Você está na página 1de 23

UNIFENAS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO – PENECTOMIA E


URETROSTOMIA EM FELINO

Relatório apresentado a UNIFENAS


como parte das exigências do curso para
a obtenção do título de Médica
Veterinária.

Thaíssa Maria Barbastefano da Silva Padrão Gomes

Alfenas/MG

2021/2
PÁGINA DE APROVAÇÃO

Thaíssa Maria Barbastefano da Silva Padrão Gomes

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO – PENECTOMIA E


URETROSTOMI EM FELINO

Profª. Dra. Andressa Santana Natel Profª. Me. Renata Marcon Z. Bruzadelli
Professora Profº. Dr. Pedro Ivo Sodré Amaral
Orientadora
Coordenadores de Estágios
Medicina Veterinária - UNIFENAS

Alfenas /MG

2021/2
ii

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................1
2 TABELAS.................................................................................................................................3
3 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................................6
3.1 SISTEMA URINÁRIO FELINO ......................................................................................6
3.2 DOENÇAS DO TRATO URINÁRIO INFERIOR ............................................................6
3.3 TRATAMENTOS ………………………………………………………………………....8
3.3.1 MANEJO NUTRICIONAL………………………………………………………….8
3.3.2 CISTOCENTESE…………………………………………………………………….8
3.3.3 SONDAGEM URETRAL……………………………………………………………9
3.3.4 DESOBSTRUÇÃO CIRÚRGICA…………………………………………………...9
4 RELATO DE CASO……………………………………………………………………….…..11
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS………………………………………………………………………………………………..16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS………………………………………………… ………17
iii

LISTA DE FIGURA

Figura 1. Bloco cirúrgico, sala de técnica cirúrgica ……………………….…………..1


Figura 2. Pênis do paciente apresentando lacerações …..……………………...……..12
Figura 3 - Demonstração sistemática do procedimento cirúrgico de penectomia e
uretrostomia…………………………………………………………………………….14
Figura 4. Local da uretrostomia dois meses após o procedimento cirúrgico ………...15
iv

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Cirurgias observadas em sistema oftálmico na espécie canina e felina durante


o estágio supervisionado realizado no Hospital Veterinário da Universidade José do
Rosário Vellano, no período de 09 de agosto a 06 de novembro de 2021.
...........................................................................................................................................3
Tabela 2- Cirurgias observadas em sistema reprodutor feminino na espécie canina e
felina durante o estágio supervisionado realizado no Hospital Veterinário da
Universidade José do Rosário Vellano, no período de 09 de agosto a 06 de novembro de
2021.
...........................................................................................................................................
3Tabela 3- Cirurgias observadas em sistema reprodutor masculino na espécie canina e
felina durante o estágio supervisionado realizado no Hospital Veterinário da
Universidade José do Rosário Vellano, no período de 09 de agosto a 06 de novembro de
2021
.………………………………………………………………………………….............4
Tabela 4- Cirurgias observadas em cavidades torácica e abdominal na espécie canina e
felina durante o estágio supervisionado realizado no Hospital Veterinário da
Universidade José do Rosário Vellano, no período de 09 de agosto a 06 de novembro de
2021.
..........................................................................................................................................4
Tabela 5 Tabela 5- Cirurgias traumatismos observados na espécie canina e felina
durante o estágio supervisionado realizado no Hospital Veterinário da Universidade
José do Rosário Vellano, no período de 09 de agosto a 06 de novembro de 2021.
..........................................................................................................................................4
Tabela 6- Cirurgias de coluna vertebral observadas nas espécies canina e felina durante
o estágio supervisionado realizado no Hospital Veterinário da Universidade José do
Rosário Vellano, no período de 09 de agosto a 06 de novembro de 2021.
...........................................................................................................................................5
Tabela 7- Cirurgias observadas em grandes animais durante o estágio supervisionado
realizado no Hospital Veterinário da Universidade José do Rosário Vellano, no período
de 09 de agosto a 06 de novembro de 2021.
...........................................................................................................................................5

Tabela 8- Condições e enfermidades capazes de exigir realização de uretrostomia em cães


e gatos…………..……………..…………………………………………………………10
2

1 INTRODUÇÃO

O presente relatório tem como objetivo descrever as atividades realizadas


durante o estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária realizado no
Hospital Veterinário da Universidade José do Rosário Vellano – Unifenas, localizada na
Rodovia. MG 179, Km 0, Câmpus Universitário, Alfenas-MG, sob a supervisão do
Profº Me. Thiago Pires Anacleto, Profª Dra. Larissa Pacheco e Profª Me. Renata
Marcon Zanelato Bruzadelli, no período de 09 de agosto a 06 de novembro de 2021,
cumprindo 8 horas diárias e 40 horas semanais, totalizando 400 horas.
O estágio foi realizado no setor de clínica médica de pequenos animais e clínica
cirúrgica de pequenos animais, onde acompanhei a rotina do hospital veterinário que
consiste em atendimentos clínicos, atendimentos emergenciais, exames de imagem
(radiográfico e ultrassonográfico), laboratório de análises clínicas e cirurgias. O hospital
veterinário possui horário de funcionamento das 7:00h as 11:00h e das 13:00h as
18:00h.
A estrutura do hospital veterinário da Universidade José do Rosário Vellano, é
composto pela recepção, uma sala de triagem, 7 consultórios para atendimento clinico e
procedimentos ambulatoriais, sendo 4 apenas para atendimento clínico, um para
atendimento odontológico, um consultório para felinos e um apenas para o atendimento
de animais com suspeita de doenças virais, uma sala para exames radiográficos, uma
sala para exames de ultrassonografia, um laboratório de análises clínicas, sala de
esterilização de materiais, uma sala de parasitologia, uma ambulatório de pacientes
oncológicos, bloco de patologia e centro cirúrgico completo.
No bloco cirúrgico contamos com dois vestiários um feminino e masculino, sala
dos professores, área de transferência e aplicação de medicações pré-anestésicas, uma
sala de técnica cirúrgica contendo equipamentos de oxigenação e monitoramento, uma
sala de cirurgia de pequenos totalmente equipada, uma sala de cirurgia de grandes
animais.
Figura 1: sala de técnica cirúrgica durante aula

Fonte: Arquivo pessoal


2
Toda a estrutura do hospital conta com alta tecnologia e profissionais altamente
especializados, levando a soluções diagnósticas e terapêuticas eficazes. Toda dedicação,
capacitação e recursos fazem com que o hospital seja referência em atendimentos na
região.
As atividades executadas no período de estágio serão apresentadas e descritas
posteriormente com auxílio de tabelas.
3

2 TABELAS

Tabela 1- Cirurgias observadas em sistema oftálmico na espécie canina e felina durante


o estágio supervisionado realizado no Hospital Veterinário da Universidade José do
Rosário Vellano, no período de 09 de agosto a 06 de novembro de 2021.
Diagnóstica espécie Idade (anos) Sexo Subtotal
Ca¹ Fe² <1 1 a 7 >7 M³ F⁴
Enucleação 1 0 0 0 1 1 0 1
Cantoplastia 2 0 0 2 0 1 0 2
TOTAL 3 0 0 2 1 2 0 3
¹Canino; ² Felino; ³Macho;⁴Fêmea.

Tabela 2- Cirurgias observadas em sistema reprodutor feminino na espécie canina e


felina durante o estágio supervisionado realizado no Hospital Veterinário da
Universidade José do Rosário Vellano, no período de 09 de agosto a 06 de novembro de
2021.
Diagnóstica espécie Idade (anos) Sexo Subtotal
Ca¹ Fe² <1 1 a 7 >7 M³ F⁴
Piometra 2 0 0 2 0 0 2 2
OSH 10 1 0 11 0 0 11 11
Mastectomia 3 0 0 1 2 0 3 3
Cesariana 2 0 0 2 0 0 2 2
TOTAL 17 1 0 16 2 0 18 18
¹Canino; ² Felino; ³Macho;⁴Fêmea.
4

Tabela 3- Cirurgias observadas em sistema reprodutor masculino na espécie canina e


felina durante o estágio supervisionado realizado no Hospital Veterinário da
Universidade José do Rosário Vellano, no período de 09 de agosto a 06 de novembro de
2021.
Diagnóstica espécie Idade (anos) Sexo Subtotal
Ca¹ Fe² <1 1 a 7 >7 M³ F⁴
Orquiectomia 7 2 0 9 0 9 0 9
Penectomia 1 0 0 1 0 1 0 1
TOTAL 8 2 0 10 0 10 0 10
¹Canino; ² Felino; ³Macho;⁴Fêmea.

Tabela 4- Cirurgias observadas em cavidades torácica e abdominal na espécie canina e


felina durante o estágio supervisionado realizado no Hospital Veterinário da
Universidade José do Rosário Vellano, no período de 09 de agosto a 06 de novembro de
2021.
Diagnóstica espécie Idade (anos) Sexo Subtotal
Ca¹ Fe² <1 1 a 7 >7 M³ F⁴
Nodulectomia 1 0 0 1 0 0 1 1
Laparotomia 2 0 0 2 0 1 1 2
Ruptura 0 1 1 0 0 1 0 1
diafragmática
TOTAL 3 1 1 3 0 2 2 4
¹Canino; ² Felino; ³Macho;⁴Fêmea.

Tabela 5- Cirurgias traumatismos observados na espécie canina e felina durante o


estágio supervisionado realizado no Hospital Veterinário da Universidade José do
Rosário Vellano, no período de 09 de agosto a 06 de novembro de 2021.
Diagnóstica espécie Idade (anos) Sexo Subtotal
Ca¹ Fe² <1 1 a 7 >7 M³ F⁴
Síntese radio e ulna 2 0 0 2 0 2 0 2
Síntese úmero 1 0 0 1 0 1 0 1
Síntese fêmur 6 1 1 5 1 7 0 7
Síntese tíbia e fíbula 1 0 0 1 0 1 0 1
Síntese pelve 2 0 0 2 0 1 1 2
Colocefalectomia 2 0 0 2 0 2 0 2
TOTAL 14 1 1 13 1 14 1 15
¹Canino; ² Felino; ³Macho;⁴Fêmea.
5

Tabela 6- Cirurgias de coluna vertebral observadas nas espécies canina e felina durante
o estágio supervisionado realizado no Hospital Veterinário da Universidade José do
Rosário Vellano, no período de 09 de agosto a 06 de novembro de 2021.
Diagnóstica espécie Idade (anos) Sexo Subtotal
Ca¹ Fe² <1 1 a 7 >7 M³ F⁴
Remoção projétil 1 0 0 1 0 1 0 1
coluna
Osteossíntese 2 0 0 2 0 2 0 2
TOTAL 3 0 0 3 0 3 0 3
¹Canino; ² Felino; ³Macho;⁴Fêmea.

Tabela 7- Cirurgias observadas em grandes animais durante o estágio supervisionado


realizado no Hospital Veterinário da Universidade José do Rosário Vellano, no período
de 09 de agosto a 06 de novembro de 2021.
Diagnóstica espécie Idade (anos) Sexo Subtotal
Bo¹ Eq² <1 1 a 7 >7 M³ F⁴
Orquiectomia 2 0 0 2 0 2 0 2
Descorna 2 0 0 2 0 2 0 2
TOTAL 4 0 0 4 0 4 0 4
¹Bovino; ² Equino;
³Macho;⁴Fêmea.
6

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 SISTEMA URINÁRIO FELINO

O sistema urinário dos felinos é composto basicamente pelos ureteres que são
responsáveis pela condução da urina, pelos rins que através da filtração do sangue
formam a urina e pela bexiga urinária onde a urina é armazenada até à sua eliminação
através da uretra. Os rins estão localizados de forma retroperitoneal, sendo estruturas
possíveis a palpação, o rim direito é mais cranial que o esquerdo, o rim esquerdo está
localizado a nível das vértebras lombares L2 a L5, enquanto o rim direito mais cranial
está entre L1 a L4. Sua coloração pode variar entre vermelho a vermelho amarelado
dependendo da quantidade de gordura armazenada nos túbulos contorcidos distais. O
parênquima renal é repartido em cortes externo e medula interna, unidades funcionais
dos rins são os túbulos renais ou também chamadas de néfrons (DYCE et al, 2010;
KONIG & LIEBICH,2016; MILANI,2018).
O trato urinário inferior é composto pelos ureteres, uretra e bexiga. Ureter é um tubo
muscular conectado a pelve renal, ele está posicionado caudalmente no espaço
retroperitoneal e passa através da bexiga obliquamente, isso evita o refluxo da urina
para os rins. A vesícula urinária ou bexiga está localizada na parte caudal ao abdômen,
dividida em ápice, corpo e colo, sua face se volta para a cavidade pélvica e assoalho
abdominal, também é revestida pelo peritônio visceral (KONIG & LIEBICH,2016)
A condução da urina se dá pela uretra, além disso é responsável também pela
condução do ejaculado nos machos, a uretra nos felinos machos é mais curta, menos
elástica comparada as das fêmeas e também apresenta um menor diâmetro (PORTELA,
2016). Nos machos, a uretra é dividida em duas partes a pélvica e a parte peniana, na
altura do arco isquiático apresentam-se as glândulas bulbouretrais, antes do
estreitamento na saída pélvica, quando é incorporada ao pênis a uretra costuma-se
alargar. Nas fêmeas está posicionada entre o assoalho pélvico e a vagina, esvaziando-se
no suco uretral externo (DYCE et al, 2010; KONIG & LIEBICH,2016; MILANI,2018).

3.2 DOENÇAS DO TRATO URINÁRIO INFERIOR FELINO

Os felinos são animais que apresentam uma alta incidência de doenças no trato
urinário. Um dos diagnósticos mais comuns na clínica médica felina são as doenças do
trato urinário inferior felino (DTUIF), podendo ser resultantes de infeções bacterianas,
7

fúngicas ou parasitárias das vias urinárias, de anormalidades anatômicas, de diferentes


tipos de urólitos, causas iatrogênicas ou neurogênicas, de neoplasias ou traumáticas.
Porém, mais de 50% dos animais acometidos com doenças urinárias, não é possível se
identificar a etiologia com precisão, sendo classificada como cistite idiopática,
tornando-se um desafio diagnóstico e terapêutico para o médico veterinário (KRUGER;
OSBORNE; LULICH, 2008).

Acreditava-se que a formação dos urólitos era induzida por dieta secas e
industrializadas, ricas em cálcio, magnésio e fosfatos. Hoje em dia para evitar-se
precipitação de cristais e a formação de cálculos urinários de estruvita, a manutenção do
PH e a ingestão de água são as mais importantes formas de controle (RECHE JÚNIOR;
HAGIWARA; MAMIZUKA, 1998; SEGEV et al., 2011). Contudo, a maioria dos gatos
com obstrução está relacionado aos tampões uretrais que são compostos por uma
combinação de materiais proteicos cristais (matriz orgânica, células sanguíneas ou
agregados de cristais minerais) (SEGEV et al., 2011).

Os sinais clínicos mais comuns em gatos com DTUIF são a disúria ou estrangúria,
polaciúria, hematúria, distensão da bexiga e sinais causados pelo acúmulo de ureia,
como vômitos, apatia, anorexia, prostração e anúria (SAEVIK et al., 2011).

No exame de urinálise podemos ver intensa hematúria devido principalmente


distensão vesical e pelo processo inflamatório, presença de células inflamatórias,
bactérias ou cristais variação no PH urinário (HOUSTON, 2007). No decorrer do
quadro obstrutivo, podemos ver azotemia que é o aumento dos valores séricos de ureia e
creatinina, em alguns animais podemos ver presente a acidose metabólica (OSBORNE
et al., 2004). Em alguns casos é necessário ser realizada a urocultura para identificar ou
descartar uma infeção no trato urinário dos felinos (RECHE JÚNIOR, 2005).

A ultrassonografia tem boa precisão no diagnóstico de cálculos e uma boa


aplicabilidade na diferenciação de dilatações pélvicas, através do exame de imagem
podemos verificar a integridade do trato urinário e a presença de urólitos ou tampões na
vesícula e na uretra (JARRETTA, 2009).
8

3.3 TRATAMENTO

3.3.1 Manejo nutricional

Algumas alternativas para o tratamento são as mudanças na alimentação, alguns


ingredientes presentes nas rações possuem influência direta na formação de cálculos.
Portanto uma dieta que promova a maior diluição da urina, pode auxiliar na
prevenção ou dissolução de cálculos, visto que um maior volume de urina reduz a
concentração de substâncias litogênicas e permite a excreção de pequenos sedimentos
ali presentes. Para a dissolução de urólitos de estruvita, os mais comumente
encontrados, são recomendadas dietas com quantidades restritas de magnésio, fósforo
e cálcio, resultando na produção de uma urina ácida, essa restrição proteica resultará
em uma menor produção hepática de ureia, assim sendo reduzindo sua concentração
na urina. Levando de duas semanas a 7 meses para promover a dissolução de cálculos
de estruvita esse tipo de alimento já é amplamente distribuído no país (PEIXOTO,
2017)
Para de dissolução de urólitos de oxalato de cálcio os tratamentos dietéticos não
são muito eficazes, devendo então ser retirados de maneira cirúrgica (SANCHES,
2010). Já os cálculos de urato de amônia devem ser combinados com dietas
cálculolíticas, alcalinização da urina, controle de infecções no trato urinário e
administração de inibidores de xantina oxidase (DEAR, 2011).

3.3.2 Cistocentese

A cistocentese é outro modo para promover alívio animais com distensão vesical,
embora alguns médicos veterinários achem seu efeito terapêutico controverso, seus
benefícios são maiores do que as probabilidades de lacerações ou rupturas de bexiga.
Este método é utilizado para coleta de urina estéril auxiliando na investigação da
etiologia do quadro patológico (MONTANHIM et al., 2019), além de reduzir a
pressão na bexiga urinária e facilitar a passagem do cateter uretral.
9

3.3.3 Sondagem uretral

Para a passagem em fixação da sonda uretral precisamos administrar anestésicos


promovendo imobilização do animal e relaxamento uretral. O procedimento inclui a
retração do pênis, colocação de um cateter com diâmetro específico para cada animal,
introdução lenta pela uretra para evitar lacerações a hidropulsão é realizada com soro
fisiológico de preferência morno, essa técnica tem como finalidade de solver
possíveis tampões promover a desobstrução das vias urinárias guiando os cálculos
novamente para dentro da bexiga (GEORGE & GRAUER, 2016).
Após a conclusão da passagem do cateter é necessário fazer o enxague e a
drenagem da solução fisiológica da bexiga com o propósito de remover detritos e
impedir obstruções recidivas. É de extrema importância ou apoio intensivo após a
desobstrução fazendo uso de fluidoterapia, manutenção analgésica e anti-
espasmódicos, restabelecendo o paciente (DE ALMEIDA CAPELLA, 2013).
Como relatado anteriormente o estresse predispõem a formação de cálculos e
novas obstruções, por isso é importante e se faz necessário que após a recuperação do
animal o tutor procure minimizar esses fatores de estresse (CARVALHO et al.,
2020). Devemos incentivar a maior ingestão de água pelo animal incluindo mais
reservatórios de água ou fontes, devemos fazer adaptações dietéticas visto o tipo de
cálculo e aumentar o número de caixas de areia (GEORGE E GRAUER, 2016).

3.3.4 Desobstrução cirúrgica

O tratamento cirúrgico deve ser utilizado quando já houve o esgotamento das


demais alternativas como manejo dietético, farmacológico, sondagem e cistocentese ou
quando o animal apresentar grande número de recidivas. Este tipo de tratamento é
invasivo sendo necessário uso de anestésicos, e possíveis complicações cirúrgicas.
A técnica cirúrgica de uretrostomia consiste em uma abertura permanente em um dos
segmentos da uretra, tendo a finalidade de drenar a urina diretamente da bexiga para a
parte externa do corpo. Na tabela 8 podemos ver casos específicos para adotar essa
opção terapêutica (JERICÓ, NETO E KOJIKA, 2015 SILVA, 2017).
No pós-operatório o sucesso depende de três principais fatores que consistem na
disponibilidade do tutor em realizar os cuidados, comportamento do animal e a técnica
10

cirúrgica empregada, quando tais condições são respeitadas as chances de sucesso são
maiores. É de responsabilidade do tutor após a cirurgia administração correta dos
medicamentos prescritos pelo médico veterinário, uso de colar elizabetano para
proteção contra lambeduras e automutilação além da limpeza do local da incisão (LIMA
et al., 2017).

Tabela 8- Condições e enfermidades capazes de exigir realização de uretrostomia em


cães e gatos.
11

4 RELATO DE CASO

PENECTOMIA E URESTROSTOMIA

Foi atendido no Hospital Veterinário Universitário da Universidade José do


Rosário Vellano - Unifenas, dia 22 de setembro, um paciente felino, macho, SRD,
3 anos, pesando 4,2Kg. A tutora relata como queixa principal o fato do animal não
estar urinando a alguns dias, o animal estava mais prostrado e parecia sentir dor, a
tutora também relatou que o paciente já havia passado em um período de três
meses por três procedimentos de desobstrução uretral.
No histórico do paciente segundo a tutora ele foi internado pela primeira
vez no dia 13 de julho 2021, a veterinária anterior percebeu que ele estava com a
via urinária obstruída e fez a sondagem, mandando o paciente de volta para casa no
dia 16 de julho, foi levado novamente pois a obstrução teria continuado, após mais
uma tentativa de sondagem o felino precisou ficar internado por dois dias. No
laudo a profissional relata que o pênis dele era anatomicamente diferente não
dando mais detalhes da sua condição. No dia 25 do mesmo mês percebeu-se uma
nova obstrução foi realizada uma lavagem cirúrgica da bexiga, foi identificado
alguns cálculos, e o animal permaneceu de sonda até o dia 30 de julho de 2021. No
dia 10 de setembro de 2021 levaram o paciente novamente a clínica veterinária pois
estava com uma nova obstrução, a médica passou novamente a sonda e ele ficou
internado até o dia 13 de setembro com a orientação de se caso houvesse outra
obstrução seria necessário realizar a cirurgia de uretrostomia. Então no dia 22 do
setembro ele teve mais um episódio de dificuldade urinária e a tutora trouxe ao
hospital veterinário da UNIFENAS.
Ao exame clínico constatou mucosas normocoradas, linfonodo poplíteo
estava reativo, frequência cardíaca em 124 bpm, temperatura retal 38,1⁰,
preenchimento capilar em 2 segundos, tugor cutâneo um segundo. Ao exame de
pele, anexos e ouvidos, não foram constatadas alterações evidentes. Bexiga
distendida com dor a palpação, retenção urinária. Foram solicitados exames
complementares para melhor avaliação do quadro clínico como imagem
ultrassonográfica de abdômen e hemograma com perfil bioquímico.

Após o resultado do exame laboratorial o animal foi sedado com metadona


12

na dose 0,4 mg/kg e acepran com dosagem de 0,04 mg/kg para uma nova tentativa
de sondagem, onde não foi possível realizar uma nova desobstrução, sendo
indicado a penectomia e uretrostomia, o animal foi levado para o bloco cirúrgico.

Figura 2. Pênis do paciente apresentando lacerações

Fonte: Arquivo pessoal

Já no bloco cirúrgico, o animal foi estabilizado e seus parâmetros basais


medidos. A aplicação da medição anestésica contou com 0,05mg/kg de acepromazina
associado com 0,3mg/kg de metadona via intramuscular. Após sedação parcial foi feita
tricotomia do local e venoclise com solução fisiológica 0,9% com a taxa de 1 gota a
cada 2 segundos.
Posteriormente, foi realizada a indução com 3 mg/kg de propofol via
endovenosa, bloqueio epidural com 1,2mg de lidocaína a 2% sem vasoconstritor,
manutenção foi realizada com oxigênio e 0,5 vol% isoflurano. Na intubação orotraqueal
foi realizado o bloqueio periglótico com lidocaína 2%.
No procedimento de uretrostomia perineal realizou- se Incisão elíptica com
eletrocautério ao redor da bolsa escrotal, pênis e prepúcio. Ablação de bolsa escrotal e
prepúcio. Dissecação de subcutâneo peripeniano. Secção dos ligamentos
isquiocavernosos e isquiouretrais até exposição das glândulas bulbouretrais.
Uretrostomia longitudinal do terço médio do pênis até a uretra da glândula bulbo uretral.
13

Observou-se a presença de lesão e estenose também da uretra da glândula bulbo


uretral obrigando uma dissecação mais profunda e uretrostomia caudalmente á glândula
que se mostrou mais dilatada e adequada ao fluxo urinário.
Realizou-se sutura simples descontínua entre as margens da uretra incisada e a
pele perineal, confeccionando a uretrostomia com fio de polidioxanona 3-0 padrão
simples descontinuo. Em seguida, foi feita a amputação do terço distal do pênis e glande
peniana por ligadura do corpo cavernoso e secção por eletrocautério.
A dermorrafia da pele foi feita ventral a região da uretrostomia com fio de
polidioxanona 3-0 sutura padrão Wolf (Figura 3).
Foi prescrito para que o tutor retornasse com o paciente 7 dias depois
(29/09/21), para o tratamento em casa foi passado antibiótico terapia com Marbopet
27,5mg, para administrar meio comprimido a cada 24 horas durante 10 dias, AINE,
Flamavet 0,2mg um comprimido a cada 24 horas, durante dois dias e Dipirona gotas,
administrando 4 gotas a cada 12 horas durante três dias, via oral. Para uso tópico foi
prescrito Band-aid spray fazendo cinco aplicações ao dia, até novas recomendações e
Clorexidina 1% spray 15 minutos após a utilização do band-aid spray.
14

Figura 3 - Demonstração sistemática do procedimento cirúrgico de penectomia


e uretrostomia. A, liberação do pênis e uretra distal aos tecidos circundantes. B,
identificação e secção dos músculos isquiocavernosos e isquiouretrais em suas origens
até exposição das glândulas bulbouretrais. C, identificação da lesão E estenose da uretra
na região bulbo uretral, dissecação profunda caudalmente a glândula. D, sutura das
margens uretrais ao tecido perineal, confeccionando a uretrostomia.

Fonte: Arquivo pessoal


15

No retorno foi constatado que não houve nenhuma complicação pós-cirúrgica, a retirada
dos pontos foi realizada 15 dias após a intervenção cirúrgica e posteriormente a alta, já
que o paciente apresentava melhora. Segundo o relato da tutora o animal se adaptou
muito bem a sua nova condição, não apresentando nenhuma recidiva meses após o
procedimento (Figura4).

Figura 4. Local da uretrostomia dois meses após o procedimento cirúrgico.

Fonte: Arquivo pessoal


16

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estágio supervisionado realizado no Hospital Veterinário da Unifenas foi uma


experiência fundamental para o meu desenvolvimento profissional. Pois, tive a
oportunidade de vivenciar a rotina de um hospital veterinário referência na região, com
profissionais extremamente qualificados. Tendo uma experiência mais próxima da
realidade profissional, aprimorando e consolidando conhecimentos teóricos obtidos
durante a graduação e também possibilitando uma visão geral de atuação em diferentes
áreas da clínica cirúrgica de pequenos animais e de toda a estrutura do hospital
veterinário da UNIFENAS.
Por fim, o estágio supervisionado foi uma experiência de grande relevância para
meu crescimento tanto profissional quanto pessoal, tornando me uma pessoa mais
preparada para o mercado de trabalho.
17

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DE ALMEIDA CAPELLA, Gabriela et al. Obstrução uretral em felino–manejo emergencial.


Revista de Ciências Agroveterinárias, v. 12, p. 15-16, 2013.

DEAR, J.D.; SHIRAKI, R.; RUBY, A. L; WESTROPP, J.L. Urolitíase felina por urato: um
estudo retrospectivo de 159 casos. Journal of Feline Medicine and Surgery, London, v. 13,
p.725-732, 2011.

DYCE, K. M.; WENSING, C. J. G.; SACK, W. O. Tratado de anatomia veterinária.4.


ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

FOSSUM, T. W. Cirurgia de Pequenos Animais. 4. ed. [S.l.]: Elsevier Editora Ltda., 2015. 747-
755 p. ISBN 978-03-230-7762-0.

GEORGE, Christopher M.; GRAUER, Gregory F. Obstrução uretral felina: diagnóstico e


tratamento. Todays veterinary practic (July/August), 2016.

HOUSTON, D. M. Epidemiologia da urolitíase felina. Veterinary Focus, Boulogne, v.


17, n. 1, p. 4-9, 2007.

JARRETTA, G. B. A utilização da ultrassonogra¿a Doppler na avaliação renal de


pequenos animais. 2009. Monogra¿a (Diagnóstico por imagem em pequenos animais) -
ANCLIVEPA, São Paulo

KAUFMANN, Sascha et al. TC de dupla energia aprimorado com filtro de estanho: qualidade
de imagem e precisão dos números de TC em imagens virtuais sem contraste. Academic
radiology, v. 20, n. 5, p. 596-603, 2013.

KONIG, H . E.; LIEBICH,H-G. Anatomia dos animais domésticos : texto e atlas


colorido. 6. Ed. Porto Alegre: Artmed,2016.

KRUGER, J. M.; OSBORNE, C. A.; LULICH, J. P. Changing paradigms of feline


idiopathic cystitis. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice,
Philadelphia, v. 39, n. 39, p. 15-40, 2008.

LIMA, I. de O. et al. Uso de alfaxalona associada a meperidina e midazolam em um gato


obstruído. Revista Brasileira de Ciência Veterinária, v. 24, n. 3, p. 132-137, 2017.

MONTANHIM, Gabriel Luiz et al. Protocolo emergencial para manejo clínico de obstrução
uretral em felinos. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do
CRMV-SP, v. 17, n. 3, p. 22-28, 2019.

OSBORNE, C. A.; KRUGER, J. M.; LULICH, J. P.; POLZIN, D. J.;


LEKCHAROENSUK, C. Afecções do trato urinário inferior dos felinos. In:
ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de medicina interna veterinária: doenças
do cão e do gato. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004, p. 1802-1841.

PEIXOTO, Tainara Micaele et al. Causas dietéticas de urolitíase em cães. Revista De Ciência
Veterinária E Saúde Pública, v. 4, n. 2, p. 176-184, 2017.
18

PORTLA, M.E.P Doença do trato urinario inferior dos felinos: revisão de literatura.
2016. 30 f. trabalho conclusão de curso – Faculdade de Medicina Veterinaria, Centro
Universitario de Formiga, Formiga 2016.

RECHE JÚNIOR, A.; HAGIWARA, M. K.; MAMIZUKA, E. Estudo clínico da doença


do trato urinário inferior em gatos domésticos de São Paulo. Brazilian Journal of
Veterinary Research and Animal Science, São Paulo, v. 35, n. 2, p. 69-74, 1998.

SAEVIK, B. K.; TRANGERUD, C.; OTTESEN, N.; SORUM, H.; EGGERTSDÓTTIR,


A. V. Causes of lower urinary tract disease in Norwegian cats. Journal of Feline
Medicine and Surgery, Vancouver, v. 13, n. 6, p. 410-417, 2011.

SANCHES, T. Urolitíase canina. Monografia. Universidade castelo branco. Rio de janeiro


2010.
SEGEV, G.; LIVNE, H.; RANEN, E.; LAVY, E. Urethral obstruction in cats:
predisposing factors, clinical, clinicopathological characteristics and prognosis. Journal
of Feline Medicine and Surgery, Vancouver, v. 13, n. 2, p. 101-108, 2011.

SILVA, Guilherme Lopes da. Complicações a curto prazo no pós-operatório de diferentes


técnicas de uretrostomia em cães e gatos: revisão sistemática. 2017.

Você também pode gostar