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Objetivos: distinguir operantes verbais de operantes não-verbais; definir, identificar e dar exemplos das diferentes
categorias operantes verbais; comentar a complexidade do comportamento verbal e sua análise funcional.
Ao longo destes passos, você aprendeu alguns princípios básicos muito úteis para se proceder a análise do
comportamento dos organismos. Apesar disso, você deve ter percebido que explicar a complexidade do
comportamento humano é uma tarefa muito difícil e intrigante.
O repertório lingüístico humano, por exemplo, é extremamente complexo. Ele envolve muitos componentes e,
através dele, é possível que as pessoas mantenham interações umas com as outras em uma espécie de “ambiente
social3”. Essas interações são, algumas vezes, tão rápidas e sutis que nem sempre é possível identificar, com
facilidade, os elementos da tríplice contingência operante, por exemplo.
Uma criança, desde muito pequena, já começa a aprender elementos do repertório lingüístico (os nomes das
coisas, das pessoas e dos eventos, por exemplo). Em pouco tempo, a criança não só domina um repertório vasto
como também produz construções lingüísticas novas, ou seja, que não foram diretamente treinadas, exibindo o
que poderia se chamado de “produtividade da linguagem” (ela pode nomear objetos novos ou propriedades
desses objetos, combinando unidades já aprendidas).
{©Apesar de complexa, a linguagem humana também pode ser compreendida através de análise funcional, ou
seja, através de análises semelhantes às que você aprendeu a fazer nos passos anteriores deste curso, levando em
conta os eventos antecedentes e os conseqüentes aos eventos comportamentais. De fato, o repertório lingüístico
é um repertório comportamental e sua aquisição, manutenção e extinção segue os mesmos princípios que você
já aprendeu a aplicar. Assim a análise do comportamento verbal não difere, em princípios, da análise funcional
feita em relação aos repertórios não-lingüísticos que você está acostumado(a) a fazer. É por isso que, a partir de
agora, quando nos referirmos ao repertório lingüístico utilizaremos o termo “comportamento verbal”. Aliás,
essa definição da linguagem humana como comportamento, trazendo-a para o campo da análise funcional
(possibilidade de analisar funcionalmente o comportamento verbal) é mais uma das importantes contribuições de
Skinner (1978) para a construção de uma ciência do comportamento.
O comportamento verbal
O comportamento verbal tem sido apontado como responsável por boa parte da complexidade do
comportamento humano. A investigação do comportamento verbal tem sido, portanto, muito importante para a
Análise Experimental do Comportamento. Apesar da aceitação da obra “Comportamento Verbal” de Skinner
(1978) ter sido restrita na época de seu lançamento, em 1957, essa obra tem se mantido como uma das mais
importantes referências para o estudo do comportamento verbal. As restrições a ela apontadas estão ligadas
especialmente ao fato de que era necessário obter dados empíricos para a aceitação de todos os conceitos e
princípios que Skinner (1978) apresentou. Contrariando uma tradição que o tornou conhecido como um grande
experimentalista, por discutir o fenômeno comportamental através de estudos experimentais baseados em dados
coletados sob circunstâncias muito bem controladas, Skinner não se preocupou com a apresentação e discussão
de dados empíricos em seu livro “comportamento verbal”.
Os conceitos e princípios apresentados por Skinner em relação ao comportamento verbal, entretanto, têm sido
postos à prova na prática teórico-explicativa e na pesquisa experimental, mostrando-se úteis para analisar
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Professor Adjunto IV do Departamento de Psicologia Experimental – UFPA – ofg@cpgp.ufpa.br
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Professor Adjunto II do Departamento de Psicologia Experimental – UFPA – rsb@cpgp.ufpa.br
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Se você achar necessário, retorne ao Passo 1 e faça uma revisão das definições de evento ambiental físico e social.
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Se você achar necessário, retorne ao Passo 8 para rever a definição e alguns exemplos de reforçamento negativo.
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É muito importante considerar o contexto na definição desses comportamentos como verbais ou não verbais. O comportamento de
assobiar, por exemplo, pode ser um comportamento verbal, dependendo do efeito que tem sobre o ouvinte. Assobiar pode fazer parte
de um código verbal e, neste caso, seria um comportamento verbal. É também importante notar que “pensar” está aqui sendo
considerado um comportamento verbal privado (Passo 1). Seu efeito é sobre o repertório comportamental do próprio emitente,
caracterizando cada sujeito como ouvinte de seu próprio comportamento verbal. Como comportamento verbal pré-corrente, pensar
altera a probabilidade de outros comportamentos que, em sua instância, teriam efeito sobre o ambiente físico e/ou social do sujeito em
questão.
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Para uma revisão deste assunto, consulte o Passo 2.
Referências bibliográficas
Matos, M. A. (1991). As categorias formais de comportamento verbal de Skinner. In M. A . Matos, D. G. Souza,
R. Gorayeb, & V. R. L. Otero. Anais da XXI Reunião Anual de Psicologia. Ribeirão Preto: SPRP, 333-341.