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GRADUAÇÃO
elaborado por
Carla Gabriela Bender
COMISSÃO EXAMINADORA:
______________________________________
Cristiane Elise Teichmann, MSc. (UNIJUÍ)
(Presidente/Orientadora)
______________________________________
Cristiane Beck, MSc. (UNIJUÍ)
(Banca)
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pelo dom da vida e pela família que a mim confiou, pois sem ela, eu
jamais teria chegado até aqui.
Agradeço aos meus pais, Carlos e Ivani, que abdicaram de tantas coisas para que
pudéssemos juntos, realizar esse sonho. Obrigada por embarcarem comigo em todos os
desafios e nunca desistirem. Vocês são o meu esteio! Eu os amo incondicionalmente.
Agradeço os meus irmãos, Kristiany e Cleber, meus exemplos, meus alicerces, minhas
certezas. Sei que sempre apostaram em mim. Sei que sempre estarão comigo. Amo vocês.
Agradeço a minha sobrinha Mariana, que vindo ao mundo, deu novo sentido às coisas.
Agradeço aos meus familiares e amigos que estiveram me acompanhando, ainda que
de longe, acreditando nas minhas escolhas e tornando a caminhada mais leve e divertida.
Agradeço a minha família tradicionalista, que é responsável por boa parte da pessoa
que me tornei. Sempre juntos, nas dificuldades e nas vitórias.
Agradeço ao meu namorado Fernando Rigon, pela paciência, pelo companheirismo,
pelas palavras de incentivo e pelos abraços silenciosos nos momentos de precisão.
Agradeço aos meus queridos professores, que durante a graduação tornaram-se mais
que educadores, foram exemplos, foram amigos, foram uma segurança. Em especial agradeço
a minha orientadora, Prof.ª MSc. Cristiane Teichmann, pela dedicação em tornar esse trabalho
digno de ser defendido.
Agradeço a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, pela
oportunidade de aprender a profissão que escolhi para minha vida. Carregarei com orgulho o
nome da Instituição de Ensino que me fez Médica Veterinária.
Agradeço a toda equipe do Hospital Veterinário da Unijuí, que me proporcionou
conhecimento prático, teórico e uma formação ética profissional. Serei sempre grata, e os
levarei sempre comigo.
Agradeço a equipe do Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo, por tão
caloroso acolhimento durante a realização do estágio final. As lições que aprendi serão
extremamente válidas em minha vida profissional.
Por fim, agradeço àqueles que são os verdadeiros responsáveis por minha escolha: os
animais. Eles, que são minha inspiração diária para seguir em frente e buscar a cada dia ser
um ser humano melhor.
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RESUMO
Relatório de Graduação
Curso de Medicina Veterinária
Departamento de Estudos Agrários
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
O estágio final é uma grande oportunidade de afirmarmos nossas escolhas, tem como
principal objetivo a aplicação prática dos conhecimentos teóricos que o aluno adquiriu
durante o curso. Nele, é possível ver na rotina clínica tudo o que aprendemos e avaliar nosso
conhecimento, além de reafirmamos nossa conduta, que daqui para frente, será de profissional
e não mais de estudante. Nesse momento, a escolha por um local bem conceituado é
indispensável. O Estágio Final em Medicina Veterinária foi realizado no Hospital Veterinário
da Universidade de Passo Fundo, na área de pequenos animais, com ênfase em Clínica
Médica, sob orientação da Prof.ª MSc. Cristiane Teichmann e supervisão interna da MV.
Camila Linck. Na rotina do HV-UPF foi possível acompanhar e auxiliar os atendimentos
clínicos, ambulatoriais, da internação e exames diagnósticos de imagem, além de auxiliar e
realizar a coleta e encaminhamento de exames laboratoriais. Também foi possível participar
em procedimentos cirúrgicos, e ainda atuar na preparação dos pacientes e nos cuidados pós-
operatórios. Para o relatório de conclusão de curso, foram relatados dois casos clínicos. O
primeiro, “Hipotireoidismo primário em canino da raça Schnauzer gigante” e, o segundo,
“Instabilidade atlantoaxial congênita em canino da raça Poodle”. Dessa forma, o estágio final
foi uma experiência enriquecedora, a qual trouxe uma visão mais ampla da profissão
escolhida. Objetivos como, viver na prática o conhecimento adquirido em sala de aula,
ampliar conhecimentos, traçar novas metas e afirmar a área de atuação, foram alcançados.
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS
% = porcentagem
C1 = atlas
C2 = áxis
HV-UPF = Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo
IAA = instabilidade atlantoaxial
IV = intravenoso
kg = quilogramas
mcg = microgramas
mg = miligramas
ml = mililitro
mm = milímetro
MSc. = mestre em ciência
MV. = médica veterinária
n° = número
NaCl = cloreto de sódio
ng = nanograma
NMS = neurônio motor superior
PMMA = polimetilmetacrilato
PO = processo odontoide
Prof.ª = professora
R1 = residente primeiro ano
R2 = residente segundo ano
SC = subcutâneo
T3 = triiodotironina
T4 = tiroxina
TRH = hormônio liberador de tireotropina
TSH = hormônio estimulante da tireoide
VO = via oral
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LISTA DE ANEXOS
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................. 12
2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS................................................. 14
3. DESENVOLVIMENTO.................................................................... 21
3.1 Caso Clínico 1: Hipotireoidismo primário em canino da raça Schnauzer
gigante.................................................................................................................... 21
RESUMO........................................................................................................................... 21
INTRODUÇÃO................................................................................................................. 21
METODOLOGIA.............................................................................................................. 24
RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................... 24
CONCLUSÃO................................................................................................................... 27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................. 27
3.2 Caso Clínico 2: Instabilidade atlantoaxial congênita em canino da raça
Poodle..................................................................................................................... 29
RESUMO........................................................................................................................... 29
INTRODUÇÃO................................................................................................................. 29
METODOLOGIA.............................................................................................................. 31
RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................... 32
CONCLUSÃO................................................................................................................... 35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................. 35
4. CONCLUSÃO.................................................................................... 37
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................. 38
ANEXOS....................................................................................................... 41
12
1. INTRODUÇÃO
leitos na internação de grandes animais; setor de isolamento com 14 leitos para pequenos
animais e três leitos para grandes animais; sala de emergência; setor de farmácia; seis
laboratórios, sendo eles: de análises clínicas, de bacteriologia, de parasitologia veterinária, de
reprodução, de diagnóstico veterinário e virologia e de patologia animal; diagnóstico por
imagem (radiologia e ultrassonografia) e serviço de endoscopia.
Atende ao público externo 24 horas para urgências e emergências. Os casos de
emergências são definidos pelo médico veterinário e detêm prioridade, já que a vida do
paciente está em risco. Recebe as aulas práticas dos cursos de Medicina Veterinária e de pós-
graduação, com o programa de Residência Integradora em Medicina Veterinária e, promove a
extensão universitária, por meio de serviços prestados para a comunidade.
Conta, atualmente, com um quadro de 13 médicos veterinários, sendo que sete atuam
na clínica médica de pequenos animais, um na clínica cirúrgica de pequenos animais, um na
anestesia, dois na área de diagnóstico por imagem, um na patologia animal e, um na clínica e
cirurgia de grandes animais. Ainda conta com sete residentes R2, dois na clínica médica de
pequenos animais, um na clínica cirúrgica de pequenos animais, um na anestesia, um na
patologia clínica e dois na patologia animal. Nesse ano iniciaram os residentes R1, num total
de oito, sendo três na clínica médica de pequenos animais, dois na clínica cirúrgica de
pequenos animais, um na anestesia, um na clínica de ruminantes e um na clínica de equinos.
Na unidade de internação há técnicos em enfermagem e vários estagiários contratados,
curriculares e voluntários da Universidade de Passo Fundo.
A escolha do HV-UPF para realização do estágio final foi em função do grande
número de atendimentos e procedimentos realizados diariamente, também por se tratar de um
dos centros de referência na área médico-veterinária no Estado do Rio Grande do Sul e ainda
por contar com programas como o de Residência Integradora em Medicina Veterinária.
O estágio final teve como objetivos a aplicação prática dos ensinamentos teóricos
adquiridos durante a graduação, troca de experiências, acompanhamento dos atendimentos e
procedimentos realizados a fim de conhecer diferentes condutas e posturas profissionais.
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2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
3. DESENVOLVIMENTO
RESUMO
O presente trabalho objetiva relatar um caso de hipotireoidismo primário em um
canino, fêmea, da raça Schnauzer gigante, atendida durante o estágio final no Hospital
Veterinário da Universidade de Passo Fundo, cuja queixa principal era de disqueratinização e
perda de pelos. Aliando as alterações dermatológicas aos resultados dos exames realizados,
chegou-se a um diagnóstico definitivo de hipotireoidismo. O uso da levotiroxina é o
tratamento de eleição e traz bons resultados quando administrado de forma correta. O
prognóstico nesse caso foi bom devido à recuperação da paciente. É importante observar que
a paciente relatada faz parte do grupo de risco por se tratar de um cão de raça de médio porte.
bem como de triiodotironina (T3) e tiroxina (T4) (FOSSUM, 2008). Os hormônios tireóideos
apresentam uma ampla variedade de efeitos fisiológicos: aumentam a taxa metabólica e o
consumo de oxigênio de quase todos os tecidos, com exceção do cérebro, dos testículos, do
útero, dos linfonodos, do baço e da hipófise anterior em adultos, possuem efeitos inotrópicos e
cronotrópicos positivos sobre o coração, estimulam a eritropoiese e regulam tanto a síntese
como a degradação do colesterol e são essenciais para o crescimento e o desenvolvimento
normais dos sistemas nervoso e esquelético (SCOTT-MONCRIEFF; GUPTILL-YORAN,
2008).
Cerca de 50% dos casos de hipotireoidismo primário devem-se à tireoidite linfocítica,
que é uma doença autoimune caracterizada pela infiltração multifocal ou difusa da tireoide
por linfócitos, plasmócitos e macrófagos (SCOTT-MONCRIEFF; GUPTILL-YORAN, 2008;
NELSON, 2010; PETERSON, 2008). A presença de anticorpos anti-tiroglobulina na
circulação resulta na destruição dos folículos tireoideos mediante deposição de complexos
anticorpo-antígeno e subsequente imunidade mediada por célula. A resposta inflamatória que
se segue conduz à deposição progressiva de tecido fibroso na tireoide, terminando em
disfunção (EHRHART, 2007).
Na atrofia idiopática, há a substituição do parênquima tireoidiano por tecido adiposo
(PANCIERA et al., 2008; PETERSON, 2008), essa pode ser o resultado final da tireoidite,
mas, a ausência de fibrose ou de inflamação sugere que a atrofia tireoidea idiopática é uma
síndrome distinta (SCOTT-MONCRIEFF; GUPTILL-YORAN, 2008).
Hipotireoidismo secundário (pituitário) é causado por prejuízo na secreção do TSH. É
responsável por menos de 5% dos casos (PANCIERA et al., 2008). As causas incluem
malformações hipofisárias e neoplasia hipofisária (SCOTT-MONCRIEFF; GUPTILL-
YORAN, 2008) e supressão da função dos tireotrofos por hormônios ou medicamentos
(NELSON, 2010).
Hipotireoidismo terciário (hipotalâmico) é resultante da deficiência de produção ou da
liberação do hormônio liberador de tireotropina (TRH), ainda não foi documentado em cães
(KEMPPAINEN; TYLER, 2008; PANCIERA et al., 2008).
O hipotireoidismo congênito (ou de início juvenil) é muito raro em cães, as causas
incluem agenesia ou disgenesia das tireoides e deficiência de iodo (KEMPPAINEN; TYLER,
2008; PETERSON, 2008).
É predominantemente encontrado em cães de raças puras de porte médio ou grande,
como Golden Retriever, Doberman Pinscher, Setter Irlandês, Dinamarquês, Boxer, Schnauzer
miniatura, Poodle, Dachshund e Cocker Spaniel (KEMPPAINEN; TYLER, 2008; MOLON,
23
2009; PANCIERA et al., 2008; PETERSON, 2008). É rara a ocorrência em raças toy
(PETERSON, 2008). Para Panciera et al. (2008) não há forte predisposição sexual. Já Ehrhart
(2007) acredita que fêmeas podem estar mais predispostas. Molon (2009) e Scott-Moncrieff e
Guptill-Yoran (2008) afirmam que fêmeas e machos castrados têm um risco aumentado de
desenvolver hipotireoidismo, se comparados com animais sexualmente intactos.
De acordo com Nelson (2010) e Kemppainen e Tyler (2008) os sinais clínicos das
formas mais comuns de hipotireoidismo primário geralmente se desenvolvem durante a meia
idade. Há vários sinais clínicos, que variam de discretos a graves: alterações dermatológicas,
obesidade, letargia, fraqueza e intolerância ao exercício, embotamento mental e intolerância
ao frio, todos, resultado da taxa metabólica reduzida (SCOTT-MONCRIEFF; GUPTILL-
YORAN, 2008; PANCIERA et al., 2008; PETERSON, 2008).
Em casos graves ocorre espessamento cutâneo secundário e acúmulo de ácido
hialurônico na derme. O mixedema é mais comum na testa e na face, resultando em aparência
inchada e espessamento das dobras cutâneas ao redor dos olhos (NELSON, 2010;
PETERSON, 2008).
O hipotireoidismo pode apresentar sinais clínicos atípicos como miopatia, neuropatia
periférica, sinais do sistema nervoso central, nanismo, afecções cardiovasculares, distúrbio de
coagulação e hipotermia (MOLON, 2009).
De acordo com Scott-Moncrieff e Guptill-Yoran (2008) e Ehrhart (2007) os problemas
reprodutivos na fêmea incluem libido diminuída, intervalo prolongado entre estros, cios
silenciosos, aborto e mortalidade neonatal. Galactorreia inadequada foi relatada em cadelas
sexualmente intactas. Nos machos pode haver libido deficiente, atrofia testicular e
comprometimento da fertilidade. Contudo, Nelson (2010) afirma que não há efeito
clinicamente relevante na função reprodutiva dos machos. Kemppainen e Tyler (2008) dizem
que infertilidade é incomum.
Peterson (2008) acredita que o diagnóstico definitivo requer atenção cuidadosa aos
sinais clínicos, testes laboratoriais de rotina e demonstração de concentrações séricas baixas
de hormônios tireoidianos totais ou livres.
Com o tratamento adequado, toda a sintomatologia clínica e as anormalidades
clinicopatológicas são reversíveis. A melhora da atividade física, força muscular e apetite
podem ser observados na primeira semana. A partir da quarta semana, observa-se melhora de
pele e perda de peso (FREITAS, 2009).
O presente trabalho objetiva relatar um caso de hipotireoidismo primário em um
canino da raça Schnauzer gigante, acompanhado durante o Estágio Curricular Supervisionado
24
RESUMO
O objetivo deste trabalho é relatar um caso de uma fêmea canina da raça Poodle com
15 meses de idade, diagnosticada com instabilidade atlantoaxial congênita associada à
hipoplasia de processo odontoide do áxis, acompanhado durante o estágio final no Hospital
Veterinário da Universidade de Passo Fundo. Na anamnese foi informado que a paciente teria
uma fratura na coluna e estava demonstrando dor na região cervical. Realizou-se exame
radiográfico através do qual foi possível chegar ao diagnóstico. A paciente, primeiramente, foi
encaminhada para casa com uma tala cervical e recomendação de repouso em gaiola, até o
momento da realização do procedimento cirúrgico. A estabilização foi feita por acesso ventral
com uso de um pino rosqueado, sendo insatisfatório o resultado do procedimento,
necessitando uma nova intervenção cirúrgica. Devido a complicações respiratórias a paciente
veio a óbito no pós-cirúrgico. A partir do relato de caso acima descrito, conclui-se que os
animais acometidos podem apresentar apenas dor cervical como sinal clínico, sendo ausentes
sinais neurológicos, isso mostra a importância de um exame clínico detalhado e cuidadoso. A
radiografia é o exame de eleição para o diagnóstico rápido desta patologia. O prognóstico
nesse caso foi desfavorável, visto que a paciente veio a óbito após a reintervenção cirúrgica. É
válido salientar que o tratamento cirúrgico traz riscos, mas, pode ter sucesso quando não
houver complicações transoperatórias.
espinhoso do áxis são estabilizados pelo ligamento atlantoaxial dorsal (PALMISANO, 2008;
SHIRES, 2007).
A instabilidade atlantoaxial (IAA) provavelmente é um problema congênito e/ou do
desenvolvimento, resultando em articulação instável entre as duas primeiras vértebras
cervicais. O afrouxamento pode resultar de fratura, ausência, hipoplasia ou malformação do
PO, resultando em fixação não funcional dos ligamentos alar, apical e/ou transverso ou
formação imprópria, afrouxamento ou ruptura dos ligamentos alar, apical, transverso ou
atlantoaxial dorsal, resultando na ausência de suporte ligamentoso entre o atlas e o áxis
(SEIM, 2008).
A subluxação, instabilidade ou malformação da articulação atlantoaxial pode permitir
a flexão excessiva da articulação resultando em compressão da medula espinhal em
decorrência do deslocamento dorsal da parte cranial do corpo do áxis no canal vertebral
(LECOUTEUR; GRANDY, 2008).
É observada como um defeito congênito em muitas raças de cães de pequeno porte,
incluindo York Shire terriers, Poodles miniaturas ou toys, Chihuahuas, Lulus da Pomerânea e
Pequineses, ocasionalmente é relatada em cães de raças grandes e raramente em gatos. Os
sinais clínicos comumente surgem antes do primeiro ano de vida (CHRISMAN et al., 2005;
DEWEY, 2006; PALMISANO, 2008; SHIRES, 2007; TAYLOR, 2010). Animais de ambos
os sexos podem ser acometidos (SHIRES, 2007).
Os cães com IAA congênita desenvolvem sinais relacionados com o neurônio motor
superior (NMS), indicando a presença de compressão medular cervical (TAYLOR, 2010). Os
sinais podem ter início agudo, ser lentamente progressivos ou intermitentes (LECOUTEUR;
GRANDY, 2008). Observa-se: dor cervical discreta, abaixamento da cabeça, ataxia,
tetraparesia ou tetraplegia em cães gravemente acometidos (SHIRES, 2007), déficits em
reações posturais e propriocepção consciente em todos os membros. Lesões graves podem
resultar em paralisia respiratória e morte (LECOUTEUR; GRANDY, 2008; PALMER, 2002;
PALMISANO, 2008; TAYLOR, 2010).
Shires (2007) descreve que a tetraplegia é incomum, porque a hipoventilação
decorrente da paralisia respiratória costuma resultar no óbito antes que o animal possa ser
conduzido à clínica.
Chrisman et al. (2005) referem que têm sido observados episódios semelhantes à
síncope, presumivelmente em decorrência de um PO anormal comprimindo a artéria basilar
localizada ventralmente, o que reduz o fluxo sanguíneo para o cérebro.
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constatar que o pino não se encontrava no local desejado. Com isso, o procedimento cirúrgico
não foi satisfatório.
No pós-operatório a paciente permaneceu em tenda de oxigênio e em infusão contínua
de NaCl 0,9%. Recebeu tramadol (4 mg/kg, SC), cefalotina (30 mg/kg, IV), dipirona (25
mg/kg, IV), dexametasona 4 mg/2,5ml (0,2 mg/kg, IV) e omeprazol (1 mg/kg, IV).
No dia seguinte uma reintervenção cirúrgica foi realizada, dessa vez com acesso dorsal
e com aplicação de cerclagem utilizando fio de aço n° 2. Devido a complicações respiratórias
a paciente veio a óbito cerca de 30 minutos após o término do procedimento cirúrgico. Não
sendo possível realizar exame radiográfico pós-cirúrgico, tampouco avaliar se a técnica foi ou
não satisfatória.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com Shires (2007), o PO tem papel importante na estabilidade da
articulação atlantoaxial. Está propenso ao desenvolvimento defeituoso em animais miniaturas,
devido às aberrações ocorrentes durante a oclusão da placa fisária de crescimento. Eventos
como a fusão precoce, parcial, ou a sua não ocorrência nas placas de crescimento do PO
podem levar ao desvio, hipoplasia ou aplasia dessa estrutura. Neste caso, a hipoplasia do PO
foi evidenciada através de exame radiográfico, presumindo se tratar de uma alteração
congênita, devido à idade da paciente e a ausência de lesão óssea.
Animais com anormalidades congênitas em geral desenvolvem sinais clínicos nos
primeiros 12 meses de vida. Ocasionalmente um cão com anormalidade atlantoaxial congênita
pode ser normal até que ocorra traumatismo numa idade avançada, quando os sinais clínicos
podem aparecer (LECOUTEUR; GRANDY, 2008).
Em estudo realizado por Beckmann et al. (2010) as raças Poodle, Pinscher e York
Shire terrier foram as mais acometidas e 35,7% dos animais estudados tinha entre 12 e 24
meses de idade. Esses dados comprovam que a paciente em questão faz parte do grupo de
risco. Podendo ter sofrido algum trauma leve que desencadeou a cervicalgia. Levando em
conta que até por volta dos 10 meses de idade não havia demonstrado nenhuma alteração
característica.
A queixa de dor cervical, a raça e a idade do animal, aliadas ao exame radiográfico
sugerem o diagnóstico de IAA (PALMISANO, 2008). Mesmo que não tenham sido relatados
pelo proprietário nenhum dos demais sinais clínicos descritos por LeCouteur e Grandy (2008),
Palmisano (2008) e Taylor (2010).
Segundo Shires (2007), os sinais clínicos variam de acordo com o grau do
traumatismo. Tipicamente a dor no pescoço é o sinal mais precoce e brando. Cervicalgia é
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observada em quase a totalidade dos casos, como nos relatos de Lorigados et al. (2004) e
Stainki et al. (1999) e em estudo realizado por Festner (2013). Chrisman et al. (2005)
ressaltam que a dor geralmente é provocada na região cervical alta, após palpação cervical.
Seim (2008) refere que a flexão ventral da cabeça costuma exacerbar a cervicalgia e
pode piorar as condições neurológicas. É preciso cuidado durante a flexão cervical porque o
PO (se presente) poderá causar compressão da medula espinhal. A flexão forçada precisa ser
impedida o tempo todo. Em função disso, durante o exame clínico não se forçou a flexão
ventral da cabeça da paciente. Os mesmos cuidados foram tomados para a coleta de sangue,
realização de exame radiográfico e durante a intubação para anestesia.
Os exames laboratoriais se mostraram normais, o que de acordo com Seim (2008) é
esperado. Uma possível alteração é a discreta elevação da atividade da fosfatase alcalina em
pacientes jovens ou nos previamente tratados com corticosteroides (SEIM, 2008).
Dewey (2006) afirma que pode ou não haver déficit neurológico. LeCouteur e Grandy
(2008) acreditam que o exame neurológico é uma extensão do exame físico e quando há
suspeita de problemas medulares é essencial a sua realização. Mesmo porque, para Seim
(2008) os achados ao exame físico geral costumam ser normais, sendo o exame neurológico o
responsável por revelar um cão com fraqueza motora e sinais do NMS nos membros torácicos
e pélvicos. Neste caso, não havia déficit neurológico, apenas dor na região cervical.
O traumatismo faz parte da história clínica na maioria dos casos, mas sua magnitude é
muito menor com a forma congênita, e frequentemente, encontra-se dentro dos limites da
atividade normal, por exemplo, o salto do animal a partir de uma cadeira (SHIRES, 2007).
Palmer (2002) reforça que mesmo o menor trauma pode romper o ligamento atlantoaxial
desencadeando os sinais clínicos. Em função disso, muitos proprietários negam a
possibilidade de trauma. Isso ocorre em função de não considerarem possível que o animal se
lesione praticando atividades normais dentro de casa.
A confirmação do diagnóstico clínico é obtida por radiografia lateral bem posicionada,
que revelará a fratura ou separação anormal do arco dorsal do atlas e da espinha do áxis
(SHIRES, 2007). Várias afecções que acometem a coluna cervical, especialmente a
subluxação atlantoaxial congênita, podem ter seus diagnósticos definidos através do exame
radiográfico simples (LORIGADOS et al., 2004).
LeCouteur e Grandy (2008) e Shires (2007) acreditam que o posicionamento é menos
traumático se o paciente for anestesiado para obtenção das radiografias.
Para Seim (2008) uma radiografia preliminar na projeção lateral sem anestesia permite
o diagnóstico de IAA com subluxação significativa. Pode ser necessária uma projeção em
34
VOLL, J. et al. Atlantoaxial instability secondary to agenesis of the odontoid process of the
axis without rupture of the dorsal atlantoaxial ligament in a dog. Acta scientiae veterinariae,
v. 33, n. 2, p. 201-205, 2005.
37
4. CONCLUSÃO
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
VOLL, J. et al. Atlantoaxial instability secondary to agenesis of the odontoid process of the
axis without rupture of the dorsal atlantoaxial ligament in a dog. Acta scientiae veterinariae,
v. 33, n. 2, p. 201-205, 2005.
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ANEXOS
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ANEXO 1
Canino com hipotireoidismo primário onde se observa: A – Alopecia da região dorsal do focinho; B – Alopecia
na face caudal do membro pélvico direito; C – Alopecia na região axilar do membro torácico esquerdo.
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ANEXO 2
Radiografia em projeção lateral do canino com subluxação atlantoaxial onde se visualiza relação angular entre a
lâmina de C1 e a espinha dorsal de C2.