, o efeito negativo sobre o conforto animal deve
ser considerado. O conforto animal é extremamente afetado pelos problemas de
casco, ocasionando um comportamento diferenciado que visa proteger as áreas
lesadas e sensíveis do casco. Um animal que está acometido com lesão no casco
apresenta dificuldades em executar atividades normais, tais como deitar, levantar,
andar, alimentar-se, beber água e demonstrar o estro (DIAS, 2004).
No caso atendido, o procedimento foi realizado somente após os proprietários
perceberem que a causa da claudicação residia justamente no crescimento
excessivo do casco, caso contrário, a fêmea permaneceria com o casco daquela
forma.
46

10. MANEJO SANITÁRIO

Figura 7: Relação de procedimentos em manejo sanitário.

MANEJO SANITÁRIO

150
100
50 N°° ATENDIMENTOS
0
Vacinação Vac. Carb. Vac. Carb. Total
Brucelose Sintomático Hemático

10.1 VACINAÇÃO BRUCELOSE


Descrição do procedimento
As vacinações foram realizadas em fêmeas bovinas com idade entre 3 e 8
meses. Utilizada vacina contra brucelose bovina e bubalina (Brucelina B-19,
B Lab.
Vallée), sendo aplicados
icados 2 ml via subcutânea. Logo após, a face esquerda da fêmea
era marcada
da com ferro quente (V8).
(V

Discussão
A brucelose é uma doença infecto-contagiosa
infecto provocada
ovocada por bactérias do
gênero Brucella. Produz infecção característica nos animais, podendo infectar o
homem.. Sendo uma zoonose de distribuição universal, acarreta problemas
sanitários importantes e prejuízos econômicos vultosos.
47

O controle da brucelose apóia-se basicamente em ações de vacinação


massal de fêmeas e diagnóstico e sacrifício dos animais positivos.
As vacinas vivas atenuadas são aquelas que efetivamente foram e ainda são
utilizadas nos programas de controle da brucelose. Duas delas, recomendadas pela
Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), são as mais empregadas: a B19 e a
vacina não indutora de anticorpos aglutinantes (amostra RB51). Ambas são boas
indutoras de imunidade celular (LAGE et al., 2006).
Todas as fêmeas foram vacinadas com a vacina B19, pois todas
apresentavam a idade recomendada para a vacinação, de 3 a 8 meses de vida.

10.2 VACINAÇÃO CLOSTRIDIOSES


Descrição do atendimento
Realizada vacinação de animais acima de 3 meses de idade como medida
preventiva a ocorrência de carbúnculos sintomático e hemático. Aplicada vacina
para carbúnculo sintomático (Vacina Clostrimune-8, Lab. Labovet), 5 ml via
subcutânea. Aplicada vacina contra carbúnculo hemático (Vacina Anticarbunculosa,
Lab. Labovet), 2 ml via subcutânea.

Discussão
O carbúnculo sintomático é uma enfermidade causada por Clostridium
chauvoei. A doença ocorre quando a bactéria, que pode estar em estado latente no
organismo sem causar lesões, multiplica-se nos músculos produzindo toxinas que
causam um miosite hemorrágica grave. Ocorre em bovinos de 6 meses a 2 anos de
idade (RIET-CORREA, 1998).
O Bacillus anthracis é o agente etiológico do carbúnculo hemático. Os
esporos são altamente resistentes a tratamentos físicos e químicos e permanecem
viáveis por longos períodos no solo, em produtos de origem animal e no
equipamento utilizado para obtê-los. O curso da doença depende do sítio de
infecção e da suscetibilidade da espécie. O período de incubação, após a
contaminação do animal, provavelmente, seja de 1-2 semanas. A doença pode
ocorrer nas formas hiper-aguda, aguda, sub-aguda e crônica (FERNANDES, 1998).
Devido a grande importância destas doenças, a vacinação como medida
preventiva é amplamente utilizada, recomendamos a vacinação dos animais
48

anualmente para carbúnculo hemático e vacinação de carbúnculo sintomático


anualmente em terneiros até os mesmos completarem 2 anos de idade.
49

11. CONTROLE SANITÁRIO

Figura 8: Relação de procedimentos em controle sanitário.

CONTROLE SANITÁRIO

60
50
40
30
20
10 N° ATENDIMENTOS
0
Diagnóstico Diagnóstico Diag. Total
Tuberculose Brucelose Anemia
Infec.
Eqüina

11.1 DIAGNÓSTICO BRUCELOSE


Descrição do atendimento
Os diagnósticos de brucelose foram realizados em propriedades em busca de
certificação e também naquelas em que havia trâmites de compra e venda de
animais. Eram testadas apenas fêmeas com idade superior a 24 meses.
O procedimento iniciava
iniciava-se com a coleta
a de sangue em frascos estéreis,
identificados com o número do brinco da fêmea. No laboratório o sangue passava
passav
pelo processo de centrifugação, após o soro era armazenado em ependorfes
indentificados.
A técnica sorológica utilizada foi o Teste de Soroaglutinação com Antígeno
Acidificado Tamponado (AAT), realizado de acordo com o protocolo do Programa
50

Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal


(PNCEBT).

Discussão
A brucelose é uma zoonose de distribuição mundial causada por bactérias
intracelulares facultativas pertencentes ao gênero Brucella. As brucelas resistem
bem à inativação no meio ambiente. Se as condições de pH, temperatura e luz são
favoráveis, elas resistem vários meses na água, fetos, restos de placenta, fezes, lã,
feno, materiais e vestimentas e, também, em locais secos (pó, solo) e a baixas
temperaturas (COSTA, 1998).
No animal infectado, as localizações de maior freqüência do agente são:
linfonodos, baço, fígado, aparelho reprodutor masculino, útero e úbere. As vias de
eliminação são representadas pelos fluidos e anexos fetais, eliminados no parto ou
no abortamento e durante todo o puerpério, leite e sêmen. A principal fonte de
infecção é representada pela vaca prenhe, que elimina grandes quantidades do
agente por ocasião do aborto ou parto e em todo período puerperal (até,
aproximadamente 30 dias após o parto), contaminando pastagens, água, alimentos
e fômites (LAGE et al., 2006).
Segundo Costa (1998), os sinais clínicos predominantes em vacas gestantes
é o aborto ou o nascimento de animais mortos ou fracos. Geralmente o aborto
ocorre na segunda metade da gestação, causando retenção de placenta, metrite e,
ocasionalmente, esterilidade permanente.
O controle da brucelose bovina é baseado na vacinação das terneiras e no
controle sorológico dos animais adultos. O controle da infecção causada pelas
outras espécies de Brucella baseia-se principalmente no controle sorológico. A
eliminação dos animais positivos é recomendada (COSTA, 1998).
Todos os diagnósticos sorológicos acompanhados foram negativos,
demonstrando a sanidade do rebanho, que deve-se principalmente a vacinação
realizada nas propriedades leiteiras da região.

11.2 DIAGNÓSTICO TURBERCULOSE


Descrição do atendimento
51

Realizados diagnósticos de tuberculose em propriedades que buscam


certificação e também naquelas em que animais seriam vendidos. Todo rebanho
passava pelo teste de tuberculose.
O procedimento iniciava com a identificação do animal, sendo idade e raça
anotadas juntamente com o número de identificação do animal. O teste utilizado foi o
Teste Cervical Comparativo (TCC) de acordo com protocolo do Programa Nacional
de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT).

Discussão
Segundo Lage et al., (2006), a tuberculose causada pelo Mycobacterium
bovis é uma zoonose de evolução crônica que acomete principalmente bovinos e
bubalinos. Caracteriza-se pelo desenvolvimento progressivo de lesões nodulares
denominadas tubérculos, que podem localizar-se em qualquer órgão ou tecido.
Diversas espécies, incluindo o homem, são sensíveis a infecção por M. bovis.
No entanto, os bovinos, caprinos e suínos são os mais suscetíveis. Em bovinos a via
mais freqüente de infecção é a respiratória, principalmente, em animais que
permanecem estabulados. Em terneiros alimentados com leite proveniente de vacas
com tuberculose ou em bovinos que bebem águas paradas contaminadas podem
ocorrer infecções pela via digestiva (RIET-CORREA & ANDRADE, 1998).
O controle da tuberculose fundamenta-se no bloqueio de pontos críticos da
cadeia de transmissão da doença. O primeiro passo a ser dado em uma unidade de
criação é conhecer a situação sanitária do rebanho. A identificação das formas de
infecção é feita por meio da implementação de uma rotina de testes tuberculínicos
com abate dos animais reagentes. Na compra de animais, antes da introdução no
rebanho, deve-se testá-los na origem e testá-los de novo logo após a entrada no
quarentenário da unidade de criação, respeitando-se o intervalo mínimo de 60 dias
entre os testes. Adotar como regra a aquisição de animais de propriedades livres de
doença. O risco de infecção é menor em rebanhos fechados (LAGE et al, 1998).
Alguns animais positivos foram detectados nos rebanhos da região, sendo os
mesmo sacrificados como medida de controle.
52

12. FOMENTO

Diversas orientações aos produtores foram realizadas, incluindo informações


nutricionais para auxiliar na formulação de rações, de manejo de rebanhos e de
melhoria da qualidade do leite principalmente no que se refere a contagem
bacteriana e células somáticas, tudo na tentativa de proporcionar ao produtor um
incremento e melhoria de sua produção.
53

13. CONCLUSÃO

O estágio curricular supervisionado não foi apenas mais uma etapa


cumprida para chegar a tão sonhada formatura, foi sim uma etapa de grandes
aprendizados, obtenção diária de conhecimento, momentos de erros e acertos.
Pelo acompanhamento da rotina diária de médicos veterinários, tive a
oportunidade de praticar diversas atividades, estas sendo de grande valia para
minha carreira profissional. As atividades, em sua maioria, foram de ordem clínica e
cirúrgica, havendo uma pequena deficiência na área de fomento e assistência aos
produtores.
Para minha vida, tanto profissional como pessoal, este estágio foi de grande
importância, já que o mesmo promoveu meu crescimento e trouxe-me a certeza da
ótima profissão que escolhi.
54

14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2006. 583 p.
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2ª Reimpressão. São Paulo: Ed. Varela, 2003. 124 p.
57

15. ANEXO
A seguir serão ilustrados alguns casos atendidos durante o estágio curricular
supervisionado.

OBS: as fotos não estão disponibilizadas para download.

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