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A AUTORA

ELAINE NICOLODI

Professora na Faculdade Araguaia e na Secretaria de Estado da Educação de Goiás.


Licenciada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO);
Especialista em Leitura e Produção de Texto pela Universidade Federal de Goiás
(UFG); Mestre em Educação (PUC-GO) e Doutora em Educação (UFG).
E-mail: elainearaguaia12@hotmail.com.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

N651m Nicolodi, Elaine


Metodologia do ensino superior / Elaine Nicolodi –
Goiânia: NUTEC, 2017.
52 p. : il. - (Educação a distância Araguaia).

Possui bibliografia.

1. Ensino superior. 2. Ensino superior – Ensino a


distância. 3. Metodologia do ensino superior. I. Faculdade
Araguaia. II. Título.

CDU: 378(07)

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marta Claudino de


Moraes CRB-1928

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FACULDADE ARAGUAIA - FARA
1º Edição - 2016

É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio e para qualquer
fim. Obra protegida pela Lei de Direitos Autorais

DIRETORIA GERAL:
Professor Mestre Arnaldo Cardoso Freire
DIRETORIA FINANCEIRA:
Professora Adriana Cardoso Freire
DIRETORIA ACADÊMICA
Professora Ana Angélica Cardoso Freire
DIRETORIA ADMINISTRATIVA
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DIRETORIA PEDAGÓGICA:
Professora Mestra Rita de Cássia Rodrigues Del Bianco
VICE-DIRETORIA PEDAGÓGICA
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COORDENAÇÃO GERAL DO NÚCLEO DE TECNOLOGIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Professora Especialista Terezinha de J. Araújo Castro
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
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COORDENAÇÃO E REVISÃO TÉCNICA DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO EM VÍDEO E WEB
Professora Doutora Tatiana Carilly Oliveira Andrade
DESIGN GRÁFICO E EDITORIAL
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FACULDADE ARAGUAIA
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Site Institucional
www.faculdadearaguaia.edu.br

NÚCLEO DE TECNOLOGIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Polo Goiânia: Unidade Centro
Correio eletrônico: nutec@faculdadearaguaia.edu.br

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................................................................ 6
UNIDADE I – A DIDÁTICA NO ENSINO SUPERIOR ................................................. 7
1 Prática Docente ...................................................................................................... 7
1.1 Formas de Conhecimento ..................................................................................... 7
1.2 Fontes de Informação ........................................................................................... 8
1.3 Fontes de Pesquisas Bibliográficas ...................................................................... 9
2 O Papel Social do Professor ............................................................................... 10
2.1 Ação Docente ...................................................................................................... 11
2.2 Prática Social ...................................................................................................... 13
2.3 Ensinar para a Autonomia .................................................................................... 14
3 Práxis Docente ................................................................................................... 15
3.1 O que é Ensinar .................................................................................................. 15
3.2 Como Ensinar...................................................................................................... 17
3.3 Competências para Ensinar ................................................................................ 18
ATIVIDADES............................................................................................................. 21
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 23

UNIDADE II – A SALA DE AULA NO ENSINO SUPERIOR .................................... 24


1 Planejamento Acadêmico.................................................................................. 24
1.1 Planos de Cursos ................................................................................................. 25
1.2 Planos de Disciplinas ........................................................................................... 26
1.3 Planos de Unidades/de Aulas .............................................................................. 27
2 Organização Didática da Aula .......................................................................... 27
2.1 O que é a Aula? ................................................................................................... 28
2.2 Questionamentos na Aula .................................................................................... 29
2.3 Desafios Pedagógicos da Sala de Aula .............................................................. 29
3 Instrumentos Didáticos e de Avaliação ........................................................... 30
3.1 Materiais Didáticos ............................................................................................... 30
3.2 O Papel do Seminário .......................................................................................... 31
3.3 Procedimentos de Avaliação ................................................................................ 32
ATIVIDADES............................................................................................................. 36
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 38

UNIDADE III – METODOLOGIAS DE ENSINO ........................................................ 39


1 Método e Metodologia ......................................................................................... 39
1.1 O que é Método ................................................................................................ 39
1.2 O que é Metodologia de Ensino ........................................................................ 40
1.3 Intervenções Pedagógicas ................................................................................ 41
2 Estratégias de Ensino...................................................................................... 41
2.1 Aula Expositiva .................................................................................................. 42
2.2 Estudo do Texto ................................................................................................. 42
2.3 Ensino com Pesquisa ......................................................................................... 44
3 Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs ....................................... 45
3.1 Uso de Recusos Tecnológicos ............................................................................ 46
3.2 Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) ........................................................... 46
3.3 Tecnologias Digitais e Pesquisa .......................................................................... 47
ATIVIDADES ............................................................................................................ 50
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 51
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APRESENTAÇÃO

Caro acadêmico, este curso será oferecido na modalidade de educação a


distância, considerando que o uso da internet, bem como das mais diferentes redes
sociais, faz parte do cotidiano da sociedade atual.
Desse modo, pretende-se oferecer a você uma alternativa para o estudo em
qualquer local que esteja com acesso ao computador/à internet, flexibilizando seu
tempo para os estudos.
A disciplina Metodologia do Ensino Superior trata da práxis docente no
contexto universitário, buscando uma reflexão crítica sobre a ação educativa, tendo
em vista uma prática pedagógica emancipatória e humanizadora.
Desse modo, é importante que você atinja os seguintes objetivos ao completar
esta disciplina: construir entendimento do trabalho pedagógico e da importância do
planejamento de ensino; verificar implicações teóricas e práticas no processo de
ensino-aprendizagem; fornecer estratégias para a construção de uma ação docente
de qualidade; compreender diferentes estratégias de ensino e de avaliação.
Para que você consiga tais objetivos, a disciplina apresentará os seguintes
conteúdos: na Unidade I – A Didática no Ensino Superior –, será discutido sobre a
prática docente, o papel social do professor e a práxis docente; na Unidade II – A Sala
de Aula no Ensino Superior –, o assunto será o planejamento acadêmico, a
organização didática da aula e os instrumentos didáticos e de avaliação; na Unidade
III – Metodologias de Ensino – abordaremos o Método e a Metodologia, as Estratégias
de Ensino e as Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs.
Para uma boa realização desta disciplina, preparei com dedicação as aulas que
serão utilizadas por você a partir deste momento. Conto com sua leitura atenta e
pormenorizada.
Muito sucesso.
Bom trabalho! Bom semestre.

Um abraço,
A autora.

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UNIDADE I – A DIDÁTICA NO ENSINO SUPERIOR

Para iniciarmos nossa conversa nesta disciplina, é preciso considerar que a


docência é uma tarefa que deve ser executada por profissionais competentes e
dedicados. Não é possível mais aceitar que ela é apenas um ‘dom’, que não exige
formação específica, nem apenas é uma complementação de salário para
profissionais do mercado.
Conscientes disso, poderemos começar nossos conteúdos! Nesta Unidade,
serão discutidos alguns aspectos didáticos para ser um professor no ensino superior.

Fonte: https://images.google.com

1 Prática Docente

As constantes transformações sociais exigem a formação de um professor


reflexivo a respeito de suas práticas pedagógicas, que busque uma atuação
consciente de seu papel social e consciente de sua prática docente.

1.1 Formas de conhecimento

O conhecimento científico adquirido pelo professor em sua formação inicial


deve proporcionar a ele o domínio necessário para seu desempenho em sala de aula.

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Para isso, ele deve conhecer profundamente sua área de atuação, saber o objeto
específico de estudo de sua disciplina, adotar uma linguagem precisa.

Sendo o conhecimento construção do objeto que se conhece, a


atividade de pesquisa torna-se elemento fundamental e imprescindível
no processo de ensino/aprendizagem. O professor precisa de prática
da pesquisa para ensinar eficazmente; o aluno precisa dele para
aprender eficaz e significativamente; a comunidade precisa da
pesquisa para poder dispor de produtos do conhecimento; e a
Universidade precisa da pesquisa para ser mediadora da educação
(SEVERINO, 2012, p. 25-6).

A prática da pesquisa pelo professor possibilita lidar com o rigor científico, a


formulação de problemas e hipóteses, os métodos e as técnicas de pesquisa, de modo
que sua formação profissional docente conduza a uma leitura crítica e analítica dos
fatos sociais.

problema
hipóteses

métodos

pesquisa científica

1.2 Formas de informação

Muitos são os desafios que o docente da educação superior pode se deparar


em seu caminho, entre eles encontrar as fontes adequadas para a busca de
informação, uma vez que aulas tradicionais de séculos passados que cobravam dos
alunos notas minúsculas citadas em rodapés de volumosos compêndios não atraem
mais a atenção.
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De acordo com Masetto (2003),

[...] no âmbito do conhecimento, o ensino superior percebe a


necessidade de se abrir para o diálogo com outras fontes de produção
de conhecimento e de pesquisa, e os professores já se reconhecem
como não mais os únicos detentores do saber a ser transmitido, mas
como um dos parceiros a quem compete compartilhar seus
conhecimentos com outros e mesmo aprender com outros, inclusive
com seus próprios alunos. É um novo mundo, uma nova atitude, uma
nova perspectiva na relação entre o professor e o aluno do ensino
superior (MASETTO, 2003, p. 14).

Desse modo, é importante para o debate em sala de aula o que é divulgado


nas diversas mídias impressas e digitais, os meios eletrônicos de comunicação
possibilitam ao professor criar um acervo digital, para que os alunos tenham à sua
disposição fontes seguras para a busca de conhecimento científico.

Fonte: https://images.google.com

1.3 Fontes de pesquisas bibliográficas

Para um eficiente trabalho na docência no ensino superior, o professor


necessita utilizar diversificadas fontes para disponibilizar um material didático
significativo para seus alunos. Além das indicações de leitura de livros teóricos, é
importante apontar a pesquisa em dicionários técnicos, monografias, artigos
científicos, resumos de Anais de eventos científicos.
Para isso, pode-se utilizar a biblioteca de sua própria instituição, bibliotecas
públicas, bem como acervos em bibliotecas virtuais.

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Fonte: https://www.uc.pt/bguc/SalaSaoPedro

Com o avanço tecnológico, a internet é uma importante fonte de pesquisa.


De acordo com Severino (2012),

A Internet, rede mundial de computadores, tornou-se uma


indispensável fonte de pesquisa para os diversos campos de
conhecimento. Isso porque representa hoje um extraordinário acervo
de dados que está colocado à disposição de todos os interessados, e
que pode ser acessado com extrema facilidade por todos eles, graças
à sofisticação dos atuais recursos informacionais e comunicacionais
acessíveis no mundo inteiro (SEVERINO, 2012, p. 136).

Em razão dessa facilidade de acesso de dados na internet, também é papel do


professor indicar aos alunos fontes confiáveis de busca de informações, entre elas
podemos destacar: os principais periódicos nacionais qualificados pela Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)
(https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQua
lis/listaConsultaGeralPeriodicos.jsf); acessar o próprio portal da Capes
(http://www.periodicos.capes.gov.br/); a busca de dissertações e teses no Domínio
Público, que é uma biblioteca digital, lançada em 2004 pelo Ministério da Educação
(http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa); o banco de teses e dissertações da
Capes (http://bancodeteses.capes.gov.br); além dos periódicos publicados no portal
Scielo Brasil (http://www.scielo.br), que é uma biblioteca eletrônica que abrange uma
coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros.
Assim, de posse dessas possibilidades de acesso às fontes especializadas,
tanto docente quanto discente poderão ampliar suas leituras em autores que já se
debruçaram sobre os temas abordados em determinada área do conhecimento.
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2 O Papel Social do Professor

Para o professor Dr. Miguel Jafelicci Júnior, da Universidade Estadual Paulista,


os docentes têm um papel social. Em entrevista dada ao Informativo da Pró-Reitoria
de Extensão Universitária, ele afirma que

[…] o professor universitário é o ator principal nas ações de ensino,


pesquisa e extensão que dinamizam a universidade como o cérebro
pensante dos problemas sociais que dissemina as soluções através
da extensão universitária a todos os órgãos públicos e privados,
mantendo convênios com empresas e instituições ligadas à políticas
públicas (JAFELICCI JR., 2002).

Sendo assim, além de dedicar-se ao ensino de sua disciplina e à pesquisa, o


professor, também, é uma agente de transformação social, pois desperta o senso
crítico de seus alunos, de modo de que eles se apropriem dos conhecimentos e
possam fazer diferença na sociedade.

Assim, o professor universitário tem no seu papel social a necessidade


de reunir pesquisa e ensino de maneira sistematizada para devolver
os benefícios à sociedade. Algumas civilizações tiveram o professor, o
cientista, como o consultor dos governantes para ações políticas,
ações ligadas a estratégias (sobretudo de defesa do reino), assim
como ações para melhorar a produtividade de alimentos para a
sociedade (JAFELICCI JR., 2002).

Desse modo, o professor atua não apenas na formação técnica de seus alunos,
mas também na subjetividade, incentivando a ampliação do universo cultural, da
responsabilidade social.

Fonte: http://terceiro-setor.info/responsabilidade-social.html

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2.1 Ação Docente

Para uma efetiva ação docente, alguns saberes essenciais são necessários,
entre eles podem ser destacados aqueles mencionados por Maurice Tardiff, em sua
obra Saberes docentes e formação profissional (2002): saberes pessoais; saberes
provenientes da formação escolar anterior; saberes provenientes da formação
profissional para o magistério; saberes provenientes dos programas e livros didáticos
usados no trabalho; saberes provenientes de sua própria experiência na profissão, na
sala de aula e na escola.
Desse modo, o domínio de diversos saberes do professor irá contribuir para
que ele atue de modo a proporcionar a seus alunos uma aprendizagem significativa,
que leve à ação-reflexão-ação.
Sua ação deverá ser marcada pelo domínio de conhecimentos teóricos da sua
área de atuação; da experiência profissional; da atualização constante com a
participação em minicursos, congressos, oficinas, seminários; além da pesquisa, com
a produção científica de artigos, livros, materiais didáticos etc.
Ademais, é necessário planejar detalhadamente as atividades de ensino, de
modo que saiba os objetivos que pretende alcançar naquela disciplina, quais
estratégias irá utilizar para isso e como avaliará seus alunos.
Segundo José Carlos Libâneo, em sua célebre obra Didática, o trabalho
docente exige alguns objetivos:

 assegurar aos alunos o domínio mais seguro e duradouro


possível dos conhecimentos científicos;
 criar as condições e os meios para que os alunos desenvolvam
capacidades e habilidades intelectuais de modo que dominem
métodos de estudo e de trabalho intelectual visando a sua autonomia
no processo de aprendizagem e independência de aprendizagem;
 orientar as tarefas de ensino para objetivos educativos de
formação da personalidade, isto é, ajudar os alunos a escolherem um
caminho na vida, a terem atitudes e convicções que norteiem suas
opções diante dos problemas e situações da vida real (LIBÂNEO,
2011, p. 71).

Assim, o seu fazer docente deve levar em consideração que não é a reprodução
do saber que constrói a transformação de seus aprendizes, mas a habilidade em
propor a investigação, tendo uma ação pedagógica comprometida com seus alunos,
coerente com a realidade, na busca de uma saber fazer inovador.

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Fonte: https://images.google.com

2.2 Prática Social

A atividade do docente no ensino superior deve preparar os novos profissionais


para que eles possam utilizar os conhecimentos teóricos adquiridos de modo que
contribuam para melhorar as condições de vida da sociedade, seja na atuação na área
da saúde, da educação, na atuação ética no mundo dos negócios etc.

[...] as relações entre Ciência, pesquisa e extensão universitária


dependem diretamente de dois aspectos importantes do trabalho
científico: a gênese desse trabalho e a destinação de seus resultados.
O ponto de partida do processo de conhecer (a gênese dos problemas
ou perguntas que desencadeiam esse processo) e o acesso que a
sociedade tem aos resultados desse tipo de trabalho podem
determinar em maior ou menor grau as relações entre Ciência e
sociedade e, na medida em que a Universidade é a principal instituição
responsável pela produção do conhecimento científico, podem
também determinar as relações desta com a comunidade onde está
localizada (BOTOMÉ, 1996, p. 107).

Sendo assim, o professor pode despertar nos discentes a curiosidade, a busca


por novas pesquisas, a inovação tecnológica, o saber fazer voltado para o bem
comum. Isso tudo para que, ao concluírem a educação superior, se tornem
profissionais que tenham uma prática de responsabilidade social, na construção de
uma sociedade mais justa e igualitária.

Fonte: https://images.google.com
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Por isso a necessidade de atividades não apenas burocrático-acadêmicas,
como aulas expositivas e testes nos finais dos semestres. As visitas técnicas
proporcionam o contato com a realidade vivenciada por aqueles que já estão atuando
no mercado, bem como a participação em projetos sociais, para uma formação cidadã
e solidária.

2.3 Ensinar para a Autonomia

Nem sempre o que se busca durante o processo formativo é uma verdadeira


educação, muitas vezes, espera-se apenas o domínio de saberes específicos para a
futura atuação profissional, uma certificação para o ingresso no mercado de trabalho,
sem a preocupação com uma formação integral.

Assim, pode-se dizer que vivemos numa sociedade do espetáculo,


espetáculo porque o que se apresenta não é a formação para a
autonomia, busca-se criar caminhos fáceis para se chegar às
informações e não para se compreender os fenômenos, encontrar-se
o rápido, o efêmero, o fugaz. Faz-se uma representação do real, e
para tal, criam-se as máscaras, para que cada um desempenhe um
papel: alunos que recebem informações; professores que disseminam
seus conhecimentos. [...]
Em relação ao nível superior, opta-se por uma formação que atenda
apenas às necessidades do mercado, busca-se o que é ‘útil’
(NICOLODI, 2014, p. 85).

No entanto, a formação na educação superior deve desenvolver no aluno a


autonomia intelectual, suscitando o desejo pelo conhecer, pelo aprender. De modo
que o aluno construa seus próprios conceitos, que se interesse pelo fazer científico
sabendo problematizar a respeito dos temas ensinados e buscando a solução desses
problemas.
O aluno universitário não pode ser um executor de tarefas, um mero reprodutor
de frases-feitas pelo professor na busca de alcançar boas notas nos exames, “os
alunos necessitam de formular suas hipóteses, suas próprias ideias, que eles possam
por eles mesmos sentir o gosto pela curiosidade, pela descoberta, que possam
experimentar novas sensações e só então poder julgar” (NICOLODI, 2014, p. 90).
Sendo assim, a educação superior deve ser um locus no qual sejam
estimuladas as capacidades intelectuais do indivíduo, para que ele possa continuar
aprendendo mesmo quando não estiver mais na presença do professor.

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Fonte: https://images.google.com

3 Práxis Docente

Para iniciarmos nossa conversa neste tópico, é importante conceituar o que é


práxis. Na visão do doutor em Filosofia Leandro Konder (1992, p. 115),

A práxis é a atividade concreta pela qual os sujeitos humanos se


afirmam no mundo, modificando a realidade objetiva e, para poderem
alterá-la, transformando-se a si mesmos. É a ação que, para se
aprofundar de maneira mais conseqüente, precisa da reflexão, do
autoquestionamento da teoria; e é a teoria que remete à ação, que
enfrenta o desafio de verificar seus acertos e desacertos, cotejando-
os com a prática.

Desse modo, em sua práxis, o professor precisa dominar conhecimentos


teóricos para o fazer pedagógico das práticas cotidianas em sala de aula. Nessa
integração entre teoria e prática, deve acontecer o ato de ensinar.

3.1 O que é Ensinar

No Dicionário Breve de Pedagogia (MARQUES, 2000),

Ensino - Processo pelo qual o professor transmite ao aluno o legado


cultural em qualquer ramo do saber. O ensino anda associado à
transmissão do saber já constituído. As pedagogias construtivistas
consideram que o acto de ensinar deve subordinar-se à aprendizagem
e esta ao desenvolvimento. O professor passa a desempenhar novos
papéis: facilitador da aprendizagem, dinamizador de situações
problemáticas e orientador de projectos (MARQUES, 2000, p. 42).

Se o professor é o facilitar da aprendizagem, ele precisa ensinar de modo que


seus alunos aproveitem ao máximo o conhecimento científico (do latim cognoscere,
"ato de conhecer") que está sendo apresentado.

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Ensinar exige do professor, então, domínio deste conhecimento, de modo que
ele precisa ter uma base conceitual adquirida na formação inicial, bem como estar
sempre em processo de capacitação contínua, em cursos de aperfeiçoamento e no
aprofundamento de seus estudos.
Dessa forma, ensinar é uma tarefa que exige dedicação do profissional, para
que ele saiba lidar com conhecimentos específicos da sua área de atuação, não
apenas procedendo à transmissão de conteúdos, mas também ensinando ao discente
o modo de agir socialmente, sobretudo em sua profissão.
Sendo assim, o docente tem um papel também social com este acadêmico,
pois o que se faz é um trabalho educativo, que pretende, intencionalmente,
transformar os sujeitos que aprendem.
Segundo Paulo Freire (2002), em sua obra Pedagogia da autonomia, ele afirma
que ensinar exige rigorosidade metódica; pesquisa; respeito aos saberes dos
educandos; criticidade; risco, aceitação do novo e rejeição à discriminação; reflexão
crítica sobre a prática.
Ainda para Freire (2002),

[…] Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus


sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à
condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e
quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina ensina alguma coisa
a alguém. Por isso é que, do ponto de vista gramatical, o verbo ensinar
é um verbo transitivo-relativo. Verbo que pede um objeto direto -
alguma coisa - e um objeto indireto - a alguém. Do ponto de vista
democrático em que me situo, mas também do ponto de vista da
radicalidade metafísica em que me coloco e de que decorre minha
compreensão do homem e da mulher como seres históricos e
inacabados e sobre que se funda a minha inteligência do processo de
conhecer, ensinar é algo mais que um verbo transitivo-relativo. Ensinar
inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo socialmente que,
historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível
ensinar (FREIRE, 2002, p. 12).

De modo simples, Paulo Freire deixa claro que há um ensinar quando houver
um aprender, pensando assim é que deve acontecer o trabalho pedagógico do
professor.

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Fonte: https://images.google.com

3.2 Como Ensinar

Para ensinar, é importante conhecer os métodos de ensino-aprendizagem,


utilizando o rigor científico, de modo que o professor possa, ainda, pensar a sua
prática considerando as necessidades da sociedade do conhecimento e da
informação.
Assim, ensinar exige conhecer os métodos de ensinar, conforme Libâneo
(2011), o método de exposição pelo professor (exposição verbal); o método de
trabalho independente (estudo dirigido); o método de elaboração conjunta
(perguntas); o método de trabalho em grupo, incluindo, também, as atividades
práticas.

exposição
verbal

estudo
dirigido ensinar perguntas

atividades
práticas

Ao ensinar, o professor precisa conhecer as principais correntes da educação


brasileira, que serão, resumidamente, apresentadas no Quadro 1 a seguir.
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Quadro 1 – Tendências Pedagógicas no Brasil e a Didática
Pedagogia Tradicional Atividade de ensinar centrada no professor; o principal
meio é a exposição oral.
Escola Nova Considera o aluno como sujeito da aprendizagem; utiliza
como estratégia a pesquisa e a investigação.
Escola Tecnicista O professor é um administrador e executor do
planejamento, usa manuais didáticos de caráter
meramente instrumental
Teorias Críticas da Educação Pedagogia Libertadora Pedagogica Crítico-
Social dos Conteúdos
O professor é o Mediação de objetivos-
organizador ou animador conteúdos-métodos e as
das atividades, centradas experiências socioculturais
na discussão de temas
Fonte: Adaptado de Libâneo (2011, p. 64-70).

3.3 Competências para Ensinar

O ato de ensinar exige do professor o domínio de uma série de competências.


Na Pedagogia, o conceito de competência passou a ser, fortemente, discutido na
década de 1990, um dos nomes internacionais mais importantes que tratam desse
assunto é Philippe Perrenoud, um suíço que leciona na Universidade de Genebra.
Uma obra em destaque do autor (PERRENOUD, 2000) é: Dez novas
competências para ensinar, na qual ele apresenta as competências profissionais do
professor, dividindo-as em 10 grandes famílias de competências: organizar e dirigir
situações de aprendizagem; administrar a progressão da aprendizagem; conceber e
fazer evoluir os dispositivos de diferenciação; envolver os alunos em suas
aprendizagens e em seu trabalho; trabalhar em equipe; participar da administração da
escola; informar e envolver os pais; utilizar novas tecnologias; enfrentar os deveres e
os dilemas éticos da profissão; administrar sua própria formação continuada.

organizar

administrar

trabalhar em equipe

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Entre essas competências, algumas têm relação mais próxima com a educação
básica, quanto ao ensino superior, poderíamos destacar duas delas. Em relação a
organizar e dirigir situações de aprendizagem, Perrenoud (2000) afirma que essa
competência mobiliza outras cinco competências específicas:

 Conhecer, para determinada disciplina, os conteúdos a serem


ensinados e sua tradução em objetivos de aprendizagem.
 Trabalhar a partir das representações dos alunos.
 Trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem.
 Construir e planejar dispositivos e sequências didáticas.
 Envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de
conhecimento (PERRENOUD, 2000, p. 26).

É importantíssimo o professor envolver os alunos em atividades de pesquisa,


com a busca individual pelo conhecimento, com o contato mais próximo de
bibliografias, com a investigação científica. Desse modo, o professor estará
proporcionando ao aluno uma formação mais autônoma.
Quanto à competência envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu
trabalho, Perrenoud (2000) apresenta-nos outras competências mais específicas,
como: “suscitar o desejo de aprender, explicitar a relação com o saber […]. Oferecer
atividades de formação, à la carte. Favorecer a definição de um projeto pessoal do
aluno” (PERRENOUD, 2000, p. 69).
Sendo assim, o aluno não pode apenas esperar pelo ensino do professor, mas
precisa pensar a sua aprendizagem de modo mais eficaz, fazendo desse processo
um projeto pessoal, com disciplina e rigor.

FINALIZANDO…
Nesta Unidade I, você aprendeu sobre a prática docente e a importância de
diversificar as fontes de informação. O professor tem um papel social, em
sua prática, precisa ter competências para ensinar e ensinar para a
autonomia.

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ESQUEMA DA UNIDADE I

LEMBRE SEMPRE!

CONHECIMENTO CIENTÍFICO
objeto de estudo da disciplina linguagem precisa

ACERVO DIGITAL - FONTES CONFIÁVEIS


bibliotecas digitais meios eletrônicos de comunicação

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
autonomia intelectual novas pesquisas

SABER FAZER VOLTADO PARA O BEM COMUM/PRÁTICA DE


RESPONSABILIDADE SOCIAL/AGIR SOCIALMENTE

• organizar e dirigir situações de


aprendizagem;
competências profissionais • envolver os alunos em suas aprendizagens
e em seu trabalho e trabalhar em equipe

• o método de exposição pelo professor


(exposição verbal); método de trabalho
independente (estudo dirigido); método
métodos de ensinar de elaboração conjunta (perguntas);
método de trabalho em grupo

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Ensinar é uma tarefa que exige dedicação do profissional, não apenas
procedendo à transmissão de conteúdos, mas também ensinando ao discente o modo
de agir socialmente.

INDICAÇÃO DE LEITURA

LEIA MAIS!

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 4. ed. Rio de


Janeiro: Vozes, 2002.

ATIVIDADES

FÓRUM 1 – Discuta com seus colegas no Fórum quais são as fontes dos
conhecimentos dos professores.

ATIVIDADE 1

1. As afirmações a seguir têm como base o artigo de Antônio Joaquim Severino –


Formação docente: conhecimento científico e saberes dos professores (disponível no
seguinte endereço eletrônico:
http://www.ch.ufcg.edu.br/arius/01_revistas/v13n2/01_arius_13_2_formacao_docent
e.pdf).

I. No cotidiano do fazer pedagógico, os profissionais que atuam na formação


dos sujeitos/educandos só farão eficaz sua ação, se desenvolverem um trabalho
colegiado e integrado.

II. Os conhecimentos científicos de cada uma das áreas de formação dos


docentes devem ser rigorosa e competentemente dominados pelos futuros
educadores.

21
III. A preparação adequada de profissionais para as tarefas formativas
delineadas exige informação precisa, aprendizagem rigorosa e fundamentação
teórica, consequentemente, envolvimento com os processos adequados para
construção do conhecimento.

Marque a alternativa correta:


a) Apenas o item I é verdadeiro.
b) Apenas o item II é verdadeiro.
c) Apenas o item III é verdadeiro.
d) Todos os itens são verdadeiros.

2. Segundo Severino (2012, p. 125), em relação à formação de profissionias da


educação “[…] está em jogo, com igual força de exigência, o domínio de habilidades
didáticas, que constituem a esfera dos instrumentos técnicos e metodológicos de sua
profissão. Não se pode conceber o exercício da complexa tarefa educativa sobre
bases espontaneístas ou amadorísticas”.
Elabore um parágrafo discursivo-argumentativo de 8 a 12 linhas sobre o fato de o
professor não poder agir em sua prática pedagógica de modo espontaneísta e
amadorístico.

22
REFERÊNCIAS

BOTOMÉ, Silvio Paulo. Pesquisa alienada e ensino alienante: o equívoco da


extensão universitária. Petrópolis (RJ): Vozes; São Carlos (SP): EDUFSCar; Caxias
do Sul (RS): Ed. da Universidade de Caxias do Sul, 1996.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.


São Paulo: Paz e Terra, 2002.

JAFELICCI JR., Miguel. O papel social dos professores universitários. 22 dez.


2002. Disponível em:
<http://www.unesp.br/proex/informativo/edicao22dez2002/materias/professorsocial.ht
m>. Acesso em: mar. 2015.

KONDER, L. O futuro da filosofia da práxis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 2011.

MARQUES, Ramiro. Dicionário breve de pedagogia. Lisboa: Editorial Presença,


2000.

MASETTO, Marcos Tarciso. Competência pedagógica do professor universitário.


São Paulo: Summus, 2003.

NICOLODI, Elaine. A prática educativa e a autonomia: um espetáculo de máscaras.


Renefara, v. 5, n. 5, p. 82-95, 2014.

PERRENOUD, Philippe. Dez novas competência para ensinar. Porto Alegre:


Artmed, 2000.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho ceintífico. 23. ed. São


Paulo: Cortez, 2012.

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 4. ed. Rio de Janeiro:


Vozes, 2002.

23
19
20
A AUTORA

ELAINE NICOLODI

Professora na Faculdade Araguaia e na Secretaria de Estado da Educação de Goiás.


Licenciada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO);
Especialista em Leitura e Produção de Texto pela Universidade Federal de Goiás
(UFG); Mestre em Educação (PUC-GO) e Doutora em Educação (UFG).
E-mail: elainearaguaia12@hotmail.com.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

N651m Nicolodi, Elaine


Metodologia do ensino superior / Elaine Nicolodi –
Goiânia: NUTEC, 2017.
52 p. : il. - (Educação a distância Araguaia).

Possui bibliografia.

1. Ensino superior. 2. Ensino superior – Ensino a


distância. 3. Metodologia do ensino superior. I. Faculdade
Araguaia. II. Título.

CDU: 378(07)

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marta Claudino de


Moraes CRB-1928

21
FACULDADE ARAGUAIA - FARA
1º Edição - 2016

É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio e para qualquer
fim. Obra protegida pela Lei de Direitos Autorais

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NÚCLEO DE TECNOLOGIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


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22
SUMÁRIO

UNIDADE II – A SALA DE AULA NO ENSINO SUPERIOR .................................... 24


1 Planejamento Acadêmico.................................................................................. 24
1.1 Planos de Cursos ................................................................................................. 25
1.2 Planos de Disciplinas ........................................................................................... 26
1.3 Planos de Unidades/de Aulas .............................................................................. 27
2 Organização Didática da Aula .......................................................................... 27
2.1 O que é a Aula? ................................................................................................... 28
2.2 Questionamentos na Aula .................................................................................... 29
2.3 Desafios Pedagógicos da Sala de Aula .............................................................. 29
3 Instrumentos Didáticos e de Avaliação ........................................................... 30
3.1 Materiais Didáticos ............................................................................................... 30
3.2 O Papel do Seminário .......................................................................................... 31
3.3 Procedimentos de Avaliação ................................................................................ 32
ATIVIDADES............................................................................................................. 36
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 38

23
UNIDADE II – A SALA DE AULA NO ENSINO SUPERIOR

Nesta segunda Unidade, iremos discutir, mais detalhadamente, sobre a sala de


aula, como ambiente de troca de experiências entre professores e alunos.

Na Europa da Idade Média, não havia uma estrutura física específica


para o atendimento a estudantes, muitos provenientes do campo, de
famílias aristocráticas, organizados em grupos que escolhiam e
remuneravam seus professores. As universidades eram itinerantes e
funcionavam em instituições eclesiásticas ou em casas particulares. A
partir do século XV, as pensões onde esses estudantes moravam
foram transformadas em internatos [...].
Nesse momento, surge a preocupação com uma arquitetura que
privilegiasse espaços comuns a todos para oração, claustros e
transmissão de conhecimentos, com assentos enfileirados e um local
central para o professor. [...] (SILVA, 2013, p. 17).

Na atualidade, a sala de aula não é apenas um espaço físico. Você, neste


momento, está em um ambiente virtual de aula. Então, vamos entender melhor como
se dá a aula!

Fonte: https://images.google.com

1 Planejamento Acadêmico

O Grupo de Estudos sobre Política Educacional e Trabalho Docente de


Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (Gestrado) apresentou em 2010
o Dicionário “Trabalho, profissão e condição docente”. Nele constam verbetes a
respeito do trabalho docente, entre eles planejamento educacional.

24
É todo ato intencional, político e técnico para direcionar as atividades
do campo educacional, buscando racionalizar os fins e os meios para
conseguir os objetivos propostos. É intencional, na medida em que
não pode ser efetivado aleatoriamente. Ele implica conhecimentos da
realidade, pressupõe escolhas e estabelecimento de meios para se
atingir um determinado fim. É político, visto que está comprometido
com as finalidades sociais e políticas da sociedade. É técnico, pois
exige a utilização de meios eficientes para se obter os resultados. Tem
como pressupostos básicos: o delineamento da filosofia da Educação
do País, evidenciando o valor das pessoas e da escola na sociedade.
Operacionaliza-se em planos e projetos e tem um caráter processual,
constituindo-se, pois, em uma atividade permanente de reflexão e
ação, na busca de alternativas para a solução de problemas e de
tomada de decisão (CASTRO, 2010).

Segundo a autora do verbete (CASTRO, 2010), o planejamento educacional


ocorre em três dimensões que estão inter-relacionadas: planejamento do sistema
educacional, planejamento escolar e planejamento de ensino.
Para o estudo desta disciplina, trataremos mais especificamente do
planejamento de ensino.

1.1 Planos de Cursos

Para dar início a um curso, seja de graduação ou pós-graduação, é necessária


a organização do Projeto Pedagógico do Curso, este deve apresentar alguns
elementos principais, como os Dados de Identificação: denominação do curso, local
de oferta; modalidade (presencial ou não), turno de oferta, número de vagas
disponíveis, carga horária total.
Além disso, há a apresentação do Curso, a caracterização do câmpus, o
pessoal docente e técnico administrativo, as instalações, os equipamentos e a
biblioteca, a justificativa (por que e para que o curso, a quem se destina, os objetivos
(geral e específicos), o perfil do Curso, o perfil do profissional egresso, os requisitos
para o Ingresso, a frequência mínima obrigatória, a organização curricular (a Matriz
Curricular, as ementas das disciplinas e suas bibliografias), a Metodologia de Ensino,
a Avaliação da Aprendizagem, a certificação.
É muito importante que o docente conheça o Plano de Desenvolvimento
Institucional (PDI), que é um documento que apresenta o perfil da instituição, e o
Projeto Pedagógico de Curso (PPC), para que ele perceba que sua disciplina está
inter-relacionada a um planejamento mais amplo.

25
1.2 Plano de Disciplinas

Após ter uma visão geral sobre o Curso e sua matriz curricular, o docente tem
a tarefa de desenvolver o seu Plano de Disciplina. De acordo com Gil (2005, p. 36),
este plano “[…] constitui uma previsão das atividades a serem desenvolvidas ao longo
de um ano ou semestre. Constitui, portanto, um marco de referência para as ações do
professor voltadas para o alcance dos objetivos da disciplina”.
Na identificação do plano deverão constar o nome da disciplina, o Curso do
qual ela faz parte, a carga horária a ser ministrada, o ano e o semestre letivo e o nome
do professor.
No plano devem ser incluídos, ainda, a ementa da disciplina, que é um resumo
do conteúdo; os objetivos a serem alcançados (geral e específicos); o conteúdo
programático; as estratégias de aprendizagem e os recursos utilizados para isso; bem
como se dará a(s) avaliação(ões). Além disso, é preciso indicar uma bibliografia básica
(com 3 obras) e a bibliografia complementar (com 5 obras). Conforme apresentado,
sinteticamente, no Quadro 2 a seguir.

Quadro 2 – Esquema de um plano de disciplina

Plano de Disciplina

Identificação

Nome da Curso Carga horária Ano e semestre Nome do professor


disciplina letivo

Partes do Plano

Ementa Objetivos Conteúdo Estratégias de Recursos Avaliação


Programático Aprendizagem

Geral Específicos

Bibliografia

Básica Complementar

Fonte: elaborado pela autora.

26
Lembre sempre...
de consultar a biblioteca da instituição ao fazer seu plano de disciplina, pois
todo material indicado deverá fazer parte deste acervo. Caso haja
necessidade de indicar uma nova bibliografia, consulte o responsável por
este departamento e veja como fazer a aquisição desta(s) obra(s).

1.3 Planos de Unidades/de Aulas

O plano de disciplina é um documento para orientar tanto o professor quanto


os alunos em relação ao que está previsto para ser estudado. Além disso, também é
importante que o docente faça um planejamento mais detalhado daquilo que será
realizado em determinada disciplina.
Para isso, ele pode recorrer ao plano de unidades ou plano de aulas. No
primeiro, “[...] os objetivos são operacionais, isto é, designam clara e precisamente os
comportamentos esperados dos alunos. Os conteúdos são muito mais
pormenorizados, assim como as informações sobre estratégias de ensino, recursos
auxiliares, bibliografia e estratégias de avaliação” (GIL, 2005, p. 39).
Quanto ao plano de aulas, “[...] este é bem mais restrito. De modo geral, limita-
se à previsão do desenvolvimento a ser dado ao conteúdo da matéria e às atividades
de ensino-aprendizagem propostas de acordo com os objetivos no âmbito de cada
aula (GIL, 2005, p. 40).

2 Organização Didática da Aula

É imprescindível que o professor organize didaticamente sua aula,


considerando um planejamento prévio sobre como serão as atividades realizadas com
seus alunos.
Para isso, é necessário levar em consideração uma introdução do conteúdo a
ser ministrado, que estratégia utilizará para o ensino deste novo conteúdo, como se
dá a aplicação em relação à determinada disciplina ou área do saber e avaliar se os
resultados esperados foram alcançados, ou seja, se os alunos compreenderam o que
foi ensinado.
Desse modo, serão discutidos sobre alguns caminhos a serem utilizados nos

27
itens que seguem.

2.1 O que é a Aula?

Para o intelectual Rubem Alves, em seu texto A Aula e o Seminário, ele afirma
que
[...] Uma aula é um prato de saberes/sabores que ele serve. E os
alunos devem comer. E tem muita comida gostosa. [...] É preciso que
os alunos comam o que todos comem [...]. O professor prepara a aula.
Diante dos alunos ele vai traçando os mapas dos mundos que eles
conhecem e ainda devem conhecer. [...] Uma aula bem dada é como
a execução de uma sonata. Já vi professores serem aplaudidos pelos
alunos ao final da aula (ALVES, 2002, p. 118-20).

Fonte: https://images.google.com

Assim, a aula é uma atividade colaborativa, prazerosa, que deve envolver seus
participantes de modo a atingir objetivos previamente estabelecidos pelo professor,
cabendo a ele diversificar as estratégias utilizadas. Ao final de cada aula, o aluno
precisa compreender os aspectos teórico-metodológicos que naquele espaço foram
utilizados, considerando os contextos sociais e o uso de novas tecnologias.

Transformar o tempo e o espaço de aula significa que professor e


alunos devem compreendê-los como possiblidade de construção do
trabalho pedagógico numa lógica de trabalho colaborativo, sem perder
de vista que a aula deve ser bem planejada, desenvolvida e avaliada
e não um mero evento espontâneo e improvisado (SILVA, 2013, p. 39).

28
Desse modo, para uma boa aula, é importante que o professor pesquise em
diversas fontes os conteúdos, que possibilite ao aluno a inter-relação entre teoria e
prática, buscando, para isso, uma aula dialogada, com a efetiva participação de todos.

2.2 Questionamentos na Aula

Em sua obra Metodologia do Ensino Superior, Antonio Carlos Gil, apresenta-


nos estratégias para a aula no meio universitário, entre elas está o que ele chama de
“discussão com a classe toda”, [...] “adotada como a principal alternativa à aula
expositiva” (GIL, 2005, p. 77).
Ainda segundo o autor, “[...] convém que as questões sejam formuladas como
problemas que têm algum significado para os estudantes. Esse trabalho será facilitado
se o professor tiver conhecimento de antecedentes pessoais dos alunos” (GIL, 2005,
p. 79).
Para isso, é importante ter habilidades para suscitar a discussão, formulando
perguntas ou levantando questionamentos dos próprios alunos, estimulando a
participação de todos.
Quando são apresentadas situações-problema sobre o assunto da aula ou se
os alunos levantam questionamentos, os conteúdos são compartilhados, não há o
papel de impositor do saber da parte do professor.
A educação superior deve despertar no aluno essa busca por problematizar e
procurar soluções com base nas teorias estudadas, na tentativa de uma
aprendizagem mais autônoma.

2.3 Desafios Pedagógicos da Sala de Aula

A prática pedagógica docente na educação superior exige do profissional


habilidades relacionadas ao saber fazer pedagógico, ou seja, mesmo que ele tenha
grande domínio dos conteúdos de uma determinada área do saber, é importante
utilizar estratégias de como lidar com esses conteúdos em sala de aula e relacionar-
se com os alunos. Assim é preciso

[...] criar condições para o aluno socializar suas interpretações


pessoais num processo de socialização crítica e de discussão, não só
do texto produzido por ele, mas também de sua proposta para uma
nova ação diante do problema em estudo. Nesse momento, a

29
metodologia da aula universitária contempla o salto de qualidade que
o aluno produzirá em forma de texto oral ou escrito, acompanhado de
uma expressão livre de configuração estética sobre as considerações
finais, de caráter conclusivo. No percurso futuro, comporá novas
formas de trabalho que avancem novas sínteses teóricas e práticas de
ação didáticas (LIMA, 2002, p. 158).

Para que o aluno atinja esse “salto de qualidade”, o professor deverá organizar
suas ações didáticas, escolhendo os melhores procedimentos metodológicos a serem
seguidos. Nesse sentido,

Na concepção de ensino que propomos, as tarefas docentes visam


organizar a assimilação ativa, o estudo independente dos alunos, a
aquisição de métodos de pensamento, a consolidação do aprendido.
Isso significa que, sempre de acordo com os objetivos e conteúdos da
matéria, as aulas poderão ser previstas em correspondência com as
etapas ou passos do processo de ensino. Podemos ter, assim: aulas
de preparação e introdução da matéria, no início de uma unidade;
aulas de tratamento mais sistematizado da matéria nova; aulas de
consolidação (exercícios, recordação, sistematização, aplicação);
aulas de verificação da aprendizagem para avaliação diagnóstica ou
de controle (LIBÂNEO, 2011, p. 191).

Sendo assim, a aula precisa ser pensada pedagogicamente, ou seja, ter


sempre claros os objetivos que se quer alcançar e quais serão os meios utilizados
para se chegar a eles.

3 Instrumentos Didáticos e de Avaliação

O ensino na educação superior não exige do professor apenas domínio do


conteúdo ou da comunicação, mas também boa interação professor-aluno e uso de
instrumentos didáticos que possibilitem a aprendizagem.
Além disso, a escolha adequada de métodos diversificados de avaliação,
conforme veremos a seguir.

3.1 Materiais Didáticos

Para uma aprendizagem mais significativa, é importante criar estratégias que


motivem os alunos para a participação na aula, por isso os materiais didáticos
escolhidos devem ser adequados ao curso, à disciplina, sendo eles mediadores do
processo ensino-aprendizagem.
30
Assim, o professor deve escolher, adequadamente, suas fontes bibliográficas,
indicando livros atualizados que tragam uma contextualização com a realidade atual
dos alunos.
Em razão da dificuldade que os alunos têm com a escrita acadêmica, é
importante, também, a leitura de artigos científicos, para que eles tomem
conhecimento sobre esse tipo de linguagem, reconheçam sua estrutura e aproveitem
para atualizar seus conhecimentos com fontes de pesquisas de outros autores.
Trazer temas atuais para a sala de aula é importante, inter-relacionando-os aos
conteúdos obrigatórios de determinada disciplina. Para isso, jornais e revistas –
impressos ou on-line – podem ser materiais didáticos interessantes para diversificar
as fontes de informação dos alunos. De modo que eles possam realizar leituras
críticas com a intervenção do professor.
Isso é significativo para que os conteúdos ensinados não sejam apenas
aqueles utilizados em aulas expositivas, com breves sínteses de exposição oral por
parte do professor ou fotocópias que mais parecem uma ‘colcha de retalhos’.
Os materiais didáticos escolhidos devem contribuir para o desenvolvimento do
pensamento crítico e científico dos alunos.

Fonte: https://images.google.com

3.2 O Papel do Seminário

Equivocadamente, muitos professores universitários trocam suas aulas


expositivas por atividades que eles chamam de ‘seminário’, ou seja, apenas
distribuem textos ou partes de conteúdos para que os alunos façam suas aulas

31
expositivas.
Segundo Severino (2012, p. 89), “o objetivo último do seminário é levar todos
os participantes a uma reflexão aprofundada de determinado problema, a partir de
textos e em equipe”.
Isso quer dizer que para a realização de um bom seminário acadêmico é
preciso haver preparação por parte do professor e dos alunos, sendo escolhido um
coordenador para tal atividade. Sendo assim, Severino (2012) apresenta-nos um
roteiro geral para o desenvolvimento do seminário, que será apresentado no Quadro
3 a seguir.

Quadro 3 – Esquema geral de desenvolvimento do seminário


Atividade Responsável
Introdução do seminário Professor
Apresentação das orientações gerais para o procedimento a ser adotado pelos Coordenador do
participantes e cronograma das atividades do dia seminário
Breve introdução do tema do seminário Coordenador do
seminário
Esclarecimentos relacionados ao texto-roteiro para o seminário (já entregue Coordenador do
anteriormente aos grupos) seminário
Atividades a serem realizadas durante o seminário coordenadas pelo Todos os
cordenador do seminário participantes
Apresentação introdutória à discussão geral da reflexão pessoal Coordenador do
seminário
Síntese final Professor
Fonte: adaptado de Severino (2012, p. 97).

Desse modo, o seminário como atividade em grupo precisa ser desenvolvido


com bastante seriedade por parte dos alunos, o estudo pormenorizado do texto-roteiro
exige preparação antecipada do tema, busca por soluções de problemáticas
encontradas durante a leitura de estudo. No dia – ou nos dias – da realização do
seminário, todos os participantes devem estar envolvidos nas discussões.

3.3 Procedimentos de Avaliação

Os procedimentos de avaliação devem ser utilizados na intenção de verificar a


aprendizagem do aluno, de modo que este possa demonstrar em atividades
avaliativas suas habilidades de produção oral ou escrita em relação aos conteúdos
previamente discutidos em sala de aula. Sendo assim,
A avaliação, como aliada da aprendizagem, parece importante
subsídio para qualificar e solidificar as bases do ensino superior e os
32
processos relacionais que nele interferem. Se não investirmos na
edificação de um contexto de relevância para que os estudantes se
apercebam do significado das experiências concretas e dos conteúdos
a que são expostos, dificilmente os teremos como parceiros na
aventura de conhecer (SORDI, 2002, p. 239).

As avaliações devem ser uma atividade que contribua para dar um feedback
aos alunos, para que eles possam verificar o nível de seus conhecimentos, se
assimilaram ou não o que foi ensinado. Para Libâneo (2001, p. 195), “a avaliação,
assim, cumpre funções pedagógico-didáticas, de diagnóstico e de controle em relação
às quais se recorre a instrumentos de verificação do rendimento [...]”.
Desse modo, utilizar somente provas como uma ferramenta de avaliação não
é o melhor caminho a ser seguido.

Outra possibilidade interessante para avaliar a aprendizagem do


estudante universitário de modo contínuo e processual pode ser a
instituição de portfólios que reúnam sistematicamente as diferentes
produções dos alunos, estimulando-os às mais diversas formas de
expressão de sus qualidades, rompendo, portanto, com o vício de
supervalorizar a escrita e a comunicação oral em situações formais
previamente estipuladas pelo professor [...] (SORDI, 2002, p. 243).

Avaliar continuamente a participação dos alunos também contribui para o seu


desenvolvimento, uma vez que é possível voltar e rever o que ainda não está em um
nível mais avançado de conhecimento.
Além desse processo cotidiano de avaliação, os estudantes universitários são
submetidos a uma avaliação externa, que é o Exame Nacional de Desempenho de
Estudantes (Enade)1. Ele tem como objetivo avaliar o rendimento dos concluintes dos
cursos de graduação, em relação aos conteúdos programáticos, habilidades e
competências adquiridas em sua formação.
A prova costuma ser realizada no útimo domingo do mês de novembro e é
composta de 40 questões, sendo 10 da parte de formação geral e 30 da parte de
formação específica da área, contendo as duas partes questões discursivas e de
múltipla escolha.

O docente pode elaborar suas avaliações no Modelo do Enade, de modo que


seus alunos se familiarizem com essa metodologia avaliativa. Nas questões de

1 Para mais informações, consultar o endereço letrônico do MEC – http://portal.inep.gov.br/enade.

33
múltipla escolha, pode-se optar por: preenchimento de lacuna (consiste na
apresentação de uma sentença com partes suprimidas para serem completadas com
palavras ou expressões constantes das alternativas); associação –correspondência –
(associação de duas colunas); ordenação (arrumação de elementos por ordem, de
acordo com uma instrução dada); afirmação incompleta (tem no enunciado uma frase
incompleta e apresenta alternativas que completam o enunciado); resposta única (tem
em seu enunciado uma pergunta e alternativas que respondem à pergunta proposta);
interpretação (uma situação-estímulo pode ser representada por uma foto, por uma
tabela, por um gráfico, por um mapa etc.); complementação múltipla (apresenta uma
situação contextualizada com afirmativas, a seguir, enuncia o problema ou situação-
problema na forma de pergunta ou afirmação incompleta e apresenta uma chave de
resposta, geralmente apresentadas com números romanos; asserção-razão (no
enunciado, duas proposições são ligadas pela palavra PORQUE, sendo a segunda a
razão ou justificativa da primeira; as alternativas são afirmações sobre a veracidade
ou falsidade das afirmações). As questões dissertativas são do tipo discursivo-
argumentativas, de resposta livre.
Na parte de Formação Geral, segundo a Portaria n. 255, de 02 de junho de
2014 (BRASIL, 2014), são exigidas dos alunos as seguintes habilidades e
competências: ler, interpretar e produzir textos; extrair conclusões por indução e/ou
dedução; estabelecer relações, comparações e contrastes em diferentes situações;
fazer escolhas valorativas avaliando consequências; argumentar coerentemente;
projetar ações de intervenção; propor soluções para situações-problema; elaborar
sínteses; administrar conflitos.
Desse modo, os professores podem incluir em suas atividades avaliativas
questões que levem os alunos a desenvolverem essas habilidades/competências.
Os temas de Formação Geral que aparecem tanto nas questões objetivas
quanto discursivas da prova do Enade são os seguintes: cultura e arte; inovação
tecnológica; ciência, tecnologia e sociedade; democracia, ética e cidadania; ecologia;
globalização e política internacional; políticas públicas: educação, habitação,
saneamento, saúde, transporte, segurança, defesa e questões ambientais; relações
de trabalho; responsabilidade social: setor público, privado e terceiro setor;
sociodiversidade e multiculturalismo: violência, tolerância/intolerância,

34
inclusão/exclusão e relações de gênero; tecnologias de informação e comunicação;
vida urbana e rural.
Sendo assim, é importante que os professores debatam em suas aulas esses
assuntos de grande relevância social, para uma formação cidadã de seus alunos.
Além desses temas, as Diretrizes Nacionais para a Educação Superior2 determinam
que sejam inseridos nos planos das disciplinas discussões sobre Educação das
Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e
Africana; Políticas de Educação Ambiental e Educação em Direitos Humanos.

FINALIZANDO…
Nesta Unidade II, você aprendeu sobre a sala de aula na educação superior,
a importância dos planos de aula, os instrumentos didáticos utilizados nas
aulas e as formas de avaliação!

ESQUEMA DA UNIDADE II

LEMBRE SEMPRE!

projeto
plano de
pedagógico Dados de disciplina ementa;
do curso Identificação:
denominação objetivos;
do curso, local conteúdo
de oferta, programático;
modalidade estratégias de
(presencial ou aprendizagem;
não), turno de recursos
oferta, número utilizados;
de vagas avaliação(ões);
disponíveis, bibliografia
carga horária básica/
total complementar

2 Para mais informações, consultar o endereço eletrônico do MEC: http://portal.mec.gov.br/conselho-


nacional-de-educacao/atos-normativos--sumulas-pareceres-e-resolucoes.

35
organizar
didaticamente a
aula

suscitar
objetivos claros e
discussões;
meios de alcançar
levantar perguntas

domínio do instrumnetos
intereação
conteúdo/da didático
professor-aluno
comunicação adequados

Os procedimentos de avaliação devem ser utilizados na intenção de


verificar a aprendizagem do aluno, de modo que este possa demonstrar em atividades
avaliativas suas habilidades de produção oral ou escrita em relação aos conteúdos
previamente discutidos em sala de aula.

INDICAÇÃO DE LEITURA

LEIA MAIS!

GIL, Antônio Carlos. Metodologia do ensino superior. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2005.

ATIVIDADES

FÓRUM 2 – Discuta com o grupo no Fórum sobre a história, a seguir, e comente: por
que, na maioria das vezes, as aulas seguem metodologias tão tradicionais de ensino?

"Um homem dormiu no início do século XX e só acordou 100 anos depois. Ele sai pelas ruas
e ficou enlouquecido: muitos prédios, carros, aparelhos eletrônicos, celulares que fazem de

36
tudo, enfim, ele se sentiu um estranho no ninho. O homem não sabia como poderia viver em
um lugar tão diferente daquele que ele um dia havia conhecido. Até que passou em frente a
uma escola e resolveu entrar. Lá ele se sentiu em casa outra vez. Tudo em sua volta havia
mudado, mas a escola permanecia imaculada, inalterada pela ação do tempo. Um lugar
perfeito para um homem do início do século vinte passar o resto de seus dias".

ATIVIDADE 2

1. Revistas e repertórios bibliográficos, impressos ou eletrônicos, são valiosos e


imprescindíveis instrumentos de trabalho acadêmico e científico.
Comente sobre a importância de diversificar as fontes
de materiais didáticos para uma aprendizagem mais significativa.

2. Para José Carlos Libâneo, “o planejamento é uma tarefa docente que inclui tanto a
previsão das atividades didáticas em termos de organização e coordenação em
face dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do
processo de ensino”.
Por que o planejamento de aula é tão relevante para o bom resultado do processo
de ensino-aprendizagem?

37
REFERÊNCIAS

ALVES, Rubem. O amor que acende a lua. Campinas, SP: Papirus, 2002.

BRASIL. Diário Oficial da União. Portaria Inep n. 255, de 02 de junho de 2014.


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ral/formacao_geral_portaria_n_255_02_junho_2014.pdf>. Acesso em: fev. 2017.

CASTRO, Alda Maria Duarte Araújo. Planejamento Educacional. In: Dicionário


Trabalho, profissão e condição docente. Belo Horizonte: UFMG, 2010. Disponível
em: < http://www.gestrado.net.br/?pg=dicionario-verbetes>. Acesso em: fev. 2017.

GIL, Antônio Carlos. Metodologia do ensino superior. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2005.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 2011.

LIMA, Maria de Lourdes Rocha de. A aula universitária: uma vivência de múltiplos
olhares sobre o conhecimento em situações interativas de ensino e pesquisa. In:
VEIGA, Ilma Passos Alencastro; CASTANHO, Maria Eugênia l. M. (Orgs.).
Pedagogoa universitária: a aula em foco. Campinas, SP: Papirus, 2002.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho ceintífico. 23. ed. São


Paulo: Cortez, 2012.

SILVA, Edileuza Fernandes da. A aula no contexto histórico. In: VEIGA, Ilma Passos
Alencastro. Aula: gênese, dimensões, princípios e práticas. Campinas, SP: Papirus,
2013.

SORDI, Mara Regina Lemes de. Avaliação da aprendizagem universitária em tempos


de mudança: a inovação ao alcance do educador comprometido. In: VEIGA, Ilma
Passos Alencastro; CASTANHO, Maria Eugênia l. M. (Orgs.). Pedagogoa
universitária: a aula em foco. Campinas, SP: Papirus, 2002.

38
34
35
A AUTORA

ELAINE NICOLODI

Professora na Faculdade Araguaia e na Secretaria de Estado da Educação de Goiás.


Licenciada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO);
Especialista em Leitura e Produção de Texto pela Universidade Federal de Goiás
(UFG); Mestre em Educação (PUC-GO) e Doutora em Educação (UFG).
E-mail: elainearaguaia12@hotmail.com.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

N651m Nicolodi, Elaine


Metodologia do ensino superior / Elaine Nicolodi –
Goiânia: NUTEC, 2017.
52 p. : il. - (Educação a distância Araguaia).

Possui bibliografia.

1. Ensino superior. 2. Ensino superior – Ensino a


distância. 3. Metodologia do ensino superior. I. Faculdade
Araguaia. II. Título.

CDU: 378(07)

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marta Claudino de


Moraes CRB-1928

36
FACULDADE ARAGUAIA - FARA
1º Edição - 2016

É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio e para qualquer
fim. Obra protegida pela Lei de Direitos Autorais

DIRETORIA GERAL:
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COORDENAÇÃO GERAL DO NÚCLEO DE TECNOLOGIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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NÚCLEO DE TECNOLOGIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


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37
SUMÁRIO

UNIDADE III – METODOLOGIAS DE ENSINO ........................................................ 39


1 Método e Metodologia ......................................................................................... 39
1.1 O que é Método ................................................................................................ 39
1.2 O que é Metodologia de Ensino ........................................................................ 40
1.3 Intervenções Pedagógicas ................................................................................ 41
2 Estratégias de Ensino...................................................................................... 41
2.1 Aula Expositiva .................................................................................................. 42
2.2 Estudo do Texto ................................................................................................. 42
2.3 Ensino com Pesquisa ......................................................................................... 44
3 Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs ....................................... 45
3.1 Uso de Recusos Tecnológicos ............................................................................ 46
3.2 Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) ........................................................... 46
3.3 Tecnologias Digitais e Pesquisa .......................................................................... 47
ATIVIDADES ............................................................................................................ 50
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 51

38
UNIDADE III – METODOLOGIAS DE ENSINO

1 Método e Metodologia

A metodologia é o estudo dos métodos. Para aulas mais significativas, o


professor precisa escolher metodologias adequadas para consolidar os conteúdos nos
alunos. É o que será apresentado nesta Unidade.

Fonte: https://images.google.com

1.1 O que é Método

Para Severino (2012), o método é um caminho do conhecimento científico,

a ciência utiliza-se de um método que lhe é próprio, o método


científico, elemento fundamental do processo do conhecimento
realizado pela ciência para diferenciá-la não só do senso comum,
mas também das demais modalidades de expressão da
subjetividade humana […] (SEVERINO, 2012, p. 102).

Sendo assim, o professor precisa estar atendo ao caminho que irá perfazer
com seus alunos, a sala de aula na educação superior precisa percorrer as trilhas
do método científico.
Quanto aos métodos de ensino, “estão orientados para objetivos; implicam
uma sucessão planejada e sistematizada de ações. Tanto do professor quanto
dos alunos; requerem a utilização de meio” (LIBÂNEO, 2011, p. 149).

39
1.2 O que é Metodologia de Ensino

Os professores precisam estar atentos às escolhas que irão fazer para que
o processo ensino-aprendizagem seja eficiente, sendo assim, é indispensável
levar em consideração alguns objetivos quanto aos conteúdos ensinados: terem
caráter científico e sistemático; serem compreensíveis e possíveis de ser
assimilados; assegurarem a relação conhecimento-prática; assentarem-se na
unidade ensino-aprendizagem; garantirem a solidez dos conhecimentos; levarem
à vinculação coletivo-particularidades individuais (LIBÂNEO, 2011, p. 155-159).

Quadro 4 – Metodologias utilizadas nas aulas da educação superior


Metodologias Estratégias utilizadas
Portfólio Definir conjuntamente critérios de avaliação do ensino e da
aprendizagem, do desempenho do estudante e do professor:
organização e cientificidade da ação do professor e do estudante,
clareza de idéias na produção escrita; construção e reconstrução
da escrita; objetividade na apresentação dos conceitos básicos;
envolvimento e compromisso com a aprendizagem, entre outros.
Tempestade Observação das habilidades dos estudantes na apresentação das
cerebral idéias quanto a: capacidade criativa, concisão, logicidade,
aplicabilidade e pertinência, bem como seu desempenho na
descoberta de soluções apropriadas ao problema apresentado.
Mapa conceitual Acompanhamento da construção do mapa conceitual a partir da
definição coletiva dos critérios de avaliação: conceitos claros,
relações justificadas, riqueza de idéias, criatividade na
organização e representatividade do conteúdo trabalhado.
Estudo dirigido O acompanhamento se dará pela produção que o estudante vá
construindo, na execução das atividades propostas, nas questões
que formula ao professor, nas revisões que este lhe solicita, a
partir do que vai se inserindo gradativamente nas atividades do
grupo a que pertence. Trata-se de um processo avaliativo
eminentemente diagnóstico.
Lista de Essa é uma estratégia onde ocorre uma avaliação grupal, ao
discussão por longo do processo, cabendo a todos este acompanhamento.
meios No entanto, como o professor é o responsável pelo processo de
informatizados ensinagem, o acompanhamento das participações, da qualidade
das inclusões, das elaborações apresentadas, torna-se elemento
fundamental para as retomadas necessárias, na lista e,
oportunamente, em classe.
Solução de Observação das habilidades dos estudantes na apresentação das
problemas ideias quanto a sua concisão, logicidade, aplicabilidade e
pertinência, bem como seu desempenho na descoberta de
soluções apropriadas ao problema apresentado.
Grupo de O grupo de verbalização será avaliado pelo professor e pelos
verbalização colegas da observação, além da autoavaliação. Os critérios de
e de observação avaliação são decorrentes dos objetivos, tais como; clareza e
coerência na apresentação; domínio da problemática na
apresentação; participação do grupo observador durante a
exposição; relação crítica da realidade.
Estudo de caso O registro da avaliação pode ser realizado por meio de ficha com
critérios a serem considerados tais como: aplicação dos
conhecimentos (a argumentação explicita os conhecimentos
40
produzidos a partir dos conteúdos?); coerência na prescrição (os
vários aspectos prescritos apresentam uma adequada relação
entre si?); riqueza na argumentação (profundidade e variedade de
pontos de vista); síntese.

Fonte: adaptado de ANASTASIOU, L.G.C.; ALVES, L. P. (Orgs.). O processo de ensinagem


da universidade: dos pressupostos para as estratégias do trabalho em aula. Joinvilie, SC: Ed.
da Univille, 2003.

1.3 Intervenções Pedagógicas

Muitas são as dificuldades de aprendizagem que os alunos podem


apresentar na educação superior, sobretudo em razão de um ensino precário na
educação básica. Sendo assim, o professor precisa estar atento a essas
situações, buscando adaptar seu planejamento para atender às diversidades
encontradas em sala de aula.
Com base no contexto observado, o docente pode elaborar planos
individuais com metodologias adequadas, que facilitem e motivem a
aprendizagem. As atividades de intervenção pedagógica propostas devem ser,
sistematicamente, acompanhadas para verificar a efetividade de seus resultados.
Por isso é tão importante a formação de professores que saibam refletir
sobre suas práticas, uma vez que as intervenções pedagógicas envolvem o
planejamento para implementar interferências que levem ao processo de melhoria
da aprendizagem dos alunos.
O docente necessita ter a intenção de apontar desafios para que os alunos
que apresentem dificuldades possam avançar em sua aprendizagem, de modo
que são possíveis estratégias e intervenções no ambiente da educação superior
que podem auxiliar no trabalho do professor.

2 Estratégias de Ensino

Para que os conteúdos ministrados possam ser melhor compreendidos pelos


discentes, é importante que o docente utilize mais de uma estratégia de ensino. Sendo
assim, serão apresentados, a seguir, três recursos que podem contribuir para uma
aprendizagem mais significativa.

41
2.1 Aula expositiva

A estratégia de ensino por meio da aula expositiva pode ser utilizada pelo
professor quando ele vai apresentar um conteúdo teórico com o qual os alunos ainda
não tenham familiaridade. Ela é adequada para

 transmitir conhecimentos;
 apresentar um assunto de forma organizada;
 introduzir os alunos em determinado assunto;
 despertar a atenção em relação ao assunto;
 transmitir experiências e observações pessoais não disponíveis
sob outras formas de comunicação;
 sintetizar ou concluir uma unidade de ensino ou cursos (GIL,
2005, p. 74).

Uma outra escolha feita pelo docente pode ser a aula expositiva dialogada, em
que a exposição de conteúdos acontece com a participação dos alunos, uma vez que
eles podem associar conhecimentos prévios com as novas informações do professor.
Segundo Anastasiou e Alves (2003), na aula expositiva dialogada, o professor
contextualiza o tema, solicita exemplos dos alunos, considera seus conhecimentos
prévios, assim, podendo avaliar a participação deles, solicitando a produção de
sínteses, esquemas, portfólios e outras atividades.

2.2 Estudo do texto

Ao invés de o professor apenas expor os conteúdos aos alunos, ele pode


utilizar a estratégia de realizar com eles um estudo do texto sobre um determinado
conteúdo.
Para isso, ele pode proceder a um estudo dirigido, em que apresentará aos
alunos um roteiro de estudo a ser seguido, sendo propostas as seguintes estratégias:
apresentar uma situação problema, propor questões, solicitar a resolução.
Os alunos deverão fazer a leitura pormenorizada do texto buscando levantar as
respostas para a(s) questão(ões) proposta(s), podendo traçar um roteiro a ser seguido
para realizar uma efetiva análise do texto estudado. Na obra Metodologia do trabalho
científico (SEVERINO, 2012, p. 53, 64), o autor indica algumas medidas a serem
tomadas para uma leitura “mais rica e proveitosa”, conforme estará disposto a seguir.

42
Inicialmente, faz-se uma leitura para o reconhecimento do texto, observando o
léxico, as ideias principais, os autores mencionados, sendo possível fazer um
esquema do que foi apresentado pelo autor. Esse procedimento o autor denomina de
análise textual e temática (SEVERINO, 2012).
Logo em seguida, será possível fazer uma análise mais detalhada do texto,
observando qual é o conteúdo, o que se quer demonstrar, qual é o tema (assunto)
tratado. O que o autor está problematizando e qual a sua posição diante de tal
problema, verificando, ainda, as ideias secundárias apresentadas para compor o
texto.
Após a compreensão preliminar do texto, é possível realizar o que Severino
(2012, p. 65) apresenta como análise interpretativa, ou seja, buscar-se fazer um
diálogo com o autor com base em referências externas ao texto, procedendo a dois
tipos de críticas: a crítica interna – para verificar a coerência, contribuição,
consistência, atualidade, pertinência das ideias do autor, bem como se a conclusão
traz argumentos sólidos – e a crítica externa – se o texto é original, se foi influenciado
por outros autores, quer dizer, “exercer uma atitude crítica diante das posições do
autor”.
Como etapas finais para a compreensão de um texto, é importante levantar
questionamentos a respeito das ideias apresentadas pelo autor, para, finalmente,
fazer uma síntese pessoal, ou seja, uma “reelaboração pessoal da mensagem”
(SEVERINO, 2012, p. 65).
Desse modo, realizando várias leituras detalhadas de um texto teórico, é
possível verificar, efetivamente, qual foi a proposta apresentada pelo autor, para, a
partir de então, ser possível fazer levantamentos de outras ideias que não estavam
presentes no texto, seja tomando como base outros autores ou relacionando a
conhecimentos prévios do leitor a respeito do tema que foi discutido.
Sendo assim, a análise do texto possibilitará ao leitor produzir seus próprios
textos com maior aprofundamento teórico, não sendo apenas um ‘reprodutor’ de
ideias, mas um observador crítico de outras obras, para que possa, enfim, ter ‘autoria’
nos futuros textos que escreverá.

43
análise
textual

síntese
problematização análise temática
pessoal

análise
interpretativa

2.3 Ensino com pesquisa

O ensino com pesquisa ainda é um desafio a ser enfrentado, de modo que essa
prática só ocorre nos anos finais da graduação, na produção dos trabalhos de
conclusão de curso. Sendo assim,

[...] o ensino só será indissociado da pesquisa quando for construído


um novo paradigma de ensinar e aprender na universidade. Um ensino
que seja realizado com pesquisa, isto é, incorporando os processos
metodológicos dessa atividade, e tendo a dúvida como referência
pedagógica. Nesse caso, o aluno deverá ser o autor principal da ação
e é nele que deverá acontecer o processo indissociável (CUNHA,
1996, p. 32).

Desse modo, é possível estimular a capacidade de análise. Na estratégia de


ensino com base em pesquisa, o docente pode propor aos alunos a investigação sobre
algum tema pertinente ao conteúdo da disciplina.
Isso se dá com base nas etapas da pesquisa científica, devendo, ao final dos
levantamentos realizados, apresentar o tema investigado, o problema, os objetivos,
em que referencial teórico se basearam e que procedimentos metodológicos
utilizaram.

O grande destaque à pesquisa parece apoiar-se no entendimento de


que a produção do conhecimento é um processo social, que parte de
problemas vividos pela sociedade que, uma vez trabalhados pelo
pesquisador, transformam-se em problemas e questões a serem
44
respondidas de maneira partilhada, para então retornar à sociedade
(VEIGA; RESENDE; FONSECA, 2002, p. 185-6).

Assim, o professor precisa ir acompanhando as etapas que os alunos vão


realizando, corrigindo possíveis falhas. Com isso, poderão apresentar os resultados
encontrados e a que conclusões chegaram.

3 Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs

Fonte: https://images.google.com

As novas tecnologias possibilitam o uso de diversos gêneros textuais para a


comunicação, entre eles o correio eletrônico, as redes sociais (Facebook, Instagran,
Twitter, Whats App), chats, sites, blogs.
De acordo como o professor de Novas Tecnologias na Universidade de São
Paulo (USP), José Manuel Moran,

As redes, principalmente a Internet, estão começando a provocar


mudanças profundas na educação presencial e a distância. Na
presencial, desenraizam o conceito de ensino aprendizagem
localizado e temporalizado. Podemos aprender desde vários lugares,
ao mesmo tempo, on e off line, juntos e separados. Como nos bancos,
temos nossa agência (escola) que é nosso ponto de referência; só que
agora não precisamos ir até lá o tempo todo para poder aprender.
As redes também estão provocando mudanças profundas na
educação a distância. Antes a EAD era uma atividade muito solitária e
exigia muito autodisciplina. Agora com as redes a EAD continua como
uma atividade individual, combinada com a possibilidade de
comunicação instantânea, de criar grupos de aprendizagem,
integrando a aprendizagem pessoal com a grupal (MORAN, 2013, p.
2).

45
Desse modo, o docente da educação superior precisa conhecer novos
recursos para utilizar em suas aulas, proporcionando aos alunos uma aprendizagem
mais interativa. Sobre esses recursos trataremos nos itens que seguem.

3.1 Uso de Recursos Tecnológicos

O uso de recursos tecnológicos aumenta as formas de comunicação e


interação, uma vez que

As potencialidades do ciberespaço criam alternativas de interlocução,


entrelaçando conteúdo e forma […]. Por isso, a tela do computador
transforma-se num espaço coletivo, onde as pessoas ensinam,
aprendem, pesquisam e constroem conhecimento (OLIVEIRA, 2013,
p. 201).

Desse modo, não é apenas com quadro e giz que se constrói uma aula, o
professor precisa estar atento a novos recursos que podem utilizar como estratégia
para facilitar a aprendizagem.
O incentivo à pesquisa em bibliotecas eletrônicas, em revistas on-line é uma
fonte alternativa a ser utilizada por professores e alunos, de modo que o uso de
recursos tecnológicos amplie o domínio de novas linguagens da informação e da
comunicação.
Há, ainda, a possibilidade de uso de materiais didáticos digitais, tanto
produzidos pelo próprio professor da disciplina como aqueles disponibilizados em
rede, fortalecendo o letramento digital.
Sendo assim, o professor precisa ter claro em sua proposta metodológica
como, por que e para que estará utilizando determinadas TICs, de modo que elas
contribuam para o processo de ensino-aprendizagem.

3.2 Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)

Para as aulas na modalidade EaD, o recurso utilizado são os ambientes virtuais


de aprendizagem (AVAs).

[…] o AVA cria para o aprendiz a oportunidade de acessar, a qualquer


momento do dia ou da noite, o conteúdo a ser estudado, de realizar as
atividades propostas pelo orientador, de acessar bibliotecas virtuais,
arquivo de texto, vídeos, áudios e imagem fixa, de interagir com os
46
colegas de turma, conversando, trocando ideias, participando de bate-
papos e fóruns de discussão e interagindo com o orientador
acadêmico. Em síntese, via internet, pode-se experimentar um tipo de
aprendizagem baseado em interações com muitos outros,
independentemente do tempo e do lugar de cada um (OLIVEIRA,
2013, p. 200).

É importante que o estudante compreenda que este é um recurso que exige


dedicação e empenho para a realização das atividades. Mesmo o professor não
estando presente fisicamente, ele é o orientador das atividades.

No ambiente virtual de aprendizagem, o professor deixa de ser o


centro das atenções e um mero detento do saber para se tornar o
mediador da ação educativa, que ocorre no contexto estudante-
conhecimento-tecnologia, redimensionando e ampliando, cada vez
mais, sua função de facilitador, supervisor, animador, incentivador,
conselheiro dos aprendizes, na instigante aventura do conhecimento.
Ele se converte em formulador de problemas, provocador de
interrogações, coordenador de equipes de trabalho e sistematizador
de experiências. Em síntese, desempenha a função de orientador
acadêmico (OLIVEIRA, 2013, p. 197).

O importante na modalidade EaD é a interação professor-aluno no processo


educativo, com a participação em fóruns de discussão, chats. Além desses espaços
interativos, pode-se incluir o programa da disciplina, o material para aulas, a agenda
do curso, a biblioteca, com a disponibilização de hipertextos, vídeos, imagens etc.
A intenção é proporcionar ao aluno o uso de diferentes linguagens em sua
formação acadêmica, dando ao espaço da aula um novo significado, tendo em vista
sua autonomia na construção do conhecimento.

Fonte: https://images.google.com
3.3 Tecnologias Digitais e Pesquisa

O uso de tecnologias digitais na educação potencializa a pesquisa o tempo todo


em razão da multiplicidade de espaços virtuais para a busca de informações sobre os
mais variados temas.

47
O ideal é que o aluno crie um banco de dados com as páginas da internet onde
poderá buscar informações confiáveis, entre elas o Portal da Capes e o Scielo Brasil,
Anais de Eventos Científicos, Revistas Científicas.
A pesquisa científica na internet é um importante recurso a ser utilizado por
professores e alunos.

Como se trata de uma enorme rede, com um excessivo volume de


informações, sobre todos os domínios e assuntos, é preciso saber
garimpar, sobretudo dirigindo-se a endereços certos. Mas quando
ainda não se dispõe desse endereço, pode-se iniciar o trabalho
tentando exatamente localizar os endereços dos sites relacionados ao
assunto de interesse. Isso pode ser feito através dos Web Sites de
Busca, assim designados programas que ficam vinculados à própria
rede e que se encarregam de localizar os sites a partir da indicação de
palavras-chave, assuntos, nome de pessoas, de entidades etc.
(SEVERINO, 2012, p. 140).

Todo o material encontrado na internet precisa ser devidamente referenciado,


sendo assim,

No Projeto NBR 6023:2002, a ABNT estabeleceu as normas que


regulam as referenciações de documentos de acesso exclusivo em
meio eletrônico. […] As referências devem conter os elementos
essenciais: autor, denominação do serviço ou produto, indicações de
responsabilidade, endereço eletrônico e data de acesso (SEVERINO,
2012, p. 194).

Em se tratando da pesquisa, é um elemento indispensável para a formação do


acadêmico e do futuro profissional, utilizar novas fontes de pesquisa é tarefa que
precisa ser constantemente realizada durante as aulas no ensino superior.

Fonte: https://images.google.com

48
FINALIZANDO…
Nesta Unidade III, você aprendeu sobre as metodologias de ensino; a
necessidade de as atividades de intervenção pedagógica propostas serem
acompanhadas para verificar a efetividade de seus resultados; o uso de
Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs).

ESQUEMA DA UNIDADE III

LEMBRE SEMPRE!

método - intervenção estratégias de


caminho pedagógca ensino

novas linguagens
incentivo à
de comunicação e
pesquisa
comunicação

arquivos de bate-
AVA texto, vídeos, papos/fóruns de
imagem, áudios discussão

potencializar a
espaços virtuais
pesquisa

49
INDICAÇÃO DE LEITURA

LEIA MAIS!

DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas, SP: Autores Associados,


2015.

ATIVIDADES

FÓRUM 3 – Segundo Lea das Graças Camargos Anastasiou, doutora em Didática


pela Universidade de São Paulo, “propõe-se que o confronto existente entre
professores e alunos mude de direção e transforme-se numa ação de professores em
parceria com os alunos, ambos confrontando-se, com o processo de construção do
conhecimento”.
Discuta com o grupo no Fórum sobre a avaliação ter um papel de diagnosticar o
processo de ensino-aprendizagem e possibilitar tomadas de posição para refazer e
efetivar o vir-a-ser do ensino.

ATIVIDADE 3

De acordo com a professora Rosane A. Nevado, em seu texto Espaços virtuais de


docência: metamorfoses no currículo e na prática pedagógica, “o uso de Tecnologias
da Informação e da Comunicação vem crescendo em diversificados
contextos educativos, como formas de ampliação dos espaços pedagógicos,
facilitando o acesso à informação e a comunicação em tempos diferenciados e sem a
necessidade de professores e alunos partilharem dos mesmos espaços
geográficos”.
Por que, então, é preciso que os professores universitários estejam preparados para
ensinar com o uso de novas tecnologias?

50
REFERÊNCIAS

ANASTASIOU, Léa das Graças Camargo; ALVES, Leonir Pessate (Orgs.). O


processo de ensinagem da universidade: dos pressupostos para as estratégias do
trabalho em aula. Joinvilie, SC: Ed. da Univille, 2003.

CUNHA, Maria Isabel da. Ensino com pesquisa: a prática do professor universitário.
In: Cad. Pesq., n. 97, p. 31-46, maio 1996.

GIL, Antônio Carlos. Metodologia do ensino superior. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2005.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 2011.

MORAN, José Manuel. A integração das tecnologias na educação. MORAN, José


Manuel. In: A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá.
Campinas: Papirus, 2013. Disponível em:
<http://www.eca.usp.br/prof/moran/site/textos/tecnologias_eduacacao/integracao.pdf
>. Acesso em: fev. 2017.

OLIVEIRA, Elsa Guimarães. Aula virtual e presencial: são rivais? In: VEIGA, Ilma
Passos Alencastro. Aula: gênese, dimensões, princípios e práticas. Campinas, SP:
Papirus, 2013.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. São


Paulo: Cortez, 2012.

VEIGA, Ilma Passos Alencastro; RESENDE, Lúcia Maria Gonçalves de; FONSECA,
Marília. Aula universitária e inovação. In: VEIGA, Ilma Passos Alencastro;
CASTANHO, Maria Eugênia l. M. (Orgs.). Pedagogoa universitária: a aula em foco.
Campinas, SP: Papirus, 2002.

51

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